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ABDOME AGUDO

CURSO DE PROPEDÊUTICA CLÍNICA


3° ANO – F.C.M.S. – 2008
DR JOSÉ CARLOS PAIVA PAZ
ABDOME AGUDO

 CONCEITO: dor abdominal de início


súbito, que persiste por mais de seis
horas, de causa não traumática, em
que o tratamento cirúrgico pode ser
necessário.
ABDOME AGUDO
 ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓG DAS VIAS
NERVOSAS:
INTESTINO ANTERIOR (faringe, esôfago, estômago e duodeno
proximal) – EIXO CILÍACO – Dor epigástrica.

INTESTINO
INTESTINO MÉDIO (4ª porção do duodeno até metade do cólon
PRIMITIVO
transverso) – Art mesentérica superior – Dor periumbelical.
3ª SEMANA

INTESTINO POSTERIOR (cólon distal e reto) – Art mesentérica


inferior – Dor suprapúbica.
ABDOME AGUDO
Aspectos anatômicos e fisiolog das vias nervosas

Diagrama do mecanismo que explica as dores viscerais.


A verdadeira e a referida.
Diagrama mostrando trajeto aferente das a,b e c representa local onde se situam os neurônios das
fibras nervosas sensoriais espinais, oriun- fibras do trato espinotalâmico de um segmento da medu
das de pele e do mesentério (respectiva/ la espinhal. O neurônio em a recebe, exclusiva/, fibras
vindas de estruturas cutâneas,veiculando, portanto, impu
A e B) e das fibras viscerais provindas de
so do tipo dor somática. Em c recebe fibra oriunda de es
alça intestinal (C). trutura visceral,conduzindo impulsos de dor visceral ver-
dadeira. b recebe fibras de estruturas somáticas e visce-
rais; a convergência de fibras p/a uma via comum é a
responsável pela percepção de dor visceral em áreas
ABDOME AGUDO
 ASPECTOS ANATÔMICOS E FISIOLÓG DAS VIAS
NERVOSAS:
a) As fibras aferentes sensitivas que
acompanham o suprimento vascular é que
fornecem inervação sensitiva ao intestino e
peritônio visceral.
b) O peritônio parietal, a parede abdominal e as
partes moles do retroperitônio recebem
inervação somática correspondente às raízes
nervosas segmentares.
c) Quando a inflamação visceral irrita a
superfície parietal do peritônio ocorre a
localização da dor.
ABDOME AGUDO

TIPOS DE DOR: O intestino é insensível ao


toque e à inflamação que não afeta o
peritônio parietal.
* VISCERAL
* SOMÁTICA OU PARIETAL
* REFERIDA OU IRRADIADA
ABDOME AGUDO (TIPOS DE DOR)
 VISCERAL: transmissão dos impulsos por
fibras viscerais aferentes (lentas – nervos
esplâncnicos). São do tipo distensão ou
contração muscular, mal localizadas, tipo
cólica, não leva a contratura de musc da
parede abdominal; paciente inquieto. Ex.:
obstr intestinal, cólica renal, espasmos das
vias biliares, fase inicial da apendicite
aguda.
ABDOME AGUDO (TIPOS DE DOR)
 SOMÁTICA OU PARIETAL: envolve fibras
viscerais e cerebroespinhais simultânea/. É
aguda, bem localizada, fixa, piora com
movimentos (paciente procura ficar imóvel).
Pode-se encontrar contratura muscular
(peritonite). É devida a um processo inflamatório
e não a um distúrbio funcional. Ex.: segunda
fase da apendicite e da colecistite aguda.
A irritação do peritônio parietal é tão mais
intensa, quanto mais ácido é o líquido irritativo
(úlceras perfuradas – “abdome em tábua”).
ABDOME AGUDO (TIPO DE DOR)
 REFERIDA OU IRRADIADA: irrigação
nervosa do diafragma via nervo frênico
tem conexões no quarto segmento
cervical que inerva ombro.

** ATENÇÃO: pacientes idosos, debilitados,


toxemiados e imunossuprimidos, podem não
apresentar contratura da musculatura da parede
abdominal, apesar de existirem patologias, às
vezes graves, na cavidade abdominal
ABDOME AGUDO

 CLASSIFICAÇÃO:

* Abdome Agudo Inflamatório


* Abdome Agudo Obstrutivo
* Abdome Agudo Perfurativo
* Abdome agudo Hemorrágico
* Abdome Agudo Vascular
ABDOME AGUDO
 INFLAMATÓRIO:
* Dor abdominal aguda, intensa, bem localizada
(variando c/ o órgão acometido)
* Náuseas, vômitos, queda do estado geral;
* Febre;
* Sinais de irritação peritoneal;
* Causas possíveis: apendicite aguda, colecistite
aguda, pancreatite aguda, doença inflamatória
pélvica, diverticulite aguda.
ABDOME AGUDO
 OBSTRUTIVO:
* Dor abdominal em cólica;
* Aumento do volume abdominal;
* Parada de eliminação de gazes e fezes;
* Náuseas e vômitos;
* Causas possíveis: aderências (pós op),
hérnia encarcerada, neoplasia de cólon,
volvo de sigmóide, bolo de áscaris.
ABDOME AGUDO
 PERFURATIVO:
* Dor de forte intensidade;
* Defesa abdominal (“abdome em tábua”);
* Pneumoperitôneo;
* Causas possíveis: úlceras gástricas ou
duodenais perfuradas, perfuração de alça
de intestino
ABDOME AGUDO
 HEMORRÁGICO:
* Dor abdominal;
* Sinais de hipovolemia (palidez cutâneo
mucosa, hipotensão arterial, taquicardia,
má perfusão periférica);
* Sinais de irritação peritoneal,
* Causas possíveis: gravidez ectópica rota,
ruptura de aneurisma de aorta, ruptura de
vísceras.
ABDOME AGUDO
 VASCULAR:
* Dor abdominal;
* História anterior de arteriopatias crônicas
(IAM, AVC, claudicação);
* Eliminação intestinal de líquido necrótico;
* Causas possíveis: embolia arterial,
trombose mesentérica.
ABDOME AGUDO
ABORDAGEM CLÍNICA
 ANÁLISE DA DOR:
a) Localização (epigástrica, “em faixa”, hipoc direito, f.
ilíacas, etc.:);
b) Irradiação (ombro D ou E, dorso, região perineal ou
inguinal etc.:);
c) Duração (constante ou em cólica);
d) Intensidade ((dor abdominal súbita e muito intensa
sugere perfuração livre de uma víscera (duodeno) ou
isquemia intestinal aguda));
e) Vômitos (podem ocorrer como conseqüência da
gravidade da dor ou pela doença – acompanham muito
freqüente/ a pancreatite e inflamação de via biliar);
f) Histórico menstrual minucioso;
g) Histórico medicamentoso;
h) Idade.
ABDOME AGUDO
ABORDAGEM CLÍNICA
 EXAME FÍSICO GERAL:
- Estado geral [fácies; ansiedade; palidez
cutânea/mucosa; imóvel no leito ou não(“>
movimentação, < peritonite”) exceto fases
iniciais da patologia].
- Sinais vitais [ febre (elevada: pneumonia e
ITU, colangites sépticas, infecções
ginecológicas; baixa: mais comum em
diverticulite, apendicite e colecistite aguda)]
ABDOME AGUDO
ABORDAGEM CLÍNICA
INSPEÇÃO: cicatrizes (bridas/oclusão); distensão (oclusão);
hérnias; massas abdominais; ondas peristálticas.
AUSCULTA (RHA):
RHA ausentes – íleo paralítico,
RHA exacerbados – gastroenterites,
SILENCIO e EXACERBAÇÃO – luta peristáltica de obstr de
delgado.
PERCUSSÃO:
Dolorosa – indica inflamação
Timpanismo – distensão gasosa do intestino ou do
estômago. Se sobre loja hepática sugere ar livre em
cavidade
ABDOME AGUDO (ABORDAG CLINICA)
 PALPAÇÃO: inicio suave e longe do sítio da dor.
Defesa: aumento da tônus muscular abdominal à palpação. Pode ser
voluntária ou involuntária, localizada ou generalizada (abdomen em
“tábua”).
Descompressão dolorosa (Sinal de BLUMBERG).
Sinal de ROVSING: palpa-se lado E do abd, com relato de dor em
FID (“onda gasosa” do cólon para o ceco – geralmente na
apendicite aguda).
Sinal de MURPHY
Sinal de JOBERT: percussão da loja hepática ao nível da LAM
produzindo timpanismo – ar livre em cavidade abdominal
(perfuração de víscera oca).
Ponto de Mc BURNEY: apendicite.
Exame retrovaginal: exame da parte inferior do abdomen (massas
uterinas ou anexiais; secreções vaginais, etc...)
Sinal do Ileopsoas (+): extensão passiva ou flexão ativa contra
resistência do quadril, causa dor – Abscesso psoas
ABDOME AGUDO
(LABORATORIO E RADIOLOGIA)
LABORATÓRIO:
Hemograma, eletrólitos (Na, K, Ca, Mg, etc)
Amilase, Lipase, Glicemia, Uréia, Creatinina,
BTF, Transaminases, Fosfatase alcalina, Urina
tipo I, Beta-gonadotrofina coriônica humana (em
mulheres).
RADIOLOGIA:
Rx simples de abdome e tórax [Pneumoperitônio,
calcificações anormais (biliares, renais,
pancreáticas, vasculares), apendicolitos, níveis
hidroaéreos em alças intestinais dilatadas.
ABDOME AGUDO (T.C. e USG)
*Antes de TC e USG a laparotomia era
considerada diagnóstica e terapêutica [com
elevado n° de “laparotomias brancas” (historica/
20% das cirurgias p/a apendicite aguda
revelavam-se negativ)].
*T.C.: aumento de acurácea diagnóstica (95%)
em relação a Rx e Ex Clin (50%); Lesões
anatômicas específicas detectáveis em 57,5%
contra 17,5% (Rx e Ex Cl).
*USG.: importante por ser rápida e de baixo custo,
principal/ para fígado, vias biliares, baço,
pâncreas, apêndice, rins, ovários, anexos e
útero. USG transvaginal e a USG colorida com
Doppler
Rx Simples / Ultrassom
FIG I: Rx simples FIG III: Colecistit
com HIDROPNEU Aguda (Seta cur-
MOPERITONIO va: dois cálculos;
(paciente de pé) Seta reta: parede
espessada da VB)

FIG II: Rx simples


FIG IV: Apendicite
(deitado) do mesmo
Aguda (Seta mostra
paciente com setas
apendicolito radiolo-
delimitando interface
gicamente ñ opaco)
entre líquido e ar livre
na cavi// abdominal.
CT de Abdome

PNEUMOPERITÔNIO SECUNDÁRIO A PERFURAÇÃO DE CÓLON DESCENDENTE


A) Interface do piopneumoperitônio (seta maior) e espessamento do peritônio
visceral (setas menores); B) Um trajeto de pequenas bolhas de ar no flanco E
levava a um ponto de pequena perfuração do cólon descendente (seta), que
foi confirmado por enema contrastado e corrigido cirurgicamente.
OBS.: Foram drenados (percutaneamente) antes da cirurgia 07 Lit de liq infect

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