Você está na página 1de 4

Será a vida privada um valor moralmente objetivo?

Não é de hoje que os adolescentes são protagonizados no grande ecrã a espalhar intrigas
como divertimento. O termo ‘‘fofoca’’ tem sido frequentemente utilizado por jovens ao
se referirem a uma forma de entretenimento que consiste na disseminação de rumores,
geralmente sem o consentimento do visado. Esta informação geralmente não é fidedigna
o que pode levar a desentendidos e posteriormente ao bullying. Geralmente ocorre no
ambiente escolar, onde a sua propagação mais comum se dá de pessoa para pessoa.
Recentemente, a criação de contas anônimas na rede social Instagram, tem vindo a gerar
polémica visto que qualquer pessoa com acesso à internet pode escrever algo e é
publicado sem monitorização. Informação, rumores e segredos têm sido partilhados
diariamente. Estas ações estão claramente a violar a privacidade e a desvalorizar a vida
privada. O assunto foi abordado na aula e levantou várias questões éticas, será o respeito
pela vida privada um valor moralmente objetivo?

É sabido que as diferentes definições de vida privada são difíceis de conciliar, tanto que
esta noção tem sido já mesmo caracterizada na doutrina como obscura e sem um
verdadeiro conteúdo preciso. O tribunal define-a como uma “esfera privada ou íntima’’
e de um “direito à vida privada”. Ainda que a jurisprudência constitucional portuguesa
não tenha delimitado a proteção enquanto direito fundamental. Segundo uma distinção
entre “vida privada’’ e ‘‘intimidade da vida privada’’ que, por exemplo, inclui apenas os
aspetos respetivos a um domínio mais limitado e estreitamente ligado à pessoa, ou a um
“núcleo central’’ da vida privada.

Na Constituição da República Portuguesa, no capítulo dos direitos, liberdades e


garantias, o artigo 26 estabelece que a todos é reconhecido, entre outros, o direito à
reserva da intimidade da vida privada e familiar. A privacidade é um pilar fundamental
da liberdade e nessa medida do estado de direito democrático.

Diante das diversas noções de vários autores para tentar conceituar a vida privada, ao
longo da tese vamos abordar a definição em que as informações do íntimo de um
indivíduo devem ser ocultas a terceiros, sujeitos exteriores ao círculo próximo e a quem
não tiver a sua permissão. Ao nos referirmos a “individuo’’, é qualquer ser humano.
Este ensaio tem o intuito de apoiar efetivamente a posição de que o respeito pela vida
privada é um valor moralmente objetivo.

Um dos argumentos contra a tese que defendemos é afirmar que o respeito pela vida
privada é um valor subjetivo, isto é, dizer que a sua moralidade depende de causas
externas como por exemplo pelos valores da sociedade em que estamos inseridos.

No estado português, a vida privada é um direito civil, uma lei logo devemos respeitá-
la. Mas nem todos os países têm essa lei em vigor, o que resulta do facto dos valores
morais serem subjetivos.

Um dos argumentos que temos a dispor, é utilizar as éticas, deontológicas e


consequencialistas, para justificar a favor da sua moralidade.

O respeito pela vida privada é moralmente correto para Immanuel Kant pois afirma que
“deves respeitar a vida pessoal de terceiros, sem mais” (imperativo categórico), e é uma
ação por puro respeito à lei moral é uma boa vontade, logo é regido pela razão prática e
por isso tem moralidade.

É também moralmente correto para John Stuart Mill, pois as ações devem promover a
felicidade e ao respeitar a vida privada evitamos a dor de ser expostos e garantimos o
prazer da privacidade.

Consideramos o respeito à vida privada moralmente objetivo, pois é um valor intrínseco


aos seres cientes. E justamente por sermos seres cientes temos a perceção que o respeito
à vida privada aumenta a nossa identidade individual.

Ao respeitar a vida privada dos indivíduos estamos a valorizar mais a identidade


individual de cada um na sociedade. É um direito, uma lei, por isso é objetivo, devemos
respeitar o direito à vida privada do outro e também do seu círculo nuclear.

Qual o critério utilizado para identificar os aspetos da vida privada protegidos pela
CRP?

A utilização de equipamentos eletrónicos de vigilância e controlo por parte das


entidades que prestam serviços de segurança privada, constituía uma limitação ou uma
restrição do direito à reserva da intimidade da vida privada (e, por isso, matéria que se
incluía na reserva relativa de competência legislativa parlamentar, porque respeitante a
“direitos, liberdades e garantias”), sem restringir consoante o local da sua utilização,
declarando, consequentemente, a inconstitucionalidade orgânica daquelas normas.

A jurisprudência constitucional portuguesa não delimitou, pois, a proteção enquanto


direito fundamental segundo uma distinção entre “vida privada” e “intimidade da vida
privada” − por exemplo, incluindo apenas os aspetos respeitantes a um domínio mais
limitado e estreitamente ligado à pessoa, ou um “núcleo central” da vida privada.

Algumas questões filosóficas que achamos pertinentes são:

O que é a vida privada?

Privacidade é o direito à reserva de informações pessoais e da própria vida pessoal.

O que é o respeito?

O respeito designa um sentimento positivo, consideração pelas qualidades reais do


respeitado, seja uma pessoa ou para entidade, e também ações específicas e condutas
representativas daquela estima.

Justificar, utilizando o Modus Ponens:

Se as leis são objetivas e o respeito à vida privada está nas leis, então o respeito à vida
privada é objetivo.

As leis são objetivas e o respeito à vida privada está nas leis.

Logo o respeito à vida privada é objetivo.

Concluímos que, por pertencer ao imperativo categórico, o respeito à vida privada é


moralmente objetivo tanto para a ética deôntica como para a ética consequencialista
uma vez que maximiza a felicidade geral, se não respeitarmos a vida privada estamos a
perder a nossa individualidade, a nossa vida como indivíduo livre da sociedade.
Partindo do pressuposto em que temos uma visão objetivista e que os valores morais são
objetivos, então o respeito pela vida privada também é objetivo.

Trabalho realizado por: Marta Jesus; Maria Correia; Marcos Ferreira; Lara Arantes.
Turma: 10ºB Professora: Bárbara Peixoto

Você também pode gostar