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Centro de Formação Mandacaru de Pedro II


CNPJ: 35.146.752/0001-40
Rua Monsenhor Uchôa, 270, Centro
cfmandacaru@hotmail.com

DADOS DA INSTITUIÇÃO

CENTRO DE FORMAÇÃO MANDACARU DE PEDRO II


CNPJ: 35.146.752/0001-40
ENDEREÇO: Rua Monsenhor Uchôa, 270, Centro; CEP 64255-000 – Pedro II -
PI

Presidente do Centro de Formação Mandacaru


Elizabete Bezerra da Silva

Vice-presidente do CFM
Francisca Paiva da Silva

Secretário do CFM
Vicente de Oliveira Paulino

Tesoureira do CFM
Rosa da Silva Lima

Coordenador Geral
Antonio José dos Santos Neto

Coordenadora Financeira
Francineth Pereira dos Santos

Coordenador Institucional
Francisco de Castro Oliveira
Sumário
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................3
1.1 Justificativa........................................................................................................................4
1.2 Missão.............................................................................................................................5
1.3 Objetivos.............................................................................................................................5
1.4 Valores.................................................................................................................................6
2. MARCO LEGAL..................................................................................................7
3. MARCO CONCEITUAL..................................................................................10
3.1 Violência..............................................................................................................................10
3.1.1 Natureza dos atos violentos.......................................................................................11
3.1.2 Tipos de violência..............................................................................................................12
a) Violência de gênero............................................................................................................12
b) Violência escolar................................................................................................................13
c) Violência intrafamiliar e violência doméstica........................................................13
4. EIXOS DE ATUAÇÃO DO PLANO.................................................................15
4.1 Fortalecimento da organização administrativa da escola...................................15
4.2 Implementação de Medidas Preventivas e Protetivas.........................................................17
4.3 Corresponsabilização da Comunidade Escolar....................................................................19
a) A família como ponto de apoio..............................................................................................19
b) As crianças e adolescentes como protagonistas.....................................................................20
c) Código de conduta para os funcionários................................................................................21
c) Código de Conduta para outras pessoas.............................................................................21
e) Padrões para a Comunicação social.......................................................................................22
4.4 Fortalecimento do Clima Escolar Saudável.......................................................23
4.5 Monitoramento e avaliação.....................................................................................24
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................24
6. REFERÊNCIAS................................................................................................26
7. ANEXOS............................................................................................................27
1. INTRODUÇÃO

A estruturação de um plano institucional destinado à promoção, proteção e


defesa do direito de crianças e adolescentes reflete a clara decisão do Centro de
Formação Mandacaru de Pedro II de contribuir para o fortalecimento da prevenção e
do atendimento a estes sujeitos, frente às situações de violência e/ou
vulnerabilidade que possam afetar seu desenvolvimento e sua dignidade.
O plano constitui-se um documento orientador a ser implementado em todos
os programas que a instituição desenvolve e, mais especificamente, nos programas
de educação (Educação infantil Asa Branca e Ecoescola Thomas a Kempis), cujo
público direto é formado por crianças e adolescentes.
Os indicadores demonstram o crescimento das situações de violência que
afetam este segmento social. Tal fato reflete-se no ambiente escolar, fragilizando
este espaço tão necessário para o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Neste sentido, é ingênuo acreditar que a escola sozinha dará conta ao
enfrentamento a este fenômeno social. É necessária a união de todos os segmentos
que compõem a sociedade para, num esforço cooperativo e articulado enfrentar a
violência contra crianças e adolescentes.
Cada vez mais está posta a tarefa da escola como instituição importante e
fundamental na reorganização do modelo de sociedade, de resgaste das relações
saudáveis e Humanizadas. É preciso que sejam pactuados ações, fluxos e posturas
que promovam um ambiente de respeito em que as diferenças não sejam alvo de
exclusão, desrespeito e nem violência.
Portanto, trabalhar a proteção e defesa de crianças e adolescentes é
primordial, compreendendo a escola como espaço para diálogo e o cultivo da
resiliência e da empatia que são elementos-chaves para que toda a comunidade
escolar conviva de forma íntegra e respeitosa.
Nesse sentido, o engajamento e participação de todos os membros da
Comunidade Escolar (gestores, docentes, funcionários, estudantes, família,
comunidade no entorno) promoverá o sentimento de pertencimento e zelo ao espaço
em que estão inseridos, de modo que cada um assuma sua parcela de
responsabilidade na reconstrução, especialmente, da escola como espaço de
promoção da cidadania, livre de violências.
Com a redemocratização e a promulgação da Constituição Federal de 1988

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foram previstas a participação da sociedade civil na construção das políticas
públicas. Normativamente a sociedade conquistou o direito de, além de ser objeto
das políticas públicas, tornar-se agente na execução dessas políticas, ou seja,
cogestora na elaboração e implementação das políticas. Sendo assim, o Centro de
Formação Mandacaru participa de forma direta e indireta, através da elaboração,
mobilização e avaliação das políticas públicas, por meio dos Conselhos de Direitos e
Defesa e espaços de controle social, no municipio de Pedro II e no estado do Piauí.
Neste sentido procuramos aplicar a legislação vigente de forma democrática,
socializando com outras instituições afins, saberes e intervenções, por meio do
trabalho em rede.
A Política de Proteção à Infância (PPI) do CFM está alicerçada em todo este
aparato legal de defesa de direitos da criança e do adolescente e tem como objetivo
tornar seguro cada atendido, reforçando no âmbito Institucional a premissa da
segurança e da luta contra qualquer forma de violação.
Este documento aplica-se a todos os individuos envolvidos, como uma
estratégia de orientação da postura destes em toda intervenção feita dentro do
âmbito Institucional. Portanto estes devem estar devidamente esclarecidos dos
princípios éticos e de toda a normatização de funcionamento da entidade que
constituem a PPI.

1.1 Justificativa

Na última década, a cultura da paz tornou-se um tema recorrente nas


Políticas Públicas Educacionais. Em contrassenso a violência vem aumentando,
inclusive nas unidades escolares, provocando angústias, medo e insegurança para a
sociedade.
O Centro de Formação Mandacaru atento a esses desafios e determinado no
propósito de formar uma sociedade fundada no respeito pela dignidade e pelo valor
de cada pessoa, incentiva a comunidade escolar de seus programas de educação a
conhecer as diretrizes de segurança, com o propósito de promover cidadania e
cultura de paz no ambiente escolar.
Nesse processo podemos construir no espaço escolar um sentimento de
liberdade decorrente de uma cultura organizacional e não de uma obrigação legal.
Para tanto, é imprescindível que os conflitos sejam resolvidos, por meio do diálogo e

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da cooperação, integrando toda a comunidade escolar.
Acreditamos que o poder transformador da escola depende da união de toda
a comunidade escolar no combate ao bullying, na mediação dos conflitos e na
redescoberta da solidariedade, assim os estudantes adquirirão competências sociais
e emocionais para repudiarem a violência e promoverem um ambiente de paz, a
partir da liberdade conquistada pelos valores vivenciados na escola.
Este plano, aliado às leis e diretrizes vigentes e articulado com o Regimento
Escolar, pode subsidiar o fazer pedagógico para que gestores, professores e
servidores administrativos sintam-se seguros e aptos para atuarem como
mediadores na busca de soluções de conflitos, em parceria com os estudantes e as
famílias, fortalecendo as relações pessoais e a convivência no ambiente
educacional.
Nessa vertente, a proposta do Plano de Proteção é oferecer à comunidade
escolar ferramentas que instrumentalizam um ambiente de paz e segurança, tanto
no aspecto preventivo quanto reativo às ameaças presentes na vida em Sociedade.

1.2 Missão

O Centro de Formação Mandacaru de Pedro II, entidade filantrópica, criada


em 30/11/1991, com sede localizada à Rua Monsenhor Uchôa, 270, em Pedro II,
estado do Piauí, inscrito no CNPJ sob Nº 35.146.752/0001-40 tem como Missão:
“Promover a cidadania dentro da realidade do Semiárido no campo
sociocultural, econômico e religioso na zona rural e urbana, fazendo uma educação
ligada à realidade, oportunizando formação das pessoas que não tenham acesso”.
Para cumprir sua missão a entidade direciona seus programas de
atendimento à educação básica, com ensino pré-escolar, ensino fundamental (anos
finais) e ensino médio, além de programas de formação e capacitação na leitura
popular da bíblia, construção de cisternas e fortalecimento da agricutura familiar.

1.3 Objetivos
Este plano de Proteção à Infância tem o objetivo central:
 Definir estratégias e nortear as condutas institucionais no
planejamento e execução de ações que possam contribuir
efetivamente com a defesa da criança e do adolescente no exercício

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de seus direitos.
E para alcance desse objetivo é fundamental o envolvimento comunitário e do
sistema de garantia de direitos na perspectiva de fortalecimento das práticas a
serem fomentadas e realizadas no dia a dia da organização, cumprindo os seguintes
objetivos específicos:
 Manter um ambiente seguro e adequado para assegurar a
participação das crianças e adolescentes nas ações da Entidade;
 Estabelecer e manter medidas de prevenção contra a exploração e o
abuso sexual de acordo com a Política de Proteção à Criança e ao
Adolescente;
 Criar ações preventivas para proteger a integridade física, psíquica e
emocional das crianças e adolescentes;
 Coibir a participação das crianças e/ou adolescentes em atividades
ilegais, inseguras, abusivas, impróprias, negligentes ou exploratórias;
 Assegurar que todas as informações confidenciais serão tratadas e
preservadas adequadamente;
 Capacitar os funcionários e representantes da Entidade sobre os
critérios e procedimentos desta Política;
 Estender às crianças, adolescentes e famílias, a capacitação e
acompanhamento relativos aos direitos e mecanismos de proteção
existentes na comunidade e no município;
 Avaliar continuamente as circunstâncias e necessidades das crianças,
para reduzir os riscos e reagir ao abuso, negligência e exploração que
agridem as crianças;
 Estimular a participação da comunidade, grupo de pais, grupo de
jovens, conselhos de crianças nas mobilizações em favor dos direitos
da criança e adolescente, criando assim um ambiente seguro de
proteção.

1.4 Valores
O Centro de Formação Mandacaru de Pedro II, ao elaborar o Plano de
Proteção à Infância e Adolescência, tem como objetivo estabelecer um conjunto de
ações e estratégias que tem como fundamento os valores:
a) A Preservação da vida;

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b) O Respeito aos Direitos Humanos dos Estudantes, dos Profissionais e da
Comunidade Escolar;
c) A Promoção da Cultura de Paz e,
d) A Participação ativa da sociedade.

2. MARCO LEGAL

As medidas legais de proteção e as instituições de atendimento de crianças e


adolescentes representam espaços de enfrentamento a um problema que diz
respeito a todos. Resgatando as diferentes formas de se ver a criança no decorrer
da história, os marcos legais e a atuação dos poderes públicos e da sociedade no
sentido de protegê-la, pode-se contextualizar uma trajetória que, embora tenha
acumulado conquistas significativas, ainda tem limites que precisam ser superados
pela via da mobilização de uma rede de proteção integral e da efetivação de
políticas públicas.
O processo histórico permite visualizar como crianças e adolescentes foram,
ao longo do tempo, envolvidos em relações de agressões e maus tratos por diversas
instituições sociais. As gradativas transformações socioculturais, incluindo a
caracterização desse grupo social como “sujeitos de direito”, exigiram a mobilização
de diferentes segmentos da sociedade pública e civil.
Para apresentar um panorama geral desses movimentos, resgatamos alguns
dos principais marcos da legalização e da institucionalização que hoje protegem
crianças e adolescentes.
A Constituição Federal de 1988 é o marco de um novo olhar político, social e
pedagógico para a criança: considera-a cidadã, sujeito de direitos e entrega para a
família, para a sociedade e para o Estado o dever de assegurar-lhe os direitos com
absoluta prioridade. A designação de “menor” foi substituída pela expressão “criança
e adolescente”, que iguala em dignidade e sentido existencial todas as crianças e
adolescentes sem distinção econômica, social, étnica, de origem ou de qualquer
outra natureza.
Menos de dois anos após a promulgação da Constituição Federal, o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) incorporou e detalhou os preceitos
constitucionais, atribuindo significado à expressão “absoluta prioridade” e
destacando as obrigações do Estado. Também tratou da proteção à família,

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expressando o reconhecimento de que os problemas que a afetam são causa
importante das situações de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão sofridas por crianças e adolescentes e da necessidade de
apoio para o cumprimento de seu dever de assegurar a seus filhos os direitos
fundamentais. Em seu artigo 5º, que reflete a Convenção das Nações Unidas sobre
os Direitos da Criança de 1989, o ECA assegura: “Nenhuma criança ou adolescente
será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais”.
Em maio de 2002, a 27ª Sessão Especial da Assembleia das Nações Unidas
aprovou o documento “Um Mundo para as Crianças”, no qual os Chefes de Estado e
de Governo e representantes dos países participantes se comprometem a trabalhar
para construir um mundo mais justo para as crianças. O Brasil também assinou o
documento, comprometendo-se a garantir um país mais justo para as suas crianças.
Um dos compromissos firmados foi o de “Proteger as crianças da violência e da
exploração”.
Mais recentemente, motivado pelas ameaças que as escolas vêm sofrendo de
ataques externos, o Governo Federal, através do Ministério da Educação, lançou um
conjunto de orientações de prevenção e intervenção contra a violência escolar e a
reconstrução de uma cultura de paz nas escolas. O documento orienta:
1- Conhecer e mapear os serviços de segurança pública locais (polícia
militar, civil e guardas municipais), estabelecendo redes de diálogo e comunicação
sobre o tema;
2- A partir das diretrizes, planos e/ou documentos de orientação das
redes de ensino, i) debater e formular, no conjunto da comunidade escolar, guia
próprio para a ação local e mobilizadora, ii) designar os respectivos responsáveis
pela sua execução, assim como iii) promover campanha de informação sobre esse
conjunto de políticas;
3- Criar espaços e processos inclusivos de acolhimento nas instituições
de ensino;
4- Manter as boas condições de zeladoria das instituições de ensino
(iluminação, limpeza etc.), encorajando um cuidado coletivo com o espaço e o
ambiente;

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5- Fortalecer conselhos curumins, grêmios estudantis, centros
acadêmicos, diretórios estudantis, associações de familiares e/ou responsáveis,
conselhos escolares e demais espaços de gestão democrática para decisão coletiva
sobre diretrizes, planos e/ou documentos de orientação local sobre violência contra
instituição educacional, assim como sobre ações de prevenção e de melhoria da
convivência escolar;
6- Promover maneiras de ajudar estudantes, familiares e/ou responsáveis
a se conectarem com as instituições de ensino e os profissionais da educação;
7- Estabelecer formas de controle parental das redes sociais e dos
materiais levados para a escola por parte dos estudantes;
8- Explicitar para todas as pessoas envolvidas que o objetivo é a
prevenção de um incidente violento, não a punição, incentivando o diálogo contínuo;
9- Incrementar as disciplinas de humanidades e artes com abordagens
voltadas para a promoção da equidade e das diversidades, com foco na educação
inclusiva e emancipatória; estabelecer procedimentos, principalmente pedagógicos,
discutindo violências como misoginia, racismo, capacitismo e outras formas de
discriminação, de acordo com parágrafo IV, Art. 3º da Constituição Federal de 1988;
10- Promover e fortalecer a educação inclusiva, com estratégias de
atendimento educacional especializado às necessidades dos diversos grupos que
compõem a comunidade escolar, e escuta ativa, estruturando ações para a
valorização das diferenças;
11- Estabelecer relação de cooperação com estabelecimentos adjacentes
à escola que permitam o monitoramento conjunto do entorno;
12- Estabelecer relação de diálogo contínuo com os serviços públicos de
saúde mental e de assistência social na comunidade que atendem a região da
instituição educacional, para que a comunidade escolar seja treinada para identificar
sintomas de sofrimento emocional e/ ou de cooptação por grupos extremistas que
promovem essas práticas e disseminam o ódio, para prevenção da violência;
13- Promover atividades gratuitas e atrativas em contraturno na instituição
educacional para a comunidade educacional. Exemplos incluem atividades
esportivas, culturais, artísticas e eventos sociais. É possível também buscar
parcerias nas comunidades para essas atividades;
14- Estabelecer ambiente que incentive e capacite estudantes,
profissionais da educação, familiares e/ou responsáveis a relatarem ameaças e atos

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de violência:
a. Dentro dos limites das diretrizes e estatutos legais, manter a
confidencialidade;
b. Desenvolver e comunicar adequadamente os procedimentos de
denúncia com a contribuição de funcionários das secretarias estaduais e municipais
de educação, diretorias regionais de educação e agências locais de segurança
pública. Os procedimentos padrão devem incluir definições de informações
pertinentes e como e onde as informações devem ser distribuídas.
c. Estabelecer fluxo de notificações sobre questões relacionadas à
segurança dentro do espaço educacional.
d. Assegurar-se de que os estudantes entendam que, ao relatar o
comportamento preocupante de colegas, o objetivo é a prevenção.
e. Informar a comunidade escolar que todas as ameaças de violência
devem ser comunicadas nos canais indicados, mesmo que sintam que não é uma
ameaça “real”, que seja falsa ou mal-intencionada.
15- Promover intervenções para lidar com luto, trauma e resiliência, que
devem ser apropriadas ao nível de desenvolvimento do grupo, devem proporcionar
segurança psicológica e física e devem envolver a comunidade, promovendo o
acolhimento, a solidariedade e a esperança;
16- Fornecer orientações sobre onde as vítimas podem continuar
procurando suporte em longo prazo.
É preciso reconhecer que, em termos legais, houve um grande avanço na
doutrina da proteção integral: crianças e adolescentes possuem, além dos direitos
consagrados aos adultos, uma série de direitos próprios, por estarem em processo
de desenvolvimento físico e mental. O país avançou na promoção e na proteção a
esses direitos. Mas, a grandes avanços ainda correspondem constrangedores
desafios exigindo a união de esforços no sentido de dar garantias a efetivação
destes direitos e desta proteção.

3. MARCO CONCEITUAL

3.1 Violência

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a violência como o uso
intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra
outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha
qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação (KRUG et al., 2002, p. 5).
Dessa forma, a Organização adota um conceito amplo de violência que
abrange não somente os danos materiais ou psicológicos decorrentes dela, mas
também a ameaça ou a intenção de causar dano. Cabe, ainda, ressaltar que,
segundo a OMS, a violência não se resume a atos praticados por indivíduos, mas de
igual forma abrangem ações, ameaças e abuso de poder exercidos no âmbito da
família, da comunidade e das instituições.

3.1.1 Natureza dos atos violentos

Para a OMS existem quatro modalidades de atos violentos:


FISICA: significa o uso da força física para produzir lesões, traumas, feridas, dores
ou incapacidades em outra pessoa.

PSICOLÓGICA: diz respeito a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de


aterrorizar, rejeitar, humilhar a vítima, restringir a liberdade ou, ainda, isolá-la do
convívio social.

SEXUAL: diz respeito ao ato ou ao jogo sexual que ocorre nas relações hétero ou
homossexuais e visa estimular a vítima ou a utilizá-la para obter excitação sexual e
práticas eróticas, pornográficas e sexuais, impostas por meio de aliciamento,
violência física ou ameaças. O abuso sexual é a utilização da violência, do poder, da
autoridade ou da diferença de idade para obtenção de prazer sexual. Esse prazer
não é obtido apenas por meio de relações sexuais propriamente ditas; podendo
ocorrer em forma de carícias, de manipulação dos órgãos genitais, voyeurismo,
atividade sexual com ou sem penetração vaginal, anal ou oral.

PRIVAÇÃO OU NEGLIGÊNCIA: ato de omissão em prover as necessidades


básicas para desenvolvimento de uma pessoa, tais como: comida, casa, segurança
e educação.

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3.1.2 Tipos de violência
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), existem dois tipos
de violência: a violência interpessoal e a violência coletiva. A interpessoal é
praticada entre indivíduos. Consiste em agressões praticadas no âmbito da família
(envolvendo crianças, companheiro (a), jovens, idosos) ou no âmbito da comunidade
(envolvendo pessoas conhecidas ou desconhecidas). Já a coletiva, subdivide-se em
violência social, política ou econômica. Enquadram-se neste tipo de violência a
exclusão socioeconômica, a discriminação, o racismo, dentre outros. Pode ser
praticada por indivíduos ou pelo Estado.

a) Violência de gênero
É qualquer ameaça ação ou conduta, baseada no gênero, que cause dano
físico, sexual ou psicológico. É um tipo de violência interpessoal que ocorre mais
frequentemente dentro de casa, entre os membros da família, companheiros,
conhecidos, mas que também pode ocorrer em ambientes públicos, envolvendo
desconhecidos.
A violência contra a mulher é classificada como violência de gênero. De
acordo com Schariber e D’Oliveira (1999), a expressão “violência contra a mulher”
foi cunhada pelo movimento social feminista na década de 1970 e diz respeito a
situações tão diversas como:
 Violência física, sexual e psicológica cometida por
parceiros íntimos;
 Estupro;
 Abuso de meninas;
 Assédio sexual no local de trabalho;
 Violência contra a homossexualidade;
 Tráfico de mulheres;
 Turismo sexual;
 Violência étnica e racial;
 Violência cometida pelo Estado, por ação ou omissão;
 Mutilação genital feminina;
 Violência e assassinatos ligados ao dote;
 Estupro em massa nas guerras e conflitos armados.

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b) Violência escolar
De acordo com Dubet (1998), “a violência escolar aparece como expressão
de um processo de desinstitucionalização, em que a escola vem perdendo
progressivamente sua capacidade socializadora, ou seja, sua capacidade de inserir
indivíduos numa determinada ordem social”.
Por caracterizar-se como um fenômeno complexo e reflexo das violências
existentes no âmbito social, a violência escolar pode manifestar-se de variadas
formas, incluindo agressões no âmbito do relacionamento interpessoal (violência
física, verbal, psicológica, sexual, ou ameaça de gangues), ações contra o
patrimônio público (depredações, pichações, ameaça de bomba, arrombamentos,
sabotagens), ações contra os bens alheios (furto, roubo, depredação), uso/tráfico de
drogas e agressões aos professores.

c) Violência intrafamiliar e violência doméstica

Violência intrafamiliar é toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a


integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de
outro membro da família. Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum
familiar, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem
laços de consanguinidade.
A violência doméstica distingue-se da violência intrafamiliar por incluir outros
membros do grupo, sem função parental, que convivam no espaço doméstico.
Incluem-se aí empregados (as), pessoas que convivem esporadicamente e
agregados.

No que se refere especificamente à violência contra crianças e adolescentes


pode-se recorrer à Lei 13431/2017 (Lei da Escuta Protegida), que define os
seguintes tipos de violência:

Violência física
Ação que impacte negativamente a integridade e saude corporal oo cause
sofimento físico.

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Violência psicológica
Discriminação, ameaças, constrangimentos, humilhações, manipulações
isolamento, xingamentos, ridicularização, indiferença, entre outros, que prejudiquem
seu desenvolvimento mental e emocional também é violência psicológica expor a
criança ou adolescente de forma direta ou indireta a crime violente contra alguém de
sua família.
Violência sexual
Ação que force a criança ou adolescente a praticar ou presenciar ato sexual,
de modo presencial ou virtual. A violência sexual inclui o abuso sexual, a exploração
sexual comercial, e o tráfico de pessoas.

Violência institucional
Ação praticada por fuincionário público que prejudique à criança ou
adolescente vítima ou testemunha de violência.

Violência patrimonial
Retenção ou destruição de documentos pessoais, bens ou recursos, incluindo
os necessários para necessidades básicas.

Além do que diz a Lei 13431/2017, outras definições importantes de


violências contra crianças e adolescentes são:

Negligência
Deixar de cumprir o dever de cuidade para com a criança ou adolescente.

Trabalho infantil
Todo trabalho realizado por crianças e adolescentes abaixo de 16 anos. No
Brasil, adolescentes a partir de 14 anos podem trabalhar apenas na condição de
aprendiz.

Conhecer conceitos e definições é apenas o primeiro passo para


compreender por que a violência, ainda tão naturalizada, é tão prejudicial para
crianças, adolescentes, suas famílias e comunidade. Seja qual for seu tipo, a

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violência impacta negativamente a saúde física, psicológica e emocional e o
desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.

4. EIXOS DE ATUAÇÃO DO PLANO

O Centro de Formação Mandacaru assume, neste plano, o compromisso de


zelar pelo bem-estar das crianças e adolescentes atendidos pelos programas da
instituição prevenindo e enfrentando qualquer fator de risco e violação de direitos,
para garantir que as mesmas encontrem na Instituição um ambiente seguro. Nesse
sentido, primamos pela efetivação dos procedimentos elaborados para a garantia
dessa segurança, tanto para o público como para os funcionários e colaboradores.
A proteção à criança e ao adolescente é uma construção coletiva e envolve
não apenas medidas de ordem prática e preventiva, mas também, e, sobretudo, de
ordem ética, moral e espiritual. Desta forma, a difusão de princípios, valores e
condutas à construção da cidadania são imprescindíveis.

4.1 Fortalecimento da organização administrativa da escola


a) Organizar o fluxo de entrada e saída na escola:
Quanto à entrada de pessoas e veículos na unidade escolar, os seguintes
cuidados devem ser observados:
 Estabelecer controle de entrada de veículos que acessam as
dependências da escola;
 Cuidar para que o(s) portão(ões) externo(s) de acesso à rua
permaneçam fechados durante todo o período de funcionamento de
cada turno, devendo ser abertos somente nos horários de início e
término de cada turno ou quando necessário, mas sempre
supervisionado por um servidor designado pela direção da escola para
esse fim;
 Nos casos de visitante, este deverá, previamente, dar ciência à
coordenação sobre a visita e aguardar a autorização do responsável
por sua entrada nas dependências da escola;
 A escola reforçará com alunos e familiares os horários de
funcionamento da escola esclarecendo que a chegada de estudantes
fora do horário da aula implicará no encaminhamento do aluno à

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secretaria escolar para que ocorra a justificativa. Além disso, definirá
que a saída de alunos fora do horário ocorra apenas com autorização
por escrito da secretaria ou por outro profissional definido pela direção
da escola, preferencialmente quando solicitado por pai, mãe e ou
responsável;
 A escola realizará controle diário da frequência escolar e, em caso de
infrequência, entrará em contato com os pais, mães e/ou responsáveis
para verificar o motivo da ausência.

b) Organizar os ambientes internos e externos

A Equipe Gestora deve priorizar pela qualidade da manutenção dos


ambientes internos e externos à unidade escolar de modo a facilitar a aplicação dos
procedimentos que garantam a segurança. Devendo atentar para:

Ambientes Internos:
 Pátios e outras áreas de uso comum livres de objetos que possam obstruí-los;
 Adequação da iluminação;
 Não permitir o acúmulo de objetos inservíveis em áreas impróprias;
 Manter a capina ou a poda em vegetação de modo rotineiro;
 Atentar para que cercas e muros estejam sempre em bom estado de
conservação.
 A escola orientará para que o uso de equipamentos pedagógicos q u e
forem perfurocortantes (enxada, materiais de laboratórios, etc) sua utilização
sempre ocorra com acompanhamento de docente/técnico;
 Uso de EPI´s nas atividades em que se fizerem necessários;
 Manter as instalações prediais em perfeitas condições de funcionamento,
realizando vistoria periódica a fim de identificar os problemas na infra-
estrutura do prédio escolar e realizar os devidos reparos.
 Todo o ambiente físico deve proporcionar as crianças e adolescentes,
higiene, bem estar e segurança.
 A instituição deve prover todo material necessário ao cumprimento das
atividades conduzidas pelos profissionais e para desenvolvimento de

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conhecimento das crianças e adolescentes.
 Controle da portaria/ monitoramento eletrônico de entrada e saída.
 Realizar monitoramento das crianças e dos adolescentes nos espaços
institucionais durante os intervalos das aulas a fim de evitar situações de
práticas de violências entres estes ou por terceiros.
 Realizar adequação dos espaços (infraestrutura) a fim de que possa acolher
com dignidade as crianças e os adolescentes que possuam necessidades
especiais.
 Primar para o uso de material didático adaptado á realidade das crianças e
aos adolescentes atendidos pela instituição, inclusive, os que possuem
necessidades especiais.

Ambientes Externos
 Reivindicar iluminação pública de qualidade;
 Atentar para a coleta de lixo semanal pelo setor público competente;
 Estar atento à movimentação de pessoas, nas proximidades, que não fazem
parte da comunidade escolar e exibem atitude suspeita, principalmente no
horário de entrada e saída dos alunos, providenciando o acionamento da
Polícia Militar pelo fone 190 ou celular da viatura de área;
 Proibir a permanência de vendedores ambulantes que fazem ponto nas
portarias.
 Orientar as famílias para o uso de transporte escolar, de forma correta e
responsável;
 Orientar os estudantes que ao utilizar transporte escolar, comportem-se de
maneira adequada, evitando práticas de “morcegos”, “surf”, “batuques” e não
colocar os pés nas cadeiras;

4.2 Implementação de Medidas Preventivas e Protetivas

 Criar preditores de violência que visam identificar os fatores que permitem


que a violência na escola ocorra.
 Usar uma abordagem de desenvolvimento, estratégias de prevenção e
intervenção de violência em todo o currículo para programas do Ensino

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Fundamental e Médio, levando em conta tanto a violência dirigida por alunos,
quanto por professores.
 Realização de treinamento para funcionários e alunos sobre procedimentos e
protocolos de segurança, garantindo que todos saibam o que fazer em caso
de urgência.
 Esclarecer que a violência nas escolas emerge, provavelmente, de uma
combinação de fatores de risco individuais, escolares e comunitários. Os
professores precisam, por exemplo, compreender a pesquisa sobre racismo,
ódio e preconceito nas escolas e comunidades e identificar como sua própria
raça, orientação sexual, gênero, etnia e status de classe / socioeconômica
influenciam suas percepções e comportamentos na sala de aula.
 Garantir o cumprimento do calendário escolar, além de proporcionar um
ambiente de aprendizagem saudável para seus discentes.
 As atividades externas à Instituição deverão ser previamente comunicadas e
autorizadas pelas famílias, não podendo comprometer o desenvolvimento da
frequência escolar.
 Identificar possíveis riscos e/ou alvos (estrutura e pessoas) de violência,
avaliar eficácia de um plano (conhecimento, preparo, habilidades,
equipamentos e processos), identificar e monitorar possíveis agressores
existentes na escolar.
 Realizar treinamento de habilidades voltadas para primeiros-socorros e
prevenção de acidentes no ambiente escolar.
 Encaminhamento, aos órgãos da rede de apoio psicossocial e de defesa de
direitos, de estudantes que apresentem sofrimento emocional ou sinais de
violação de integridade física e/ou psíquica.
 Dar visibilidade e ciência das normas escolares, mantendo-as em locais
visíveis.
 Acionar o Conselho Tutelar sempre que necessário.
 Criar protocolos de ação em casos de ataques dentro da escola.
 A Escola deverá manter registro de todos os contatos disponíveis das forças
de segurança mais próximas de seu entorno.
 A Escola realizará reuniões, debates e campanhas com a Rede protetiva e
está aberta às visitas e ações propostas pelas entidades que a compõem.

18
(Por exemplo: Conselho tutelar, Ministério Público, Poder Judiciário, Polícia
militar, Polícia civil, Hospital/ posto de saúde/ UBS, Cras, Creas,
Representações religiosas, ONG’S, Associações e cooperativas.
 Diante de suspeita ou denuncia de violência, abuso ou negligência deve-se
proceder à escuta, investigação, orientação e encaminhamento aos órgãos
competentes da rede de proteção à criança e ao adolescente. Garantidos os
procedimentos de emergência, atua-se no acompanhamento dos casos
durante o tempo necessário.
 Garantir que as crianças com necessidades especiais recebam atendimento
pedagógico adequado e livre de qualquer forma de discriminação e/ou
preconceito.

4.3 Corresponsabilização da Comunidade Escolar

As normas e os procedimentos citados nesse Plano serão eficazes se toda


comunidade escolar participar, efetivamente, das ações que promovam a segurança
e, principalmente, se os gestors dos programas atuarem como agentes catalisadores
de iniciativas e multiplicadores de atitudes que visem à disseminação de uma
“Cultura de Paz e Segurança”, instruindo e certificando em especial os alunos e os
responsáveis a tomarem atitudes que garantam sua segurança e a de seus colegas.
a) A família como ponto de apoio
 A Escola realizará encontros, reunião, assembleia, etc (descrever o evento e
a periodicidade) para informar às famílias dos estudantes sobre a importância
de colaborarem com as medidas de cuidado e prevenção da escola,
sugerindo que conversem com seus filhos, abrigando canal de diálogo para
ouvi-los; estando atentos à mudanças de comportamento e ao uso de celular
e do computador; verificando com frequência as redes sociais e o histórico de
navegação na internet deles; conferindo o quarto e a mochila dos seus filhos.
 A Família também pode contribuir não replicando informações sem antes
verificar a veracidade delas. Orientando a seus filhos que não espalhem
notícias, mensagens e vídeos que estimulem medo, violência, discurso de
ódio e orientá-los para que comuniquem, imediatamente, ao núcleo gestor da
escola informações recebidas que contenham ameaças a seus filhos ou a
outras pessoas e sobre filho (a) e de colegas;

19
 A Escola realizará eventos para aproximar-se da família e aprofundar a
corresponsabilização pela educação dos estudantes.
b) As crianças e adolescentes como protagonistas
 A escola realizará campanhas, reuniões, etc para sensibilizar os estudantes
sobre a importância de colaborarem com as medidas de cuidado e prevenção
da escola.
 Serão orientados para que busquem a direção, aos profissionais, aos seus
representantes, informando, imediatamente, sobre mudanças de
comportamentos e/ou veiculação de mensagens de ódio, ameaças de seus
pares.
 A Escola informará sobre a necessidade de uso do uniforme que os
identifiquem de modo que as pessoas que transitem na escola sejam parte de
sua comunidade escolar e, sobre não veicular/replicar informações sem
verificar sua veracidade.
 Os estudantes serão ouvidos quanto às suas impressões sobre o clima
escolar.
 A Escola desenvolverá projetos que possam envolver e protagonizar os
estudantes.
 Os estudantes deverão estar atentos a uma série de medidas, dentro do
ambiente escolar, que visam a sua segurança e a de seus pares, dentre as
quais:

 Não consumir bebidas alcoólicas;


 Evitar comportamentos impulsivos;
 Evitar qualquer tipo de comida ou bebida oferecida por pessoas
estranhas;
 Não aceitar carona de estranhos;
 Ao chegar e sair da escola, andar acompanhado de colegas de
maneira comportada;
 Ao verificar a presença de estranhos na escola informar,
imediatamente, a um funcionário e/ou professor;
 Evitar correrias em corredores e escadas;
 Não aceitar substâncias ofertadas por estranhos;

20
 Respeitar e atender às orientações de diretores, professores e
funcionários da escola;
 Informar, imediatamente, ao Coordenador e/ou Diretor, qualquer
indisposição e mal-estar entre alunos e entre estes e os professores;
 Não levar armas para escola, como facas, estiletes, revólveres, ou
qualquer outro objeto capaz de lesionar alguém;
 Não se envolver em brigas, discussões ou rixas;
 Pedir aos pais para comparecerem às reuniões nas escolas;
 Deslocar-se diretamente de sua casa para a escola e vice-versa, salvo
quando autorizados pelos pais;
 Quando ameaçados por pessoas estranhas informar, imediatamente, à
Polícia Militar, aos pais e a direção da escola;
 Comportar-se sempre de maneira segura e cautelosa, evitando
discussões, brigas e mal-entendidos;
 Ao fazer trabalhos em grupo na casa de algum amigo ou qualquer
outro ambiente exterior à escola informar antecipadamente aos pais.

c) Código de conduta para os funcionários

Este se constitui de um conjunto de procedimentos pré-definidos e formulados


coletivamente, para o bom funcionamento das ações da Instituição em prol da
segurança das crianças, adolescentes, funcionários e colaboradores.
a. Os funcionários devem adotar uma postura idônea, cumprindo, monitorando e
divulgando as normativas do código de conduta criado pela instituição.
b. Não é permitido envolver crianças e adolescentes em compromissos e
assuntos da vida pessoal de adulto.
c. Os funcionários devem ter clareza e a aplicabilidade da legislação de
proteção da criança e adolescente.
d. Não será admitida nenhuma atitude vexatória em relação a qualquer criança e
adolescente. Qualquer ação que desabone a integridade física e moral da
criança e do adolescente será passível de medidas legalmente cabíveis.
e. Ao perceber qualquer suspeita de violências contra crianças e adolescentes,
deve-se proceder imediatamente as denúncias e cuidados adequados,
conforme a gestão de ocorrências.

21
c) Código de Conduta para outras pessoas.

O CFM acolhe colaboradores (doadores, voluntários, assessores) para o


desenvolvimento de ações e visitantes, de acordo com orientação de direção
institucional estes colaboradores e visitantes devem ser orientados a respeito da
maneira saudável de se demonstrar afeto em relação aos atendidos, sendo vedado
qualquer ato que demonstre abuso ou exploração.
 Todo visitante deverá ser acompanhado por um funcionário da Instituição
durante o período em que estiver em ações ou visitas.
 Os colaboradores e visitantes deverão preferencialmente agendar as visitas à
Instituição, deixando a direção ciente do tipo de atividade a ser desenvolvida.
 Não será permitido uso de roupas impróprias no âmbito institucional, nem a
verbalização de palavras ou gestos obscenos.
 Os colaboradores e visitantes ao chegarem a instituição serão apresentados
às normas que estarão expostas no hall institucional.
 É proibido pedir um favor ou serviço que represente abuso ou exploração aos
atendidos.
 Não incentivar atos de agressão e bullying entre os atendidos.
 Não tratar crianças e adolescentes por apelidos ou de maneira depreciativa.
 Não é permitido envolver crianças e adolescentes em assuntos da vida
pessoal de adulto.
 Nunca passar tempo desnecessário com uma criança ou adolescente isolado
dos demais.

e) Padrões para a Comunicação social


A Instituição poderá fazer uso de estratégicas de marketing para ampliação
de sua visibilidade, visando a efetivação dos Direitos das crianças e adolescentes,
porém no que se refere ao uso da imagem de crianças e adolescentes, deve-se
zelar pela preservação de sua integridade e segurança, como previsto pelo ECA em
seu artigo 17. Sendo assim, são estabelecidas as seguintes normativas:
 Reportagens, documentários ou outras estratégias de comunicação social
que venham a ser utilizadas pela Instituição, devem ter como objetivo a
divulgação dos projetos, ações e principalmente como meio de sensibilização

22
em relação às temáticas de promoção dos direitos da criança e adolescente.
 Nenhuma ação de marketing ou material jornalístico que exponha a

identidade (nome, iniciais, imagem, voz) de crianças e adolescentes com


direitos violados deve ser permitida.
 Deve-se manter a privacidade dos atendidos, seus familiares e contexto
comunitário, não sendo permitida a divulgação de qualquer tipo de matéria
que venha ferir a dignidade destes.
 Em casos de matérias gerais sobre os projetos, a divulgação da imagem de
crianças e adolescentes só pode ser realizada com a autorização escrita dos
pais ou responsáveis, que deverão estar esclarecidos do objetivo da
utilização desse conteúdo.
 Na ocorrência de infrações por crianças e adolescentes, é vedada divulgação
da identidade ou de qualquer informação que faça alusão ao infrator. (art. 247
do ECA).
 Pesquisas científicas que tenham o público da instituição (crianças e
adolescentes) como sujeitos devem seguir o código de ética da instituição
proponente, bem como a autorização dos responsáveis pelo estudante e a
observância a este documento.

4.4 Fortalecimento do Clima Escolar Saudável


a) Acolhimento
 Garantir a permanência e utilização da sala de acolhimento no espaço
escolar, para este fim. A sala será utilizada, também, pelo Comitê de
Mediação de Conflitos Escolares (CMCE).
 A escola como espaço de cuidado integral intensificará ações
coletivas/individuais de acolhimento aos membros da Comunidade Escolar,
atentando-se a comportamentos que carecem de maior atenção.
 Implementar ações e projetos que criem/fortaleçam os vínculos afetivos e de
pertencimento;
 Proporcionar um ambiente físico adequado (arejado, cuidado e equipado para
atender às necessidades dos estudantes);
 Fortalecer ações que garantam ao estudante o seu direito de ser ouvido e
compreendido.

23
b) Implementação de canais de escuta
 A escola constituirá/fortalecerá o Comitê de Mediação de Conflitos
Escolares CMCE e, implementará práticas restaurativas, com
procedimentos e atividades proativas que podem colaborar para a
prevenção e na resolução positiva de conflitos.
 A escola implantará canais de escuta dos estudantes, profissionais e
familiares através de caixinha de escuta, rodas de conversa, assembleias
escolares, mediação de conflitos, etc.
 Receber e acolher as ações implementadas pelas equipes
multiprofissionais.

4.5 Monitoramento e avaliação

Esta Política de Proteção à Infância será implementada de acordo com a


dinâmica institucional e dentro dos seus limites de condições para consecução das
ações, respeitando as prioridades e prazos de cada item a ser executado.
Inicialmente, serão realizadas ações com o público da Escola de E ducação Infantil
Asa Branca e Ecoescola Thomas a Kempis, nas quais predomina o público infanto-
juvenil.
A fim de monitorar o andamento da implementação desta política e dos casos
evidenciados, a “comissão de proteção infantil do PPI” se reunirá ordinariamente a
cada 6 (seis) meses, e extraordinariamente, quando requerido por qualquer de seus
membros.
O membro da comissão é responsável por levar às reuniões suas sugestões e
análises a respeito do cumprimento das normas de proteção pelas pessoas que
trabalham e frequentam a organização e eventuais necessidades de adaptação de
espaços, ou mesmo de mudança na logística interna.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

24
O Centro de Formação Mandacaru possui boas relações com toda a Rede de
proteção local, inclusive faz parte de alguns conselhos municipais como membro e
conselheiro titular ou suplente conselhos estes que estão constantemente discutindo
meios de proteção e defesa da criança e do adolescente.
Com os estudos sobre a temática e, sentimos a necessecidade de revisar
muitos de nossos documentos, como Estatuto Social, Regimento Interno para fazer
os devidos ajustes em consonância com sua missão de oferecer melhoria de
qualidade de vida às crianças e adolescentes e com as aprendizagens adquiridas.
No entanto, há de se ressaltar que esta temática e esta política tratam de
questões muito delicadas, pois por vezes iremos esbarrar na fragilidade do sistema
de garantia de direitos e na inexistência de recursos humanos da instituição que
possam contribuir com uma mudança significativa para a família e principalmente
para a criança vítima de violência e abusos.
Percebemos, portanto, que não depende apenas de uma boa articulação com
a Rede de Proteção Local, mas da existência de mecanismos eficazes de proteção.
Daí a importância de estarmos sempre buscando aproximação com os demais
membros do sistema de garantia de direitos, participando de capacitações e
priorizando os interesses da criança e as ações em torno de sua proteção.

25
6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 13.431/2017 – Estabelece o sistema de garantia de direitos da


criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº
8.069/90. Senado Federal: 2017.

https://www.gov.br/mec/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/
cartilha_recomendacoes_protecao_seguranca_ambiente_escolar.pdf

https://www.childhood.org.br/kit-de-comunicacao-para-a-rede-de-protecao-municipal/
(KIT DE COMUNICAÇÃO PARA REDE DE PROTEÇÃO MUNICIPAL)

Constituicao Federal: Art. 205, 206 e 208;

Estatuto da Crianca e do Adolescente – LEI no 8.069/90: Art 53, 54 (§ 3o), 55, 56 (I,
II, III), 57;

LDBEN – LEI no 9.394/96: Art 5o (§ 1o, I, II, III), 12 (V, VI, VII, VIII), 13 (III, IV, V, VI),
24 (V, VI);

26
7. ANEXOS

27
Anexo I

IDENTIFICAÇÃO DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO A INFANCIA DO PPI PARA


CASOS DE VIOLÊNCIA E ABUSOS CONTRA MENORES E PESSOAS
VULNERAVÉIS

MEMBRO FUNÇAO
Valmir do Nascimento Soares Coordenador

Francisco Kennedy de Oliveira Ribeiro Secretário

Marlene de Sousa Membra

Rogério Alves de Oliveira Membro

Francineth Pereira de Oliveira Membra

Maria do Socorro Costa Sousa Membra

Wellington Oliveira Carvalho Membro

28
Anexo II
Código de Conduta para funcionários e colaboradores

Nome data de nascimento função


__________________________________________________________________

Comprometo-me, por meio deste, a:


 Respeitar todas as crianças como indivíduos, independentemente de sua
origem, gênero ou orientação sexual, bem como criar e/ou manter um ambiente
que seja seguro, acolhedor e encorajador para elas.
 Nunca abusar do poder ou da influência a mim conferidos sobre a vida e o bem-
estar de uma criança.
 Jamais praticar violência sexual, física ou emocional contra uma criança. Em
particular, comprometo-me a nunca realizar atos sexuais com ou em uma
criança.
 Nunca pedir um favor que possa ser considerado abusivo ou explorador para
com crianças e adolescentes.
 Abster-me de qualquer forma de ameaça, discriminação, violência física ou
verbal, intimidação ou tratamento desigual.
 Cumprir também este Código de Conduta ao lidar com crianças em meu
ambiente privado.
Irei:
 Respeitar e implementar plenamente as regras da minha instituição ou
organização em meu trabalho para a proteção de crianças e adolescentes.
 Comunicar quaisquer suspeitas, acusações, ocorrências ou indícios de casos
suspeitos de ameaça ao bem-estar da criança às pessoas responsáveis e
atuarei em consenso com as pessoas responsáveis.
 Agir de maneira exemplar em relação e perante às crianças e pessoas
vulneráveis.
 Tratar todas as crianças com respeito e atentar cuidadosamente às suas
reações ao meu comportamento e conduta.

29
 Seguir a “regra dos dois adultos”: se possível, garantirei que outro adulto esteja
presente ou ao meu alcance quando eu estiver lidando com crianças em meu
trabalho. Se for necessário um aconselhamento ou conversa individual,
informarei com antecedência outra pessoa onde e quando isso ocorrerá.
 Eu li cuidadosamente e entendi o Código de Conduta.
 Estou ciente de que é esperado que eu respeite em todo momento as normas de
conduta descritas no Código de Conduta.

Certifico que não fui condenado por nenhum crime relacionado com
negligência ou violência física, psicológica ou sexual de crianças e adolescentes por
uma decisão judicial transitada em julgado e que também não foi iniciado nenhuma
investigação ou inquérito contra mim a esse respeito. Caso uma investigação seja
iniciada contra mim neste sentido, comprometo-me a informar imediatamente meu
superior ou a pessoa que me encarregou de realizar meu trabalho voluntário.

Local e Data,

Assinatura Cargo

30
Anexo III
TERMO DE COMPROMISSO DAS FAMÍLIAS (ASA BRANCA)

Eu, ___________________________________ na qualidade de responsável


pela criança/adolescente _______________________________________
matriculado/a na Escola de Educação Infantil Asa Branca, afirmo que estou de
acordo e comprometo-me a respeitar aos critérios seguintes exigidos pela escola.
 Participar das reuniões convocadas pela Escola;
 Trazer pontualmente a criança à escola e pegá-la no horário marcado;
 Justificar a ausência da criança;
 Contribuir na medida do possível na alimentação e/os serviços voluntários;
 Participar das oficinas e/ou dos encontros de formação oferecidos pela escola;
 Contribuir e participar dos eventos promovidos pela escola;
 Acompanhar as tarefas de casa e mostrar interesse pelos conteúdos estudados.
 Sempre que possível manter diálogo com as professoras sobre o
desenvolvimento do/a seu/sua filho/a e, efetivamente, participar dos plantões
para informes de rendimentos.
 Encaminhar a criança para atendimento especial caso haja necessidade.
 Não privar o/a filho/a de participar efetivamente de atividades lúdicas ou
culturais promovidas pela escola, inclusive atividade que tenha caráter religioso
tais como: dramatizações, danças folclóricas, etc.

31
Anexo IV

Procedimentos dos Agentes de Proteção Infantil

Para que os API’s possam conduzir seu trabalho de forma eficaz e segura,
zelando pelos princípios fundamentais de proteção à criança e cuidando para que
esta política de fato seja cumprida são orientados os seguintes passos:

1º passo: Quando uma criança ou beneficiário revela ASC:

 Ouça com atenção o que ela diz;


 Mesmo perturbado com o que o que foi revelado pela pessoa, não reaja de uma
maneira que possa aumentar a angustia dela;
 A criança precisa saber que não é culpada e que acreditam nela;
 Conceda à criança a oportunidade de conversar sobre o que aconteceu, mas
não a pressione a fazer isso;
 Diga à criança que ela está agindo corretamente ao conversar com você. Não a
repreenda se o abuso ocorreu porque ela desobedeceu as regras básicas, como
passear em um lugar o qual a família não havia autorizado.

2º passo: Sindicância Preliminar

O objetivo é obter informações adicionais e completar a denuncia em conformidade


com o ocorrido.
 O agente de proteção infantil deve documentar e observar o máximo de
informações;
 O agente de proteção infantil deve convocar a equipe de proteção para uma
reunião, a fim de explanar o que coletou até o momento, e pedir auxílio no
encaminhamento do caso;
 Se necessário a equipe de proteção deve designar mais algum agente para
colaborar com a averiguação dos fatos narrados pelo beneficiário;

32
 Caso a suspeita não seja confirmada, o documento deve ser arquivado e as
pessoas envolvidas informadas;
 Infração de normas internas: Se a infração tiver sido cometida por membro da
equipe interna (funcionário, colaborador, voluntário, diretor, parceiro, etc) deve-
se aplicar as sanções previstas no regimento da instituição, conforme seja o
caso;

3º passo: Suspeita confirmada

 Será instaurada uma sindicância conclusiva, que ocorrerá sob a coordenação da


equipe de proteção infantil, que dada a veracidade do caso, poderá recorrer a
psicólogos infantis, advogados, e demais pessoas ou órgãos da Rede de
Proteção Local (Sistema de Garantia de Direitos);
 Colher os depoimentos da criança, acompanhado de outro profissional da
equipe de proteção infantil, e que, preferencialmente, seja conhecido da criança;
 Caso seja infundada o caso será documentado por escrito e arquivado.

4º passo: Encaminhamento aos órgãos de persecução

 Todas as ocorrências deverão ser feita por escrito.


 Compete ao agente de referência infantil observar o andamento e documentar o
caso.
 Recorrer aos órgãos de persecução penal citado na gestão de sistema.

5º passo: Medida para proteger e acompanhar a criança encaminhada.

 A proteção da criança será assegurada por atendimento psicológico, medical e


pelo envolvimento de instituições públicas e privadas.
 A pessoa denunciada não deverá ter oportunidade de entrar outra vez em
contato com a criança e família.
 A família será apoiada a criar um entorno seguro e saudável para a criança.

33
Anexo V

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO de IMAGEM e VOZ

Eu, ____________________________________________________________,
portador do RG nº ________________ e inscrito no CPF sob o nº.
________________ residente e domiciliado à
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________,
representante legal da criança _______________________________________
__________________________________________ autorizo a utilização das
fotografias e imagens produzidas nas atividades relacionadas aos projetos da
organização Centro de Formação Mandacaru – CFM, e seus parceiros. Autorizo a
fixação, reprodução, comunicação, divulgação, transformação em produto e
modificação com qualquer meio técnico os materiais audiovisuais por tempo
indefinido. Finalmente, autorizo o uso de sua imagem e voz em redes sociais e/ou
outros meios de comunicação, para divulgação de suas ações, por tempo
indeterminado, desde que condizentes com a boa fama e respeito à sua identidade.

Pedro II/PI, ______ de ___________________ de 20___

___________________________________________
Assinatura responsável

34
ANEXO VI

CENTRO DE FORMAÇÃO MANDACARU


Plano de Proteção a Criança e ao Adolescente – PPI

LISTA DE CONTATOS PARA DENÚNCIA – REDE DE PROTEÇÃO

Pessoa de
Nº Órgão TELEFONE
referência
01 Ministério dos Direitos Humanos e da
100
Cidadania (Brasil)
02 Polícia Militar 190
03 SAMU – Serviço de Atendimento
192
Móvel de Urgência
04 Conselho Tutelar de Pedro II
05 Vara da Infância no município de
(86) 9 8188-2522
Pedro II
06 CRAS – Centro de Referência de
Assistência Social (Pedro II)
07 CREAS – Centro de Referência
Especializado em Assistência Social
(Pedro II)

35
Anexo VII - Fluxo de atendimento

Fonte: Childhood

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