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TÉCNICAS DE COLHEITA E ACONDICIONAMENTO DA URINA

Colheita da amostra de urina

- A colheita da amostra deve ocorrer de maneira rigorosa, seguindo o protocolo estabelecido pelo
laboratório.
- O tutor deve ser informado de que a qualidade do resultado de seu exame depende das
informações esclarecidas referentes acolheita, armazenamento e transporte da amostra.
- A primeira urina da manhã é a ideal para a análise, pois está concentrada devido à quantidade de
horas sem ingestão de água pelo paciente.
- Logo, essa amostra representa com mais fidelidade a situação do trato urinário.

Devem ser utilizados recipientes esterilizados na realização das análises microbiológicas. As


amostras devem estar identificadas conforme o protocolo estabelecido pela instituição
(GONÇALVES et al., 2015).

As amostras de urina podem ser obtidas por micção espontânea, por cateterismo vesical,
cistocentese, compressão vesical ou massagem perineal. A técnica será eleita de acordo com a
espécie e cada caso.Cada uma das técnicas pode produzir algumas alterações que devem ser
consideradas no que se refere à interpretação dos resultados da urinálise.

a. Micção Espontânea

Essa técnica é a mais natural e a que menos causaestresse ao animal. O único cuidado a ser tomado
é com a contaminação ambiental. Dessa forma, deve-se realizara limpeza vaginal ou prepucial, e,
antes da colheita, desprezar o primeiro jato.

É possível encontrar proteinúria e bacteriúria leve sem importância clínica ao utilizaressa técnica.

A colheita por esse método deve ser evitada em cadelas ou gatas em cio, pois pode ocorrer
contaminação da urina com sangue oriundo do trato reprodutivo (GONZÁLEZ; SILVA, 2008).

Em algumas situações, pode ser examinada a urina do primeiro jato (que contém mais material
oriundo da uretra) ou a do jato final (que contém mais material de sedimento da bexiga), de forma
isolada ou para realizar a comparação com a urina do jato médio.

b. Cateterismo vesical

O cateterismo é o método realizado por meio da passagem de uma sonda uretral até a bexiga, que
fica acoplada a uma seringa. Emprega-se essa metodologia quando não se obtém resultados com a
tentativa de colheita por micção espontânea.

Nesse método de colheita, também deve ser desprezado o volume inicial, pois este conterá maior
quantidade de material que tenha ficado retido na sonda no momento de sua passagem pela uretra
(na vagina, no caso de fêmeas).

Existem cateteres urinários (sondas) específicos para cada espécie e sexo. Até as sondas humanas
podem ser usadas como cateteres de cães machos, porém o calibre deve variar com o tamanho do
animal. O uso do cateter é o método mais traumático para o animal. Antes da técnica, deve ser
realizada uma limpeza prepucial prévia com gaze umedecida.
No caso do macho, o pênis deve ser exteriorizado, e a sonda deve ser inserida com cautela sem
permitir que ela se contamine no ambiente e leve microrganismos para o interior do trato urinário
do animal.

Para a realização do cateterismo, coloca-se um lubrificante estéril na extremidade do cateter que,


então,será introduzido na uretra, avançando até a bexiga.

Existem três pontos de resistência em cães machos: o osso peniano, a entrada da pelve e a entrada
da bexiga.

Assim que a sonda atingir a bexiga, a urina é drenada por capilaridade. No caso de a bexiga estar
cheia, pode-se proceder a aspiração com seringa, com cautela para não lesionar a parede vesical
com a extremidade da sonda (GONZÁLEZ; SILVA, 2008).

c. Cistocentese

A cistocentese é a colheita de urina por meio da punção vesical.

Esse método é eleito quando a colheita de amostra por meio da micção espontânea não foi possível
ou quando o objetivo é realizar a análise microbiológica da urina já que esta é retirada diretamente
da vesícula urinária (GONZÁLEZ; SILVA, 2008).

Esse método apresenta algumas desvantagens, como o risco de hemorragia iatrogênica e a


possibilidade de contaminação da amostra e da cavidade abdominal.

Recomenda-se o uso de agulha 12x8 cm acoplada à seringa. A bexiga deve estar repleta e ser
palpável para a realização desse tipo de colheita. Trata-se do método mais asséptico e viabiliza a
colheita de grandes quantidades de urina.

O animal pode ser contido em decúbito lateral ou dorsal.

A região ventral deve ser tricotomizada e deve ser realizada a assepsia no local.

Em seguida, a bexiga precisa ser palpada e firmada em uma das mãos e, com a outra, a agulha
acoplada à seringa é introduzida crânio-caudalmente na região média da bexiga, em um ângulo de
45°.

À medida que a agulha penetra, a urina drena para a seringa por meioda pressão negativa.

Deve-se evitar a região cranial da bexiga devido à presença de um espessamento fisiológico da


parede do órgão. O aparelho ultrassonográfico pode auxiliar guiando a inserção da agulha.

d. Compressão vesical

É usada para pequenos animais. Recomenda-se fazer a compressão da bexiga quando o animal não
apresenta a micção natural. Deve-se também tomar cuidados com a contaminação.

e. Massagem prepucial ou vaginal

Utiliza-se água morna para induzir a micção. É utilizadaem equinos e bovinos. No entanto, algumas
observações para colheita em algumas espécies devem ser consideradas.
De acordo com Pituco e colaboradores (2010), antes da colheita recomenda-se higienizar a região
da vulva ou prepúcio com água e sabão, enxaguar e secar com papel toalha

Deve-se colher o jato intermediário da urina com coletor universal estéril.

Os procedimentos que podem ser utilizados para induzir a micção nessas espécies podem ser:

» a massagem clitoriana, que pode funcionar como estímulo para a micção em vacas;

» a obstrução dos olhos e boca em pequenos ruminantes, durante uns segundos, tanto em fêmeas
como em machos, que estimula a eliminação de urina;

» a indução da micção em touros por massagem suave e rítmica no óstio prepucial e, em vacas,
massagem na vulva–alertamos que esses métodos só funcionam quando a bexiga está cheia;

» o uso de furosemida (diurético) por via intravenosa, que favorece a micção dentro de 10 a 15
minutos, porém não deve ser utilizado em animais suspeitos de urolitíase.

Outra opção, no caso de touros e carneiros, é amarrar um frasco de colheita na genitália do animal e
o soltar a campo. Assim que o animal urinar, ela ficará retida no frasco. Nesse caso, não é possível
descartar o primeiro jato de urina.

Não se realiza cateterismo em ruminantes machos devido a particularidades anatômicas, como a


flexura sigmoide e o processo uretral.

Nos equinos, aproximá-los de uma égua em cio funciona como estímulo à micção. As éguas podem
ser cateterizadas com maior facilidade. Deve-se detectar o meato urinário por meio da palpação
transvaginal e introduzir o cateter guiado pela mão que palpa o meato.

No caso de pequenos animais, é possível a realização de todos os tipos de colheita, cada uma com
suas desvantagens e vantagens, com indicações ligadas às particularidades de cada caso. Passear
com o canino é um bom estímulo para a micção.

Acondicionamento da amostra de urina

- A amostra de urina deve ser acondicionada em recipiente estéril e sem resíduos químicos.
- Depois de receber a amostra, o frasco deve ser hermeticamente fechado e refrigerado até o
momento do exame.

A urina apresenta alta sensibilidade à temperatura ambiente e deve ser analisada no máximo duas
horas após sua colheita, quando fora de refrigeração.

Após 30 minutos em temperatura ambiente pós-colheita, inicia-se a multiplicação bacteriana, e


várias outras alterações nos resultados podem ocorrer devido ao mal acondicionamento da amostra,
tanto em temperaturas superiores à recomendada quanto inferiores.

Se a amostra não for analisada no intervalo de duas horas após a colheita, deve ser acondicionada a
4°C no máximo por 12 horas (GONZÁLEZ; SILVA, 2008).

Embora a refrigeração seja rotineiramente usada apenas para evitar a proliferação bacteriana, pode
também causar aumento na densidade e precipitação de cristais amorfos. Para dissolver alguns
desses cristais, recomenda-se aquecer a urina à temperatura ambiente antes de realizar o exame
(TEIXEIRA et al., 2008).

Identificação da amostra de urina

- A identificação do material a ser enviado ao laboratório é um passo muito importante para o bom
andamento da rotina laboratorial.
- Os frascos devem estar rotulados com a correta identificação do animal.
- As informações fundamentais para a realização do exame são: nome do animal, nome do tutor,
espécie, raça, idade do animal, sexo do animal, suspeita clínica, medicação (se estiver utilizando
alguma no momento do exame), exames solicitados, nome, CRMV, e-mail e telefone do médico
veterinário.

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