Violência doméstica contra crianças e adolescentes
No discurso feito durante a promulgação da
Constituição Federal de 1988 (CF/88), o deputado Ulysses Guimarães ressaltou a importância da Carta Magna para assegurar à população os seus direitos. Nota-se, entretanto, a deturpação das premissas constitucionais, dado que os entraves existentes no combate à violência doméstica contra crianças e adolescentes no Brasil representam uma falha na garantia do acesso à dignidade humana. Exigindo-se, assim, uma reflexão sobre à inclusão social desses indivíduos na sociedade brasileira. À vista disso, destaca-se a omissão estatal e a escassez de discussões como causas dessa adversidade.
Cabe ressaltar, diante de tal conjuntura, de que
modo a negligência da administração pública contribui para existência do revés. A esse respeito, o pensador Thomas, em seu livro "Leviatã", defende a obrigação do Estado em proporcionar meios que garantam o progresso do corpo social. O governo brasileiro, contudo, vai de encontro a esse pensamento, visto que se mostra irresponsável ao não realizar ações que dariam à parcela populacional maior visibilidade frente à violência doméstica, a exemplo de políticas públicas sociais voltadas às crianças e aos adolescentes. Dessa maneira, não é justo que o Estado seja um dificultador do acesso à dignidade humana.
É preciso pontuar, além disso, o silenciamento e
a sua influência nesse contratempo. Sob essa lógica, a escritora Djamila Ribeiro defende que, para atuar em uma situação, deve-se, antes de tudo, tirá-la da invisibilidade. O panorama brasileiro, no entanto, destoa da ideia da autora, já que o combate à violência doméstica contra crianças e adolescentes não é amplamente enxergado no país, a discussão não é priorizada e a atuação sobre ele é dificultada. Por conseguinte, sem o pleno acesso à dignidade humana, um segmento do corpo civil tem outros direitos afetados, como à liberdade e à segurança pública, haja vista os números de violência física, psicológica e sexual. Destarte, enquanto essa questão não for exposta e, posteriormente, combatida, o deleite social não será garantido à expressiva quantidade de brasileiros.
Portanto, com intuito de mudanças substanciais,
urge atenuar as bases dessa problemática. É indubitável, nessa perspectiva, que Estado, garantidor do bem-estar social, juntamente com o Ministério de Desenvolvimento Social deve promover e realizar campanhas educativas de prevenção à violência, voltadas ao público estudantil e à sociedade em geral, com o fito de coibir que os papéis estereotipados legitimem e exacerbem os abusos e maus-tratos às vítimas de violência doméstica no país. Assim, o Brasil será uma nação permeada pela efetivação de um dos principais direitos elencados na Carta Magna: à dignidade humana.