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Universidades Lusíada

Silva, Francisca Costa Oliveira da


Reabilitação (i)material da ilha : a ilha da rua das
Antas, nº 52
http://hdl.handle.net/11067/5672

Metadados
Data de Publicação 2019
Resumo As ilhas do Porto são um tipo de construção singular que proliferou na
segunda metade do século XIX. São pedaços de cidade que ilustram um
capítulo relevante da história da habitação operária da cidade do Porto
e, como tal, acarretam uma série de valores patrimoniais, culturais e
sociais pertinentes que devem ser protegidos e preservados. Sugerimos,
na presente dissertação, estratégias de intervenção e de salvaguarda para
este tipo de construção, questionando de que forma é que as ilhas podem
s...
The Porto’s ilhas are a particular kind of construction that increased
in the second half of the 19th century. These, are parts of the city that
illustrate a certain important period of the working-class housing history,
and, therefore, carry with them strong cultural, social and patrimonial
values that should be protected and preserved. In the present dissertation,
we suggest some strategies to protect and conserve these kind of
constructions, questioning in which way it is possible to adapt t...
Palavras Chave Arquitectura, Reabilitação, Identidade, Porto
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções [ULF-FAA] Dissertações

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http://repositorio.ulusiada.pt
UNIVERSIDADE LUSÍADA – NORTE, CAMPUS DE VILA
NOVA DE FAMALICÃO

REABILITAÇÃO (I)MATERIAL DA ILHA

A ilha da rua das Antas, nº52

Francisca Costa Oliveira da Silva

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura

Orientação científica: Professora Doutora Maria Tavares

Vila Nova de Famalicão 2019


Nota: Esta dissertação cumpre o novo acordo ortográfico. Por opção da equipa de investigação, o termo S.Victor, dado se
tratar de um nome de rua existente e pertinente no âmbito desta dissertação, não se alterou para a nova norma.

II
Dedicatória

Dedico este trabalho de investigação a todos aqueles que nos


dias hoje (sobre)vivem em ilhas e não tem voz para demonstrar as
condições insalubres em que habitam.

Na esperança que a presente dissertação contribua para uma


maior consciencialização da realidade das ilhas, termino com o
desejo de que esta constitua um passo fundamental neste longo
caminho que ainda há para percorrer.
Por isso, tenham a destreza de caminhar comigo …

III
IV
Agradecimentos

À minha orientadora professora Maria Tavares, pelo apoio e motivação ao longo de


todo o processo.

Ao Arq. António Cerejeira Fontes pela sua disponibilidade e partilha. As longas


conversas revelaram-se fundamentais na leitura das ilhas no Porto mas, contribuíram
também, para um crescimento académico e pessoal.

Ao Arq. Aitor Vareo Oro, por me fazer ver que a realidade das ilhas é mais dura do
que romântica.

À professora Assunção Lemos que sempre se predispôs a ajudar-me e foi uma peça
importante na fase final deste processo.

Ao professor Miguel Malheiro, Jorge Barbosa e Henrique Fabião pela orientação


pertinente no âmbito do projeto de reabilitação da ilha nº52 da rua das Antas, em sede da
unidade curricular de projeto III.

Aos meus pais por nunca terem duvidado das minhas capacidades.

Ao David pela força, companheirismo, reconforto e motivação.

Aos meus colegas pela caminhada coletiva.

À Cristina e à Margarida que me acompanharam em muitas das visitas às ilhas, e


fizeram desses momentos uma oportunidade de conhecer mas também conviver e partilhar.

A todos os moradores das ilhas que, de uma forma genuína, contribuíram para o
meu trabalho de investigação, muitas das vezes sem perceberem que o fizeram. Em especial:
à Dona Amália da ilha nº52 da rua das Antas, à Dona Albertina da ilha nº210 da travessa
das Antas, ao Allan Oliveira da ilha nº214 da rua João de Deus, ao morador da ilha da
Bela Vista, que se disponibilizou a mostrar a ilha e a sua habitação. E, por fim, a todas as
pessoas com quem me fui cruzando e dialogando sem oportunidade de saber os seus nomes.

V
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VI
Resumo

As ilhas do Porto são um tipo de construção singular que proliferou na segunda


metade do século XIX. São pedaços de cidade que ilustram um capítulo relevante da
história da habitação operária da cidade do Porto e, como tal, acarretam uma série de
valores patrimoniais, culturais e sociais pertinentes que devem ser protegidos e
preservados.

Sugerimos, na presente dissertação, estratégias de intervenção e de salvaguarda para


este tipo de construção, questionando de que forma é que as ilhas podem ser adaptadas às
necessidades contemporâneas sem perderem a sua identidade.

Para tal, é necessário desenvolver um conhecimento aprofundado sobre a origem


das ilhas e das suas diferentes tipologias. É, igualmente, fundamental determinar onde
estão presentes os valores identitários (materiais ou imateriais) deste tipo de construção
para sabermos como e onde atuar. Além disso, acreditamos que a reabilitação das ilhas
pode ser vista como como uma ferramenta de (re)integração das mesmas na cidade,
atendendo ao seu modelo pelo qual vale a pena lutar em prol de uma cidade mais inclusiva.

Para que este trabalho de investigação possa servir de referência para ações futuras,
o nosso objeto de estudo suporta-se na recuperação da Ilha n.º52 da Rua das Antas e sobre
a análise de três casos de referência: ilha da Bela Vista, ilha nº113 e ilha nº172 da rua de
S.Victor. Iremos, assim, refletir sobre a importante missão do arquiteto pelas estratégias
que consegue criar num espaço habitacional singular, não adaptado à contemporaneidade,
mas repleto de valores e caraterísticas que importam considerar.

Palavras-chave

Ilhas do Porto, Ilha nº52 da rua das Antas, Habitação Operária, Reabilitação,
Identidade.

VII
Abstract

The Porto’s ilhas are a particular kind of construction that increased in the second
half of the 19th century. These, are parts of the city that illustrate a certain important period
of the working-class housing history, and, therefore, carry with them strong cultural, social
and patrimonial values that should be protected and preserved.

In the present dissertation, we suggest some strategies to protect and conserve these
kind of constructions, questioning in which way it is possible to adapt these constructions to
the contemporary needs without jeopardizing their own identity.

For this reason, it’s necessary to study the origins of these constructions and their
different shapes. It is also crucial to identify which are the characteristics that define the
personality of these kind of construction, either material or immaterial aspects, so we can
know where to intervene. Besides, it is our conviction that the rehabilitation of the ilhas can
be seen as a tool for reintegrating them in the city, attending to its model, which is worth to
fight for in favor of a more inclusive city.

With the purpose of contributing to future actions, this investigation supported itself
on the rehabilitation of the ilha nº 52 in rua das Antas, and in the analyzes of three others
cases: Ilha da Bela Vista, Ilha nº 113 and Ilha nº 172 in rua S.Victor. This way, a discussion
will be presented on the important mission carried by the architect, and the adopted strategies
for a place so unique that, not adapted to contemporaneity, but it’s filled with values and
traditions that are important to consider.

Keywords

The Porto’s ilhas, Ilha nº 52 in rua das Antas, Working-class Housing,


Rehabilitation, Identity.

VIII
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IX
Sumário

Dedicatória III

Agradecimentos V

Resumo | Palavras-chave VII

Abstract | Keywords VIII

Índice de figuras e fontes XII

Siglas e Acrónimos XIX

Glossário XX

Introdução 23

1. As Ilhas no Porto 28

Uma leitura e interpretação da sua arquitetura e contexto sócio-cultural

1.1. O Ontem: 32

- Origem e evolução 34

- Património e valores fundamentais 45

1.2. O Hoje 50

- Compreensão da arquitetura e dos modos de habitar [n]uma Ilha 52

- Entradas 53

- Espaços de transição 58

- Tipologias e percursos 62

-Sistemas construtivos e principais patologias 71

- Retratos de uma ilha atual 74

- Diagnóstico do estado atual das ilhas na cidade do Porto 84

1.3. O Amanhã 100

- Reabilitar para (re)habitar 102

X
2. “CASAS SIM! BARRACAS NÃO!” 110

Uma leitura sobre a reabilitação de 3 Ilhas do Porto

2.1. Ilha da Bela Vista: 114

- Contextualização 115

- Diagnóstico 116

- Projeto de intervenção 116

-Notas conclusivas 124

2.2. Ilhas na rua de S.Vítor 128

- Contextualização 129

- Nº113: 133

-Diagnóstico 133

- Projeto de intervenção 134

- Notas conclusivas 137

- Nº172 142

- Diagnóstico 143

- Projeto de intervenção 144

- Notas conclusivas 147

3. Caso de Estudo 150

Leitura final

3.1. Ilha nº52 da rua das Antas 154

- Contextualização 155

- Diagnóstico 158

- Proposta de intervenção 163

- Notas conclusivas 172

Conclusão 177

Fontes e bibliografia 180

Apêndices 185

Anexos 242

XI
Índices de figuras e fontes

Agradecimentos
Capa | página V – Fotografias com alguns dos moradores com quem estabelecemos diálogo [montagem]
Fonte: Produção própria.

Introdução
Capa | página 22 – Fotografia na ilha nº25 da rua da Corticeira (Bairro Maria Victorina).
Fonte: Produção própria.

1. As ilhas do Porto
Capa | página 29 – Fotografia de uma ilha em 1960.
Fonte: ARQUIVO MUNICIPAL DO PORTO. 1960. «Ilhas e casas insalubres», p.27. Disponível na internet em:
«http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-
description/documents/276169/?q=ilhas%20do%20porto&fbclid=IwAR2MysDIRCSmzY6FFbSRE1cKFcie7Snh3v2vXBgS6
LbU3Mws_sT38Q2GIp4», consultado a 24/09/2019 às 19:45.

1.1. o Ontem
Capa | página 32 – Fotografia de uma ilha em 1960.
Fonte: ARQUIVO MUNICIPAL DO PORTO. 1960. «Ilhas e casas insalubres», p.21. Disponível na internet em:
«http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-
description/documents/276169/?q=ilhas%20do%20porto&fbclid=IwAR2MysDIRCSmzY6FFbSRE1cKFcie7Snh3v2vXBgS6
LbU3Mws_sT38Q2GIp4», consultado a 24/09/2019 às 19:45 [montagem – produção própria].

Fig.1 | página 34 – Ilha nº 341 da Rua Miguel Bombarda em 1914.


Fonte: LEMOS, António G. Ferreira. 1914. Contribuição para o estudo da higiene do Porto – ilhas. Porto:
Imprensa Nacional de Jayme Vasconcellos, p.78.
Fig.2 | página 35 – Principais tipos de ilhas.
Fonte: TEIXERA, Manuel C. 2018. Habitação popular na cidade oitocentista: as “ilhas” do Porto. Porto: Edições
Afrontamento, p.148.
Fig.3 | página 37 – Fotografia do interior de um alojamento de uma ilha em 1960.
Fonte: ARQUIVO MUNICIPAL DO PORTO. 1960. «Ilhas e casas insalubres», p.46. Disponível na internet em:
«http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-
description/documents/276169/?q=ilhas%20do%20porto&fbclid=IwAR2MysDIRCSmzY6FFbSRE1cKFcie7Snh3v2vXBgS6
LbU3Mws_sT38Q2GIp4», consultado a 24/09/2019 às 19:45.

Fig.4 | página 38 – Esquema do Plano de Salubrização.


Fonte: Produção própria a partir da Fig.2.
Fig.5 | página 40 – Notícia do Jornal de Notícias na segunda metade do século XX.
Fonte: RODRIGUES, Fernando Matos; SILVA, Manuel Carlos.2015. Cidade, habitação e participação: o
processo SAAL na ilha da Bela Vista 1974/76. Porto: Edições afrontamento, p.184.
Fig.6 (cronologia) | página 43 – Evolução do nº de ilhas, do nº de habitantes nas mesmas e do nºde habitantes
na cidade do Porto.
Fonte: Produção própria com base na seguinte fonte: CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO. 2000. As ilhas, as
colónias operárias e os bairros de casas económicas. Porto: Câmara Municipal do Porto - Pelouro de Habitação,
Acção Social e Proteção Civil.

XII
Fig.7 | página 45 – Fotografia de uma ilha em 1960.
Fonte: ARQUIVO MUNICIPAL DO PORTO. 1960. «Ilhas e casas insalubres», p.46. Disponível na internet em:
«http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-
description/documents/276169/?q=ilhas%20do%20porto&fbclid=IwAR2MysDIRCSmzY6FFbSRE1cKFcie7Snh3v2vXBgS6
LbU3Mws_sT38Q2GIp4», consultado a 24/09/2019 às 19:45.

Fig.8 | página 46 – Ilha nº109 da rua de S.Victor.


Fonte: Produção própria.

1.2. o Hoje
Capa | página 50 – Ilha nº68 da rua das Antas [montagem].
Fonte: Miguel Malheiro.
Fig.9 | página 54 – Ilha nº353 da rua de Santos Pousada.
Fonte: Produção própria.
Fig.10 | página 54 – Ilha nº68 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.11 | página 54 – Ilha nº202/2010 da travessa das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.12 | página 55 – Ilha nº214 da rua de João de Deus.
Fonte: Produção própria.
Fig.13 | página 55 – Ilha nº222 da rua de João de Deus.
Fonte: Produção própria.
Fig.14 | página 55 – Ilha nº128 da rua de 5 de Outubro.
Fonte: Produção própria.
Fig.15 | página 56 – Ilha nº170 da rua de João de Deus.
Fonte: Produção própria.
Fig.16 | página 56 – Ilha nº318 da rua de João de Deus.
Fonte: Produção própria
Fig.17 | página 56 – Ilha nº1 da rua de Gomes Freire.
Fonte: Produção própria.
Fig.18 | página 57 – Ilha nº166 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.19 | página 57 – Ilha nº172 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.20 | página 57 – Ilha nº570 da rua da Póvoa.
Fonte: Produção própria.
Fig.21 | página 59 – Ilha nº172 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.22 | página 59 – Ilha nº166 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.23 | página 59 – Ilha nº170 da rua de João de Deus.
Fonte: Produção própria.
Fig.24 | página 60 – Ilha nº214 da rua de João de Deus.
Fonte: Produção própria.

XIII
Fig.25 | página 60 – Ilha nº34 da rua Gomes Leal.
Fonte: Produção própria.
Fig.26 | página 60 – Ilha nº832 da rua D.João IV (Ilha da Bela Vista).
Fonte: Produção própria.
Fig.27 | página 61 – Ilha nº182 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.28 | página 61 – Ilha nº109 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.29 | página 61 – Ilha nº471 da rua da Póvoa.
Fonte: Produção própria.
Fig.30 | página 65 – Ilha nº31 da rua Aníbal Cunha.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.31 | página 65 – Ilha nº185 do Campo 24 de Agosto.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.32 | página 65 – Ilha nº166 da rua de S.Victor.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.33 | página 65 – Ilha nº109 da rua de S.Victor.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.34 | página 65 – Ilha nº123 da rua Padre António Vieira.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.35 | página 65 – Ilha nº682 da rua de Godim.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.36 | página 65 – Ilha nº202/210 da travessa das Antas.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.37 | página 65 – Ilha nº67/77 da rua de Augusto Gil.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.38 | página 65 – Ilha nº832 da rua D.João IV (antes da intervenção).
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.39 | página 69 – Ilha nº141 da travessa Fernão Magalhães.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.40 | página 69 – Ilha nº74 da rua Aníbal Cunha.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.41 | página 69 – Ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.42 | página 69 – Ilha nº224 da rua das Antas.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.43 | página 69 – Ilha nº18 da rua das Aldas.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.44 | página 69 – Ilha nº422 da rua da Corujeira de Baixo.
Fonte: Google Earth 2015 [montagem] – Produção própria.
Fig.45 | página 71 – Granito na ilha nº318 da rua de João de Deus.
Fonte: Produção própria.

XIV
Fig.46 | página 71 – Estrutura de madeira na ilha nº83 da rua de S.Victor.
Fonte: Produção própria.
Fig.47 | página 72 – Interior de um alojamento de ilha em 1960.
Fonte: ARQUIVO MUNICIPAL DO PORTO. 1960. «Ilhas e casas insalubres», p.69. Disponível na internet em:
«http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-
description/documents/276169/?q=ilhas%20do%20porto&fbclid=IwAR2MysDIRCSmzY6FFbSRE1cKFcie7Snh3v2vXBgS6
LbU3Mws_sT38Q2GIp4», consultado a 24/09/2019 às 19:45.

Fig.48 | página 72 – Tabique na ilha nº52 da rua das Antas.


Fonte: Produção própria.
Fig.49 | página 73 – Maquete da ilha nº52 da rua das Antas que demonstra os acrescentos ilegais da mesma a
vermelho. Fonte: Produção própria.
Fig.50 | página 75 – D.Albertina à porta da sua habitação.
Fonte: Produção própria.
Fig.51 | página 76 – D.Albertina na sua habitação.
Fonte: Produção própria.
Fig.52 | página 77 – Corredor comum da ilha nº214 da rua João de Deus.
Fonte: Produção própria.
Fig.53 | página 78 – Allan e a sua guitarra.
Fonte: Produção própria.
Fig.54 | página 80 – Notícia sobre o Monte da Lapa do dia 1 de Outubro de 2019.
Fonte: AMORIM, Miguel. 2019. Ilha do Monte da Lapa à venda por 2,5 milhões, in Jornal de Notícias publicado
a 1/10/2019, p.24.
Fig.55 | página 93 – Cartografia de localização dos 957 núcleos habitacionais.
Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda, CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento
e caraterização. Município do Porto, p.158 e 159.
Fig.56 | página 95 – Cartografia do estado de ocupação dos 957 núcleos habitacionais.
Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda, CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento
e caraterização. Município do Porto, p.160 e 161.
Fig.57 | página 97 – Cartografia dos núcleos habitacionais visitados no âmbito desta investigação.
Fonte: Produção própria.

1.3. o Amanhã
Capa | página 100 – Trabalho de equipa na ilha nº52 da rua das Antas [montagem].
Fonte: Luís Pinto.

2. CASAS SIM! BARRACAS NÃO!


Capa | página 111 – Ilha da Bela Vista/Ilha nº113 da rua de S.Victor/Ilha nº172 da rua de S.Victor [montagem].
Fonte: Produção própria.

2.1. Ilha da Bela Vista


Capa | página 114 – Ilha da Bela Vista/Ilha nº113 da rua de S.Victor/Ilha nº172 da rua de S.Victor [montagem].
Fonte: Produção própria.
Fig.58 | página 115 – Planta da proposta da operação SAAL para a ilha da Bela Vista 1976.
Fonte: RODRIGUES, Fernando Matos, SILVA, Manuel Carlos.2015. Cidade, habitação e participação: o
processo SAAL na ilha da Bela Vista 1974/76. Porto: Edições afrontamento, p.176.

XV
Fig.59 | página 117 – Maquete do projeto de reabilitação da ilha da Bela Vista.
Fonte: RODRIGUES, Fernando Matos, et al. 2017. Cidade da Participação: Projecto de Arquitectura básica
participada na Ilha da Bela Vista. Porto: Edições Afrontamento.
Fig.60 | página 118 – Fase construtiva do projeto de reabilitação da ilha da Bela Vista.
Fonte: RODRIGUES, Fernando Matos, et al. 2017. Cidade da Participação: Projecto de Arquitectura básica
participada na Ilha da Bela Vista. Porto: Edições Afrontamento.
Fig.61 | página 121 – Maquete do projeto de reabilitação da ilha da Bela Vista.
Fonte: Planta da proposta da operação SAAL para a ilha da Bela Vista 1976.
Fonte: RODRIGUES, Fernando Matos, SILVA, Manuel Carlos.2015. Cidade, habitação e participação: o
processo SAAL na ilha da Bela Vista 1974/76. Porto: Edições afrontamento, p.67.
Fig.62 | página 122 – Maquete da tipologia de habitação – célula duplex.
Fonte: Planta da proposta da operação SAAL para a ilha da Bela Vista 1976. Fonte: RODRIGUES, Fernando
Matos, SILVA, Manuel Carlos.2015. Cidade, habitação e participação: o processo SAAL na ilha da Bela Vista
1974/76. Porto: Edições afrontamento, p.69.
Fig.63 | página 122 – Maquete da tipologia de habitação – célula simples.
Fonte: Planta da proposta da operação SAAL para a ilha da Bela Vista 1976. Fonte: RODRIGUES, Fernando
Matos, SILVA, Manuel Carlos.2015. Cidade, habitação e participação: o processo SAAL na ilha da Bela Vista
1974/76. Porto: Edições afrontamento, p.69.
Fig.64 | página 123 – Espaço comum exterior da ilha da Bela Vista.
Fonte: Produção própria.

2.1. Ilhas na rua de S.Victor


Capa | página 128 – Vista da lha nº 83 da rua de S.Victor [montagem].
Fonte: Produção própria.
Fig.65 | página 129 – Mapa da Rua de S.Victor.
Fonte: RIBEIRO, Ana, et al. 2016. O mundo deles é uma ilha. Disponível na internet em:
«https://cc20152016.atavist.com/o-mundo-deles-e-uma-ilha», consultado a 26/03/2019 às 20:23.

- Ilha nº113 da rua de S.Victor

Capa | página 132 – Ilha da Bela Vista/Ilha nº113 da rua de S.Victor/Ilha nº172 da rua de S.Victor [montagem].
Fonte: Produção própria.
Fig.66 | página 135 – Axonometria do projeto de intervenção na ilha nº113 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Ilha na Rua S.Victor. Disponível na
internet em: «http://www.baau.pt/project/ilha-s-vitor/», consultado a 14/12/2018 às 18:23.
Fig.67 | página 136 – Interior de uma das habitações da ilha nº113 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Ilha na Rua S.Victor. Disponível na
internet em: «http://www.baau.pt/project/ilha-s-vitor/», consultado a 14/12/2018 às 18:23.
Fig.68 | página 137 – Pátio comum exterior da ilha nº113 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Ilha na Rua S.Victor. Disponível na
internet em: «http://www.baau.pt/project/ilha-s-vitor/», consultado a 14/12/2018 às 18:23.
Fig.69 | página 139 – Alçados da ilha nº113 da rua de S.Victor antes das demolições (em cima) e alçados da
proposta final de intervenção (em baixo).
Fonte: AMARAL, Bernardo. 2016. Ilha na rua de S.Victor: Bernardo Amaral Arquitetura e Urbanismo – BAAU.
(cedido pelo Arq. Bernardo Amaral).

XVI
- Ilha nº172 da rua de S.Victor

Capa | página 142 – Ilha da Bela Vista/Ilha nº113 da rua de S.Victor/Ilha nº172 da rua de S.Victor [montagem].
Fonte: Produção própria.
Fig.70 | página 143 – Vista superior do estado atual da ilha nº172 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com Programa
Habitar. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/», consultado a
14/12/2018 às 18:23.
Fig.71 | página 144 – Estado atual da ilha nº172 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com Programa
Habitar. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/», consultado a
14/12/2018 às 18:23.
Fig.72 | página 145 – Axonometria do projeto de intervenção na ilha nº172 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com Programa
Habitar. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/», consultado a
14/12/2018 às 18:23.
Fig.73 | página 146 – Axonometria dos alojamentos do projeto de intervenção na ilha nº172 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com Programa
Habitar. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/», consultado a
14/12/2018 às 18:23.

3. Caso de Estudo
Capa| página 151 – Casa nº6 da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.

3.1. Ilhas na rua de S.Victor


Capa | página 154 – Pátio comum da ilha nº52 da rua das Antas [montagem].
Fonte: Produção própria.
Fig.74| página 155 – Rua das Antas (2018).
Fonte: Produção própria.
Fig.75 | página 156 – Entrada da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Miguel Malheiro.
Fig.76 | página 156 – Pátio comum da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Miguel Malheiro.
Fig.77 | página 157 – Instalações sanitárias coletivas das da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.78 | página 157 – Ilha nº52 da rua das Antas em 1914.
Fonte: LEMOS, António G. Ferreira. 1914. Contribuição para o estudo da higiene do Porto – ilhas. Porto:
Imprensa Nacional de Jayme Vasconcellos, p.90.
Fig.79 | página 159 – Estado atual dos alojamentos da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Miguel Malheiro
Fig.80 | página 159 – Estado atual da casa nº6 da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.81 | página 160 – Tabique na casa nº14 da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.

XVII
Fig.82 | página 160 – Estado atual dos alojamentos e percurso da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Miguel Malheiro
Tabela 1 | página 161 – Número total de núcleos habitacionais e de alojamentos, e seu estado de ocupação, em
2014.
Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela III.12, p.a82.
Tabela 2 | página 162 – Evolução dos núcleos habitacionais no período 2001-2014.
Fonte: Dados estatísticos de 2001 adaptados de Pimenta et al. (2001, p.10,Quadro 2), apud, VÁZQUEZ, Isabel
Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto.
Tabela 1.5, p.35.
Fig.83 | página 163 – Maquete de localização da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.84 | página 164 – Maquete de ampliações e construções ilegais (a vermelho) da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.85 | página 166 – Maquete da proposta de reabilitação da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.86 | página 167 – Maquete de estudo da proposta geral de reabilitação da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.87 | página 168 – Maquete construtiva dos alojamentos da proposta de reabilitação da ilha nº52 da rua das
Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.88 | página 170 – Maquete construtiva dos alojamentos da proposta de reabilitação da ilha nº52 da rua das
Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.89 | página 171 – Maquete do estado atual da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.
Fig.90 | página 171 – Maquete da proposta de reabilitação da ilha nº52 da rua das Antas.
Fonte: Produção própria.

Conclusão:
Capa | página 176 – Fotografia na ilha nº109 da ilha de S.Victor.
Fonte: Cristina Dias.

Apêndices:
Capa | página 185 – Separador dos apêndices.
Fonte: Produção própria.

Anexos:
Capa | página 242 – Separador dos anexos.
Fonte: Produção própria.

XVIII
Siglas e Acrónimos

BAAU – Bernardo Amaral Arquitetura e Urbanismo

CESSS – Cooperativa de Ensino Superior de Serviço Social

CMP – Câmara Municipal do Porto

ESAP – Escola Superior Artística do Porto

ETICS - External Thermal Insulation Composite Systems

IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana

ISSSP – Instituto Superior de Serviço Social do Porto

LAHB.Social – Laboratório de Habitação Básica e Social

SAAL – Serviço de Apoio Ambulatório Local

XIX
Glossário

Casa-mãe: Conceito utilizado para designar as casas burguesas que contêm nos seus
tardozes ilhas, ocultando-as, total ou parcialmente, da frente urbana.

Portão rural: Entrada de ilha alusiva à entrada de uma casa rural.

Abertura na frente urbana: Entrada de ilha caraterizado por uma abertura/rasgo na frente
urbana.

Moldura: Entrada de ilha caraterizado por uma abertura retangular numa fachada ou muro,
sem portão ou porta.

Camuflada: Entrada de ilha cuja porta faz parte da composição comum de uma fachada,
passando, assim, despercebida.

Túnel: Espaço de transição que atravessa o rés-do-chão da casa burguesa/casa-mãe, em


túnel, até ao logradouro onde se encontra a ilha.

Entre muros/empenas/alçados: Espaço de transição a céu aberto delimitado por muros ou


empenas ou alçados.

Soleira: Espaço de transição muito curto que se resume a uma soleira, a um desnível.

Ilhas irregulares: Tipologia de ilha que não corresponde a nenhum padrão tipológico, isto
é, que não se assemelha a nenhuma outra tipologia identificada de ilhas.

XX
[termos retirados de outras bibliografias]

Visão serial: Termo da autoria de Gordon Cullen constante no livro Paisagem Urbana. A
visão serial é uma forma de conhecer um determinado espaço urbano através do percurso e
das paisagens sucessivas que captamos através da visão conforme avançamos no território.

Morfologia: Morfologia, numa perspetiva pragmática, corresponde ao estudo da


forma/configuração de algo. Para esta definição socorremo-nos de José Lamas. Este autor,
no seu livro Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, define o conceito da seguinte forma:
“O termo «morfologia» utiliza-se para designar o estudo da configuração e da estrutura
exterior de um objecto. É a ciência que estuda as formas, interligando-as com os fenómenos
que lhes deram origem.” (José M. R. G. Lamas, 2016:37)

Tipologia: A tipologia corresponde ao estudo de elementos semelhantes que geram e


constituem um tipo. Com efeito, o termo tipologia está associado à ideia de categorizar,
sendo essa categorização feita em função da forma do construído e da relação das pessoas
com o mesmo. E é esta parte da relação entre arquitetura e o ser humano que distingue a
tipologia da morfologia, tal como define o autor: “Entiendo por Tipología en arquitectura la
disciplina que estudia los tipos arquitectónicos, mediando entre Arquitectura y Sociedad.”
(Manuel J. M. Hernández. 1984:2)

Comunidade: Em síntese, utilizamos o termo comunidade para designar um conjunto de


indivíduos que formam um coletivo, ou então estão juntos por algo que tem em comum.
Além disso, o sentido de comunidade faz com que os membros da mesma se sintam parte de
algo: “o sentimento de que somos parte de uma rede de relacionamentos de suporte mútuo,
sempre disponível e da qual podemos depender.” (Seymour Sarason, apud João P. Amaro, 2007:25)

Arquitetura participada: É uma arquitetura onde a mesma não atua sozinha, isto é, uma
arquitetura que é pensada, planeada e projetada através de uma equipa complexa e composta
pelas mais diversas áreas, por exemplo: sociologia, antropologia, engenharia, entre outros.
Mas o aspeto basilar da arquitetura participada assenta na intervenção dos moradores na fase
de conceção da proposta projetual. A arquitetura participada exige um compromisso com o
lugar e com as pessoas. É necessário habitar os espaços e ouvir os moradores para inferir o
que de facto é necessário propor e projetar.

XXI
22
Introdução

Introdução ao tema, enquadramento, motivação e objeto

O presente trabalho de investigação incide sobre um tipo de construção singular: as


ilhas do Porto.

As ilhas surgiram para dar resposta a uma grave crise habitacional vivida no Porto,
na segunda metade do século XIX., fruto da industrialização. Verificou-se um aumento
drástico da população local, cuja estrutura habitacional da cidade não teve a capacidade de
acompanhar.

As ilhas, à época, eram vistas como habitações muito acessíveis, em termos


económicos e, igualmente versáteis, encontrando-se, de um modo mais ou menos facilitado,
à disposição de quem escolhia a cidade portuense para viver. Para muitas famílias, as ilhas,
foram a única solução de habitar a cidade e consequentemente garantir a proximidade aos
seus locais de trabalho e dos serviços. A proliferação na malha urbana foi rápida, e hoje, em
pleno século XXI, ainda conseguimos identificar 957 ilhas.

As ilhas conformam pedaços de cidade com grande simbolismo e identidade, pois


ilustram um capítulo relevante da história da habitação operária da cidade do Porto.
Comportam também uma série de valores patrimoniais: social; histórico/documental;
cultural. Valores que consideramos pertinentes e que fazem parte do nosso desígnio sobre a
importância da preservação e proteção das ilhas, tanto do ponto de vista material, como
imaterial.

Contudo, esta preservação implica uma intervenção com algum grau de intrusão,
isto é, implica a ação de reabilitar. Na verdade, grande parte das ilhas não reúnem as
condições mínimas de salubridade e habitabilidade.

Reconhece-se, assim, que as ilhas são uma realidade dos dias de hoje. Constituem
ainda uma de habitar para 5% da população portuense. Consideramos que o facto das ilhas
do Porto e o seu precário estado de habitabilidade serem uma realidade reconhecida, assim
como a importância dos seus moradores terem direito à cidade, direito ao lugar, direito ao
património, direito a habitações condignas e consequente inclusão social, são fatores
suficientes para nos debruçarmos com motivação sobre esta temática, que consideramos
urgente. Reforçamos com a ideia de que o arquiteto tem uma missão, não só de planear e

23
projetar no território, mas também uma missão social. Pois, na verdade, todo o ser humano
tem direito à habitação e as ilhas são um modo de habitar que necessita de ser preservado e
salvaguardado, tendo em conta todos os seus valores. Neste sentido, a presente dissertação
pretende refletir um possível caminho para as causas enumeradas, com enfoque num objeto
de estudo: a ilha da rua das Antas, nº52.

Questão de investigação/objetivo

Partindo da interpretação e estudo do papel das ilhas do Porto, com a obrigatória


visita a alguns casos particulares, foi imediata a compreensão do que esta singular tipologia
habitacional significa na cidade e na vida dos seus moradores. As ilhas são um tipo de
construção singular que carrega um enorme simbolismo. Dado o estado de degradação
avançado das mesmas, colocou-se o problema, cuja reflexão se constitui como objetivo:

Qual o melhor caminho para intervir numa ilha, adequando-a aos tempos hodiernos
[questão material] e, simultaneamente, será importante salvaguardar todo o seu simbolismo
[questão imaterial]?

Partimos para a investigação defendendo a ideia de que a reabilitação é o meio para


a preservação e proteção do património das ilhas e acreditando que, assim, se consegue
desenhar um mecanismo para que a cidade seja um lugar mais inclusivo.

Identificando a génese do problema, pretendemos que a presente dissertação seja para


alguns o reconhecimento desta realidade e para outros uma referência para estudos futuros
no âmbito da reabilitação (i)material das ilhas e dos seus (pre)conceitos.

Fontes primárias e secundárias

No presente trabalho de investigação, o contato físico com as ilhas enquanto objeto,


constitui-se como a fonte primária de informação. A sua observação direta e convivência
com o seu ambiente singular foi, sem dúvida, o impute deste trabalho. Com efeito, a
plataforma online de sinalização de ilhas da cidade do Porto, criada pela Domus Social da
Câmara Municipal do Porto, constituiu um dos instrumentos mais utilizados neste trabalho

24
de campo, uma vez que permitiu localizar as ilhas existentes no território e orientar-nos nas
visitas às mesmas.1

As fontes secundárias correspondem a toda a bibliografia que apoia a interpretação


da ilha enquanto objeto. No âmbito do património, este trabalho de investigação apoiou-se
fundamentalmente em dois autores: Helena Barranha e Antoni González Moreno-Navarro.
Quanto à caraterização o e componente histórica das ilhas, suportamo-nos essencialmente
nos autores: Manuel Teixeira e Virgílio Borges Pereira.

Relativamente aos casos de referência, os arquitetos António Cerejeira Fontes e


Bernardo Amaral, enquanto autores do projeto, constituíram-se como fontes imprescindíveis
para a compreensão da ação, através das entrevistas ou visitas guiadas que nos
proporcionaram.

Metodologia

A presente dissertação centra-se no estudo de uma ilha da cidade do Porto. No


entanto, para que pudéssemos responder aos objetivos específicos por nós propostos, foi
fundamental compreender o enquadramento histórico e a origem/evolução das ilhas na
história da cidade, através de bibliografia específica publicada. Consideramos determinante
diagnosticar o estado atual das ilhas do Porto e o seu papel na cidade. Também, a
interpretação dos valores das ilhas no âmbito do património, foi base da investigação, dado
que permitiu não só concluir que as mesmas devem ser objeto de salvaguarda, como também
possibilitou deduzir sobre um tipo de ação de intervenção adequada tendo em vista uma
reabilitação consciente e assertiva. Para tal foi, desde o início, prevista a visita a um conjunto
significativo de ilhas, inventariando e documentando as mesmas. Ou seja, foi absolutamente
necessário compilar a diversidade de ilhas - em termos de entradas, espaços de transição,
percursos e tipologias. Este momento do trabalho demonstra o contato que houve com as
ilhas e com os seus moradores. Imagens que retratam o estado atual das construções e
citações de alguns testemunhos de moradores, atribuem a esta investigação um caráter mais
social e credível, mostrando o quanto a arquitetura pode ser relevante na construção de uma
cidade mais inclusiva.

1
DOMUS SOCIAL/Câmara Municipal do Porto. Habitação: Ilhas. Disponível na internet em:
consultado a 12/11/2018 às 15:48
«http://www.domussocial.pt/sinalizacao-de-ilhas»,

25
É interessante compreender como este universo oculto das ilhas pode ser tão vasto.
Todas estas variáveis conduzem a outras reflexões pertinentes, nomeadamente de que modo
as ilhas se abrem ou fecham para a cidade… ou mesmo os sistemas construtivos mais usados
e as principais patologias encontradas a esse nível. Este diagnóstico revela-se bastante
pertinente uma vez que permite retirar conclusões sobre como se deve agir no futuro em
termos de materialidade e de soluções construtivas, com o objetivo de melhorar as condições
de salubridade destas construções.

Depois de sintetizados os critérios de avaliação e intervenção, parte-se para a análise


de três casos de referência (de reabilitação de ilhas) permitindo retirar conclusões sobre quais
as opções adequadas (e menos adequadas) das intervenções, tendo em conta a nossa
perspetiva, construída ao longo dos capítulos anteriores.

Por último, como demonstração de uma leitura final, segue-se o caso de estudo - Ilha
nº52 da rua das Antas -, no qual são vertidas as ideias chave retiradas ao longo da
investigação.

Em suma, este trabalho exigiu uma pesquisa de campo incessante, tendo sido possível
adquirir e vivenciar o verdadeiro ambiente destes núcleos habitacionais ímpares. O contato
com a realidade das ilhas, e com quem as habita, foi uma experiência enriquecedora não só
para o trabalho, mas acima de tudo a nível pessoal. As ilhas exigem um habitar mínimo,
onde não há espaço para o desnecessário.

Estrutura

Este trabalho de investigação estrutura-se em três momentos fundamentais,


conformados em capítulo, que pretendem dar resposta às questões levantadas.

O primeiro divide-se em três tópicos: o Ontem, o Hoje e o Amanhã. O Ontem


pretende expor a origem e a evolução das ilhas, bem como os seus valores no âmbito do
património. O Hoje pretende destacar qual o estado atual das ilhas na cidade do Porto - a
sua caraterização - e da própria cidade. Por último, o Amanhã tem como objetivo dar a
conhecer as intenções desta investigação face ao futuro das ilhas visando a sua salvaguarda.

Nesta sequência, o segundo capítulo é constituído por casos de referência,


nomeadamente: Ilha da Bela Vista, ilha rua de S.Victor, nº172 e ilha na rua de S.Victor,
nº113. Todos estes casos são analisados tendo em conta os valores patrimoniais levantados

26
no primeiro capítulo e toda a investigação por nós realizada sobre as ilhas. Estes
conhecimentos permitem, assim, aferir se a intervenção nas ilhas referidas foi bem executada
e se levaram a cabo um conhecimento e consequente intervenção consciente. Em síntese,
com a análise destes três casos de referência é pretensão interpretar se os valores patrimoniais
foram preservados e qual a estratégia utilizada para adequar a ilha aos dias de hoje.

Por fim, no último capítulo, no sentido de ilustrar todo o estudo e investigação


inerentes a este trabalho, centramo-nos no projeto de reabilitação da ilha na rua das Antas,
nº52, em Campanhã. Este momento pretende espelhar qual o caminho para uma reabilitação
assertiva e consciente, onde o património é salvaguardado e potenciado. Este capítulo integra
ainda o diagnóstico e a explicação da proposta de intervenção.

27
1
AS ILHAS DO PORTO
o ONTEM, o HOJE e o AMANHÃ

28
29
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]

30
1. As ilhas do Porto

Dividimos o presente capítulo em três momentos distintos, relacionando-os


diretamente através de uma linha temporal contínua, como sendo:

1. o Ontem: tal como o próprio nome sugere, é uma evocação ao passado. É feita
uma contextualização histórica das ilhas, salientando a sua origem e evolução até aos dias
hoje, bem como, os seus valores patrimoniais que, de certa forma, são indissociáveis do seu
progresso.

2. o Hoje: representa o período Pós-SAAL – desde a década de 70 do século XX à


contemporaneidade. Com o intuito de refletir sobre a realidade das ilhas no espaço temporal
referido, analisamos os modos de habitar [n]uma ilha através da sua caraterização e
diversidade ao longo do território portuense, sobre diferentes níveis: tipológico, percursos,
tipos de entrada, espaços de transição e construtivo. São ainda apresentados, neste contexto,
relatos da situação atual de algumas ilhas, visando proporcionar uma leitura mais clara da
matéria em questão.

3. o Amanhã: corresponde à descrição daquilo que é a nossa visão relativamente ao


que deveria ser o futuro das ilhas, sempre à luz do seu passado e do estado atual das mesmas.
São expostas as ações de intervenção que garantem a salvaguarda das ilhas no futuro através
da sua preservação na malha urbana portuense.

A conformação do presente capítulo nestes três momentos tem como principal


objetivo gerar uma linha de raciocínio coesa para que seja possível compreender o percurso
desta tipologia de habitação no tempo, esquematizando-o:

o ONTEM - Interpretação do passado

o HOJE - Diagnóstico do presente

o AMANHÃ – A nossa visão/proposta para o futuro

31
32
1.1. o Ontem

Acreditamos que a leitura e a compreensão do passado temporal é uma premissa


fundamental para podermos refletir sobre o futuro. Recuamos no tempo para entender o
surgimento das ilhas e, comparando a sua arquitetura ao Homem: as histórias que viveu, as
pessoas com quem se relacionou, os tempos políticos e culturais com que se cruzou…, são
decisivos para a personalidade que apresenta hoje.

Assim sendo, a interpretação d’o Ontem, é o ponto de partida para o reconhecimento


do seu valor e daquilo que as mesmas representam no tempo e no espaço da cidade do Porto.

As ilhas ilustram um capítulo importante da história da cidade portuense no que diz


respeito aos vários sistemas urbanos: histórico, cultural, económico e social. É pertinente
mencionar que as alterações políticas e económicas têm o poder de gerar novos contextos
sociais e consequentemente novas necessidades e arquiteturas. Foi neste registo que as ilhas
surgiram. Fruto de uma crise habitacional relacionada com a industrialização portuense
agravada na segunda metade do século XIX, as ilhas tornaram-se um ícone da malha urbana,
dada a sua singularidade tipológica e proliferação frenética.

“O período de 1880 a 1940 correspondeu em Portugal, e na maior parte dos países europeus, à
consciência plena da crise habitacional nas cidades e à elaboração de estratégias para resolver o
problema da habitação das famílias de baixos recursos.” (Manuel C. Teixeira, 1992:65)

E tal como é relevante o conhecimento da origem das ilhas, é igualmente


determinante refletir sobre os planos e estratégias que emergem ao longo dos anos e
consequente impacto na evolução das ilhas e na vertente social das cidades.

Também, este momento dedicado ao Ontem tem como finalidade transmitir a ideia
de que aliada à origem e evolução das ilhas estão os valores das mesmas. As ilhas são um
tipo de construção singular que apresenta uma série de valores importantes no âmbito do
património construído. Valores estes que devem ser identificados de forma clara, para que,
consequentemente possam ser corretamente preservados e protegidos.

33
[Origem e evolução]

Em Portugal, o processo de industrialização, no século XIX, acarretou uma série de


consequências relevantes, das quais é importante sublinhar, a emigração de pessoas do meio
rural para a cidade. Com efeito, este aumento súbito de população nos centros urbanos – no
presente caso, na cidade do Porto – desvia a possibilidade de acesso a habitação condigna a
uma grande maioria da população mais fragilizada economicamente. O crescimento
demográfico foi de tal forma repentino, que a construção de novas habitações não
acompanhou o ritmo desejável.2

Foi assim, neste contexto, que proliferaram as ilhas!3

“A saturação das zonas habitacionais mais pobres e degradadas e a crescente procura de habitação de
baixo custo levaram à construção de novas habitações como único meio de proporcionar alojamento
aos trabalhadores. No Porto, estas novas habitações tomaram a forma de ilhas.” (Manuel C. Teixeira,
2018:26)

As ilhas estão associadas ao conceito de habitação operária, uma vez que


correspondem à principal forma de habitar do proletariado face à proliferação das indústrias
na cidade portuense.4

Usualamente, as ilhas são


caraterizadas como um conjunto de
habitações de área reduzida –
aproximadamente 16m2 – e apresentam uma
organização de uma ou mais fileiras
associadas a um corredor estreito que
permite o acesso a essas mesmas habitações
e às instalações sanitárias, exteriores e
comuns a todos os moradores. Regra geral,
Fig.1 – Ilha nº 341 da Rua Miguel Bombarda em 1914.
estes núcleos habitacionais encontram-se

2
“Entre 1838 e 1864 a população do Porto aumentou 46%, uma taxa de crescimento superior ao crescimento natural da
população. Isto ficou a dever-se à imigração para a cidade, motivada pelo seu desenvolvimento industrial.” (Manuel C.
Teixeira, 2018:25)
3
De facto, contrariamente ao que normalmente é proferido, as ilhas não surgiram como consequência desta
crise habitacional de meados do século XIX. Há um livro do padre Agostinho Rebelo da Costa do século XVIII,
mais precisamente em 1789 onde já há referência às ilhas - ver anexo 1
4
E por este mesmo motivo, “(…) as maiores concentrações de ilhas situavam-se nas proximidades de importantes zonas
industriais.” (Manuel C. Teixeira, 2018:28)

34
discretamente localizados no tardoz das casas burguesas cujo acesso à ilha é feito pela
fachada das mesmas.

Tal como Alexandre Alves Costa sintetiza, o “próprio nome «ilha» índica a
segregação dos moradores em pequenas unidades isoladas.” (Alexandre A. Costa, 2002:9)

Nesta sequência, faz sentido dar a conhecer os esquemas de Manuel C. Teixeira sobre
as tipologias mais convencionais das ilhas. É, no entendo, fundamental reforçar que o
esquema organizativo está relacionado com a configuração do lote onde as mesmas se
inserem. Por esse motivo, como veremos, a diversidade tipológica é grande. Os esquemas
que seguem ilustram apenas as tipologias mais comuns, que estão diretamente relacionadas
com os caraterísticos lotes estreitos da cidade portuense5. Assim,

“Para além das características sociais e económicas do seu desenvolvimento, a forma das ilhas foi
também determinada pelas condições espaciais existentes, nomeadamente os longos e estreitos lotes
urbanos do Porto em que a maior parte das ilhas foram construídas e que deram origem ao tipo de
ilha.” (Manuel C. Teixeira, 2018:11)

Fig.2 – Principais tipos de ilha.

5A origem deste tipo de lote estreito foi posterior à passagem dos Almadas pela cidade. “Na segunda metade do
século XVIII, os governadores do Porto – João de Almada e seu filho, Francisco de Almada e Mendonça, que governaram
a cidade, ininterruptamente, de 1757 a 1804 – projectaram e levaram a cabo um conjunto de obras públicas destinadas a
estruturar as principais linhas do futuro desenvolvimento urbano do Porto.” (Manuel C. Teixeira, 2018:95). Neste contexto,
após a passagem dos Almadas surgiram então os reconhecidos lotes do Porto. Estes lotes portuenses surgiram
em áreas expropriadas ou onde não havia qualquer tipo de lote, e, caraterizam-se pela sua largura de 5,5 a 6
metros e profundidade variável. O objetivo principal desta opção de estruturar a malha urbana do Porto teve
como principal objetivo “(…) aumentar o número de edifícios por rua, a um custo reduzido por unidade” (Nuno Ferreira,
Manuel J. M. Rocha., 2013:193). A rua de S.Vítor na freguesia do Bonfim, por exemplo, é uma rua marcada por este
tipo de lotes e, consequentemente, marcada pelas tipologias mais convencionais de ilhas. Assim sendo é
indiscutível que a “forma típica das ilhas baseava-se nas dimensões e na regularidade de loteamento características das
áreas de expansão urbana do final do século XVIII e adoptadas ao longo do século XIX.” (Manuel C. Teixeira, 2018:344).

35
“Verifica-se, assim, a inexistência de um padrão único de desenvolvimento espacial das ilhas. Elas
podiam ser construídas em parcelas de terreno estreitas ou largas (conforme se tratava de um único
lote ou de dois ou mais lotes urbanos), podiam ocupar todo o lote ou situar-se nas traseiras de casas
burguesas situadas à face da rua. A forma básica das ilhas adaptava-se facilmente a todas estas
situações.” (Manuel C. Teixeira, 2018:198)

Com efeito, verifica-se a inexistência de um padrão tipológico. No entanto, mesmo


na sua ausência, todas as ilhas, independentemente do seu esquema organizativo, são
construções singulares cuja essência e identidade, é transversal a todas.

“As «ilhas» não tinham qualquer relação formal com anteriores tipos de habitação, quer rural, quer
urbanas. Elas eram uma forma de habitação específica, desenvolvida para satisfazer a procura de
habitação barata por parte das classes trabalhadoras.” (Manuel C. Teixeira, 1992:67).

Neste contexto, é interessante revelar que as ilhas, em termos formais, apresentam


algumas semelhanças com habitações, igualmente operárias, de algumas cidades em
Inglaterra.6

“Em termos da forma que revestiu a habitação da classe trabalhadora, o Porto tem maiores afinidades
com as cidades industriais inglesas, onde se verificam semelhanças entre os tipos de habitação para a
classe trabalhadora aí construídos e as ilhas.” (Manuel C. Teixeira, 2018:48)

Porém, as semelhanças são unicamente ao nível da forma, e nesse sentido, as ilhas


não deixam de ter o seu caráter singular na medida em que “na maior parte dos aspectos –
cronológica, económica e socialmente -, os processos de desenvolvimento industrial do
Porto e da maioria das cidades inglesas pouco tiveram em comum (…)” (Manuel C. Teixeira,
2018:49) Sendo que, não deixa de ser “surpreendente encontrar afinidades entre formas de
habitação operária construídas (…) em locais tão diferentes.” (Manuel C. Teixeira, 2018:49). Mas
o facto é que, “mesmo que tenham sido inspiradas em modelos estrangeiros, as ilhas
nasceram de um complexo conjunto de condições sociais, económicas e espaciais que eram
exclusivas do Porto.” (Manuel C. Teixeira, 2018:67)

Deste modo, as ilhas, juntamente com as vilas operárias, foram a primeira tentativa
de dar resposta à necessidade de alojamento de pessoas sem recursos económicos.7 “A ilha
foi construtora de uma identidade comum, espaço de resistência e socialização dos mais

6 “As ilhas apresentavam afinidades com o tipo de casas costas-com-costas construídas em muitas cidades industriais
britânicas – por exemplo, Leeds, Liverpool, Manchester, Bradford, Birmingham.” (Manuel C. Teixeira, 2018:49)
7
“A sua procura de habitação era bastante específica: os baixos salários que auferiam apenas lhes permitiam o acesso às
formas de habitação mais baratas que encontravam disponíveis (…) a pequena escala deste investimento apenas permitia a
construção de casas pequenas e de muito baixa qualidade, o que se adequa perfeitamente à procura (…) a procura existente
tinha de ser satisfeita com habitação barata e, inevitavelmente, de baixa qualidade.” (Manuel C. Teixeira, 2018:75)

36
pobres, elo de familiaridade e acolhimento para conhecidos e amigos.” (Isabel B. V., Paulo
Conceição (coord), 2015:7)

No entanto, importa mencionar que este tipo de habitação não garantia as condições
mínimas de salubridade.8 “As casas eram pequenas, deficientemente construídas e
insalubres, e muitas delas sobreocupadas.” (Manuel C. Teixeira, 2018:133)

“Até quase ao final do século XIX, a Câmara Municipal praticamente não se preocupava com o que
se passa para lá das fachadas das ruas e manteve-se basicamente indiferente às condições de vida das
pessoas que habitavam as ilhas. A Câmara limitava-se a controlar as construções que davam
diretamente para a rua ou, a partir de 1889, os edifícios implantados até cinco metros de distância
dela.” (Manuel C. Teixeira, 2018:198)

E, no final do século XIX, mesmo com a


criação de iniciativas que visavam a melhoria das
condições de salubridade da cidade portuense, estas
não chegaram a incidir sobre as ilhas.

“Apesar da publicação de nova legislação e das


acções promovidas pela Câmara a partir da década de
1880, que resultaram nalguma melhoria das
condições de salubridade da cidade e do seu conjunto,
as condições de vida nas ilhas não melhoraram. O
objectivo da Câmara era impedir a construção de
novas ilhas, mais do que melhorar as já existentes.”
Fig.3 – Fotografia do interior de um alojamento da
(Manuel C. Teixeira, 2018:199) uma ilha em 1960.

Mais tarde e no arranque das políticas habitacionais do Estado Novo, a habitação


para classes desfavorecidas foi alvo de investimento, nomeadamente com a promulgação de
legislação que permite Casas Económicas9. Todavia era ainda necessária uma resposta à
falta de condições de salubrização no âmbito das ilhas, pois estas continuavam a alojar uma
significativa percentagem da população local.

8
“As condições habitacionais degradantes, então existentes, derivavam da falta de salubridade e higiene urbana
(inexistência de saneamento, abastecimento de água e instalações sanitárias), constituindo grande parte desses alojamentos
focos de epidemias, como a tuberculose ou a peste bubónica (1899): «A tuberculose pulmonar é a maior praga do Porto
[...] pertencem-lhe 13% dos óbitos observados em 1900.»” (Fátima Matos. 1994:678).
9Casas económicas constituem um tipo de habitação que foi decretado pelo Estado com o intuito de alojar
pessoas cuja profissão estivesse associada ao regime. “Ainda em 1933 o governo cria o programa de habitação das
casas económicas (Decreto-Lei nº. 23 052, de Setembro de 1933). Os bairros de casas económicas eram compostos de
habitações unifamiliares, de um ou dois andares, independentes ou geminadas, cada uma com o seu próprio jardim.” (Manuel
C. Teixeira, 1992:79). Além disto, é relevante afirmar que este tipo de habitação surgiu com o objetivo de evitar
conflitos inerentes â habitação coletiva. Neste tipo de habitação era preservada a ideia de que o Homem
necessita da sua própria privacidade e isolamento, consequentemente, era pretendido que o modo de vida rural
fosse transportado para a cidade.

37
Neste contexto, são lançados dois importantes planos: o Plano de Salubrização (1956)
e o Plano de Melhoramentos para a Cidade do Porto (1956-1966). Estes planos procuravam
determinar que tipos de habitação não reuniam as condições mínimas de salubridade e,
consequentemente, apontar estratégias que visassem a diminuição do número dessas mesmas
habitações. Os dois planos referidos estão relacionados, sendo que o Plano de
Melhoramentos para a Cidade do Porto teve como ponto de partida os princípios e objetivos
gerais do Plano de Salubrização.

O Plano de Salubrização, datado de 1956, tinha como principal objetivo resolver a


falta de salubridade das ilhas (cerca de 12000 casas e 1000 ilhas, inventariadas em 1940)
num prazo máximo de 10 anos.

Contudo, “um programa desta envergadura excede largamente as possibilidades reais


da sua execução prática, mesmo no período considerado de dez anos.” (Câmara Municipal do
Porto, 1956:7)

Dada a impossibilidade de operar em todas as


casas das ilhas, foi estabelecida a regra de demolir apenas
a casa 3º, 6º, 9º (…) ou seja, as habitações ficavam
isoladas duas a duas. Com este critério as habitações
beneficiavam de mais uma fachada livre que por
conseguinte contribuía para uma maior ventilação e
iluminação natural. Além desta medida, era pretensão
implementar nestas habitações de “esgoto, saneamento
privativo, água e eletricidade.” (Câmara Municipal do Porto,
1956:7). Fig.4 – Esquema do Plano de Salubrização.

Embora todas estas ações fossem vantajosas no âmbito da melhoria das condições de
salubridade, mantinha-se um fator que não contribuía para essa melhoria: as dimensões
mínimas das habitações. E, neste contexto, a única solução plausível seria agrupar as
habitações duas a duas, com o senão da solução implicar uma futura construção do dobro
dos fogos.

No âmbito deste plano de salubrização, algumas ilhas sofreram transformações


dentro do pressuposto. Contudo, é conclusivo que a campanha de salubrização falhou. Não
só pela incapacidade ao nível da resposta construtiva nos 10 anos estipulados mas também
no âmbito da obrigação do realojamento das famílias que se viram obrigadas a abandonar as
suas casas que foram demolidas.
38
Em sequência, e conforme já referido, surgiu o denominado Plano de
Melhoramentos para a Cidade do Porto. Sucintamente, o plano foi “(…) organizado para
durar entre 1956 e 1966 (alargado por mais alguns anos posteriormente) e responsável pela
construção dos grandes bairros sociais da cidade que hoje conhecemos.” (Virgílio Borges
Pereira, 2003:139)

O Plano de Melhoramentos para a Cidade do Porto era visto como uma grande mais-
valia em termos urbanos pois previa a construção de cerca de 6000 fogos, bem como uma
série de espaços que visavam potenciar e descongestionar os centros das cidades e, claro,
acabar com todo o tipo de habitações insalubres, como é o caso das ilhas - ver anexo 2. Com
efeito, é relevante salvaguardar que estes planos foram elaborados tardiamente uma vez que,
a problemática já tinha sido detetada algumas décadas antes. É, também, importante ter a
consciência de que estas políticas tiveram pouco impacto no que diz respeito à resolução dos
problemas identificados. Porém, verificou-se um considerável impacto nas pessoas que se
viram obrigadas a abandonar as suas habitações e deslocadas para novos locais, muito longe
do seu registo diário, tal como o seguinte texto ilustra:

“A partir dos anos 1950, no âmbito do chamado Plano de Melhoramentos, cerca de 50 mil pessoas
foram compulsivamente desalojadas, expulsas para bairros periféricos e sujeitas a um terrível regime
de vigilância, sobretudo política, mas também moral.” (Ana A. Costa, Ana C. Costa, Sérgio Fernandez; 2019:26)

Variadas questões de âmbito social foram levantas, nomeadamente o


enraizamento.10 É compreensível que, ao longo do tempo, as famílias se apeguem ao lugar,
criem as suas rotinas com o lugar, laços com o lugar e claro, com as pessoas desse mesmo
lugar. E isto é lógico, a partir do momento em que são forçadas a abandonar o seu lar e tudo
o que construíram11, perdem o direito não só ao lugar mas também à própria cidade.

10
O enraizamento, tal como próprio conceito sugere, significa estar fixo pelas raízes. E é mesmo isto, parte da
população portuense tinha fixado as suas raízes em determinadas zonas, em determinadas ilhas, criando laços
com a vizinhança e com o próprio lugar. E o facto dos planos referidos colocarem em causa a permanência
dessas pessoas, o conceito de enraizamento surgiu. Aliás, com a construção de bairros com melhores condições
de vida comparativamente às ilhas, era dedutível que os moradores das ilhas ficassem satisfeitos com a
mudança para os mesmos. Contudo, isso nem sempre aconteceu. Muitas famílias recusaram-se a deixar o seu
lugar de origem, isto é, recusaram-se a desenraizar. Sendo importante mencionar que o mesmo veio a acontecer,
posteriormente, com o processo SAAL.
11
O verbo construir, neste contexto, não se refere somente ao sentido literal da ação mas também, a um lado
imaterial do que o mesmo significa. Utilizando as palavras de Martin Heidegger “(…) só chegamos ao habitar
através do construir.” (Martin Heidegger, apud, João M. A. Correia, 2001:9). Deste modo, a presente nota pretende
esclarecer que só habitamos verdadeiramente um lugar quando construímos nele, e esta construção revela-se
muitas das vezes intangível. As pessoas construem laços com a vizinhança e com o próprio lugar, construem
rotinas… e tudo isso é habitar o lugar. Daí só habitarmos os espaços se construirmos primeiro, material ou
imaterialmente.

39
O facto de as famílias terem de trocar as habitações no centro urbano – com
proximidade ao local de trabalho e aos serviços básicos – pela periferia, diminuiu a
possibilidade de conseguirem desenvolver a vida compatível com os seus hábitos pesando
na decisão da mudança.

Apesar da relevância destas questões, os dois


planos contribuíram para um passo vantajoso na
cidade: com a elaboração de estudos e inventários
sobre da falta de condições de salubridade nas
habitações, foi demonstrado o interesse e a
preocupação sobre a realidade em causa que,
infelizmente, era mais comum do que se julgava.
Desta forma, a existência dos planos, e toda
investigação inerente aos mesmos, foi sem dúvida
um passo importante nesta luta infinda. E, apesar dos
planos terem fracassado é sempre possível retirar
conclusões sobre o que podia ter sido diferentes, e
Fig.5 – Notícia do Jornal de Notícias na segunda
isso, por si só, constituiu-se como um bom ponto de metade do século XX.

partida.

Após o Plano de Melhoramentos para a cidade do Porto, no final da década de 70,


seguiu-se o 25 de Abril de 1974. E com esta revolução o governo continuou a preocupar-se
com as questões habitacionais e, em tal contexto, surgiu o processo SAAL12.

“No Porto, o SAAL contrariará a lógica de um urbanismo programado, pré-definido e de modelos,


onde os efeitos do desenraizamento da população do seu local de residência primitiva não eram tidos
em conta como acontecia em Lisboa, por exemplo. No Porto, o SAAL pretendia erradicar as barracas,
os bairros de lata e todas as formas de alojamento precário, onde se inseriam as ilhas, através de um
urbanismo participativos, de apoio e não de imposição, em que os futuros utilizadores do espaço, a
comissão de moradores poderiam participar na discussão sobre o projeto a realizar.” (Isabel Vázquez;
Paulo Conceição (coord.). 2015:15)

É conclusivo que todas as suas problemáticas sociais, económicas, políticas (…)


influenciam diretamente a arquitetura, e esta, tem como objetivo basilar responder às

12 O processo SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) constitui um programa estatal lançado pelo

arquiteto Nuno Portas que tinha como principal objetivo de realojar pessoas com baixos rendimentos. O
programa SAAL é visto como um caso único na cultura arquitetónica portuguesa pois conseguiu impulsionar
diversas mudanças na forma de pensar a arquitetura incluindo o empenho e a participação das populações na
construção da sua habitação. O SAAL distingue-se de outros processo pelo ser caráter social e pela proximidade
com os moradores. O conceito de participação, neste âmbito é fundamental.

40
necessidades impostas pela sociedade ao longo dos tempos. É como se a arquitetura
evoluísse com os problemas que encerra. Conforme a arquitetura vai dando resposta a
determinadas necessidades, surgem de seguida novas exigências e a procura de novas
soluções que se tornam incessantes. Neste cenário, é importante compreender que as ilhas
surgiram para dar resposta a uma crise habitacional. E atualmente constituem um capítulo
importante da história portuense uma vez que têm a capacidade de ilustrar como é que se
vivia no Porto na segunda metade do século XIX. As ilhas são uma forma de habitar que marcou
de forma incontornável os finais do século XIX, “(…) em 1832 existiriam 200 ilhas com mais
ou menos 8000 habitantes; em 1899, as ilhas reuniam 30% da população.” (Virgílio Borges
Pereira, 2003:141). Contudo, é importante salvaguardar que a arquitetura não responde às
necessidades de forma autónoma, muitas das vezes é a própria política que impulsiona a
resposta arquitetónica.

Tanto as ilhas, como todas as construções de caráter social, são pedaços de cidade
que estimulam diferentes formas de habitar. E, por isso, devem fazer parte da cidade e
interagir com a mesma. Contudo, verificamos que, atualmente, a sociedade caminha para
um conceito de individualidade e não de comunidade13 que deve ser contrariado. É, por isso,
extremamente importante compreender de que formas as ilhas coexistiram com a cidade
portuense ao longo dos tempos. Todo este caminho desde meados do século XIX permite
aferir que as ilhas foram e continuam a ser um órgão elementar neste grande organismo que
é a cidade e a vida urbana. Tal como a seguinte cronologia pretende demonstrar, as ilhas
fazem parte da história da cidade do Porto e não se constituíram como algo efémero. O
esquema pretende demonstrar o impacto das ilhas na cidade e permite refletir sobre as
consequências que este impacto teve na malha urbana portuense.

13
Uma prova simples deste pensamento individualista é o ser humano cada vez mais sentir a necessidade de
se isolar, o que demonstra que a sociedade caminha num sentido de individualismo e de uma má privacidade.
Concluindo que a sociedade resvalou duma visão antropocêntrica para uma dominância ‘individuocêntrica’
(Cfr. Paulo Ferreira de Cunha, 1995), perspetiva esta que se revela um desafio para aos arquitetos hodiernos.

41
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42
Cronologia (Fig.6)

Nº HABITANTES DA CIDADE
DO PORTO

1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
89 349 habitantes 110 707 habitantes 146 454 habitantes 165 729 habitantes 191 890 habitantes 202 310 habitantes 229 794 habitantes 258 548 habitantes 281 406 habitantes 303 424 habitantes 301 655 habitantes 327 368 habitantes 302 472 habitantes 263 131 habitantes 237 591 habitantes

1832 1885 1899 1909 1929 1939 2014


200 Ilhas 531 Ilhas 1 048 Ilhas 1 200 Ilhas 1 301 Ilhas 1 153 Ilhas 957 Ilhas
8 000 habitantes 19 460 habitantes 50 000 habitantes 50 000 habitantes 50 000 habitantes 43 243 habitantes 10 400 habitantes

Nº DE ILHAS E DE
HABITANTES NAS ILHAS DA
CIDADE DO PORTO
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[Património e valores fundamentais]

“As ilhas do Porto são o último vestígio da cidade industrial que se desenvolveu nos
interstícios da outra cidade, mercantil e monumental.” (Rui Moreira apud Fernando M. Rodrigues
e Manuel C. Silva, 2015:11). Com base no descrito sobre a origem e evolução das ilhas, é possível

concluir que estas foram, sem dúvida, um tipo de construção singular que marcou um
capítulo importante da história do Porto. Dado todo a simbolismo e peculiaridade destes
núcleos habitacionais e o facto de
estarem no imediato associados somente
à cidade portuense, faz com que as
próprias ilhas sejam parte da identidade
do lugar, e, de certa forma, o
representem. Nesta sequência, foi
depreendido que as mesmas podem ser
consideradas património14, ou mesmo,
património cultural15, facilmente
subdividido em património
arquitetónico e património urbano.16 Fig.7 – Fotografia de uma ilha em 1960.

De uma forma sucinta, o património arquitetónico está associado a construções


ícones ou marcos na história da arquitetura. Engloba construções representativas de uma
determinada época, ora pelo estilo arquitetónico que representam, ora pelo sistema

14
Património, enquanto conceito abrangente, pode ser definido por um conjunto de bens que o homem adquire
do passado e é transversal a toda a humidade. Estes bens podem corresponder a criações da natureza ou a
criações do próprio Homem. ”O património é uma realidade, um bem da comunidade e uma valiosa herança que pode
ser legada e que convida ao nosso reconhecimento e à nossa participação.” (ICOMOS; apud; Helena Barranha, 2016:26).
15
Para completar a definição de património cultural: “O património cultural constitui um conjunto de recursos
herdados do passado que as pessoas identificam, independentemente do regime de propriedade dos bens, como reflexo e
expressão dos seus valores, crenças, saberes e tradições em permanente evolução. Inclui todos os aspetos do meio ambiente
resultantes da interação entre as pessoas e os lugares, através do tempo.” (Conselho da Europa, 2005; apud; Helena Barranha,
2016:29).
16
Seguem-se duas citações que foram fundamentais para a conceção deste capítulo (património arquitetónico
e património urbano): “Por património arquitetónico entende-se (…) o conjunto das estruturas físicas (os edifícios ou
estruturas construídas e seus componentes, os núcleos urbanos e seus componentes, as paisagens e seus componentes) às
quais determinado indivíduo, comunidade ou organização reconhece, num dado momento histórico, interesse cultural e ou
civilizacional, independentemente da natureza dos valores em que esse interesse radique, designadamente: valor
arquitectónico (artístico, construtivo, funcional), valor histórico ou documental, valor simbólico e valor identitário” (IHRU,
IGESPAR, 2010; apud; Helena Barranha, 2016:35,36). Por outro lado, “Por património urbano entende-se um “Conjunto de
paisagens, aglomerados, edifícios, objectos e saberes que apresentam um interesse relevante do ponto de vista da história
e do desenvolvimento das cidades.” (European Heritage Network, p.51; apud; Helena Barranha, 2016:41).

45
construtivo, ou até mesmo pelo seu autor.17 Todavia, neste contexto, é importante reter a
ideia de que o edificado não é apenas uma mera construção, este têm, na verdade, o poder
de contar uma história. Quando se analisa um determinado edifício conseguimos
compreender como é que as pessoas o contruíram, como se relacionavam com a própria
construção, quais as condições de vida, entre outros.

Em síntese, o edificado tem o poder de


passar uma mensagem, e quando essa mensagem é
relevante e constitui um capítulo importante na
história da arquitetura e do Homem, este deve ser
considerado património cultural – neste caso,
património arquitetónico e património urbano.

“As «ilhas» não tinham qualquer relação formal com


anteriores tipos de habitação, quer rural, quer urbanas. Elas
eram uma forma de habitação específica, desenvolvida pra
satisfazer a procura de habitação barata por parte das classes

Fig.8 – Ilha nº109 da rua de S.Victor. trabalhadoras.” (Manuel C. Teixeira, 1992:67)

Assim, as “ilhas” do Porto devem ser efetivamente vistas como património cultural
– arquitetónico e urbano – uma vez que são construções que marcaram uma determinada
época da história da cidade do Porto e permitem tirar uma série de conclusões relevantes
acerca dessa mesmo tempo: em termos históricos, económicos, políticos, sociais e culturais.
De facto, quando se analisa e interpreta uma ilha, é possível inferir alguns aspetos como: as
condições de salubridade, os reflexos do caos da revolução industrial local, as assimetrias
sociais e, principalmente, o tipo de relações sociais inerentes à época, tal como afirma a
seguinte autora: “Encravada nas traseiras de um portão nas ruas da cidade, a ilha é memória,
mas ao mesmo tempo experiência viva daquilo que constitui o próprio homem: as suas
relações sociais.” (Aline C.T. Cunha, 2010:3)

17
O Homem, enquanto arquiteto, tem o poder de conceber marcos para a história da arquitetura. Ser arquiteto,
é entender que o Homem tem a possibilidade de introduzir no quotidiano as mais diferentes opções formais e
com isso, influenciar o modo das pessoas estarem nos próprios lugares e na vida. Em tal contexto, é pertinente
evocar o exemplo de Raul Lino associado à “casa portuguesa”. Raul Lino, influenciado por um tipo de
arquitetura alemã, foi um protagonista na história da arquitetura nacional pois trouxe a terreiro uma série de
princípios e opções formais que revolucionaram a forma como se via a arquitetura em Portugal, assumindo a
casa de Cipreste como uma compilação genuína de todos os valores que Raul Lino defendia. Em síntese, Raul
Lino é um nome inevitavelmente associado à história da arquitetura portuguesa e constitui uma prova de como
os edifícios podem ser considerados ícones quando produzidos por autores com uma visão singular da área
disciplinar.

46
Relativamente aos valores fundamentais18 de âmbito patrimonial, as ilhas são um tipo
de construção que integra:

- Valores sociais, inerentes ao espírito de comunidade;

- Valores históricos/documentais, pelo seu marco na história da cidade;

- Valores significativos, uma vez que são um tipo de construção caraterístico da


cidade portuense;

- Valores arquitetónicos, pela singularidade tipológica;

- Valores culturais, por ilustrarem a forma de habitar e as relações sociais da época;

- Valores emocionais negativos, devido à sua falta de condições de habitabilidade


aliadas à inevitável degradação. Fruto da ação do tempo provocam uma reação emocional
negativa a quem observa.

Para além dos referidos, as ilhas, são construções dotadas de grande autenticidade e
de identidade19.

Um dos objetivos desta investigação passa por compreender exatamente de que


forma é possível construir no construído, sem colocar em causa os valores fundamentais das
ilhas do ponto de vista patrimonial. Reconhece-se, assim, a necessidade da salvaguarda e
preservação deste tipo de construção singular.

“O património, sob todas as suas formas, deverá ser preservado, valorizado e transmitido às gerações
futuras enquanto testemunho da experiência e das aspirações humanas, de forma a fomentar a
criatividade em toda a sua diversidade e a inspirar um diálogo genuíno entre as culturas”.
(UNESCO,2001; apud; BARRANHA, Helena, 2016:27)

18
“(…) a identificação e a conservação do património pressupõem um processo de selecção de valores (...)”. Estes valores
depois de identificados devem funcionar como “(…) critérios fundamentais, ,não apenas para o estudo e o inventário
do património mas também para as diferentes metodologias de intervenção .” (Helena Barranha, 2016:43). De facto, a
identificação destes valores, presentes na ilha, permite determinar corretamente os critérios de intervenção, e
consequentemente ajuda a decifrar quais as ações adequadas a implementar a neste tipo de construções.
19
Os valores fundamentais inerentes ao património, nomeadamente a identidade e a autenticidade são dois
conceitos que consideramos presentes nas ilhas do Porto. Por definição: “Identidade: entende-se como a referência
colectiva englobando, quer os valores actuais que emanam de uma comunidade, quer os valores autênticos do passado”.
(Conferência Internacional sobre Conservação (2000) Carta de Cracóvia. Princípios para a conservação e restauro do
património construído, Anexo – Definições, apud, Helena Barranha.2016:44). Por outro lado, “o significado da palavra
autenticidade está intimamente ligado à ideia de verdade: autêntico é o que é verdadeiro, o que é dado como certo, sobre o
qual não há dúvidas. O edifício e lugares são objetos materiais, portadores de uma mensagem ou de um argumento cuja
validade, no quadro de um contexto social e cultural determinado e de sua compreensão e aceitação pela comunidade, os
converte em património.” (ICOMOS-Brasil (1995) Carta de Brasília. Documento Regional do Cone Sul sobre autenticidade
[adaptado], apud, Helena Barranha.2016:48). De facto, esta autenticidade das ilhas deve-se essencialmente ao facto
das ilhas serem um tipo de construção que surgiu e evoluiu de forma genuína até aos dias de hoje. Sem projetos,
sem planeamentos (…) as ilhas surgiram com base nas necessidades da população.

47
De facto, quando falamos de património está subentendida uma intenção de garantir
a existência e permanência dos objetos no tempo e no espaço. E, independentemente do tipo
de valores e de tipo património, é transversal a todos a necessidade de salvaguardar, proteger,
valorizar, preservar.

É relevante reportar que cada ilha tem a sua própria personalidade e por isso devem
ser salvaguardados alguns tópicos que são transversais a todas, como sendo: o ambiente de
partilha, a tipologia incomum que proporciona um escasso tipo de relações sociais, entre
outros.

Por último, importa refletir que, o ser humano, hoje, tem a oportunidade de construir
património para o futuro. Tal como Álvaro Siza sugere: “Aos arquitetos compete, se tal lhes
for permitido, preservar património tanto como criá-lo; sempre assim aconteceu – com ou
sem arquitetos.” (Álvaro Siza. 2009; apud; Helena Barranha. 2016:17). E neste caso, tendo como base
o tema das ilhas, “talvez seja hora de tomar em conta aquilo que as pessoas querem e o que
precisam, e talvez não sejam casas novas, mas melhoramentos no conforto e salubridade das
que existem.” (Luís Pacheco, apud, Margarida Wellenkamp, 2004:44). De facto, um dos grandes
desafios do arquiteto reside nesta questão de fazer evoluir o património. E, quanto às ilhas,
para uma salvaguarda e preservação do património assertivas, é extremamente necessário
um diagnóstico do estado atual destas construções no tecido da cidade do Porto, conforme
refletiremos no subcapítulo seguinte.

48
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49
50
1.2. o Hoje

Hoje20, as ilhas ainda são uma forma de habitar. A cidade do Porto funciona como
uma espécie de arquipélago que engloba um número desmesurado das mesmas. Existem
cerca de 957 ilhas na cidade portuense e, neste contexto, importa ter conhecimento de que
nem todas se relacionam com o território da mesma forma, embora a identidade e a
autenticidade sejam alguns dos valores transversais a todas.

“Hoje, as ilhas do Porto estão integradas na cidade, são património da cidade, são identidade e
referência de um habitar dentro da cidade. Participam da construção dos valores sociais e culturais
que nos servem de referentes histórico-estruturais numa época mais inclusiva e globalizada” (Fernando
M. Rodrigues, 2014:15).

Neste capítulo, caraterizamos as ilhas segundo os seguintes parâmetros: tipológico;


percursos; tipos de entrada; espaços de transição; construtivo (incluindo patologias).

Com o intuito de atribuir a este trabalho de investigação, um caráter mais humano e


social onde fique devidamente registado o contato com a realidade das ilhas, foi criado um
tópico no presente capítulo, que contém a descrição de algumas ilhas, histórias proferidas
pelos respetivos moradores e ainda uma notícia atual sobre a temática em questão. Este
momento da investigação foi conseguida através do testemunho dos moradores e das
incessantes visitas às ilhas. A pertinência desta abordagem deve-se ao facto de ao longo do
trabalho ser defendida a ideia de que arquiteto tem uma missão social, missão de saber ouvir
e interpretar as pessoas, pois, só assim, é verdadeiramente possível responder às suas
necessidades por meio da arquitetura.

Por último, o capítulo d’o Hoje encerra com a análise e diagnóstico do estado atual
das ilhas na cidade do Porto. Este diagnóstico foi feito com base em dados estatísticos
referentes ao início do século XXI. Salientando que a interpretação da informação referida
constituiu um forte ponto de partida para a procura de uma intervenção assertiva no que diz
respeito ao futuro das ilhas.

20
Tal como já foi mencionado anteriormente, o termo “hoje”, neste contexto, corresponde ao espaço temporal:
pós-SAAL (1976) até aos dias de hoje. Este espaço temporal torna-se pertinente uma vez que o processo SAAL
foi uma operação de extrema importância no âmbito da habitação no nosso país.

51
[Compreensão da Arquitetura e dos modo de habitar (n)uma ilha]

A compreensão da arquitetura e dos modos de habitar [n]uma ilha só é completa se


tivermos presente a diversidade de ilhas na cidade do Porto. É relevante começarmos por
aclarar que existem vários tipos de ilhas, onde as principais variações são ao nível: da
entrada; do espaço de transição; da tipologia e do próprio percurso.21 A verdade é que
Manuel C. Teixeira já se ocupava de algumas destas questões no livro Habitação popular
na cidade oitocentista: as “ilhas” do Porto (1996 e 2018) onde demonstra, por exemplo, as
diferentes morfologias que espaços de transição podem tomar em apenas uma rua – Rua das
Antas (algumas delas atualmente demolidas) – ver fig.C do anexo 3.

De uma forma pragmática, esta leitura sobre a arquitetura das ilhas revela-se
fundamental uma vez que traz à discussão o facto das ilhas não se relacionarem com a cidade
da mesma forma. Para uma abordagem mais completa do tema, surgiu a ideia de fragmentar
os diferentes momentos espaciais, utilizando o método que Gordon Cullen aborda no seu
livro Paisagem urbana – a Visão serial22. E ainda, com o intuito de expor esta temática com
eficácia e, claro, com um cunho muito pessoal, foram visitadas a mais diferentes tipologias
de ilhas. Visitas essas que permitiram não só obter registos fotográficos23 e informações úteis
para a ilustração do tema mas, também, uma melhor interpretação desta realidade pelo
confronto em primeira pessoa.

21
Cfr A ideia de interpretar as ilhas desta forma foi vertida da obra Entre Manchester e los Angeles: As ilhas
e novos condomínios no Porto de Paulo Seixas (2008).
22
Visão serial é um conceito inerente ao livro paisagem urbana de Gordon Cullen. A visão serial é então uma
forma de comunicar e dar a conhecer um determinado espaço evidenciando momentos chave de todo um
percurso, fazendo corresponder em fotografias/desenhos a determinados pontos em planta. Assim sendo, visão
serial é então “O percurso de um extremo ao outro da planta a passo uniforme, revela uma sucessão de pontos de vista
(…) A progressão do caminhante vai sendo pontuada por uma série de contrastes súbitos que têm grande impacto visual e
dão vida ao percurso (…)” (Gordon Cullen, 2015:19). No caso deste subcapítulo, não há uma leitura total do percurso
de uma ilha mas sim de ‘frames’ isolados correspondentes a diferentes ilhas.
23
As fotografias têm o poder de reforçar a narrativa. E neste caso das ilhas, “A fotografia narra, discursa,
especifica, identifica objectos, espaços, intimidades, paixões e silêncios de pessoas vivas de memória e
identidade social e cultural.” (Fernando M. Rodrigues, 2014:9).

52
Entradas

O conceito de entrada está associado a uma atitude inicial. As entradas das ilhas
constituem assim o primeiro frame do núcleo habitacional. Quando estamos em contato com
a entrada, inicia-se não só a possibilidade de um percurso físico mas, igualmente e desde
logo, um processo de perceção, onde o ser humano começa por questionar o caráter público
ou privado do construído.

O tipo de entrada das ilhas está diretamente relacionado com a forma como as
mesmas se abrem ou fecham para o território e, por este motivo, o seu estudo revela-se
fundamental no âmbito do reconhecimento do tipo de relação: ilha – cidade.

Importa, assim, reconhecer que a presença ou ausência de uma porta de entrada numa
ilha, é um fator basilar para a determinação do caráter mais ou menos público ou privado da
mesma, bem como da sua maior ou menor abertura ou encerramento para a rua.

“De facto, as ilhas da cidade do Porto são narrativas espaciais que se abrem e fecham
das mais variadas formas ao resto da cidade.” (Paulo Seixas,2008:134).

De todas as ilhas visitadas, achamos relevante destacar quatro tipos de entradas24:

- Portão rural;

- Abertura na frente urbana;

- Moldura;

- Camufladas.

Nota: os exemplos elencados ao longo do capítulo são isso mesmo, apenas exemplos
convocados para a reflexão sobre o tema. Não correspondem, de forma alguma, ao total de
casos existentes.

24
As designações dos tipos de entrada que se seguem encontram-se explícitas no glossário da dissertação.

53
- Portão rural

Por norma este portão é metálico, tal como a própria denominação o sugere, é um
tipo de entrada alusiva à de uma habitação rural.

No nosso entender, esta relação com o meio rural pode fazer sentido se se recuar até
à própria origem das ilhas. As ilhas, de uma forma geral foram habitações operárias que
albergaram uma grande percentagem de pessoas que vieram do campo, do meio rural, para
a cidade em busca de novas oportunidades. Assim sendo, este tipo de portões pode ser
associado à identidade dos próprios moradores à época.

Como exemplos deste tipo de entrada temos as seguintes ilhas: ilha nº353 da rua de
Santos Pousada; ilha nº68 da rua de S.Victor; e ilha nº202/210 da travessa das Antas.

Fig.9 – Ilha nº353 da rua de Santos Fig.10 – Ilha nº68 da rua de S.Victor. Fig.11 – Ilha nº202/2010 da travessa
Pousada. das Antas.

- Abertura na frente urbana

Este tipo de entrada está geralmente associado a um espaço de transição de um


corredor delimitado pelas duas empenas das construções adjacentes, com o papel orientador
de ligação da rua aos alojamentos da ilha.

54
Manuel C. Teixeira denomina este tipo de entrada por “ilhas com acesso livre para a
rua” (Manuel C. Teixeira, 1992:150) o que é perfeitamente plausível uma vez que não há
porta/portão nem qualquer obstáculo que impeça a passagem.25

É pertinente, também, mencionar que o facto de existirem estas aberturas na frente


urbana não significa que o miolo da ilha seja mais visível para quem percorre a rua. Aliás,
muitas das vezes é o oposto, o percurso que se segue a este frame faz um desvio para a direita
ou para a esquerda e faz com que não haja contato visual com o interior da ilha, levando o
observador a pensar que tal abertura não leva a nenhum destino.

Por último, importa ter conhecimento que este tipo de entrada ocorre quando a casa-
mãe não ocupa toda a frente urbana correspondente à largura do seu lote. Sendo ainda
possível inferir que quando este tipo de abertura acontece, o mais provável é a ilha ter sido
construída na mesma altura que a casa burguesa. Tal como Manuel C. Teixeira explica:

“Quando a casa que dava para a rua não ocupava toda a frente do lote, a ilha podia ter acesso directo
à rua através de uma passagem descoberta situada ao lado do edifício da frente.” “A existência desta
passagem aberta significava, a maior parte das vezes, que a casa da frente e a ilha eram
contemporâneas.” (Manuel C. Teixeira, 2018:136)

Neste caso, destacam-se as seguintes ilhas: ilha nº214 e nº222 da rua de João de Deus
e a ilha nº128 da rua de 5 de Outubro.

Fig.12 – Ilha nº214 da rua de João de Fig.13 – Ilha nº222 da rua de João Fig.14 – Ilha nº128 da rua de 5 de
Deus. de Deus. Outubro.

25
Manuel Teixeira também ilustra este tipo de entrada no seu livro Habitação popular na cidade oitocentista:
as “ilhas” do Porto (2018). – ver fig.D do anexo 3.

55
- Moldura

A moldura é um tipo de entrada sem porta ou portão tal como o anterior. Com efeito,
esta moldura, tanto pode pertencer à fachada de uma casa, como a um simples muro. Neste
caso, é um tipo de entrada que induz à existência de algo para além do vão aberto para a rua.
A presença da moldura pressupõe desde logo a existência de algo por detrás da mesma.

“A solução mais usual nestes casos era a ilha construi-se em dois lotes, com duas filas de casas que
davam para um corredor central. A fachada que dava para a rua era constituída por uma simples parede em que
era aberta uma porta de acesso à ilha.” (Manuel C. Teixeira, 2018:136)26

A ilha nº170 e nº318 da rua de João de Deus e a ilha nº1 da rua de Gomes Freire são
exemplos deste tipo de entrada.

Fig.15 – Ilha nº170 da rua de João de Fig.16 – Ilha nº318 da rua de João de Fig.17 – Ilha nº1 da rua de Gomes
Deus. Deus. Freire.

- Camufladas

Neste tipo de entrada, a porta de acesso à ilha pertence à fachada da habitação que
faz parte da frente urbana. Esta acaba por ser o tipo de entrada onde o momento de quebra
entre público e privado é mais forte, uma vez que neste caso a ilha está totalmente
ocultada/camuflada.

26
Manuel Teixeira também ilustra este tipo de entrada no seu livro Habitação popular na cidade oitocentista:
as “ilhas” do Porto (2018). – ver fig.D do anexo 3.

56
Aos olhos de quem circula na cidade, estas ilhas passam completamente
despercebidas, dado que a sua entrada está perfeitamente integrada na composição do alçado
da casa-mãe. “A entrada para a ilha era, nestes casos, formalmente disfarçada por uma porta
já incluída na composição da fachada.” (Manuel C. Teixeira, 2018:136)

Nestes casos, a casa-mãe, apresenta então uma segunda porta que serve de acesso
independente à ilha.27

Como exemplos temos a ilha nº166 e nº172 da rua de S.Victor e a ilha nº570 da rua
da Póvoa.

Fig.18 – Ilha nº166 da rua de Fig.19 – Ilha nº172 da rua de S.Victor. Fig.20 – Ilha nº570 da rua da Póvoa.
S.Victor.

Em síntese, feitas as apresentações destas quatro entradas, é possível retirar algumas


conclusões importantes, que podem ser resumidas na seguinte sequência [da que mais se
isola para a que menos se isola face à confrontação com o espaço público da cidade]:
CAMUFLADAS > PORTÃO RURAL > ABERTURA NA FRENTE URBANA> MOLDURA NO MURO

Esta comparação foi feita em termos gerais salvaguardando que o grau de isolamento
da ilha para a cidade é também influenciado pela existência ou ausência de porta ou portão.
À partida, na presença de porta ou portão, a ilha fecha-se mais para a rua uma vez que coloca
um filtro/um obstáculo que impede o contato visual a quem passa pela mesma.

27
Manuel Teixeira também ilustra este tipo de entrada no seu livro Habitação popular na cidade oitocentista:
as “ilhas” do Porto (2018). – ver fig.E do anexo 3.

57
Espaços de transição

O espaço de transição corresponde à porção inicial do percurso pela ilha. E esse


percurso, dependendo da organização tipológica da ilha, é repleto de frames que sucedem a
entrada da ilha e antecedem o contacto com as casas da mesma. Neste contexto, dependendo
da tipologia da ilha, estes espaços de transição podem ter diferentes escalas, “(…) pois
enquanto numas a soleira coincide com a linha de entrada, noutras a soleira prolonga-se
desmesuradamente.” (Paulo Seixas, 2008:135).

Ao abordamos esta temática, não falamos apenas da relação entre a rua (público) e a
ilha (privado), pretendemos sim compreender de que formas os diferentes espaços de
transição inerentes às ilhas afetam o modo de adaptação do Homem ao espaço.

De uma forma sucinta, é o espaço de transição que se sucede à perceção da entrada.


Neste contexto, o ato de entrar e começar o percurso numa ilha é muito mais do que o
transpor uma passagem. É neste momento que as pessoas sentem verdadeiramente uma
“quebra” no âmbito da dicotomia: público/privado28. É dedutível, que esta quebra é superior
quanto mais isolada e oculta for a ilha. “A transposição da soleira de uma ilha é tanto mais
difícil quando maior é o ocultamento da ilha, a mimetização de privacidade da entrada e o
fechamento da mesma.” (Paulo Seixas, 2008:135).

Destacamos os seguintes tipos de espaços de transição29:

- Túnel;

- Entre muros/empenas/alçados;

- Soleira.

28 Nas ilhas é como se a sua soleira tivesse o poder de mudar a forma como o Homem sente o espaço . “ Esta

elasticidade da limiaridade entre o fora e o dentro nas ilhas da cidade do Porto activa todos os sentidos do estranho que ali
entra, tornando-o hesitante nos movimentos e consciente de estar num espaço que é comum, sem ser público nem privado,
num espaço em que pode entrar sem qualquer senha assim como ser posto fora só pelo facto de ter entrado. A soleira das
ilhas, na sua diversidade, é, assim, um não-lugar, que se sente como uma quebra.” (Paulo Seixas, 2008:135).
29
As designações dos tipos de espaços de transição encontram-se explícitas no glossário da dissertação.

58
- Túnel

Neste espaço de transição, a soleira é como se prolongasse. Este início de percurso


acaba por ser o mais intenso uma vez que há uma abstração total da envolvente pelo facto
da passagem ser feita por baixo da habitação contígua à via pública.

Esta passagem assume a forma de túnel pelo simples facto da casa mãe ocupar toda
a frente urbana e ocultar por completo a ilha construída nas suas traseiras. Por esse mesmo
motivo, a única forma de chegar ao tardoz da casa burguesa, isto é, aos alojamentos da ilha,
é atravessar a própria casa-mãe. Por norma, este tipo de espaço de transição está associado
ao tipo de entrada camuflada.

“Quando esta casa ocupava completamente a frente do lote, o acesso à ilha construída nas traseiras
fazia-se por meio de um túnel (…)” “A casa que dava para a rua era, habitualmente, uma habitação de vários
andares, onde, nalguns casos, residia o proprietário da ilha.” (Manuel C. Teixeira, 2018:135)

Como exemplo destes túneis temos as seguintes ilhas: ilha nº166 e nº172 da rua de
S.Victor e a ilha nº170 da rua de João de Deus.

Fig.21 – Ilha nº 172 da rua de Fig.22 – Ilha nº 166 da rua de S.Victor. Fig.23 – Ilha nº 170 da rua de João de
S.Victor. Deus.

- Entre muros/empenas/alçados

Este espaço de transição acontece quando a entrada não se faz por baixo de um
edifício, tal como os casos anteriormente referidos. O percurso da ilha, neste caso, é a céu
aberto e inicia-se paralelamente às habitações contíguas e pode ser delimitado por empenas,
59
muros ou ambos. Neste caso pode estar associado a todos os tipo de entrada, incluindo a
camuflada embora este último não seja muito comum, dado que exige que uma parte da
fachada da casa burguesa seja falsa.

Como exemplo temos as seguintes ilhas: ilha nº214 da rua de João de Deus, ilha nº34
da rua Gomes Leal, e por fim a ilha nº832 da rua João IV, conhecida como a ilha da Bela
Vista.

Fig.24 – Ilha nº214 da rua de João de Fig.25 – Ilha nº34 da rua Gomes Leal. Fig.26 – Ilha nº832 da rua D.João
Deus. IV (Ilha da Bela Vista).

- Soleira

Neste cenário, o espaço de transição resume-se a uma soleira. A soleira aqui é o


momento de quebra e consideramos ser o momento de transição mais imediato de todos.
Ainda não foi colocado o pé na soleira e já há contacto visual com a ilha. Este espaço de
transição, regra geral, está relacionado com as ilhas que se estendem até à rua, isto é, verifica-
se a ausência de uma casa-mãe.

Algumas ilhas que ilustram este tipo de espaço de transição são: ilha nº109 e nº182
da rua de S.Victor e a ilha nº471 da rua da Póvoa.

60
Fig.27 – Ilha nº182 da rua de Fig.28 – Ilha nº109 da rua de S.Victor. Fig.29 – Ilha nº471 da rua da Póvoa.
S.Victor.

Em suma, relativamente aos espaços de transição referidos é importante ter em conta


que estes momentos são, naturalmente, influenciados pela morfologia do terreno. Sendo que,
dentro destes tipos de espaços referidos, existem ainda as seguintes variáveis: degraus;
rampa ou plano. Evidenciando que a presença ou ausência de desníveis influencia a perceção
do próprio espaço. E claro, dependendo da tipologia da ilha, o contacto visual com as casas
podem acontecer ou não neste momento de transição.

Por último, é importante fazer referência ao pavimento. A mudança ou continuidade


do tipo de pavimento da rua para o interior da ilha, é uma fator que influencia o momento de
quebra que temos vindo a abordar. De facto, se o pavimento da via pública se prolongar para
o interior da ilha, a quebra será menor. Ao invés, se houver a mudança de pavimento, a
dicotomia entre o público e o privado é acentuada. “Entre os diversos factores que
contribuem para a unificação e coesão numa cidade, o pavimento é dos mais importantes
(…)” (Gordon Cullen, 2015:55).

Recorrendo à sequência, do momento de quebra menor para o maior:


SOLEIRA < ENTRE MUROS/EMPENAS/ALÇADOS < TÚNEL

Por comparação, esta sequência tem como justificação o simples facto do túnel
proporcionar uma abstração total da envolvente e pela soleira ser o momento de quebra mais
curto e geralmente associado a um contato visual imediato com a ilha.
61
Tipologias e percursos

Neste capítulo apresentamos cinco tipologias de ilhas distintas. As três primeiras


ilhas seguem a lógica do esquema organizativo básico influenciado pelo lote estreito e
comprido, sendo que o que varia são o número de fileiras, corredores e de lotes que ocupam.
Esta versatilidade tipológica foi bastante vantajosa uma vez que garantia a otimização dos
lotes através da implantação das pequenas casas encaixadas em fileiras, por vezes, costas-
com-costas. Dado o sucesso deste aproveitamento dos terrenos, tal lógica organizativa foi
replicada sempre que possível.

“Uma fila única de casas quando a ilha era construída num só lote, ou filas sucessivas de casas quando
a ilha era construída em mais do que um lote. A racionalidade destas soluções, em termos da utilização
intensiva do solo, minimizando os custos de construção e conseguindo assim uma grande eficiência
económica, conduziu mesmo à sua adopção em situações em que a limitação imposta pelas dimensões
dos lotes não existia. Ao construírem-se alojamentos para a classe trabalhadora em terrenos de maiores
dimensões, a solução mais usual continuava a ser a construção de filas sucessivas de casas, costas-
com-costas, utilizando a forma básica das ilhas mais pequenas.” (Manuel C. Teixeira, 2018:10)

As duas tipologias restantes são menos comuns. Uma delas corresponde às “Ilhas
pátio”, ilhas estas onde a própria forma do lote é determinante para o seu esquema
organizativo. E, por último, as “Ilhas irregulares”, com uma tipologia tão singular que não
foi possível inseri-las em nenhum padrão tipológico tal como aconteceu com as restantes.
Porém, importa salvaguardar um fator transversal a todas as ilhas: todas as tipologias foram
diretamente influenciadas pelo tipo de lote onde se encontram implantadas. O mesmo aplica-
se às irregulares, sendo, a sua irregularidade fruto da configuração irregular do seu lote.

Além do esquema organizativo das ilhas, inerentes às tipologias estão os percursos.


Os percursos destes núcleos habitacionais estão, por norma, associados a corredores estreitos
ora ladeados por casas da ilha ora por muros que podem ter ou não fim, e serem mais ou
menos profundos. Neste caso, é importante perceber que os corredores são o espaço comum
a todos os moradores da ilha e por isso funcionam como extensão das suas próprias casas.
Assim sendo, ao percorrermos as ilhas há sucessivas surpresas, dado que ao longo do
percurso é possível entender o ato de apropriação do espaço exterior por parte do Homem
sendo que cada habitação expressa a sua personalidade.

"A casa prolonga-se para a rua interior da ilha, com o estendal, o vaso, as cadeiras."
(Fernando M. Rodrigues apud Fernando M. Rodrigues e Manuel C. Silva, 2015:48)

62
Seguem-se então as cinco categorias que permitem perceber as várias tipologias de
ilha que existem e o percurso inerente às mesmas30:

- Ilhas com apenas um corredor e uma fieira de casas;

- Ilhas com apenas um corredor central envolvido por duas fileira de casas;

- Ilhas com dois corredores e quatro fileiras de casas;

- Ilhas pátio;

- Ilhas irregulares.

As ilustrações, das várias tipologias, que se seguem, correspondem a montagens de


produção própria que tiveram por base imagens aéreas de 2015 retiradas do Google Earth
(todas elas a 330m do solo, orientadas a Norte). Estas têm como objetivo permitir uma
comparação entre as mesmas evidenciando a diversidade e complexidade tipológica das
ilhas.

30
Algumas designações das tipologias de ilha que se seguem encontram-se explícitas no glossário da
dissertação.

63
- Ilhas com apenas um corredor e uma fileira de casas

Para ilustrar esta tipologia sugerimos: a ilha nº31 da rua de Aníbal Cunha, ilha nº185
do Campo 24 de Agosto e, a ilha nº166 da rua de S.Victor. Por norma o percurso inerente a
esta tipologia termina com um muro ou com uma empena de outra casa, sendo que para sair
da ilha é necessário percurso inverso.

Contudo, a ilha nº 185 do Campo 24 de Agosto é um exemplo de exceção. Esta é um


núcleo habitacional que ocupa todo o quarteirão apresentando, por isso, duas entradas: uma
pelo Campo 24 de Agosto, nº185 outra pela rua do Bonfim, nº109. Neste caso logicamente
que o percurso é contínuo e não há necessidade de retorno, ou seja, é possível atravessar o
quarteirão.

- Ilhas com apenas um corredor central envolvido por duas fileiras de casas

Esta tipologia é idêntica à anterior com apenas mais uma fileira de casas intervalada
por um corredor. Os corredores podem ser mais estreitos ou mais largos como é visível nos
casos seguintes: ilha nº109 da rua de S.Victor, ilha nº123 da rua Padre António Vieira e, ilha
nº682 da rua de Godim.

Semelhante a esta tipologia, foi encontrada uma ilha com duas fileiras de casas e
apenas um corredor. Contudo, esse corredor, não é uma reta mas sim em forma de “U”. É o
caso da ilha nº210, 202 da travessa das Antas, sendo que possui duas portas de entrada devido
à morfologia do próprio corredor. O percurso neste caso é igualmente contínuo. Para sair da
ilha não é necessário fazer o percurso inverso, basta percorrer todo o corredor em “U” e sair
pela segunda porta de acesso.

- Ilhas com dois corredores e quatro fileiras de casas

Esta ilha de dois corredores e quatro fileiras corresponde a duas tipologias anteriores.

Os exemplo são: a ilha nº67/77 da rua de Augusto Gil e a ilha nº832 da rua de D.
João IV (conhecida como a ilha da Bela Vista) são exemplos desta tipologia. Nestes casos
os percursos são mais complexos: pois na primeira ilha o percurso é fluído, existindo 3 portas
de acesso. Na segunda ilha, para sair da mesma é necessário inverter o sentido na zona das
habitações.

64
Ilhas com apenas um corredor e uma fileira de casas

Fig.30 - Ilha nº31 da rua Aníbal Cunha. Fig.31 - Ilha nº185 do Campo 24 de Agosto. Fig.32 - Ilha nº166 da rua de S.Victor.

Ilhas com apenas um corredor central envolvido por duas fileiras de casas

Fig.33 - Ilha nº109 da rua de S.Victor. Fig.34 - Ilha nº123 da rua Padre António Vieira. Fig.35 - Ilha nº682 da rua de Godim.

Ilhas com dois corredores e quatro fileiras de casas

Fig.36 - Ilha nº202/210 da travessa das Antas. Fig.37 - Ilha nº67/77 da rua de Augusto Gil. Fig.38 - Ilha nº832 da rua D.João IV (antes da intervenção).
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67
- Ilhas pátio

Tal como o próprio nome sugere, esta tipologia possui um pátio no seu interior que
é delimitado pelas casas da ilha. Devido à existência de pátio, estas ilhas são muito mais
amplas e permitem que os moradores usufruam do espaço comum de uma forma diferente,
comparativamente com os corredores vistos anteriormente. Neste caso o percurso
desemboca num local mais amplo.

Verifica-se, geralmente, um espírito de comunidade mais evidente, uma vez que este
espaço comum proporciona a reunião entre os moradores, ou seja, um exemplo onde a
morfologia dos espaços potencia a relação social. Nas ilhas referidas anteriormente, o único
espaço comum são corredores de acesso, não permitindo, nem proporcionando reunião entre
os moradores pela óbvia escassez de espaço.

Por norma, estas as habitações desta tipologia são implantadas ao longo do perímetro
do próprio lote, independentemente da forma que o mesmo tenha. Aliás, tal fenómeno é claro
ao observar as imagens das seguintes ilhas: ilha nº141 da travessa Fernão de Magalhães, ilha
nº74 da rua Aníbal Cunha e, por fim, a ilha nº52 da rua das Antas (o caso de estudo da
presente dissertação).

- Ilhas irregulares

Este tópico foi criada no sentido de englobar todas as ilhas cuja tipologia é muito
singular e que não se insere em nenhum padrão tipológico. Assim como os seus percursos
são tão singulares que não é possível equiparar com outros já identificados.

Tal como nas tipologias anteriores é visível que a configuração irregular dos lotes
provocaram esquemas organizativos igualmente incomuns.

Neste contexto, os exemplos de ilhas irregulares são: ilha nº 224 da rua das Antas,
ilha nº18 da rua das Aldas e, ilha nº422 da rua da Corujeira de Baixo.

68
Ilhas pátio

Ilhas irregulares
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Sistemas construtivos e principais patologias

Uma vez que a questão fundamental deste trabalho de investigação reside na procura
de uma reabilitação imaterial e material assertiva das ilhas, revela-se fundamental não só a
compreensão dos valores intangíveis associados ao construído, mas igualmente um estudo
dos sistemas construtivos e patologias predominantes.

Neste contexto e dando especial relevo à questão do diagnóstico das patologias, este
é um passo basilar para determinar a ação de intervenção adequada para as mesmas. Só
depois da identificação das patologias e do estado de conservação do construído, é que é
possível definir o tipo de intervenção e o grau de intrusão associado à mesma. Assim sendo,
neste tópico serão elencadas as principais patologias, isto é, as mais comuns dentro do
número de ilhas visitadas. Importa salvaguardar que cada ilha é uma ilha, bem como cada
alojamento é um alojamento. Isto é, se houver a intenção de intervir numa ilha em concreto
é necessária a identificação das patologias exclusivas dessa mesma ilha, pois só assim é
executável uma intervenção assertiva.

No que diz respeito à caraterização construtiva, com base nas ilhas visitadas e no
testemunho de Manuel C. Teixeira, foi possível chegar à conclusão que, no âmbito da
materialidade original, as habitações das ilhas contêm uma estrutura em alvenaria de pedra
(em granito) e, as coberturas, bem como pavimentos, são em madeira - materiais de baixo
custo e de grande durabilidade.

Contudo, e segundo o mesmo autor, a “construção era em geral de má qualidade e


alguns anos após a sua construção, no clima húmido do Porto, as ilhas começavam a
degradar-se.” (Manuel C. Teixeira, 1994:567)

Fig.45 – Granito na ilha nº318 da rua de João de Deus. Fig.46 – Estrutura de madeira na ilha nº83 da rua de S.Victor.

71
Quanto aos revestimentos, regra geral, tanto no interior como no exterior as paredes
de pedra eram apenas rebocadas e pintadas. Porém, as paredes divisórias no interior, por
norma, eram em tabique. Quanto ao teto e ao chão, eram revestidos a madeira, sendo que
muitas das vezes o revestimento do teto da habitação era a própria estrutura de madeira que
suportava a telha cerâmica.

Sendo ainda relevante mencionar que era rara a existência de portas no interior das
habitações. Era comum a utilização de cortinas como elementos de separação dos espaços.

“O tecto das habitações era a maior parte das vezes telha vã, sem qualquer forro e enegrecido de fumo.
As paredes exteriores eram geralmente de pedra, e as partições internas de madeira. Estas divisórias
raramente eram completas ou porque não tinham portas, mas simples cortinas, ou porque não
chegavam ao tecto.” (Manuel C. Teixeira, 1994:566-567)

Fig.47 – Interior de um alojamento de ilha em 1960. Fig.48 – Tabique na ilha nº52 da rua das Antas.

Porém, não basta apenas entender o sistema construtivo de origem para intervir. No
caso das ilhas é importante realçar que as mesmas evoluíram. E com esta evolução novos
sistemas construtivos foram integrados e em alguns casos camuflaram os sistemas
construtivos originais.

De facto, com o passar dos anos, as construções originais das ilhas foram sofrendo
acrescentos constantes, fruto da falta de área no interior das suas habitações. Construção esta
descontrolada e caraterizada por volumes aleatórios geralmente em tijolo cerâmico ou blocos
de cimento com a cobertura em chapa ondulada plástica ou em fibrocimento.

Estes aditamentos à volumetria original potenciaram a perda de espaço comum e


circulação nas ilhas, contribuindo ainda mais para a insalubridade da construção. Os novos

72
espaços eram executados sem qualquer qualidade construtiva e muitas das vezes em regime
de autoconstrução. (ver apêndice 1).

Além destas ampliações à


habitação original (em altura ou não),
eram ainda construídos anexos de
apoio às casas nos corredores de
acesso às mesmas. Um bom exemplo
destes dois tipos de construções
ilegais e descontroladas é a ilha da rua
das Antas, nº52 (o caso de estudo do
capítulo 3).
Fig.49 – Maquete da ilha nº52 da rua das Antas que demonstra os
acrescentos ilegais da mesma a vermelho.

No que diz respeito às patologias, são desde logo presumíveis uma vez que as ilhas,
por natureza, apresentam um tipo de construção fraca associada a técnicas de construção
pouco evoluídas. E a verdade é que, os fatores referidos aliados ao clima da cidade portuense
e à sua localização perto do mar e do rio, potencia ainda mais o aparecimento de algumas
das patologias.

“Os pobres materiais de que as casas das ilhas eram feitas degradavam-se rapidamente e
proporcionavam infiltrações e humidades de que o clima do Porto, cidade de rio e de mar, era fértil.
Despoletavam-se assim doenças do foro respiratório epidemias, focos infecciosos como a tuberculosa,
o tifo, as gripes, constipações e o reumatismo.” (Isabel B.V., Paulo Conceição (coord), 2015:12)

Assim sendo, após a análise de várias ilhas foi possível diagnosticar as patologias
mais comuns ao nível das fachadas e dos interiores. Nas fachadas, as principais patologias
identificadas foram: fissuração; oxidação; empolamento e enegrecimento da superfície e
desgaste. Ao nível de interiores encontram-se essencialmente: manchas e penetração de
humidade; empolamento e enegrecimento da superfície; fissuração; deformação; elementos
em falta. Sendo que, para além do mencionado, grande parte das habitações não possuem
portas no seu interior.

Por fim, importa deixar a nota de que o estado de conservação dos edifícios está
diretamente ligado ao facto do edificado estar ou não ocupado. Quando a casa está ocupada
os moradores encarregam-se da sua manutenção. Caso contrário, as casas são deixadas ao
abandono e degradação é rapidamente evolutiva. Daí consideramos ser importante tomar
medidas para reabitar as ilhas.

73
[Retratos de uma ilha atual]

Antes de mais, importa reforçar a ideia de que este tópico é o que contém uma carga
mais social e humana ao longo deste trabalho de investigação. Seguem-se testemunhos de
alguns moradores, reflexões sobre situações atuais de reabilitação de ilhas e, ainda, a
descrição das condições de habitabilidade deste tipo de construção.

O principal objetivo desta reflexão é demonstrar o que é habitar uma ilha d’o Hoje,
sensibilizando, em simultâneo, as pessoas para esta realidade através da desmonstração de
casos reais e atuais, onde é visível a falta de condições de habitabilidade.

Além disso, é pretendido com a demonstração deste trabalho de campo, que cada
casa é uma casa, reflexo da apropriação por parte das famílias, embora todas se resumam,
por norma, aos seus 16m2 e a um esquema organizativo comum.

“(…) os objetos de eleição de cada morador, que marcam sua apropriação do espaço, mas que às vezes
permanecem apenas por efeito do esquecimento ou hábito; os vestígios incontornáveis do tempo que
se confundem com as inscrições humanas.” (Julia de Souza apud Jorge Burch, 2017)

Ao percorrer o estreito corredor de acesso das mais variadas ilhas, esta condição é
muito visível: a começar pela própria cor da habitação e a acabar nas caixas do correio com
o número apontado à mão. A verdade é que o ser humano adequa o espaço às suas
necessidades e, claro, ao seu gosto. E nas ilhas, por serem um tipo de habitação com um
grande caráter comunitário, a heterogeneidade de apropriações torna-se realmente muito
visível. É inerente ao ser humano adaptar os espaços à sua imagem e fazer de um mero
alojamento o SEU lar. – ver apêndice 2.

“Além da vocação coletiva da arquitetura, há outro aspeto do seu acolhimento que


pertence à esfera próprio do ser humano.” (Julia de Souza apud Jorge Burch, 2017)

74
- Ilha nº202/210 da Travessa das Antas – D.Albertina

Quando chegamos à porta nº202 batemos à porta da ilha na esperança que alguém a
abrisse e autorizasse a nossa visita. Um senhor, cujo nome não foi questionado, perguntou o
que fazíamos ali e após compreender o nosso propósito abriu-nos a porta nº210 da mesma
rua. Para nosso espanto a ilha era a mesma, apenas continha duas portas de acesso, duas
fileiras de casa costas com costas e um percurso peculiar em “U” com aproximadamente
1,2m de largura. Era uma ilha pequena com apenas 12 habitações: duas fileiras de 6. E foi
ao percorrer a estrutura em “U” que vislumbramos a D. Albertina, sozinha, sentada na sua
cadeira à porta de casa virada para o muro de granito que delimita a ilha. Mal a vimos foi
imediato, “Boa tarde!” e nisto
começou a conversa. Explicamos, uma
vez mais, a razão da nossa visita e
sugerimos para dar início de conversa:
“não nos quer contar uma história
sobre esta ilha?” Responde a D.
Albertina com ar sábio: “uiiii, eu tenho
tantas histórias para contar… se as
fosse contar todas… Assinei o meu
contrato de casa aqui na ilha em
Fig.50 – D.Albertina à porta da sua habitação. 1960!”.

A conversa decorreu, e quando nos apercebemos estávamos sentados a conversar


com a D. Albertina há mais de uma hora. Contou-nos que gosta de viver ali porque é um
lugar sossegado e sente-se muito segura porque, em caso de emergência, “um bom vizinho
é melhor que um parente”. Com isto afirmou que na ilha todos se conhecessem e sente-se
grata e descansada pela relação de proximidade que se cria lá. Tal como D. Albertina diz,
“86 anos não são brincadeira” e mesmo tendo oportunidade de sair da ilha, não sairia porque
são quase 60 anos de residência. Além de que paga apenas 14 euros de renda: “eu, ao
senhorio, dou uma nota de dez e quatro moedas de um” afirma. 31 Sendo interessante perceber

31
A discrepância de rendas está relacionada com o tempo em que as pessoas vivem nas ilhas. Quem vive à
muito tempo tem rendas mais baixas. Existindo casos de pessoas cuja renda se manteve-se desde a época dos
escudos/contos. E, sendo feita essa mesma conversão para euros, o que deu uma ninharia, como é o caso da
D.Albertina. Em 31 de Dezembro do ano de 1998 foi definido que 1 euros correspondia a 200,482 escudos,
sendo então esta a taxa de conversão aplicada. Com efeito, a verdade, é que as rendas na época dos escudos
equivalem hoje em dia a uma ninharia no sentido da sua conversão. Esta afirmação pode ser confirmada no
apêndice 3 onde são dados a conhecer valores de rendas praticadas no ano de 1914 e a respetiva conversão em
euros.

75
que “por esta habitação de má qualidade as famílias pagavam, no virar do século, uma renda
que representava cerca de 10% do rendimento familiar”. (Manuel C. Teixeira, 2018:133). E
claramente que esta moradora não vivenciou esta percentagem. Contudo, confessou ter
assistido à erradicação das ilhas vizinhas e à tentativa de erradicar a ilha onde vive desde o
início da década de 60 do século XX.

A D. Albertina quis mostrar-nos a sua casa. Não


tinha mais do que 16m2 e é difícil imaginar como é que
algum dia conseguiram viver ali três pessoas (D.
Albertina, o marido e o único filho que tiveram), sendo
que só havia espaço para uma cama de solteiro na
divisão do quarto. O esquema organizativo desta casa
era o mesmo que Manuel C. Teixeira descreve sobre a
ilha nº113 e nº143 da rua de S.Victor:

“(…) uma sala de estar, com cerca de metade da área total da


habitação, ocupava toda a frente da casa; era para esta divisão que
davam a porta e a janela únicas de cada habitação. A metade
restante do espaço, na parte de trás da casa, era ocupada por uma
Fig.51 – D.Albertina na sua habitação. cozinha e por um pequeno quarto.” (Manuel C. Teixeira, 2018:200)

Ficamos sem entender como é que se faziam as refeições, pois só havia uma mesa de
dimensões muito pequenas na sala, encostada à porta de entrada.

Quanto a portas e janelas, o único alçado com vãos é o alçado principal onde se
encontra a porta exterior, com uma única janela que dá para a sala. Mesmo no interior não
existiam portas, apenas as molduras das mesmas.

Mas o mais incrédulo ainda estava para conhecer. Ao entrarmos nos exíguos 16 m2
entendemos, de imediato, que faltava uma divisão fundamental: as instalações sanitárias. E
foi aí que questionamos a moradora sobre o assunto, quando a mesma responde naturalmente
“a casa de banho é no quintal lá atrás”.

Quem é que imagina, hoje em dia, século XXI, viver numa casa cujas instalações
sanitárias não só são exteriores como comuns a 12 habitações? É, sem dúvida, difícil
acreditar nesta realidade.

76
- Ilha nº214 da Rua de João de Deus – Allan José Oliveira

A ilha nº214 da rua de João de Deus é uma ilha com duas fileiras de casas, servida
por um corredor ao meio de acesso às habitações (sendo do lado esquerdo dois quartos e a
sala, e do lado direito a cozinha, instalações sanitárias e um pequeno pátio de acesso
exclusivo ao morador). Nesta ilha as habitações estavam fragmentadas, tudo numa tentativa
de otimizar ao máximo as áreas das divisões interiores. Provavelmente outrora existiam
habitações de piso térreo de ambos os lados. Contudo, atualmente, do lado esquerdo
corresponde a construções de rés-do-chão e andar, e do lado direito um pequeno volume de
apoio à habitação.

Esta ilha não apresentava porta ou portão de


entrada. Era apenas servida por uma abertura na frente
urbana que permitia desde logo o contato visual com as
habitações da ilha a partir da rua. A abertura para o
exterior e a visualização imediata do interior, fez nos
avançar. Havia uma moradora a estender a roupa que nos
saudou com um “boa tarde”, mas não nos pediu
explicações. Conforme avançávamos no corredor de
1,2m de largura começamos a ouvir mais nitidamente
alguém a tocar guitarra e a cantar num dos pátios (do
Fig.52 – Corredor comum da ilha nº214 da
rua João de Deus.
lado direito). E foi nesse momento que batemos à porta.

Fomos recebidos pelo Allan, brasileiro de 30 anos que veio para Portugal em busca
de melhores oportunidades de emprego na sua área. Veio viver para uma ilha pelo facto da
renda ser mais baixa e pela boa localização que apresenta no seio da cidade do Porto. Tal
como o mesmo afirmou “aqui eu vejo que estou num bom lugar, tenho tudo perto de mim,
foi uma opção boa por estar perto do metro, porque eu uso o metro para tudo hoje”.

Porém, Allan nem sempre viveu neste local na cidade do Porto. “Eu já morei… não
é bem uma pensão, mas é como se fosse uma ilha só que é de pessoas bem de mais idade…
foi uma realidade diferente, foi um choque (…) Morei ainda em quartos como a maioria dos
estudantes e tudo, mas aquilo também era muita bagunça, ninguém se dá com ninguém (…)
Você ter o seu descanso não te preço, ter paz não tem preço”.

E, foi devido a este descontentamento ao nível da habitação que começou a procurar


outros locais para viver. Deparou-se, então, com a opção de viver numa ilha. Confessou ter

77
pesquisado, à priori, sobre as ilhas e sobre a forma de habitar nelas. “Eu já procurei muitas
outras e pesquisei muito para vir, porque pensava que esta história de morar em casas muito
próximas com muita gente, que ia ser uma confusão danada (…) Pensei: imagina que estou
a dormir e o vizinho está fazendo churrasco… mas depois cheguei aqui, olhei, e pensei: ah
aqui não há lugar para churrasco! Não tem muito espaço para isso!”

“Agora estou no céu”.

O brasileiro Allan vive na ilha


apenas desde o final do ano de 2018.
Descobriu a ilha nº214 através de uma
atual vizinha. “Essa aqui a minha vizinha
foi a que indicou aqui para que visse falar
com o senhorio e ele aceitou que eu
viesse para aqui… Ela já mora aqui há
6meses. E a outra aqui ao lado que mora
à mais tempo foi quem ajudou a ela a vir
para cá. Mesmo para o senhorio é melhor
assim ter pessoas de referência, porque
ele já teve problemas aqui.” Problemas
Fig.53 – Allan e a sua guitarra.
estes relacionados com questões de
subarrendamentos das habitações. “Houve uma história daqui, no sítio onde eu estou, na casa
que ele arrendou para mim: hoje tem ali um quarto e mais um quarto pequeno onde eu vou
transformar em quarto de visitas… mas nesta casinha pequena ele arredou para uma pessoa
e essa pessoa subarrendou para outras 9”.

Ao nível de preços, o morador confessou: “Aqui as pessoas que moram há mais


tempo devem pagar perto dos 250, 200€. E a mim ele arrendou aqui por 300€, e cada um
paga as suas próprias despesas de água, luz, internet, é separado…”

Neste seguimento, Allan comenta que a ilha é um lugar tranquilo e um lugar de


partilha, e que embora, teoricamente, não seja seguro (uma vez que a ilha não tem porta nem
portão de entrada), as pessoas como vivem muito o espaço e têm um grande espírito de
comunidade, tornam-no seguro.

“Aqui cada um tem o seu espaço e cada um respeita o espaço do outro. Então assim
a gente vive bem, cada um com as suas coisas (…) Uma coisa que é verdade é que aqui se

78
parar para pensar não tem muita segurança, a segurança quem faz são as próprias pessoas
que moram, você tem a sua amizade com a vizinha do lado, e a amizade do vizinho do
outro…naquele período em que você não está o vizinho chega do trabalho e observa se está
tudo bem. Ainda no outro dia eu cheguei e ele: olha a que horas é que você saiu para
trabalhar? E eu respondei: eu saio às 8h. E ele me disse: é porque às 9h15m tinha uma pessoa
aí a olhar…”

Em síntese, este testemunho do Allan permite perceber que a ilha para ele foi uma
boa opção. Sente-se seguro pelas pessoas que o rodeiam, com uma ótima localização, e
conseguiu assim encontrar um cantinho para si e para a sua música que é uma grande paixão
para o morador. Contudo, como é natural, Allan, ao longo do seu discurso deu a entender
que considera a sua passagem pela ilha algo temporário embora se sinta bem lá,
simplesmente tem outros objetivos maiores para atingir.

79
- Notícia do Monte da Lapa

Foi no dia 1 de Outubro de 2019 que ressurgiu uma notícia sobre uma intervenção na
ilha do Monte da Lapa no Porto.32 O terreno onde a mesma se insere foi adquirido pela
empresa Pedra Líquida33 no ano de 2014. E esta empresa mais tarde mostrou que a sua
pretensão era intervir na ilha tendo por base a intenção de reviver o processo SAAL e todas
as suas convicções. E, foi neste contexto que a Pedra Líquida convidou Álvaro Siza para ser
o autor do projeto, sendo este um ícone revolucionário do processo SAAL e, também, um
arquiteto de renome mais do que familiarizado com estas questões sociais e identitárias da
cidade portuense.

O tempo avançou e a proposta para o local foi executada. De uma forma sucinta, a
intervenção na ilha do Monte da Lapa residia na criação de um empreendimento destinado
aos turistas mas também na melhoria de condições de habitabilidade para os moradores
legais da mesma.34A ideia basilar desta proposta correspondia à coexistência de população
local com os turistas: proporcionando aos moradores temporários uma experiencia local
plena onde tinham a oportunidade de vivenciar um pouco da autenticidade e identidade do
Porto.

Quanto aos moradores locais, um dos


colaboradores da empresa Pedra líquida mencionou
numa entrevista ao Jornal de Notícias: “Fizemos
contratos de 30 anos com pessoas que têm 90, a
quem nós reconhecemos o direito de lá estar.
Fig.54 – Notícia sobre o Monte da Lapa do dia 1
de Outubro de 2019. Pagam 30, 40 ou 50 euros de renda e vão ficar a
pagar o mesmo depois das casas estarem recuperadas" (Adriana Castro, 2018). Até aqui,
consideramos que está tudo bem. O problema foi o que se sucedeu. Tudo começou com
outra notícia, no dia 1 de Outubro de 2019, na página 24 do Jornal de Notícias, onde
constava que a ilha e o respetivo projeto de Álvaro Siza estava à venda por 2,5 milhões
de euros.

32
A notícia referente à intenção de intervir na ilha do Monte da Lapa no Porto, surgiu a primeira vez a meio
do ano de 2017. Porém em 2018 também foram saindo informações mais pormenorizadas acerca da tal
intervenção. No presente ano, de 2019, houve então uma atualização do caso tal como será descrito em seguida.
33
Pedra Líquida, sediada na rua Álvares Cabral, no Porto, foi fundada no ano de 2006 e é uma empresa que
reúne três áreas distintas: arquitetura, engenharia e gestão de obra, cujos criadores são Alexandra Grande, Nuno
Grande e Daniela Coutinho.
34
Com esta afirmação pretende-se salientar que quem não tem contrato de arrendamento terá de sair. Sendo
que apenas 11 casas, pertencentes aos moradores mais antigos da ilha, seriam remodeladas.

80
Esta notícia levantou uma série de questões como: qual é afinal o futuro desta
ilha? Os novos proprietários serão pessoas sensíveis a esta questão da identidade e
singularidade das ilhas? Ou estarão mais interessados em potenciar o rendimento da
mesma e escorraçar a população local para que o turismo ganhe o lugar? Se isso
acontecer onde fica a toda a evocação do SAAL, do direto ao lugar e à cidade, que foram
proferidos no início do processo?

A coexistência de turistas e da população local pode ser uma ideia interessante


mas é igualmente um mero teste. E caso os futuros compradores respeitem a população
local e o conceito projetual, o que se vai suceder quando os seus contratos de
terminarem? Serão ocupados por quem? Neste caso, a única solução seria garantir que
determinado número casas teria sempre de se destinar a populações locais que
necessitassem de alojamento. Mas e se o turismo se apodera de toda a ilha? Neste caso,
sucederia a gentrificação/aburguesamento 35.

Com o surgimento desta notícia o Monte da Lapa passou a ser alvo de atenção e
de discussão. Tendo sido marcada uma discussão pública no dia 25 de Outubro sobre
estas questões com vários intervenientes incluindo o próprio Álvaro Siza vieira e o
Pedro Grande (representante da empresa Pedra Líquida). Porém, foram precisamente
estes dois nomes que faltaram. A discussão prosseguiu sem eles e a sua ausência fez
com que algumas dúvidas permanecessem. Na nossa perspética, esta discussão pública
acabou por se tornar bastante pertinente. Foi aqui que soubemos que têm havido
demolições indevidas na ilha e que coloca em causa as casas ainda habitadas. Estas
demolições têm atuado como uma pressão extra para expulsar quem lá mora. E a verdade
é que já algumas famílias se viram obrigadas a sair da ilha por falta de condições de
habitabilidade.

Na discussão pública estiveram também presentes duas moradoras da ilha. Uma


delas revela que parte do seu telhado foi demolido e que nunca ninguém veio ter com

35
Gentrificação ou aburguesamento – é um conceito muito proferido nos dias de hoje, e uma questão
basilar neste contexto que abordamos. Com efeito, gentrificar pode ser definido como o ato de valorizar
uma determinada zona da cidade tornando-a alvo de disputa por aqueles que apresenta um grande poder
económico. O Porto, tal como Lisboa, devido ao turismo e a todo o desenvolvimento local, muita população
local viu-se (e vê-se) obrigada a abandonar os seus locais de origem devido ao aumento súbito de custos quer
nível de bens ou de serviços. E é realmente de lamentar. Porque além do desenraizamento da população
residente, o local em questão vai perdendo aos poucos a sua essência. O que não deixa de ser irónico uma vez
que foi precisamente essa essência que atraiu novas pessoas para o mesmo lugar…

81
ela a dar alguma justificação ou explicar simplesmente o que se está a passar. Não há
preocupação com o realojamento das pessoas. Neste momento, no Monte da Lapa, as
pessoas são tratadas como objetos.

“Quando sabemos que há pessoas que vivem nas ilhas, e que as pessoas estão a ser expulsas da ilha
para se fazer um negócio… aí a gente pensa que há aqui qualquer coisa que está a falhar, porque essas
pessoas que estão a ser expulsas onde é que vão morar? E essa questão é uma questão que se deve pôr
em cima da mesa.” (António C. Fontes, 2019)

Aqui, a conclusão que se retira é que a promoção deste projeto foi enganadora.
Não há SAAL nenhum, este processo bem como o Arquiteto Álvaro Siza foram
utilizados como uma rampa de lançamento para este investimento 36, e claro, foi a partir
daqui que começaram as críticas. E de facto, esta publicidade enganosa aliada à falta de
humanismo relativamente aos moradores locais, são os únicos fatores que podemos
apontar à intenção da empresa Pedra Líquida. Porque na verdade, Nuno Grande e a sua
empresa, de uma forma pragmática não estão fazer mais nada errado. Não há nada que
o impeça de intervir desta forma na ilha do Monte da Lapa. E é aí que devemos refletir,
pois o respeito pelas ilhas e pela sua preservação tem de partir de cima, de órgãos
governativos. Porque senão haverão sempre mais “pedras líquidas” a gentrificar e a
expulsar população local. A intenção é lutar pelo direito ao lugar e à cidade, e ter as
ilhas como meio de inclusão social, não o contrário.

36
Relativamente a esta questão, Fernando Matos Rodrigues, antropólogo também presente na discussão
pública, declarou que falou com Álvaro Siza sobre esta situação e que o mesmo toma o partido dos
moradores da Lapa (legais ou ilegais) justificando que é contra a turistificação. Neste seguimento, dia
20 de Outubro de 2019, surge uma notícia que vai de encontro ao que o pritzker comentou, onde salienta :
“Desenvolvimento apoiado no turismo não é um programa sólido. Oxalá não dure muito tempo” (Álvaro Siza Vieira,
apud, Mariana C. Pinto, 2019)

82
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]

83
[Diagnóstico do estado atual das ilhas na cidade do Porto]

Como foi percetível anteriormente, “O Forte desenvolvimento industrial existente no Porto no


final de Oitocentos e o associado crescimento demográfico alimentado por uma população integrada
do campo agravou e fomentou o alojamento barato e débil baseado numa sobre ocupação das casas
existentes ou fomentado no interior dos quarteirões através de construção massiva de filas de pequenas
habitações insalubres e miseráveis – as «ilhas».” (Eliseu Gonçalves; apud; Virgílio Borges Pereira, 2016:11)

Efetivamente, nos dias que correm, as ilhas continuam a fazer parte da malha urbana
do Porto e, conforme já foi referido, não são uma realidade assim tão distante. Para a
compreensão deste trabalho de investigação é importante reter que:

“Nesse arquipélago do Porto, vive uma comunidade complexa e fragilizada. Mas, quando
comparamos esta realidade com a dos guetos que foram desenhados e planificados, verificamos que
nestes territórios subsiste uma força de cidadania que não pode ser perdida. Neste nosso arquipélago,
desenvolvem-se cumplicidades e afectos e persiste o espírito comunitário e a solidariedade íntima que
se perdeu noutras geografias.” (Rui Moreira apud Fernando M. Rodrigues e Manuel C. Silva, 2015:11)

Além disso, é de salientar que as ilhas cada vez mais têm sido alvo de atenção e
discussão. Principalmente por continuarem a ser uma forma de habitar para mais de 10 000
pessoas37 (5% da população) mas também por requerem uma ação interventiva devido às
questões de insalubridade que têm vindo a ser abordadas ao longo do trabalho. Sendo que
devem sempre ser tidos em conta os valores patrimoniais materiais e imateriais das ilhas, no
sentido da sua salvaguarda e proteção.

O presente subcapítulo tem como objetivo dar a conhecer o estado em que se


encontram as ilhas na cidade do Porto, recorrendo unicamente a dados estatísticos. Neste
trabalho de investigação defendemos que é conseguida uma resposta mais assertiva e
incisiva quanto mais exatos e verídicos forem os dados adquiridos. Assim sendo, seguem-se
as principais informações retiradas no âmbito deste trabalho de investigação.

37
Este valor encontra-se comprovado na tabela 1 do anexo 4.

84
- Núcleos habitacionais:

O número total de núcleos habitacionais detetados na malha urbana do Porto foi de


facto 957, dos quais 857 encontram-se habitados, 85 desabitados e cerca de 7, numa outra
situação. Nos 957 núcleos, a cidade portuense apresenta cerca de 8 265 alojamentos, sendo
que cerca de 4 901 estão habitados, 3 113 desabitados e 252 inserem-se numa outra situação.

Além disto é relevante reportar que as duas freguesias que apresentam um maior
número de núcleos habitacionais e alojamentos são: Campanhã (com 243 núcleos
habitacionais e 2 019 alojamentos) e Paranhos (com 155 núcleos habitacionais e 1 202
alojamentos). Ao invés, as duas freguesias com menor número de núcleos habitacionais e
alojamentos são: Vitória (com 5 núcleos habitacionais e com 30 alojamentos) e Miragaia
(com 7 núcleos habitacionais e com 96 alojamentos).38

Importa focar que, entre 2001 e 2014, foram registadas algumas freguesias onde as
ilhas evoluíram. A evolução do total de ilhas existentes foi positivo apenas em duas
freguesias: Lordelo do Ouro com 12% e Campanhã com 4,7%. Dado este que permite inferir
desde logo que este tipo de construção continua em dinâmica, ou pela evolução de núcleos
e alojamentos desabitados ou pela evolução de núcleos e alojamentos habitados.39

Quanto ao número de alojamentos por núcleo habitacional, o mais comum são 4 e 5


(em 330 núcleos habitacionais dos 957 existentes, correspondendo a 34,5% do total) e 6 e7
alojamentos (em 253 núcleos habitacionais, correspondendo a 26,4% dos 957). Realçando
que o quanto mais alojamentos existirem num determinado núcleo, mais rara é essa tipologia
de núcleo. Por exemplo, com mais de 41 alojamentos existem apenas 7 núcleos habitacionais
(ou seja, corresponde a apenas 0,7% do total de núcleos existentes).40

No que diz respeito aos alojamentos, cerca de 71,9% são habitações que apresentam
apenas um piso, 13,6% dois pisos, 0,2% mais de dois pisos. Sendo que os restantes 14,6%
correspondem aos casos “sem informação”.41

Por último, é de extrema importância salientar que atualmente ainda existem ilhas
onde as instalações sanitárias são exteriores, coletivas, inexistentes ou sem água quente. Com
efeito, este tipo de situações é efetivamente desumano e impensável nos dias de hoje.
Relativamente a sanitas e/ou lavatórios, 212 são exteriores, 92 coletivas, 127 inexistentes e

38
Ver tabela 2 do anexo 4.
39
Ver tabela 3 do anexo 4.
40
Ver tabela 4 do anexo 4.
41
Ver tabela 5 do anexo 4.

85
140 sem água quente. Quanto ao banho e/ou duche 189 são exteriores, 62 coletivos, 104
inexistentes e 120 sem água quente.42

- Estado de conservação do edificado:

O estado de conservação tanto dos núcleos habitacionais como dos alojamentos em


particular são um diagnóstico importantíssimo no âmbito deste trabalho de investigação.
Sendo a reabilitação material um dos temas a abordar, importa compreender qual o estado
atual das ilhas, e das suas casas, de forma a ser possível projetar a melhor solução para as
mesmas.

Assim sendo, recorrendo à divisão por freguesias, a freguesia de Paranhos é a que


apresenta maior número de alojamentos com “bom” estado de conservação (146
alojamentos); de seguida, Campanhã é a freguesia com maior número de alojamentos que
apresentam um estado de conservação “razoável” (1 029 alojamentos), um estado de
conservação mau (532 alojamentos) e por fim, um estado de ruína (189 alojamentos).
Ficando claro que a freguesia de Campanhã é a “lesada”.43

Nesta sequência, deste raciocínio, seria dedutível que o estado de conservação dos
edifícios estaria diretamente ligado ao estado de ocupação do mesmo, isto é, à partida, os
alojamentos com um estado de conservação positivo deveriam apresentar um maior número
do que os alojamentos com um estado de conservação nefasto. Contudo, no âmbito das ilhas
esta razão não é assim tão linear. De facto, foi conclusivo através da análise da tabela 8 do
anexo 4, que cerca de 722 alojamentos estão habitados e apresentam um estado de
conservação mau, e alojamentos cujo estado de conservação é bom estão habitados apenas
577. Sendo os alojamentos que apresentam um estado de conservação razoável são os mais
habitados, cerca de 3 249 (69,9% face ao total de alojamentos habitados).

Por conseguinte, devido a este grande número de alojamentos cujo estado de


conservação é nefasto, foi analisada a necessidade de “intervenções/obras durante o período
de residência dos inquiridos”.44 Neste contexto ficou esclarecido que cerca de 92% dos
inquiridos tiveram de proceder a intervenções/obras nos seus alojamentos no seu período de

42
Ver tabela 6 do anexo 4.
43
Ver tabela 7 do anexo 4.
44
Ver tabela 9 do anexo 4.

86
residência. Sendo que grande parte das obras mais recentes foram realizadas há menos de
um ano.45

Além disso, é pertinente salvaguardar que os principais responsáveis pelas


intervenções/obras são os próprios inquilinos.46

- Inquiridos

Relativamente aos dados que se seguem, é pertinente mencionar que são cerca de 938
famílias inquiridas nesta análise sobre as ilhas, mais precisamente 1975 pessoas. E neste
âmbito, segue-se a caraterização dos mesmos que permite concluir sobre o atual público-
alvo das ilhas.

Ao nível de agregados familiares, os mais comuns a habitar as ilhas são o tipo


“nuclear sem filhos” e “pessoa isolada” (310 e 251 famílias, respetivamente). 47 No que diz
respeito aos escalões etários, nas ilhas detetou-se que a maior parte das pessoas tem idade
superior a 54 anos, sendo o número de crianças bastante menor. O intervalo de idades que
mais se encontra nas ilhas são: dos [54, 65[ anos (384 pessoas), [65, 75[ anos (338 pessoas),
[75, 85[ anos (310 pessoas). Ao invés, os escalões etários mais raros são [0, 6[ anos (69
pessoas), [6, 12[ anos (77 pessoas) e por fim, [12, 18[ anos (71 pessoas).48

Salientando que 880 pessoas são do sexo masculino e 1 091 do sexo feminino, não
sendo possível obter informação sobre as 4 pessoas que faltam.49

Quanto à nacionalidade das pessoas que habitam as ilhas, cerca de 97,4% são
portuguesas, mas encontram-se outras nacionalidades como: Bulgária, Ucrânia, Brasil,
Angola, Cabo Verde, Rússia, entre outras.50

No que diz respeito às habilitações literárias das mesmas 1 975 pessoas, é possível
declarar que cerca de 44% apresenta apenas o 4ºano de escolaridade, havendo ainda 10,3%
que não sabe ler ou escrever.51

45
Ver tabela 10 do anexo 4.
46
Ver tabela 11 do anexo 4.
47
Ver tabela 12 do anexo 4.
48
Ver tabela 13 do anexo 4.
49
Ver tabela 14 do anexo 4.
50
Ver tabela 15 do anexo 4.
51
Ver tabela 16 do anexo 4.

87
Do mesmo total de pessoas apenas 357 estão empregadas (44,9% corresponde a
reformados/pensionistas). E, dentro dessas 357 pessoas, as duas profissões mais comuns são:
“trabalhadores não qualificados” (98 pessoas) e “pessoal dos serviços e vendedores” (88
pessoas).52

De todas as fontes de rendimento existentes, as duas principais são: “reformas


(61,8%) e “receita do trabalho por conta de outrem” (17,8%). Porém, importa realçar que
neste contexto existem cerca de 17 famílias (1,8%) que não têm fonte de rendimento.53 Sendo
que, cerca de 276 famílias incluem-se num escalão de rendimento mensal entre 485€ e
749€.54

Face à relação dos inquilinos com o alojamento, a situação mais recorrente é a de


55
arrendamento (correspondente a 80,1% do número total dos agregados familiares.) Eo
tempo de residência dos inquilinos varia essencialmente entre os [50, 70[ anos (247 famílias)
e os [30, 50[ anos (307 famílias). 56

Em último lugar, quanto ao valor de encargo mensal das 938 famílias relativamente
ao alojamento: é surpreendente, desde logo, a existência de 160 famílias cujo encargo
corresponde a menos de 1€, contudo este tópico está explicado no apêndice 3 sobre as rendas.
Importa ainda mencionar que o encargo mensal mais comum corresponde ao intervalo de
[100, 200[ €.57

Neste contexto, é interessante perceber como o público-alvo das ilhas mudou. Hoje
em dia, obviamente, não são apenas operários que residem nesta tipologia de habitação.
Sendo a que principal razão pela qual as ilhas são habitadas é pela prática de rendas mais
baixas (infelizmente associadas à falta de condições de habitabilidade).

- Opinião dos Inquiridos face aos seus alojamentos

Foi questionado a alguns moradores destes núcleos habitacionais, quais os aspetos


que os mesmos consideram mais positivos no seu alojamento (com duas possibilidades de
escolha). Neste caso, os tópicos que obtiveram maior votação foram: “enraizamento no local

52
Ver tabela 17 e 18 do anexo 4.
53
Ver tabela 19 do anexo 4.
54
Ver tabela 20 do anexo 4.
55
Ver tabela 21 do anexo 4.
56
Ver tabela 22 do anexo 4.
57
Ver tabela 23 do anexo 4.

88
(casa)/hábito” (258 famílias) e “o tamanho da casa” (244 famílias). Porém, existem 142
famílias que escolheram “ Não vejo nada de bom”. Concluindo-se que as opiniões sobre os
alojamentos são muito díspares.58

Ao invés, o aspeto mais negativo dos alojamentos, segundo os inquiridos são as


“Patologias” (419 famílias). Sendo que cerca 208 famílias afirmam “Não vejo nada de
mau”.59

Quanto ao local de residência, os aspetos positivos que os inquiridos mais valorizam


são o “sossego” e a própria “localização” (332 famílias e 258 famílias, respetivamente). 60
Por outro lado, consideram os aspetos mais negativos a “insegurança/falta de policiamento”
(207 famílias). Porém, neste contexto, a opção com maior número de votos foi “não há
problema”, com 297 famílias.61

No que diz respeito à vizinhança, a maior parte das famílias afirma estar “satisfeita”
e “muito satisfeita”. Estes dados permitem ver que há uma relação muito forte com os
vizinhos, muito devido ao espírito de comunidade.62

E é neste seguimento que surge das perguntas mais relevantes para o trabalho de
investigação: será que as pessoas que habitam as ilhas desejam sair de lá se houvesse
oportunidade para tal? Das 938 famílias inquiridas cerca de 503 (mais de metade, 53,6 %)
respondeu “sim”. Em contrapartida, cerca de 373 famílias não mostram desejo de mudança
de alojamento. Além disto, 42 famílias mostraram-se indecisas.63

E qual o motivo para as pessoas não terem mudado de alojamento? Das 503 pessoas
que demonstraram desejo em sair das ilhas mais as 42 indecisas, votaram que a principal
razão pelo qual não mudaram de local corresponde à "fala de dinheiro” (73,8%).64

E caso lhes fossem dadas as condições necessárias para a mudança, quantas famílias
se dispunham de facto a sair das ilhas? 563 famílias mostraram vontade em sair, 317 não, e
34 indecisas.65 Ficando claro que se fossem proporcionadas as condições necessárias à
mudança, o número de famílias interessadas em mudar, aumentou.

58
Ver tabela 24 do anexo 4.
59
Ver tabela 25 do anexo 4.
60
Ver tabela 26 do anexo 4.
61
Ver tabela 27 do anexo 4.
62
Ver tabela 28 do anexo 4.
63
Ver tabela 29 do anexo 4.
64
Ver tabela 30 do anexo 4.
65
Ver tabela 31 do anexo 4.

89
E neste patamar, levantamos outra questão: e o enraizamento? Não se importam de
deixar as suas raízes? Segundo a tabela 32 do anexo 4, a preferência de 358 famílias seria ir
para uma “casa reabilitada no mesmo local” (60%).

Além de que, se essa mudança de alojamento implicasse “incremento dos encargos


mensais” das 597 pessoas que demonstraram desejo de sair da ilha ou indecisão: apenas 148
manteve a mesma postura de mudança. 221 famílias mostraram-se indecisas e 223
responderam que não mudavam de local. As 5 famílias que faltam não responderam ou não
tinham opinião formada.66

No que diz respeito aos inquiridos que desejam mudar de alojamento, os mesmos
mostram preferência em “permanecer na mesma freguesia (77,3%).67

Por ultimo, quais as intervenções sugeridas pelo total de inquiridos para as ilhas? 358
famílias afirmam que “reabilitação e limpeza de espaços próprios” seria a iniciativa ideal.
Assim como 159 sugerem a “reabilitação das casas”. Porém, cerca de 146 famílias
escolheram “não fazer nada”.68

Por último, o grau de satisfação dos inquiridos relativamente ao alojamento: 49,8%


das famílias afirmou que estavam satisfeitas; 13,1% que optou pela opção “nem satisfeito,
nem insatisfeito” opção esta que revela talvez uma aceitação da situação e às condições do
lugar. Todavia, 6,9 % e 18,7% correspondem às famílias que face ao alojamento estão “muito
insatisfeitas” e “insatisfeitas”, respetivamente.69

Concluindo, cada ilha é um caso em particular. E com base nos dados mencionados
e ainda mais clara esta conclusão, dada a disparidade de opiniões face às mesmas perguntas.
Cada ilha tem a sua própria dinâmica e esta é influenciada essencialmente pelos seus
moradores e pela relação entre os mesmos. Além disso é importante realçar que os inquéritos
nem sempre traduzem o que realmente se passa nas ilhas. Muitas das vezes os moradores
tendem responder o que lhes parece melhor moralmente. António Cerejeira Fontes tem esta
noção muito definida, pois deparou-se com essa realidade através do processo de intervenção
na ilha da Bela Vista. E com isto, salientamos que no caso de uma futura intervenção, não
basta apenas interpretar os inquéritos.

66
Ver tabela 33 do anexo 4.
67
Ver tabela 34 do anexo 4.
68
Ver tabela 35 do anexo 4.
69
Ver tabela 36 do anexo 4.

90
Em último lugar, seguem em anexo três plantas:

1. Cartografia de localização dos 957 núcleos habitacionais;


2. Cartografia do estado de ocupação desses núcleos habitacionais;
3. Cartografia dos núcleos habitacionais visitados no âmbito desta
investigação.

91
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92
(Fig.55)

Habitado

957 núcleos habitacionais

N
Km
0 0,5 1
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
(Fig.56)

Habitado

Desabitado

Outro

Não foi possível determinar

N
Km
0 0,5 1
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
Cartografia dos núcleos habitacionais visitados no âmbito desta investigação (Fig.57)

N
Km
0 0,5 1
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]

99
100
1.3. o Amanhã

Após o reconhecimento do passado e o diagnóstico do presente, este capítulo,


destina-se à nossa visão sobre o futuro das ilhas do Porto. De uma forma sucinta, o “hoje” é
uma consequência d’o Ontem” e da sua evolução. E, por conseguinte, o Amanhã é projetado
através do diagnóstico d’o Ontem” e d’o Hoje.

Importa reforçar que as ilhas embora sejam um tipo de construção singular associado
a valores positivos como: espírito de comunidade, solidariedade, identidade, autenticidade,
entre outros; grande parte das mesmas não reúne as condições mínimas de habitabilidade,
evidenciando que a saúde dos moradores era, e continua a ser, comprometida. Face a esta
pertinente questão, a verdade é que a falta de condições de habitabilidade não se coaduna
com o verbo habitar mas sim, talvez, com o verbo sobreviver. Daí que no Amanhã
debruçamo-nos sobre a intenção de reabilitar as ilhas para que seja possível voltar a habitar,
tal como o próximo tópico sugere – reabilitar para (re)habitar.70

O presente subcapítulo corresponde ao desfecho da tal linha de raciocínio


estabelecida ao longo do trabalho, cuja intenção é clara: destacar a reabilitação como a ação
de intervenção que consideramos mais adequada para o caso das ilhas. Contudo, e dada a
especificidade das patologias, nem todas as ilhas necessitam do mesmo tipo de intervenção,
tal como será descrito no próximo tópico.

No final, serão ainda elencados alguns dos passos que consideramos basilares para
atingir uma intervenção assertiva nas ilhas, baseados claro, na salvaguarda dos valores
materiais e imateriais deste tipo de construção. Por fim, propomos uma reflexão de que esta
esperada intervenção nas ilhas deverá ser o meio para a preservação da identidade das
mesmas e, por conseguinte da própria cidade do Porto.

Consideramos essencial entender que o verbo “habitar” é muito mais do que residir. Tal como Ricardo
70

Carvalho sugere, “Habitar significa «ocupar como morada, residir» (…) Etimologicamente, a palavra habitar provém do
habitare – termo relativo com habere – que significa «possuir repetidamente e com «habitus», ou seja, com hábito. (…) O
habitat é, por isso, o lugar que se habita e reflecte o conjunto de condições geofísicas, sociopolíticas e religiosas.” (Ricardo
Carvalho, 2016:13) Neste
contexto, a ação de de habitar acarreta com ele uma série de outros conceitos para além
de ocupar e residir um determinado espaço. Tal como o filósofo Martin Heidegger defende “Habitação quer
então dizer algo mais do que refúgio, implica que os espaços onde a vida se desenvolve sejam lugares no verdadeiro sentido
da palavra” (Martin Heidegger, apud, Ricardo Carvalho, 2016:15).

101
[Reabilitar para (re)habitar]

“Em pleno século XXI são muitos os portugueses que vive sem dignidade, em casas que não merecem
esse nome. Mais de 10 mil continuam a habitar nas ilhas, frequentemente em condições limite de
segurança ou de higiene.” (Manuel Pizarro apud Fernando M. Rodrigues, 2014:5)

Como foi percetível nos subcapítulos anteriores, as ilhas são um tipo de construção
que acarreta uma série de valores patrimoniais, mas que não reúnem as condições mínimas
de habitabilidade. E, por este motivo, é por nós defendido que as mesmas devem ser
preservadas e protegidas através de uma ação de intervenção. Caso tal intervenção não se
concretize, as ilhas degeneram e dá-se, inevitavelmente, o seu desaparecimento na malha
urbana portuense. Com a falta de habitabilidade, gera-se uma ausência de manutenção que
conflui num estado irremediável de ruína.

E isto é exatamente o oposto da nossa proposta para o futuro. O que se pretende é


uma ação de intervenção que vise a adaptação das ilhas à contemporaneidade com as devidas
condições de habitabilidade, à luz do respeito pelos valores patrimoniais do construído.
Deste modo, será evitada a decadência e o abandono deste tipo de construção, pois são as
pessoas que dão vida aos lugares e os fazem manter vivos.

Com base no diagnóstico efetuado, concluiu-se que a ação de intervenção que melhor
se coaduna com este tipo e construção singular, é de facto, a reabilitação. E é precisamente
este conceito, de reabilitar, que se pretende clarificar ao longo deste texto. Com efeito,
importa ressalvar que nem todas as ilhas apresentam a hipótese de serem reabilitadas, pois a
escolha da ação de intervenção é diretamente influenciada pelo estado de conservação do
edificado.71 Isto é, se a ilha estiver num estado de conservação muito desfavorável, reabilitar
pode não ser a medida mais assertiva.

Mas, afinal, porquê reabilitar?

71
Relativamente ao estado de conservação das ilhas ficou claro, depois da análise das tabelas 7 e 8 do anexo 4
que as ilhas existentes na cidade do Porto apresentam os vários estados de conservação. Neste sentido, é
importante uma análise que preceda a escolha da ação de intervenção bem como a determinação do grau de
intrusão. Neste contexto, importa mencionar que o presente subcapítulo foi elaborado tendo em conta os
estados de conservação mais comuns. Pois caso nos debruçássemos sobre as mais de 900 ilhas seria impossível
estudar e compilar tudo neste trabalho de investigação.

102
Em primeiro lugar, reabilitar uma ilha permite evitar dois aspetos importantes:

1. Desenraizamento das populações residentes;


2. Consequente potencialização de conflitos resultantes da integração
forçadas das famílias em novos locais. Locais esses que lhes são
desconhecidos e com os quais há uma grande dificuldade de integração.72

Aliás, tal como foi diagnosticado, os moradores das ilhas demonstram um forte afeto
ao local onde vivem, onde têm as suas raízes. E, dentro de todas as possibilidades, uma
grande percentagem dos moradores demonstrou preferência em residir no mesmo local,
embora exijam, condições de habitabilidade condignas.73 A reabilitação volta a demonstrar
pertinência, pois permite adequar o pré-existente às necessidades contemporâneas.

A reabilitação não é nada mais do que a “(…) modificação de um recurso segundo


padrões funcionais contemporâneos, envolvendo a eventual adaptação a um novo
uso”. (ICOMOS – Canada, 1983; apud; Helena Barranha, 2016:85). Ou seja, é tentar adequar o
edificado às exigências do contemporâneo.

Reabilitar é uma ação associada ao termo rejuvenescer. Quando o conceito de


reabilitação é aplicado no âmbito da construção, é possível afirmar que reabilitar tem como
principal objetivo aumentar a vida útil do edifício, visando a melhoria da qualidade de vida
dos seus próprios utilizadores. E é exatamente isto que as ilhas necessitam, de uma
intervenção que resolva problemas graves de salubridade e que, igualmente, eleve a
autoestima dos seus moradores, contrariando a ideia preconcebida de que as ilhas são algo

72
Esta ideia vai de encontro à política habitacional defendida no livro Cidade, habitação e participação:
o processo SAAL na ilha da Bela Vista 1974/76: “Uma política habitacional que evite os constrangimentos dos
realojados, que evite a deslocalização que em nome da segurança contribui para a destruição de comunidades inteiras, e
são dispersas e fragmentadas pelas habitações dos blocos municipais.” (…)”(Fernando M. R.; Manuel C. S.. 2015:34).
73
Neste contexto, é relevante salvaguardar que nem todos os moradores das ilhas têm o desejo de permanecer
onde reside. Aliás, o diagnóstico efetuado permite inferir isso mesmo. Por um lado existem moradores que se
recusam a abandonar a ilha onde residem, como é o caso de António Fontelas (morador da ilha da Bela Vista)
que afirma: “Sair daqui, nunca. Só saio para o cemitério do Prado de Repouso”. (António Fontelas; apud; Fernando M. R.;
Manuel C. S.. 2015:39). Contudo, por outro lado, tal como foi referido esta atitude não é transversal a todos os
moradores das ilhas sendo que, havendo o reverso da medalha: existem pessoas a habitar as ilhas cujo desejo
é ter possibilidades económicas para sair de lá o mais rápido possível. E caso lhes fosse dada a oportunidade
de mudar de residência, não pensavam duas vezes. (Tal como se verifica na tabela 29 do anexo 4).

103
irremediavelmente nefasto.74 Havendo, sem dúvida a necessidade de reabilitar as ilhas, mas
também os (pre)conceitos associados75 .

De facto, a “falta de aspecto, de imagem atraente e publicitável, de que sofrem as


ilhas, desvaloriza-as na sociedade actual.” (Luís Pacheco; apud; Margarida Wellenkamp, 2004:39)

Além do mais, embora na maior parte das ilhas a reabilitação esteja associada a um
grau de intrusão considerável – devido à falta de condições de salubridade influenciada pelo
tipo de materiais e sistemas construtivos rudimentares – o acto de reabilitar, possui ainda
algumas vantagens no que diz respeito a questões económicas. “ (…) optimização de
terrenos, infra-estruturas e materiais e, consequentemente, poupança de energia.” (ICOMOS –
Canada, 1983; apud; Helena Barranha, 2016:85). Fator este bastante positivo quando se trata de um
tipo de habitação onde as rendas por norma são mais contidas comparativamente com outras
tipologias na cidade.

Assim sendo, a reabilitação material das ilhas deverá incidir sobre os principais
problemas detetados nas mesmas, sendo esses, de forma genérica: áreas reduzidas;
iluminação e ventilação deficientes; e várias patologias que advieram dos materiais e
técnicas construtivas rudimentares e do próprio clima portuense.

Antes de prosseguirmos, importa reforçar que o Amanhã aborda as ilhas de uma


forma genérica. Parece-nos perfeitamente plausível, uma vez que nem todas as ilhas exigem
as mesmas ações de intervenção e, muito menos, o mesmo grau de intrusão. E, por este
mesmo motivo, importa clarificar que face a uma intenção de intervir numa ilha em
particular, esta ação deve ter por base um diagnóstico da mesma. Quanto maior for o
conhecimento sobre o objeto mais assertiva é a intervenção.

Este discurso sobre a particularidade de cada ilha, estende-se até ao próprio


programa. Neste trabalho de investigação é defendida a ideia de que nem todas as ilhas
devem integrar o programa de habitação. Aliás, as tipologias, o estado de conservação, a

74
Perante este preconceito que existe relativamente às ilhas, há uma outra ação, além de reabilitar,
que faz todo o sentido ser tomada - “Valorizar”. A reabilitação das ilhas deve andar a par da
valorização das mesmas. É necessário que haja uma mudança de mentalidades, é preciso educar as
populações e sensibilizá-las para a realidade das ilhas. Só com esta sensibilização é que a população
vai realmente reconhecer o valor das ilhas na cidade do porto, e, consequentemente cuidá-las e
respeitá-las. Sendo este respeito perante estes núcleos habitacionais é um grande passo, não só para
a sua inclusão (social e urbana) mas também para a própria manutenção e conservação. Porque “(…)
as ilhas continuam aí, alojando um número significativo de pessoas, em condições muito dispares, continuando algo
esquecidas e sobretudo ocultas, quer pela localização e morfologia do espaço, quer por um desconhecimento ainda
profundo”. (Isabel Vázquez; Paulo Conceição (coord.). 2015:15).
75
Cfr. Luís Pacheco; apud; Margarida Wellenkamp, 2004:37

104
ocupação da ilha, são tudo fatores que podem interferir na hipótese da ilha ser algo diferente
do ponto de vista funcional. Esta ideia é refletida na seguinte citação de Christian N. Schulz:
“Logo, o ato fundamental da arquitetura é compreender a “vocação do lugar.” (Christian N.
Schulz, 2008:459). E estas são as questões: existem 957 ilhas, será que todas devem ser
habitações? Mesmo quando não reúnem as condições necessárias para? Aliás, se a intenção
de tornar essas ilhas adequadas para o programa de habitação, colocar em causa os valores
patrimoniais da mesma, será que se deve avançar com a proposta? Ou podemos equacionar
outra solução e salvaguardar o património (i)material?

Neste caso, apoiamos a ideia de que a preservação dos valores patrimoniais de todo
o “arquipélago” está no topo da lista de prioridades. E sim, o próprio programa de habitação
tem a capacidade de proporcionar alguns dos valores evocados, como o espírito de
comunidade, por exemplo. Mas será que esse espirito de comunidade não pode sofrer um
upgrade? E permanecer na ilha sem a mesma ser estar associada ao programa habitacional?
Consideramos que sim.

As ilhas expressam-se das mais variadas formas no território. E por esse motivo nem
todas devem ter o mesmo destino. É possível proporcionar este espírito de comunidade
através da implementação de outros programas, como por exemplo um centro de dia ou uma
zona de lazer. Além disso, as ilhas podem, de facto, ser uma ferramenta para uma cidade
mais inclusiva.

Aliás, Álvaro Siza chegou a mencionar qual a sua visão para as ilhas enquanto
elementos fundamentais na malha urbana: “Estamos também a estudar as possibilidades de
comunicação entre as várias ilhas, com percursos internos ao quarteirão, considerando a ilha
como possível estrutura de desenvolvimento da cidade” (Álvaro Siza, apud Alexandre A. C.,
2002:9)

Esta é uma perceção interessante e que vai ao encontro do que foi defendido, sendo
que Álvaro Siza, com esta citação, introduz outra varável: a capacidade que a intervenção
nas ilhas tem de transformar o território. A verdade é que o Porto não tem mais por onde
crescer, é como se os seus limites se encontrassem em rutura. E, perante este facto, a solução
é crescer para o interior dando vida aos edifícios devolutos e/ou abandonados, aproveitando
os seus tardozes. As ilhas são, assim, um dos alvos ideais uma vez que estão implantadas no
miolo da cidade. Defendemos a ideia de que podem ser desenhados percursos que cruzem
os interiores das ilhas e conectem algumas partes da cidade, com a condição dos mesmos
não penetrarem a zona íntima da ilha, nomeadamente os alojamentos. Caso isso aconteça,

105
irá colocar em causa a própria dinâmica da ilha bem como alguns dos seus valores
patrimoniais.

Sendo este um subcapítulo que tem como objetivo demonstrar a nossa visão para
aquilo que consideramos que deva ser o futuro das ilhas, importa mencionar um termo que
inevitavelmente faz parte dum futuro próximo da cidade portuense – gentrificação ou
aburguesamento. O aburguesamento, conforme já descrito na nota de rodapé 35, constitui
uma ameaça para as ilhas e respetiva identidade. Neste sentido, achamos que para um futuro
promissor das ilhas deverá ser elaborada uma “política de reabilitação da cidade antiga em
benefício da heterogeneidade social e económica contrariando a logica da gentrificação na
cidade.” (Fernando M. Rodrigues; Manuel C. Silva; António C. Fonte; 2019)

Lamentavelmente, as ilhas começam a ser alvo deste flagelo. Um exemplo disso é a


notícia da ilha do Monte da lapa, apresentada no subcapítulo anterior. Esta é uma questão
prioritária para o património afeto às ilhas e constitui uma das razões pela qual devemos
tomar medidas o mais rápido possível quanto à intervenção assertiva. E ainda que a criação
de programas destinados aos turistas seja algo positivo do ponto de vista económico para a
cidade, devemos refletir que antes de se verificar este boom turístico, estas pessoas já
habitavam a cidade. Pessoas que merecem ter voz, porque mais do que quaisquer outras, têm
direito ao lugar e à cidade, pois foram elas que, de certa forma, fizeram do Porto um lugar
autêntico e com identidade.

Porém, e ainda sobre o aburguesamento, é importante que fique claro que as ilhas só
podem ser salvas desta ameaça se houverem políticas, regulamentos, planos. Isto é, algo que
ultrapasse os arquitetos e que dite as regras necessárias para combater o problema. Ou seja,
é uma questão da política da cidade, ou mesmo do poder central.

Na nossa perspetiva, consideramos que são dois os fatores fundamentais para o futuro
das ilhas:

1. Regras que incidam na preservação deste património (i)material


2. Uma arquitetura participada76.

76
Uma prova da importância da participação, é o facto de esta constituir o ponto nº3 da Carta de Washington
D.C. de 1987 que aborda a salvaguarda das cidades históricas. “3.A participação e o envolvimento dos habitantes
das cidades são indispensáveis para levar a cabo a sua salvaguarda. Esta participação deve ser sempre estimulada, pois
permite uma maior consciencialização de todas as gerações. É preciso não esquecer que a salvaguarda dos conjuntos
históricos interessa, primordialmente, aos seus habitantes.” (ICOMOS. 1987)

106
“Só uma verdadeira participação pode evitar a degradação e a deslocação para a
periferia dos moradores dos bairros históricos das cidades.” (Fernando M. Rodrigues; Manuel C.
Silva; António C. Fontes; 2019). É esta a ideia que defendemos. A arquitetura é feita para as
pessoas a habitarem e os espaços têm de ser desenhados no sentido de responderem às suas
necessidades. Como é que se iria reabilitar uma ilha sem perceber o que as pessoas realmente
precisam que seja melhorado? São elas que habitam naquele sítio, e a ideia é que sejam as
mesmas a habitar depois da intervenção.

“A arquitetura participada significa nós convivermos e discutirmos e expormos os


assuntos com os moradores, mas significa nós termos tempo de entender aquilo que
se passou.” (António C. Fontes, 2019)

O conceito de participação revela-se basilar para uma intervenção assertiva e também


inclusiva. Porque quem habita tem direito ao lugar, à cidade, mas também à palavra. E o
arquiteto tem uma missão social, a missão de saber ouvir para consequentemente conseguir
dar resposta às necessidades das pessoas por meio da arquitetura. 77 E é através de algumas
opções formais que se consegue transmitir algumas mensagens elementares aos moradores,
nomeadamente: a igualdade de direitos; a igualdade de espaços; a democratização do lugar
combatendo apropriações do espaço exterior desproporcionadas. O projeto de reabilitação
tem a obrigação de corrigir as desigualdades. “São decisões muito importantes para que
ninguém se julge na ilha mais que os outros, ou numa situação de privilégio perante os
outros.” (António C. Fontes, 2019)

No seguimento deste raciocínio, importa ressalvar que a Arquitetura por si só não é


capaz de dar uma resposta assertiva às ilhas, pois antes de intervir é preciso conhecer,
diagnosticar e discutir pontos de vista. A arquitetura participada exige muito mais do que
um projeto baseado em inquéritos feitos aos moradores. A dita participação exige uma
equipa heterogénea à disposição dos moradores e do próprio projeto.

77
Cf. Esta reflexão surgiu após a leitura de um texto de José Capela intitulado de Utilidade da arquitetura, 0
+ 6 possibilidades. Neste texto, o arquiteto traz a terreiro uma série de questões acerca da utilidade da
arquitetura onde afirma que a arquitetura acaba por ser um serviço que os arquitetos executam melhor. E a
verdade é que, de uma certa perspetiva, a arquitetura pode ser interpretada por um serviço uma vez que é um
meio para satisfazer as necessidades da sociedade. Tendo em conta o sentido lato do termo serviço, a arquitetura
procura igualmente ser útil. De facto, as pessoas fazem a arquitetura e por isso o objetivo fundamental de
qualquer obra arquitetónica é que esta seja alvo de apropriação. E qualquer obra de arquitetura deve ser feita
tendo em conta o que as pessoas realmente necessitam para ser utilizada. Tal como Martin Heidegger
contextualiza “A essência de construir é deixar-habitar.” (Martin Heidegger, 2010:139, apud, Hugo J. D. Oliveira, 2015:71).

107
“É um trabalho que obriga a uma disponibilidade dos técnicos para fazer essa participação. A maior
dificuldade não está nas pessoas, está no tempo a que são obrigados os técnicos a disponibilizarem
para que possam de facto compreender a dimensão do problema.” (António C. Fontes, 2019)

Em jeito de síntese, tal como o título do presente trabalho de investigação sugere, a


intervenção nas ilhas não incide apenas sobre o lado material. É pretensão abordar
igualmente os valores intangíveis associados às ilhas. Ou seja, a ação de intervenção está
também diretamente relacionada com o tipo de valores patrimoniais que as ilhas apresentam.
A prova disso são os seguintes tópicos, considerados como fundamentais, na reabilitação
(i)material de uma ilha:

1º PARTICIPAÇÃO. Ouvir as pessoas que residem nas ilhas e compreender as suas


necessidades é um passo fundamental para uma intervenção assertiva. Consideramos que a
participação dos moradores é imprescindível para o sucesso da reabilitação, sendo as ilhas
um tipo e construção com um caráter social muito forte. A arquitetura participada exige um
trabalho de equipa, sendo a arquitetura é apenas uma peça deste conjunto.

2º COMPROMISSO E DIAGNÓSTICO. Conhecer, comprometendo-nos com o


lugar e com as pessoas (1º). É extremamente importante executar um diagnóstico completo.
Para tal e não descurando o papel dos inquéritos, é preciso “viver” na ilha e entender o estado
(i)material da mesma, sendo exigida a toda equipa envolvida no processo de participação –
arquitetos, engenheiros, antropólogos, sociólogos, entre outros - uma disponibilidade e
compromisso acrescidos. Esta relação com a ilha e com os moradores tem como resultado
um diagnóstico realista sobre o estado da ilha a intervir. Diagnóstico este fulcral para uma
intervenção assertiva.

3º LUGAR. Entender a vocação do lugar e decidir o programa em função do mesmo


tendo em conta o próprio lugar, o que se retirou do compromisso e do diagnóstico à ilha, e
claro, a opinião dos moradores e de toda a equipa interveniente no processo.

4º LIMPEZA. Demolição de todos os volumes que não correspondem às


construções originais, e como tal, não se consideram relevantes em termos volumétricos.
Não fazem emergir a memória nem a identidade da ilha, antes pelo contrário, camufla-as.
Contudo, antes desta limpeza é importante fazermos uma leitura de porque é que os volumes
ilegais surgiram, porque houve a necessidade de os criar, e qual a dinâmica que estes
acrescentos trouxeram à ilha. A verdade é que estas construções, muitas vezes
menosprezadas, podem nos dar muitas pistas sobre aquilo que faz falta aos moradores e ao
lugar.

108
5º RESPEITO. Respeito pelos valores patrimoniais materiais e imateriais. Respeito
pelas pessoas e pela forma como toda tipologia funciona: ilha e alojamentos. Preservar a sua
singularidade/identidade.

6º SUBTILEZA. Proceder a uma reabilitação com o grau de intrusão mais baixo


possível, subtil, visando ao máximo a salvaguarda da memória do construído. As ilhas tem
uma história e, neste sentido, a intervenção não deve interromper o seu percurso natural. É
importante moldar a história da ilha de uma forma natural e subtil, dando continuidade a
tudo aquilo que ela representa no tempo e no espaço.

7º DIGNIDADE IGUALITÁRIA. Garantir que a intervenção na ilha promove as


necessárias condições de habitabilidade, tornando-a digna. Porém, qualquer alteração formal
deve ter em consideração os pontos 5º e 6º. As fachadas e a tipologia devem refletir as
necessidades dos moradores e a questão estética não deve ultrapassar o conceito de
igualdade. Na ilha ninguém pode sentir-se numa posição privilegiada ou desprivilegiada face
às habitações dos restantes moradores.

8º PÚBLICO-PRIVADO GRADUAL. Níveis de intimidade crescente. Tentar


amenizar a “quebra” entre rua e ilha, abrindo-a para a cidade de forma gradual através de
filtros.

9º COMUNIDADE. Criar espaços capazes de potenciar o convívio/encontro, como


símbolo do espirito de comunidade caraterísticos das ilhas. Contudo, é importante perceber
que quando se intervém numa ilha, o espírito de comunidade pode ser colocado em causa,
quer por opções projetuais que alteram a dinâmica original da ilha, quer pela saída de alguns
moradores, ou mesmo pela entrada de novos elementos. E neste sentido, apelando ao lado
humano e à missão social do arquiteto e do resto da equipa, é pretendido que o espírito de
comunidade pré-existente seja salvaguardado o máximo possível. Sendo por isso necessário
preparar os moradores da ilha para estas realidades, demonstrando-lhes através da proposta
de intervenção que na ilha todos têm os mesmos direitos material e imaterialmente.

Por fim, importa deixar claro que na reabilitação das ilhas não dá para agir de forma
pragmática. É necessário analisar cada caso em particular e fazer os devidos ajustes. Neste
sentido, os tópicos acima elencados acima não pretendem ser um guião ou definir uma
hierarquia de prioridades de intervenção. É apenas uma lista de conceitos que consideramos
que devem ser tidos em consideração na intervenção (i)material de uma ilha.

109
2
CASAS SIM! BARRACAS NÃO!
CASOS DE REFERÊNCIA

110
111
2. “CASAS SIM! BARRACAS NÃO!”

A frase, “CASAS SIM! BARRACAS NÃO!” ficou conhecida por ter sido
proclamada por inúmeras vozes na década de 70 do século XX, nos anos que se sucederam
à revolução dos cravos, traduzindo a vontade e a necessidade das pessoas terem habitações
condignas.

E a verdade é que hoje, passados mais ou menos 40 anos, esta célebre frase continua
a fazer sentido. Tal como já foi mencionado, atualmente, existem várias ilhas a necessitar de
uma intervenção iminente cujos alojamentos não garantem as condições mínimas de
habitabilidade para os seus moradores. Neste sentido, a luta por casas que reúnam as
condições habitabilidade continua -“ CASAS SIM! BARRACAS NÃO!”, pois defendemos
que todo o ser humano tem direito à habitação e à cidade.

“A política habitacional de uma cidade deve centrar-se nos critérios da participação, da


contratualização e da inclusão das classes mais desfavorecidas (…) De forma a possibilitar-lhes o
direto à habitação e à cidade. De forma a erradicar ou a suavizar as situações de pobreza e de miséria
social que fazem das nossas ruas a sua «casa» e o seu único refúgio. (…) Para isso, devemos apostar
na requalificação dos bairros populares e das ilhas, (…)” (Fernando M. R.; Manuel C. S.. 2015:33)

O presente capítulo pretende demonstrar três casos onde as ilhas foram reabilitadas
e adaptadas às necessidades contemporâneas (duas delas concluídas e uma por executar).
Casos estes que demonstram efetivamente a substituição de “barracas” por “casas”. A análise
destas três reabilitações permite também depreender que não basta dar dignidade às
habitações das ilhas. Sendo a ilha um tipo de construção que se insere no património cultural
- arquitetónico e urbano -, esta deve ser intervencionada com base nos seus valores materiais
e imateriais.

A preservação da identidade e autenticidade da ilha exige, por parte dos autores do


projeto de intervenção, uma grande eficiência mas também uma grande sensibilidade para a
realidade em questão.

Para uma interpretação justa e igualitária dos três casos de referência, foram
estabelecidos os mesmos tópicos para todos os projetos. No final de cada caso, será
executado um quadro síntese com critérios transversal aos mesmos.

112
As ilhas em questão são as seguintes:

- Ilha da Bela Vista (nº832 da rua de D.João IV)

- Ilha nº113 da rua de S.Victor

- Ilha nº172 da rua de S.Victor

A ilha da Bela Vista é uma ilha municipal da cidade do Porto. Tivemos a


oportunidade de entrevistar o Arq. António Cerejeira Fontes, que integra o gabinete
Cerejeira Fontes, enquanto responsável pelo projeto de reabilitação da ilha da Bela Vista.
Por este motivo, o capítulo referente à Bela Vista encontra-se composto por várias citações
que traduzem verdadeiramente a perceção do arquiteto sobre o projeto e a experiência social
que o mesmo implicou.

As outras duas ilhas, localizadas na rua de S.Victor, são da autoria do Arq. Bernardo
Amaral. Ao invés da Bela Vista, estes dois casos - nº113 e nº172 - estão sobre a posse de
privados. A ilha nº113 corresponde a uma residência para artista e visitamo-la no âmbito do
Open House 201978 do Porto, no qual o próprio Arq. Bernardo Amaral procedeu a uma
explicação do projeto de intervenção. A ilha nº172, esta ainda não começou a ser
intervencionada. Todavia, foi igualmente visitada e foi possível estabelecer um diálogo com
um morador que nos contextualizou a situação atual da ilha.

78
Open House é uma um iniciativa que teve início em Londres que consiste na abertura de alguns edifícios ao
público, de forma gratuita, numa determinada cidade e por norma tem a duração de dois dias correspondentes
ao fim de semana. O Open House 2019 constituiu a 5º edição desta iniciativa. Com efeito, a nossa ver, esta é
uma experiencia bastante enriquecedora, pois existem enumeras obras abertas ao público, algumas delas com
visitas guiadas, e desta forma é nos dada a oportunidade de conhecer gratuitamente as obras, em que algumas
delas numa circunstância normal não nos seria possível aceder (com é o caso da ilha nº113 da rua de S.Vítor).
Além disso, em algumas das obras é o próprio arquiteto, autor do projeto que faz as visitas guiadas, e estas
visitas tornam-se verdadeiros momentos de aprendizagem e partilha. Sendo um dos aspetos mais interessantes
do Open House, a liberdade de cada visitante em criar o seu próprio itinerário, escolhendo quais as obras que
quer visitar e a que hora o pretende fazer, pois previamente é lançado um roteiro que possibilita a execução
destas escolhas.

113
114
2.1. Ilha da Bela Vista

[Contextualização]

A ilha da Bela Vista localiza-se na freguesia do Bonfim, na rua D. João IV, nº 832.
Apresenta dois corredores e quatro fileiras de casas coloridas paralelas entre si. Antes da
intervenção, este núcleo habitacional continha um total de 43 alojamentos, sendo que apenas
13 se encontravam ocupados.

Esta é uma ilha da propriedade da Câmara Municipal do Porto e a sua reabilitação


tinha como propósito incentivar os proprietários privados a investir na melhoria das
condições de salubridade das suas ilhas.

“Um projecto que, independentemente do impacto que iria ter nos seus moradores, serviria de
laboratório inspirador para os proprietários privados que, assim, poderiam desenvolver um negócio
sustentável e, simultaneamente, relevante do ponto de vista social.” (Rui Moreira apud Fernando M. Rodrigues
e Manuel C. Silva, 2015:11)

Ao longo dos anos foram surgindo algumas propostas de intervenção,


nomeadamente:

- Em 1975, a ilha da Bela Vista integrava um


processo SAAL conduzido pelo Arq.Mário Moura em
cooperação com a Associação de Moradores da Bela
Vista. Contudo, nada aconteceu;

- Em 1976, a mesma ilha esteve para ser


intervencionada, pela equipa de Mário Trindade,
igualmente no âmbito do processo SAAL.

De uma forma sucinta, “A proposta da Brigada


Técnica para a Operação da Ilha da Bela Vista tem como
elemento principal projectado um Bloco com quatro
pisos de habitações, sendo último recuado, e um cave
destinada a sala de reuniões e convívio da Associação de
Moradores. Os restantes edifícios têm três pisos no
máximo, acompanhando a pendente natural do terreno.” Fig.58 – Planta da proposta da operação
(Fernando M. Rodrigues, 2014:63) SAAL para a ilha da Bela Vista 1976.

Estava prevista a ligação de um bloco existente com um outro edifício, cujo alçado
se encontrava orientado para a rua D. João VI. Era igualmente pretendido, integrar espaços

115
de convívio, espaços polivalentes e ainda espaços verdes a Sul da ilha, visando completar os
programas referidos.

Contudo, a intervenção não ocorreu.79

- Em 2015 seguiu-se o projeto de intervenção da autoria do gabinete de Cerejeira


Fontes – o projeto de intervenção ao qual vamos dar relevo, pelo facto de ter sido
concretizado.

[Diagnóstico]

De uma forma pragmática, na ilha da Bela Vista foi diagnosticado:

-Falta de luz e ventilação, falta de algumas divisões indispensáveis como a cozinha


ou instalações sanitárias no interior de muitos alojamentos.

- Má gestão das células habitacionais: famílias numerosas a viver na tipologia mais


pequena, e pessoas a viverem sozinhas numa tipologia de maior dimensão.

- Identificação do sistema construtivo em alvenaria de pedra e madeira, tal como seria


de prever. Assim como inúmeras patologias que derivaram dos sistemas construtivos
rudimentares e do próprio desgaste que o tempo provocou no edificado.

- Desigualdade em termos de espaço comum: alojamentos privilegiados pela


localização sua casa. Por exemplo, ao existirem corredores sem saída, a última casa da fileira,
encostada ao muro que limita o lote da ilha, tem uma oportunidade de apropriação superior
face aos restantes alojamentos.

[Projeto de intervenção80]

Em primeiro lugar, importa esclarecer que o projeto de intervenção da autoria do


gabinete Cerejeira Fontes surgiu numa fase em que as circunstâncias sociais, políticas e
económicas eram muito distintas das presentes aquando as propostas anteriores para a
mesma ilha. O facto das propostas anteriores não terem sido concretizadas, gerou uma

79
O arquiteto Mário Trindade não conseguiu acompanhar o processo SAAL na ilha da Bela Vista até ao fim,
sendo este Moçambicano, viu-se obrigado a regressar a Moçambique numa fase em que a sua terra natal
começava um processo “descolonização e independência”. “A sua ida em 1976 levou-o a abandonar todo o processo
mais tarde, quando veio a Portugal, verificou que os moradores ficaram sem casas novas e reabilitadas na Bela Vista. Estava
tudo na mesma e num estado de profunda frustração.” (Fernando M. R.; Manuel C. S., 2015:31).
80
Todas as peças desenhadas deste projeto de reabilitação da ilha da Bela Vista encontram-se no anexo 5.

116
frustração e desconfiança por parte dos moradores relativamente a futuras intenções de
intervenção na ilha da Bela Vista.81

Embora as propostas no âmbito do SAAL não tenham tido futuro, as mesmas foram
estudadas pelo gabinete Cerejeira Fontes. Aliás, António Cerejeira Fontes afirma que
enquanto agentes de intervenção tinham o dever de o fazer, e foi nesse contexto que afirmou:
“A nossa obrigação era perceber… e tinha muitas coisas positivas que nós bebemos. Por
isso, não resultado da intervenção arquitetónica mas sim do processo.” (António C. Fontes,
2019).

A intervenção dos Cerejeira Fontes para a Bela Vista assentou sobre um conceito
elementar: participação. A arquitetura era apenas um fragmento de toda uma equipa82, dando
especial destaque à presença dos moradores da ilha, fundamentais em todo este processo. A
participação enquanto momento operativo, foi um dos aspetos que o gabinete de arquitetura
recolheu do âmbito do processo SAAL.

“A grande referência da arquitetura participada… O


Távora no bairro do Barredo, nos anos 50, defende que deve
ser feita uma intervenção mantendo as pessoas a morar nos
sítios onde sempre moraram. O lugar, o direito ao lugar, passa
a fazer parte o direito à habitação, não é só encontrar-se uma
habitação condigna mas garantir-se que o direito ao lugar é
preservado. Ele defende que a Arquitetura deve ser continuar
inovando. E no barredo, ele defende também que deve-se
fazer a intervenção sem tirar as pessoas de lá se possível. E
essa leitura que foi retirada do Távora dos anos 50 e aquilo
Fig.59 – Maquete do projeto de reabilitação da
que foi feito no SAAL, também aqui, serviu-nos de base.” ilha da Bela Vista.
(António C. Fontes, 2019)

A verdade é que todo processo construtivo da reabilitação da ilha da Bela Vista não
implicou o realojamento temporário dos moradores fora da ilha. Esta foi uma opção tomada

81
Esta informação foi obtida no decorrer da entrevista ao Arq. António Cerejeira Fontes, quando confessou:
“Ainda para mais muitas das pessoas que faziam parte da associação de moradores que na altura acompanhou esse processo
do SAAL ainda eram pessoas vivas. Neste momento, a associação de moradores da Bela Vista foi mais ou menos provocada
a criar-se, mas existiu no SAAL, e muitas das pessoas tinham acompanhado esse processo na altura, acompanharam todo
aquele momento de alguma ilusão, naquilo que era um projeto que estava para ser lançado, mas depois resultou numa
desilusão, pelo facto de não ter avançado. E muitas das promessas ao longo desses anos depois do SAAL em relação à Bela
Vista deixou as pessoas sempre com um pé atrás.” (António C. Fontes, 2019)
82
Todo este projeto de intervenção nas ilhas teve por detrás uma equipa complexa. Utilizando as palavras do
próprio Arquiteto António Cerejeira Fonte: “Este projeto primeiro não foi só um projeto de arquitetura, foi de ciências
sociais, antropológicas, um projeto vasto.” (António C. Fontes, 2019). E é importante compreender que quando
abordamos a questão da arquitetura participada esta não é apenas referente à integração dos moradores e das
suas opiniões no processo. É muito mais de que isso… é a coexistência das mais variadas áreas num laboratório.

117
pelo gabinete Cerejeira Fontes muito influenciada pela visão de Távora no âmbito do bairro
do Barredo mas, também, pelo impacto que tem o afastamento das pessoas, face às suas
habitações. Todas estas mudanças acabam por afetar muito os moradores e causar-lhes uma
desconfiança, acima de tudo, desnecessária. Questionamos, ao arquiteto, a razão pela qual
não mudaram a pessoas para outro local aquando a realização das obras. António Cerejeira
Fontes respondeu:

“Nós não quisemos. Podíamos ter feito mas isso… há muitos casos no porto de intervenções em que
retiraram as pessoas para se fazer as obras e as pessoas nunca mais regressaram... e há da parte dos
moradores uma desconfiança de quando saem do lugar (…) Nos fizemos um plano de realojamento
considerando muitos fatores mas aquele que era mais importante era garantir que as pessoas se
mantinham a viver lá mesmo durante as obras. Isso foi um processo que demorou 4 a 5 meses a fazer.
E esse plano de alojamento foi respeitado escrupulosamente.” (António C. Fontes, 2019)

Após a conclusão das obras, todas as pessoas


que residiam na ilha antes da intervenção,
permaneceram lá. Foi um projeto cuja palavra-chave
foi, sem dúvida, a participação. E tudo começou com
o facto de terem sido os próprios moradores da ilha a
encomendar o projeto ao gabinete Cerejeira Fontes.

“ Foi um projeto que fizemos diretamente para os moradores,


num acordo mútuo, e foi aí que foi possível a ilha ser construída.
Porque por vontade dos políticos e das escolas não tinha sido
feito. Fomos nós e foram eles que vieram ter connosco, foi
simultâneo. Uma das coisas importantes neste projeto é a
Fig.60 – Fase construtiva do projeto de arquitetura verdadeiramente participada.” (António C. Fontes, 2019)
reabilitação da ilha da Bela Vista.
Uma das decisões mais importantes
relativamente a este projeto, foi a instalação de um laboratório dentro da própria ilha,
destinado aos vários intervenientes no processo de intervenção83: Domus Social (Câmara
Municipal do Porto), LAHB.Social84 (Laboratório de Habitação Básica e Social), ISSSP (Instituto Superior

83
Fernando Matos Rodrigues, um dos antropólogos que integrava a equipa clarifica alguns dos profissionais
envolvidos. “Todo o processo assenta num método simples mas com complexidade de fazer arquitetura participada,
envolvendo deforma transversal moradores, decisores políticos, arquitectos, engenheiros, antropólogos, sociólogos,
técnicos de Serviços Social, técnicos municipais e documentalistas.” (Fernando M. Rodrigues, Manuel C. Silva; 2015:65)
84
Laboratório de Habitação Básica e Social – o LHAB Social aparece de uma parceria do mesmo com a
Cooperativa de Ensino Superior de Serviço Social, CRL / Instituto Superior de Serviço Social do Porto (CESSS
/ISSSP). Os objetivos desta LAHB Social são muito direcionados para a “promoção da habitação básica e
reabilitação de ilhas e bairros populares do Porto.” “O LAHB Social estabeleceu como intervenção prioritária a Ilha da
Bela Vista onde desenvolve(rá) ações de caraterização morfológica, social, económica, arquitetónica e urbanística, tendo
como objetivo último a sua reabilitação”. (DOMUS SOCIAL. Câmara municipal do Porto).

118
de Serviço Social do Porto) e ESAP (Escola Superior Artística do Porto) – ver fig.F do anexo 5. A
proximidade e o compromisso com o local e com as pessoas revelou-se fulcral para a
compreensão das verdadeiras necessidades dos moradores, mas também da própria dinâmica
e rotina inerente a toda a tipologia. Neste âmbito, ficou claro que a elaboração de inquéritos
é insuficiente para retirar quaisquer conclusões uma vez que se obtêm respostas forçadas e
enganosas. António Cerejeira Fontes afirma mesmo isso:

“E o que significa participar? A maior parte da arquitetura participada resulta em fazer uns inquéritos
e com base nos inquéritos uma pessoa faz um projeto. E isso é muito mau. Porque a decisão mais
importante neste projeto foi nós termos decidido montar o laboratório dentro da ilha, e ter lá vivido
dois anos. Aquilo que os inquéritos nos dizem é aquilo que eles acham que é bonito dizer. Mas ao fum
de dois anos lá a viver, conhecemos a outra ilha e a que nunca nos era apresentada nos inquéritos. Nós
tínhamos arquitetos, sociólogos, antropólogos a viver lá, às vezes saímos de madrugada, ou fazíamos
diretas, então isso permitiu-nos conhecer uma realidade que as pessoas não diziam mas nós
percecionamos.” (António C. Fontes, 2019)

A intervenção do gabinete Cerejeira Fontes, de uma forma sucinta, converteu as 43


habitações pré-existentes em apenas 35. Esta opção implicou claramente adaptações às
necessidades contemporâneas, como por exemplo, fazer com que algumas das habitações
fossem acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida. Contudo, há um aspeto fundamental
que deve ser salientado. Nesta intervenção, nenhuma das habitações sofreu aumentos, ou
seja, todos os alojamentos mantiveram as suas áreas. E esta opção projetual teve como mais-
valia a preservação dos contratos de arrendamento existentes.

“Fomos muito pressionados para pegar em duas casas, ou três casas para transformar numa, é aquela
visão higienista de princípio do século XX: dar áreas, ventilações, iluminação, e nós fizemos isso tudo
exceto dar áreas, e as casas são todas mais pequenas do que a legislação obriga neste momento, mas
tem uma grande vantagem, é que as pessoas pagam as rendas em função da área e assim as pessoas
tem casas dignas mas pagam uma renda baixa, porque há pessoas lá que tem 200€ de reforma, 180…
e pagar uma renda seria o dobro do que pagavam…não fazia sentido”. (António C. Fontes, 2019)

Além do previsto no programa habitacional, foi proposta também a implantação de


uma horta e outros programas como: uma lavandaria e um espaço para a associação de
moradores. Contudo, estes últimos três programas referidos ainda não foram implementados,
mas serão brevemente. Importa salientar que a intenção é que tanto as hortas como a
lavandaria sejam utilizadas não só pelos moradores da ilha mas também por quem habita
próximo.

Deste modo, foi proposto ainda que a ilha da Bela Vista passasse a ter mais duas
entradas de acesso, tornando a porta mais a Sul a entrada principal da ilha – ver Fig.R do
119
apêndice 4. Uma prova desta intenção foi a instalação das caixas de correio nesse mesmo sítio,

pois atualmente os moradores utilizam somente a entrada mais a Norte, a mais antiga – ver
Fig.T do apêndice 4. Efetivamente, a verdade é que esta mudança de entrada ainda não
aconteceu pelo facto do projeto ainda não estar finalizado nessa zona. Zona essa que
corresponde a uma cota mais baixa relativamente aos alojamentos da ilha e que deverá
englobar os três programas referidos no parágrafo anterior: horta, lavandaria e espaço para
os moradores. Irá funcionar como uma espécie de praça de chegada, capaz de suavizar a
dicotomia público/privado – ver Fig.S do apêndice 4.

“Significa criar um espaço de transição entre um espaço absolutamente público e um espaço que vai
percorrendo até chegar à maior intimidade. Tem de haver um degrade. Então nós criamos uma praça,
que para aí davam as hortas, a associação de moradores, a lavandaria e que este espaço das hortas e
da lavandaria estavam abertos não só a quem vive aqui mas a quem vive na rua e quer usar esses
equipamentos.” (António C. Fontes, 2019)

Tal como o arquiteto deixou claro, expor uma ilha é o mesmo que expor a caixa de
escadas de um prédio. É algo impensável. E esta opção de criar uma zona mista e de transição
revela-se muito pertinente. Contudo, ainda neste sentido, importa salvaguardar que a zona
dos alojamentos é a zona mais íntima da ilha e, por este motivo, além do existente desnível
entre a praça e essa zona de alojamentos, há ainda uma porta que separa a área mais intimista
desta “zona mista de transição”, como o arquiteto a define.

Relativamente às habitações houve uma procura evidente de otimizar o espaço. Aliás,


como já percebemos, as áreas das habitações não aumentaram comparativamente às pré-
existências. Com a preservação das áreas, surgiram alguns desafios no sentido de rentabilizar
o espaço existente habitável. Algumas das medidas tomadas foram: substituição de algumas
portas por cortinas e a criação de meios pisos. Consequentemente, esta ideia de aproveitar
ao máximo as áreas das habitações fez com que as mesmas ganhassem grande versatilidade.
E o facto é que esta missão de manter as áreas exigiu uma grande perspicácia por parte da
equipa de intervenção pois, na maioria das habitações, faltavam algumas divisões
indispensáveis a uma habitação condigna e que não existiam antes da intervenção.

120
Fig.61 – Maquete do projeto de reabilitação da ilha da Bela Vista.

“A maior parte das casas na ilha da Bela Vista, antes da nossa intervenção não tinham casa de banho,
não tinham agua, não tinham cozinha dentro de casa, eram nessas condições que as pessoas viviam.
Inclusive uma das pessoas que não tinha casa vivia no balneário num sofá.” (António C. Fontes, 2019)

Sobre as tipologias habitacionais, sucederam-se debates entre os vários envolvidos


no processo de reabilitação. Sendo importante referir que, paralelamente ao diálogo
constante com os moradores da ilha, foram executados diagnósticos casa a casa, pois, cada
caso é um caso. E, mesmo a ilha sendo um conjunto de alojamentos é importante entender
85
que cada morador tem uma opinião a dar e cada habitação apresenta patologias e
necessidades especificas a responder.

85
Contudo, é também importante frisar que não é tarefa fácil materializar o que o que todos moradores
idealizam. Cada família tem a sua forma de habitar, a sua forma de estar e viver os espaços. E neste caso,
existem vários moradores com ideias distintas entre si. Neste momento de discussão o conceito de comunidade
pode quebrar-se. Assim como a própria homogeneidade do núcleo habitacional pode ser posto em causa. Mas
é nestas situações que a equipa deve retirar o sumo do que foi proposto pelos diferentes moradores e por meio
da observação e compromisso com o lugar, reter o realmente deve ser intervencionado e como.

121
“Identificamos e isolamos as patologias
construtivas das células e as aspirações dos seus ocupantes,
descodificando os problemas e apresentando as soluções
para eles, de forma a responder às necessidades do habitar
numa moradia do século XXI.” (Fernando M. Rodrigues e Manuel
C. Silva, 2015:61)

O esquema organizacional das


habitações, neste projeto de reabilitação da ilha,
foi pensado de forma a que as áreas sociais
permanecessem no rés do chão (cozinha,
instalações sanitárias e sala), e as áreas privadas
no piso superior (quartos).

Fig.62 – Maquete da tipologia de habitação – célula No projeto destacam-se duas tipologias de


duplex.
habitação: células duplex e células simples.
Claramente as últimas destinam-se a um menor
número de habitantes por agregado familiar (é
uma habitação para apenas uma pessoa, no
máximo duas) e a outra tem a capacidade de
suportar um número maior (neste caso já podem
residir mais do que duas pessoas, ou seja, já é
Fig.63 – Maquete da tipologia de habitação – célula
simples. uma habitação capaz de albergar uma família).

“Toda a célula funciona de forma integrada, aproveitando ao máximo todas as possibilidades de


ocupação do espaço, numa tipologia com fortes limitações de área disponível.” (Fernando M. Rodrigues,
Manuel C. Silva; 2015:75)

Arriscamo-nos a dizer que os elementos chave destas tipologias são as escadas e,


sobretudo, as entradas de luz, destacando a claraboia – ver Fig.U e Fig.V do apêndice 4. A luz
entra no sítio ideal, sem condicionar o espaço e a sua organização, e circula por toda a casa.
Aliás, é de frisar que as portas existentes no interior das habitações são em grande parte de
vidro de forma a otimizar os ganhos de luz. A escolha das caixilharias e a forma como foram
implementadas revelaram-se uma solução inteligente: António Cerejeira Fontes afirma que
só pelo facto de terem colocado todo o vão disponível com vidro, com a caixilharia encaixada
na parede interior da habitação, ganharam cerca de mais 40% de luminosidade – ver Fig.W do
apêndice 4.

122
Com o intuito de potenciar ainda mais esta
questão da luminosidade, todas as fachadas das
habitações foram pintadas de cor branca com o
objetivo de refletirem o máximo de luz possível.
Outrora, os alojamentos eram coloridos, isto é,
cada alojamento era pintado de cor distinta – ver
fig.G do anexo 5. A opção de uniformizar as quatro
fileiras com a cor branca teve como intenção
validar o facto da ilha ser um “espaço com uma
identidade comum forte e não um somatório de
pequenas casas todas elas casuísticas.” (António C. Fig.64 – Espaço comum exterior da ilha da Bela Vista.
Fontes, 2019)

Ao nível de sistemas construtivos, a alvenaria de pedra (granito), original da ilha, foi


mantida. Contudo, uma vez que as paredes de granito apresentava apenas 20 centímetros de
espessura, ou seja, frágeis, houve a necessidade de elaborar a laje intermédia em betão
armado servindo de travamento das paredes exteriores, assim como a execução de uma cinta
igualmente em betão armado como remate das paredes. Para combater a entrada de água e
humidades através das paredes de alvenaria de pedra foi construída uma parede de gesso
cartonado ou de tijolo cerâmico (dependendo do grau de humidade detetado em cada
habitação), sendo que entre esta segunda pele interior e a alvenaria de pedra foi deixada uma
caixa-de-ar. Caixa-de-ar esta que tem o objetivo ventilar a parede, salvaguardando o conforto
no interior das habitações. Os pavimentos interiores são revestidos por materiais duráveis:
marmorite no rés-do-chão e vinil das escadas e no piso superior – ver Fig.X do apêndice 4. Ao
nível da cobertura foi escolhida uma cobertura leve metálica – painel sandwich + chapa
ondulada, com a mesma sobrecarga que as paredes originais suportavam.

Por último e em jeito de síntese, Fernando Matos Rodrigues, o Antropólogo presente


na equipa de intervenção, sintetiza a essência desta intervenção sendo possível concluir que
esta reabilitação vai ao encontro do que acreditamos que possa ser o melhor “amanhã”
possível das ilhas na cidade do Porto.

“A nova proposta de programa arquitectónico nasce desta necessidade do projecto em preservar a


memória da ilha, sem fazer uso da promoção de qualquer imitação tosca do passado, mas respondendo
de forma adequada às aspirações e desejos dos moradores da Bela Vista, com a produção de uma
arquitectura qualificada que lhes possibilite habitar com dignidade dentro das possibilidades
económicas, culturais e sociais.” (Fernando M. Rodrigues, Manuel C. Silva; 2015:73/74)

123
[Notas conclusivas]

"Estamos perante um problema de intervenção e de transformação de um conjunto de casas, integradas


em banda, com tipologias diferenciadas, com espaços exteriores singulares onde se organiza e
estrutura a vida de uma comunidade secular." (Fernando M. Rodrigues e Manuel C. Silva, 2015:58)

Esta noção foi totalmente tida em conta por parte da equipa de intervenção, e o
resultado está à vista. Houve um respeito pela tipologia da ilha, pela dinâmica, pelo lugar e
pelas suas pessoas. Mas o sucesso do projeto de reabilitação deveu-se muito ao laboratório
que foi montado dentro da ilha que proporcionou um arquitetura verdadeiramente
participada. O tal compromisso com a ilha e com os moradores, que António Cerejeira
Fontes aborda incansavelmente, foi a base desta intervenção (i)material assertiva. “O
compromisso na arquitetura é aquilo que é mais importante, comprometermo-nos com aquilo
que se passa no local com as pessoas. A arquitetura é feita de proximidade e não de
gabinete.” (António C. Fontes, 2019)

O diagnóstico que foi executado casa a casa pelos técnicos, foi de extrema
importância, pois só analisando todas as habitações é que é possível entender de que forma
se deve atuar. Nem todas as habitações apresentam as mesmas patologias ou estado de
conservação e, por isso, exigem respostas distintas. E, neste contexto, é importante que as
respostas a dar sejam mais ou menos intrusivas, conforme for necessário, mas que o
resultado final se traduza num conjunto de habitações onde todas elas reúnam as mesmas
condições de habitabilidade. Na nossa perspetiva, as ilhas são um modelo justo, um modelo
igualitário e por esse mesmo motivo não faz sentido verificarem-se discrepâncias
tipológicas, quer ao nível dos alojamentos, quer ao nível do espaço exterior (que no caso da
ilha funciona como uma extensão dos mesmos).

É de reforçar que a preservação das áreas das habitações pré-existentes foi uma
atitude fulcral tendo em conta os baixos rendimentos das famílias que habitam a ilha. Não
haver um aumento de áreas possibilitou manter as rendas dos seus moradores. E esta questão,
juntamente com o plano de realojamento que foi executado para evitar a saída dos moradores
da ilha no período de execução do projeto, foram duas decisões, que por muito que pareçam
básicas, constituíram um grande passo para o sucesso da reabilitação. A permanência dos
mesmos moradores antes e depois da intervenção é importantíssimo, é mais do que
transformar as barracas em casas, é contribuir para o direito ao lugar e à cidade.

No que diz respeito à relação da ilha com o território: a solução da zona mista na cota
mais baixa foi um dos aspetos projetuais que mais sentido faz, pois permite que a intimidade

124
da ilha (os alojamentos) continue resguardada e vai abrindo através de sucessivos filtros e
programas, um percurso gradual desde a zona mais intimista até ao mais público, a rua.

Em suma, é importante reter que:

“O projecto de arquitectura para a reabilitação da Ilha da Bela Vista não se inscreve numa arquitetura
de «tábua rasa», pelo contrário o projecto inscreve-se num lugar, num sítio, numa história e numa
cultura; sem contudo negar a necessária transformação e adaptação do projecto aos tempos
contemporâneos." (Fernando M. Rodrigues e Manuel C. Silva, 2015:61)

Embora a intenção de reabilitar a ilha não tenha partido da Câmara Mundial do Porto,
este projeto revelou-se uma espécie de balão de ensaio para reabilitações futuras. É um
projeto que tem o poder de demonstrar aos proprietários privados das ilhas que existe este
caminho para a reabilitação.

125
Passos fundamentais
Sim ou Não Como?
para uma reabilitação
(i)material assertiva
- A participação iniciou-se quando a encomenda da
reabilitação da ilha partiu dos moradores e os próprios
entraram em contato com o gabinete Cerejeira Fontes
PARTICIPAÇÃO Sim Arquitectos;
- Instalação do laboratório durante 2 anos dentro da própria
ilha, onde ocorriam longos debates sobre a intervenção na
ilha entre a equipa (com Arquitetos, Engenheiros,
Sociólogos, Antropólogos, entre outros) e os moradores.
- Compromisso com os moradores e com o lugar durante
todo o processo de intervenção, que se revelaram fulcrais
para um diagnóstico completo e real do estado da ilha
COMPROMISSO E (salientando os 2 anos mais intensos que corresponderam
Sim aos anos de laboratório).
DIAGNÓSTICO
- O diagnóstico executado casa a casa, que se revelou
fundamental uma vez que nem todas as habitações
apresentam as mesmas patologias ou estado de
conservação, e por isso, exigem respostas distintas.

- Leitura do lugar e das suas necessidades através do


Sim compromisso com o mesmo que possibilitava uma
LUGAR
observação direta diariamente.
- Limpeza dos volumes que colocavam em causa a
Sim dinâmica e a essência da própria ilha. Tentando sempre, em
LIMPEZA
primeiro lugar, entender porque motivo houve a
necessidade de construir tais volumes e qual a relação dos
mesmos com os moradores no quotidiano.
- Houve um respeito pela tipologia, pela dinâmica da ilha,
pelos seus moradores, e a prova deste último, é o facto de
Sim
se terem mantido as áreas das habitações (e desta forma as
RESPEITO pessoas continuaram com o mesmo contrato e a pagar a
mesma renda) e o plano de realojamento (que garantiu que
ninguém tivesse de sair da ilha enquanto ocorriam as
obras).
- A preservação das áreas, dos vãos, da tipologia da ilha.
- Conservação das paredes pré-existentes, acrescentando
SUBTILEZA Sim
apenas materiais novos quando se revelou mesmo
necessário para garantir as condições de habitabilidade.
- Todas as habitações usufruem de um espaço comum igual,
houve a preocupação se ninguém se sentir privilegiado face
DIGNIDADE Sim
aos outros.
IGUALITÁRIA -As casas após a intervenção tornaram-se lugares dignos
para habitar.
- A proposta de uma praça de chegada que funciona como
zona mista de transição. Este espaço faz a passagem gradual
PÚBLICO-PRIVADO Sim
da zona mais privada que é a rua para a zona mais íntima
GRADUAL que são os alojamentos da ilha.
- O contato constante da equipa com os moradores e o
diálogo aberto com os mesmos foi um passo importante
para a manutenção desta comunidade.
COMUNIDADE Sim - A permanência dos moradores na ilha antes, durante e
depois da reabilitação, fortaleceu ainda mais este espirito de
comunidade.
- Proposta de um espaço para a associação de moradores
que irá potenciar ainda mais este tópico

126
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127
128
2.2. Ilhas na rua de S.Victor

[Contextualização}

Os dois últimos casos de referência, ilha nº113 e nº172, localizam-se na mesma rua:
rua de S.Victor86. Neste sentido, consideramos pertinente elaborar uma contextualização
conjunta.

“A área de S.Victor, situada na zona oriental da cidade, era uma das mais importantes concentrações
de ilhas da cidade do Porto e uma das primeiras, se não mesmo a primeira, onde se verificou a
construção deste tipo de habitação. A primeira referência à existência de ilhas nesta rua data de Julho
de 1844.” (Manuel C. Teixeira, 2018:187)

A rua de S.Victor continua a ser a rua que mais ilhas contém em toda a cidade do
Porto. Esta caraterística faz com que a mesma tenha uma identidade muito própria e um forte
espirito de comunidade. Os moradores desta rua já estão muito habituados aos olhares
constantes que teimam em espreitar pelos portões entreabertos. São cada vez mais as visitas
de estudantes que se debruçam sobre este tema. Aliás, alguns dos moradores chegam a
assumir o papel de guias e apresentam-nos a ilha onde residem, bem como a sua origem e o
modo como a habitam. Foi precisamente isto que aconteceu com o morador da ilha nº172,
que teve a disponibilidade e a amabilidade de nos deixar entrar e explorar a ilha, com direito
a ouvir algumas histórias interessantes sobre como é de habitar neste tipo de construção
singular.

Fig.65 – Mapa da rua de S.Victor.

86
“(…) a construção de ilhas na Rua de S.Victor se iniciara nos primeiros anos da década de 1840 ou mesmo nos últimos
da década de 1830.” (Manuel C. Teixeira, 2018:190). A evolução desta rua ao longo dos tempos é visível no anexo 6
através de quatro imagens datadas de anos distintos.

129
A rua de S.Victor prolonga-se pelos estreitos corredores das inúmeras ilhas que
contém. Verificam-se pequenas exceções, como é o caso da ilha nº99 que corresponde ao 99
colored socks apartments87 e a ilha nº113 um dos casos de referência. São ambas ilhas
fechadas e com acesso condicionado.

Os dois casos de referência que se seguem, nº113 e nº172, são ilhas de apenas uma
fileira de casas e um corredor que ronda os 1,40m, ou seja, a tipologia mais vulgar de ilha.
Ambos os projetos de reabilitação são da autoria do Arq.Bernardo Amaral.

Em 2015 deu-se por terminada a reabilitação da ilha nº113. Ao invés, a ilha nº172,
atualmente ainda não avançou para a execução da obra. A primeira, nº113, foi reabilitada
com a colaboração de Sara Drouet e o programa proposto para a mesma foi de residência
para artistas, sendo a proprietária artista plástica. Para a segunda, nº172, foi elaborado um
projeto de reabilitação em parceria com o programa Habitar Porto 88, cujo objetivo é manter
o programa habitacional original.

Por último, é de realçar que ambas as ilhas necessitavam de intervenções urgentes,


dado que os seus moradores viviam e vivem sem condições de habitabilidade. Seguem-se,
então, a explicação de cada um dos projetos e quais as conclusões que retiramos dos mesmos,
tendo em conta tudo o que foi investigado e descrito ao longo do trabalho até então.

87
Esta é uma ilha que foi reabilitada e transformada em vários apartamentos turísticos. Por este mesmo motivo
é uma ilha que contém um portão de entrada que apenas é acessível através da marcação de um código, código
esse que apenas os hóspedes têm acesso. Daí esta ilha ser uma exceção e não ser possível aceder-lhe livremente,
contrariamente ao que acontece com grande parte das ilhas da rua de S.Victor.
88
Habitar porto é uma iniciativa que nasceu em 2017 com o auxílio de várias entidades: Junta de freguesia de
Campanhã e do Bonfim, da Câmara Municipal do Porto (mais propriamente pela Divisão Municipal de
Reabilitação urbana). O habitar porto, dinamizado pela Associação de Relatos Quotidianos, tem como
principais objetivos: fazer da cidade portuense um lugar mais inclusivo tendo em conta os recursos existentes,
quer sejam privados, públicos, municipais ou estatais. Por fim, esta iniciativa presta auxílio a todos os
participantes na ação de reabilitar (inquilinos, proprietários ou profissionais).

130
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131
132
Nº113

[Diagnóstico]

Antes da ilha nº113 da rua de S.Victor ser intervencionada, esta encontrava-se


praticamente devoluta. Contava apenas com uma casa habitada por uma moradora que,
curiosamente, não fazia questão que a sua habitação fosse intervencionada, mesmo com
insistência por parte da proprietária.

A precaridade era visível, tal como Manuel C. Teixeira descreve:

“As áreas das habitações eram cerca de 15metros quadrados no nº113 (…)” “A organização interna
das casas era igualmente inadequada (…) uma sala de estar, com cerca de metade da área total da
habitação, ocupava toda a frente da casa; era para esta divisão que davam a porta e a janela únicas de
cada habitação. A metade restante do espaço, na parte de trás da casa, era ocupada por uma cozinha e
por um pequeno quarto, que uns tabiques de madeira, sem portas, mal separavam um do outro e da
divisão principal. As janelas eram pequenas e a iluminação muito deficiente.” (Manuel C. Teixeira,
2018:200)

O diagnóstico tem por base o que acabou de ser descrito:

1. Áreas muito reduzidas, correspondentes a 15m2;


2. Iluminação e ventilação deficientes;
3. Várias patologias no âmbito dos sistemas construtivos, inerentes a este
tipo de construção.

Esta é uma das ilhas onde as instalações sanitárias coletivas e exteriores à habitação89
ainda existem, pois o modelo base não as contemplava no interior de cada unidade
habitacional. Assim sendo, esta seria, obviamente, uma questão prioritária a resolver.

Ao analisarmos as plantas da pré-existência percebemos que os alojamentos


encontravam-se intercalados por pequenos pátios, embora nas plantas, cortes e alçados esses
estivessem preenchidos com construções. Através desta análise aos desenhos, conseguimos
entender que tinham sido demolidas habitações anteriormente.

89
Manuel Teixeira chega a descrever como eram, outrora, as condições das instalações sanitárias
coletivas da ilha nº113: “ No seu interior havia uma caixa de madeira com um buraco ao centro, colocada sobre a
fossa sética.” “(…) uma única no nº.113.” (Manuel C. Teixeira, 2018:200)

133
Veio-se a comprovar esta questão. Através das plantas do pré-existente contamos
apenas 8 habitações mas, Manuel C. Teixeira quando fala dos antecedentes desta mesma
ilha, menciona 12 alojamentos. “No total, na ilha situada no nº.113 viviam 42 pessoas em
12 casas, o que dava uma média de 3,5 pessoas por habitação.” (Manuel C. Teixeira, 2018:200)

Ficou claro que a ilha originalmente era densa e albergava 12 alojamentos. Na nossa
perspetiva, esta foi provavelmente uma das ilhas intervencionadas no âmbito do plano de
salubrização, na medida em os princípios desse plano correspondiam à demolição da 3º, 6º,
9º, …., habitação, de forma a que os alojamentos ficassem isolados dois a dois, criando pátios
entre eles – ver Fig.4 do 1ºcapítulo.

Acreditamos, assim, que a tipologia encontrada antes da intervenção teve a seguinte


história: foram efetivamente demolias as casas ao abrigo da lógica do plano de salubrização,
contudo, como o passar dos anos, os moradores sentiram a necessidade de ocupar os pátios
abertos ao abrigo do plano. Ao ampliarem as suas habitações, a ilha foi encontrada
novamente densa.

Por fim, em termos construtivos, como era dedutível, é uma ilha de alvenaria de pedra
com estrutura de madeira no pavimento e na cobertura. Relativamente aos alçados é de
mencionar que estes, desde a sua origem, demonstravam uma coerência e uma composição
igual para todos os alojamentos, tal como o Arq. Bernardo Amaral confirma: “Percebemos
também uma certa coerência no desenho dos vãos, dando a entender que terá havido um
desenho na origem destas construções.” (Bernardo Amaral, 2016:2)

[Projeto de Intervenção90]

O Arq. Bernardo Amaral integrou este projeto de intervenção depois de já terem sido
feitas algumas obras de demolição e reabilitação.

“A ilha teve uma primeira fase de projecto e de obra, a qual não acompanhei. Estavam já reabilitados
os telhados com claraboias e demolidas as construções ilegais nos pátios. Eu trabalhei a partir deste
contexto, estudando a organização dos espaços interiores para uma futura residência de artistas.”
(Bernardo Amaral, 2016:6)

A proprietária demonstrou, desde o início, que a sua intenção era fazer da ilha nº113
um lugar onde houvesse oportunidade para os moradores se apropriarem e explorarem o

90
Todas as peças desenhadas deste projeto de reabilitação da ilha nº113 da rua de S.Victor encontram-se no
anexo 7.

134
espaço de forma diferente. Daí a pertinência do programa: residência para artistas. Esta ideia
singular surgiu como um desafio para o próprio arquiteto.91

Nesta intervenção houve ainda mais um aspeto incomum, o facto da casa-mãe fazer
parte do projeto. De facto, foi proposto para a casa-mãe, com fachada voltada para a rua de
S. Victor, o programa de oficina, cuja intenção seria albergar atividades coletivas, como
exposições e aulas. Todavia, foi ainda pensado que este espaço podia ser uma biblioteca,
tendo em vista o meio piso contruído. Esta área encontra-se acessível tanto pela rua de
S.Victor como pelo interior da ilha, através do corredor comum. Além do mencionado,
existem ainda: uma cozinha e instalações sanitárias que foram implementadas no primeiro
pátio com a finalidade de apoiarem a casa-mãe.

Fig.66 – Axonometria do projeto de intervenção na ilha nº113 da rua de S.Victor.

As restantes casas da ilha, foram transformadas em tipologias T1 sendo que as


habitações pré-existentes foram unidas, duplicando assim a área original das mesmas. “Desta
forma foi possível organizar uma sala ou espaço de trabalho com cozinha aberta e um outro
quarto para habitação, onde se encontram as instalações sanitárias.” (Bernardo Amaral, 2016:7)

De uma forma sucinta, a intervenção nesta ilha revelou-se num projeto bastante
versátil, e uma das provas é o 1º conjunto de habitações onde pode funcionar como um

91“Por vontade da promotora, era importante, que o projecto pudesse prever diferentes apropriações dos espaços e que
questionasse os modelos tradicionais de habitar, provocando-me a rever criticamente a forma de projectar.” (Bernardo
Amaral, 2016:6)

135
simples T1, ou então como dois estúdios que partilham a mesma cozinha e instalação
sanitária.

Esta polivalência dos espaços ficou refletida no facto do arquiteto, com a mesma
ideia e a mesma tipologia, conseguir desenvolver três propostas diferentes atendendo ao que
era pretendido.

Com efeito, é importante destacar a recuperação dos pátios. Esta solução permitiu
que a entrada para as habitações fossem executada pelos mesmos e não pelo corredor comum
de acesso da ilha.

“O acesso às casas, outrora feito a partir da rua, foi deslocado para os pátios, agora abertos, para
jardins, horta ou espaços de estar, potenciando a sua utilização como espaço intersticial de apropriação
semi-privada. Para além da criação de espaços exteriores como extensões das habitações, esta
operação permitiu ganhar maior insolação para os espaços interiores das casas.” (Bernardo Amaral, 2016:7)

Mencionando ainda que é na última habitação que reside a única moradora que
prevaleceu depois da reabilitação da ilha. A sua casa não sofreu, efetivamente, grandes
alterações. Foram apenas executadas pequenas obras de conservação e instalado um
equipamento sanitário, por rejeição da própria moradora.

Quanto às restantes habitações, houve a união das mesmas duas a duas, tal como já
foi mencionado. Além disso, foram colocadas, em alguns alojamentos, claraboias e a entrada
de acesso a todos os alojamentos
passou a ser feita pelos pátios. Sendo
que, estas medidas permitem resolver
os principais problemas detetados: falta
de área, iluminação e ventilação
deficientes. Relativamente às
patologias no âmbito construtivo, foi
necessário o isolamento térmico e Fig.67 – Interior de uma das habitações da ilha nº113 da rua de
impermeabilização nas habitações. S.Victor.

Em termos de revestimento, as paredes exteriores originais em granito, foram


preservadas e consequentemente rebocadas tanto pelo exterior como pelo interior. Quanto

136
ao pavimento, nas zonas92 dos quartos foi
revestido por soalho de pinho e nas restantes áreas
por cimento queimado. Quanto às coberturas,
manteve-se a telha marselha pelo exterior, e pelo
interior é visível contraplacado OSB e vigas IPE
em ferro.

As fachadas das habitações bem como as zonas


dos pátios foram pintadas de cores “(…)
expressivas, deixando exposta a alvenaria de
granito das fachadas das casas.” (Bernardo Amaral,
2016:7). Foram, ainda, implementadas caixilharias
Fig.68 – Pátio comum exterior da ilha nº113 da rua
de S.Victor. de madeira com corte térmico.

Por fim, o arquiteto termina deixado a mensagem de que os pátios e a sua relação
com os módulos e com o próprio corredor pré-existente foram um dos aspetos chave desta
intervenção.

“Considerando a rua da ilha como uma extensão do espaço colectivo, agora reservado aos habitantes
da mesma, a abertura dos pátios como elemento de transição e ligação entre os diferentes módulos
tornou-se no principal tema do projecto.” (Bernardo Amaral, 2016:8)

Notas conclusivas

Neste projeto de reabilitação, o conceito de participação, não foi tido em


consideração, como seria expectável. Não houve uma equipa de intervenção definida desde
o início, nem um fio condutor de intervenção. A reabilitação foi acontecendo, e prova disso
é que o arquiteto iniciou a sua intervenção quando a obra já tinha sido iniciada por parte da
proprietária. Neste sentido, a ideia que prevalece é que a equipa foi aumentando conforme
foi sendo necessário ao longo do tempo. E na arquitetura participada deve haver uma equipa
coesa desde o início, que discute e debate as melhores soluções para reabilitação da ilha,
tendo em conta os diversos pontos de vista das mais variadas áreas. Esta participação é

92
Tal como o Arq. Bernardo Amaral menciona: “Na primeira fase da obra, tinha sido substituído o telhado, em telha
marselha, isolamento térmico, contraplacado OSB e estrutura de vigas IPE em ferro. Nalgumas casas tinha sido construído
lanternins, que foram recuperados. O telhado, caleiras e drenagem de águas pluviais foram também revistos e reparados.
Nesta fase foi necessário executar as lajes de pavimento devidamente impermeabilizadas, para receber soalho em pinho
nos espaços de estar e de dormir e em cimento queimado nas zonas de casas de banho e cozinhas.” (Bernardo Amaral, 2016:7)

137
crucial na fase de diagnóstico. Aliás, existência de pessoas experientes na área da arquitetura,
engenharia e mesmo construção, é um dos passos basilares para o sucesso da obra.

Mas a verdade é que, segundo o Arq. Bernardo Amaral:

“a promotora da obra, artista plástica, propôs-se a trabalhar na sua execução, com o apoio de alguns
amigos e técnicos. O grande desafio foi trabalhar com grandes contingências orçamentais e planear
um projecto para a sua auto-construção.” (Bernardo Amaral, 2016:6)

Com efeito, importa salvaguardar que, embora este processo projetual seja muito
distinto daquilo que temos vindo a desenvolver, reconhecemos a razão pela qual foi este o
rumo que a intervenção levou. De facto, uma arquitetura participada como vimos na ilha da
Bela Vista, não seria compatível com este caso. Salientando que, antes das intervenções, a
ilha nº113 apresentava apenas 8 habitações, enquanto que a Bela Vista albergava cerca de
43. Sendo que na primeira, apenas uma das habitações encontrava-se ocupada, e na segunda
cerca de 13. É realmente distinto. Além disso, reconhecemos também que a própria profissão
da proprietária foi um aspeto que influenciou bastante a forma como se veio a intervir na
ilha. E a verdade é que esta questão da autoconstrução reforça o compromisso da mesma
com o lugar. E este compromisso aliado a um apoio de técnicos especializados acaba por ser
igualmente um caminho plausível.

Quanto à leitura do lugar, esta foi claramente igualmente influenciada pela profissão
da proprietária. Havia um desejo em colocar neste lugar um programa afeto às artes plásticas.
A proprietária reconheceu a ilha como um tipo de construção que promove o espírito de
comunidade. E, neste sentido, a sua ideia era que a o nº113 funcionasse como um lugar de
partilha, de troca de ideias no âmbito das artes.

“Este sentido de comunidade, marcado também na forma como o espaço está organizado, foi o
principal aspecto que se tentou marcar neste projecto, e consequentemente a proposta de um programa
de habitação, onde haja partilha de experiências e saberes, como será o caso de um programa de
residência de artistas.” (Bernardo Amaral, 2016:3)

Todavia, na nossa perspetiva, embora o programa em si promova o espírito de


comunidade, consideramos que algumas das soluções projetuais são contraditórias,
nomeadamente a recuperação dos pátios. Uma ilha por si só, é um modelo denso e é esta
caraterística que permite compactar a cidade e rentabilizar os terrenos existentes, além de
potenciar um maior sentido de comunidade e inclusão.

Além disso, colocar a entrada das habitações pelos pátios ao invés do corredor
original de 1,2m faz com que esses mesmos pátios funcionem como espaços privados

138
exteriores, espaços estes que não se coadunam com o conceito de originário de ilha. As
habitações devem prolongar-se unicamente para o espaço comum de todos, e não para um
espaço individual – ver Fig.Y e Fig.Z do apêndice 5. Deste modo, com a recuperação dos pátios,
o corredor da ilha, passa a ter unicamente a função de circulação, tal como acontece num
prédio em altura. Na nossa perspetiva os corredores das ilhas são espaços de vida e de
encontro, não apenas de circulação.

Por um lado, o programa implementado nesta ilha gerou a formação de uma


comunidade no sentido de todos os moradores (à exceção de uma pessoa) praticarem os
mesmos gostos e atividades: artes plásticas. Por outro lado, há realmente uma exceção: a
única moradora que vivia na ilha antes da intervenção, continua a habitar lá, mas de uma
forma isolada. Reside na última habitação da ilha cuja fachada é diferente das restantes
residências para artistas – ver Fig.65. Neste sentido, ao analisarmos a ilha no seu todo,
consideramos que não há igualdade nem sentido de comunidade, a não ser que nos foquemos
apenas no programa de residência para artistas.

Quanto à intervenção num todo, consideramos que acabou por se demonstrar subtil
e interessante, essencialmente pelo programa, pela relação com a própria tipologia e pela
forma como a proprietária pretendeu intervir na mesma.

Fig.69 – Alçados da ilha nº113 da rua de S.Victor antes das demolições (em cima) e alçados da proposta final de
intervenção (em baixo).

139
Passos fundamentais
Sim ou Não Como?
para uma reabilitação
(i)material assertiva
- Este foi um projeto mais intimista, a proprietária, artista
plástica apenas recorreu a técnicos especializados quando
assim foi necessário. Tendo sido confirmado que este
acabou por ser muitas vezes um processo de autoconstrução
com a ajuda de amigos e de alguns técnicos. Não havendo
PARTICIPAÇÃO Não
participação no sentido que temos vindo a defender.
- Quanto ao diálogo com os moradores, existe apenas uma
moradora e esta recusou a execução de obras de elevado
grau de intrusão no alojamento onde reside.
- Houve um compromisso muito forte como lugar na
medida em que a proprietária era muito presente através da
autoconstrução. Relativamente ao compromisso com a
moradora, a nosso ver, este foi realçado através da
oportunidade que lhe foi dada para reabilitar a sua
COMPROMISSO E
habitação, embora a mesma tenha optado apenas por
DIAGNÓSTICO Sim pequenas obras de conservação.
- Quanto ao compromisso com o lugar e o próprio
diagnóstico, não temos dados suficientes sobre essa questão
mas pelas medidas adotadas pelo arquiteto no que diz
respeito aos sistemas construtivos é dedutível que houve
um diagnóstico.
- A leitura do lugar foi influenciada pela profissão e desejo
Sim da proprietária, enquanto artista plástica quis desenvolver
LUGAR
uma residência para artistas. Mas houve uma consciência
do espirito de comunidade que a ilha acarreta.
- Limpeza de algumas construções que permitiram
Sim recuperar os pátios. Construções estas que demonstram a
LIMPEZA
necessidade de maiores áreas dentro das habitações.
- Na nossa perspetiva a colocação da entrada para as
habitações pelos pátios não vai de encontro à dinâmica
RESPEITO Não
tipológica das ilhas. O corredor de 1,4 é um espaço de vida
e de partilha e com esta solução tudo isto colocado em
causa.
- Houve subtileza uma vez que a ilha apenas foi
intervencionada no que era realmente necessário. Sendo as
SUBTILEZA Sim
respostas sempre compatíveis com a pré-existência.
- Todas as habitações passaram a ser lugares dignos para a
habitar. Quanto à igualdade, esta verifica-se uma vez que a
DIGNIDADE
recuperação dos pátios possibilita a mesma apropriação do
IGUALITÁRIA Sim/Não espaço para todos os moradores.
- O único facto onde não se verifica igualdade relativamente
à última casa onde reside a senhora que já morava na ilha
antes da intervenção. A sua fachada e organização interior
é diferente, dado que a moradora rejeitou obras além de
conservação e integração de um pequeno sanitário.
- Nesta ilha não é possível elaborar esta gradação uma vez
que a própria tipologia não o permite. Contudo o corredor
PÚBLICO-PRIVADO Não
de 1,4m passa a assumir um carater mais público na medida
GRADUAL em que os pátios passam a ser semiprivados pelo facto de
serem alvo de maior apropriação e mais resguardados.
- O conceito de comunidade nesta ilha antes da intervenção
não existia pelo facto de existir uma única moradora.
Todavia, após a intervenção criou-se um duo, isto é, a
COMUNIDADE Sim/Não mesma moradora prevalece de forma isolada residindo na
última casa da ilha, e as restantes habitações destinam-se a
um público-alvo muito específico que por si só promove um
espírito de comunidade, na medida em que partilham os
mesmos gostos e mesmas atividades – artes plásticas.

140
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]

141
142
Nº172

[Diagnóstico]

Tal como já foi mencionado, esta ilha ainda não avançou para a parte de execução.
Pelo que conseguimos apurar através do programa Habitar Porto, dirigido por Aitor Vareo
Oro, já foi aprovado o licenciamento do projeto. No entanto, a proprietária não apresenta
capacidade económica para suportar os custos dos projetos de especialidades que são
necessários. O projeto encontra-se, assim, estagnado, estando a tentar encontrar alternativas
de financiamento através do IHRU93.

Pelo facto desta ser uma ilha cuja


obra ainda não iniciou, foi possível
observar e compreender a ilha nº172
antes do projeto de intervenção. Neste
sentido, diagnosticamos que é uma ilha
composta por 12 alojamentos, contudo,
apenas 2 se encontram ocupados.
Apresenta um estado de degradação
muito avançado, pelo que podemos
analisar face às restantes ilhas Fig.70 – Vista superior do estado atual da ilha nº172 da rua de
S.Victor.
acessíveis da rua de S.Victor.

As casas revelam áreas reduzidas, falta de luz e ventilação, diagnóstico comum a


praticamente todos as ilhas a precisarem de ser intervencionadas. Apresenta um nível alto
de humidade e falta de impermeabilização por parte das coberturas e dos pavimentos,
chegando a existirem muitas das vezes buracos nos mesmos. É, ainda, relevante mencionar
que as coberturas das habitações vizinhas, contiguas às da ilha nº172 estão a escoar as suas
águas para a ilha em questão, piorando todo este cenário como é possível ver na Fig.66.

Por conseguinte, outro aspeto que consideramos nefasto mal acedemos a esta ilha, é
a existência de anexos no corredor de acesso aos alojamentos. Esta, tal como foi mencionada,
é uma ilha com apenas uma fileira e um corredor, e é precisamente neste corredor encostado
ao muro que encontram volumes que assumem a função de anexos e de instalações sanitárias

93
IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, é ume instituto de carater público.

143
exteriores comuns. Salientamos que algumas das portas destes volumes foram encontradas
no lixo e reaproveitadas.94 Com efeito, estes volumes não só estrangulam o corredor comum
da ilha como reforçam a insalubridade do núcleo habitacional.

[Projeto de Intervenção95]

Perante este diagnóstico, a estratégia do Arq. Bernardo Amaral foi muito semelhante
ao caso da ilha nº113 da rua das Antas. De uma forma sucinta, relativamente aos
alojamentos, as principais medidas de intervenção adotadas foram:

1. Unir algumas habitações;


2. Aumentar um piso nas últimas casas existentes.

Tais medidas pretendem resolver os problemas de falta de área, ventilação e


iluminação. Sendo que o acrescento de um piso pretende, essencialmente, potenciar os
ganhos de iluminação, uma vez que esta ilha é muito sombria devido aos seus limites
elevados. Tal como no projeto de
reabilitação anterior, alertamos que esta
ação de unir habitações pode ser o
primeiro passo para que os moradores da
ilha sejam obrigados a abandoná-la. De
facto, ao serem unidas habitações,
aumenta a área das mesmas e tudo isto
implica a elaboração de novos contratos
de arrendamento com novos valores que
Fig.71 – Estado atual da ilha nº172 da rua de S.Victor.
podem colocar em causa a manutenção
das famílias existentes na ilha.

Ao nível dos interiores, o arquiteto optou por demolir as paredes existentes tentando
ao máximo fazer das habitações lugares versáteis e amplos, tal como é visível nos desenhos
de vermelhos e amarelos – ver anexo 8. O aumento de um piso permitiu ganhar mais área no

94
Informação proferida por um morador que se predispôs a fazer uma visita guiada a confessar como é viver
no nº172. Morador este que sempre viveu nesta ilha e admite não conhecer outra realidade.
95
Todas as peças desenhadas deste projeto de reabilitação da ilha nº172 da rua de S.Victor encontram-se no
anexo 8.

144
interior das habitações e constitui uma solução benéfica no sentido de possibilitar maior
ventilação e iluminação.

Relativamente ao espaço exterior, está prevista a demolição dos volumes que ocupam
o corredor comum da ilha, assim como da primeira habitação. Estas demolições têm como
finalidade tornar o espaço exterior da ilha o mais amplo possível e sem obstruções. Além
disso, o acesso aos alojamentos é proposto em rampa por questões de mobilidade reduzida,
uma vez que atualmente encontramos apenas degraus.

Fig.72 – Axonometria do projeto de intervenção na ilha nº172 da rua de S.Victor.

Quanto aos sistemas construtivos, este projeto propõe a preservação das paredes
exteriores que são em alvenaria de pedra (granito). Contudo pelo exterior será implementado
o sistema ETICS96 garantindo um melhor isolamento térmico da habitação. Quanto ao
interior, o granito será apenas caiado de branco. Na existência de um piso superior, neste
será prevista a sua execução em materiais leves: madeira ou aço leve. Material este que, à
data, ainda não foi definido, mas tudo indica que irá ser escolhido o aço leve e que o
revestimento exterior será em chapa ondulada.

96
ETICS - (External Thermal Insulation Composite Systems), vulgarmente conhecido por “capoto”.

145
No caso das habitações de rés-do-chão e andar, a laje de piso é de madeira. Esta
escolha da madeira deve se também ao facto de ser pretendido que o revestimento do próprio
teto do rés-do-chão fosse em madeira. Solução esta que, na nossa perspetiva, funciona na
medida em que a madeira é um material que contrasta com o caráter frio do granito. As
paredes interiores, uma vez que são todas novas, serão executadas em gesso cartonado e
posteriormente pintadas de cor branca.

No que diz respeito ao


pavimento, as casas de rés-do-
chão serão todas revestidas por
cimento queimado à exceção da
divisão das instalações sanitárias
que levará tijoleira. Quanto às
restantes habitações de dois pisos,
o quarto, localizado no piso
superior, será revestido por
flutuante, e no rés-do-chão, toda a
área deverá ser pavimentada
igualmente com cimento
queimado, à exceção das
Fig.73 – Axonometria dos alojamentos do projeto de intervenção na ilha
instalações sanitárias revestidas nº172 da rua de S.Victor.
por tijoleira.

Quanto à cobertura, nas habitações onde foi acrescentado um novo piso em chapa
ondulada, esta deverá ser igualmente em algum material metálico, que ainda está por definir.
Relativamente aos alojamentos de rés-do-chão, a telha cerâmica será mantida.

Por fim, importa salvaguardar que muitos dos materiais referidos podem ser
alterados. Embora estas informações tenham sido fornecidas pelo BAAU97, dado que o
projeto como se encontra em curso, há sempre a possibilidade de alterações.

97
BAAU – Bernardo Amaral Arquietura e Urbanismo, corresponde ao gabinete do Arq. Bernardo Amaral autor
do projeto.

146
[Notas conclusivas]

O morador que nos fez a visita guiada confessou não estar a par do que iria acontecer
com a ilha onde vive. E é perante esta situação que deduzimos que o compromisso e a
participação com moradores não aconteceu.

De uma forma geral, consideramos esta proposta de intervenção subtil dado o estado
avançado de degradação da ilha e as soluções apontadas. Na nossa perspetiva, o único
pormenor que podemos considerar como menos subtil é a opção de aumentar um piso nas
últimas habitações. Sendo esta uma opção que coloca também em causa a questão da
igualdade. Contudo, conseguimos compreender essa necessidade, pois a ilha revelava fortes
dificuldades no que diz respeito aos ganhos de luz, e só elevando as habitações é que este
problema será solucionado. Além disso, percebemos que uma vez que o muro contíguo ao
corredor está mais próximo das últimas habitações do que das primeiras, o aumento de um
piso demonstrou fazer mais sentido nas habitações onde há maior sombra. Salientando que,
consideramos que uma vez elaborado um volume de raiz faz todo o sentido assumi-lo. Daí
a aplicação de chapa ondulada nos pisos superiores novos. Além disso, os sistemas
construtivos propostos a aplicar são leves e compatíveis com o pré-existente e subtis.

A demolição da primeira habitação e dos anexos localizados no corredor de acesso


foi um passo importante, pois melhorou o espaço exterior comum. Espaço este que nas ilhas
é um espaço de vida, partilha e apropriação.

Quanto à dicotomia do público/privado, nesta ilha não foi possível amenizar esta
questão. Aliás, esta é uma ilha cujo espaço de transição corresponde a um túnel, isto é, um
espaço tenso e escuro, que inibe desde logo a entrada. Porém, com a demolição da primeira
casa surgiu um espaço amplo antes dos alojamentos. Na nossa perspetiva, identificamos esse
espaço como uma pausa. Uma vez que se segue a parte mais intimista da ilha – as casas.

Por fim, devido ao facto deste projeto não ter sido ainda executado, existem alguns
tópicos sobre os quais não podemos refletir. Não é possível concluir se, por exemplo, a
comunidade da ilha foi preservada depois da intervenção. E um dos aspetos que nos deixa
mais indecisos é a questão de se terem unido habitações. Esta solução provavelmente vai
implicar novos contratos de arrendamento com preços superiores. E, caso isto se verifique,
podem existir moradores que não possam suportar os novos valores. Desta forma
concluímos, então, que não houve respeito pelos mesmos. Com efeito, o quadro que se segue
será completado apenas com base naquilo que é possível analisar.

147
Passos fundamentais
Sim ou Não Como?
para uma reabilitação
(i)material assertiva
- Houve uma preocupação com as necessidades dos
moradores sim, mas os mesmos não participaram na
execução do próprio projeto. Neste contexto não
PARTICIPAÇÃO Não consideramos que tenha havido participação no sentido que
defendemos ao longo da investigação.
- Quanto a este tópico, através de uma conversa com um
morador atual da ilha nº172 entendemos que não há uma
COMPROMISSO E
grande ligação do mesmo com este projeto. Contudo, uma
DIAGNÓSTICO Sim/Não vez apontadas as soluções para esta ilha consideramos que
houve um diagnóstico prévio, pois essas soluções
respondem perfeitamente ao que a ilha exige.
- A leitura do lugar foi influenciada pela própria história e
Sim contexto da ilha. Vivem lá pessoas desde que nasceram.
LUGAR
Esta ilha deve, por isso, continuar a albergar o programa de
habitação.
- Limpeza de algumas construções que permitiram limpar
Sim as zonas de acesso – o corredor e a primeira casa,
LIMPEZA
proporcionando assim à ilha uma área comum mais arejada.
- Houve respeito pela tipologia a partir do momento em que
tudo aquilo que é novo é assumido efetivamente como
RESPEITO Sim
novo. Contudo não é possível classificar se houve ou não
respeito pela tipologia, pelos moradores e pela dinâmica da
ilha, uma vez que o projeto ainda não se encontra
finalizado. Assim sendo, pelo que é possível avaliar a
resposta é sim.
- A proposta de intervenção na ilha é subtil tendo em conta
o estado avançado de degradação que a mesma apresentava.
SUBTILEZA Sim
O único aspeto que se calhar se revelou menos subtil, foi de
facto o aumento de piso. Contudo este é pertinente
conforme já foi justificado.
- Através das opções projetuais que analisamos, podemos
concluir que todas as casas passaram a ser lugares
DIGNIDADE
condignos com condições de habitabilidade. Contudo,
IGUALITÁRIA Sim/Não quanto à questão da igualdade, consideramos que é
colocada em causa uma vez que existem casas de rés-do-
chão e outras de dois pisos. Além disso esta é uma tipologia
que por natureza não é igualitária.
- Nesta tipologia de ilha de uma fileira de casas e um
corredor é difícil criar esta gradação uma vez que a própria
PÚBLICO-PRIVADO Sim
tipologia não o permite. Além do mais o espaço de transição
GRADUAL da ilha é em túnel. Porém, a demolição da primeira casa da
ilha possibilitou a criação de um espaço amplo antes de
começar a zona dos alojamentos, e esta pausa separa o
espaço de transição da zona mais intimista da ilha.
- Este tópico revela-se difícil de sintetizar uma vez que o
projeto não foi concluído e não sabemos de que forma a
comunidade foi influenciada com esta intervenção.
Todavia, do que foi possível analisar, o espírito de
comunidade deverá manter-se uma vez que as intervenções
propostas para a ilha não introduziram nenhuma questão
COMUNIDADE Sim que pudesse colocar isso em causa. A não ser a tal situação
da possível necessidade de criação de novos contratos, pelo
facto das áreas das habitações terem aumentado. E neste
caso, e se isso se verificar, alguns moradores podem não ter
capacidade de manter o seu lugar na ilha. Ao sair, e rompem
com o espírito de comunidade.

148
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]

149
3
CASO DE ESTUDO
ILHA Nº52 DA RUA DAS ANTAS - PORTO

150
151
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]

152
3. Caso de Estudo

O presente capítulo corresponde ao caso de estudo deste trabalho de investigação – a


proposta de reabilitação para a ilha nº52 da rua das Antas. A integração deste projeto,
iniciado no âmbito da unidade curricular de projeto III, tem como finalidade demonstrar
como é possível materializar tudo o que foi investigado e defendido ao longo dos capítulos
anteriores.

Com o intuito de dar a conhecer o processo e a própria proposta projetual, de uma


forma clara, optamos por estruturar este capítulo em quatro tópicos e comuns aos casos de
referência do capítulo anterior: contextualização; diagnóstico; proposta de intervenção e
notas conclusivas.

Neste sentido, é pertinente mencionar que a contextualização e o diagnóstico,


referentes a este caso de estudo, teve como base um trabalho de campo constante, que
consistiu em inúmeras visitas ao local, com o previsível diálogo com os moradores e com o
lugar. Quanto à proposta de reabilitação, é pretensão descrevê-la e justifica-la, tendo por
base tudo aquilo que foi defendido nos capítulos anteriores. Sendo que, ao longo deste
tópico, destacam-se alguns conceitos a negrito que pretendem exaltar os passos que
consideramos basilares para uma reabilitação assertiva. Em último lugar, as notas
conclusivas têm como finalidade demonstrar as reflexões que esta intervenção levantou no
decorrer do seu processo. Terminamos este capítulo com um quadro síntese, cujos critérios
de análise são os mesmos que foram utilizados nos casos de referência. A utilização do
referido quadro teve como intenção proporcionar uma leitura mais nítida e comparativa de
todos os projetos de reabilitação abordados em toda a investigação.

Em síntese, esta proposta de intervenção, na ilha nº52 da rua das Antas, tem como
finalidade demonstrar um dos caminhos para a execução de um projeto de reabilitação
assertivo e consciente de uma ilha, material e imaterial, onde o património e os seus valores
fundamentais são salvaguardados. Contudo, importa salvaguardar que este projeto de
reabilitação da ilha da rua das Antas nº52, foi elaborado antes da conclusão do presente
trabalho investigação. E, por esse mesmo motivo, existem algumas opções projetuais, que
ao dia de hoje, com um maior conhecimento e maturidade sobre o tema, seriam repensadas
e aplicadas de uma outra forma. Sendo que ao longo da descrição do projeto estas questões
serão devidamente assinaladas e fundamentadas.

153
154
3.1. Ilha nº52 da rua das Antas

[Contextualização]
A ilha sobre o qual recai a proposta de intervenção, é uma ilha composta por 14
alojamentos coloridos, de domínio privado, localizada na freguesia de Campanhã, no Porto,
na rua das Antas nº 52.98

A rua das Antas, criada na década de 50 do


século XIX, funciona como um lembrete,
relembrando a forma como o Porto reagiu à forte
industrialização dessa época. Aliás, como Manuel
C. Teixeira descreve, a zona das Antas sempre foi
caraterizada pelo setor industrial e, como tal a rua
das Antas sempre teve um caráter
incontornavelmente operário.99 “O estabelecimento
de indústrias nesta zona gerou a necessidade de
construir rapidamente alojamento para a crescente
população fabril.” (Manuel C. Teixeira, 2018:168) Daí Fig.74 – Rua das Antas (2018).

a existência de tantas ilhas.

Importa mencionar que, ao longo dos anos, foram demolidas algumas ilhas na rua
das Antas. Porém, atualmente, se a percorrermos é ainda possível encontrar algumas ilhas
habitadas – a ilha nº52, nº68, nº92 e nº224. E esta permanência das mesmas no território,
juntamente com a sua identidade e autenticidade, permite-nos vivenciar um pouco do caráter
operário que, os autores acima referidos, abordam.

Ao descermos a rua das Antas, até chegarmos ao nº 52, há dois aspetos que marcam
o nosso percurso: por um lado, as fachadas coloridas que atribuem ao lugar um caráter
pitoresco e, ao mesmo tempo, um sentimento de vivacidade a quem o observa. Por outro
lado, a existência de mais ilhas. O facto de esta rua estar recheada de aberturas que nos levam
a corredores estreitos dominados por objetos pessoais com uma identidade muito própria, é

98
Chegamos a esta ilha através da notícia de um concurso, lançado no final do ano de 2017. Neste concurso o
objetivo era elaborar um projeto de reabilitação para ilha onde a sua proprietária conseguisse rentabilizar este
núcleo habitacional proporcionando habitações de qualidade a um preço acessível. Esta iniciativa partiu do
Habitar Porto (ver nota de rodapé 88) juntamente com a Junta de Freguesia de Campanhã.
99
“A maior parte das ilhas foram construídas numa das duas situações seguintes: nas traseiras de antigas casas burguesas,
em áreas da Miguel Bombarda; ou em terrenos anteriormente não construídos, em zonas da cidade cujo caráter operário se
afirma desde o início, como no caso da Rua das Antas.” (Manuel C. Teixeira; Fernando Távora; M. Eugénia Guerreiro, 1996:203)

155
por si só uma experiência urbana diferente. Todo este percurso acaba por ser uma preparação
para o que vamos encontrar no nº 52.

A verdade é que, após ultrapassarmos a modesta abertura de pedra voltada para a rua
das Antas, único elemento que estabelece a passagem entre o interior e o exterior da
mesma100, somos surpreendidos por
um pátio generoso. Esta ilha
apresenta uma tipologia bastante
diferente das que foram deixadas para
trás ao longo do percurso, não há
corredores de 1,20m, nem fileiras
ortogonais. Esta é, então, uma ilha
pátio em forma de triângulo. Fig.75 – Entrada da ilha nº52 da rua das Antas.

Por conseguinte, esta forma


atípica resulta do facto das habitações
das casas da ilha estarem encostadas
ao limite do seu lote. E, uma vez que
o próprio lote é triangular, os
alojamentos estão implantados sob a
forma de perímetro onde o seu miolo
dá origem a um pátio comum. Com
efeito, este espaço delimitado pelas Fig.76 – Pátio comum da ilha nº52 da rua das Antas.

habitações acaba por funcionar como o verdadeiro local de partilha e, como em qualquer
ilha, este lugar de encontro torna-se uma extensão de cada uma das casas. Uma prova desta
noção de partilha no pátio é a existência de um “alpendre” improvisado, construído pelos
moradores, com uma mesa e bancos corridos. Todas as visitas feitas ao local demonstraram
isso mesmo, dado que todas as reuniões ou simples contatos com os habitantes, acontecem
ali. É um espaço que funciona como uma praça de chegada e de contato com o outro.

100
É relevante mencionar que numa cartografia de 1892 é visível que a esta ilha apresentava uma entrada pela
atual rua São Roque da Lameira - ver anexo 5.

156
Tal como este lugar comum, existe um
outro volume, de carater comunitário,
característico das ilhas – as instalações sanitárias
coletivas. Este espaço, outrora, eram comum a
todos os moradores da ilha uma vez que não
estava contemplado nas suas habitações.
Atualmente, grande parte das habitações
existentes já são dotadas de instalações
sanitárias, facto este que justifica ampliações Fig.77 – Instalações sanitárias coletivas da ilha nº52 da
constantes à tipologia original da ilha. rua das Antas.

Aliás, por volta de 1914, através de uma


fotografia, foi possível compreender que as
habitações eram contíguas de forma alinhada.
Sendo que estes dados são igualmente visíveis
no local e nos próprios levantamentos, através
da análise da espessura das paredes. E,
contrariamente ao esperado, as habitações nem
sempre foram coloridas como as encontramos
hoje em dia. Nessa mesma imagem é possível
ver que todas estão igualmente pintadas de uma
cor clara. Contudo, importa mencionar que tais
alinhamentos não são visíveis hoje. Com o
passar dos anos, e com base na necessidade de
aumentar a área das habitações, os moradores
foram-nas adequando conforme necessitavam. Fig.78 – Ilha nº52 da rua das Antas em 1914.

Em síntese, a verdade é que ilha nº52 foi evoluindo conforme foram surgindo novas
necessidades por parte dos moradores. A tipologia da ilha e a sua dinâmica de funcionamento
acaba por ser algo muito genuíno. Por comparação, este tipo de construção singular é como
as cidades não planeadas. E, por esta razão, tanto as cidades não planeadas como as ilhas
não são modelos fáceis de reproduzir, no sentido da sua essência e dinâmica, pois quando
reproduzidas não são espontâneas nem autênticas, são sim planeadas. E a proposta de
reabilitação que se segue visa proteger toda esta identidade das ilhas através de uma

157
intervenção cujo grau de intrusão seja o mínimo possível, salvaguardando sempre estes
valores fundamentais no âmbito património.

[Diagnóstico]

Tal como a rua das Antas, a ilha nº52 apresenta um caráter pitoresco pelo facto das
suas habitações apresentarem cores variadas. Contudo, esta variedade de cores não é sinal
de uma grande apropriação. Atualmente, nesta ilha, apenas estão habitadas 2 das 14 casas
existentes. Este é um fator que permite compreender a razão pela qual grande parte das
habitações apresentam um estado de conservação mau.

Com efeito, foi diagnosticado de imediato que nenhuma das 14 habitações, que
compõem a ilha, é igual. Cada casa impõem-se no conjunto à sua maneira, ora pelos
acabamentos peculiares (como é o caso da casa nº10, cuja fachada é decorada com conchas
– ver Fig.AA e Fig.BB do apêndice 6), ora pelas cores intensas (por exemplo, a casa nº 6 é pintada
com um azul turquesa – ver Fig.CC do apêndice 6; e a casas nº3 de bordô – ver Fig.DD do apêndice
6), ora pelas saliências e reentrâncias (como por exemplo, as casas nº6 – ver Fig.EE do apêndice

6; e casa nº13 – ver Fig.FF do apêndice), ou então pelo seu número de pisos (com é o caso das
casas nº1 e nº2 com rés-do-chão e andar – ver Fig.GG do apêndice 6). Contudo, estas
desigualdades foram fruto da evolução desproporciona de volumes, que surgiram conforme
as necessidades dos seus moradores. As paredes, outrora exteriores, passam a ser interiores
e as casas foram crescendo conforme o espaço exterior permitia. A imagem de 1914 – ver
Fig.74, permite aferir que a tipologia original da ilha nº52 revela a mesma lógica compositiva

e os alojamentos praticavam as mesmas dimensões na ordem dos 16m2, sendo esta, regra
geral, a área original de uma casa pertencente a uma ilha.

Atualmente, diagnosticamos que as 14 habitações apresentam, em média, uma área


bruta de 35,78 m2101. Área esta que, segundo o RGEU102, apenas permite vencer a dimensão
mínima da tipologia T0. (ver anexo 6 – contem o artigo 66º e 67º do RGEU).

Relativamente ao interior da habitações, tal como acontece nas fachadas, cada


habitação apresenta um esquema organizativo distinto, variando de casa para casa. Não há
nenhuma lógica de organização ao nível da tipologia. De uma forma geral, todas as

101
Estas dimensões são justificadas pelos sucessivos anexos da qual a ilha foi alvo ao longo dos tempos.
102
Regulamento Geral de Edificações Urbanas. Este é um regulamento que aborda num dos seus artigos as
áreas mínimas admissíveis no âmbito de habitar, especificando quais as dimensões elementares em cada divisão
bem como para cada tipologia (T0,T1,T2,T3, …)

158
habitações apresentam um interior versátil, isto é, não há hierarquização dos espaços
interiores e as divisões são todas semelhantes. Assim sendo, e dada a ausência de mobiliário
nas habitações, torna-se complicado decifrar a função de cada espaço. Além disto, é
importante referir que antes de serem realizadas ampliações, as habitações no seu estado
original funcionavam praticamente sem divisória (reforçando a ideia de que as instalações
sanitárias eram coletivas e exteriores às habitações). Além do mais, as ilhas, por norma, são
reconhecidas pela utilização de cortinas ao invés de portas no interior das habitações, por
questões de otimização de espaço.

Relativamente aos sistemas


construtivos, a ilha, na sua origem,
apresentava: paredes de granito com
estrutura de madeira no pavimento e
na cobertura – facto este
diagnosticado a partir do contato
direto com as habitações. Contudo,
tal como já foi mencionado, a ilha
foi sofrendo acrescentos
descontrolados, fruto da
Fig.79 – Estado atual dos alojamentos na ilha nº52 da rua das Antas.
necessidade mais espaço nos
alojamentos. Acrescentos estes
elaborados com sistemas
construtivos mais modernos,
nomeadamente, em tijolo cerâmico
ou blocos de cimento. Além destas
ampliações aos próprios
alojamentos foi construído também
pelos moradores um anexo comum
à entrada da ilha.
Fig.80 – Estado atual da casa nº6 da ilha nº52 da rua das Antas.

Quanto às paredes interiores, foi concluído que com o passar dos anos houve a
necessidade de elaborar novas paredes divisórias, mesmo para permitir a integração das

159
instalações sanitárias nos alojamentos.
Deste modo, as paredes divisórias são
atualmente em tijolo cerâmico, à
exceção das casas nº2 e nº 14 onde
existem paredes em tabique (o que
significa à partida que são mais
antigas). Fig.81 – Tabique na casa nº14 da ilha nº52 da rua das Antas.

Nesta sequência, é de salientar


que uma vez que apenas 1/7 das
habitações encontram-se ocupadas. Na
casa nº1 vive uma família de quatro
pessoas (um casal com dois filhos) e na
casa nº4 vivem apenas duas pessoas
Fig.82 – Estado atual dos alojamentos e percurso da ilha nº52 da
(um casal). rua das Antas.

E, neste sentido, estando grande parte das casas desocupadas, é natural que a ilha se
encontre degradada e apresente vários tipos de patologias. De uma forma muito sucinta, ao
nível das fachadas, em média, as principais patologias identificadas foram: fissuração,
oxidação, empolamento e enegrecimento da superfície e desgaste. Ao nível de interiores
encontra-se essencialmente: manchas e penetração de humidade, empolamento e
enegrecimento da superfície, fissuração, deformação, elementos em falta, sujidade. Sendo
que, pontualmente, encontra-se: migração de sais, fratura, apodrecimento e presença
orgânica. Para além do mencionado, grande parte das habitações não possui praticamente
molduras (portas e janelas) à exceção da casa nº 1 que foi reabilitada há menos de dois anos
por iniciativa da proprietária.103

Além disso, os principais problemas detetados nas ilhas são comuns ao que se
encontram no nº52 da rua das Antas “(…) os pontos fracos, apesar de escassamente referidos,
resumem-se a questões associadas à construção de edifícios (falta de espaço, de iluminação
e humidade) (…).” (Luís Pacheco; apud; Margarida Wellenkamp, 2004:40), resumindo-se tudo à falta
de condições de habitabilidade.

103
O diagnóstico das patologias e dos sistemas construtivos foi executado casa a casa, incluindo ainda anexos
exteriores e instalações sanitárias comunitárias. Este encontra-se presente no apêndice 7 com o intuito de
completar o que foi descrito.

160
Além desta caraterização física, construtiva e patológica, houve uma necessidade de
compreender de que forma as ilhas estão presentes na freguesia de Campanhã e se têm
evoluído. E, segundo as seguintes tabelas, é possível concluir que “(…) a freguesia de
Campanhã apresenta os valores absolutos mais elevados, com 243 núcleos habitacionais e
um total de 2019 alojamentos (…)” (Isabel Vázquez; Paulo Conceição (coord.). 2015:31). No que diz
respeito à evolução dos próprios núcleos habitacionais, Campanhã é a 2º freguesia onde as
ilhas continuam a evoluir (4,7%) sendo a primeira a freguesia de Lordelo do Ouro (12%).

Freguesias
Estado de ocupação dos Estado de ocupação
núcleos habitacionais dos alojamentos

Nº total de alojamentos
Nº total de núcleos

Outra ocupação

Outra ocupação
Não observável
Desabitados

Desabitados
Habitados

Habitados
União de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde 77 500 64 10 1 2 285 204 12

Aldoar 30 211 23 6 0 1 105 102 4

Foz do Douro 37 231 34 2 1 0 143 80 8

Nevogilde 10 58 7 2 0 1 36 22 0

União de freguesias de Cedofeita, Miragaia, Santo Ildefonso, 176 1743 148 25 0 3 1001 698 43

São Nicolau, Sé e Vitória

Cedofeita 110 924 96 13 0 1 570 338 16

Miragaia 7 96 7 0 0 0 79 17 0

Santo Ildefonso 29 272 22 6 0 1 85 175 11

Sé 25 421 21 4 0 0 261 144 16

Vitória 5 30 2 2 0 1 6 24 0

União de freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos 73 591 66 5 0 2 334 254 3

Lordelo do Ouro 56 374 50 5 0 1 203 168 3

Massarelos 17 217 16 0 0 1 131 86 0

Bonfim 126 1401 114 9 3 0 870 465 66

Campanhã 243 2019 227 14 2 0 1201 758 60

Paranhos 155 1202 142 13 0 0 700 462 40

Ramalde 107 809 96 9 0 2 509 272 27

Total 957 8265 857 85 6 9 4901 3113 252

Tabela 1 – Número total de núcleos habitacionais e alojamentos, e estado de ocupação, em 2014.

161
Freguesias Evolução Evolução Evolução Evolução Evolução
do total do total do total do total de do total de
de ‘ilhas’ alojamentos alojamentos
existentes de núcleos de núcleos habitados desabitados
habitados desabitados
(%) (%) (%)
(%) (%)

União de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde -35,8 -42,3 11,1 -33,5 223,2

Aldoar -38,8 -52,1 500,0 -37,4 263,5

Foz do Douro -21,3 -22,7 -33,3 -19,4 247,5

Nevogilde -58,3 -63,2 -60,0 -56,0 82,4

União de freguesias de Cedofeita, Miragaia, -38,5 -45,0 47,1 -54,7 103,0

Santo Ildefonso, São Nicolau, Sé e Vitória

Cedofeita -37,1 -42,5 62,5 -47,2 78,8

Miragaia -36,4 -22,2 -100,0 3,7 -9,5

Santo Ildefonso -52,5 -60,0 0,0 -84,3 103,9

Sé -19,4 -30,0 300,0 -45,6 200,0

Vitória -37,5 -75,0 NA -80,6 1100,0

União de freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos -1,4 -2,9 -16,7 -42,9 209,6

Lordelo do Ouro 12,0 11,1 0,0 -22,6 242,5

Massarelos -29,2 -30,4 -100,0 -59,3 160,8

Bonfim -19,2 -25,0 125,0 -31,9 165,9

Campanhã 4,7 0,4 133,3 -20,1 415,3

Paranhos -17,6 -21,5 85,7 -28,3 284,6

Ramalde -15,1 -20,0 50,0 -24,2 192,7

Evolução conjunta das freguesias -19,0 -24,0 54,5 -36,0 204,0

Tabela 2 – Evolução dos núcleos habitacionais no período 2001-2014.

Analisados estes dados, conclui-se que este tipo de construção singular é muito
comum nesta freguesia e que existem, de facto, muitos alojamentos habitados. Contudo,
também foi dedutível a partir da última tabela, nº2, que o número de ilhas e de alojamentos
desabitados tem vindo a aumentar. E, perante isto, o nosso objetivo é preservar as ilhas e a
sua identidade das mesmas. Não podemos deixar que as mesmas desapareçam do território
através da sua constante degradação.

Em suma, as ilhas são um modelo tipológico versátil e rentável e é importante tomar


medidas e proporcionar de novo a sua apropriação. Pois, conforme já mencionado em
capítulos anteriores, a apropriação é um meio para a manutenção do edificado. E é sob este

162
ponto de vista que a intervenção na ilha nº52 da rua das Antas volta a ganhar força e
propósito.

[Proposta de Intervenção]

Esta proposta de intervenção, de uma forma pragmática, pretende dar resposta aos
seguintes pontos: à falta de luz e ventilação, às áreas extremamente reduzidas que não
proporcionam as condições mínimas de habitabilidade, ao isolamento e ocultação da ilha na
cidade. Combatendo sempre a segregação social e a salvaguarda dos valores fundamentais
da ilha no âmbito do património.

Importa salientar que, no decorrer das visitas ao nº52 da rua das Antas, foram
surgindo algumas conversas com os moradores das duas casas habitadas, incluindo a
moradora da casa-mãe da ilha, a D.Amália104, cuja habitação tem acesso para o pátio comum.
Estas conversas revelaram-se úteis não só numa fase inicial para nos introduzirmos no tema
mas, também, na própria conceção projetual.

E foram estes sucessivos encontros que proporcionaram a participação e interação


dos moradores, que resultou num compromisso. O compromisso de fazer uma proposta de
intervenção que desse realmente resposta ao que a ilha, o lugar e os seus moradores precisam.

A questão do lugar é uma questão pertinente.


Dado o avançado estado de degradação de grande
parte das habitações questionamo-nos sobre o
programa a implementar. A tipologia singular da
ilha, permitia uma oportunidade para criar algo
diferente e inovador. Contudo, com base nas tabelas
nº1 e nº2, nas conversas com os próprio moradores e
da interpretação do lugar, consideramos que a ilha
deveria manter o seu programa habitacional. Os
moradores confessaram que gostavam de viver lá, só
Fig.83 – Maquete de localização da ilha nº52 da
rua das Antas. não concordavam com a relação entre a renda que

104
A D.Amália, embora a sua habitação não pertença ao nº52 da rua das Antas, esta é contígua ao pátio e a
uma casa da ilha. Além disso, comparativamente com as duas famílias, da casa nº1 e nº4, da ilha, é a pessoa
que à mais anos vive neste local, à cerca de 10 anos. E, por esse mesmo motivo, vivenciou ao longo do tempo
algumas das transformações que a ilha sofreu contrariamente aos restantes moradores que residem na ilha estão
lá à muito menos tempo.

163
pagavam e as condições em que viviam. A casa nº4 não possuía cozinha e os moradores
pagavam quase 200€ por mês. E, a nosso ver, fazia todo o sentido retificar estas questões.
Além do mais, a própria morfologia da ilha gerou uma dinâmica de funcionamento da ilha
tão interessante e única que fazia todo o sentido ser preservada.

Desta forma, relativamente ao programa, é pretendido que esta continue a ter um


caráter social e permita albergar pessoas com necessidades de alojamento tal como era a
finalidade das ilhas originalmente. Assim, é pretendido utilizar as ilhas como ferramenta
para uma cidade mais inclusiva.

Nesta sequência, a intervenção na ilha nº52 teve como base o seguinte lema: é preciso
recuar para seguir em frente. Isto é, quando houve a oportunidade de executar esta proposta
de intervenção e após o contato com a ilha em questão, entendemos que era de extrema
importância recuarmos no tempo. Este recuo revelou-se pertinente, pois permitiu ter
conhecimento da origem deste tipo de construção, da própria tipologia, dos materiais, dos
sistemas construtivos, e claro, da lógica funcional inerente a este núcleo habitacional.

E foi com este estudo sobre o


passado da ilha que ficou definido que um
dos passos mais importantes neste projeto
seria a limpeza. As paredes de granito que
correspondiam às fachadas originais da ilha
tinham atualmente o papel de parede
divisória dentro dos alojamentos, fruto das
ampliações executadas às habitações.
Sucedeu-se uma análise das plantas atuais e
visitas constantes à área de intervenção em
busca da tipologia original. E, a verdade, é
que foi desta forma que percebemos, desde
logo, que grande parte das ampliações eram
ilegais e que estavam a prejudicar ainda
Fig.84 – Maquete de ampliações e construções ilegais (a
mais a salubridade do construído. Nesta vermelho) da ilha nº52 da rua das Antas.

sequência, definimos que tudo o que foi construído além da tipologia original deveria ser
demolido. Conseguimos, assim, aproximarmo-nos daquilo que viria a ser a implantação final
da proposta de intervenção.

164
Esta limpeza deu-nos muitas respostas. A necessidade que os moradores sentiram de
criar volumes anexos às habitações revelaram a falta de área das mesmas. E, existindo este
problema de áreas reduzidas, ventilação e iluminação deficientes (pelo facto dos alojamentos
conterem apenas uma fachada livre), a solução adotada foi imediata: unir habitações.

Contudo, dado que a investigação evoluiu posteriormente à conclusão deste projeto,


chegamos à conclusão que a ideia de unir habitações em prol de maiores áreas, ventilação e
luz, implicaria uma série de questões que não conseguimos prever. De facto, ao
aumentarmos a área das habitações, passa a ser necessário um novo contrato de
arrendamento, contrato este que não temos a certeza se os moradores em questão terão
capacidade de manter. Pois, uma vez que as áreas aumentam a renda deverá aumentar
proporcionalmente. Neste sentido, gostamos de salvaguardar que hoje, teríamos esta
consequência em consideração e compreendemos que a união de casas conduz a um aumento
de rendas que pode gerar a saída dos moradores. E, em simultâneo, abrimos uma porta para
a gentrificação. O que não faz sentido, uma vez que vai contra aquilo que defendemos e
pretendemos praticar.

Com efeito, o projeto de intervenção evoluiu. Propusemos a demolição das


construções ilegais, mais recentes, mantendo apenas os volumes originais que apresentam
paredes de granito. Deu-se também a união de habitações onde as 14 habitações pré-
existentes passaram a ser apenas 8 – ver apêndice 8.

O projeto destas 8 habitações exigiu uma grande dedicação pelo facto de todos os
alojamentos serem distintos e estarmos condicionados pela manutenção das paredes pré-
existentes de granito (tal como as plantas de vermelhos e amarelos assim o demonstram –
anexo e). De uma forma sucinta, em médias as 8 habitações apresentam, agora, uma área de
49,08m2, sendo qua a área de quatro delas corresponde à tipologia T0 e as outras quatro à
tipologia T1 (segundo o RGEU mencionado na nota de rodapé nº102). Além disso, importa
mencionar que cerca de 2 destas 8 habitações propostas estão adequadas a mobilidade
reduzida. Sendo assim traduzida a intenção de fazer desta ilha um lugar inclusivo.

Com a demolição dos volumes mais recentes, as zonas de circulação e o pátio


ganharam mais área. Para estes espaços comuns temos como objetivo torná-los espaços de
qualidade capazes de potenciar o fortalecimento das suas relações sociais. Pois, embora este
trabalho de investigação seja elaborado no âmbito da disciplina da arquitetura, é importante
referir que as relações sociais também têm um grande papel para a conceção de uma cidade

165
mais inclusiva. E claro, o arquiteto também tem uma missão social e é capaz de entender,
desenhar e propor espaços que
potenciem o encontro e as relações
humanas. E neste sentido,
propusemos uma cozinha
comunitária no pátio comum,
opção esta que permitirá a
elaboração de refeições e festejos
em comunidade. Esta cozinha
ocupará o lugar do antigo anexo
comum, e é como se este anexo
Fig.85 – Maquete da proposta de reabilitação da ilha nº52 da rua das
tivesse sofrido um upgrade.105 Antas.

O próprio pátio acaba por ter um caráter misto no âmbito da dicotomia público-
privado, uma vez que é aqui que as pessoas residentes na ilha, ou não, se reúnem. Além disso
é de ressalvar que, desde o início, a quota superior da ilha sempre manifestou um caráter
mais social, como se fosse uma praça de chegada. E esta intervenção pretende que as zonas
de estar e de convívio estejam à porta de todas as habitações e não apenas no piso superior.
Fez sentido colocamos uma lavandaria comunitária na cota mais baixa da ilha. Desta forma
toda a ilha é necessariamente percorrida e apropriada.

Aliás, uma vez que esta é uma ilha com bastantes desníveis, foi elaborado um
passadiço e rampas que ligam a cota mais alta do núcleo habitacional à lavandaria
comunitária. Esta opção formal teve com finalidade fazer com que todos os lugares
comunitários fossem acessíveis a todos, incluindo a questão da mobilidade reduzida.

Relativamente à questão da relação da ilha com o território, houve de facto uma


procura de soluções no sentido de amenizar esta quebra brusca de público/privado. Propôs-
se a abertura de duas novas entradas na ilha. Uma delas já existiu, a ligação à rua de S. Roque
da Lameira, tal como a cartografia de 1892 demonstra no anexo 9, a outra entrada foi proposta
uma vez que a partir do estudo das paredes originais de granito na ilha nº52, foi concluído

105
Embora as construções ilegais não tragam a terreiro a memória ou a tipologia original da ilha, é importante
compreender porque é que elas foram feitas. E a verdade é que a execução do anexo coletivo permitiu-nos
compreender que os moradores tiveram a necessidade de colocar no pátio um volume de caráter comunitário,
que servisse todos, estando ele num lugar de encontro. Neste sentido, resolvemos fazer um upgrade, demolir
o anexo degrado e sem condições, e contruir uma cozinha comunitária. Mantem-se o espirito coletivo e o
programa em si permite potenciar ainda mais o encontro e a ocupação do pátio.

166
que nessa zona não havia construção, mas sim um muro que atuava como um fim de linha
que não pretendemos de todo manter. Aliás, este local, sem construções, a longo prazo iria
incitar à apropriação do mesmo por parte dos moradores. É a lógica natural. E com o intuito
de contrariar esta mesma questão, resolvemos propor a demolição dessa porção do muro e
criar uma ligação ao parque de São Roque localizado nessa mesma zona.

Além do mencionado estas duas novas aberturas permitem estabelecer a igualdade.


Foi uma das formas de ninguém se considerar privilegiado dentro da ilha, uma vez que, deste
modo, nenhuma habitação está distante da entrada e não há espaço para que alguém se
aproprie mais do que os outros dentro do núcleo habitacional. Todas as habitações estão
localizadas de uma forma igualitária
face à dinâmica exterior. Além disso,
ao existirem 3 entradas vai haver uma
maior mobilidade dentro da ilha. E a
cota mais alta deverá funcionar como
praça de receção, promovendo uma
Fig.86 – Maquete de estudo da proposta geral de reabilitação da passagem público-privado gradual.
ilha nº52 da rua das Antas.

Por conseguinte, pelo facto das habitações das ilhas apresentarem áreas muito
reduzidas, há uma clara tendência para as mesmas prolongaram a sua apropriação para o
exterior. Nestes núcleos habitacionais encontramos sempre uma forte apropriação do espaço
comum exterior. E, neste sentido, sendo esta uma ilha pátio, com área comum mais generosa,
é necessário ter em atenção este fator que é inerente a este tipo de construção. Assim sendo,
a elaboração de arranjos exteriores revelaram-se fundamentais neste projeto. A colocação de
relva, o desenho de percursos, a movimentação de terras para o nivelamento dos diferentes
patamares da ilha, permitiu corrigir e evitar que fossem construídos novos volumes nesta
zona comum. Desta forma, a ilha passou a ser mais arejada, sem obstáculos e com um
desenho limpo onde os únicos elementos introduzidos de novo foram elementos de carater
simbólico:

- a árvore: símbolo de encontro. Esta árvore marca o espaço de partilha e encontro


da ilha. Foi colocada na zona mais social onde atualmente os moradores e visitas se reúnem
em torno de uma mesa de madeira, no alpendre improvisado. Assim, pretendemos que árvore
abrigue o espírito de comunidade e encontros futuros.

167
- o tanque: o tanque de água tem igualmente uma dupla função. Por um lado tem
como finalidade simbolizar os vários bebedouros característicos das ilhas que existiam ao
longo da mesma. Por outro lado, é um tanque que deve servir todos os moradores, isto é, a
água deverá ser utilizada por todos para manutenção do espaço exterior.

No que diz respeito aos sistemas construtivos, a elevada espessura das paredes de
alvenaria de pedra proporciona uma elevada inércia térmica nestas que são as paredes
exteriores e de meação. Deste modo, acabou por não ser necessária a alteração da
constituição destas paredes, dado que a espessura das mesmas permite que sejam suficiente
em termos térmicos. Devido ao comportamento térmico destas paredes, prevê-se que as
mesmas irão permitir a manutenção da
temperatura interior da casa por bastante
tempo, e a temperatura exterior à habitação
demora igualmente bastante tempo a atingir o
interior da mesma. Por conseguinte, foi então
proposta a preservação do granito pré-
existente executando apenas o tratamento de
algumas porções que se manifestem
danificadas. Tanto no interior como no
exterior das habitações, a única ação foi
rebocar e pintar de branco as paredes de pedra
mantendo a textura da mesma. Esta escolha
teve como finalidade avivar a memória
daquilo que é a estrutura da ilha, através da
Fig.87 – Maquete construtiva dos alojamentos da
textura e linguagem material. proposta de reabilitação da ilha nº52 da rua das Antas.

Importa mencionar que é proposto que todas as habitações sejam pintadas da mesma
cor. A cor eleita foi o branco pelo facto de esta ser a cor que melhor reflete a luz. Além disso,
esta opção, tal como aconteceu no projeto da Bela Vista, pretende igualmente exaltar a ideia
de conjunto, de unidade da ilha e, ao mesmo tempo, atribui ao núcleo habitacional um toque
de modernidade. Quanto à composição dos alçados foi pretensão conjugar o existente com
a abertura de novos vãos. Introduzimos novas aberturas tendo em conta o equilíbrio com os
vãos pré-existentes.

No que diz respeito ao interior, optamos por sistemas construtivos leves e


compatíveis com os sistemas construtivos pré-existentes. Nesse sentido. As paredes

168
interiores ora são em tabique ou sistema LSF. Sendo que o tabique enquanto sistema
construtivo tradicional contribui para a preservação da memória daquilo que foi o sistema
construtivo da ilha.

O sistema construtivo escolhido para este projeto teve por base uma observação e
entendimento do sistema construtivo original das ilhas do Porto, tendo como objetivo uma
intervenção subtil. Contudo, quando foi diagnosticado o estado atual da ilha percebemos
que o seu estado de degradação estava muito avançado e, por isso, era exigida uma resposta
de grau de intrusão mais alto do que esperávamos. Efetivamente, foi aqui que se iniciou
verdadeiramente o desafio da reabilitação material: de que forma seria possível transformar
a ilha e os seus alojamentos degradados em construções com dignidade igualitária,
salvaguardando ainda a sua memória e identidade patrimonial?

Nesta lógica, encaramos que mesmo havendo a necessidade de intervir sob um grau
elevado de intrusão, tínhamos aqui uma oportunidade de fazer um upgrade à ilha e aos seus
alojamentos, respeitando a sua memória e identidade mas, ao mesmo tempo, introduzir a
contemporaneidade. O exemplo mais evidente, neste âmbito, ocorre nos beirais. Ao visitar
a ilha nº52 da rua das Antas reparamos que praticamente em todas as habitações há uma
estrutura metálica que suporta geralmente painéis ondulados de fibrocimento ou plástico.
Este pormenor revela-nos que os moradores sentiram que a aplicação destas estruturas era
importante. E a verdade é que estas revelam a função de proteger as habitações tanto da
intensidade do sol como da chuva intensa. Perante esta análise, achamos pertinente
demolir106 e replicar este modelo. Foi então que propusemos a execução de novas estruturas
semelhantes em madeira, onde a mesma avança de igual forma sob a fachada, executando a
mesma função.

Do ponto de vista construtivo, este pormenor seria uma extensão da nova estrutura
de madeira da cobertura que, por sua vez, corresponde a uma série de camadas107 que visam,
na sua globalidade, garantir a impermeabilização, o isolamento térmico e acústico da
habitação. Salientamos que o revestimento da cobertura será em telha cerâmica, tal como
todas as habitações o demonstravam outrora.

106
A demolição é uma ação necessária neste contexto. Primeiramente porque em alguns dos casos as próprias
fachadas iriam ser demolidas e depois, porque estas estruturas apresentam-se cheias de ferrugem, algumas
partidas… e tudo isto contribui para que a própria ilha tenha um aspeto nefasto.
107
Ver cortes construtivos no apêndice 8.

169
O mesmo aconteceu com o pavimento. Propôs-se uma nova estrutura e revestimento
de madeira que evitasse humidades ascendentes que tanto prejudicam os atuais alojamentos.
Esta solução foi conseguida através da elevação do próprio pavimento do solo juntamente
com a implementação de várias camadas, que visavam promover o conforto das
habitações108. Além do mais, quando
visitamos os alojamentos da ilha,
diagnosticamos que grande parte das
habitações encontravam-se totalmente
revestidas por tijoleira, material este que, em
conjunto com o granito, torna as habitações
frias e pouco confortáveis. A escolha da
madeira também foi influenciada por esta
questão, dado que é um material capaz de
proporcionar um ambiente mais equilibrado
no interior das casas – as paredes em granito
(material frio) e a cobertura e o pavimento
Fig.88 – Maquete construtiva dos alojamentos da proposta
de madeira (material mais aconchegante). de reabilitação da ilha nº52 da rua das Antas.

Ainda neste contexto, importa mencionar que resolvemos propor a colocação de


meias asnas de madeira como suporte da cobertura. Esta solução foi tomada por duas razões:
logicamente por questões estruturais, mas também porque são elementos que visualmente
conseguem atenuar a altura do pé-direito, que é realmente elevado em alguns pontos e,
consequentemente, contribuir para um maior conforto.

Relativamente ao exterior, como já foi mencionado foi elaborado um projeto de


arranjos exteriores. O pavimento irregular ao longo da ilha dificultava em algumas ocasiões
a circulação109. Perante este facto, a primeira medida a ser tomada foi ao nível do terreno,
criando patamares equilibrados e atendendo à implantação original dos alojamentos. No
exterior são propostos apenas dois revestimentos distintos: relva e ECO saibro. Os patamares
referidos estão interligados por escadas de acesso. As escadas exteriores funcionam como
uma extensão dos próprios patamares, na medida em que é proposta a sua execução conjunta
com o mesmo material de revestimento – ECO saibro. Este ECO saibro foi a nossa escolha
para o revestimento exterior uma vez que é um material que apresenta uma grande resistência

108
Ver cortes construtivos no apêndice 8.
109
Ver cortes construtivos no apêndice 8.

170
e proporciona uma leitura limpa e homogénea do espaço exterior dada a inexistência de
juntas.

Além do mencionado, existem guardas de proteção, exigida pelos vários


nivelamentos. Deverão ser guardas metálicas finas, cujo objetivo é fazer com que estes
elementos tenham pouco impacto visual.

Em síntese, a base desta intervenção teve como ponto de partida o respeito pela
materialidade, pelas pessoas, pelo lugar, pela tipologia. Segue-se uma comparação entre o
estado atual da ilha nº52 da rua das Antas, e a proposta de reabilitação da mesma.

Fig.89 – Maquete do estado atual da ilha nº52 da rua Fig.90 – Maquete da proposta de reabilitação da ilha
das Antas. nº52 da rua das Antas.

171
[Notas conclusivas]

Este projeto e intervenção para a ilha nº52 da rua das Antas foi um projeto de carater
académico que, claramente, não prosseguiu para a parte da execução. Desta forma, tal como
aconteceu com a ilha nº172 da rua de S.Victor é difícil concluir se foi uma reabilitação
assertiva ou não, uma vez que nunca foi materializado. Neste sentido, todas as conclusões
que se seguirem são referentes apenas à parte da proposta, tendo como base de comparação
tudo aquilo que retemos ao longo dos últimos capítulos.

Tal como foi mencionado, o projeto da ilha nº52 terminou mais cedo do que o
presente trabalho de investigação. Por isso, revela-se natural que com a investigação
tenhamos adquiridos novos conhecimentos que não tivemos oportunidade de aplicar na
proposta de reabilitação.

A principal prova disto, já anteriormente mencionada, corresponde ao facto de termos


optado pela união de habitações de forma a combater as áreas reduzidas e a iluminação e
ventilação deficientes. Deste modo, o nosso erro foi não questionamos que o desafio da
arquitetura podia ter ido mais longe e que este projeto exigia bem mais. Se tivéssemos tido
a preocupação de manter as áreas, as habitações custariam logicamente menos, não só a
quem arrenda como a quem reabilita. Pois, com este aumento de áreas, caso o projeto fosse
executado, iria surgir a necessidade de elaborar novos contratos de arrendamento cujo valor
seria praticamente o dobro. E neste patamar poderíamos colocar em causa a manutenção dos
moradores na ilha, pois alguns não tem rendimentos para pagar o dobro do que pagam.

Com a execução deste projeto, concluímos que as visitas ao lugar e diálogos


constantes com os moradores foram absolutamente imprescindíveis. A oportunidade de
observar a ilha e entender a forma como as pessoas se movimentam e interagem dentro e
fora dos seus alojamentos, foi determinante. Só estando no local é que foi possível entender
que a cota superior funcionava como praça de chegada e de reunião. Assim como, era
importante para os moradores haver programas coletivos nessa zona. E daí surgiu a ideia da
cozinha comunitária, que deverá contaminar o restante pátio pelo seu caráter coletivo. O
mesmo sucedeu com as estruturas metálicas à porta das habitações, aprendemos que aquilo
faz falta, e por isso reproduzimos o mesmo com melhor qualidade.

Relativamente à relação da ilha com o território, inicialmente ficamos reticentes


quanto à abertura de novas entradas. Era questionável: ao abrir a ilha ela não deixa de ser
ilha? Entendemos, depois, que numa ilha podem existir diversos graus de privacidade. Além

172
do mais, as novas entradas propostas de alguma forma foram sugeridas pela própria tipologia
ou por antecedentes. E era importante que os alojamentos da cota mais baixa não ficassem
guetizados, a tal igualdade que achamos fundamental na ilha enquanto modelo justo. Desta
forma, a abertura de duas novas entradas permitia corrigir algumas desigualdades ao nível
da apropriação, possibilitando que toda a ilha passasse a ser percorrível.

Por fim, importa mencionar que existem algumas questões sobre as quais não é
correto elaborar conclusões, uma vez que o projeto não foi materializado. Neste contexto,
não é justo afirmar que houve um respeito pelos moradores e pela comunidade uma vez que
não se sabe. Assim, pretendemos salvaguardar que no quadro que se segue tudo foi concluído
apenas tendo em conta a proposta de intervenção e as suas opções projetuais.

Em suma, o objetivo desta proposta de intervenção passa por reabilitar as ilhas não
só em termos construtivos, mas reabilitar também os pre(conceitos)110. E, este projeto
revelou-se uma experiência bastante enriquecedora e humana. Ouvir, observar, refletir,
participar, desenhar e propor,…, consideramos esta proposta e as suas bases de intervenção
um bom exemplo daquilo que poderá ser o caminho a percorrer em prol de um futuro
promissor para as ilhas.

110
Cfr. Luís Pacheco; apud; Margarida Wellenkamp, 2004:37

173
Passos fundamentais Sim ou Não Como?
para uma reabilitação
(i)material assertiva
- Neste projeto houve de facto participação uma vez que
existiram vários diálogos com os moradores sobre as suas
PARTICIPAÇÃO Sim verdadeiras necessidades habitacionais.
- Porém, embora não tenha havido uma equipa de
intervenção participativa, pelo facto deste ser um trabalho
de caráter académico, houve na mesma uma proposta de
intervenção participada nomeadamente por professores,
amigos, arquitetos, engenheiros, com o surgimento de
longas conversas sobre a proposta de reabilitação.
- Todas as visitas ao lugar e o contato com os moradores
gerou este compromisso. Ao mesmo tempo permitiu a
COMPROMISSO E execução de um diagnóstico completo e real do estado da
DIAGNÓSTICO ilha. Tal como ficou claro o diagnóstico foi feito casa a
Sim casa, pormenor este bastante relevante pois ditou como
deveríamos agir perante casas tão distintas.

- Entendemos a vocação do lugar através do compromisso


LUGAR Sim com o mesmo, através do diálogo com os moradores e
também pela análise de dados estatísticos sobre a evolução
das ilhas na freguesia de Campanhã.
- Foi proposta a limpeza daquilo que não pertencia à
LIMPEZA Sim identidade da ilha e que prejudicava a dinâmica e o aspeto
da própria ilha. Todavia, antes de limparmos estes
elementos, deram-nos pistas muito úteis para o
desenvolvimento da proposta, por exemplo: a cozinha
comunitária e o pormenor dos beirais.
- Houve um respeito pela tipologia e materialidade, visível
RESPEITO Sim através das soluções apontadas na proposta de reabilitação.
Todavia, este projeto não tendo sido executado, não permite
concluir se o respeito pelos moradores foi preservado. Mas
pelo que é possível analisar, a resposta é sim.
- A subtileza podia ter sido maior se não tivéssemos unidos
SUBTILEZA Sim habitações. Contudo, no geral em termos interventivos
propusemos o mínimo possível para a obtenção de
condições de habitabilidade que não existiam de todo.
- Conservação das paredes pré-existentes de granito,
acrescentando apenas materiais e sistemas construtivos
compatíveis com a pré-existência.
- Tudo o que foi proposto visou a dignidade das habitações,
DIGNIDADE Sim desde a reformulação do sistema construtivo de forma a
IGUALITÁRIA garantir o conforto das habitações, até ao aspeto exterior
dos alojamentos e da ilha.
- A abertura de mais duas entradas ajudou a resolver a
questão da igualdade das habitações no contexto de
nenhuma casa estar isolada e longe da entrada.
- Conseguimos atenuar a questão do público/privado com
PÚBLICO-PRIVADO Sim novas entradas mas também através do pátio na cota
GRADUAL superior que sempre funcionou como praça de chegada e
mantendo esse papel.
- A união de casas, aumentando a área e que pode levar à
execução de um novo contrato de arrendamento, pode
COMUNIDADE Sim colocar em risco a comunidade da ilha. Contudo, uma vez
que o projeto não foi executado não nos é possível aferir
sobre o futuro dos moradores.
- A criação de programas comunitários que potenciem este
espirito coletivo: lavandaria e cozinha comunitária, o
tanque e o próprio espaço público.

174
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]

175
176
Conclusão

A presente investigação implicou um trabalho de campo constante e contínuo. A


proximidade com o lugar e com os moradores revelou-se uma experiência inesquecível e
enriquecedora, não só do ponto de vista académico mas, acima de tudo, pessoal. Foram
inúmeras as visitas às ilhas e as vezes em que nos perdemos nas horas de tão envolvidos que
estávamos em longas conversa com os seus moradores. O contato com esta dura realidade
fez-nos reconhecer que as ilhas são muito mais do que núcleos habitacionais insalubres que
necessitam de ser intervencionados, estes, são sim, verdadeiros espaços de partilha, com
espírito de comunidade e autenticidade.

Foi perante este cenário, que passamos a defender a ideia de que as ilhas devem ser
alvo de reabilitação iminente: não só para evitar o desaparecimento das mesmas no território
mas, também, pelo facto de existirem mais de 10 000 pessoas a viver neste tipo de
construção, na grande maioria das vezes, sem condições mínimas de habitabilidade.

Assim, com a intenção de proceder a uma reabilitação assertiva (i)material das ilhas,
consideramos fundamental perceber o Ontem e o Hoje das mesmas. Foi neste contexto, que
recuamos até ao passado e compreendemos não só a origem e evolução destes núcleos
habitacionais, mas também, os valores patrimoniais inerentes aos mesmos. Relativamente
ao presente, com análise de algumas das 957 ilhas existentes, percebemos que era necessário
dar a conhecer a sua diversidade – ao nível: tipológico, percursos, entradas, espaços de
transição e construtivo – e ainda caraterizar o seu estado atual.

Com efeito, depois compreendermos o passado e presente, tornou-se possível


elaborar medidas de intervenção para as ilhas, tendo em vista a sua preservação no futuro –
o Amanhã. Ficou clara a pertinência do conceito de reabilitação e que, embora as ilhas por
natureza sejam núcleos habitacionais, estas não têm necessariamente de manter o programa
habitacional. Na nossa perspetiva, tendo em conta a diversidade e o elevado número de ilhas
na cidade do Porto, todas as elas podem ser o que o seu lugar e o seu contexto social ditarem.
Devendo apenas existir a seguinte condição: se a ilha estiver a ser habitada, os seus
moradores devem ser respeitados e ouvidos. Porque ninguém merece ser obrigado a deixar
as suas habitações só porque as mesmas se tornarão dignas.

Além do mencionado, foram criados cerca de 9 passos fundamentais que, na nossa


perspetiva permitem concretizar uma reabilitação assertiva nas ilhas. Passos estes que

177
serviram de critérios de análise para a interpretação dos casos de referência e do caso de
estudo.

Após refletirmos sobre estes projetos de intervenção – ilha da Bela Vista, ilhas
nº113 e nº172 da rua de S.Victor, e o caso de estudo da ilha nº52 da rua das Antas –
reconhecemos o caso da ilha da Bela Vista como o mais assertivo. Consideramos que houve
uma reabilitação material e imaterial da ilha e que, os seus moradores passaram a usufruir
de casas realmente condignas sem que esta intervenção colocasse em causa a salvaguarda
dos seus valores patrimoniais. De uma forma sucinta, este é um projeto que reúne tudo aquilo
que temos vindo a defender, destacando o respeito e o compromisso que houve com os
moradores. A questão de manter as áreas das habitações pré-existentes, garantindo assim que
os contratos e, consequentemente, as rendas dos moradores não aumentassem, foi uma das
principais premissas que fez desta reabilitação um sucesso. E embora para alguns esta
questão de manter áreas seja uma solução simples, a verdade é que caso o valor das rendas
aumentasse, este podia ser o primeiro passo para a saída forçada dos seus moradores. Por
isso, tal como o Arq. António Cerejeira Fontes sintetizou na entrevista:

“O ideal é manter as áreas pré-existentes, fazer das habitações lugares condignos com as condições
de habitabilidade exigidas, serem versáteis pela condicionante dimensional, e por fim, arranjar
soluções acessíveis mas competentes.” (António C. Fontes, 2019)

De facto, esta é uma questão fundamental. Embora reconheçamos que existem ilhas
onde é impossível conciliar as áreas pré-existentes dos seus alojamentos com as condições
mínimas de habitabilidade. Com efeito, pretendemos reforçar, que deve haver uma
consciência de que este pode ser, de facto, um dos passos para garantir o futuro das ilhas
enquanto meios para uma cidade mais inclusiva: se as áreas dos alojamentos não
aumentarem, estas irão exigir um menor custo de reabilitação que, por consequência,
proporcionará alugueres de baixo custo e, desta forma, estaremos mais próximos de garantir
a inserção social daqueles que são mais desfavorecidos. Se refletirmos, o modelo de ilha é
um modelo que ajuda a combater a segregação social. A rua onde se encontra a ilha da Bela
Vista, a rua D.João IV, é um exemplo do que acabamos de mencionar. Graças ao modelo de
ilha, esta rua é partilhada por todos: existem ilhas, casas burguesas e palácios. E é este
conceito de cidade que defendemos, todos tem direito à cidade, ao lugar e à mesma rua.
Desta forma todos vivem à distância dos mesmos pontos na cidade e não é o preço das suas
habitações que vai ditar quem deve viver mais afastado ou próximo de um determinado
lugar.

178
Deste modo, acreditamos também que um passo fundamental para a preservação das
ilhas seria a existência de incentivos por parte dos nossos órgãos governativos. É crucial que
haja um incentivo dos privados para reabilitarem as suas ilhas e dar melhores condições de
vida a quem as habita. Pois apenas 3 das 957 ilhas (0,31%) são ilhas municipais. Ou seja,
cerca de 954 ilhas são de domínio privado111. E, regra geral, os proprietários não se
encarregam da recuperação dos espaços ou mesmo manutenção, deixando ao critério dos
moradores essa mais-valia. O valor que estes pagam pelo arrendamento é demasiado baixo
para permitir qualquer investimento por parte do proprietário. Defendemos, assim, que as
pessoas sem grande poder económico não devem estar confinadas a habitações insalubres.
E, por esse mesmo motivo, a reabilitação das ilhas funciona não só como um meio para
impedir o próprio desaparecimento das mesmas, mas também para acabar com alojamentos
que não reúnem condições de habitabilidade.

Por último, consideramos que a reabilitação destes núcleos habitacionais deve ter por
base não só a luta por habitações condignas mas também pelo direito ao lugar e à cidade. É
importante reforçar que esta luta precisa de ganhar novamente dimensão do ponto de vista
político, pois caso não haja uma intervenção iminente nas ilhas, com o passar dos anos irão
desaparecer no território sob a forma de ruína, e os seus moradores ver-se-ão obrigados a
abandonar as suas habitações. Com efeito, importa ainda alertar que a permanência dos
moradores nas ilhas também pode ser colocada em causa se previamente não existir um
diagnóstico concreto e real do problema das ilhas. Pois consequentemente a reabilitação não
será assertiva e a ilha pode transformar-se em tudo o que ela não é.

Em suma, apelamos ao contínuo estudo destas temáticas e à luta pela reabilitação das
ilhas e dos seus moradores. Terminamos com a esperança que esta dissertação sirva de base
para trabalhos futuros, considerando que aqui foram abordadas algumas questões essenciais
no âmbito desta investigação.

Sem nunca esquecer que: “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma
habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a
intimidade pessoal e a privacidade família.” (Constituição da República Portuguesa, at.65, p.1).

111
Esta informação foi retirada do Portal de Notícias do Porto, de 2018, cujo título é visita às ilhas mostra que
há soluções diferentes para o mesmo problema, disponível na internet em: «http://www.porto.pt/noticias/visita-as-ilhas-
mostra-que-ha-solucoes-diferentes-para-o-mesmo-problema». Sendo que as ilhas municipais são: a Ilha da Bela vista (um
dos casos de referencia deste trabalho de investigação) que está praticamente finalizado, a ilha do Bonjardim
em fase de execução de obras, e por fim, a ilha de Cortes que irá ser intervencionada em breve.

179
Fontes e bibliografia

-Bibliografia:

AMARAL, Bernardo. 2016. Ilha na rua de S.Victor: Bernardo Amaral Arquitetura e Urbanismo –
BAAU. (cedido diretamente pelo Arq.Bernardo Amaral.)

AMARO, João Paulo. 2007. Sentimento Psicológico de Comunidade: Uma revisão, in Análise
Psicológica. 2007. 1 (XXV), p. 25-33.

ARGAN, Giulio C. Sobre a tipologia em Arquitetura. In Nesbitt Kate (org.). 2008. Uma nova agenda
para a arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, p.267-283.

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VÁZQUEZ, Isabel Breda, CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto.

- Discussões públicas, entrevistas e visitas:

Discussão pública sobre o Monte da Lapa do dia 25 de Outubro de 2019.

Entrevista ao Arq. António Cerejeira Fontes.

Entrevista a D.Albertina da ilha nº202/210 da travessa das Antas.

Entrevista a Alan Oliveira da ilha nº214 da rua de João de Deus.

Visita guiada à ilha nº113 da rua de S.Victor feita pelo Arq.Bernardo Amaral (Open House).

- Dissertações:

CUNHA, Aline C. T. 2012. “Da minha ilha não se vê o mar”, As ilhas do Porto: Património, práticas
e representações. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de letras da Universidade do Porto – 2º
ciclo de estudos em história e património.

GONÇALVES, Iga Jandir de Lima. 2013. O habitar mínimo. Dissertação de mestrado apresentada à
Faculdade de Arquitetura da Universidade de Évora.

HERNANDEZ, Manuel J. M.. 1984. La Tipologia en Arquitectura. Tesis Doctoral apresentada à


Universiad de Las Palmas de Gran Canaria – Departament de Arte/Ciudad y Territorio.

SANTOS, Pedro Manuel de Oliveira. 2016. A habitação popular oitocentista na cidade


contemporânea: o caso portuense – estratégias de intervenção para a sua requalificação. Dissertação de
mestrado apresentada à Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

182
-Endereços Eletrónicos:

BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Ilha na Rua S.Victor.


Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/ilha-s-vitor/», consultado a 14/12/2018 às 18:23.

BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com


Programa Habitar. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/»,
consultado a 14/12/2018 às 18:23.

CASTRO, Adriana. 2018. Os Moradores e turistas vão coabitar na ilha do Monte da Lapa. Jornal de
Notícias. Disponível na internet em: «https://www.jn.pt/local/noticias/porto/porto/moradores-e-turistas-vao-coabitar-na-ilha-do-
monte-da-lapa-10170417.html», consultado a 22/10/2019 às 18:23.

DOMUS SOCIAL/Câmara Municipal do Porto. Projetos e parcerias: Laboratório de Habitação Básica


e Social. Disponível na internet em: «http://www.domussocial.pt/projectos-e-parcerias/laboratorio-de-habitacao-basica-e-
social?fbclid=IwAR2sFigpyFTbHDzUPvbMAdmNx2Fw0u8Dx2j2tC5f7Hb_yk-JXSyuI94bGMk», consultado a 8/12/2018 às
18:48.

DOMUS SOCIAL/Câmara Municipal do Porto. Habitação: Ilhas. Disponível na internet em:


«http://www.domussocial.pt/sinalizacao-de-ilhas» consultado a 12/11/2018 às 15:48.

ORO, Aitor Varea. 2018. Espaço (em)aberto. Disponível na internet em:


«https://www.publico.pt/2018/07/03/p3/cronica/espaco-em-aberto-1836676», consultado a 13/12/2018 às 14:36.

PAULO, Isabel. 2018. Ilhas do Porto vieram à tona. Para moradores ou turistas? Disponível na
internet em: «https://expresso.sapo.pt/sociedade/2018-07-06-Ilhas-do-Porto-vieram-a-tona.-Para-moradores-ou-turistas-

#gs.nV=ckS4», consultado a 16/11/2018 às 16h09.

PINTO, Mariana C.. 2019. Siza Vieira: «Desenvolvimento apoiado no turismo não é um programa
sólido. Oxalá não dure muito tempo.» Disponível na internet em: «https://www.publico.pt/2019/10/20/local/noticia/siza-
vieira-desenvolvimento-apoiado-turismo-nao-programa-solido-oxala-nao-dure-tempo-1890385?fbclid=IwAR3OeOHQMc61oH-
8xACzTPcxcJk1iElouI9WZWApidSEf0jaHmGwl49tPak», consultado a 28/10/2019 às 19h40.

PORTAL DE NOTICIAS DO PORTO. 2018. Visita às ilhas mostra que já soluções diferentes para
o mesmo problema. Disponível na internet em: «http://www.porto.pt/noticias/visita-as-ilhas-mostra-que-ha-solucoes-
diferentes-para-o-mesmo-problema», consultado a 4/01//2019, às 15:20.

RIBEIRO, Ana, et al. 2016. O mundo deles é uma ilha. Disponível na internet em:
«https://cc20152016.atavist.com/o-mundo-deles-e-uma-ilha», consultado a 26/03/2019 às 20:23.

- Fontes impressas:

AMORIM, Miguel. 2019. Ilha do Monte da Lapa à venda por 2,5 milhões, in Jornal de Notícias
publicado a 1/10/2019, p.24.

RODRIGUES, Fernando M., SILVA, Manuel C., FONTES, António C.. 2019. A Lei de Bases da
Habitação, in Jornal SOL pulicado a 03/08/2019.

183
- Publicações periódicas:

CORREIA, João M. A.. 2001. Transformar, Habitar – A Construção do Lugar. Lisboa: JA - Jornal
Arquitectos, no 203, p.9-16.

COSTA, Alexandre A.. 2002. A Ilha Proletária como Elemento Base do Tecido Urbano. Algumas
considerações sobre o enigmático. Lisboa: JA - Jornal Arquitectos, no 204, p.9-16.

FERREIRA, António F.. 2002. A Questão do Alojamento – Revisitar Engels. Lisboa: JA - Jornal
Arquitectos, no 204, p.5-8.

PEREIRA, Virgílio Borges. 2003. Uma imensa espera de concretizações. Ilhas, bairros e classes
laboriosas brevemente perspectivados a partir da cidade do Porto”. Sociologia – Revista da Faculdade de Letras
da Universidade do Porto, XIII, pp. 139-148.

- Regulamentos e legislação:

RGEU – Regulamento Geral de Edificações Urbanas

Constituição da República Portuguesa

184
Apêndices
Lista de apêndices:

- Apêndice 1: Alguns exemplos de construções ilegais executadas nas ilhas.

- Apêndice 2: Sobre apropiação do espaço exterior.

- Apêndice 3: Conversão do valor das renda praticadas em 1914, em escudos, para o


dias de hoje, em euros.

- Apêndice 4: Fotografias do ilha da Bela Vista depois da intervenção.

- Apêndice 5: Fotografias do ilha nº113 da rua de S.Victor depois da intervenção.

- Apêndice 6: Fotografias do ilha nº52 da rua das Antas.

- Apêndice 7: Diagnóstico de patologias da ilha nº52 da rua das Antas.

- Apêndice 8: Peças desenhadas da proposta de intervenção da ilha nº52 da rua das


Antas.

186
Apêndice 1

Fig.B – Pormenor constutivo de um anexo ilegal na ilha nº214 da rua de João de Deus. Fonte: Produção própria.

Fig.A – Ampliação ilegal ao alojamento nº6 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

187
Fig.B – Pormenor construtivo de um anexo ilegal na ilha nº214 da rua de João de Deus. Fonte: Produção própria.

Fig.C – Pormenor de uma autoconstrução na ilha nº348 da rua 9 de Abril. Fonte: Produção própria.

188
Fig.D – Anexo ilegal na ilha nº625 da rua 9 de Abril. Fonte: Produção própria.

Fig.E – Ampliação ilegal ao alojamento nº14 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

189
Fig.F – Pormenor do sistema construtivo de uma ampliação ilegal na ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

Fig.G – Construção ilegal na ilha nº326 da rua de João de Deus. Fonte: Produção própria.

190
Apêndice 2

Fig.H – Caixa do correio da casa nº21 na ilha nº128 da rua 5 de Outubro escrita à mão. Fonte: Produção própria.

Fig.I – Parapeito da janela decorado pela moradora deste alojamento na ilha nº214 da rua de João de Deus. Fonte:
Produção própria.

191
Fig.J – Alojamentos na ilha nº31 da rua Passeio das Fontainhas (Bairro da Tapada). Fonte: Produção própria.

Fig.K – Corredor comum na ilha nº31 da rua Passeio das Fontainhas (Bairro da Tapada). Fonte: Produção própria.

192
Fig.L – Corredor comum da ilha nº158 da rua de S.Victor e duas moradoras. Fonte: Produção própria.

Fig.M – Corredor comum da ilha nº158 da rua de S.Victor e a sua decoração. Fonte: Produção própria.

193
Fig.N – Corredor comum da ilha nº164 da rua de S.Victor e uma moradora. Fonte: Produção própria.

Fig.O – Espaço livre no corredor comum da ilha nº182 da rua de S.Victor. Fonte: Produção própria.

194
Fig.P – Corredor comum da ilha nº109 da rua de S.Victor. Fonte: Produção própria.

Fig.Q – Corredor comum da ilha nº214 da rua de João de Deus. Fonte: Produção própria.

195
Apêndice 3
Ilha nº13 da rua de S.Denis

Quadro 1 – Inquérito à população da Ilha nº13 da rua de S.Denis. Fonte: LEMOS, António G. Ferreira. 1914.
Contribuição para o estudo da higiene do Porto – ilhas. Porto: Imprensa Nacional de Jayme Vasconcellos, p.81.

Nesta ilha, o custo do aluguer de um alojamento corresponde a valores entre $80 e


1$30. Em euros, estas rendas atualmente correspondem a 0,00€ e 0.01€. O que significa
que a renda, hoje em dia, equivale a cerca de um cêntimo.

Quanto à receita dos habitantes, esta varia entre $30 a $60, ou seja, inferior a um
cêntimo quando se executa a conversão.

196
Ilha nº66 do largo do campo pequeno

Quadro 2 – Inquérito à população da Ilha nº66 do largo do campo pequeno. Fonte: LEMOS, António G. Ferreira.
1914. Contribuição para o estudo da higiene do Porto – ilhas. Porto: Imprensa Nacional de Jayme Vasconcellos, p.86

Nesta ilha, os valores são mais elevados, contudo mesmo assim, 1$20 corresponde
a 0,01€ e 1$60 o que equivale igualmente a 0,01€.

Relativamente à receita dos habitantes, a situação é a mesma da anterior, não chega


ao valor de 1 cêntimo.

197
Ilha nº54 da rua de S.Brás

Quadro 3 – Inquérito à população da Ilha nº54 da rua de S.Brás. Fonte: LEMOS, António G. Ferreira. 1914.
Contribuição para o estudo da higiene do Porto – ilhas. Porto: Imprensa Nacional de Jayme Vasconcellos, p.104.

Nesta ilha, os custos de aluguer são ainda mais elevados, 2$60 ainda arredonda para
0,01€, contudo, 3$ 10 diz respeito a 0,02€.

Relativamente à receita dos habitantes, a situação mantem-se, não chega ao valor


de 1 cêntimo.

198
Apêndice 4

Fig.R – Futura entrada principal da ilha da Bela Vista (a Sul). Fonte: Produção própria.

Fig.S – Futuro espaço de chegada (zona de transição mista) da ilha da Bela Vista. Fonte: Produção própria.

199
Fig.T – Entrada atual da ilha da Bela Vista (a Norte). Fonte: Produção própria.

200
Fig.U – Entrada de luz na sala de um dos alojamentos da ilha da Bela Vista– Célula tipo B. Fonte: Produção própria.

201
Fig.V – Entrada de luz para o quarto com claraboia num dos alojamentos da ilha da Bela Vista – Célula tipo B. Fonte:
Produção própria.

202
Fig.W – Caxilharia colocado pelo interior num dos alojamentos da ilha da Bela Vista – Célula tipo B. Fonte: Produção
própria.

Fig.X – Escadas de um dos alojamentos da ilha da Bela Vista – Célula tipo B. Fonte: Produção própria.

203
Apêndice 5

Fig.Y – Pátio semi-privado da ilha nº113 da rua de S.Victor. Fonte: Produção própria.

204
Fig.Z – Pátio semi-privado da ilha nº113 da rua de S.Victor. Fonte: Produção própria.

205
Apêndice 6

Fig.AA – Casa nº10 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

Fig.BB – Pormenor da fachada da casa nº10 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

206
Fig.CC – Casa nº6 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

Fig.DD – Casa nº3 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

207
Fig.EE – Casa nº5 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

Fig.FF – Casas nº13 e nº14 da ilha nº52 da rua das Antas. Fonte: Produção própria.

208
Apêndice 7
Todas as peças desenhadas que se seguem tem como fonte: Produção própria

209
PATOLOGIAS: uma vez que apenas 1/7 das habitações encontram-se ocupadas, é natural que a ilha se encontre degradada e apresente vários tipos de patologias. De uma forma
muito sucinta, ao nível das fachadas as principais patologias identificadas foram: fissuração, oxidação, empolamento e enegrecimento da superfície e desgaste. Ao nível de
interiores encontram-se essencialmente: manchas e penetração de humidade, empolamento e enegrecimento da superfície, fissuração, deformação, elementos em falta, sujidade.
Sendo que pontualmente encontra-se: migração de sais, fratura, apodrecimento e presença orgânica. Para além do mencionado, grande parte das habitações não possuem
molduras (portas e janelas) à exceção da casa nº 1 que foi reabilitada à menos de 2 anos por iniciativa do proprietário.
Assim, o diagnóstico das patologias e o levantamento construtivo, seguem-se nos presentes paineis, acompanhados por quadros e desenhos. Os levantamentos construtivos e das
patologias foram efetuadas edifício a edifício no sentido de permitir uma melhor compreensão não só ao nível do estado de conservação das habitações mas também acerca dos
materiais utilizados e sistemas constutivos.

CASA 1 P
C A
N
L
O L
A
R Ç
N
T A
T
E D
A N

O
S
Planta de cobertura

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes) e madeira


Patologias: Desgaste e fissuração (pavimento e cobertura)
ESCADAS: Em madeira
4
3 VÃOS: Porta de entrada e caixilharias
de Alumínio, vão interiores em madeira PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico

COBERTURA: Painel sandwich PAREDES EXTERIORES: Em granito

Planta do piso 1 DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


Pavimento Tijoleira
1 Paredes Reboco + tinta
Teto Reboco + tinta

Pavimento Tijoleira
2 Paredes Reboco + tinta e azulejo Esta casa não apresenta qualquer tipo de patogia (a
Teto Reboco + tinta nível interior) devido ao facto de ter sido reabilitada à

1 Pavimento Soalho menos de 2 anos.


3 Paredes Reboco + tinta
Teto Reboco + tinta
2
Pavimento Soalho
4 Paredes Reboco + tinta
Teto Reboco + tinta

Planta do rés-do-chão

CASA 2 P
C A
N
L
O L
A
R Ç
N
T A
T
E D N

A
O
S

Planta de cobertura
FACHADA: Reboco + tinta e paineis ESTRUTURA: Granito (paredes) e madeira
viroc (pavimento e cobertura)
Patologias: Oxidação, fissuração, ESCADAS: Em madeira
empolamento da superfície,
5 desgaste PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
ou tabique
VÃOS: Porta de entrada e caixilharias
de madeira, sem vãos interiores PAREDES EXTERIORES: Em granito

COBERTURA: Telha francesa

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


Planta do piso 1 Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
Paredes Reboco + tinta e azulejo Enegrecimento da superfície, penetração e manchas de humidade
1 Teto Madeira (aglomerado) + tinta Presença orgânica (fungos), energrecimento da superfície, fratura,
penetraçáo e manchas de humidade, partes do elemento em falta

Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade


Presença orgânica (fungos), energrecimento da superfície, migração
2 Paredes Reboco + tinta e azulejo
de sais, deformação, penetraçáo e manchas de humiidade
3 Teto Madeira
2
Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
3 Paredes Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, empolamento da superfície
4 Teto Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e machas de humidade, deformação, fissuração

1
Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
4 Paredes Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, empolamento da superfície
Teto Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e machas de humidade, deformação, fissuração

Pavimento Soalho
5 Paredes Reboco + tinta Enegrecimento da superfície, sujidade, condensação
Planta do rés-do-chão Teto Madeira (aglomerado) + tinta Enegrecimento da superfície, condensação

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Patologias e levantamento
construtivo - Casa 1 e 2
Projeto lll Fevereiro 2019
m
0 2 4 6 8 Francisca Silva 31720614
CASA 3 P
C A
L
O L
N

A
R Ç
N
T A
T 4,32 4,32

E D N
3,49
3,35
A
O
S

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes) e madeira


Patologias: Enegrecimento da (pavimento e cobertura)
Planta de cobertura superfície, empolamento, fissuração,
desgaste PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
ou granito
VÃOS: Ausência de vãos

COBERTURA: Telha marselha e chapa PAREDES EXTERIORES: Em tijolo cerâmico


de fibrocimento ou granito

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


Pavimento Tijoleira Sujidade
1 Paredes Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, empolamento da superfície
3
Teto Elemento em falta
1
2 Pavimento Tijoleira Sujidade
Paredes Reboco + tinta Energrecimento da superfície, penetraçáo e manchas de humiidade
2 Presença orgância (frungos), energrecimento da superfície, fratura,
Teto Gesso Cartonado
deformação, penetraçáo e manchas de humidade
4 5
Pavimento Tijoleira Sujidade
3 Paredes Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, enegrecimento da superfície
Teto Elemento em falta

Pavimento Tijoleira Fratura, sujidade


4 Paredes Azulejo Sujidade
Elemento em falta
Teto
Planta do rés-do-chão
Pavimento Tijoleira Sujidade
5 Paredes Azulejo Fratura, sujidade
Teto Falta do elemento

CASA 4 P
C A
L
O L
N

A
R Ç
N
T A
T
E D 3,20
N

A
O
S

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes) e madeira


Patologias: Enegrecimento da (pavimento e cobertura)
Planta de cobertura superfície, oxidação, fissuração,
desgaste PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
ou granito
VÃOS: Porta de entrada em alumínio,
ausência de vãos no interior
PAREDES EXTERIORES: Em tijolo cerâmico
COBERTURA: Chapa de fibrocimento ou granito

5
4

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
3 1 Paredes Reboco Fratura
Teto Madeira (aglomerado) + tinta Manchas de humidade

Pavimento Tijoleira e Soalho Fratura


2 Paredes Reboco + tinta e azulejo Manchas de humidade
Teto Madeira (aglomerado) + tinta Fissuração, manchas de humidade

1 Pavimento Tijoleira
2
3 Paredes Reboco + tinta Empolamento da superfície
Teto Gesso cartonado

Pavimento Soalho
4 Paredes Reboco + tinta Manchas de humidade
Teto Gesso cartonado

Pavimento Soalho
Planta do rés-do-chão 5 Paredes Reboco + tinta Manchas de humidade
Teto Gesso cartonado

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Patologias e levantamento
construtivo - Casa 3 e 4
Projeto lll Fevereiro 2019
m
0 2 4 6 8 Francisca Silva 31720614
CASA 5 P
A
C L A
L
O Ç L
N

A
R A Ç
N
T D A
T 2,37

E O D N

A
O
S

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes) e madeira


Planta de cobertura Patologias: Enegrecimento da (pavimento e cobertura)
superfície, fissuração, desgaste
PAREDES INTERIORES: ?
VÃOS: Porta de entrada em alumínio
PAREDES EXTERIORES: Em tijolo cerâmico
COBERTURA: Chapa de fibrocimento ou granito

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS

Casa sem acesso ao interior

Planta do rés-do-chão

CASA 6 P A
C
L L
O
N

A Ç
R
N A
T
T D 0,69

E N

A O

Planta de cobertura
FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes) e madeira
Patologias: Enegrecimento da (pavimento e cobertura)
superfície, empolamento, fissuração, ESCADAS: Ausência do elemento
desgaste, oxidação
PAREDES INTERIORES: Em madeira
VÃOS: Ausência de vãos
PAREDES EXTERIORES: Em tijolo cerâmico
COBERTURA: Chapa de fibrocimento ou granito

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
Paredes Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e manchas de humidade, fratura, fissura, enegrecimento
1 da superfície
Penetração e manchas de humidade, fratura, fissura, apodercimento,
Teto Madeira (aglomerado) + tinta
elemento em falta

Planta do piso 1 Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade


Paredes Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e manchas de humidade, sujidade, fratura, fissura,
2 apodrecimento, elemento em falta
Teto Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e manchas de humidade, sujidade, fratura, fissura,
empolamento da superfície

Pavimento Argamassa Penetração e manchas de humidade, enegrecimento da superfície,


sujidade
3 Paredes Reboco + tinta Sujidade, empolamento da superfície, fratura
3
Teto Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e manchas de humidade, enegrecimento da superfície,
4 apodrecimento, fratura, fissura

1 Apoderecimento, fratura, falta do elemento, sujidade, desgaste,


Pavimento Madeira
deformação
Penetração e manchas de humidade, fratura, elemento em falta,
4 Paredes Madeira (aglomerado) + tinta
empolamento da superfície, fissura
2 Teto Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e manchas de humidade, fratura, elemento em falta,
fissura, apodrecimento

Pavimento
5 Paredes Reboco + tinta Sem acesso
Planta do rés-do-chão Teto Falta do elemento

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Patologias e levantamento
construtivo - Casa 5 e 6
Projeto lll Fevereiro 2019
m
0 2 4 6 8 Francisca Silva 31720614
CASA 7 P C A

L O L

A R Ç
N
N T A

T E D
N

A O

Planta de cobertura

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira


Patologias: Enegrecimento da (pavimento e cobertura) e betão armado
superfície, fissuração, desgaste, (pavimento)
oxidação, empolamento
PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
VÃOS: Ausência de vãos

PAREDES EXTERIORES: Em granito


1 COBERTURA: Chapa de fibrocimento

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
Paredes Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fratura, fissura, enegrecimento
1 e empolamento da superfície, partes do elemento em falta
Penetração e manchas de humidade, fratura, partes do elemento em
Planta do rés-do-chão Teto Gesso cartonado
falta, presença orgânica (fungos)

CASA 8 P
C A
L
O L
A
N R Ç
N
VAZI
O
T A
T
E D N

A
O
S

Planta de cobertura

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira


Patologias: Enegrecimento da (pavimento e cobertura) e betão armado
superfície, fissuração, desgaste, (pavimento)
oxidação, empolamento
PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
VÃOS: Ausência de vãos

PAREDES EXTERIORES: Em granito


COBERTURA: Chapa de fibrocimento

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS

Casa sem acesso ao interior

Planta do rés-do-chão

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Patologias e levantamento
construtivo - Casa 7 e 8
Projeto lll Fevereiro 2019
m
0 2 4 6 8 Francisca Silva 31720614
CASA 9 P
C A
L
O L
A
N R Ç
N
T A
T
E D N

A
O
S

Planta de cobertura
FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira
Patologias: Enegrecimento da (pavimento e cobertura)
superfície, fissuração, desgaste,
oxidação, empolamento
PAREDES INTERIORES: Em madeira
VÃOS: Porta de entrada e caixilharias
em madeira, ausência de vãos
inteirores PAREDES EXTERIORES: Em granito ou tijolo
cerâmico
COBERTURA: Telha marselha

4 3

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


2 1 Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
Reboco + tinta e azulejo Penetração e manchas de humidade, fratura, fissura, enegrecimento
1 Paredes
da superfície
Teto Madeira de forro Elementos desnivelados

Pavimento Alcatifa Sujidade


Paredes Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fratura, fissura
5 2 Penetração e manchas de humidade, fissura, empolamento da
Teto Madeira (aglomerado) + tinta
superfície

Planta do rés-do-chão Pavimento Alcatifa Sujidade


3 Paredes Reboco + tinta Empolamento da superfície, fissura
Teto Madeira (aglomerado) + tinta Fissura, empolamento da superfície

Pavimento Alcatifa Sujidade


Penetração e manchas de humidade, fratura, elemento em falta,
4 Paredes Reboco) + tinta
empolamento da superfície, fissura
Teto Madeira (aglomerado) + tinta Penetração e manchas de humidade, fratura, elemento em falta,
fissura, presença orgânica (fungos)

fratura, falta do elemento, sujidade


Pavimento Tijoleira
Fratura, fissura, elemento em falta, empolamento da superfície,
5 Paredes Azulejo e reboco + tinta
presença orgânica (líquenes)
Teto Placa de poliéster Elemento em falta, fratura

CASA 10 P
C A
L
O L
A
Ç
N

R
N
T A 0

T
E D N

A
O
S

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira


Patologias: Desgaste e fissuração (pavimento e cobertura)
Planta de cobertura

VÃOS: Porta de entrada e caixilharias


PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
em madeira, ausência de vãos
inteirores

COBERTURA: Chapa de firbocimento PAREDES EXTERIORES: Em granito ou tijolo


cerâmico

1 DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


Pavimento Tijoleira Fratura e sujidade
Paredes Azulejo e reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fratura, fissura, enegrecimento
1 e empolamento da superfície
Penetração e manchas de humidade, fratura, partes do elemento em
Teto Madeira (aglomerado) +tinta
falta, apodrecimento, empolamento da superfície

Pavimento S/pavimento Elemento em falta


Planta do rés-do-chão Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fratura, fissura, enegrecimento
Paredes
e empolamento da superfície
2 Penetração e manchas de humidade, fratura, partes do elemento em
Teto Madeira (aglomerado) +tinta falta, apodrecimento, presença orgânica (fungos), enegrecimento
da superfície

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Patologias e levantamento
construtivo - Casa 9 e 10
Projeto lll Fevereiro 2019
m
0 2 4 6 8 Francisca Silva 31720614
CASA 11 P
C A
L
O L
A
N
R Ç
N
T A
T
E D N

A
O
S

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira


Patologias: Desgaste, fissuração e (pavimento e cobertura)
Planta de cobertura
empolamento da superfície

VÃOS: Porta de entrada e caixilharias PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico


em madeira, ausência de vãos
inteirores
PAREDES EXTERIORES: Em granito ou tijolo
COBERTURA: Chapa de firbocimento cerâmico
3

DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS


1 2
Pavimento Tijoleira
Paredes Azulejo e reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fissura
1 Penetração e manchas de humidade, fratura, partes do elemento em
Teto Gesso cartonado
falta, apodrecimento, empolamento da superfície

Pavimento Tijoleira
Azulejo e reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fissura, partes do elemento em
Planta do rés-do-chão Paredes
falta
2 Penetração e manchas de humidade, fissura, enegrecimento da
Teto Gesso cartonado
superfície

Pavimento Tijoleira
Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fissura, presença orgânica
Paredes
3 (fungos), enegrecimento da superfície
Teto Gesso cartonado Penetração e manchas de humidade, fissura

CASA 12 P
C A
L
O L
A
Ç
N

R
N
T A
T
E D N

A
O
S

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira


Patologias: Desgaste, fissuração e (pavimento e cobertura)
empolamento da superfície
Planta de cobertura
VÃOS: Porta de entrada em chapa PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
ondulada, ausência de vãos inteirores ou granito

PAREDES EXTERIORES: Em granito ou tijolo


COBERTURA: Chapa de firbocimento cerâmico

3
DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS
Pavimento Tijoleira Sujidade e fratura
Penetração e manchas de humidade, fissura, empolamento da
Paredes Azulejo e reboco + tinta
1 1 superfície
Penetração e manchas de humidade, fratura, partes do elemento em
Teto Gesso cartonado falta, presença orgânica (fungos)
2
Pavimento Tijoleira
Paredes Azulejo + tinta
2 Penetração e manchas de humidade, fissura, enegrecimento da
Planta do rés-do-chão Teto Gesso cartonado
superfície

Pavimento Argamassa Penetração e manchas de humidade, enegrecimento da superfície,


sujidade, presença orgânica (fungos)
Penetração e manchas de humidade, fratura, enegrecimento da
3 Paredes Reboco + tinta
superfície, empolamento da superfície
Teto Gesso cartonado Penetração e manchas de humidade, fratura, partes do elemento em
falta

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Patologias e levantamento
construtivo - Casa 11 e 12
Projeto lll Fevereiro 2019
m
0 2 4 6 8 Francisca Silva 31720614
CASA 13 P A
C
L L
O
A Ç
R
N
N A
T 1,15

T D
E N

A O
S

Planta de cobertura FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira


Patologias: Desgaste, fissuração, (pavimento e cobertura)
empolamento da superfície e presença
orgânica (fungos)
PAREDES INTERIORES: Em tijolo cerâmico
VÃOS: Porta de entrada em alumínio e
caixilharias em madeira, ausência de
vãos inteirores PAREDES EXTERIORES: Em granito ou tijolo
cerâmico
COBERTURA: Telha Marselha

5
DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS
4 3 Pavimento Tijoleira Fratura e alguns elementos em falta
Penetração e manchas de humidade, fissura, presença orgânica
Paredes Reboco + tinta (fungos), empolamento da superfície
1 Teto Madeira de forro Apodrecimento
2 1
Pavimento Tijoleira Fratura e alguns elementos em falta
Paredes Azulejo e reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fissura, enegrecimento da
2 superfície
Teto Madeira de forro

Planta do rés-do-chão Pavimento Tijoleira Fratura e alguns elementos em falta


Azulejo e reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fissura, fratura, alguns
Paredes
3 elementos em falta
Teto Madeira de forro Elementos desnivelados

Pavimento Tijoleira
Paredes Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fissura, enegrecimento da
4 superfície
Teto Gesso cartonado Penetração e manchas de humidade, fissura, presença orgânica
(fungos), empolamento da superfície

Pavimento Tijoleira Fratura e alguns elementos em falta


Reboco + tinta Penetração e manchas de humidade, fissura, enegrecimento da
Paredes
3 superfície
Teto Gesso cartonado Penetração e manchas de humidade, fissura, fratura

CASA 14 P A
C
L L
O
A Ç
R
N
N A
T
T D
E N

A O
S

FACHADA: Reboco + tinta. ESTRUTURA: Granito (paredes), madeira


Patologias: Desgaste, fissuração, (pavimento e cobertura)
Planta de cobertura empolamento da superfície e
penetração e manchas de humidade
PAREDES INTERIORES: Em tabique
VÃOS: Porta de entrada em e
caixilharias em madeira ou chapa,
ausência de vãos inteirores PAREDES EXTERIORES: Em granito ou
chapa
COBERTURA: Telha Marselha

1 2
DIVISÕES MATERIAIS PATOLOGIAS
Pavimento S/ revestimento Elemento em falta
Penetração e manchas de humidade, fissura, empolamento da
Paredes Reboco + tinta
superfície, migração de sais, elemento em falta, presença orgânica
1 (fungos), apodecimento
Apodrecimento, grande parte dos elementos em falta, penetração
Teto Madeira (aglomerado)
3 e manchas de humidade

Pavimento S/ revestimento Elemento em falta


Penetração e manchas de humidade, fissura, empolamento da
2 Paredes Reboco + tinta superfície, migração de sais, elemento em falta, presença orgânica
(fungos), apodecimento
Planta do rés-do-chão Teto S/ revestimento Elemento em falta

Pavimento S/ revestimento Elemento em falta


Paredes Chapa metálica Deformação e oxidação
3 Teto Chapa metálica Deformação e oxidação

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Patologias e levantamento
construtivo - Casa 13 e 14
Projeto lll Fevereiro 2019
m
0 2 4 6 8 Francisca Silva 31720614
INSTALAÇÃO SANITÁRIA COMUM | ANEXO

N N

FACHADA: Argamassa areada FACHADA: Reboco + tinta


ESTRUTURA: Blocos de cimento (paredes) e ESTRUTURA: Tijolo ceâmico (paredes)
Patologias: Desgaste, fissuração, fraturação laje aligeirada (cobertura) Patologias: Desgaste, fissuração, fraturação
e enegrecimento da superfície e enegrecimento da superfície
PAREDES EXTERIORES: Em tijolo cerâmico
VÃOS: Uma porta em madeira, PAREDES INTERIORES: Em blocos de cimento VÃOS: Portas em madeira
ausência de três portas

COBERTURA: Argamassa areada PAREDES EXTERIORES: Em blocos de cimento COBERTURA: Chapa de fibrocimento

Patologias e levantamento Esc. 1/100 Patologias e levantamento Esc. 1/100


N
construtivo - I.S. comum construtivo - Anexo
N

Projeto lll Fevereiro 2019 Projeto lll Fevereiro 2019

L E G E N D A:
Estado de conservação: Médio Nota: Esta informação foi fruto da análise local e baseada nos dados fornecidos pelo habitar porto. PRÉ-EXISÊNCIA

Estado de conservação: Mau N


Estado de conservação
Edifícios da envolvente m Projeto lll Junho 2019

0 2,5 5 7,5 10 Francisca Silva 31720614


B

A'

A
C

B'

C'

Relativamente aos sistemas construtivos, a ilha


quando foi construída apresentava: paredes de granito e
estrutura de madeira no pavimento e na cobertura,
sendo que as habitações eram contíguas de forma
alinhada (tal como é visível na planta acima).
Estes dados são claramente visíveis no local e
nos levantamentos através da espessura das paredes .
Com o passar dos anos, e com base nas
necessidades que forma surgindo, os habitantes de cada
casa foram adequando as habitações às suas
Corte/Alçado AA' necessidades, acrescentando pequenos volumes aqui e
ali. Estes acrescentos descontrolados foram elaborados
com sistemas construtivos mais modernos, isto é, em
tijolo cerâmico. A presente planta bem como os
cortes/alçados permitem compreender a relação entre a
ilha nº52 da rua das Antas no início do século XX e
atualmente.

1,84

Corte/Alçado BB'

3,14

L E G E N D A: Corte/Alçado CC'
Constuções datadas do início do século XX PRÉ-EXISÊNCIA
Construções posteriores (estado atual da ilha) N
Evolução construtiva Esc.
Edifícios da envolvente m Projeto lll Junho 2019
0 2,5 5 7,5 10 Francisca Silva 31720614
Apêndice 8
Todas as peças desenhadas que se seguem tem como fonte: Produção própria

243
B

A'

A
C

D'

E'

B'

C'

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Francisca Silva 31720614
B

A'

A
C

D'

E'

D
VAZIO

B'

C'

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Francisca Silva 31720614
B

A'

A
C

D'

E'

D
VAZIO

B'

C'

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Francisca Silva 31720614
B

A'

A
C

D'

E'

D
VAZIO

B'

C'

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Planta de cobertura
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Francisca Silva 31720614
4,31

3,58

2,74

2,08

Corte/Alçado AA'

4,31

3,41
3,27
3,12

2,45

1,49

0,77

Corte/Alçado BB'

3,12

1,23
0,86 0,77

0 0,08

Corte/Alçado CC'

3,12

2,45

1,23

Corte/Alçado DD'

0,77

Corte/Alçado EE'

PRÉ-EXISÊNCIA

Cortes/Alçados
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8

Francisca Silva 31720614


C

A'

B
A

D'

E'

C'

B'

LEGENDA:
VERMELHOS E AMARELOS
A manter
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
N
A constuir Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
A demolir
Francisca Silva 31720614
C

A'

B
A

D'

E'

D
VAZIO

C'

B'

LEGENDA:
VERMELHOS E AMARELOS
A manter
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
N
A constuir Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
A demolir
Francisca Silva 31720614
C

A'

B
A

D'

E'

D
VAZIO

C'

B'

LEGENDA:
VERMELHOS E AMARELOS
A manter
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
N
A constuir Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
A demolir
Francisca Silva 31720614
C

A'

B
A

D'

E'

D
VAZIO

C'

B'

LEGENDA:
VERMELHOS E AMARELOS
A manter
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
N
A constuir Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
A demolir
Francisca Silva 31720614
Corte/Alçado AA'

Corte/Alçado BB'

Corte/Alçado CC'

1,23

Corte/Alçado DD'

Corte/Alçado EE'

LEGENDA:
VERMELHOS E AMARELOS
A manter
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
A constuir
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
A demolir
Francisca Silva 31720614
C

A'

B
A

D'

E'

D
A

ML

ML

E
ML

ML

C'

B'

LEGENDA:
PROPOSTA
Pavimento interior - Soalho
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
N
Edificado proposto Pavimento interior - tijoleira 40x60 Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Relva Pavimento exterior - ECO saibro
Francisca Silva 31720614
C

A'

1.50

B
A

D'

1.50

E'

D
Estendais

E A

C'

B'

LEGENDA:
PROPOSTA
Pavimento interior - Soalho
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
N
Edificado proposto Pavimento interior - tijoleira 40x60 Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Relva Pavimento exterior - ECO saibro
Francisca Silva 31720614
C

A
A

A'

B
A

D'

E'

C'

B'

LEGENDA:
PROPOSTA
Pavimento interior - Soalho
Ilha nº52, Rua das Antas, Porto
N
Edificado proposto Planta dos pisos
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Relva Pavimento exterior - ECO saibro
Francisca Silva 31720614
C

A'

B
A

D'

E'

C'

B'

LEGENDA:
PROPOSTA

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Edificado proposto Planta de cobertura
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Relva Pavimento exterior em ECO saibro
Francisca Silva 31720614
3,58

2,74

2,08

Corte/Alçado AA'

6,29

4,31
C:\Users\Francisca\Desktop\people.png

3,58
3,51
3,27
3,13 3,04
2,81

C:\Users\Francisca\Desktop\TexturesCom_PlasterColoured0562_3_M.png

Corte/Alçado BB'

3,00

C:\Users\Francisca\Desktop\sr a janela.png

C:\Users\Francisca\Desktop\f099e71b032541056551f229f00e8082.png

1,28

0,82 0,77

Corte/Alçado CC'

C:\Users\Francisca\Desktop\wtr.png

2,83

1,25 1,28 1,23

Corte/Alçado DD'

3,43

0,79 0,77 0,82 0,79

Corte/Alçado EE'

PROPOSTA

Cortes/Alçados
m Projeto lll Junho 2019
0 2 4 6 8
Francisca Silva 31720614
SISTEMA CONSTRUTIVO
O sistema construtivo escolhido para este
projeto teve por base uma observação e
entendimento do sistema construtivo original das
ilhas do Porto.
Além disso, o facto deste ser um projeto de
reabilitação com um grau de intrusão alto (devido ao
nefasto estado de conservação dos edificios),
permitiu-nos introduzir novos pormenores cujo
objetivo é trazer a terreiro a identidade das ilhas e a
sua valorização.

Deste modo, o exemplo mais evidente ocorre


nos beirais. A estrutura de madeira que avança
(Pormenor A) não era de facto uma pré existencia
mas, observando as várias ilhas da cidade bem
como a própria ilha das Antas nº52, é possível
identificar estruturas semelhantes ora com
fibrocimento, ou mesmo com telha. (As imagens à
direita comprovam o descrito).

Relativamente às paredes das casas, foi


mantido o granito pré-existente. Tanto no interior
como no exterior das habitações, a intenção foi
rebocar e pintar de branco mantendo a textura da 1
pedra (prevalecendo assim a memória daquilo que é
a estrutura de uma ilha, e ao mesmo tempo, através
do reboco e da pintura, atribuindo-lhe um toque de
modernidade).
Telha Marselha

Ripa

Barrote Frechal

Consola
Caleira
Granito
(pré-existente)

Reboco

Tinta de cor
Escora branca

Cachorro

A'
Esc. 1/10

A introdução de asnas nas habitações foi claramente por


Estendais

questões estruturais mas também para atenuar de alguma forma a


altura máxima atingida no interior da habitação. E sendo uma casa
com paredes em granito, a ultilização de madeira foi a opção mais
sensata pois este é um material reconhecido pelo seu conforto que
acaba por contrastar com a pedra.

2
23

22
21
20
19

18

Esc. 1/10
1
17

24
2
25
21 27
3
26 28

29
30

31

16
12

13
15
Esc. 1/10

14

12
13
1- Solo compacto
14
2- Brita
3- Pavimento térreo em betão armado de 15cm de espessura
4- Camada dupla de tela asfáltica
13
5- Isolamento térmico em poliestireno extrudido
12 6- Manta geotextil
7- Camada de forma em betão leve
8 - Pés de prumo metálicos reguláveis
9- Barrotes de madeira maciça (10x20)cm
10- Pavimento interior em soalho em kambala escura (10x60x3)cm
11-Rodapé em kambala escura (1,5x8)cm
12- Tinta de cor branca
13- Reboco com 2cm de espessura
3 14- Granito (pré-existente)
11 15- Moldura de kambala escura (1,5x8)cm
32 10 16- Porta de kambala escura
7 9 17- Asna de madeira
6 18- Madres de madeira (7x20)cm
2 19- Varas de madeira (7x7)cm
8 20- Forro de madeira (10x60x1,2)cm
34 21- Barrotes de madeira (7x7)cm
7 22- Tela de impermeabilização
6 6
5 23- Rufo de zinco
4 24- Telha marselha
33
3 25- Ripas de madeira (5x3,5)xm
4 26- Caleira circular
27- Frechal de madeira(7x7)cm
35 28- Consola de madeira (5x76x5)cm
2 29- Frechal de madeira (18x10)cm
30- Escora de madeira (5x5)cm
31- Cachorro de madeira (7x7)cm
1 32- Pavimento exterior em ECO saibro
33- Geodreno de diâmetro 12,5cm
34-Tela dernante HDPE
35-Emulsão betuminosa

PORMENORES CONSTRUTIVOS

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Corte construtivo AA'
Projeto lll Junho 2019
m
0 0,5 1 1,5 2
Francisca Silva 31720614
1- Solo compacto
2- Brita
3- Pavimento térreo em betão armado de 15cm de espessura
4- Camada dupla de tela asfáltica
B 5- Isolamento térmico em poliestireno extrudido
6- Manta geotextil
7- Camada de forma em betão leve
8 - Pés de prumo metálicos reguláveis
9- Barrotes de madeira maciça (10x20)cm
4 5 10- Pavimento interior em soalho em kambala escura (10x60x3)cm
11-Rodapé em kambala escura (1,5x8)cm
12- Tinta de cor branca
13- Reboco com 2cm de espessura
14- Granito (pré-existente)
15- Moldura de kambala escura (1,5x8)cm
B'
16- Porta de kambala escura
17- Asna de madeira
18- Madres de madeira (7x20)cm
19- Varas de madeira (7x7)cm
20- Forro de madeira (10x60x1,2)cm
21- Barrotes de madeira (7x7)cm
22- Tela de impermeabilização
23- Rufo de zinco
24- Telha marselha
Esc. 1/5 25- Ripas de madeira (5x3,5)xm
26- Caleira circular
Estendais
27- Frechal de madeira(7x7)cm
A
28- Consola de madeira (5x76x5)cm
29- Frechal de madeira (18x10)cm
30- Escora de madeira (5x5)cm
31- Cachorro de madeira (7x7)cm
32- Pavimento exterior em ECO saibro
33- Geodreno de diâmetro 12,5cm
6 34-Tela dernante HDPE
35-Emulsão betuminosa
Esc. 1/5
36- Peça em zinco com a função de rufo
37- Barrote de madeira (15x36)cm
38- Madre de madeira (7x15)cm
39- Isolamento térmico de fibra de madeira natural (STEICO-jular)
40- Mobiliário superior de cozinha
41- Mobiliário inferior de cozinha
42- Estribo metálico para suporte de barrotes intermédios

Esc. 1/5

23

24

5
25 22
39 21
36 20
19

18

37
17 17
20
19

38
14

12 12
13
13
4 40

14

13
16
12

41

11
10

9 42

8
7
6
45
3

Corte construtivo BB'

7 8

CC'

Esc. 1/5 Esc. 1/5

14 14
16 16

Estendais

7 8

Secção CC'

PORMENORES CONSTRUTIVOS

Corte construtivo BB e secção CC' N

m Projeto lll Junho 2019


0 0,5 1 1,5 2
Francisca Silva 31720614
D'

D
Relativamente às paredes inteirores, estas
são em tabique e sistema lsf. Esta opção deu-se
facto de ser pretender que a intervenção no
construído fosse o mais subtil possível, isto é, com
materiais 'leves' e compatíveis com o
pré-existente.
9
Além disso o tabique enquanto sistema
construtivo tradicional contribui para a
preservação da memória daquilo que foi o sistema
construtivo de origem das ilhas. Seguem-se
abaixo imagens retiradas da ilha nº52 da rua das
Antas que demonstram a presença de tabique.

Estendais

1- Solo compacto
Esc. 1/5 2- Brita
3- Pavimento térreo em betão armado de 15cm de espessura
4- Camada dupla de tela asfáltica
5- Isolamento térmico em poliestireno extrudido
6- Manta geotextil
7- Camada de forma em betão leve
8 - Pés de prumo metálicos reguláveis
9- Barrotes de madeira maciça (10x20)cm
10- Pavimento interior em soalho em kambala escura (10x60x3)cm
11-Rodapé em kambala escura (1,5x8)cm
12- Tinta de cor branca
13- Reboco com 2cm de espessura
14- Granito (pré-existente)
15- Moldura de kambala escura (1,5x8)cm
16- Porta de kambala escura
17- Asna de madeira
18- Madres de madeira (7x20)cm
19- Varas de madeira (7x7)cm
20- Forro de madeira (10x60x1,2)cm
21- Barrotes de madeira (7x7)cm
22- Tela de impermeabilização
23- Rufo de zinco
11 24- Telha marselha
25- Ripas de madeira (5x3,5)xm
26- Caleira circular
10 27- Frechal de madeira(7x7)cm
28- Consola de madeira (5x76x5)cm
29- Frechal de madeira (18x10)cm
30- Escora de madeira (5x5)cm
31- Cachorro de madeira (7x7)cm
32- Pavimento exterior em ECO saibro
33- Geodreno de diâmetro 12,5cm
34-Tela dernante HDPE
35-Emulsão betuminosa
36- Peça em zinco com a função de rufo
37- Barrote de madeira (15x36)cm
38- Madre de madeira (7x15)cm
39- Isolamento térmico de fibra de madeira natural (STEICO-jular)
40- Mobiliário superior de cozinha
Esc. 1/10 41- Mobiliário inferior de cozinha
42- Estribo metálico para suporte de barrotes intermédios
43- Madre de madeira (7x10)cm
44- Barrote de madeira (10x15)cm
45- Barrote de madeira (15x25)cm
46- Caixilharia em madeira
47- Vidro duplo
48- Tabique
Esc. 1/5 49- Osb tipo 3 de 18mm (contraventamento)
50- Lã de Rochã
51- Perfil metálico - C-90
52- Peça em zinco para remate de telhado
53- Perfil metálico - U-93
54- Sapata de betão armado (escadas)
55- Escada e corrimão de madeira
56- Barrotes de madeira (5x2)cm
57- Chaminé
56- Tubo de exaustão
59- Exaustor

57

24

36 22
39 21
20

43

12 17 17 12
13
13

14

14

12

48
49
50

51

11
11
53
10
21
20
43

12
10 49
58

50 50
55
58

59

41

11
10
9
42
8
9
7 1
6
5
4
3

Corte construtivo DD'

PORMENORES CONSTRUTIVOS

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Corte construtivo DD'
Projeto lll Junho 2019
m
0 0,5 1 1,5 2
Francisca Silva 31720614
14

E'

24
Esc. 1/5
21 12

26
12

13 15

14

46 Esc. 1/5

Estendais

A Esc. 1/5
47

13
12 13
4 56
16
32
7
6
2

1
34
4
6 Esc. 1/5
33
11
10
Esc. 1/10
9

7 34
5 6
4
3
17
2

Corte construtivo EE'

Esc. 1/5
23
24
25
21
20
19
43
F
A

17 F

F'

27
26
26 F'

30
12 17
13 31

46
14

13
12

47

Estendais

53 12
48
4
49
50
51
52

24

21
20
43
1- Solo compacto
26 2- Brita
3- Pavimento térreo em betão armado de 15cm de espessura
4- Camada dupla de tela asfáltica
5- Isolamento térmico em poliestireno extrudido
6- Manta geotextil
7- Camada de forma em betão leve
8 - Pés de prumo metálicos reguláveis
12
9- Barrotes de madeira maciça (10x20)cm
13 10- Pavimento interior em soalho em kambala escura (10x60x3)cm
11-Rodapé em kambala escura (1,5x8)cm
12- Tinta de cor branca
14
13- Reboco com 2cm de espessura
14- Granito (pré-existente)
15- Moldura de kambala escura (1,5x8)cm
16- Porta de kambala escura
44 17- Asna de madeira
45 18- Madres de madeira (7x20)cm
19- Varas de madeira (7x7)cm
20- Forro de madeira (10x60x1,2)cm
21- Barrotes de madeira (7x7)cm
22- Tela de impermeabilização
23- Rufo de zinco
24- Telha marselha
55 16 25- Ripas de madeira (5x3,5)xm
26- Caleira circular
27- Frechal de madeira(7x7)cm
28- Consola de madeira (5x76x5)cm
29- Frechal de madeira (18x10)cm
30- Escora de madeira (5x5)cm
31- Cachorro de madeira (7x7)cm
32- Pavimento exterior em ECO saibro
33- Geodreno de diâmetro 12,5cm
34-Tela dernante HDPE
15 35-Emulsão betuminosa
36- Peça em zinco com a função de rufo
37- Barrote de madeira (15x36)cm
10
38- Madre de madeira (7x15)cm
39- Isolamento térmico de fibra de madeira natural (STEICO-jular)
9 54 40- Mobiliário superior de cozinha
41- Mobiliário inferior de cozinha
32
7 42- Estribo metálico para suporte de barrotes intermédios
8 6 43- Madre de madeira (7x10)cm
7 2 44- Barrote de madeira (10x15)cm
5 6 45- Barrote de madeira (15x25)cm
4 46- Caixilharia em madeira
3 47- Vidro duplo
6
14 33
48- Tabique
49- Osb tipo 3 de 18mm (contraventamento)
34 50- Lã de Rochã
2 4 51- Perfil metálico - C-90
35 52- Peça em zinco para remate de telhado
53- Perfil metálico - U-93
1 54- Sapata de betão armado (escadas)
55- Escada e corrimão de madeira
56- Barrotes de madeira (5x2)cm

Corte construtivo FF' 57- Chaminé


58- Tubo de exaustão
59- Exaustor

PORMENORES CONSTRUTIVOS

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Corte construtivo EE' e FF' N

m Projeto lll Junho 2019


0 0,5 1 1,5 2
Francisca Silva 31720614
23

69
G'

61

62

12

13
Estendais

24 A

25

21
26
69

70
12
13

68

18

32
7
6
2

18 6
33
34
4
66

Esc. 1/5

Corte construtivo GG'

57 H

23

24

H'

36 22
39 21
20
43
60 60

Estendais

12 A

13

61
58

62

13

12

59
1- Solo compacto
2- Brita
3- Pavimento térreo em betão armado de 15cm de espessura
4- Camada dupla de tela asfáltica
5- Isolamento térmico em poliestireno extrudido
6- Manta geotextil
7- Camada de forma em betão leve
8 - Pés de prumo metálicos reguláveis
9- Barrotes de madeira maciça (10x20)cm
65
12- Tinta de cor branca
13- Reboco com 2cm de espessura
Haier
19- Varas de madeira (7x7)cm
20- Forro de madeira (10x60x1,2)cm
21- Barrotes de madeira (7x7)cm
22- Tela de impermeabilização
23- Rufo de zinco
24- Telha marselha
25- Ripas de madeira (5x3,5)xm
26- Caleira circular
41
32- Pavimento exterior em ECO saibro
33- Geodreno de diâmetro 12,5cm
34-Tela dernante HDPE
35-Emulsão betuminosa
36- Peça em zinco com a função de rufo
39- Isolamento térmico de fibra de madeira natural (STEICO-jular)
63 41- Mobiliário inferior de cozinha
64
7 43- Madre de madeira (7x10)cm
6
2 54- Sapata de betão armado (escadas)
32 55- Escada e corrimão de madeira
7 56- Barrotes de madeira (5x2)cm
6 57- Chaminé
2
58- Tubo de exaustão
67 59- Exaustor
6 60- Viga cinta em betão armado
33 61- Tijolo cermâmico de 15cm
62- Argamassa
34
4 63- Tijoleira de cor branca (40x60)cm
66 64- Cimento cola
65- Lambrim com cerâmico de cor branca (40x60)cm
66- Sapata de betão armado
67- Lintel de betão armado
68- Portão basculante
69- Poliestireno expandido de 2cm de espessura
70- Viga padieira

Corte construtivo HH'

PORMENORES CONSTRUTIVOS

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


Corte construtivo GG' e HH' N

m Projeto lll Junho 2019


0 0,5 1 1,5 2
Francisca Silva 31720614
19

Esc. 1/5

21
Estendais

I'

A ilha nº52 da rua das Antas, apresenta 20


uma série de volumes que foram acrescentados
descontroladamente às habitaçoes originais. Aliás, Esc. 1/5
1- Solo compacto
2- Brita
este é um fenomeno recorrente deste tipo de 4- Camada dupla de tela asfáltica
habitação dada a necessidade de aumentar a área 6- Manta geotextil
7- Camada de forma em betão leve
das casas. A imagem a cima ilustra precisamente 12- Tinta de cor branca

um dos acrescentos e também as escadas


13- Reboco com 2cm de espessura
23- Rufo de zinco
exteriores da ilha. 24- Telha marselha
26- Caleira circular
Contudo, estes acrescentos foram 27- Frechal de madeira(7x7)cm
demolidos na proposta apresentada. Esta 30- Escora de madeira (5x5)cm
31- Cachorro de madeira (7x7)cm
demolição acabou não só por trazer a terreiro a 32- Pavimento exterior em ECO saibro
essência e a identidade das ilhas originais como 34-Tela dernante HDPE
35-Emulsão betuminosa
também permitiu criar uma área comum (um pátio) 46- Caixilharia em madeira
mais agradável e amplo a que todos os habitantes 47- Vidro duplo
55- Escada e corrimão de madeira
da ilha podem ter acesso. 57- Chaminé
66- Sapata de betão armado
Os muros existentes nesta área comum são 71- Separadores de betão branco
de betão rebocado e pintado de branco. Por outro Esc. 1/5 72- Guardas metálicas
lado as guardas são metálicas. Esta opção foi 73- Relva
74- Porta exterior em kambala escura
tomada com o intuito de fazer com que estes 75- Muro de suporte em betão armado

elementos não tornassem visualmente o pátio


76- Terra vegetal

pesado mas sim leve e amplo.

23

24

26

30

31

72

47 20
32
76

46 2

74
19

12

13

75

73

76

21
71 66
12

13

75
1

34

35

Corte construtivo II'

PORMENORES CONSTRUTIVOS

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Corte construtivo II'
Projeto lll Junho 2019
m
0 0,5 1 1,5 2
Francisca Silva 31720614
O pavimento, em todo o espaço comum é em
ECO saibro ou relva. Não esquecendo o tanque
de água existente que pretende simbolizar os
bebedouros que existiram e eram carateristicos
das ilhas. A baixo seguem-se imagens dos
bebedouros existintes na ilha nº52 da rua das
Antas.

J'

J de encontro. Esta arvore marca o de 1- Solo compacto


2- Brita
partilha da ilha. Foi colocada na zona mais social onde 4- Camada dupla de tela asfáltica
os moradores da ilha se reuniam em torno de uma 6- Manta geotextil
7- Camada de forma em betão leve
mesa de madeira. 12- Tinta de cor branca
Esta arvore colocada na zona superior do 13- Reboco com 2cm de espessura
23- Rufo de zinco
mais um simbolismo a um dos valores fundamentais 24- Telha marselha
26- Caleira circular
Estendais
27- Frechal de madeira(7x7)cm
A

30- Escora de madeira (5x5)cm


31- Cachorro de madeira (7x7)cm
I' 32- Pavimento exterior em ECO saibro
34-Tela dernante HDPE
35-Emulsão betuminosa
46- Caixilharia em madeira
47- Vidro duplo
55- Escada e corrimão de madeira
57- Chaminé
66- Sapata de betão armado
71- Separadores de betão branco
72- Guardas metálicas
73- Relva
74- Porta exterior em madeira
75- Muro de suporte em betão armado
76- Terra vegetal
77- Água
78- Mureto de betão armado
79- Árvore

72

32
7
6
2

72

75

78

13

12

77

73

76 35
66
2
1

Corte construtivo JJ'

PORMENORES CONSTRUTIVOS

Ilha nº52, Rua das Antas, Porto


N
Corte construtivo JJ'
Projeto lll
m
0 0,5 1 1,5 2
Francisca Silva 31720614
Anexos
Lista de anexos:

- Anexo 1: Referência ao conceito de ilha no século XVIII.

- Anexo 2: Planta do plano de melhoramentos, 1956-1966.

- Anexo 3: Ilustração da diversidade de entradas e de espaços transição por Manuel


C.Teixeira.

- Anexo 4: Tabelas que estiveram na base do diagnóstico atual das ilhas na cidade do
Porto.

- Anexo 5: Fotografias e peças desenhadas do projeto de reabilitação da ilha da Bela


Vista.

- Anexo 6: Fotografias e peças desenhadas do projeto de reabilitação da ilha da Bela


Vista.

- Anexo 7: Fotografias e peças desenhadas do projeto de reabilitação da ilha nº113 da rua


de S.Victor.

- Anexo 8: Peças desenhadas do projeto de reabilitação da ilha nº172 da rua de S.Victor.

- Anexo 9: Antecedente da ilha nº52 da rua das Antas.

- Anexo 10: Áreas mínimas por compartimento e por fogo - RGEU.

243
Anexo 1

Fig.A - Referência ao conceito de ilha no século XVIII num livro da autoria do padre Agostinho R. da
Costa. Fonte: COSTA, Agostinho R. da. 1789. Descripção topográfica, e histórica da cidade do Porto.
Porto: Officina de António Alvarez Ribeiro, p.90.

244
Anexo 2

Fig.B - Planta do plano de melhoramentos, 1956-1966. Fonte: Câmara Municipal do Porto, disponível na internet em:
“http://www.cm-porto.pt/os_planos_do_porto/plano-de-melhoramentos-para-a-cidade-do-porto-1956-1966”, consultado a
13/12/2018, às 18h18

245
Anexo 3

Fig.C – Um grupo de ilhas na Rua das Antas, mostrando diferentes tipos de relação entre as ilhas
e a rua. Fonte: TEIXERA, Manuel C. 2018. Habitação popular na cidade oitocentista: as “ilhas” do Porto.
Porto: Edições Afrontamento, p.154.

246
Fig.D – Esquemas dos tipos de entrada que intitulamentos de
“moldura” (à esquerda) e “abertura na frente urbana” (à
direita). Fonte: TEIXERA, Manuel C. 2018. Habitação popular na
cidade oitocentista: as “ilhas” do Porto. Porto: Edições Afrontamento,
p.150.

Fig.E – Esquemas do tipo de entrada que intitulamentos de


“camuflada”. Fonte: TEIXERA, Manuel C. 2018. Habitação popular
na cidade oitocentista: as “ilhas” do Porto. Porto: Edições
Afrontamento, p.149.

247
Anexo 4

Freguesias Nº de agregados familiares População residente

inquiridos totais dosagregados total


(valor familiares (valor
estimado) inquiridos estimado)

União de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde 41 285 80 556


Aldoar 16 105 30 197
Foz do Douro 20 143 40 287
Nevogilde 5 36 10 72
União de freguesias de Cedofeita, Miragaia, Santo Ildefonso, 136 1001 260 1875
São Nicolau, Sé e Vitória
Cedofeita 78 570 143 1045
Miragaia 4 79 5 99
Santo Ildefonso 17 85 36 181
Sé 36 261 75 544
Vitória 1 6 1 6
União de freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos 50 334 120 803
Lordelo do Ouro 32 203 75 475
Massarelos 18 131 45 327
Bonfim 165 870 338 1782
Campanhã 292 1201 677 2785
Paranhos 171 700 357 1462
Ramalde 74 509 161 1108
Inquéritos respondidos parcialmente 9

Total 938 4901 1993 10370

Tabela 1 - Número de agregados familiares e de residentes dos núcleos habitacionais em 2014. Fonte: VÁZQUEZ,
Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do
Porto. Tabela 1.4, p.34.

248
Estado de ocupação dos Estados de ocupação
núcleos habitacionais dos alojamentos

Não observável
Outra ocupação

Outra ocupação
Desabitados

Desabitados
Habitados

Habitados
Nº total de Nº total de
Freguesias
núcleos alojamentos

União de freguesias de Aldoar, 77 500 64 10 1 2 285 204 12


Foz do Douro e Nevogilde
Aldoar 30 211 23 6 0 1 105 102 4
Foz do Douro 37 231 34 2 1 0 143 80 8
Nevogilde 10 58 7 2 0 1 36 22 0

União de freguesias de Cedofeita, 176 1743 148 25 1 3 1001 698 43


Miragaia, Santo Ildefonso,
São Nicolau, Sé e Vitória
Cedofeita 110 924 96 13 0 1 570 338 16
Miragaia 7 96 7 0 0 0 79 17 0
Santo Ildefonso 29 272 22 6 0 1 85 175 11
Sé 25 421 21 4 0 0 261 144 16
Vitória 5 30 2 2 1 1 6 24 0

União de freguesias de Lordelo 73 591 66 5 0 2 334 254 3


do Ouro e Massarelos
Lordelo do Ouro 56 374 50 5 0 1 203 168 3
Massarelos 17 217 16 0 0 1 131 86 0
Bonfim 126 1401 114 9 3 0 870 465 66
Campanhã 243 2019 227 14 2 0 1201 758 60
Paranhos 155 1202 142 13 0 0 700 462 40
Ramalde 107 809 96 9 0 2 509 272 27
Total 957 8265 857 85 7 9 4901 3113 252

Tabela 2 – Número total de núcleos habitacionais e de alojamentos, e seu estado de ocupação, em 2014.Fonte:
VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização.
Município do Porto. Tabela III.12, p.a82.

249
Freguesias Evolução Evolução Evolução Evolução Evolução
do total do total do total do total de do total de
de ‘ilhas’ de núcleos de núcleos alojamentos alojamentos
existentes habitados desabitados habitados desabitados
(%) (%) (%) (%) (%)

União de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde -35,8 -42,3 11,1 -33,5 223,2
Aldoar -38,8 -52,1 500,0 -37,4 263,5
Foz do Douro -21,3 -22,7 -33,3 -19,4 247,5
Nevogilde -58,3 -63,2 -60,0 -56,0 82,4
União de freguesias de Cedofeita, Miragaia, -38,5 -45,0 47,1 -54,7 103,0
Santo Ildefonso, São Nicolau, Sé e Vitória
Cedofeita -37,1 -42,5 62,5 -47,2 78,8
Miragaia -36,4 -22,2 -100,0 3,7 -9,5
Santo Ildefonso -52,5 -60,0 0,0 -84,3 103,9
Sé -19,4 -30,0 300,0 -45,6 200,0
Vitória -37,5 -75,0 NA -80,6 1100,0
União de freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos -1,4 -2,9 -16,7 -42,9 209,6
Lordelo do Ouro 12,0 11,1 0,0 -22,6 242,5
Massarelos -29,2 -30,4 -100,0 -59,3 160,8
Bonfim -19,2 -25,0 125,0 -31,9 165,9
Campanhã 4,7 0,4 133,3 -20,1 415,3
Paranhos -17,6 -21,5 85,7 -28,3 284,6
Ramalde -15,1 -20,0 50,0 -24,2 192,7
Evolução conjunta das freguesias -19,0 -24,0 54,5 -36,0 204,0

Tabela 3 – Evolução dos núcleos habitacionais no período 2001-2014. Fonte: Dados estatísticos de 2001
adaptados de Pimenta et al. (2001, p.10,Quadro 2), apud, VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo
(coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 1.5, p.35.

250
Nº de alojamentos Núcleos habitacionais

Nº %

4e5 330 34,5

6e7 253 26,4

8e9 121 12,6

10 a 12 98 10,2

13 a 18 81 8,5

19 a 25 36 3,8

26 a 40 23 2,4

41 + 7 0,7

Não foi possível confirmar 8 0,8

Total 957 100,0

Tabela 4 – Número de núcleos existentes em função do número de alojamentos. Fonte:


VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.1, p.43.

Número de pisos Alojamento


Nº %

1 piso 5941 71,9

2 pisos 1121 13,6

+ de 2 pisos 14 0,2

Sem informação 1203 14,6

Total 8265 100,0

Tabela 5 – Número de pisos dos alojamentos. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda;


CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização.
Município do Porto. Tabela 2.11, p.55.

251
Instalações sanitárias e de banho Nº %

Interior

Sanita e/ou lavatório 615 66,2

Banho e/ou duche 621 66,8

Exterior

Sanita e/ou lavatório 212 22,8

Banho e/ou duche 189 20,3

Coletivo

Sanita e/ou lavatório 92 9,9

Banho e/ou duche 62 6,7

Inexistente

Sanita e/ou lavatório 127 13,7

Banho e/ou duche 104 11,2

Sem água quente

Lavatório 140 15,1

Banho e/ou duche 120 12,90

Tabela 6 – Instalações sanitárias e de banho. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda;


CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização.
Município do Porto. Tabela 2.32, p.78.

252
Freguesias Alojamentos

Bom Razoável Mau Ruína Outro Sem info.

Nº %* Nº %* Nº %* Nº %* Nº %* Nº %*

UniãodefreguesiasdeAldoar, FozdoDouroe Nevogilde 37 7 220 44 95 19 10 2 4 1 134 27


Aldoar 11 5 95 45 31 15 4 2 0 0 70 33
Foz do Douro 26 11 110 48 48 21 5 2 4 2 38 16
Nevogilde 0 0 15 26 16 28 1 2 0 0 26 45
União de freguesias de Cedofeita, Miragaia, 143 8 764 44 381 22 69 4 75 4 311 18
Santo Ildefonso, São Nicolau, Sé e Vitória
Cedofeita 75 8 431 47 197 21 33 4 56 6 132 14
Miragaia 5 5 28 29 21 22 0 0 13 14 29 30
Santo Ildefonso 27 10 76 28 75 28 18 7 6 2 70 26
São Nicolau 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Sé 36 9 229 54 85 20 17 4 0 0 54 13
Vitória 0 0 0 0 3 10 1 3 0 0 26 87
União de freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos 8 1 268 45 145 25 21 4 24 4 125 21

Lordelo do Ouro 8 2 161 43 94 25 10 3 19 5 82 22


Massarelos 0 0 107 49 51 24 11 5 5 2 43 20
Bonfim 125 9 680 49 356 25 115 8 52 4 73 5
Campanhã 134 7 1029 51 532 26 189 9 19 1 116 6
Paranhos 146 12 631 52 229 19 109 9 5 0 82 7
Ramalde 36 4 368 45 227 28 48 6 11 1 119 15
629 7 3960 48 1965 24 561 7 190 2 960 12
Total 8265

Tabela 7 – Estado de conservação dos alojamentos por freguesia. *% em relação ao total de alojamentos da
zona/freguesia. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.5, p.49.

253
Estado Alojamentos

Habitado Desabitado Outro

Nº % Nº % Nº %

Bom 577 12,4 38 1,6 14 6,2


Sem
Razoável 3249 69,9 592 24,8 106 46,9 informação

Mau 722 15,5 1146 47,9 80 35,4

Ruína 12 0,3 542 22,7 7 3,1


Outro 85 1,8 72 3,0 19 8,4
4645 100,0 2390 100,0 226 100,0 1004
Total 8265

Tabela 8 – Estado de conservação dos alojamentos em função da ocupação. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda;
CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.7,
p.51.

Realização de intervenções/obras Nº %

Sim 867 92,4

Não 63 6,7

Sem informação 8 0,9

Respostas elegíveis 930 99,1

Total 938 100,0

Tabela 9 – Intervenções/obras durante o período de residência dos inquiridos. Fonte:


VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.29, p.76.

254
Intervenções/obras mais recentes Total %

Mais de 10 anos 161 18,6

[5, 10[ anos 118 13,6

[2, 5[ anos 170 19,6

[1, 2[ anos 160 18,5

Menos de 1 ano 243 28,0

Não opinião/não responde 15 1,7

Respostas elegíveis 852 98,3

Total 867 100,0

Tabela 10 – Período em que foram realizadas as intervenções/obras. Fonte:


VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.30, p.77.

Responsável pelas intervenções/obras Nº %

Proprietário 89 10,3

Inquilino 730 84,2

Câmara Municipal do Porto 16 1,8

Outro 6 0,7

Combinação entre proprietário, inquilino ou C.M.P. 23 2,7

Não tem opinião / Não responde 3 0,3

Respostas elegíveis 864 99,7

Total 867 100,0

Tabela 11 – Responsáveis pelas intervenções/obras mais recentes no alojamento. Fonte:


VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.31, p.77.

255
Nº de famílias %

Tipologias

Nuclear sem filhos 310 33,0

Nuclear com filhos solteiros 155 16,5

Monoparental – mulher com filhos solteiros 86 9,2

Monoparental – homem com filhos solteiros 5 0,5

Avós com netos solteiros 17 1,8

Avó com netos solteiros 12 1,3

Avô com netos solteiros 2 0,2

Família extensa 14 1,5

Monoparental extensa 6 0,6

Família alargada 51 5,4

Monoparental alargada 6 0,6

Pessoa Isolada 251 26,8

Outras situações 13 1,4

Respostas elegíveis 928 98,9

Sem informação 10 1,1

Total 938 100,0

Tabela 12 – Tipologia de famílias. * Considera-se família extensa uma família conjugal


(nuclear ou monoparental) que vive com um ou mais parentes para além dos filhos (por
exemplo casal com filhos e um avô); família alargada é constituída por duas ou mais
famílias conjugais ligadas por qualquer relação de parentesco (por exemplo: casal com
um filho casado e seus filhos).Fonte: Pimenta, M. et al. (2001) “As ilhas do Porto –
Estudo socioeconómico”, Câmara Municipal do Porto – Pelouro de Habitação e Acção
Socal, apud, VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do
Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.12, p.64.

256
Escalões etários Nº de pessoas %

[0,6[ anos 69 3,5

[6, 12[ anos 77 3,9

[12, 18[ anos 71 3,6

[18, 24[ anos 119 6,0

[24, 34[ anos 149 7,5

[34, 44[ anos 140 7,1

[44, 54[ anos 223 11,3

[54, 65[ anos 384 19,4

[65, 75[ anos 338 17,1

[75, 85[ anos 310 15,7

[85, 100[ anos 86 4,4

Sem informação 9 0,5

Total 1975 100,0

Tabela 13 – Escalões etários dos elementos do agregado. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel


Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela 2.15, p.67.

Sexo Nº de pessoas %

Masculino 880 44,6

Feminino 1091 55,2

Sem informação 4 0,2

Total 1975 100,0

Tabela 14 – Sexo dos elementos do agregado. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda;


CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização.
Município do Porto. Tabela 2.16, p.68.

257
Nacionalidade Nº %

Portugal 1924 97,4

Bulgária 12 0,6

Ucrânia 7 0,4

Brasil 7 0,4

Angola 4 0,2

Cabo Verde 4 0,2

Rússia 2 0,1

Marrocos 2 0,1

Índia 2 0,1

Geórgia 2 0,1

Espanha 1 0,1

Itália 1 0,1

Nepal 1 0,1

Sem informação 6 0,3

Total 1975 100,0

Tabela 15 – Nacionalidade dos elementos do agregado. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel


Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela 2.17, p.68.

Habilitações literárias Total %

Não sabe ler/escrever 184 9,3

Sabe ler/escrever mas não completou grau 204 10,3

Básico primário (4.º ano de escolaridade) 869 44,0

Básico preparatório (ciclo ou 6.º ano de escolaridade) 217 11,0

Secundário unificado (antigo 5.º ano ou 9.º ano) 230 11,6

Secundário complementar (propedêutico, 11.º e 12.º) 162 8,2

Curso médio ou superior não universitário 25 1,3

Curso superior universitário 56 2,8

Outros 4 0,2

Sem informação 24 1,2

Total 1975 100,0

Tabela 16 – Habilitações literárias dos elementos do agregado. Fonte: VÁZQUEZ,


Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela 2.18, p.69.

258
Ocupação/Atividade Nº de pessoas %

Empregado 357 18,1

Desempregado 377 19,1

Estudante 220 11,1

Ação de Formação 4 0,2

Doméstico 27 1,4

Reformado/pensionista 886 44,9

Incapacidade permanente para o trabalho 23 1,2

Outros inativos 47 2,4

Outra situaçãocom atividade 6 0,3

Sem informação 28 1,4

Total 1975 100,0

Tabela 17 – Ocupação/Atividade dos elementos do agregado. Fonte: VÁZQUEZ,


Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela 2.19, p.70.

Profissão Nº %

Trabalhadores não qualificados 98 27,5

Pessoal dos serviços e vendedores 88 24,6

Operários, artificies e trabalhadores similares 47 13,2

Técnicos e profissionais de nível intermédio 43 12,0

Pessoal administrativo e similares 28 7,8

Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores similares 27 7,6

Especialistas das profissões intelectuais e científicas 17 4,8

Quadros superiores da administração pública, dirigentes e quadros superiores de empresa 5 1,4

Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 3 0,8

Sem informação 1 0,3

Total 357 100,0

Tabela 18 – Profissão dos elementos do agregado empregados. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO,
Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.20, p.71.

259
Principal fonte de rendimento Nº %

Receita do trabalho por conta de outrem 167 17,8

Receita do trabalho por conta própria 28 3,0

Pensões 21 2,2

Reformas 580 61,8

Rendimento mínimo garantido / Rendimento social de inserção 63 6,7

Subsídios da assistência social 0 0,0

Subsídio de desemprego 38 4,1

Outra 12 1,3

Não tem 17 1,8

Respostas elegíveis 926 98,7

Sem informação 12 1,3

Total 938 100,0

Tabela 19 – Distribuição das famílias por principal fonte de rendimento. Fonte:


VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.13, p.65.

Escalões de rendimento Nº % % acumulada

Menos de 154,99€ 19 2,0 2,0

Entre 155€ e 254,99€ 43 4,6 6,6

Entre 255€ e 419,99€ 151 16,1 22,7

Entre 420€ e 484,99€ 64 6,8 29,5

Entre 485€ e 749,99€ 276 29,4 59,0

Entre 750€ e 999,99€ 128 13,6 72,6

Entre 1000€ e 1499,99€ 96 10,2 82,8

Entre 1500€ e 1999,99€ 10 1,1 83,9

Entre 2000 e 2499,99€ 9 1,0 84,9

2500€ ou mais 0 0,0 84,9

Não sabe 90 9,6 94,5

Não responde 43 4,6 99,0

Respostas elegíveis 929 99,0 -

Sem informação 9 1,0 100,0

Total 938 100,0 -

Tabela 20 – Distribuição das famílias por escalão de rendimento mensal. Fonte:


VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.14, p.66.

260
Situações possíveis Nº %

Proprietário, sem encargos 145 15,5

Proprietário, com encargos 22 2,3

Arrendada 751 80,1

Subarrendada 1 0,1

Outra situação 9 1,0

Respostas elegíveis 928 98,9

Sem informação 10 1,1

Total 938 100,0

Tabela 21 – Situação dos inquiridos face ao alojamento. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel


Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela 2.26, p.74.

Tempo de residência Nº %

Mais de 70 anos 59 6,3

[50, 70[ anos 247 26,3

[30, 50[ anos 307 32,7

[10, 30[ anos 155 16,5

[5, 10[ anos 52 5,5

Menos de 5 anos 116 12,4

Respostas elegíveis 936 99,8

Sem informação 2 0,2

Total 938 100,0

Tabela 22 – Tempo de residência dos inquiridos nos alojamentos. Fonte: VÁZQUEZ,


Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela 2.25, p.74.

261
Valor de encargo (€) Nº % % acumulada

Menos de 1€ 160 17,1 17,1

[1, 5[ 22 2,3 19,4

[5, 10[ 30 3,2 22,6

[10, 20[ 86 9,2 31,8

[20,30[ 83 8,8 40,6

[30, 50[ 72 7,7 48,3

[50, 100[ 129 13,8 62,0

[100, 200[ 189 20,1 82,2

[200, 300[ 99 10,6 92,8

[300, 400[ 14 1,5 94,2

[400, 500[ 3 0,3 94,6

Mais de 500€ 0 0,0 94,6

Respostas elegíveis 887 94,6 -

Sem informação 51 5,4 100,0

Total 938 100,0 -

Tabela 23 – Encargo mensal das famílias como o alojamento. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel
Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e
caraterização. Município do Porto. Tabela 2.27, p.75.

262
Aspetos Avaliados Total Total/inquirido
(%)

Tudo de bom 112 12,1

Não vejo nada de bom 142 15,4

Localização no interior do núcleo 19 2,1

O tamanho da casa 244 26,4

O conforto da casa 209 22,6

O aspeto da casa 10 1,1

Ser casa própria ou ter uma renda baixa 71 7,7

O espaço exterior 181 19,6

A rede de água, luz, saneamento 47 5,1

Outros aspetos 20 2,2

Enraizamento no local (casa)/hábito 258 27,9

Wc interior ou exterior 18 1,9

Casa térrea 9 1,0

Não tem opinião/Não responde 12 1,3

Total de respostas elegíveis 925 -

Tabela 24 – O que os inquiridos consideram mais positivo no alojamento (2


possibilidades de escolha). Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo
(coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto.
Tabela 2.36, p.81.

263
Aspetos Avaliados Total Total/inquirido
(%)

Não vejo nada de mau 208 22,4

Tudo é mau 25 2,7

Localização no interior do núcleo 8 0,9

O tamanho da casa 198 21,4

O conforto da casa 131 14,1

O aspeto da casa 37 4,0

Ser casa própria ou ter uma renda baixa 6 0,6

O espaço exterior 10 1,1

A rede de água, luz, saneamento 65 7,0

Patologias 419 45,2

Outros aspetos 30 3,2

Wc interior ou exterior 151 16,3

Casa térrea 1 0,1

Instabilidade estrutural 9 1,0

Não tem opinião / Não responde 12 1,3

Total de respostas elegíveis 927 -

Tabela 25 – O que os inquiridos consideram mais negativo no alojamento (2


possibilidades de escolha). Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo
(coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto.
Tabela 2.37, p.82.

264
Aspetos avaliados Total Total/inquirido
(%)

Localização 258 27,9

Sossego 332 35,9

Relações de vizinhança 109 11,8

Proximidade de comércio e serviços 378 40,8

Gosta de tudo 86 9,3

Não gosta de nada 40 4,3

Proximidade entre a casa e o emprego 16 1,7

Espaço exterior (quintal, pátio, …) 16 1,7

Espaços verdes / jardins na proximidade 27 2,9

Enraizamento no local 173 18,7

Gosta da casa 3 0,3

Gosta da vista / paisagem 45 4,9

Boa iluminação do local 2 0,2

Boa redede transportes 186 20,1

Outros aspetos 10 1,1

Não tem opinião / Não responde 8 0,9

Total de respostas elegíveis 926 -

Tabela 26 – Aspetos positivos no local de residência – perspetiva dos inquiridos (2


possibilidades de escolha). Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo
(coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto.
Tabela 2.39, p.84.

265
Aspetos avaliados Total Total/inquirido
(%)

Não há problema 297 32,1

Falta de sossego 45 4,9

Conflitos de vizinhança 66 7,1

Insegurança / Falta de policiamento 207 22,4

Faltade iluminação 59 6,4

Falta de instalações sanitárias 47 5,1

Deficiente saneamento 61 6,6

Más condições da casa 63 6,8

Falta de limpeza 29 3,1

Espaço exterior (quintal, pátio, …) 6 0,6

Falta de estacionamento / trânsito / falta de transportes 78 8,4

Outros problemas 55 6,0

Falta de serviços / comércio 65 7,0

Despovoamento do local (isolamento) 28 3,0

Acessos à ilha (ruas, pavimentos, …) 61 6,6

Não tem opinião / Não responde 58 6,3

Total de respostas elegíveis 924 -

Tabela 27 – Aspetos negativos do local de residência – perspetiva dos inquiridos (2


possibilidades de escolha). Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo
(coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto.
Tabela 2.40, p.85.

266
Grau de satisfação Nº %

Muito insatisfeito 28 3,0

Insatisfeito 46 4,9

Nem satisfeito, nem insatisfeito 106 11,3

Satisfeito 547 58,3

Muito satisfeito 152 16,2

Não tem opinião 40 4,3

Respostas elegíveis 919 98,0

Sem informação 19 2,0

Total 938 100,0

Tabela 28 – Satisfação dos inquiridos com os vizinhos. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda;
CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização.
Município do Porto. Tabela 2.38, p.83.

Desejo de mudança de habitação, Nº %


em caso de oportunidade

Sim 503 53,6

Talvez, não está seguro disso 42 4,5

Não 373 39,8

Não tem opinião 8 0,9

Respostas elegíveis 926 98,7

Sem informação 12 1,3

Total 938 100,0

Tabela 29 – Situação dos inquiridos face a uma possível oportunidade de mudança de


alojamento. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015.
Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.41, p.86.

267
Motivo pelo qual inquirido ainda Nº %
não mudou de alojamento

Falta de dinheiro 402 73,8

Razões de trabalho 9 1,7

Razões de vizinhança 5 0,9

Razões familiares 32 5,9

Devido à localização 23 4,2

Outra 26 4,8

Aguarda resposta da câmara para habitação social 48 8,8

Total 545 100,0

Tabela 30 – Em caso de interesse manifestado pela mudança (ou incerteza) motivo pelo
qual o inquirido ainda não mudou de alojamento. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda;
CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização.
Município do Porto. Tabela 2.42, p.86.

Disposição para mudança, em caso Nº %


de criação de condições necessárias

Sim 563 60,0

Talvez, não está seguro disso 34 3,6

Não 317 33,8

Não tem opinião 6 0,6

Respostas elegíveis 920 98,1

Sem informação 18 1,9

Total 938 100,0

Tabela 31 – Desejo de mudança de alojamento em caso de criação de condições


necessárias à mesma. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.).
2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.43,
p.87.

268
Preferência em caso de mudança Nº %

Casa reabilitada no mesmo local 358 60,0

Casa reabilitada noutro ponto da cidade 141 23,6

Casa em bairro de habitação social municipal 74 12,4

Receber compensação financeira 2 0,3

Outra 14 2,3

Não tem opinião / Não responde 8 1,3

Total 597 100,0

Tabela 32 – Situação preferida pelos inquiridos em caso de mudança de alojamento.


Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.44, p.87.

Mudança de alojamento em caso Nº %


de incremento dos encargos mensais

Sim 148 24,8

Talvez 221 37,0

Não 223 37,4

Não tem opinião / Não responde 5 0,8

Total 597 100,0

Tabela 33 – Desejo de mudança de alojamento em caso de incremento dos encargos


mensais. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas
do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.45, p.88.

269
Preferência Nº %

Qualquer freguesia do município do Porto 26 4,7

Permanecer na mesma freguesia 425 77,3

Mudança para as freguesias do centrodo município do Porto 10 1,8

Qualquer freguesia da cidade excepto as do centro 44 8,0

Mudança para outros municípios 43 7,8

Outros casos 2 0,4

Total 550 100,0

Tabela 34 – Principal preferência dos inquiridos que desejam mudar de alojamento.


Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto:
Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.46, p.88.

Iniciativas ou intervenções sugeridas Total Total/inquirido


(%)

Realojamento / demolição 124 13,4

Reabilitação das casas 159 17,2

Instalação de sanitários privados 118 12,8

Não fazer nada 146 15,8

Melhoramento de acessos pedonais 66 7,1

Melhorar o saneamento 51 5,5

Melhorar a limpeza 32 3,5

Reforço do policiamento 67 7,3

Reabilitação e limpeza de espaços próprios 358 38,7

Melhorar a iluminação do local 37 4,0

Outras intervenções 25 2,7

Aumentar as dimensões do alojamento 48 5,2

Não tem opinião / Não responde 20 2,2

Total de respostas elegíveis 924 -

Tabela 35 – Iniciativas ou intervenções importantes a fazer – perspetiva dos inquiridos (2


possibilidades de escolha). Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda; CONCEIÇÃO, Paulo (coord.).
2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização. Município do Porto. Tabela 2.47, p.89.

270
Grau de satisfação Nº %

Muito insatisfeito 65 6,9

Insatisfeito 175 18,7

Nem satisfeito, nem insatisfeito 123 13,1

Satisfeito 467 49,8

Muito satisfeito 95 10,1

Não tem opinião 5 0,5

Respostas elegíveis 930 99,1

Sem informação 8 0,9

Total 938 100,0

Tabela 36 – Satisfação dos inquiridos com o alojamento. Fonte: VÁZQUEZ, Isabel Breda;
CONCEIÇÃO, Paulo (coord.). 2015. Ilhas do Porto: Levantamento e caraterização.
Município do Porto. Tabela 2.35, p.80.

271
Anexo 5

Fig. F – Casas da ilha da Bela Vista antes da intervenção. Fonte: DOMUS SOCIAL/Câmara Municipal do Porto. Media.
Notícias: Reabilitação da ilha da Bela Vista. Disponível na internet em: «http://www.domussocial.pt/noticias-domus/reabilitacao-
da-ilha-da-bela-vista_3», consultado a 20/02/2019 às 14:17.

Fig. G – Casas da ilha da Bela Vista antes da intervenção. Fonte: DOMUS SOCIAL/Câmara Municipal do Porto. Media.
Notícias: Reabilitação da ilha da Bela Vista. Disponível na internet em: «http://www.domussocial.pt/noticias-domus/reabilitacao-
da-ilha-da-bela-vista_3», consultado a 20/02/2019 às 14:17.

Todos as peças desenhadas que se seguem tem como fonte: IMAGO. 2019. Peças
desenhadas da ilha da Bela Vista (cedidas diretamente pelo Arq. António Cerejeira Fontes).

272
138.72
131.74

138.75

142.28

142.14

134.61

144.66
142.28 142.40

132.93

139.90

140.50
125.29

139.82

121.63

134.05

143.43

134.19

122.45

136.87

136.07

133.61
131.06
129.47 129.47

2ª FASE

131.923

45 43/44 42 41 40 39 38 37 36 35 34

132.095

134.549 134.815 134.932 134.986


128.74 134.492 134.992
134.602 134.649
134.452

132.372
134.403

132.005 132.637 134.988 134.842


134.188 135.03
133.537 134.383
134.622
132.075 132.29 132.701

134.966

2ª FASE

23/23A 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33

128.47

132.028

132.048

128.02

22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12

132.191 132.215 132.306 132.375


132.569 132.607
131.986
132.048 132.166
131.978 132.400
131.989 132.613
132.392 132.49
132.121 132.213

132.31 132.328
132.524 132.551
132.377 132.437

126.926 2ª FASE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

127.39

2ª FASE

127.956
127.972 128.527
127.217
130.923
130.887 130.98 131.086
128.518 130.958

130.974
128.571 131.083

128.527 131.086

126.102

126.077
Revisão nº Descrição: Projecto de Execução
Descrição
2ª FASE 2ª FASE

127.161 Requerente

127.602 128.397 Câmara Municipal do Porto


127.036 128.214
127.135 127.94
126.22
127.535 Projecto
127.44 128.54 127.901
125.845 131.789
127.356
Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

125.76
127.255
Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

125.188

Coordenação

Imago

122.14

Projecto de Engenharia
125.78
121.97

121.66

124.44
Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

121.24

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

125.12
m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Planta Esquema

Escala

E00.01
1 : 200
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
136.87

136.07

133.61

131.06

2ª FASE

131.923

132.095

134.815
134.986
134.549 134.932 134.992
128.74 134.492

134.602 134.649

134.452

132.372
134.403

134.988
132.005 132.637 134.842

135.03
134.188
133.537 134.383
134.622

132.075 132.29 132.701

134.966

2ª FASE

128.47

132.028

132.048

128.02

132.191 132.306 132.375


132.215
132.569
132.607

131.986

132.048
132.166
131.978 132.400

131.989
132.613
132.49
132.392
132.213
132.121

132.31 132.328

132.524 132.551
132.377 132.437

2ª FASE

127.39

2ª FASE

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução


Descrição

2ª FASE

127.956

128.527
127.972 127.217
Requerente
130.923
130.887 130.98 131.086
130.958
128.518
Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

130.974
131.083
128.571 Local

131.086
128.527
Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura
126.102

2ª FASE

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

127.161

Coordenação

127.602 128.397
Imago
127.036 128.214
127.135
127.94
126.22
127.535
128.54 127.901
127.44
131.789 Projecto de Engenharia
127.356

125.76

127.255

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

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m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

PlantaR/C

Escala

E00.02
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
136.87

136.07

133.61

131.06

2ª FASE

131.923

132.095

134.986
134.549 134.815
134.932 134.992
128.74 134.492

134.602 134.649

134.452

132.372
134.403

134.988
132.005 132.637
134.842

135.03
134.188
133.537 134.383
134.622

132.075 132.29 132.701

134.966

2ª FASE

128.47

132.028

132.048

128.02

132.191 132.306 132.375


132.215
132.569
132.607

131.986

132.048
132.166
131.978 132.400

131.989
132.613
132.49
132.392
132.213
132.121

132.31 132.328

132.524 132.551
132.377 132.437

2ª FASE

127.39

2ª FASE

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução


Descrição

2ª FASE

127.956

128.527
127.972 127.217
Requerente
130.923
130.887 130.98 131.086
130.958
128.518
Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

130.974
131.083
128.571 Local

131.086
128.527
Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura
126.102

2ª FASE

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

127.161

Coordenação

127.602 128.397
Imago
127.036 128.214
127.135
127.94
126.22
127.535
128.54 127.901
127.44
131.789 Projecto de Engenharia
127.356

125.76

127.255

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

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TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Planta 1º piso

Escala

E00.03
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
136.87

136.07

133.61

131.06

2ª FASE

131.923

132.095

134.986
134.549 134.815
134.932 134.992
128.74 134.492

134.602 134.649

134.452

132.372
134.403

134.988
132.005 132.637
134.842

135.03
134.188
133.537 134.383
134.622

132.075 132.29 132.701

134.966

2ª FASE

128.47

132.028

132.048

128.02

132.191 132.306 132.375


132.215
132.569
132.607

131.986

132.048
132.166
131.978 132.400

131.989
132.613
132.49
132.392
132.213
132.121

132.31 132.328

132.524 132.551
132.377 132.437

2ª FASE

127.39

2ª FASE

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

127.956

128.527
127.972 127.217
Requerente
130.923
130.887 130.98 131.086
130.958
128.518
Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

130.974
131.083
128.571 Local

131.086
128.527
Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura
126.102

2ª FASE

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

127.161

Coordenação

127.602 128.397
Imago
127.036 128.214
127.135
127.94
126.22
127.535
128.54 127.901
127.44
131.789 Projecto de Engenharia
127.356

125.76

127.255

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Planta coberturas

Escala

E00.04
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
2ª FASE

136.07

133.61
129.47 131.06

131.923

45 43/44 42 41 40 39 38 37 36 35 34

A
132.095 A'
128.74 134.492 134.549 134.815 134.932 134.986 134.992
134.602 134.649
134.452
132.372 134.403
132.005 132.637 134.988 134.842
134.188 135.03
133.537 134.383 134.622
132.075 132.29 132.701
134.966
B B'
23/23A 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33
128.47

132.028

132.048
128.02

22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12
C C'

E' 132.191 132.215 132.306 132.375 132.569 132.607


131.986
131.978 131.989 132.048 132.166 132.400
132.392 132.49 132.613
132.121 132.213
132.31 132.328
132.377 132.437 132.524 132.551

D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 D'

127.39

127.956 128.527
127.972 127.217 130.923
128.518 130.887 130.98 131.086 130.958

128.571 130.974 131.083


128.527 131.086
126.102

127.161

127.036 127.602 128.397 128.214


126.22 127.135 127.94
127.535 127.44 128.54 127.901 131.789
127.356

125.76 127.255

perfil A/A'

2ª FASE

2ª FASE

2ª FASE

perfil B/B'
perfil E/E'

2ª FASE

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

perfil C/C' Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA


2ª FASE
tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

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ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m
perfil D/D'

ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Alçados

Escala

E00.05
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
136.87

136.07

133.61

131.06

2ª FASE

128.74

2ª FASE

128.47

128.02

2ª FASE

127.39

2ª FASE

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

126.102 Projecto de Arquitectura

2ª FASE

Imago

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Coordenação

Imago

126.22

131.789
Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

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m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Planta R/C

Escala

D00.01
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
136.87

136.07

133.61

131.06

2ª FASE

128.74

2ª FASE

128.47

128.02

2ª FASE

127.39

2ª FASE

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura
126.102

2ª FASE

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

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Coordenação

Imago

126.22

131.789
Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

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m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Planta 1º piso

Escala

D00.02
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
2ª FASE

136.07

131.06 133.61
129.47

2ª FASE

A A'
128.74

B B'
2ª FASE

128.47

128.02

C C'

D 2ª FASE D'

127.39

2ª FASE

126.102

2ª FASE

126.22
131.789

perfil A/A'

2ª FASE

perfil B/B'

2ª FASE

131.986

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

perfil C/C' Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

2ª FASE

Imago

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Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

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m
perfil D/D'

ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Alçados

Escala

D00.03
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
E F 136.07

133.61
129.47 131.06

2ª FASE

128.74

2ª FASE

128.47

128.02

2ª FASE

G G'

127.39

2ª FASE

126.102

2ª FASE

126.22
131.789

E' F'

perfil E/E'

perfil F/F'

Afastamento médio estimado Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

com os 3 pontos da cobertura 4.64m 2ª FASE

(marcado a 45º)

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

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TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m
perfil G/G'

ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Perfis

Escala

D00.04
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
135.91
136.87

136.07

K'

138.96

133.61

131.06 H I' J'


129.47

138.79

134.89 134.9078
132.1318 134.8831
134.5446 134.7624 134.8831 134.9389

J 03
J 03
134.4494 134.5008

J 03

P 02
J 03
134.3654

P 02

J 02
134.0717

J 03

P 02

J 02
J 03

P 02

J 02
J 03

P 02

J 02
J 03

P 02

J 02
J 03

P 02

J 02
P 02

J 02
P 02

J 02
J 02
L
LARGO DA MAGNÓLIA
2ª FASE

TRAVESSA DA ENTRADA ANTIGA


128.8306 132.1192 132.1048 132.089 132.089 132.1318

131.923

P 05

P 04
P 05

P 04
P 05

P 04
P 05
P 05

P 04
P 04
P 05

P 04
P 05
P 04
P 05
P 04
P 05
P 04
136.172

MAGNÓLIA 123.04

6.374
6.118
135.0124 135.1331 135.1889 135.1331
134.6994 134.7508 134.7946
134.3217 134.6154

A1.3 A1.1 A1.1 A1.1 A1.1 A1.1 A1.1 A1.1 A1.4

BANDA 1

CONJUNTO 1

132.089

43/44 P 01 P 01 P 01 P 01
42 41 40 P 01 P 01
39 38 37 P 01
36 35
128.74

134.1017 J 01 J 01 J 01 J 01
132.1318 134.3954 134.4794 134.5308 J 01 J 01 J 01 J 01 134.89
132.095 134.5746 134.7924 134.9131 134.9689 134.9131
136.38

4.258 134.815 134.986


3.964 3.939 3.942 134.549 4.048 4.033 134.932 4.042 134.992 4.077
134.492 4.070

132.089 132.5241 133.4991 134.602 134.649


134.0297 134.3887 134.4571 134.4571
134.8328 134.8805 134.89 A' L'
A
134.452
132.089 39.520

i = 1%
132.1192 132.105 132.089 RUA DE CIMA 134.89

i = 1%
132.1192 132.1052 134.89

i = 1%
132.089 132.077 132.5121 133.4871 134.0177 134.3767 134.4451 134.4451 134.4451
132.039 132.4741
132.372 133.4491 133.9797 134.3387 134.8208 134.8685
134.4071 134.4071 134.4071
132.077 132.5121 134.89
133.4871 134.0177 134.403 134.7948
134.3767 134.4451 134.4451 134.4451 134.8305 134.89
134.8208 134.8685
134.988

i = 1%
132.637 134.878
132.005 134.4571 134.842

i = 1%

i = 1%
135.03
B' 134.188 B
133.537 134.383
17.332 134.622
132.089 132.29 132.701
132.075 132.5241 22.307
133.499
134.0296
134.3887 134.4571
134.4571 134.6169
134.4571 134.7086 134.8328 134.8805 134.8831 134.89
132.089 3.923 134.966
3.882 134.89
3.865
4.021
i = 1%
J 01 134.3533 4.289 4.144
131.19 J 01 134.3815 4.047 4.257
J 01 134.4877 3.814 134.89
J 01
J 01 134.7442 J 01
134.8654 J 01
2ª FASE 134.9919 J 01
135.0899 J 01
135.0989
RUA DO LADO 23
24 P 01
25 P 01
26
P 01 28 P 01 P 01
29 30 P 01 P 01
31 32 P 01

B1 B1 B1 B1 B1 B1 B1

J 01 B2.2
136.31 128.47
134.5733 134.6015
134.7077
134.9642
135.0854 135.2119 135.3099 135.3189

P 06
ESCADAS

6.045
134.7035

5.969

5.943
DA BELAVISTA

6.055
P 06
132.028

P 07
P 04

P 05

P 04

P 05

P 04

P 05

P 04

P 05

P 04

P 05

P 04

P 05
132.0633 132.0493 134.5435

P 04
132.0331

P 05

P 04

P 05
BANDA 2
J 01
BANDA 2
132.048 CONJUNTO 1

J 02
P 02

J 02
P 02
J 05
132.0507 132.0366 132.0205

J 03

P 02

J 02
CONJUNTO 2

J 03

J 03

J 02
P 02
J 03

J 02
P 02
134.3233

J 03

J 02
P 02
134.3515

J 02
P 02
J 03
134.4577

J 02
P 02
J 03

J 03
128.02 134.7142 134.8354 134.9619 135.0599 135.0689

12.911

12.690
134.3908
132.0392 132.0251 132.009

J 05

J 05

J 05

J 05

J 05

J 05

J 05

J 05

J 05
J 01 133.8767
133.7053

140.86
131.74 CARVALHO

134.4235 134.4990
134.5756 134.6538
134.7278
134.7899 134.8542 134.9190
134.9411

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06
134.5835
134.6590 133.6868
134.7356 134.8238

5.914
134.8878

5.722
134.9499

5.774
135.0142 135.0790

5.721
135.1011

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06

P 06
J 01

132.4872
132.3158

22 21 123.54
20 19 17
16 15
i = 1% 14
13
132.00 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 132.5804
4.036 3.944 3.963 3.929 3.972
132.0302 132.0161 132.00 132.30 3.570 3.580 3.787 3.874
132.00 132.0471 132.0635 132.1397 132.191 132.306 132.375
132.1991 132.215 132.2768 132.30 132.30 132.5804
132.3507 132.569
132.607
132.5804
132.0112 C'
C 131.986
135.02 RUA DE BAIXO

i = 1%

i = 1%
132
131.988 132.0351 132.048
132.1277 132.1871 132.166 132.2648 132.288 132.30 132.288
132.0165 132.288
131.95 131.9971 132.3387 132.4027
131.978 132.0897 132.1491 132.2268 132.4803 132.531
132.25 132.25 132.25 132.400 132.5684
131.988 132.0351 132.3007 132.3647
132.1277 132.1871 132.2648 132.288 132.4423 132.493
131.989 132.288 132.288 132.5304 132.5969
132.3387 132.4027 132.4803 132.531 132.613
132.5684
132.49

i = 1%
132.392
132.213

i = 1%
132.121

132.5804

132.00 132.00 D
D'

132.30 132.5804
132
132.00

132.5804
131.7934

2ª FASE 07 08 09 10

132.2842

BANDA 3

CONJUNTO 1
PASSEIO DA

BELAVISTA

131.4243

127.39 134.9791
134.9483 135.0128 135.0899
E'
E

138,20

134.8191 134.7883
135.01 134.8528 134.9299

ESCADAS

DA BELAVISTA

J 03

J 03

J 03

J 03
131.3823

131.5537

128.00

2ª FASE

126,38
H13

i = 1%
127.956 H14 H15 H16 H17
128.527 H18 H19 H20
131.0388 131.0388
i = 1%

127.972
131.5537
127.217
130.923
130.887 130.98 131.086
130.958
LARANJEIRA LARANJEIRA PORTA
LARANJEIRA LARANJEIRA

DA BELAVISTA Revisão nº Descrição: Projecto de Execução


Descrição

2ª FASE

Revisão nº4 Revisão rampas de acesso Rua D. João IV 2017-06-07


130.974
131.0388
F 128.571 F'

i = 1% i = 1%

128.527
131.086
128.58 131.0388 131.0388 131.5537

Requerente

126.102
128.58 CAMINHO DAS HORTAS DE CIMA
Câmara Municipal do Porto

Projecto
128.58

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

2ª FASE
128.00
126.48 126.86 127.62 CAMINHO DAS HORTAS DE BAIXO Local
127.24
i = 1% i = 1%
i = 1%

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto


128.3648 128.3822 128.3742 128.3662 128.3582 128.35 128.3422 128.3341 128.2018 128.0670 127.9241 127.9175 127.9374
Projecto de Arquitectura

PRAÇA INÁCIO MIRANDA VASCONCELOS


G
LARANJEIRA
127.161

PASSAGEM DA ENTRADA NOVA 127.94

127.602 128.397 Imago

127.036 128.214
127.135
127.94
126.22 123.61
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.
BÉTULA 127.535
BÉTULA
BÉTULA BÉTULA BÉTULA 128.54 127.901
BÉTULA 127.44 Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA
131.789
127.356
tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

125.76 127.255
127.255

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt
H' I J
141.39

138.27

128.95

125.34

127.75

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO


128.28

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

133.22 Planta Cota 135.80m

Escala

P01.02.r04
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
135.91
136.87

136.07
K'

138.96

133.61

131.06 H I' J'


129.47

138.79

134.89 134.9078
132.1318

J 05
J 05
J 05
J 05
J 05
J 05
J 05
J 05
J 05
J 01
L
LARGO DA MAGNÓLIA
2ª FASE

TRAVESSA DA ENTRADA ANTIGA


128.8306 132.1192 132.1048 132.089 132.089 132.1318

131.923 136.8708 137.1324 137.2531 137.3089


136.7354 136.8194 136.9146
136.4417

136.172

P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
137.0746 137.2924 137.4131 137.4689
136.6017 136.8954 136.9794 137.0308 123.04

6.374
6.118

P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
P 06
BANDA 1

J 01
CONJUNTO 1

132.089

43/44 42 41 40 39 38 37 36 35
128.74
J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01
132.1318 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01 J 01
132.095 J 01 J 01 J 01 J 01
136.38

4.258 134.986
3.964 3.939 3.942 134.549 4.048 134.815 4.033 134.932 4.042 134.992 4.077
134.492 4.070

132.089 132.5241 134.602 134.649


133.4991 134.0297 134.3887 134.4571 134.4571 A' L'
A 134.8328 134.8805 134.89

134.452
132.089 39.520

i = 1%
132.105 132.089 RUA DE CIMA 134.89

i = 1%
132.1052 134.89

i = 1%
132.089 132.077 132.5121 133.4871 134.0177 134.3767 134.4451 134.4451 134.4451
132.039 132.4741
132.372 133.4491 133.9797 134.3387 134.8208 134.8685
134.4071 134.4071 134.4071 134.89
132.077 132.5121 133.4871 134.0177 134.403 134.7948
134.3767 134.4451 134.4451 134.4451 134.8305 134.89
134.8208 134.8685

i = 1%
134.988 134.878
132.005 132.637 134.842
134.4571

i = 1%

i = 1%
135.03
B' 134.188 B
133.537 134.383
134.622

134.4571 134.89
134.89

i = 1%

131.19 134.89

2ª FASE
RUA DO LADO 23
24
25
26
28 29 30 31 32

136.31 128.47

ESCADAS

DA BELAVISTA

136.8533 136.8815
132.028 136.9877
137.2442
137.3654 137.5899
137.1835 137.4919 137.5989

132.0633 132.0493 132.0331 136.6933 136.7215


136.8277
137.0842
137.3735 137.2054 137.3319 137.4299 137.4389

BANDA 2

BANDA 2
132.048 CONJUNTO 1

J 04

J 03

J 03
132.0507 132.0366 132.0205

J 03
CONJUNTO 2

J 03

J 03

J 03

J 03

J 03
128.02

134.3908

132.0392 132.0251 132.009

J 04

J 04

J 04

J 04

J 04

J 04

J 04

J 04

J 04
133.8767
133.7053

137.2535
140.86 137.3290 137.4056 137.4838
131.74 137.5578 137.6199
137.6842
137.7490
137.7711

137.0635
137.1390
137.2156 137.2938
137.3678
137.4299
137.4942 137.5590
137.5811

133.6868

132.4872
132.3158

22 21 123.54
20 19 17
16 15
14
i = 1% 13

132.0302 132.0161 132.30

132.5804

C'
C 132.0112
131.986
RUA DE BAIXO

i = 1%
135.02

i = 1%
132
131.988 132.0351 132.048
132.1277 132.1871 132.2648 132.288 132.30
132.166 132.288 132.288
132.0165 131.95 131.9971 132.3387 132.4027
131.978 132.0897 132.1491 132.2268 132.4803 132.531
132.25 132.25 132.25 132.400 132.5684
131.988 132.0351 132.3007 132.3647
132.1277 132.1871 132.2648 132.288 132.4423 132.493
131.989 132.288 132.288 132.5304
132.3387 132.4027 132.4803 132.531 132.613
132.5684
132.49

i = 1%
132.392

i = 1%
132.213
132.121

132.5804

D' 132.00 132.00 D

132.30 132.5804
132
132.00

132.5804
131.7934

2ª FASE 07 08 09 10

BANDA 3
132.2842

CONJUNTO 1

PASSEIO DA

BELAVISTA

131.4243

127.39
E'
E

137.9974

135.01

ESCADAS

DA BELAVISTA

131.3823

131.5537

128.00

2ª FASE

H13

i = 1%
127.956 H14 H15 H16 H17 H18 H19
128.527 H20
i = 1%

131.0388 131.0388
131.5537
127.972 127.217 130.923
130.887 130.98 131.086
130.958
PORTA

DA BELAVISTA

130.974 Revisão nº Descrição: Projecto de Execução


Descrição
131.0388
128.571 2ª FASE
F F'

i = 1%
i = 1%
131.086
128.527
128.58 131.0388 131.0388 131.5537

Requerente

126.102
128.58 CAMINHO DAS HORTAS DE CIMA
Câmara Municipal do Porto

127.08 127.38
127.68 127.98 Projecto
128.28 128.58

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

2ª FASE

CAMINHO DAS HORTAS DE BAIXO Local


i = 1%
i = 1%

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto


128.3648 128.3822 128.3742 128.3662 128.3582 128.35 128.3422 128.3341 128.2018 128.0670 127.9241 127.9175 127.9374

Projecto de Arquitectura

PRAÇA INÁCIO MIRANDA VASCONCELOS


i = 1%

127.161

PASSAGEM DA ENTRADA NOVA 128.58 127.94

127.602 128.397 Imago

127.036 128.214
127.135
127.94
126.22 123.61
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.
127.535
128.54 127.901
127.44 Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA
131.789
127.356
tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

125.76
125.76 127.255

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt
H' I J
141.39

138.27

128.95

125.34

127.75
ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO


128.28

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

133.22 Planta Cota 138.40m

Escala

P01.03
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
135.91
136.87

136.07
K'

138.96

133.61

131.06 H I' J'


129.47

138.79

134.89 134.9078

J 04
J 04
J 04
J 04
J 04
J 04
J 04
J 04
J 04
L
LARGO DA MAGNÓLIA
2ª FASE

TRAVESSA DA ENTRADA ANTIGA


128.8306 132.1192 132.1048 132.089 132.089 132.1318 140.0831
139.9624 140.0831 140.1389
139.7008 139.7446
139.2717 139.5654 139.6494

131.923

139.5546 139.7724 139.8931 139.9489 139.8931


139.0817 139.3754 139.4594 139.5108
136.172

123.04

BANDA 1

CONJUNTO 1

132.089

43/44 42 41 40 39 38 37 36 35
128.74

132.095
136.38

132.089
A' L'
A

132.089

i = 1%
132.1192 132.105 132.089 RUA DE CIMA 134.89

i = 1%
132.1192 132.1052 134.89

i = 1%
132.089 132.077 132.5121 133.4871 134.0177 134.3767 134.4451 134.4451 134.4451
132.039 132.4741
132.372 133.4491 133.9797 134.3387 134.8208 134.8685
134.4071 134.4071 134.4071 134.89
132.077 132.5121 133.4871 134.0177 134.7948
134.403
134.3767 134.4451 134.4451 134.4451 134.8305 134.89
134.8208 134.8685

i = 1%
134.988 134.878
132.005 132.637 134.842
134.4571

i = 1%

i = 1%
135.03
B' 134.188 B
133.537 134.383
134.622

134.4571 134.89
134.89

i = 1%

131.19

2ª FASE
RUA DO LADO 23
24
25
26
28 29 30 31 32

136.31 128.47

ESCADAS

DA BELAVISTA

132.028

140.5092

139.9784

132.0633 132.0493

BANDA 2

BANDA 2
132.048 CONJUNTO 1

132.0507 132.0366 CONJUNTO 2

128.02

134.3908

132.0392 132.0251

133.8767
133.7053

140.86
131.74

139.8887

140.3241
133.6868

132.4872
132.3158

22 21 123.54
20 19 17
16 15
14
i = 1% 13
132.00

132.0302 132.0161 132.30

132.5804

C'
C 132.0112
131.986
RUA DE BAIXO

i = 1%
135.02

i = 1%
132
131.988 132.0351 132.048
132.1277 132.1871 132.2648 132.288 132.30
132.166 132.288 132.288
132.0165 131.95 131.9971 132.3387 132.4027
131.978 132.0897 132.1491 132.2268 132.4803 132.531
132.25 132.25 132.25 132.400 132.5684
131.988 132.0351 132.3007 132.3647
132.1277 132.1871 132.2648 132.288 132.4423 132.493
131.989 132.288 132.288 132.5304
132.3387 132.4027 132.4803 132.531 132.613
132.5684
132.49

i = 1%
132.392

i = 1%
132.213
132.121

132.5804

i = 1%
D' 132.00 132.00 D

132.30 132.5804
132
132.00

132.5804
131.7934

2ª FASE 07 08 09 10

BANDA 3
132.2842

CONJUNTO 1

PASSEIO DA

BELAVISTA

131.4243

127.39
E'
E
xx

137.9974

135.01

ESCADAS

DA BELAVISTA

131.3823

131.5537

128.00

2ª FASE

H13

i = 1%
127.956 H14 H15 H16 H17 H18 H19
i = 1%

128.527
128.527 H20
131.0388 131.0388
131.5537
127.972 127.217 130.923
130.887 130.98 131.086
130.958
PORTA

DA BELAVISTA

130.974 Revisão nº Descrição: Projecto de Execução


Descrição
131.0388
128.571 2ª FASE
F F'

i = 1%
i = 1%
131.086
128.527
128.58 131.0388 131.0388 131.5537

Requerente

126.102
128.58 CAMINHO DAS HORTAS DE CIMA
Câmara Municipal do Porto

126.3962 127.08 127.38


127.68 127.98 Projecto
128.28 128.58

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

2ª FASE

CAMINHO DAS HORTAS DE BAIXO Local

i = 1%
i = 1%

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto


128.3648 128.3822 128.3742 128.3662 128.3582 128.35 128.3422 128.3341 128.2018 128.0670 127.9241 127.9175 127.9374
i = 1%

Projecto de Arquitectura

PRAÇA INÁCIO MIRANDA VASCONCELOS


G

127.161

128.58
PASSAGEM DA ENTRADA NOVA 127.94

127.602 128.397 Imago

127.036 128.214
127.135
127.94
126.22 123.61
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.
127.535
128.54 127.901
127.44 Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA
131.789
127.356
tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

125.76
125.76 127.255

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt
H' I J
141.39

138.27

128.95

125.34

127.75
ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO


128.28

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

133.22 Planta Cota 140.80m

Escala

P01.04
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
135.91
136.87

136.07
K'

138.96

133.61

131.06 H I' J'


129.47

138.79

134.89

L
LARGO DA MAGNÓLIA
2ª FASE

TRAVESSA DA ENTRADA ANTIGA


128.8306 132.1192 132.1048 132.089 132.089 132.1318

131.923

136.172

142.4880 123.04

7.401
BANDA 1

CONJUNTO 1

132.089

43/44 42 41 40 39 38 37 36 35
128.74

132.095
136.38

132.089 132.5241
A' L'
A

41.196

i = 1%
132.1192 132.105 132.089 RUA DE CIMA

i = 1%
132.1192 132.1052 134.89

i = 1%
132.089 132.077 132.5121 133.4871 134.0177 134.3767 134.4451 134.4451 134.4451
132.039 132.4741
132.372 133.4491 133.9797 134.8208 134.8685
134.3387 134.4071 134.4071 134.4071
132.077 132.5121 133.4871 134.0177 134.7948
134.403
134.3767 134.4451 134.4451 134.4451 134.8305 134.89
134.8208 134.8685

i = 1%
134.988 134.878
132.005 132.637 134.842

i = 1%

i = 1%
B' 135.03
134.188 B
19.002
133.537 134.383
134.622
23.470

134.4571

134.89

i = 1%

131.19 134.89

RUA DO LADO 2ª FASE 23


24
25
26
28 29 30 31 32

136.31 128.47

7.358

7.290
ESCADAS

DA BELAVISTA

132.028

140.5092

139.9784

132.0633 132.0493

BANDA 2

BANDA 2
132.048 CONJUNTO 1

132.0507 132.0366 CONJUNTO 2

128.02

134.3908

132.0392 132.0251

133.8767
133.7053

140.86
131.74

139.8887

140.3241
133.6868

7.231

7.058
132.4872
132.3158

22 21 123.54
20 19 17
16 15
i = 1% 14
13

132.0302 132.0161 132.30

132.5804

C'
C 132.0112
131.986
RUA DE BAIXO

i = 1%
135.02

i = 1%
19.003
131.988 132.0351 132.048 22.856
132.1277 132.1871 132.2648 132.288
132.166 132.288 132.288
132.0165 131.95 131.9971 132.3387 132.4027
131.978 132.0897 132.1491 132.2268 132.25 132.4803 132.531 132.5684
132.25 132.25 132.3007 132.400
131.988 132.0351 132.1277 132.3647 132.4423
132.1871 132.2648 132.288 132.493
131.989 132.288 132.288 132.3387 132.5304
132.4027
132.4803 132.531 132.613
132.5684
132.49

i = 1%
132.392
132.213

i = 1%
132.121

D' 132.00 132.00 D

132.30 132.5804
132
132.00

132.5804
131.7934

07 08 09 10
2ª FASE

BANDA 3
132.2842

CONJUNTO 1

PASSEIO DA

BELAVISTA

131.4243
8.412

8.342
127.39
E'
E

137.9974

135.01

ESCADAS

DA BELAVISTA

131.3823

131.5537

18.450

2ª FASE

131.238
H13

i = 1%
H14 H15 H16
127.956 H17 H18 H19 H20
128.527 131.0388
i = 1%

131.0388
131.5537
127.972 127.217 130.923
130.887 130.98 131.086
130.958
PORTA

DA BELAVISTA

130.974
131.0388 Revisão nº Descrição: Projecto de Execução
Descrição
F 128.571 F'
2ª FASE

i = 1% i = 1%
131.086
128.527
128.58 131.0388 131.0388 131.5537

i = 1%
Requerente
126.102
128.58 CAMINHO DAS HORTAS DE CIMA

Câmara Municipal do Porto


128.08 127.38
127.68 127.98 128.28 128.58
Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

2ª FASE
CAMINHO DAS HORTAS DE BAIXO

i = 1% Local
i = 1%
i = 1%

128.3648 128.3822 128.3742 128.3662 128.3582 128.35 128.3422 128.3341 128.2018 128.0670 127.9241 127.9175 127.9374 Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura
PRAÇA INÁCIO MIRANDA VASCONCELOS
G

127.161

PASSAGEM DA ENTRADA NOVA 128.58 127.94

127.602 128.397
Imago
127.036 128.214
127.135
127.94
126.22 123.61
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12
127.535
Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.
128.54 127.901
127.44
131.789
127.356 Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

125.76
125.76
127.255

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

H' J Web: http://www.layout.pt


141.39 I

138.27

128.95

125.34

127.75

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

128.28 TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

133.22
Planta Cobertura

Escala

P01.05
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
2ª FASE

142.4880

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

Pedra existente pintada

134.9689 134.89
134.9131 134.8805 134.9131 134.89 134.89
134.8328
134.7924

134.5746
134.5308
134.4794 134.4571 134.4571
134.3954 134.3887

134.1017
134.0297

Bloco de granito 100x200x100 mm


133.4991

132.1192 132.1318
132.089 132.089

perfil L/L'

2ª FASE

142.4880

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Local

Parede existente pintada


Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

Bloco de granito 100x200x100 mm

Saibro estabilizado tipo "Activsoil" ou equiv.

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

134.9689 134.89
134.9131 134.8805 134.9131 134.89 134.89 tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670
134.8328
134.7924

134.5746
134.4571 134.5308 134.4571
134.4794
134.3954 134.3887
Coordenação

134.1017
134.0297

Imago
133.4991

Projecto de Engenharia

132.5241

132.1192 132.089 132.089 132.0949 132.1318

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m
perfil A/A'

ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Alçados/Perfis

Escala

P02.01
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
140.5092 2ª FASE

139.9784

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

Pedra existente pintada

Bloco de granito 100x200x100 mm

Saibro estabilizado tipo "Activsoil" ou equiv.

2.350
135.0989 135.0899
134.9919
134.89 134.89 134.8831 134.8805 134.8328 134.8654
134.7086 134.7442
134.6169
134.4571 134.4571 134.4877
134.3887 134.3815 134.3533

134.0296

133.499

132.5241

132.2035
132.089 132.089 132.1052 132.1192

perfil B/B'

142.4880

2ª FASE
140.3241

139.8887

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

Parede existente pintada

2.300
134.5308

Bloco de granito 100x200x100 mm

2.350
Saibro estabilizado tipo "Activsoil" ou equiv.

132.5790 132.6011 132.5804 132.5804


132.5142
132.4499
132.3507 132.3878
132.2768 132.3138 132.30 132.30
132.1991 132.2356
132.1590 132.1397
132.0302 132.0471 132.0835 132.0635
132.00 132.00

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

perfil C/C'

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Alçados/Perfis

Escala

P02.02
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
2ª FASE

137.9974

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

Pedra existente pintada

Bloco de granito 100x200x100 mm

Saibro estabilizado tipo "Activsoil" ou equiv.


2.350

132.5804 132.5804 132.5652 132.558 132.543 132.5899


132.4923 132.5128
132.4299 132.4147 132.4483 132.4791
132.3678
132.30 132.30 132.2766
132.2156 132.1988
132.1390 132.1227
132.0635 132.0471
132.00 132.00

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

perfil D/D'
m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Alçados/Perfis

Escala

P02.03
1 : 100
[Esta página foi intencionalmente deixada em branco]
142.4880

140.5092

140.3241

139.9784
139.8887

2ª FASE

137.9974

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

134.8898

Parede existente pintada

2.350
132.5899 132.5804
132.4791 132.5128
132.4483

131.5537

131.3452

131.1452

130.9305

130.7231

130.5063

130.2916

129.0841

129.8807
129.8067 129.8203 129.8389

128.3648 128.3822

128.00 128.00

127.6807

127.3596

127.0384

123.54
123.61

123.04

perfil D/D'

142.4880

140.5092

140.3241

139.9784
139.8887

2ª FASE

137.9974

137.6464

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

134.8898

Parede existente pintada

132.5899
132.4791 132.5128
132.4483

Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

Projecto

Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Bloco de granito 100x200x100 mm

Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto


128.3648 128.3822 128.3542 128.3742 128.3662 128.3582 128.35
128.3448 128.3462 128.3382 128.3302 128.3222 128.3422 128.3141 128.3341
128.1818 128.2018 Projecto de Arquitectura
128.0470 128.0670
128.00 128.00
127.9029 127.9241 127.9175 127.9005 127.9374 127.94 127.94
127.8829

127.6807

127.3596

Imago

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670

Coordenação

Imago

Projecto de Engenharia

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

ARQUITECTURA

Descrição do desenho Desenho nº


perfil G/G'

m Escala
Alçados/Perfis

0 2,5 5 7,5 10 1 : 100


P02.04
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2ª FASE

142.4880

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

2ª FASE 2ª FASE

Parede existente pintada


139.9784
139.8887

Bloco de granito 100x200x100 mm

137.37

2ª FASE

132.1806 Betão
132.1048 132.089 132.1048 132.089 132.105 132.1052 132.089 132.0975
132.039 132.0493 132.0331 132.0366 132.0205 132.0251 132.009 132.0161 132.0112
132.00 131.988 132.0056 132.00

131.95

Bloco de granito 200x300x100 cm

128.00 128.00

perfil H/H'

2ª FASE

142.688

2ª FASE 2ª FASE

139.9784
139.8887

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

137.9974

Pedra existente pintada

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

134.4571 134.4451 134.4571 134.5308


134.3908 134.4071

2ª FASE

133.8767

133.6868 133.7053

Bloco de granito 100x200x100 mm

132.4872

132.2842 132.30 132.288 132.30 132.3158


132.25

Saibro estabilizado tipo "Activsoil" ou equiv.

131.4243
131.3823

Terreno natural

129.8013 129.8203 129.8393

128.3222 128.3418 Betão

2ª FASE

142.4880

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16

perfil J/J'

140.5092
140.3241

Pedra existente pintada

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16 Revisão nº Descrição: Projecto de Execução

2ª FASE

Requerente

Câmara Municipal do Porto

137.9974
Projecto

Pedra existente pintada


Projecto de Reabilitação Ilha da Bela Vista, Porto

Chapa ondulada galvanizada tipo Perfilnorte PO-16


Local

Rua D. João IV, n.º 832, 4000-300 Porto

Projecto de Arquitectura

Pedra existente pintada

Imago

134.89 134.89 134.89

Imago - atelier de arquitectura e engenharia, lda.

Rua de S. João nº8 4700-325 BRAGA

tl. 253269136 fax.253610339 tlm. 969894670


2ª FASE

Coordenação
Saibro estabilizado tipo "Activsoil" ou equiv.

Imago
132.5804 132.5804

Projecto de Engenharia

131.5537 131.5537 131.5928

Layout, engenharia

Edifício Park, Rua da Paz, 66 - sala 36, 4050-461 Porto

Tel: (351) 226 054 222 Fax: (351) 226 054 224

Web: http://www.layout.pt

127.94
Saibro estabilizado tipo "Activsoil" ou equivalente - 0.07 m
Gravilha - 0.15 m

ESTE DESENHO É PROPRIEDADE DA IMAGO LDA. NÃO PODE SER UTILIZADO, REPRODUZIDO NO

TODO OU EM PARTE OU COMUNICADO A TERCEIROS SEM SUA EXPRESSA AUTORIZAÇÃO

m ARQUITECTURA

0 2,5 5 7,5 10
Descrição do desenho Desenho nº

Alçados/Perfis

Escala

P02.05
perfil K/K' 1 : 100
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Anexo 6

Fig.H – Área de S.Victor em 1813: a Quinta do Fragoeiro. Fig.I – Área de S.Victor em 1865: a rua de S.Victor
Fonte: TEIXERA, Manuel C. 2018. Habitação popular na encontra-se já parcialmente aberta. Fonte: TEIXERA,
cidade oitocentista: as “ilhas” do Porto. Porto: Edições Manuel C. 2018. Habitação popular na cidade oitocentista:
Afrontamento, p.145. as “ilhas” do Porto. Porto: Edições Afrontamento, p.146.

Fig.J – Área de S.Victor em 1892: a rua de S.Victor Fig.K – Rua de S.Victor em 2015. Fonte: Google Earth
encontra-se completamente construída e ocupada por ilhas. 2015.
Fonte: TEIXERA, Manuel C. 2018. Habitação popular na
cidade oitocentista: as “ilhas” do Porto. Porto: Edições
Afrontamento, p.147.

309
Anexo 7

Fig.L – Ilha nº113 da rua de S.Victor depois da intervenção. BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017.
Projetos: Ilha na Rua S.Victor. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/ilha-s-vitor/», consultado a 14/12/2018
às 18:23.

Fig.M – Ilha nº113 da rua de S.Victor depois da intervenção. BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017.
Projetos: Ilha na Rua S.Victor. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/ilha-s-vitor/», consultado a 14/12/2018
às 18:23.

310
Fig.N – Ilha nº113 da rua de S.Victor depois da intervenção. BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017.
Projetos: Ilha na Rua S.Victor. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/ilha-s-vitor/», consultado a 14/12/2018
às 18:23.

Planta de Localização – Planta de localização da ilha nº113 da rua de S.Victor. Fonte: BAAU: Bernardo
Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com Programa Habitar. Disponível na internet
em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/», consultado a 14/12/2018 às 18:23.

Todos as peças desenhadas que se seguem tem como fonte: AMARAL, Bernardo. 2016. Ilha
na rua de S.Victor: Bernardo Amaral Arquitetura e Urbanismo – BAAU. (cedidas diretamente pelo Arq.Bernardo Amaral).

311
312
313
314
315
316
317
318
319
Anexo 8

Planta de Localização – Planta de localização da ilha nº172 da rua de S.Victor. Fonte: BAAU: Bernardo
Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com Programa Habitar. Disponível na internet em:
«http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/», consultado a 14/12/2018 às 18:23.

Plantas e alçados (vermelhos e amarelos) – Plantas e alçados (vermelhos e amarelos) da proposta de intervenção da ilha
nº172 da rua de S.Victor. Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha
com Programa Habitar. Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/»,
consultado a 14/12/2018 às 18:23.

320
Plantas e alçados da proposta final – Plantas e alçados da proposta final de intervenção da ilha nº172 da rua de S.Victor.
Fonte: BAAU: Bernardo Amaral/Arquitectura + Urbanismo. 2017. Projetos: Reabilitação de Ilha com Programa Habitar.
Disponível na internet em: «http://www.baau.pt/project/reabilitacao-de-ilha-na-rua-s-vitor-172/», consultado a 14/12/2018
às 18:23.

321
Anexo 9

322
Anexo 10

Artigos do RGEU – Artigo 66.º e 67.º do Regulamento Geral de Edificações Urbanas. Fonte: RGEU - Regulamento
– Cartografia
Geral
Fig. O da zona
de Edificações das Antas de 1892. A vermelho encontra-se delimitada a ilha nº 52. Fonte: TEIXEIRA,
Urbanas
Manuel C; TÁVORA, Fernando; GUERREIRO, M. Eugénia. 1996. Habitação popular na cidade oitocentista: as ilhas
do Porto. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, p. 226,

323

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