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Teste de Filosofia

10.º Ano de Escolaridade

Junho de 2022

GRUPO I

1. Indique qual das questões seguintes é uma questão ética.


A. O que torna um argumento válido?
B. Como pode a razão humana formular juízos?
C. É aceitável o uso de animais em experiências científicas?
D. Quais são os critérios de cientificidade?

2. Considere as seguintes afirmações relativas à teoria ética de Kant. Indique a opção que a
classifica corretamente.
A. É uma teoria deontológica, dado que só é possível avaliar os motivos e as ações como
moralmente corretos se cumprirem o dever.
B. É uma teoria consequencialista, uma vez que a validade das ações depende do
cumprimento de regras e das consequências que as mesmas possam provocar.
C. É uma teoria deontológica, pois a correção das ações depende das circunstâncias em
que ocorrem e da utilidade que revelam.
D. É uma teoria consequencialista, uma vez que só é possível avaliar os motivos e as ações
como moralmente corretos se cumprirem o dever.

3. Kant considera que a única coisa boa em si mesma é…


A. o imperativo categórico.
B. a boa vontade.
C. as consequências boas das nossas ações.
D. a felicidade humana.

4. Para Kant, uma ação é moralmente correta sempre que…


A. é conforme ao dever.
B. acarreta boas consequências.
C. é realizada por respeito à lei moral.
D. maximiza a felicidade de quem a pratica.

5. Uma máxima de ação que obedece ao imperativo categórico deve ser…


A. determinada pela sensibilidade e pelo interesse de cada um.
B. universalizada e tratar os outros como meios.
C. determinada pela sensibilidade e respeitar os outros como fins em si mesmos.
D. universalizada e tratar os outros como fins em si mesmos.

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6. De acordo com a ética de Kant, é moralmente correto mentir para salvar a vida de uma
pessoa inocente. Esta afirmação é…
A. verdadeira, uma vez que dizer a verdade traria consequências prejudiciais para a pessoa
inocente.
B. falsa, pois temos o dever absoluto de dizer a verdade.
C. verdadeira, uma vez que dizer a verdade só traria consequências prejudiciais para nós.
D. falsa, dado que dizer a verdade aplica-se apenas a quem merece a verdade.

7. «Se quiseres evitar a prisão, não roubes» é um exemplo de um imperativo hipotético. Esta
afirmação é…
A. verdadeira, dado que nos indica um meio para atingirmos um fim.
B. falsa, pois dá-nos uma ordem incondicional.
C. verdadeira, dado que nos indica uma ação como boa em si mesma.
D. falsa, uma vez que nos indica uma ação sem referência a qualquer outro objetivo.

8. Segundo Kant, o ser humano revela autonomia moral sempre que a sua vontade…
A. se orienta pela felicidade e pelos interesses da humanidade.
B. se orienta pelo interesse próprio.
C. se determina a si mesma pela razão.
D. se determina a si mesma pela emoção.

9. Segundo Stuart Mill, na avaliação moral das ações devemos ter em conta se elas…
A. garantem a felicidade pessoal.
B. proporcionam a felicidade geral.
C. são realizadas por dever.
D. estão de acordo com o dever.

10. Stuart Mill defende que uma ação tem valor moral…
A. sempre que o agente renuncia ao prazer.
B. quando a intenção do agente é boa.
C. sempre que resulta de uma vontade boa.
D. quando dela resulta um maior bem comum.

11. De acordo com a ética de Mill, é moralmente correto mentir para salvar a vida de uma
pessoa inocente. Esta afirmação é…
A. verdadeira, pois dizer a verdade traria consequências prejudiciais para a pessoa
inocente.
B. falsa, porque o dever de dizer a verdade prevalece sobre as consequências.
C. verdadeira, dado que dizer a verdade só traria consequências prejudiciais para nós.
D. falsa, uma vez que temos o dever de dizer sempre a verdade.

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12. A maximização da utilidade, defendida por Mill, obriga a…
A. considerar o bem dos mais desfavorecidos.
B. dar prioridade às pessoas que nos são mais próximas.
C. satisfazer apenas o nosso próprio interesse.
D. considerar o bem do maior número de pessoas.

Grupo II
Leia atentamente o texto seguinte.
«Kant […] afirmava que devíamos agir apenas segundo máximas que fossem universalizáveis.
Universalizável quer dizer que se aplica a toda a gente. Isto significa que só devemos fazer
coisas que fariam sentido fazer para qualquer pessoa na mesma situação. […] Kant pensava
que, na prática, isto significava que não devemos usar as outras pessoas, mas sim tratá-las com
respeito, reconhecendo a autonomia dos outros, a sua capacidade de, como indivíduos,
tomarem decisões sensatas para si mesmos. Esta reverência pela dignidade e valor de cada ser
humano está no centro da moderna teoria dos direitos humanos. É o grande contributo de Kant
para a filosofia moral.»
N. WARBURTON, Uma pequena História da Filosofia

1. Partindo do texto, caracterize a perspetiva ética kantiana, relacionando os conceitos de


máxima e imperativo categórico; autonomia e heteronomia da vontade. Apresente um
contributo importante da ética kantiana.

Sugestão de resposta
A máxima é um princípio subjetivo da ação, que é adotada por cada pessoa quando realiza uma ação
particular. É um princípio concreto que ordena os atos de cada um e que valem apenas para o próprio
em determinadas circunstâncias.
A máxima tem a forma de imperativo categórico e, para que seja moralmente correta, deve ser
universalizável, isto é, deve ser adotada por todas as pessoas em circunstâncias semelhantes, «quer
dizer que se aplica a toda a gente». Além disso, deve reconhecer a pessoa como um fim em si mesma e
nunca como um meio, pois «não devemos usar as outras pessoas, mas sim tratá-las com respeito».
A autonomia da vontade é a «capacidade de, como indivíduos, tomarem decisões sensatas para si
mesmos». A vontade é autónoma quando se determina por princípios universalmente válidos, quando
determina os indivíduos a agirem de acordo com o imperativo do dever, quando é capaz de contrariar a
força das inclinações sensíveis.
Uma vontade heterónoma não se autodetermina, não legisla nem aceita de forma livre princípios
morais universais. Uma vontade heterónoma deixa-se determinar por inclinações sensíveis. Trata-se de
uma vontade que não controla a força motivacional dos sentimentos, desejos e interesses pessoais.
Pode apresentar um dos seguintes contributos importantes da ética kantiana:
 O homem como fim em si mesmo. A «reverência pela dignidade e valor de cada ser humano está no
centro da moderna teoria dos direitos humanos. É o grande contributo de Kant para a filosofia
moral.» A fórmula da humanidade do imperativo categórico é hoje vista como um dos pilares da
nossa cultura moral.

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 O universalismo moral. O facto de o imperativo categórico ser fundado na razão é um progresso
notável, na medida em que permite a universalização da lei moral. A fórmula da lei universal do
imperativo categórico exige que se assuma uma conduta moral imparcial e justa.

Leia atentamente o texto seguinte.


«[…] A felicidade que constitui o padrão utilitarista daquilo que está certo na conduta não é a
felicidade do próprio agente, mas a de todos os envolvidos. O motivo é irrelevante para a
moralidade da ação. Aquele que salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente
certo, seja o seu motivo o dever, seja a esperança de ser pago pelo seu incómodo.»
J. STUART MILL, Utilitarismo

2. Partindo do texto, caracterize a perspetiva ética utilitarista, relacionando os conceitos de


felicidade e hedonismo; motivos e consequências. Apresente uma objeção à teoria
utilitarista.

Sugestão de resposta
Para o utilitarismo, uma ação é moralmente correta quando maximiza a felicidade não só «do próprio
agente, mas a de todos os envolvidos». As ações são moralmente boas quando tendem a promover a
felicidade do maior número de pessoas e são moralmente erradas quando tendem a promover o
contrário.
A felicidade, para o utilitarista, consiste no prazer e na ausência de dor. Contudo, nem todos os prazeres
contribuem da mesma maneira para a felicidade das pessoas, pois há prazeres inferiores (os corporais) e
prazeres superiores (os que decorrem do uso das nossas faculdades intelectuais), sendo os intelectuais
preferíveis aos corporais.
Para o utilitarismo, o que determina o valor moral das nossas ações são os seus resultados e não os
motivos com que as praticamos. «O motivo é irrelevante para a moralidade da ação».
O utilitarismo é uma ética consequencialista. Os resultados ou as consequências são os únicos critérios
que determinam o valor moral das nossas ações. Assim, uma ação moralmente correta é aquela que
previsivelmente produz as melhores consequências não só «do próprio agente, mas a de todos os
envolvidos».
Pode apresentar uma das seguintes objeções ao utilitarismo:
 A dificuldade de prever as consequências das nossas ações. Nem sempre é possível prever em tempo útil
todas as consequências possíveis de uma ação particular, sendo que os seus efeitos podem até prolongar-se
no futuro.
 A dificuldade em calcular a felicidade. É difícil medir a felicidade ou comparar a felicidade de diferentes
pessoas, pois o conceito de felicidade é subjetivo, isto é, nem todas as pessoas encaram a felicidade da
mesma maneira.
 A justificação de ações imorais e de violação de direitos. Ao defender que o resultado produzido pelas ações
constitui o único critério para determinar o seu valor moral, o utilitarismo justifica ações imorais e a violação
de direitos.
 A imparcialidade e as relações pessoais. A preocupação constante e imparcial com o bem-estar da maioria
implica um descurar de projetos pessoais e familiares, comprometendo a felicidade dos que nos são
próximos.

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Leia atentamente o texto seguinte.
As ações humanas são avaliadas de diferentes modos, consoante os critérios de fundamentação
moral, nos quais um sujeito concreto se apoia. Por exemplo, segundo a lenda, Robin dos
Bosques roubava aos ricos para dar aos pobres, em nome da justiça. Por isso, temos de
perguntar a nós próprios: Robin dos Bosques agia bem ao roubar?

3. Responda à pergunta do texto, segundo as perspetivas éticas de Kant e de Stuart Mill.


Fundamente a sua resposta.

Sugestão de resposta
Para Kant, o único motivo que pode dar origem a uma ação moralmente correta é o puro respeito pelo
dever. Por outro lado, o princípio ético kantiano (imperativo categórico) ordena de forma absoluta e
incondicional a forma como qualquer ser humano deve agir em todas as situações.
Deste modo, Kant aconselha-nos a fazer apenas o que poderíamos querer que todas as outras pessoas
fizessem. Como não queremos uma sociedade de ladrões, não devemos roubar. Por isso, segundo Kant,
Robin dos Bosques age mal ao roubar.
Para Stuart Mill, a utilidade é o fundamento da avaliação moral das ações. Uma boa ação é aquela que é
útil para alguém em termos de felicidade. De acordo com o princípio da maior felicidade, a melhor ação
é a que produz o maior bem para o maior número de pessoas.
Sob o ponto de vista utilitarista, Robin dos Bosques age bem ao roubar aos ricos para dar aos pobres,
pois, uma vez que há mais pobres do que ricos, há mais pessoa beneficiadas do que prejudicadas pela
‘redistribuição’ justa da riqueza feita por Robin dos Bosques.

COTAÇÕES E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

GRUPO I
De 1. a 12. …………………………………………………………………………………………….. 60 pontos

GRUPO II
1. ………………………………….………………………………………………….………………...… 50 pontos
2. ………………………………………….……………………………….…………………….……..… 50 pontos
3. …………………………………………………………………….…….…………………….……..… 40 pontos
__________
TOTAL ……….………………….. 200 pontos

Critérios de avaliação das respostas extensas:


1. Adequação das respostas ao conteúdo dos textos.
2. Aplicação dos conteúdos abordados.
3. Comunicação coerente, clara e rigorosa das ideias.

Prof. António Madeira

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