Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ILSI BRASIL
INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL
Rua Hungria, 664 — conj.113
01455-904 — São Paulo — SP — Brasil
Tel./Fax: 55 (11) 3035-5585 e-mail: ilsibr@ilsi.org.br
© 2019 ILSI Brasil International Life Sciences Institute do Brasil
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Autores:
Cláudia Bezerra de Almeida
3
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Doutora em Pediatria pela EPM /UNIFESP. Título de Especialista em Pediatria com área
de atuação em Nutrologia Pediátrica e Nutrição Parenteral e Enteral em Pediatria. Título
de Especialista de Nutrição Parenteral e Enteral. Pediatra da Disciplina de Nutrologia
Pediátrica do Departamento de Pediatria da EPM –UNIFESP. Chefe do Setor de Suporte
Nutricional e do Ambulatório de Dislipidemia da Disciplina de Nutrologia Pediátrica do
Departamento de Pediatria da EPM – UNIFESP. Responsável pela Terapia Nutricional
Pediátrica das Enfermarias do Hospital São Paulo. Pesquisadora da Pós-Graduação de
Nutrição da UNIFESP. Diretora Clínica da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional
- EMTN do Instituto de Oncologia Pediátrica/ GRAACC- UNIFESP. Revisor do Jornal de
Pediatria, Revista Paulista de Pediatria, Revista de Nutrição da PUCCAMP e Revista da
Associação Médica Brasileira. Membro Participante do Departamento de Nutrologia da
Sociedade de Pediatria de São Paulo. Membro Participante do Departamento de Nutro-
logia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Tulio Konstantyner
4
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
ÍNDICE
1. Nutrientes e desenvolvimento cerebral 6
1.1 Vitamina A 6
1.2 Vitaminas do complexo B 7
1.3 Vitamina C 7
1.4 Zinco 7
1.5 Cobre 7
1.6 Iodo 8
1.7 Consideração final 8
1.8 Referências bibliográficas 9
5
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
1. NUTRIENTES E DESENVOLVIMENTO
CEREBRAL
Nos primeiros 1000 dias de vida, que compreende da concepção do feto até o segun-
do ano de vida, considera-se período fundamental para o desenvolvimento cerebral,
concomitantemente fase suscetível a agravos, que permite vulnerabilidade do cresci-
mento e desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC). Vários fatores genéticos
e ambientais podem influenciar esse desenvolvimento, sendo que o fator nutricional
é essencial para a formação e o crescimento do sistema nervoso fetal. Outros fatores
como privação emocional, estresse, condições socioeconômicas e patológicas também
podem comprometer o adequado desenvolvimento nos primeiros 1000 dias: sistemas
sensoriais (audição e visão), hipocampo (processamento da memória e aprendizado),
mielinização (rapidez de processamento), sistema de neurotransmissores (monoami-
nas), córtex pré-frontal (planejamento, atenção, inibição, múltiplas tarefas) e circuitos
cerebrais (associações ideias)1.
1.1 Vitamina A
6
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
1.3 Vitamina C
1.4 Zinco
O zinco é responsável pelo conteúdo proteico, DNA e RNA no cérebro do feto16, além
de atuar como cofator da enzima que regula o teor proteico e formação de ácidos nu-
cleicos17. Na sinapse, a liberação de neurotransmissores por neurônios glutamatérgicos
é dependente da presença de zinco e a deficiência de zinco acarreta redução da massa
cerebral do cerebelo, sistema límbico e córtex cerebral18. Neurônios contém zinco na
forma livre em regiões do cérebro como hipocampo, córtex, amígdala e bulbo olfa-
tivo19. Regula as atividades de receptores pós-sinápticos como N-metil–D-aspartato,
gama- ácido aminobutírico e canal de cálcio20.
1.5 Cobre
7
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
1.6 Iodo
8
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
3. Christian P, Mullany LC, Hurley KM, Katz J, Black RE. Nutrition and maternal, neona-
tal, and child health. Semin Perinatol. 2015;39(5):361-72.
5. Georgieff MK. Nutrition and the developing brain: nutrient priorities and measure-
ment. Am J Clin Nutr. 2007;85(2):614S-620S.
9
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
9. Elmadfa I, Meyer AL. Vitamins for the first 1000 days: preparing for life. Int J Vitam
Nutr Res 2012;82(5):342-7.
10. Kennedy DO. B vitamins and the brain: mechanisms, dose and efficacy-a review.
Nutrients 2016;8(2):68.
11. Cordero AM, Crider KS, Rogers LM, Cannon MJ, et al. Optimal serum and red
blood cell folate concentrations in women of reproductive age for prevention of neural
tube defects: World Health Organization guidelines. MMWR Morb Mortal Wkly Rep
2015;64(15):421-3.46.
13. Stahl SM. L-methylfolate: a vitamin for your monoamines. J Clin Psychiatry
2008;69(9):1352-3.
14. Briani C, Dalla Torre C, Citton V, Manara R, et al. Cobalamin deficiency: clinical pic-
ture and radiological findings. Nutrients 2013;5(11):4521-39.
15. Hansen SN, Tveden-Nyborg P, Lykkesfeldt J. Does vitamin C deficiency affect cogni-
tive development and function? Nutrients2014;6(9):3818-46.
16. Sandstead HH. Zinc: essentiality for brain development and function.
Nutr Rev 1985;43:129 –37.
18. Levenson CW, Morris D. Zinc and Neurogenesis: Making New Neurons from
Development to Adulthood. Adv. Nutr 2011;2: 96–100.
19. West EC, Prohaska JR. Cu, Zn-superoxide dismutase is lower and copper
chaperone CCS is higher in erythrocytes of copper-deficient rats and
10
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
20. Gybina AA, Prohaska JR. Increased rat brain cytochrome c correlates with degree of
perinatal copper deficiency rather than apoptosis. J Nutr 2003;133:3361– 8.
21. Prohaska JR, Brokate B. Dietary copper deficiency alters protein levels of rat do-
pamine beta-monooxygenase and tyrosine monooxygenase.Exp Biol Med (Maywood)
2001;226:199 –207.
22. Penland JG, Prohaska JR. Abnormal motor function persists following recovery from
perinatal copper deficiency in rats. J Nutr 2004;134:1984–8.
23. Bauer PJ, Dugan JA. Suggested use of sensitive measures of memory to detect
functional effects of maternal iodine supplementation on hippocampal development.
Am J Clin Nutr. 2016;104 (Suppl 3):935S-40S.
24. Prado EL, Dewey KG. Nutrition and brain development in early life. Nutr Rev.
2014;72(4):267–284.
26. Zimmermann MB. The Importance of Adequate Iodine during Pregnancy and In-
fancy. World Rev Nutr Diet. 2016;115:118-24.
27. Zimmermann MB. The role of iodine in human growth and development. Semin Cell
Dev Biol. 2011;22(6):645-52.
28. Bauer PJ; Dugan JA. Suggested use of sensitive measures of memory to detect
functional effects of maternal iodine supplementation on hippocampal development.
Am J Clin Nutr 2016;104(Suppl):935S–40S.
29. Bougma K, Aboud FE, Harding KB, Marquis GS. Iodine and mental development
of children 5 years old and under: a systematic review and meta-analysis. Nutrients.
2013;5(4):1384–1416.
30. Bath SC, Steer CD, Golding J, Emmett P, Rayman MP. Effect of inadequate iodine sta-
tus in UK pregnant women on cognitive outcomes in their children: results from the Avon
Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC). Lancet.2013;382(9889):331–337.
31. Markhus MW, Dahl L, Moe V, Abel MH, Brantsæter AL, Øyen J, Meltzer HM, Stor-
mark KM, Graff IE, Smith L, Kjellevold M.. Maternal Iodine Status is Associated with
Offspring Language Skills in Infancy and Toddlerhood. Nutrients. 2018;10(9) :1270-1283.
11
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
32. Zhou SJ, Condo D, Ryan P, Skeaff SA, Howell S, Anderson PJ, McPhee AJ, Makrides
M. Association Between Maternal Iodine Intake in Pregnancy and Childhood Neurode-
velopment at Age 18 Months. Am J Epidemiol 2019; 188(2):332–338.
35. Farebrother J, Zimmermann MB, Andersson M. Excess iodine intake: sources, as-
sessment, and effects on thyroid function. Ann. N.Y. Acad. Sci.2019; xxx :1–25.
12
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Entre a 24ª e 42ª semana do período gestacional, ocorre a fase vulnerável aos insultos
acarretando comprometimento especialmente de formação de sinapses e mielina. A
morfogênese e a sinaptogênese do hipocampo, do córtex visual e auditivo ocorrem no
final da gestação e período neonatal5.
13
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Figura 1: Nutrientes essenciais para o desenvolvimento cerebral nas fases fetal tardia
e neonatal.
Estudo realizado com RNPT com média de peso ao nascimento de 787 ± 133g e idade
gestacional de 25,9 ±1,6 semanas; apresentava como objetivo associar a oferta protei-
14
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
2.1 Taurina
A taurina foi considerada relevante em 1975, quando se observou que bebês prema-
turos alimentados por nutrição parenteral total apresentavam concentrações plasmáti-
cas e urinárias de taurina inadequadas, diferentemente de bebês alimentados com leite
materno11. A deficiência de taurina em recém-nascidos pode resultar em repercussões
como cardiomiopatias, degeneração da retina e risco de outras má-formações12.
O ácido aminosulfúrico - taurina é uma das moléculas mais abundantes no corpo, inclu-
indo no sistema nervoso central (SNC) e apresenta reduzida transferência para outros
tecidos em locais com maior concentração4,13. Consiste em aminoácido com funções
biológicas vitais como neuromodulação, estabilização das membranas celulares, anti-
oxidação, com capacidade de estabilização de membranas proteicas e modulação da
inflamação4,14. Esse aminoácido deve ser adquirido pela alimentação ou sintetizado
no fígado e no SNC, a partir da metionina e cisteína, por meio da ação das enzimas
cisteína dioxigenase e cisteína descarboxilase (Figura 1). Além disso, também é o ago-
nista endógeno da glicina e do ácido aminobutírico (GABA).
No cérebro imaturo, a concentração de taurina é três vezes maior que no cérebro madu-
ro. A deficiência de taurina no prematuro leva ao desenvolvimento deficiente do córtex
15
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Figura 1: Nutrientes essenciais para o desenvolvimento cerebral nas fases fetal tardia
e neonatal.
16
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
2.2 Colina
A colina é uma amina quaternária, que apresenta funções essenciais para o organismo
como a síntese de mensageiros intracelulares, síntese de proteínas, doadora de grupos
metílicos e desempenha papel na síntese de ácidos nucleicos. A colina é outro nutri-
ente que participa de processos críticos do desenvolvimento cerebral como síntese de
neurotransmissores (acetilcolina), síntese de mielina (fosfatidilcolina), modificação da
cromatina, precursora de componentes de síntese de membranas celulares (esfigno-
mielina e lecitina)15,16. Sabe-se da necessidade da colina para o fechamento adequado
do tubo neural na gestação, pois mulheres com baixa ingestão dietética de colina po-
dem ter quatro vezes mais risco de ter recém-nascido com defeito do tubo neural16.
Durante a gestação, a colina passa para o feto por transporte ativo pela placenta e a
concentração de colina no líquido amniótico pode chegar a 10 vezes maior que no
sangue materno. No feto e nos recém-nascidos, as concentrações séricas de colina são
6 a 7 vezes mais elevadas do que no adulto. Nos mamíferos, os neurônios podem sin-
tetizar colina, mas há uma associação com a concentração plasmática e a transferência
para o cérebro. Além do fechamento do tubo neural, sua deficiência ao final da gestação
está associada às mudanças na função do hipocampo, podendo acarretar alteração de
memória na fase adulta16.
Assim, a vida intrauterina e o primeiro ano de vida são períodos críticos do desenvolvi-
mento dos sistemas neurais pela alta plasticidade. Cada sistema dependente de um ou
mais nutrientes em diferentes estágios de desenvolvimento para obter ótimo funciona-
mento. Sem ativação neural, o sistema fica em estado de latência e o desenvolvimento
comprometido.
17
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
1. Prado EL, Dewey KG. Nutrition and brain development in early life. Nutr Rev.
2014;72(4):267-84.
2. Stephens, BE, Walden RV, Gargus RA, Tucker R, McKinley L, Mance M, Nye J, Vohr
BR. Developmental Outcomes in Extremely Low Birth Weight Infants First-Week Pro-
tein and Energy Intakes Are Associated With 18-Month. Pediatrics 2009;123:1337.
3. Rolo LC, Araujo Júnior E, Nardozza LM, de Oliveira PS, Ajzen SA, Moron AF. Devel-
opment of fetal brain sulci and gyri: assessment through two-and three-dimensional
ultrasound and magnetic resonance imaging.Arch Gynecol Obstet 2011; 283:149–158.
5. Georgieff MK. Nutrition and the developing brain: nutrient priorities and measure-
ment. Am J Clin Nutr. 2007;85(2):614S-620S.
6. Kretchmer N, Beard JL, Carlson S: The role of nutrition in the development of normal
cognition. Am J Clin Nutr 1996; 63: 997S–1001S.
7. Compston, A. et al. Glial lineages and myelination in the central nervous system. J.
Anat, Great Britain 1997;190:161- 200.
9. Rodrigues OMPR. Escalas de desenvolvimento infantil e o uso com bebês. In: http://
dx.doi.org/10.1590/S0104-40602012000100007. Acessado julho 2018.
10. Li H1, Barnhart HX, Stein AD, Martorell R. Effects of early childhood supplementa-
tion on the educational achievement of women. Pediatrics. 2003;112(5):1156-62.
11. Chesney RW. New functions for na old molecule. Pediatr Res 1987;22: 755
12. Heird W.C. Taurine in neonatal nutrition revisited. Arch Dis Child Fetal Neonatal
2004; 89 (6):473-474.
14. Goulart NA. Terapia nutricional na prematuridade. In: Lopez, FA. Fundamentos da
terapia nutricional em pediatria. São Paulo: Savier, 2002. p
18
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
15. Ramel SE, Georgieff MK. Preterm nutrition and the brain. World Rev Nutr Diet.
2014;110:190-200.
16. Zeisel SH, Niculescu MD. Perinatal choline influences brain structure and function.
Nutr Rev. 2006;64(4):197-203.
17. Waddell J, Mooney SM. Choline and Working Memory Training Improve Cognitive
Deficits Caused by Prenatal Exposure to Ethanol Nutrients. 2017; 9 (10): 1080.
18. Kennedy BC, Tran PV, Kohli M, Maertens JJ, Gewirtz JC, Georgieff MK. Beneficial ef-
fects of postnatal choline supplementation on long-Term neurocognitive deficit resulting
from fetal-Neonatal iron deficiency. Behav Brain Res. 2018;15(336):40-43.
19. Caudill MA, Strupp BJ, Muscalu L, Nevins JEH, Canfield RL. Maternal choline
supplementation during the third trimester of pregnancy improves infant information
processing speed: a randomized, double-blind, controlled feeding study. FASEB J.
2018;32(4):2172-2180.
19
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
3. OS LIPÍDIOS E O DESENVOLVIMENTO
CEREBRAL
Os ácidos docosahexaenóico (DHA, 22: 6n-3) e araquidônico (ARA, 20: 4n-6) são LCPU-
FAs, formados no fígado, a partir de ácidos graxos essenciais, o ácido a–linolênico
(LNA, 18: 3n-3) e o ácido linoleico (LA, 18: 2n-6), respectivamente6,10 (Figura 1). O LA
sofre dessaturações (formação de ligação dupla) e alongamentos sucessivos (adição
de 2 carbonos) no retículo endoplasmático para a formação do ARA. O LNA, por sua
vez, após dessaturações e alongamentos no retículo endoplasmático, posteriormente
é oxidado no interior de peroxissomos para a formação do DHA5,8. Além de formar os
LCPUFAs, os ácidos graxos essenciais podem ser armazenados nos tecidos na forma
de triglicerídeos ou fosfolipídeos, assim como podem sofrer b-oxidação total ou par-
cial, o que fornece energia ou substrato para a síntese de ácidos graxos poliinsatura-
dos ou monoinsaturados1.
20
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Figura 1: Esquema de dessaturação e alongamento dos ácidos graxos n-3 e n-6. Adap-
tado de Innis, 200310.
O LA e o LNA são sintetizados pelas plantas e não podem ser produzidos nas células
dos mamíferos devido à ausência das enzimas Δ12 e 15, responsáveis pela inserção
da dupla ligação no carbono 6 ou 3 (n-3 ou n-6) dos ácidos graxos, por isso são con-
siderados ácidos graxos essenciais na alimentação, encontrados principalmente em
óleos vegetais, castanhas e sementes 2,10,1. Após serem absorvidos na dieta por meio
da ação sucessiva das enzimas Δ5 dessaturase, elongase e Δ6 dessaturase, formam os
principais LCPUFAs: ARA (n-6), o ácido eicosapentaenoico (EPA, 20: 5n-3) e DHA (22:
6 n-3), respectivamente10. O LA e LNA usam as mesmas enzimas dessaturases para ini-
ciar formação de outros LCPUFAs da família ômega 6 e 3, respectivamente, ocorrendo
competição entre os dois substratos, com preferência pelo LNA2,6. A Δ5 dessaturase e
as enzimas subsequentes dessa via são características específicas de espécies animais,
sendo possível a presença de DHA em peixes e ARA em carnes e ovos2,10. As algas e os
fungos de célula única podem ser fonte de extração do DHA e ARA, respectivamente6.
21
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
No cérebro, 10% do seu peso e 50% do seu peso seco consiste em lipídio. Dos lipídios,
quase metade da quantidade dos lipídeos são fosfolipídeos, principal constituinte da
membrana de dupla camada lipídica dos neurônios2,10. Os fosfolípides podem ser classi-
ficados em cinco tipos: fosfatidiletanolamina (cefalina), fosfatidilcolina (lecitina), esfingo-
mielina, fosfatidilinositol e fosfatidilserina (cefalina)12,13. Na substância cinzenta, os fosfoli-
pídios contêm alto teor de DHA em forma de fosfatidiletanolamina e de fosfatidilserina,
e, também, altas quantidades de ARA no fosfatidilinositol10. As gorduras complexas têm
ação na transmissão de sinais e reconhecimento de células. Os gangliosídeos são encon-
trados em grande concentração no córtex cerebral. O colesterol pode ser encontrado
no glóbulo de gordura como esterificado ou livre, sendo considerado substrato essencial
para membrana celular, sistema nervoso (incorporado à mielina), ácidos biliares, lipopro-
teínas, vitamina D, hormônios e oxiesteróis (transcrição de genes)12,13.
O período fetal tardio e neonatal precoce, em que ocorre maior acúmulo de LCPUFAs,
coincide com o período de maior complexidade para o desenvolvimento cerebral, quan-
do ocorre o crescimento e a diferenciação dos neurônios corticais, assim como o estabe-
lecimento das conexões sinápticas; desenvolvimento dos córtex visual e auditivo, junta-
mente com áreas associadas à recepção de linguagem e à função cognitiva. O processo
de mielinização também se inicia nesse período, facilitando o aumento da velocidade da
comunicação interneuronal e cerebral15.
22
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
tal, além dos lipídios. Os LCPUFAs são fundamentais na formação de sinapses, mieliniza-
ção e estrutura da membrana neuronal15.
Conforme explicado acima, o DHA e o ARA são formados a partir dos ácidos graxos
essenciais (AGE), linoleico e a-linolênico, respectivamente, por elongação e dessatura-
ção. Eles são os ácidos poli-insaturados de maior concentração no plasma fetal6. O DHA
exerce importante papel nos desenvolvimentos cognitivo e visual e na função imune dos
recém-nascidos. Estima-se que o acúmulo de DHA pelo feto no período intrauterino
seja de 10 g, a uma taxa média de aproximadamente 45 mg/kg/dia, com a maior parte
disso ocorrendo no último trimestre de gestação, quando essa taxa é de 75 mg/kg/dia16.
Esse acúmulo acontece pela passagem preferencial de DHA pela placenta em detri-
mento de outros ácidos graxos, como o ácido linoleico e o a–linolênico. Em um estudo
recente, realizado com mulheres americanas que consumiam dieta rica em gordura satu-
rada, colesterol, proteína, açúcar e sal - conhecida como Western diet, os pesquisadores
verificaram que a taxa fetal de acúmulo de DHA ao nascer estava entre 42 e 67 mg/kg/
dia no último trimestre gestacional11, abaixo daquela taxa descrita por Lapillonne16. Em
2009, Sanders publicou uma revisão sobre o estado de DHA em vegetarianos e verificou
que as proporções de DHA no plasma, células sanguíneas, leite materno e tecidos são
substancialmente menores em veganos e vegetarianos em comparação com os onívoros17.
Desta forma, a recomendação da suplementação de DHA para gestantes vem sendo
cada mais discutida e realizada ao redor do mundo. Assim como o DHA, o ARA atravessa
a placenta com passagem preferencial e se acumula no feto com taxas crescentes até o
final da gestação.
23
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Esses lipídeos tem a função de garantir a oferta de DHA, EPA e ARA no core de triglicéri-
des, como fosfolipídeos da membrana do glóbulo de gordura do leite humano, assim
como oferecer esfingomielina (mielinização do cérebro e componente da membrana
neuronal) e gangliosídeos (neurogênese, sinaptogênese, mielinização)18.
Outro papel do DHA e ARA é ser precursor de substancias moduladoras do sistema ner-
voso central e entérico - endocanabinóides – docosaexaenoetanolamida e anandamida,
respectivamente. Os endocanabinoides derivados do DHA influenciam o desenvolvimen-
to do hipocampo e os do ARA atuam na memória espacial após o estresse20. O DHA e o
ARA e seus metabólitos atuam no receptor nuclear ativando o peridoxisoma proliferador
gama - PPARY, que corresponde a um grupo de proteínas receptoras nucleares, regu-
ladoras da expressão dos genes por meio de fatores de transcrição. Esses metabólitos
podem influenciar funções fisiológicas de órgãos e tecidos, que poderão afetar, a longo
prazo, funções cerebrais e de comportamento20.
24
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Os lactentes alimentados com fórmulas infantis sem esses ácidos graxos têm concentra-
ções plasmáticas e eritrocíticas mais baixas do que os lactentes alimentados com leite
humano5. Teoricamente, o recém-nascido a termo tem capacidade de elongar os ácidos
graxos essenciais e produzir os LCPUFAS fundamentais para o desenvolvimento como
DHA e ARA. Entretanto, uso de fórmulas infantis com DHA sem ARA poderia levar a
um menor crescimento do lactente e a uma menor velocidade de condução de nervos
periféricos. Esses resultados não foram observados quando a fórmula infantil continha
de DHA e ARA6. As fontes de DHA e ARA utilizadas para a suplementação são: óleo de
peixe e algas/ fitoplâncton marinho, para DHA; e ovo e fungos unicelulares, para ARA.
25
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Tendo em vista que recém-nascidos prematuros deveriam estar recebendo DHA através
da passagem transplacentária, com quantidade crescente até o final da gestação e que
o leite humano produzido por essas mães também possui maiores quantidades de DHA,
acredita-se que as fórmulas infantis específicas para prematuros devam conter suple-
mentação de LCPUFAs, pois esses nutrientes desempenham papéis fundamentais no
desenvolvimento cerebral no início da vida. Estudos com recém-nascidos pré-termos in-
dicam que a suplementação de fórmulas específicas para prematuros com DHA ou com
DHA+ARA podem trazer benefícios para o desenvolvimento cognitivo e visual. Koletzko
et al. recomendam a suplementação de fórmula de prematuros com DHA e ARA com
18-60 mg/kg/dia (0,3-1% dos ácidos graxos) e 18-45 mg/kg/dia, respectivamente, sendo
que o ARA deve ser suplementado junto com o DHA1. Na Tabela 1, resumem-se as re-
comendações de lipídios na dieta enteral exclusiva de prematuros de muito baixo peso.
26
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
2. Janssen CIF, Kiliaan AJ. Long-chain polyunsaturated fatty acids (LCPUFA) from gene-
sis to senescence: The influence of LCPUFA on neural development, aging, and neuro-
degeneration. Prog Lipid Res [Internet]. 2014;53(1):1–17. Available from: http://dx.doi.
org/10.1016/j.plipres.2013.10.002.
3. Innis SM. Essential Fatty Acids in Growth and Development. Prog Lip Res.
1991;30(1):39–103.
4. Kovács A, Funke S, Marosvölgyi T, Burus I, Decsi T. Fatty acids in early human milk
after preterm and full-term delivery. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2005;41(4):454–9.
6. Georgieff MK, Innis SM. Controversial Nutrients That Potentially Affect Preterm Neu-
rodevelopment: Essential Fatty Acids and Iron. Pediatr Res. 2005;57(5):99R–103R.
7. Carlson SJ, Fallon EM, Kalish BT, Gura KM, Puder M. The role of the ω-3 Fatty acid
DHA in the human life cycle. J Parenter Enter Nutr. 2013;37(1):15–22.
8. O’Connor DL, Hall R, Adamkin D, Auestad N, Castillo M, Connor WE, et al. Growth
and Development in Preterm Infants Fed Long-Chain Polyunsaturated Fatty Acids: A
Prospective, Randomized Controlled Trial. Pediatrics [Internet]. 2001;108(2):359–71.
Available from: http://ovidsp.ovid.com/ovidweb.cgi?T=JS&PAGE=reference&D=e
med5&NEWS=N&AN=2001287446%5Cnhttp://pediatrics.aappublications.org/cgi/
doi/10.1542/peds.108.2.359.
10. Innis SM. Perinatal biochemistry and physiology of long-chain polyunsaturated fatty
acids. J Pediatr [Internet]. 2003;143(4 Suppl):S1-8. Available from: http://www.ncbi.nlm.
nih.gov/pubmed/14597908.
11. Smith SL, Rouse CA. Docosahexaenoic acid and the preterm infant. Matern Heal
Neonatol Perinatol [Internet]. 2017;3(1):22. Available from: http://mhnpjournal.biomed-
27
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
central.com/articles/10.1186/s40748-017-0061-1
12. Koleztko B. Human milk lipids Ann Nutr metab 2016;69(suppl 2):28-40.
13. Hernell O, timby N, Domellof M, Lonnerdal B. Clinical benefits of milk fat globule
membranes for infants and children. J Pediatr 2016;173(suppl):S60-S65.
14. Beard JL, Kretchmer N, Carlson S. The role of nutrition in the development of nor-
mal cognition. Am J Clin Nutr. 1996;63(March):997S–1001S.
15. Georgieff MK. Nutrition and the Developing Brain: nutrient priorities ande measure-
ment. Am J Clin Nutr. 2007;85(suppl):614S–20S.
16. Lapillonne A, Jensen CL. Reevaluation of the DHA requirement for the premature
infant. Prostaglandins Leukot Essent Fat Acids [Internet]. 2009;81:143–50. Available
from: http://dx.doi.org/10.1016/j.plefa.2009.05.014
17. Sanders TAB. DHA status of vegetarians. Prostaglandins Leukot Essent Fat Acids
[Internet]. 2009;81:137–41. Available from:http://dx.doi.org/10.1016/j.plefa.2009.05.013
18. Bourlieua C; Michalski MC. Structure–function relationship of the milk fat globule.
Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2015, 18:118–127.
19. Calder PC. Docosahexaenoic Acid. Ann Nutr Metab. 2016;69 (Suppl 1):7-21.
20. Carlson SE, Colombo J. Docosahexaenoic Acid and Arachidonic Acid Nutrition in
Early Development Adv Pediatr. 2016; 63(1): 453–471.
21. Lassek WD, Gaulin SJ. Maternal milk DHA content predicts cognitive performance
in a sample of 28 nations. Matern Child Nutr. 2015;11(4):773-9.
22. Koletzko B, Lien E, Agostoni C. The roles of long-chain polyunsaturated fatty acids
in pregnancy, lactation and infancy: review of current knowledge and consensus recom-
mendations. J Perinat Med. 2008;36:5–14.
23. Nogueira-de-Almeida CA, Filho DR, Mello ED, Bertolucci PHF, Falcão MC. I Con-
senso da Associação Brasileira de Nutrologia sobre recomendações de DHA durante
gestação, lactação e infância. Anais do Congresso. Int J Nutrology. 2014; 7(3):1-13.
http://abran.org.br/wp/wp-content/uploads/2014/10/2014-Consenso-DHA.pdf
24. Carlson SE, Colombo J, Gajewski BJ, Gustafson KM, Mundy D, Yeast J, Georgieff
MK, Markley LA, Kerling EH, Shaddy DJ. DHA supplementation and pregnancy out-
comes. Am J Clin Nutr. 2013;97(4):808-15.
28
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
26. Middleton P, Gomersall JC, Gould JF, Shepherd E, Olsen SF, Makrides M.Omega-3
fatty acid addition during pregnancy. Cochrane Database Syst Rev. 2018 Nov
15;11:CD003402. doi: 10.1002/14651858.CD003402.pub3.
27. CODEX Alimentarius Commission: standard for infant formula and formulas for spe-
cial medical propose intended for infants. CODEX STAN 72- 1981. Rome CODEX Ali-
mentarius Commission 2007, p1-21.
28. Auestad N, Halter R, Hall RT, Blatter M, Bogle ML, Burks W, et al. Growth and Devel-
opment in Term Infants Fed Long-Chain Polyunsaturated Fatty Acids: A Double-Masked,
Randomized, Parallel, Prospective, Multivariate Study. Pediatrics. 2001;108(2):372–81.
31. EFSA panel on dietetic products, nutrition and allergies: Scientific opinion on nu-
trient requirements and dietary intakes of infant and young children in the European
Union EFSA J 2013;11:3408.
32. Briend A, Legrand P, Bocquet A, Girardet JP, Bresson JL, Chouraqui JP, Darmaun
D, Dupont C, Frelut ML, Goulet O, Hankard R, Rieu D, Simeoni U, Turck D, Vidailhet M;
Comité de Nutrition de la Société française de pédiatrie. Lipid intake in children under
3 years of age in France. A position paper by the Committee on Nutrition of the French
Society of Paediatrics. Arch Pediatr.2014; 21(4):424-38.
33. SanGiovanni JP, Parra-Cabrera S, Colditz G a, Berkey CS, Dwyer JT. Meta-analysis of
dietary essential fatty acids and long-chain polyunsaturated fatty acids as they relate to
visual resolution acuity in healthy preterm infants. Pediatrics. 2000;105(6):1292–8.
34. Collins CT, Sullivan TR, McPhee AJ, Stark MJ, Makrides M, Gibson RA. A dose response ran-
domised controlled trial of docosahexaenoic acid (DHA) in preterm infants. Prostaglandins Leukot
Essent Fat Acids [Internet]. 2015;99:1–6. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.plefa.2015.04.003
29
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
4. FERRO E DESENVOLVIMENTO
CEREBRAL
Tulio Konstantyner
Neste curto espaço de tempo ocorrem diversas etapas de proliferação celular com o
surgimento de estruturas diferenciadas, levando a espessamentos, constrições, prolon-
gamentos e flexuras anatômicas. Áreas, como o cérebro, apresentam funções especí-
ficas e complexas caracterizando a peculiaridade do sistema nervoso, que se desen-
volve para receber milhões de “bits” de informação e emitir respostas rápidas2-3.
Essa fase deve seguir sem impedimentos de qualquer natureza para a adequada for-
mação dessas estruturas e ocorrência desses processos. Assim, é essencial a garantia
de condições fisiológicas para o desenvolvimento cerebral, pois tais estruturas e pro-
cessos (e as funções que eles exercem) são potencialmente vulneráveis a distúrbios
nutricionais na vida fetal e pós-natal precoce6.
30
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Nutrientes são necessários não apenas para a estruturação dos neurônios, mas tam-
bém para a das células da glia. Dessa forma, deficiências nutricionais precoces em
qualquer área cerebral têm um efeito maior sobre a proliferação celular, afetando o
número de células geradas9-10. Por outro lado, deficiências nutricionais posteriores
afetam a diferenciação celular, que inclui o tamanho, a complexidade e, no caso dos
neurônios, a formação de sinapses e a arborização dendrítica. Esse desfecho foi evi-
denciado com a análise de microarranjos do genoma de várias áreas cerebrais no rato
em desenvolvimento, que mostra um ponto de ruptura importante no final da primeira
semana de vida, quando o cérebro do rato é equivalente a um cérebro fetal humano
de gestação tardia10.
31
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
32
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
33
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
34
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Apesar de não haver evidências suficientes que permitam concluir de forma definitiva
que a suplementação de ferro leva a efeitos benéficos ao desenvolvimento cerebral46,
a grande maioria dos estudos sugere que a deficiência de ferro em fases precoces da
vida, principalmente no período de rápido crescimento e desenvolvimento, pode afetar
de maneira irreversível as funções cognitiva, motora, auditiva, visual47.
Cabe destacar que se por um lado a deficiência de ferro pode levar a repercussões
clínicas importantes em recém-nascidos ou alterações no desenvolvimento do lactente,
por outro sua suplementação excessiva em prematuros potencialmente desencadeia a
formação de radicais livres de ferro predispondo à ocorrência de doenças oxidativas,
como a displasia broncopulmonar, enterocolite necrozante, retinopatia da prematuri-
dade e hemorragia periventricular48-50.
Por fim, a deficiência de ferro desde o período pré-natal resulta em vários desfechos
adversos no desenvolvimento neurológico. Tal comprometimento resulta em reper-
cussões importantes e deletérias de longo prazo na aquisição de habilidades motoras,
cognitivas e de linguagem das crianças. Além disso, pode levar a distúrbios comporta-
mentais, como ansiedade e distúrbios psiquiátricos no futuro58.
Esse possível impacto negativo permanece mesmo após o tratamento precoce por
décadas, especialmente em crianças pouco estimuladas ou de baixo nível socio-
econômico. Desta forma, estratégias de prevenção dessa carência mineral parecem
fundamentais para a formação e fisiologia do sistema nervoso e, consequentemente,
35
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
Uma vez que as vias fisiopatológicas responsáveis por esses desfechos são complexas
e incluem mielinização disfuncional, alterações neurotransmissoras e nas vias endócri-
nas, pesquisas futuras devem utilizar abordagem multifatorial para avaliar minuciosa-
mente o intervalo entre o estabelecimento da deficiência de ferro e essas alterações
em várias populações, a fim de estabelecer diretrizes específicas para o rastreamento
e a suplementação adequada de ferro58.
1. Thompson RA, Nelson CA. Developmental science and the media: early brain development.
Am Psychol 2001;56:5–15.
3. Guyton AC, Hall JE. Organização básica do sistema nervoso; funções básicas das
sinapses e das substâncias transmissoras. In: Tratado de fisiologia médica. 10.ª edição.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002:478-92.
4. Pomeroy SL, Ullrich NJ. Development of the nervous system. In: Polin R, Fox W,
Abman S, eds. 3rd ed. Fetal and neonatal physiology. Philadelphia, PA: Saunders,
2004:1675-98.
6. Georgieff MK. Nutrition and the developing brain: nutrient priorities and measure-
ment. Am J Clin Nutr 2007;85(suppl):614S-20S.
7. Kretchmer N, Beard JL, Carlson S. The role of nutrition in the development of normal
cognition.AmJ Clin Nutr 1996;63(suppl):997S–1001S.
8. Singla PN, Gupta VK, Agarwal KN. Storage iron in human foetal organs. Acta Paediatr
Scand. 1985 Sep;74(5):701-6.
9. Oski FA, Naiman JL. Anemia in neonatal period. In: Oski FA, Naiman JL (eds). He-
matologic Problems in the Newborn. 3.ª ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1982:56-86.
10. Stead JD, Neal C, Meng F, et al. Transcriptional profiling of the developing rat brain
reveals that the most dramatic regional differentiation in gene expression occurs post-
36
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
11. Beard JL, Connor JR. Iron status and neural functioning. Annu Rev Nutr 2003;23:31-58.
12. Rao R, Tkac I, Townsend EL, Gruetter R, Georgieff MK. Perinatal iron deficiency alters
the neurochemical profile of the developing rat hippocampus. J Nutr 2003;133:3215-21.
13. Georgieff MK, Rao R. The role of nutrition in cognitive development. In: Nelson CA,
Luciana M, eds. Handbook in developmental cognitive neuroscience. Cambridge, MA:
MIT Press, 2001:491-504.
14. Dobbing J. Vulnerable periods in the developing brain. In: Dobbing J, ed. Brain,
behavior and iron in the infant diet. London, United Kingdom: Springer, 1990:1-25.
15. Rao R, Georgieff MK. Early nutrition and brain development. In: Nelson CA, ed. The
effects of early adversity on neurobehavioral development. Minnesota Symposium on
Child Psychology. Vol 31. Hillsdale, NJ: Erlbaum Associates, 2000:1-30.
16. Beard J. Iron deficiency alters brain development and functioning. J Nutr
2003;133:1468S-72S.
17. Nokes C, van den Bosch C, Bundy D. The Effects of Iron Deficiency and Anemia on
Mental and Motor Performance, Educational Achievement, and Behavior in Children:
An Annotated Bibliography. Washington, DC: International Nutritional Consultative
Group; 1998. Disponível em: http://ilsi.org/researchfoundation/wp-content/uploads/
sites/5/2016/04/INACG_The_Effects_of_Iron_Deficiency.pdf. Acessado em 05 de julho
de 2018.
18. Lozoff B, Jimenez E, Hagen J, Mollen E, Wolf AW. Poorer behavioral and devel-
opmental outcome more than 10 years after treatment for iron deficiency in infancy.
Pediatrics. 2000 Apr;105(4):E51.
19. National Center For Biotechnology Information Advances Science and Health - Na-
tional Library of Medicine - National Institutes of Health - PubMed ncbi.nlm.nih.gov/
pubmed. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed. Acessado em 25 de
julho de 2018.
21. de Ungria M, Rao R, Wobken JD, Luciana M, Nelson CA, Georgieff MK. Perinatal
iron deficiency decreases cytochrome c oxidase (CytOx) activity in selected regions of
neonatal rat brain. Pediatr Res 2000;48:169–76.
37
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
22. Beard JL, Wiesinger JA, Connor JR. Pre and postweaning iron deficiency alters my-
elination in Sptrague-Dawley rats. Dev Neurosci 2003; 5:308 –15.
23. Jorgenson LA, Wobken JD, Georgieff MK. Perinatal iron deficiency alters apical den-
dritic growth in hippocampal CA-1 pyramidal neurons. Dev Neurosci 2003;25:412–20.
24. Jorgenson LA, Sun M, O’Connor M, Georgieff MK. Fetal iron deficiency disrupts
the maturation of synaptic function and efficacy in area CA1 of the developing rat hip-
pocampus. Hippocampus 2005;15:1094–102.
26. McEcheronMD, Cheng AY, Liu H, Connor JR, Gilmartin MR. Perinatal nutritional iron
deficiency permanently impairs hippocampusdependent trace fear conditioning in rats.
Nutr Neurosci 2005;8:195–206.
27. Beard JL, Felt BT, Schallert T, Connor JR, GeorgieffMK. Moderate iron deficiency in
infancy: biology and behavior in young rats. Behav Brain Res 2006;171:261–70.
28. Felt BT, Lozoff B. Brain iron and behavior of rats are not normalized by treatment of
iron deficiency anemia during early development. J Nutr 1996;126:693–701.
29. Chockalingam UM, Murphy E, Ophoven JC, Weisdorf SA, Georgieff MK. Cord trans-
ferrin and ferritin levels in newborn infants at risk for prenatal uteroplacental insuffi-
ciency and chronic hypoxia. J Pediatr 1987;111:283– 6.
30. Georgieff MK, Landon MB, MillsMM, et al. Abnormal iron distribution in infants of
diabetic mothers: spectrum and maternal antecedents. J Pediatr 1990;117:455-61.
31. Georgieff MK, Petry CE, Wobken JD, Oyer CE. Liver and brain iron deficiency in
newborn infants with bilateral renal agenesis (Potter’s syndrome). Pediatr Pathol
1996;16:509-19.
32. Petry CD, Eaton MA, Wobken JD, Mills MM, Johnson DE, Georgieff MK. Iron de-
ficiency of liver, heart, and brain in newborn infants of diabetic mothers. J Pediatr
1992;121:109-14.
33. Rao R, Georgieff MK. Perinatal aspects of iron metabolism. Acta Pediatr Suppl
2002;91:124-9.
34. Siddappa AM, Georgieff MK, Wewerka S, Worwa C, Nelson CA, de- Regnier RA.
Iron deficiency alters auditory recognition memory in newborn infants of diabetic moth-
38
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
35. Armony-Sivan R, Eidelman A, Lanir A, Sredni D, Yehuda S. Iron status and neurobe-
havioral development of premature infants. J Perinatol 2004;24:757-62.
36. Choudhury V, Amin SB, Agarwal A, Srivastava LM, Soni A, Saluja S. Latent iron de-
ficiency at birth influences auditory neural maturation in late preterm and term infants.
Am J Clin Nutr. 2015 Nov;102(5):1030-4.
37. Tamura T, Goldenberg RL, Hou J, et al. Cord serum ferritin concentrations and mental
and psychomotor development of children at five years of age. J Pediatr 2002;186:458-63.
38. Lozoff B, De Andraca I, Castillo M, Smith JB, Walter T, Pino P. Behavioral and de-
velopmental effects of preventing iron-deficiency anemia in healthy full-term infants.
Pediatrics. 2003 Oct;112(4):846-54.
39. Friel JK, Aziz K, Andrews WL, Harding SV, Courage ML, Adams RJ. A double-masked,
randomized control trial of iron supplementation in early infancy in healthy term breast-
fed infants. J Pediatr. 2003 Nov;143(5):582-6.
41. Berglund S1, Domellöf M. Meeting iron needs for infants and children. Curr Opin
Clin Nutr Metab Care. 2014 May;17(3):267-72.
42. Hergüner S, Kelesoglu FM, Tanıdır C, Cöpür M. Ferritin and iron levels in children
with autistic disorder. Eur J Pediatr. 2012 Jan;171(1):143-6.
43. Latif A, Heinz P, Cook R. Iron deficiency in autism and Asperger syndrome. Autism.
2002 Mar;6(1):103-14.
45. Felt BT, Peirano P, Algarín C, Chamorro R, Sir T, Kaciroti N, Lozoff B. Long-term neuro-
endocrine effects of iron-deficiency anemia in infancy. Pediatr Res. 2012 Jun;71(6):707-12.
46. Hui Long, Jing-Mei Yi, Pei-Li Hu, Zhi-Bin Li, Wei-Ya Qiu,Fang Wang, Sing Zhu. Ben-
efits of Iron supplementation for low birth weight infants: A systematic review. BMC
Pediatr. 2012;12:99.
39
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
47. Lozoff B. Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months? J Pediatr. 2003
Nov;143(5):554-6.
48. Inder TE, Clemett RS, Austin NC, Graham P, Darlow BA. High iron status in very low
birth weight infants is associated with an increased risk of retinopathy of prematurity. J
Pediatr. 1997 Oct;131(4):541-4.
50. Hirano K, Morinobu T, Kim H, Hiroi M, Ban R, Ogawa S, Ogihara H, Tamai H, Ogihara
T. Blood transfusion increases radical promoting non-transferrin bound iron in preterm
infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2001 May;84(3):F188-93.
51. Rusia U, Madan N, Agarwal N, Sikka M, Sood SK. Effect of maternal iron deficiency
anaemia on foetal outcome. Indian J Pathol Microbiol. 1995 Jul;38(3):273-9.
52. Oliveira Fde C, Assis KF, Martins MC, Prado MR, Ribeiro AQ, Sant’Ana LF, Priore SE,
Franceschini Sdo C. Timing of clamping and factors associated with iron stores in full-
term newborns. Rev Saude Publica. 2014 Feb;48(1):10-8.
54. World Health Organization. Guideline: Delayed Umbilical Cord Clamping for Im-
proved Maternal and Infant Health and Nutrition Outcomes. Geneva: World Health
Organization; 2014.
55. World Health Organization. Iron Deficiency Anaemia. Assessment, Prevention, and
Control. A guide for programme managers. WHO/NHD/01.3. Geneva: World Health
Organization; 2001.
57. World Health Organization. Nutritional anaemias: tools for effective prevention and
control. Geneva: World Health Organization; 2017. p83.
40
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
59. Jáuregui-Lobera I. Iron deficiency and cognitive functions. Neuropsychiatr Dis Treat.
2014;10:2087-95.
60. Shafir T, Angulo-Barroso R, Jing Y, Angelilli ML, Jacobson SW, Lozoff B. Iron defi-
ciency and infant motor development. Early Hum Dev. 2008;84(7):479-85.
61. Lozoff B. Early Iron Deficiency Has Brain and Behavior Effects Consistent with Dopa-
minergic Dysfunction. J Nutr. 2011;141(4):740S-6S.
62. Algarín C, Peirano P, Garrido M, Pizarro F, Lozoff B. Iron deficiency anemia in in-
fancy: long-lasting effects on auditory and visual system functioning. Pediatr Res. 2003
Feb;53(2):217-23.
41
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral no Lactente / ILSI Brasil
42