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Plaquetas
Uma cascata de coagulação pode ser desencadeada na presença do fator tecidual no local injuriado.
Além do controle bioquímico, os fatores de coagulação ativados são diluídos quando o sangue flui
do local de injúria, ajudando na limitação das reações ao local da lesão.
Testes simples de rotina podem não ser sensíveis para identificar deficiência de alguns fatores
(como precalicreína, FXII) ou desordens hemorrágicas leves, podendo produzir resultados
anormais.
Apresentaremos a seguir alguns testes que podem ser feitos para avaliação de distúrbios da
coagulação, bem como algumas desordens (coagulopatias adquiridas e congênitas e desordens
plaquetárias adquiridas e congênitas) (DALMOLIN, 2010).
TESTES PARA AVALIAÇÃO DA HEMOSTASIA
- O número de plaquetas pode ser estimado no exame de uma lâmina de distensão sanguínea
submetida à coloração do tipo Romanowsky.
- Contagem normal equivale a valores maiores que 165.000 plaquetas/µL.
- Valores inferiores a 50.000 plaquetas/µL revelam trombocitopenia severa, e valores inferiores a
10.000 plaquetas/µL são considerados perigosamente baixos (DALMOLIN, 2010).
- Verifica-se a habilidade de as plaquetas se agregarem e liberarem conteúdo dos seus grânulos após
adição de reagentes que induzam respostas em plaquetas saudáveis.
- São utilizados para verificar a habilidade funcional do FvW plasmático de aglutinar as plaquetas,
com formação de pontes entre as plaquetas adjacentes.
- O resultado pode ser visto a olho nu, mas se apresenta melhor se feito em agregômetro.
- Teste simples que mede o tempo necessário para que o sangue total fresco coagule na presença de
uma substância que inicie a coagulação por ativação por contato.
- Os valores de TCA para gatos são de 50-75 segundos; para cães, de 60-110 segundos.
Esses valores podem ser variáveis, de acordo com a literatura, portanto pode-se proceder com o
teste em duplicata e estabelecer valores de referência locais.
O TTPA (ou tempo de cefalina) recebe o nome de “tromboplastina parcial” porque é efetuado com o
emprego da cefalina e consiste no tempo em que o plasma demora para formar coágulo de fibrina
após mistura com cefalina, caulim e cálcio.
Esse índice identifica anormalidade de coagulação das vias intrínsecas e comuns da coagulação.
Valores normais de TTPA são:
- Teste para verificar o tempo necessário para uma amostra de plasma com citrato coagular após
adição de trombina exógena e cálcio.
- Em animais sadios, os valores devem estar entre 8 e 10 segundos.
- É uma proteína de fase aguda, que deve ser dosada por leitura em refratometria.
- Os valores devem ser entre 0,5 e 3 g/L em cães e gatos normais.
- Doença resultante da deficiência quantitativa e/ou qualitativa do FvW, havendo falha na resposta
plaquetária.
- É bem comum em cães, afetando mais de 50 raças e raças mistas, mas também é encontrada em
gatos.
- Os sintomas são diversos, sendo alguns deles:
» hematúria;
» melena;
» epistaxe;
» gengivorragia;
» claudicação;
» má cicatrização de feridas.
Trombastenia de Glanzmann
Trombocitopenias infecciosas
- A erliquiose canina é causada pela Ehrlichia canis, que afeta função e número de plaquetas.
- Alguns sinais clínicos são: febre, anorexia, hemorragia, linfocitose, anemia, monocitose e
pancitopenia decorrente da hipoplasia medular.
- O diagnóstico se baseia na observação de mórulas de E. canis por Elisa, PCR ou
imunofluorescência indireta específica para a espécie.
- O tratamento se baseia no uso de tetraciclinas, bem como terapias de suporte como fluidoterapia e
transfusão.
- O sequestro de plaquetas é associado com esplenomegalia, como, por exemplo, a infecção por
Babesia gibsoni em cães.
- Outras causas incluem sepse e hipotermia.
Outras doenças não descritas aqui são: trombocitopenia por consumo de plaquetas, trombocitopenia
decorrente de neoplasia (como sarcomas, carcinomas, distúrbios linfoproliferativos e
mieloproliferativos) e trombocitopenia imunomediada.
COAGULOPATIAS CONGÊNITAS
Hemofilia A
» hematomas;
» epistaxe;
» morte súbita.
- TSMB, TP e TCT normais, mas TCA e TTPA prolongados em até duas vezes o tempo normal.
- FVIII em animais sadios é de 60-160 U/dL; uma cadela com hemofilia A apresenta valores de 30-
60 U/dL.
- Como tratamento, pode-se fazer infusões e usar inibidores de fibrinólise.
- DDAVP é usado no tratamento humano, mas é ineficiente para o tratamento em cães, pois não
aumenta as concentrações plasmáticas de FVIII (DALMOLIN, 2010).
Hemofilia B
» crioprecipitado não deve ser usado, pois não contém FIX (DALMOLIN, 2010).
Deficiência do Fator I
- É uma doença causada por deficiências congênitas de fibrinogênio (FI), sendo moderada a severa,
já descrita em gatos e cães são bernardos, borzois e collies.
- É caracterizada por:
» hematomas superficiais;
» epistaxe;
» hemorragias espontâneas ou após trauma ou cirurgia;
» claudicação.
- Avaliações plaquetárias são normais, mas TP, TTPA, TCA e TCT estão prolongados nos animais
acometidos por essa deficiência.
- Crioprecipitado contém 10 vezes a concentração de FI presente no plasma fresco e é muito usado
como tratamento (DALMOLIN, 2010).
Deficiência do Fator XI
- É uma doença que se apresenta com hemorragia muito severa e muitas vezes letal.
- Foi descrita para algumas raças puras de cães (weimaraner, springer spaniel, cão dos pirineus).
- Apresenta contagem plaquetária, TSMB, TP e TCT normais;
- TTPA e TCT prolongados.
- Transfusão de sangue fresco ou plasma fresco (preferencialmente) ou sobrenadante de
criopecipitado são usados como tratamento para essa deficiência (DALMOLIN, 2010).
- Deficiência de FXII ou traço Hageman já foi descrita em gatos, poodles standard e pointers
alemães de pelo curto.
- A ausência de detecção biológica ou imunológica do FXII acomete outros vertebrados, como
baleias, répteis, pássaros e possivelmente peixes, sem causar efeitos adversos.
- O FXII participa na ativação inicial da via intrínseca da coagulação e somente TCA e TTPA estão
prolongados nos testes plaquetários e de coagulação (DALMOLIN, 2010).
Outras coagulopatias congênitas não descritas aqui são: deficiência do fator II, deficiência do fator
VII, deficiência do fator X e deficiência de fatores vitamina K dependentes.
COAGULOPATIAS ADQUIRIDAS
- Síndrome relativamente comum em cães e gatos que se desenvolve secundariamente a uma doença
primária que, de alguma forma, lesiona a vasculatura ou libera fatores teciduais na circulação.
- Algumas doenças são associadas à CID, como:
» em gatos:
doença hepática, neoplasia (especialmente linfomas) e peritonite infecciosa felina (PIF);
» em cães:
sepse, anemia hemolítica imunomediada, pancreatite, hemangiossarcoma.
- Na fase aguda da doença, todos os testes de coagulação (TCA, TTPA, TP e TCT) tornam-se
prolongados.
- Para o sucesso do tratamento da CID, é necessária intensa terapia.
- A remoção ou eliminação da causa precipitante constitui o principal objetivo terapêutico em
pacientes com CID, entretanto isto é raramente possível (DALMOLIN, 2010).
- Outras coagulopatias adquiridas não descritas aqui são: intoxicação por veneno botrópico.
Podemos perceber que a medicina transfusional é a base para os tratamentos dos distúrbios
hemorrágicos, principalmente as doenças congênitas, fornecendo terapia específica para as
deficiências de fatores de coagulação e na doença de von Willebrand.
Entretanto, dados sobre as doenças hemorrágicas, diagnósticos e terapias específicas ainda são
pouco difundidos na clínica veterinária, e a divulgação dessas informações é imprescidível para
alcançarmos adequado atendimento e tratamentos dos pacientes.