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Plaquetas na coagulação:
- Plaquetas promovem a coagulação através de 4 mecanismos:
adesão, liberação de secreção plaquetária, agregação e ação
pró-coagulante
- O subendotélio é composto por matriz protéica extracelular
constituída por: fator de von Willebrand, colágeno, laminina,
trombospondina, fibronectina → todos ligam-se aos receptores da
membrana plaquetária.
- Papel fundamental das plaquetas ativadas na fisiologia da
coagulação → formação do trombo (tampão) plaquetário - membrana
rica em fosfolipídios carregados negativamente, promove reações
envolvendo fatores dependentes de vitamina K: II, VII, IX, X; cofatores
V e VIII.
Cascata da coagulação in vivo:
- Complexo formado entre o fator tecidual + fator VIIa: ativa tanto o
fator IX como o fator X que atua nas duas vias.
- In vivo: esta divisão entre sistemas intrínseco e extrínseco não é válida
- A divisão entre sistemas é útil na interpretação dos testes de
hemostasia
- Fator XIII ativado pela trombina estabiliza coágulo de fibrina
Anticoagulantes:
- Heparina: (+AT): potencializa a ligação da antitrombina com os fatores
da coagulação (vias intrínseca e final)
- Cumarínicos (A. Orais): competem com a atuação da vitamina K
(fatores II, VII, IX e X) - via extrínseca
- *Glicosaminoglicano sulfatado: presente em mastócitos (abaixo da
camada endotelial); distúrbios em fígado, pulmão, coração, rins e
intestino.
Coagulograma:
- Exame de triagem: rotina pré-operatória; investigação de doenças
hemorrágicas e trombóticas
- Tempo de sangramento (TS)
- Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA)
- Tempo de protrombina (TP/RNI)
- Tempo de trombina (TT)
Dosagem de fibrinogenio
- Contagem de plaquetas
Avaliação da hemostasia:
- Plaquetas e vaso:
● TS (Ivy = 2'- 6'; Duke = 1'- 3');
● Prova do laço (até 5 petéquias)
- Plaquetas:
● Contagem (150.000 - 400.000/mm3)
● Morfologia
● Testes de função plaquetária → agregação plaquetária e fator
de von Willebrand
- Fase de coagulação - Via Extrínseca - TP (10''- 14''; RNI </= 1,25) (plasma
+ tromboplastina tecidual + Ca)
● *RNI = Risi
● R = TP plasma paciente/TP plasma controle
- TP/RNI – tempo de protrombina com razão de normatização
internacional
● Exame mais utilizado para controle da anticoagulação oral.
● RNI (INR) – método de calibração do TP, para reduzir variações
de resultados entre diferentes laboratórios
● Valores de referência: TP: 10 - 14 segundos; AP: maior ou igual a
70%; RNI: menor ou igual a 1,25
- Dosagem de fatores: fator II (protrombina); V; VII; VIII; IX; X; XI; XII; XIII
- Tipos de amostras:
● Amostra utilizada: jato médio
● 1 jato: investigação do TU baixo (uretrites)
● Jato final: útil na investigação de sangramento urinário
● Urina obtida pelo próprio paciente - micção espontanea.
Outros métodos: cateterismo vesical, punção supra-púbica,
sacos coletores pediátricos. Volume mínimo necessário - 12ml
(recomendado 50 ml)
● Informações sobre o uso de medicamentos pelo paciente
podem interferir no resultado da análise. Ex: uso de diuréticos.
- Influências pré-analíticas:
● Jejum prolongado (desidratação, febre, vômitos, diarreia); dieta
pobre em carboidratos e rica em lipídios → cetonúria (presença
de corpos cetônicos na urina)
● Ingestão hídrica → diurese: altera concentração devários
constituintes
● Esforço físico: aumenta filtração glomerular - proteinúria e
hematúria
● Gravidez - frequentemente glicosúria devido ao aumento da
taxa de filtração glomerular e diminuição da capacidade de
reabsorção de glicose pelas células tubulares renais.
- Análise química:
● pH urinário: 5 a 6,5
- pH urinário baixo: acidose metabólica (diarreias graves,
desnutrição, diabetes); acidose respiratória; dieta proteica; urina
matinal
- pH urinário elevado: alcaloses; dieta vegetariana; uso de
diuréticos; infecção urinária por bactérias que desdobram ureia
em amônia (Proteus mirabilis)
- A demora na análise da urina não refrigerada pode modificar o
pH pela ação de bactérias
● Nitrito: negativo
- Útil na detecção de bacteriúria assintomática
- Positivo quando há presença de bactérias capazes de converter
nitrato em nitrito (ação enzimática)
- Bactérias gram-negativas: Proteus, Klebsiella, Citrobacter, E.
coli, Salmonella e algumas cepas de Pseudomonas.
- Nitrito negativo não exclui a bacteriúria.
● Hematúria - hemoglobinúria
- Hematúria: hemácias íntegras; pacientes com sangramento ao
longo do TU. Ex: infecções do TU; cálculo renal; tumor no TU;
glomerulonefrite
- Hemoglobinúria: presença de hemólise intravascular no TU (se
capacidade de ligação da haptoglobina plasmática estiver
saturada). VR: negativo; confirmação - sedimentoscopia.
- Cilindrúria:
● Cilindros: formados pela polimerização de fibrilas de origem
proteica: proteína de Tamm-Horsfall - glicoproteína secretada
somente pelas células tubulares renais. Indícios diagnósticos
de patologias renais
● Cilindros hialinos: precipitação de proteínas (de Tamm-Horsfall)
→ aumentados em situações fisiológicas: febre, desidratação,
exercícios intensos; glomerulonefrite.
● Cilindros epiteliais: compostos de células epiteliais
descamadas, resultando de doença renal parenquimatosa,
com comprometimento tubular.
● Cilindros hemáticos: doença renal (hemácia de origem
glomerular); principalmente se associado ao dismorfismo
eritrocitário. Glomerulonefrite e nefrite (dano tubular).
● Cilindros leucocitários (encontrados apenas na presença de
grande número de leucócitos): infecção ou inflamação renal;
presença de leucócitos no lúmen tubular, associado à redução
de fluxo de urina (para formação do cilindro). Indicação:
pielonefrite.
● Cilindro granuloso: resultam de agregados proteicos. indicam
lesão renal; tem a mesma indicação clínica dos cilindros
epiteliais
● Cilindros céreos - estágio avançado do cilindro epitelial
(possivelmente). Também tem o mesmo significado clínico do
cilindro epitelial
- Cristalúria:
● Cristais: são classificados de acordo com pH urinário
● Urina com pH ácido → oxalato de cálcio; ácido úrico; urato
amorfo
● Urina com pH neutro → carbonato de cálcio; oxalato de cálcio;
fosfato triplo
● Urina com pH alcalino: fosfato triplo; carbonato de cálcio;
fosfato amorfo
Proteinúria:
- Excreção de quantidade anormal de proteína na urina - inicialmente
detectada pela fita reagente
- Clássico sinal de doença renal
- Se detectada em pacientes portadores de patologias extra-renais -
rim pode estar sendo acometido secundariamente
- Faixa de excreção normal: 30 a 130 mg/24h
- Testes qualitativos: detectam concentrações proteicas na urina acima
de 10 - 30 mg/dl
- Causas renais e não renais:
● Doenças glomerulares são as causas mais comuns → síndrome
nefrótica; hipertensão arterial; insuficiência renal. Essas
doenças levam à excreção proteica aumentada, através de
mecanismos que alteram a capacidade do glomérulo de atuar
como barreira a determinadas proteínas (albumina).
● Proteinúria tubular (glomérulos normais):
- Pacientes com alterações tubulares - pielonefrite crônica
→ disfunção tubular → proteínas de baixo peso molecular
são filtradas pelo glomérulo em grande quantidade,
sobrecarregam a capacidade reabsortiva dos túbulos → e
depois são eliminadas na urina.
- Pacientes com produção aumentada de proteína
plasmática de baixo peso molecular → ultrapassa a
capacidade tubular → eliminada na urina. Ex: mieloma
múltiplo - excretam imunoglobulinas de cadeia leve.
- Avaliação laboratorial do paciente com proteinúria: urina I, urina de
24h, ureia e creatinina.
- Indicadores da função renal - pacientes com proteinúria, solicitar:
creatinina, ureia; compostos excretados pelos rins, após filtração
glomerular; medidas destes compostos no soro (ou plasma) são
utilizados como indicadores da função renal e de outras condições.
Função renal - eletrólitos
Ureia - Origem:
- Principal metabólito nitrogenado derivado da degradação de
proteínas
- Os aa. provenientes dessa degradação são desaminados → amônia -
produto tóxico que é convertido em ureia no fígado
- A ureia é transportada para os rins (filtração glomerular) e excretada
na urina
- 40% a 70% é reabsorvida pelos túbulos renais e a outra parte é
excretada
- A ureia representa a maior parte do nitrogênio não proteico no
sangue
- Nível de ureia no plasma é afetada pela função renal (insuficiência
renal eleva os níveis de ureia). O seu nível no plasma também é
afetado pelo conteúdo proteico da dieta; estado de hidratação do
paciente e por distúrbio hepático
- VR: 10 a 40 ml/dl
- Determinação da ureia: pacientes devem evitar a ingestão de carne
vermelha (24h antes da coleta); material biológico - soro ou plasma
livre de hemólise.
Creatinina:
- Produzida a partir da desidratação não enzimática da creatina
muscular
- Síntese da creatina: fígado, rim, pâncreas
- A creatina é transportada através do sangue para células musculares
e cérebro, onde é fosforilada a creatina fosfato (reservatório de
energia)
- Creatina livre no músculo (1-2%) é convertida em creatinina
- A creatinina difunde do músculo para o plasma → removida por
filtração glomerular
- Concentração de creatinina sérica avalia a função renal
- Qualquer condição que reduza a taxa de filtração glomerular,
diminui a excreção urinária e aumenta a concentração plasmática de
creatinina
- VR: 0,6 a 1,2 mg/dl
- Valores aumentados de creatinina → indicação de comprometimento
renal
Hemograma na insuficiencia renal cronica:
- Anemia é a alteração hematológica mais comum na IRC
- A deficiência da EPO é a causa mais importante da anemia
- Outros fatores envolvidos: inibição da eritropoiese - toxina
uremica/uso de drogas; ação das citocinas inflamatórias; menos
sobrevida das hemácias (aumento da fragilidade osmótica); perda
sanguínea crônica; deficiência de ferro, B12 e folato.
- Anemia normocítica normocrômica
- Hipocromia/microcitose: sugere anemia ferropriva - causada pelo
alumínio da diálise que interfere na incorporação do ferro ao HEME;
ou talassemia
- Macrocitose: sugere a associação com deficiência de B12 e/ou ácido
fólico.
- Reticulócitos: normal ou diminuído - anemia hipoproliferativa.
- Na síndrome hemolítica uremica (SHU) - doença aguda caracterizada
por trombocitopenia, anemia hemolítica microangiopática e lesão
renal aguda - a lesão vascular, deposição de plaquetas e coagulação
intravascular com excesso de fibrina → alterações morfológicas das
hemácias:
● Hemácias fragmentadas (esquizócitos) - trauma por colisão em
zona de fluxo turbulento, distorcidas ou espiculadas
(equinócitos)
● Elevação do número de reticulócitos, eritroblastos (as vezes);
plaquetopenia
Eletrólitos
- Na+, K+, Ca+, Mg+ - material biológico: soro
- Funções:
● Manutenção da pressão osmótica
● Distribuição e manutenção de água nos vários
compartimentos do organismo
● Manutenção do pH fisiológico
● Regulação da função apropriada do coração e músculos
Sódio Na+:
- Íon em maior concentração no meio extracelular
- Concentração sérica: 135 - 145 mmol/L
- Mecanismo de transporte do sódio: bomba de sódio
- Função: impedir intumescimento contínuo das células
- Situações nas quais diminui oxigenação celular (ex: choque séptico) →
alteração do metabolismo aeróbico normal (metabolismo
anaeróbico) → redução do ATP → não acionamento da bomba de
sódio → sódio permanece dentro da célula → alteração do potencial de
membrana → entrada de água na célula → edema celular.
- Valores de sódio inferiores a 120 mmol/ L → fraqueza
- Valores entre 90 a 105 mmol/L → sinais e sintomas graves de
comprometimento neurológico: náuseas, cefaleia, confusão, letargia,
coma e insuficiência respiratória.
Potássio - K+:
- Íon em maior concentração no meio intracelular
- Concentração sérica: 3,5 – 5,1 mmol/L
- Baixo teor no líquido extracelular: atividade da bomba de sódio na
membrana celular.
- Expulsa o sódio das células e capta ativamente potássio para dentro
da célula
- A acidose metabólica faz aumentar a concentração sérica de
potássio: movimento do potássio intracelular para meio extracelular
HIPERCALEMIA → quando níveis de potássio são maiores que 6,5
mmol/L → arritmia cardíaca (pode ser letal).
Aminotransferases:
- Exercem papel central tanto na síntese como na degradação de
aminoácidos - catalisam a transferência de um grupo amino de um
aa. para um cetoácido
- Lesões ou destruição das células hepáticas liberam essas enzimas
para a circulação. Ex: hepatites. Já estão presentes no plasma em
uma quantidade mínima, mas na presença de lesão se elevam.
Relação AST/ALT:
- AST e ALT costumam aumentar e diminuir na mesma proporção em
doenças hepáticas (lesão hepatocelular)
- Uma das causas mais comuns de lesão hepática aguda é a hepatite
viral - todas elevam os níveis séricos de AST e ALT acima de 1000 U/L
- Em hepatite crônica © - níveis menos elevados
Testes para avaliação do fluxo biliar e lesão de vias biliares - FA, GGT,
bilirrubinas
Fosfatase alcalina:
- Amplamente distribuída nos tecidos humanos: mucosa intestinal,
túbulos renais, baço, ossos (osteoblastos) e placenta
- Fígado e ossos - maiores concentrações
- Elevação desta enzima: mais evidente na obstrução biliar (cálculos
nos ductos)
- O acúmulo de sais biliares solubilizam e a obstrução biliar promove
sua regurgitação entre as células hepáticas até o sangue
GGT:
- Apesar da atividade enzimática ser maior no rim, a enzima presente
no soro; e de origem, principalmente, do sistema hepatobiliar
- Função: regula o transporte de aminoácidos através das membranas
celulares, catalisando a transferência de grupo glutamil da glutationa
para um aa. livre
- No fígado a GGT está localizada nos canalículos das células hepáticas
e, particularmente, nas células epiteliais
- Encontrada em: fígado, rins, pâncreas, intestino e próstata
- Marcador sensível de doença hepática - alterado em doença
hepatobiliar - lesão do trato biliar aumenta a GGT e FA
- Alterado também em doença pancreática, uso de álcool e
barbitúricos (não necessariamente na presença de lesão hepática -
tentativa do organismo de restaurar a glutationa que é utilizada no
metabolismo desses fármacos já que a GGT está envolvida no
metabolismo extracelular da glutationa
- Valores normais de acordo com a idade: até 8 a 41 U/L (mulheres) e 12
- 73 U/L em homens
Bilirrubina - metabolismo:
- Bilirrubina indireta/não conjugada quando cai no plasma, originada
principalmente do grupo heme → bilirrubina direta/conjugada →
depois que passa pela conjugação no hepatócito
- Produto de degradação da porção heme da hemoglobina - 85%
hemoproteínas: mioglobina; citocromo
- Primeira bilirrubina a ser produzida: bilirrubina indireta (não
conjugada)
- Após processo de conjugação: bilirrubina direta ou conjugada.
- Aumento da bilirrubina indireta: aumento da degradação de heme
ou deficiência na conjugação do fígado
- Aumento da bilirrubina direta: deficiência na eliminação da
bilirrubina pela bile
- Aumento de ambas: obstrução do fluxo da bile (mas com aumento
predominante da BD); lesão mais intensa dos hepatócitos.
- A bilirrubina é removida da albumina já no hepatócito
- Ocorre no REL do hepatócito catalisada pela enzima UDP
glicuronil-trasnferase, formando primeiro monogluconato, depois
diglicuronato, que é a forma predominante; a quantidade
insuficiente desta enzima no recém-nascido causa a icterícia
fisiológica do 2 ao 5 dia após o nascimento
- Excretada nos canalículos e TGI → ação das bactérias intestinais -
urobilinogênio e urobilina.
- Bilirrubina conjugada:
● Lesão dos hepatócitos - expele o que está lá dentro que já foi
conjugada e provoca perda da conjugação da bilirrubina
transportada e portanto aumenta também a BI
● Obstrução de ducto biliar (cálculos biliares)
- Aumento de ambas:
● Obstrução do fluxo biliar - com predominância do aumento da
BD
● Lesão mais intensa dos hepatócitos - deficiência na
conjugação e refluxo da BD para o sangue
Albumina:
- Principal proteína circulante no organismo humano
- Fígado é o único órgão responsável pela produção de albumina
- Redução dos níveis de albumina - doenças do fígado (redução de
síntese); desnutrição proteica.
Troponina I e Troponina T
- Troponinas (Tn) são proteínas estruturais envolvidas no processo de
contração das fibras musculares esqueléticas e cardíacas. O
complexo troponina contém 3 subunidades: T, C e I.
● Troponina T (cTnT) - ligada à miosina → tropomiosina
● Troponina C (cTnC) - ligada ao cálcio e regula a contração
muscular
● Troponina I (cTnI) - liga-se à actina e inibe a interação
actina-miosina. É altamente específica para o tecido
miocárdico
- São os marcadores bioquímicos mais específicos e sensíveis para
lesão isquêmica do miocárdio
- São marcadores precoces do IAM; são liberadas quase ao mesmo
tempo que a CK-MB
- Permanecem elevadas por mais de uma semana após o infarto
- Troponina I: elevação no soro ocorre entre 4 a 6 horas após a dor
precordial; pico é atingido em 12h e permanece elevado por 3 a 10
dias
- Troponina T: elevação no soro é semelhante à troponina I.
- Método laboratorial para dosagem de troponina T no soro: após 4 a 6
horas após o início da dor torácica (eletroquimioluminescência)
- VR troponina T: inferior a 0,013 ng/ml; lesão do miocárdio: superior a
0,1 ng/ml.