Você está na página 1de 8

Tipos psicológicos: relatividade e

totalidade na Psicologia
Professor Paulo Roberto Grangeiro Rodrigues

Psicólogo, Doutor em Psicologia Social


paulo.grangeiro@unitau.br

TEMÁTICA:
Psicologia da consciência e Tipos Psicológicos definidos por Carl
Gustav Jung
Parcialidade da percepção e do julgamento e interação social
Processo de individuação e ampliação da consciência

Tipos Psicológicos
Carl Gustav Jung, 1921

•“Uma pergunta desempenhou um grande papel na gênese desta


obra: em que eu me distinguia de Freud? E de Adler? Que
diferenças havia entre nossas concepções?

•Refletindo sobre isso deparei com o problema dos tipos. É o tipo


que precisa e limita de antemão os julgamentos do homem.

Tipos Psicológicos
Carl Gustav Jung, 1921

•O livro sobre tipos psicológicos trata principalmente do


confronto do indivíduo com o mundo, das suas relações
com os homens e coisas.”
Tipos Psicológicos
Memórias, Sonhos, Reflexões

•“AGOSTINHO distingue dois pecados capitais, um é a


‘concupiscentia’, a cobiça, o outro é a ‘superbia’, o orgulho.

•O primeiro corresponde ao princípio de prazer de FREUD, o
segundo à vontade de poder, o querer-estar-por-cima de
ADLER.”
• (A prática da psicoterapia, 1985, p. 16)

Tipos Psicológicos
Memórias, Sonhos, Reflexões

•“O dilema FREUD - ADLER ficou resolvido quando se reconheceu


a validade de pontos de vista resultantes de princípios
diferentes, cada qual pondo em relevo um determinado aspecto
do problema global.”

Sobre o livro
Tipos Psicológicos

• “Nele descrevo
• os diferentes aspectos da consciência,
• as possibilidades de sua atitude em relação ao mundo;

• esse livro é, em resumo, [...]


Sobre o livro
Tipos Psicológicos

• [...] uma descrição da psicologia da consciência


• considerada sob um ângulo clínico.”

• “Meu livro sobre os tipos psicológicos conclui que todo


julgamento de um homem é limitado pelo seu tipo de
personalidade e que toda maneira de ver é relativa.”

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
ATITUDE DA CONSCIÊNCIA

“Entendemos atitude como uma disposição da psique de agir ou reagir


em certa direção.”

“A disposição, é assim que entendo a atitude, consiste sempre em que


estejam presentes certa constelação subjetiva, certa combinação de
fatores psíquicos ou conteúdos que determinem o agir nesta ou
naquela direção prefixada, ou que concebam um estímulo externo
deste ou daquele modo prederteminado.” (JUNG, [1921], 1991, p. 395)

Atitude significa uma expectativa, e a expectativa sempre atua


selecionando e direcionando.” (JUNG, [1921], 1991, p. 396)

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO

Libido:

“Por libido entendo a energia psíquica. Energia é a intensidade do


processo psíquico, seu valor psicológico.

[...] o valor psicológico é simplesmente estabelecido por sua força


determinante que se manifesta em certos efeitos (“produções”)
psíquicos.” (p. 432-433)
EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO

EXTROVERSÃO:

“É um voltar-se para fora da libido.

Com este conceito designo uma relação manifesta do sujeito para com
o objeto no sentido de um movimento positivo do interesse subjetivo
pelo objeto.”

“A extroversão é de certa forma uma transferência do interesse do


sujeito para o objeto.” (p. 406)

“Sendo habitual o estado de extroversão, temos o tipo extrovertido.”

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO

INTROVERSÃO:

“Chamo introversão o voltar-se para dentro da libido.

Expressa isso uma relação negativa entre o sujeito e o objeto.”

“O Interesse não se dirige para o objeto, mas dele se retrai e vai para o
sujeito.”

“Se a atitude introvertida é habitual, podemos falar do tipo


introvertido.” (p. 430)

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
ABSTRAÇÃO:

“A abstração significa para mim uma desvalorização energética do


objeto; em outras palavras, é um movimento introversivo da libido.”

“Abstração é portanto, uma forma de atividade mental que liberta o


conteúdo, ou o dado, tido como essencial, de sua vinculação aos
elementos irrelevantes, deles os distinguindo ou diferenciando.” (p.
386)

“Denomino abstrativa uma atitude quando, por um lado, é


introversiva e, por outro, assimila também aos conteúdos abstratos à
disposição no sujeito uma parte do objeto, tida como essencial.”

Esta abstração pura eu a denomino ideia.” (p. 386)


EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO

CONCRETISMO:

“Por este conceito entendo certa peculiaridade do pensamento e


sentimento que representa o contrário da abstração.”

“O pensamento do primitivo não tem autonomia, mas adere ao


fenômeno material. Eleva-se, no máximo, ao grau de analogia.
Também o sentimento primitivo está sempre relacionado com o
fenômeno material” (p. 400)

“o concretismo produz uma superimportância dos fatos e, com isso,


opressão da individualidade e de sua liberdade em favor do processo
objetivo.” (p. 401)

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO

TIPOS:

“O tipo é um exemplo ou modelo que reproduz de forma característica


o caráter de uma espécie ou de uma generalidade.
No sentido mais estrito desse nosso trabalho, tipo é um modelo
característico de uma atitude geral que se manifesta em muitas formas
individuais.”

“Outra divisão em duas classes é autorizada pelo movimento


dominante da libido, isto é, a introversão e a extroversão.”

“Um exame mais acurado do material, fez-me, contudo, ver a


necessidade de tratar o tipo introvertido e o extrovertido como
categorias superiores aos tipos funcionais.” (p. 450) + (p. 150)

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO

EXTROVERSÃO
QUANDO PREDOMINA
QUANDO PREDOMINA GERA O TIPO: REFLEXIVO,
GERA O TIPO: ATIVO, VOLTADO PARA DENTRO,
VOLTADO PARA FORA,
SOCIÁVEL, EXPRESSIVO.
INTROVERSÃO RESERVADO, CONTIDO,
PREFERE INTIMIDADE E
PREFERE PESSOAS E PROFUNDIDADE
EXTENSÃO
EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
BASE BIOLÓGICA - Jung

“Em hipótese alguma desejo subestimar a incontestável importância


das influências parentais, mas nossa experiência nos obriga a procurar
o fator decisivo na disposição da criança”, para a definição do
predomínio da extroversão ou da introversão.
(JUNG (1921), 1991, p. 318)

“Quando ocorre uma falsificação do tipo, devido a influências


externas, o indivíduo se torna, na maioria dos casos, neurótico e a cura
só é possível restabelecendo-se a atitude que naturalmente
corresponderia ao indivíduo”
(JUNG (1921), 1991, p. 318)

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
BASE BIOLÓGICA - Eysenck

“[...] introversão é um produto do alerta cortical, mediada pela


formação reticular [sistema reticular ativador ou SRA];
introvertidos estão habitualmente num estado de maior alerta do que
extrovertidos, e consequentemente mostram limiares sensoriais mais
baixos, e maiores reações à estimulação sensorial.”
(Eysenck, 1973, p. 42; apud Eysenck, 1975)

Daí compensatoriamente evitarem expor-se a muita estimulação


ambiental, contrariamente aos extrovertidos típicos que buscam a
estimulação do ambiente, ambos em busca do “estado ótimo”.

“TESTE DA BALA DE LIMÃO”

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
EXTROVERSÃO NO EXPERIMENTO DE ROOIJ:
CONHECEDORES (136) vs. NÃO-CONHECEDORES (364)
75

70
escores médios

65

60

55

50

45
GEMINI

SAGITARIUS

AQUARIUS
TAURUS

CAPRICORN
ARIES

LIBRA

PISCES
CANCER

SCORPIO
VIRGO
LEO

signo de nascimento

CONHECEDORES MÉDIA NÃO CONHECEDORES MÉDIA


EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
EXTROVERSÃO: grupo de conhecedores & grupo de não conhecedores

média geral = 10,74


13,00

12,50
escores médios

12,00

11,50

11,00

10,50

10,00

9,50
estação de nascimento
9,00
COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM
OUTON. OUTON. OUTON. INVER. INVER. INVER. PRIMA. PRIMA. PRIMA. VERÃO VERÃO VERÃO

EXTROVERSÃO em CONHEC. 12,45 9,39 11,35 11,52 11,51 11,05 11,56 10,96 11,29 10,97 11,09 10,89
EXTROVER. em NÃO CONHEC. 10,83 10,89 10,50 10,63 9,63 11,02 11,02 10,68 10,21 10,16 9,31 11,15

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
EXTROVERSÃO & ANSIEDADE em conhecedores n = 208

7,50
r = - 0,47 12,60

7,00
12,10

6,50
11,60

6,00
11,10

5,50
10,60

5,00 10,10

4,50 9,60

4,00 9,10
COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM
OUTON. OUTON. OUTON. INVER. INVER. INVER. PRIMA. PRIMA. PRIMA. VERÃO VERÃO VERÃO
ANSIEDADE em CONHEC. 4,90 6,30 6,67 5,80 5,54 6,31 5,57 6,85 5,74 6,99 4,88 5,88
EXTROVERS. em CONHEC. 12,45 9,39 11,35 11,52 11,51 11,05 11,56 10,96 11,29 10,97 11,09 10,89

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
EXTROVERSÃO & ANSIEDADE em não conhecedores n = 381

7,50
r = - 0,84
12,45
7,00

11,95
6,50
11,45
6,00
10,95

5,50
10,45

5,00
9,95

4,50 9,45

4,00 8,95
COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM COM. MEIO FIM
OUTON. OUTON. OUTON. INVER. INVER. INVER. PRIMA. PRIMA. PRIMA. VERÃO VERÃO VERÃO
ANSIED. em NÃO CONHEC. 5,04 4,01 5,38 4,86 6,13 5,45 4,56 4,54 6,35 6,46 6,85 4,63
EXTROV. em NÃO CONHEC. 10,83 10,89 10,50 10,63 9,63 11,02 11,02 10,68 10,21 10,16 9,31 11,15
EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
EFEITO DIFERENCIAL DO CONHECIMENTO

+ ANSIEDADE
6,4 Frios

6,2

Quentes
5,8 + EXTROVERSÃO

10 10,2 10,4 10,6 10,8 11 11,2 11,4 11,6


5,6
Quentes

5,4

5,2

Frios
5
não conhecedores conhecedores

EXTROVERSÃO e INTROVERSÃO
• CONCLUSÕES:

• Os conhecedores da astrologia são mais extrovertidos e mais


ansiosos do que os não conhecedores, mais extrovertidos devido
ao subgrupo dos signos Quentes, e mais ansiosos devido ao
subgrupo dos signos Frios.

• Há uma diferença de base astrológica entre as pessoas de signos


Quentes e Frios, que torna as primeiras mais suscetíveis ao externo,
independentemente do conhecimento sobre seu signo astrológico.

• INDICAÇÃO:

• Uma replicação (por constructo) utilizando-se de um teste de


personalidade estritamente baseado na teoria dos Tipos, de Jung.

BIBLIOGRAFIA
BAYNE. R. The “Big Five” versus the Myers-Briggs. The Psychologist, London, January 1994.*
EYSENCK, H. J., EAVES, L. The nature of extraversion: a genetical analysis. Journal of
Personality and Social Psychology, v. 32, n. 1, p. 102-112, 1975.*
JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991.
JUNG, C. G. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes, 1983.
MYERS, Isabel Briggs, MYERS, Peter B.: Ser humano é ser diferente: Valorizando as pessoas
por seus dons especiais. São Paulo: Gente, 1997.
NAGELSCHMIDT, A. M. P. C. Estilos de aprendizagem baseados nas preferências. Artigo não
publicado. USP, São Paulo, 1993.
NAGELSCHMIDT, A. M. P. C. Uso dos Tipos Psicológicos no contexto das organizações.
Artigo não publicado. USP, São Paulo, 1993.
RODRIGUES, P. R. G. Astrologia e personalidade: o efeito do conhecimento das características
do signo solar em variáveis medidas pelo 16 PF - Tese (doutorado). São Paulo: USP, 2004. – 160p.
ROOIJ, J. J. F. V. : Introversion- extraversion: astrology versus psychology. Personality and
Individual Differences, v. 16, n.6, p. 985-988, 1994.*
SAMUELS, A., SHORTER, B., PLAUT, F. Dicionário crítico de análise junguiana. Rio de Janeiro:
Imago, 1986.
ZACHARIAS, J. J. M. : QUATI: Questionário de Avaliação Tipológica. São Paulo: Vetor, 1999.
ZACHARIAS, J. J. M. TIPOS: A diversidade humana. São Paulo: Vetor, 2006.

Você também pode gostar