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Abdome Agudo - Giovanni Rossi

Definição: dor abdominal súbita de intensidade variável que requer


intervenção médica de urgência, cirúrgica ou não; a dor comumente é visceral.
O abdome agudo pode ser: inflamatório, obstrutivo, perfurativo, hemorrágico
ou isquêmico
Rotina: raio X (AP) de abdome em otostase e decúbito dorsal; raio X (PA) de
tórax em ortostase
 Inflamatório: Raio X -> Ultrassom -> TC -> Videolaparoscopia
 Perfurativo: Raio X -> TC
 Obstrutivo: Raio X -> TC
 Isquêmico: Raio X -> Angio CT -> Videolaparoscopia
 Hemorrágico: Ultrassom -> TC -> Videolaparoscopia

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Abdome Agudo Inflamatório


1. Apendicite
Fisiopatologia: na maioria dos casos a inflamação do apêndice está
associada com a obstrução de sua luz, seja por um fecalito, tumor, massa
de verme ou cálculo. A obstrução gera injúria tecidual, processo
inflamatório que aumenta a pressão intraluminal e, como consequência,
pode haver proliferação bacteriana, isquemia, necrose e perfuração
Sinais e sintomas: inicialmente dor abdominal periumbilical (causada pela
obstrução da luz apendicular e distensão de sua parede); secundariamente
irradiada para fossa ilíaca direita: inflamação e infecção do apêndice;
geralmente associada com náuseas, vômitos, inapetência e febre
Rotina: ultrassom, podendo seguir para TC e videolaparoscopia
Apendicite aguda. No raio X é visível cálculos no apêndice; na tomografia e ultrassom: aumento
considerável da espessura do apêndice e densificação da gordura periapendicular

2. Colecistite
Fisiopatologia: inflamação da vesícula biliar ocasionada por infecção
bacteriana ou pela obstrução de um ou mais ductos biliares devida
ocorrência de litíase
Sinais e sintomas: varia de acordo com o grau e tempo de obstrução.
Paciente apresenta dor abdominal (normalmente hipocôndrio direito),
icterícia, vômitos biliosos e febre. A intervenção deve ser a mais breve
possível para evitar a obstrução da ampola hepatoduodenal ou do ducto
pancreático principal, podendo causar pancreatite aguda
Rotina: ultrassom e sinal de Murphy. TC é utilizada em casos atípicos, com
presença de inflamação de órgãos adjacentes
No raio X, observar cálculo calcificado; no Ultrassom: espessamento da parede vesicular e
cálculo no interior da ves ícula projetando a sombra acústica.

3. Pancreatite
Fisiopatologia: lesão reversível do parênquima pancreático resultado em
inflamação que gera edema peripancreático. Pode ocorrer secundário à
colelitíase, por abuso de álcool e medicamentos, por fatores hereditários ou
por hipertriglicemia.
Sinais e sintomas: dor intensa e progressiva que irradia em faixa no andar
superior do abdome para o dorso, gerando edema peripancreático
Rotina: TC de abdome e ultrassom
Na TC, é visível o pâncreas difusamente aumentado, com áreas de necrose e edemas
peripancreáticos
Obs.: na pancreatite crônica é visível calcificação

4. Diverticulite
Fisiopatologia: processo inflamatório que se instala na parede (divertículos)
do intestino grosso (herniação da mucosa e musuclar intestinal). Os
divertículos podem ter a luz obstruída e evoluir com um acumulo de gás
bactérias, gerando abcessos e perfurações (produz peritonite)
Sinais e sintomas: dor na região hipogástrica que se irradia para o QIE,
diarréia, náusea e vômitos, melena, febre, constipação
Rotina: TC
Na TC, observar a presença de bolhas de ar aprisionadas nos divertículos, os quais se apresentam em
grandes quantidades e em maior tamanho

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Abdome Agudo Obstrutivo


 Funcional: distúrbio metabólico ou processo inflamatório ocasiona
redução ou perda do peristaltismo
 Mecânico: obstrução de origem orgânica, como bridas, tumores, corpo
estranho...
 Rotina: Raio X de tórax PA em posição ortostática e raio X de abdome,
ortostático e em decúbito
 Indicação de Raio X de abdome: visível os níveis hidroaéreos
escalonados e alças de luta (RHA metélicos)
 Obstrução alta/ intestino delgado: empilhamento de moedas, pois as
pregas do intestino delgado são completas. Há também edema
submucoso percebido pelo espessamento da parede intestinal, além de
sua distensão.
 Obstrução baixa/ intestino grosso: visíveis as haustrações e as pregas
semicirculares. Geralmente a distensão ocupa a periferia do raio X. Na
obstrução completa pode ocorrer ausência de gás na ampola retal
(retosigmóide)
 Clínica: dor abdominal em cólica, constipação e ausência de flatulências,
podendo ocorrer vômitos de tipos variáveis (branco, bilioso, gástrico ou
fecalóide)

1. Íleo funcional - obstrução funcional alta


Definição: inflamação de órgão adjacente com irritação focal de uma
alça intestinal: alça em sentinela. A irritação faz com que essas alças
percam sua função te tornem-se aperistálticas, o que leva a sua
dilatação e obstrução funcional. As causas mais comuns são: colescistite
no QSD, pancreatite no QSE, apendicite no QID e diverticulite no QIE
Imagem: por não ser uma obstrução mecânica, existe alguma passagem
de gás pelo intestino não funcional, que será visível no reto ou sigmoide
em exames de radiografia

SETA BRANCA: alça em sentinela indicando uma dilatação gasosa ileal e possível processo
inflamatório de uma alça focal por irritações adjacentes. SETA AZUL: presença de ar no reto sinaliza
que a obstrução é funcional

2. Obstrução Mecânica Intestino Delgado (OID)


Definição: ocorre estase de líquido e gases próximo ao local da
obstrução. Em seguida, há a hiperproliferação bacteriana que aumenta a
produção de gases que piora a distensão. Logo, a mucosa perde
capacidade absortiva, aumentando o acúmulo de líquido e fezes
semissólidas, piorando ainda mais a distensão. As causas podem ser:
aderências, hérnias, doença de Crohn, neoplasias e isquemia
Imagem: no raio X, há alças intestinais distendidas, edemas submucosos
e formação de válvulas coniventes com aspecto de pilha de moedas
(acúmulo de gás da obstrução gera a dilatação do lúmen intestinal e
exposição das pregas circulares intestinais). Já na tomografia, há
dilatação intestinal e presença de níveis hidroaéreos

Aspecto de Pilhas de Moedas em uma OID


TC: há dilatação intestinal e presença de níveis hidroaéreos

3. Obstrução Mecânica Intestino Grosso (OIG)


Definição: obstrução orgânica inferior que promove constipação,
vômitos e náusea e dor abdominal. Causas comuns: neoplasia (maligna),
diverticulite, volvos, corpo estranho, fecalomas e bridas.
Imagem: distensão do colo com visibilidade das haustrações e volume
variável de líquido. Ausência de gás na ampola retal ou no sigmoides

SETA BRANCA: ponto de obstrução. Visível ceco e colo transverso dilatados e ausência de ar no reto e
sigmoide
Na TC: visível dilatação de intestino grosso

Volvo de intestino: torção de um segmento do intestino sendo o sigmoide


mais comum e depois o ceco. Pode ser causado por pré disposições como
megacolo, tumores, constipação crônica, dismotilidade colônica e cirurgia
abdominal prévia. VOLVO CECO: intestino grosso no QID (U invertido) e
VOLVO SIGMOIDE: intestino grosso no QIE
No Raio X, apresenta-se como um U invertido ou sinal de grão de café e com ausência de gás no
sigmoide
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Trauma abdominal
Exame: preferencialmente TC. Os hematomas agudos quando intra-
parenquimatosos aparecem na TC como áreas isodensas na fase pré-
contraste e hipodensas (escuras) na fase pós-contraste
Hematoma intraparenquimatoso esplênico

Hemoperitônio ao redor do Fígado e Laceração Esplênica

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Abdome Agudo Perfurativo


Definição: perfuração de vísceras ocas devido a processos inflamatórios (úlcera
gástrica e duodenal; apendicite; diverticulite), neoplásicos, infecciosos,
ingestão de corpo estranho e dentre outros. Pode ocorrer uma peritonite
secundária
Quadro clínico: Intervalo curto entre o início da dor e a chegada ao serviço de
urgência; dor de forte intensidade; sinais de sepse; hipotensão e choque
podem estar presentes
Exame de imagem: a detecção de ar livre intraperitoneal é um valioso sinal de
abdome agudo perfurativo.
Esquerda: ar subdiafragmático; e direita: visível superfície inferior e central do diafragma = sinal de cúpula
= ambos indicam PNEUMOPERITÔNIO
Ar visível em decúbito lateral, deslocou-se para cima

Sinal do ligamento falciforme: visível o ligamento pela presença de ar no peritônio e redução da


opacidade do fígado pela presença de uma bolha de ar anterior ao fígado
Sinal de Rigler: pneumoperitôneo, visível duas paredes do estômago e ar entre as alças
Na TC, observar presença de ar (região muito hipodensa) em locais inapropiados

Obs.: no exame físico de abdome que há sinais de peritonite, pode ocorrer ausência de macicez
hepática (sinal de Jobert) e dor a descompressão brusca ( sinal Blumberg)
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Abdome Agudo Hemorrágico


Causas: rotura de aneurisma, gravidez ectópica rota, rotura de folículo
ovariano, rotura hepática espontânea e endometriose
Clínica: intensidade variadas, pode ou não estar associada com choque
hipovolêmico já que depende das condições gerais do paciente e da
hemorragia. Importante destacar que dependendo da gravidade o paciente
segue direto para cirurgia
Obs.: a hemorragia do aneurisma aórtico pode seguir para: retroperitônio;
pode se juntar com a VCI; pode romper o retroperitônio; ou ulcerar para o
interior do duodeno
Exame de imagem: a detecção sangue em órgãos ou no peritônio
 Raio X: sem muita informação
 TC e Angio TC com contraste

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