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PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO POP

URINÁLISE

ELABORAÇÃO APROVAÇÃO

KARINA RAFAEL DO NASCIMENTO

Profº

Data: Visto:

1-INTRODUÇÃO

A urinálise é o exame não invasivo de grande importância para avaliar a função renal.

Com o auxílio deste exame pode-se diagnosticar diversas patologias, monitorar o

progresso destas doenças no organismo, acompanhar a eficácia do tratamento e ainda

constatar a cura.

2- OBJETIVO:

-Executar os exames de urina de rotina, exame físico, químico e sedimentoscopia.

-Padronizar condutas relacionadas às técnicas de coleta de urina

3- CAMPOS DE APLICAÇÃO

Setor de Urinálise

Responsáveis:

Bioquimicos e técnicos no Laboratório de Analises Clinicas .

4- REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Resolução nº302, de 13 de outubro de 2005: Dispõe sobre Regulamento Técnico para

funcionamento de Laboratórios Clínicos


5- RESPONSABILIDADES

Técnico do Laboratório: execução das atividades conforme estabelecido nesse

procedimento

Técnicos revisores deste procedimento: elaboração e revisão deste procedimento

LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS – ( UFU )

Responsáveis pelo laboratório: supervisão, orientação e treinamento dos envolvidos

quanto a rotina estabelecida neste procedimento. Revisão final, aprovação, emissão de

controle deste procedimento.

6- PROCEDIMENTO:

Realização do Exame

I. Caracteres Gerais: corresponde a avaliação das propriedades físicas da urina;

II. Pesquisa de Elementos Anormais: corresponde à pesquisa química feita na urina;

III. Sedimentoscopia: corresponde ao exame microscópico da urina.

AMOSTRA:

CUIDADOS PARA COLETA

• Utilizar frascos descartáveis, não reutilizados e estéreis.

• Não adicionar agentes conservantes a amostra de urina.

• Procedimentos para coleta de urina de jato médio:

Orientação da coleta de urina para os pacientes

Coleta Masculina

- Expor a glande e lavá-la com água e sabão (não usar antisséptico);

- Enxugar com toalha de pano limpa ou papel descartável;

- Com uma das mãos expor e manter retraído o prepúcio;


- Com a outra mão segurar o fraco de coleta destampado e identificado;

- Desprezar no vaso sanitário o primeiro jato de urina;

- Sem interromper a micção, urinar diretamente no frasco de coleta até completar de 20

a 50 mL;

- Desprezar o restante da urina existente na urina no vaso sanitário e fechar o frasco de

urina;

- Encaminhar o mais rápido possível a urina ao laboratório;

Coleta feminina

- Lavar a região vaginal, de frente para trás, com água e sabão (não usar antisséptico);

- Enxugar com toalha de pano limpa ou papel descartável;

- Sentar no vaso sanitário e abrir as pernas;

- Com uma das mãos afastar os grandes lábios, com a outra mão segurar o fraco de

coleta destampado e identificado;

- Desprezar no vazo sanitário o primeiro jato urinário;

- Sem interromper a micção urinar diretamente no frasco de coleta até completar de 20

a 50 mL;

- Desprezar o restante da urina existente na bexiga no vaso sanitário e fechar o frasco de

urina;

- Levar ao Laboratório o mais rápido possível.

Obs: Em casos de menstruação, a urina deve ser coletada de 3 a 5 dias após o término

do sangramento menstrual.

Coleta de urina em crianças/lactentes

Em crianças muito jovens e neonatos, o laboratório clínico pode empregar coletor

autoaderente hipoalergênico;

Fazer a higiene da criança. Não aplicar pós, óleos ou loções sobre a pele das regiões
púbica e perineal;

Identificar o coletor autoaderente;

Separar as pernas da criança;

Certificar-se de que a região púbica e perineal estão limpas, secas e isentas de muco.

Meninas: retirar o papel protetor do coletor autoaderente. Esticar o períneo para remover

as dobras da pele. Colocar o adesivo na pele em volta dos genitais externos, de modo

que a vagina e o reto fiquem isolados e evitando a contaminação. Caso não ocorra a

emissão de urina até 30 minutos após a colocação do coletor, ele deve ser retirado.

Meninos: retirar o papel protetor do coletor autoaderente. Colocar o coletor autoaderente

de maneira que o pênis fique no seu interior. Caso não ocorra a emissão de urina até 30

minutos após a colocação do coletor, ele deve ser retirado

PROCESSAMENTO DA AMOSTRA

-Imediatamente após o recebimento da amostra, identificar o tubo fornecido pelo

fabricante com a etiqueta fornecida pelo Cadastro do Paciente;

- Observar as características físicas;

- Virar a urina no tubo;

- Mergulhar a fita reagente na urina e fazer a leitura;

- Anotar os resultados das pesquisas físicas e químicas;

- Centrifugar por 10 minutos com 3500 rpm;

- Desprezar o sobrenadante e homogeneizar o sedimento;

- Colocar sobre uma lâmina de vidro 25 microlitros do sedimento e cobrir com

lamínula;

- Realizar a sedimentocospia;

- No aumento de 100x (objetiva de 10x) pesquise a presença de cilindros e elementos

anormais;
- No aumento de 400x (objetiva de 40x) pesquisa de cristais, piócitos, hemácias e

células descamativas (epitelias);

- Conte 10 campos e faça a média. Os cilindros podem ser quantificados em valores

observados por lâmina;

- Cristais: descreva os resultados visualizados;

- Flora bacteriana: descreva o resultado em raras bactérias, moderadamente aumenta e

aumenta;

- Demais elementos como cocos, leveduriformes, trichomonas sp, ovos de helmintos,

deverão ser descritos no final do exame;

- NÃO DEVERÁ SER UTILIZADA A OBJETIVA DE 100x (AUMENTO DE 1000x)

em nenhum momento do exame;

- Anote, cuidadosamente o resultado objetivo.

ORIENTAÇÃO PARA TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO

• Manter a amostra ao abrigo da luz. Transportar a amostra para o laboratório

imediatamente.

• Caso a amostra não possa ser examinada em até duas horas após a coleta mantê-la

sob refrigeração, entre 4 e 8º C, imediatamente após a coleta.

• A refrigeração preserva a maioria dos elementos pesquisados com a tira reagente por

6 a 8 horas (ver item 9).

MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO

• Caracteres gerais – inspeção visual

• Pesquisa de elementos anormais (exame químico) – Tira reagente

• Exame do sedimento urinário (sedimentoscopia) – Microscopia ótica

7- INTERPRETAÇÃO
7.1 Valores de referência;

________________________________________________________________________

Caracteres Gerais:

Cor: amarelo citrino

Odor: característico

Aspecto: límpido

Densidade: 1,005 – 1,030

pH: 4,5 – 8,0

________________________________________________________________________

Exame Bioquímico:

Proteínas: negativo

Glicose: negativo

Cetonas: negativo

Sangue: negativo

Leucócitos: negativo

Nitrito: negativo

Bilirrubina: negativo

Urobilinogênio: negativo

Sedimentoscopia:

Hemácias: 0 – 5/campo 400X

Leucócitos: 0 – 5/campo 400X

Epitélios: 0 – 5/campo 400X

Cilindros: 0 – 1/campo 100X

Flora bacteriana: Ausente ou normal

________________________________________________________________________
7.2 Valores críticos

• Não aplicável

7.3 Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes

CONSTITUINTE DIMINUIÇÃO/AUSÊNCIA AUMENTO/PRESENÇA

BILIRRUBINAS Luz solar direta na amostra -------------------------------------

CETONAS Evaporação das cetonas Jejum prolongado, gravidez, esforço

físico

DENSIDADE Ingestão acentuada de

líquidos, uso de diuréticos

Baixa ingestão de líquidos

GLICOSE Bacteriúria Pó vaginal, intoxicação com

chumbo, gravidez, esforço físico

vigoroso, estresse emocional

agudo, ingestão excessiva de

carboidratos

LEUCÓCITOS Lise Contaminação com secreção

vaginal, gravidez, presença de

Trichomonas sp

NITRITO Baixa ingestão de vegetais,

amostra colhida menos de 4

horas após a última micção,

bactérias não produtoras de

nitrato, conversão de nitrito a

nitrogênio

Crescimento bacteriano
pH Dieta rica em proteína

animal, jejum prolongado,

diarréia grave,

medicamentos acidificantes

da urina

Dieta rica em vegetais e frutas,

produção de amônia por bactérias

produtoras de uréase,

medicamentos alcalinizantes da

urina

PROTEÍNA ------------------------------------ Esforço físico, postura ortostática,

gravidez, febre

SANGUE ------------------------------------ Esforço físico vigoroso,

contaminação com menstruação

UROBILINOGÊNIO Luz solar direta, amônia,

anestesia peridural

Acetona, bilirrubina, maior excreção

à tarde

HEMÁCIAS Lise Esforço físico vigoroso,

contaminação com menstruação

CILINDROS Dissolução Esforço físico vigoroso

FALSO NEGATIVO OU

DIMINUIDO

FALSO POSITIVO OU

AUMENTADO
DENSIDADE pH > 8 pH < 4, proteinúria moderada,

cetonas

PROTEÍNA Detergentes não iônicos e

aniônicos

pH > 9, densidade aumentada,

quinina ou quinona, amônio

quaternário ou clorohexidina

SANGUE Densidade aumentada,

proteína elevada, nitrito > 10

mg/dl, ácido ascórbico ≥ 25

mg/dl, ácido úrico, glutationa,

ácido gentísico, captopril

Peroxidase microbiana (infecção

urinária), hipoclorito, formol,

peróxidos, mioglobinúria

NITRITO Ácido ascórbico ≥ 25mg/dl,

pH < 6

Corantes na urina (fenazopiridinas,

beterraba)

LEUCÓCITOS Glicose >3g/dl, densidade

elevada, albumina >

500mg/dl, ácido ascórbico ≥

25 mg/dl, cefalexina,

cefalotina, tetraciclina,

gentamicina
Agentes oxidantes (hipoclorito),

formol

GLICOSE pH < 5, densidade elevada,

urina com temperatura

<15ºC, ácido ascórbico

≥25mg/dl, formol, ácido

gentísico, ácido úrico

Agentes oxidantes (hipoclorito)

CETONAS ----------------------------------- Densidade elevada, ftaleína,

antraquinona, levodopa, ácido

fenilpirúvico, acetoaldeído, cisteína,

metildopa, captopril

BILIRRUBINA Ácido ascórbico ≥25mg/dl,

nitrito

Urobilinogênio elevado,

fenazopiridina, fenotiazina,

clorpromazina

UROBILINOGÊNIO Nitrito, ácido ascórbico,

formol

Nitrofurantoína, riboflavina,

fenazopiridina, corantes diazóicos,

ácido p-aminobenzóico, beterraba.

Interferentes de tiras que utilizam a

reação de Ehrlich: porfobilinogênio

sulfonamida, procaína, ácido pAminosalicílico (PAS) e ácido


hidroxindolacético

7.4 Exames relacionados

• Gram de gota de urina não centrifugada

• Urocultura

• Proteinúria de 24 horas

• Pesquisa de hemácias dismórficas

8.0 COMENTÁRIOS CLÍNICOS

• As principais causas de erro e de resultados falsos do exame de urina estão

relacionadas à fase pré-analítica (preparo do paciente, coleta, transporte e

armazenamento da amostra).

• Em urinas armazenadas entre 4 e 8ºC pode haver a precipitação de solutos como

uratos e fosfatos que interferem no exame microscópico. Leucócitos e hemácias

podem sofrer lise e os cilindros podem se dissolver, com redução significativa de seu

número após 2 a 4 horas. Quanto maior o tempo de armazenamento, maior a

decomposição dos elementos, especialmente quando a urina está alcalina (pH > 7,0) e

a densidade é baixa (≤ 1.010).

• Proteinúria: é provavelmente o achado isolado mais sugestivo de doença renal,

especialmente se associado a outros achados do exame de urina (cilindrúria, lipidúria

e hematúria).

• Glicosúria: pode ocorrer quando a concentração de glicose no sangue alcança

valores entre 160 e 200 mg/dl ou devido a distúrbios na reabsorção tubular renal da

glicose: desordens tubulares renais, síndrome de Cushing, uso de corticoesteróides,

infecção grave, hipertireoidismo, feocromocitoma, doenças hepáticas e do sistema

nervoso central e gravidez.

• Cetonúria: As principais condições associadas são diabetes mellitus e jejum

prolongado.
• Sangue: a hematúria resulta de sangramento em qualquer ponto do trato urinário

desde o glomérulo até a uretra, podendo ser devido a doenças renais, infecção, tumor,

trauma, cálculo, distúrbios hemorrágicos ou uso de anticoagulantes. A pesquisa de

hemácias dismórficas auxilia na distinção das hemácias glomerulares e não

glomerulares. A hemoglobinúria resulta de hemólise intravascular, no trato urinário ou

na amostra de urina após a colheita. Os limites de detecção das tiras reagentes são: 5

hemácias por campo de 400X (hematúria) ou 0,015mg de hemoglobina livre por

decilitro de urina (hemoglobinúria).

• Leucocitúria (ou piúria): está associada à presença de processo inflamatório em

qualquer ponto do trato urinário, mais comumente infecção urinária (pielonefrite e

cistite), sendo, portanto, acompanhada com freqüência de bacteriúria. A tira reagente

detecta tanto leucócitos íntegros, como lisados, sendo, portanto, o método mais

sensível.

• Nitrito: sugere o diagnostico da infecção urinária, especialmente quando associado

com leucocitúria. Indica a presença de 105 ou mais bactérias/ml de urina, capazes de

converter nitrato em nitrito, principalmente Escherichia coli.

• Bilirrubinúria: observada quando há aumento da concentração de bilirrubina

conjugada no sangue (>1 a 2 mg/dL) geralmente secundária a obstrução das vias

biliares ou lesão de hepatócitos.

• Urobilinogênio aumentado: observado nas condições em que há produção elevada

de bilirrubina como as anemias hemolíticas e desordens associadas à eritropoiese

ineficaz, e nas disfunções ou lesões hepáticas (hepatites, cirrose e insuficiência

cardíaca congetiva).

• Cilindros: importantes marcadores de lesão renal, podem aparecer em grande

número e de vários tipos dependendo da gravidade e do número de néfrons

acometidos. Cilindros largos, em geral céreos ou finamente granulosos, são


característicos da insuficiência renal crônica. Cilindros leucocitários podem ocorrer em condições
inflamatórias de origem infecciosa ou não-infecciosa, indicando sempre a

localização renal do processo. A presença de cilindros eritrocitário está associada à

hematúria glomerular.

• Células epiteliais: as escamosas revestem a porção distal da uretra masculina,

toda a uretra feminina e também a vagina e são as mais comumente encontradas no

exame do sedimento urinário. A presença de número aumentado de células epiteliais

escamosas indica contaminação da amostra de urina com material proveniente da

vagina, períneo ou do meato uretral.

• Flora bacteriana: A presença de bactérias na urina pode estar relacionada à

infecção urinária, mas apresenta baixa especificidade para esse diagnóstico.

0.9. REFERÊNCIAS

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do adulto:

hipertensão e diabetes. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 198 p.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do idoso. Belo

Horizonte: SAS/MG, 2006. 186 p.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Assistência Hospitalar ao Neonato.

Belo Horizonte, 2005. 296 p.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e

puerpério: protocolo Viva Vida. 2 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2006.

Motta, Valter T. Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e interpretações. 5.

ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2009.

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