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EQUIPE

EDITOR CHEFE SUPORTE


Arno Alcântara Alessandra Figueiredo Pelegati
Márcia Corrêa de Oliveira
REDAÇÃO E CONCEPÇÃO Rayana Mayolino
Marcela Saint Martin Douglas Pelegati
Marra Signorelli
Raul Martins FINANCEIRO
William Rossatto
REVISÃO Joline Pupim
Cristina Alcântara Douglas Pelegati

DIREÇÃO DE CRIAÇÃO COORDENAÇÃO DE PROJETOS


Matheus Bazzo Arno Alcântara
Italo Marsili
DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Matheus Bazzo
Jonatas Olimpio
Vicente Pessôa O CARA QUE NUNCA DORME
Douglas Pelegati
ILUSTRAÇÃO DA CAPA
André Martins

TRANSCRITORES
Edilson Gomes da Silva Jr
Rafael Muzzulon
Raíssa Prioste

Material exclusivo para assinantes do Guerrilha Way.

Transcrição das lives realizadas no Instagram do Dr. Italo Marsili.

2
ENTENDA O
SEU MATERIAL
1. O Caderno de Ativação ajudará você a incorporar
e a colocar em prática o conteúdo de uma das
fabulosas lives. É um material para FAZER.

2. No LIVES você encontrará transcrições, resumos


e uma visão geral das lives selecionadas para a
semana. É um material para se CONSULTAR.

3. Se quiser imprimir, utilize a versão PB, mais


econômica.

4. Imprima e pendure o seu PENDURE ISTO.

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A SEMANA NUMA TACADA SÓ _______________ 5

O PONTO CENTRAL _______________________ 6

ARRUME SUA VIDA


COMEÇANDO PELO CORPO _________________ 11

TENHA CORAGEM DE CALAR


O MALEDICENTE ________________________ 23

VOCÊ É O DOTÔ QUE ESPERA SER SERVIDO?


VOCÊ É RIDÍCULO! ________________________ 41

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A SEMANA
NUMA TACADA SÓ
LIVE #106
ARRUME SUA VIDA COMEÇANDO PELO CORPO
É ilusão esperar tocar e controlar seus desejos supe-
riores, se você mal consegue controlar sua parte mais
baixa: seu corpo.

LIVE #107
TENHA CORAGEM DE CALAR O MALEDICENTE
Não confunda sua covardia com boa educação. Colo-
cando o maledicente em seu devido lugar, você não
apenas o ajuda, mas principalmente a si mesmo — fi-
cando mais forte.

LIVE #108
VOCÊ É O DOTÔ QUE ESPERA SER SERVIDO?
VOCÊ É RIDÍCULO!
Ao esperar que os outros o sirvam, você está dando a
si mesmo uma importância delirante. Não espere ser
servido: sirva!

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O PONTO CENTRAL
R E S U M O S D A S E M A N A

LIVE #106
ARRUME SUA VIDA
COMEÇANDO PELO CORPO

Os valores superiores que tanto buscamos — como perseve-


rança, coragem, valentia, constância — não se desenvolvem
no corpo, mas na alma (e “alma”, aqui, não tem qualquer
sentido religioso). Ainda assim, se o seu corpo estiver fraco,
pesado, lento, feito, então naturalmente sua alma também
estará para baixo, e muitos dos problemas de ansiedade e
autoestima de hoje advêm daí. É claro que, no limite, dane-
-se o corpo, vamos todos morrer e virar pó. O problema é
isso que eu disse: caso seu corpo não esteja funcionando
bem, seus projetos superiores ficarão prejudicados.

Afinal, se você nem consegue empurrar um peso forte, como


espera empurrar sua vida? Se não consegue correr por meia
horinha sequer, como espera correr atrás dos seus objeti-
vos? Se não consegue controlar o que está por baixo, que
é seu corpo, como espera tocar e controlar o que está por
cima, que são seus desejos superiores? Nossa geração é soft
demais, a maioria de nós nem sequer brigou na rua — e se
você não sabe o quanto seu corpo aguenta, que dirá saber o
quanto você próprio aguenta na vida. Por isso é que lança-
mos o programa -50 Toneladas; quero todos vocês magros,
fortes e saudáveis. E tratem de ajustar suas metas, porque vi
várias praticamente inatingíveis, do tipo “Vou perder 40kg!”
Ah, vá. Seja realista. Se perder 10kg de gordura ou ganhar
5kg de músculos, já está bom demais!

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Sujeitos fracos (sem músculos) ficam mais doentes, demo-
ram mais a se recuperar de pós-operatórios, de pneumonias
e gripes. E, sendo gordo, você dorme pior, fica mais desa-
nimado, seu humor muda, sua disposição fica alterada, seu
casamento sofre, sua testosterona falta. Alguém tem de dizer
que ser gordo e fraco não está bom. Neste ano de 2020, eu
preciso de você no meu melhor, tanto física quanto mental-
mente. Vamos juntos?

LIVE #107
TENHA CORAGEM DE CALAR
O MALEDICENTE

Hoje falaremos da maledicência que você escuta (não da


que você produz), que é terrível. Um ambiente maledicente
inibe as ações superiores do nosso espírito, então, quando
alguém vier “fazer um comentariozinho” sobre a vida de al-
guém, dê as costas e diga: “Não quero saber, não me interes-
sa a vida dele.” A pessoa ficará sem graça, tentará te prejudi-
car e você ficará isolado dos fofoqueiros.

“Italo, mas seria falta de educação.” Você tem 0 senso das


proporções, seu animal. Não confunda educação com co-
vardia! Sua vida está travada porque você é incapaz de, com
educação, dar as costas a um maledicente. Não mandei nin-
guém xingar ou ofender (até porque a pessoa já se sentirá
ofendida naturalmente). Acontece que, pra dar esse basta e
deixar de ser covarde, você precisa ser forte e valente, por-
que não é pra fingir que não ouviu ou mudar de assunto.
Isso seria fraqueza, e eu estou justamente dizendo que você
precisa ser forte. É pra deixar claro que o outro está falan-
do mal e que você não terá parte nisso. Quando não ouve

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o maledicente, você se eleva, porque ganha uma força que
achava que não tinha.

Isso não quer dizer que uma parte do seu espírito não sen-
tirá isso como perda, afinal, você perdeu a oportunidade de
ser latrina. Você está fedorento e sujo, mas acha isso mara-
vilhoso e não consegue botar um ponto final nessa porcaria
— e por isso ninguém te escuta e você não consegue alcan-
çar nada na vida. Um ambiente maledicente não é normal, é
coisa de gente doente. Se você é o sujeito que ouve a fofoca
sem combatê-la, você se tornou alguém com quem não se
pode contar. Não podemos confiar em maledicentes, quere-
mos distância deles, então não seja a pessoa que compac-
tua com isso. Não interessa se o maledicente é a sua avó, a
sua colega, o seu chefe: dê um basta nessa porcaria,

LIVE #108
VOCÊ É O DOTÔ QUE ESPERA
SER SERVIDO? VOCÊ É RIDÍCULO!

Existe uma mentalidade escravocrata maldita, tanto na ca-


beça do brasileiro como na de muita gente pelo mundo,
que coloca a pessoa numa posição artificial de superiori-
dade. Imaginando ocupar alguma posição de importância,
ela não mais se “rebaixa” a fazer o seu próprio cafezinho,
tirar o próprio lixo, lavar a própria bunda. Começa a se sen-
tir como o senhor de escravos, a quem todos devem servir.

Não há nada que irrite mais do que uma pessoa odiosa e


tosca ser dignificada por algo que ela não tem. Nada pior
do que um sujeito tosco, burro e mau caráter ser alçado à
condição de “Excelência”. O sujeito que não tem uma digni-

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dade intrínseca ser dignificado por uma coisa que foi so-
breposta a ele é algo que irá corromper a sua alma, defor-
mar sua personalidade.

Isso aqui é exercício para nós também. Por causa de uma


soberba interior, as pessoas andam muito acomodadas. “Eu
não sou garçom! Vou servir aos outros para quê?” Isso é
uma palhaçada: desça do palco! Você não veio ao mundo
para ganhar palmas das pessoas, mas para servir! Se o seu
irmão pedir para você caminhar mil passos com ele, cami-
nhe dois mil. Não seja essa um soberbinho! Olhe-se no es-
pelho e reflita: “Você virou uma bestinha, hein?! Desça do
palco, seu animal! Recolha a bandeja! Sirva o próprio café!
Limpe o próprio rabo!” De repente, sua vida começa a andar.

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LIVE #106

ARRUME SUA VIDA


COMEÇANDO PELO CORPO

Ontem, no meu Instagram, eu fiz algumas perguntas


sobre libido, que é um indicativo de saúde muito im-
portante. A ereção matinal dos homens, por exemplo,
é outro indicativo de saúde. Perguntei também sobre
compulsão, queria saber se vocês comem mais doce
ou mais salgado e se comem muito ou pouco, porque
nós que somos da Psiquiatria conseguimos ter uma
idéia do desbalanço de neurotransmissores a partir
do apetite. Se a pessoa tem mais apetite por doce,
provavelmente é um neurotransmissor X que está em
desordem; se tem grande apetite por salgado, é outro
neurotransmissor.

Mais de 30 mil pessoas responderam ao questioná-


rio, e foi engraçado, porque perguntei “Como está
a sua ereção? Um aço ou um borrachão?”, e sei que
os homens sacaneiam com tudo, mas desta vez eles
responderam seriamente; recebi vários “Pô, doc., foi
até bem ver isso aí, porque pensei que só eu estava
meio fraco.” Há toda uma galera com problemas nes-
sa questão da saúde.

Um outro indicativo de saúde para o homem é a ere-

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ção matinal. Falo pouco de temas médicos no meu
perfil, escolhi não pegar essa vertente, mas tenho
anos de consultório olhando para esse tipo de coi-
sa, ajudando as pessoas a ganhar um outro nível de
qualidade de vida, de força, de potência. Isso é super
importante.

Uma grande parte das ansiedades e dos problemas


de autoestima vêm porque o corpo está — falando
português claro — uma bosta, não está funcionando
direito. A Filosofia chama o homem de estrutura hi-
lemórfica. Hýle (ὕλη) significa “matéria” em grego, e
morphḗ (μορφή) significa “forma”, então temos o cor-
po, que é matéria, e sua forma, que é a alma. Eviden-
temente, os princípios superiores (como coragem, va-
lentia, constância, perseverança etc.) são princípios
de funcionamento, que não desenvolvemos no cor-
po, mas num outro lugar que os Antigos — e também
a Psicologia Contemporânea — chamam de alma.

Alma não tem a ver só com religião. Se o nosso cor-


po não está funcionando bem, se está fraco, pesado,
lento, ou mesmo feio, claramente esses outros prin-
cípios de funcionamento também estarão ruins, es-
tarão mais para baixo. Precisamos consertar o corpo,
que é uma métrica concreta (ou seja, podemos vê-lo,
ele está na nossa cara).

Por isso é que eu quero todo o mundo magro e forte

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neste ano de 2020. Entenderam agora a parada das
-50 Toneladas? Estou animado para cacete, será bom
demais. Vi que o Thiago Nigro, do canal O Primo Rico,
botou como meta pessoal perder, sei lá, uns 15kg ou
23kg e chegar a 14% de gordura corporal neste ano. O
cara é maluco. Vamos todo o mundo junto, será muito
bom.

Estão me perguntando aqui nos comentários sobre


a mulherada na menopausa. Eu não pensei num ne-
gócio específico para quem está na menopausa, mas
haverá outras categorias que serão igualmente úteis.
Se vocês estiverem gordas demais, magras demais,
entrem lá. Será muito top, estou animado pra caram-
ba.

Eu não tenho uma grande tara com o corpo, não acho


que todo o mundo tem de ser uma blogueira fitness e
estar super malhada. Francamente falando, dane-se,
vai todo o mundo morrer, ir para o caixão, se decom-
por, virar comida de verme em algum momento. Pou-
co me lixei para isso, o problema não é esse, mas sim
que, se o corpo não estiver funcionando no curso da
nossa vida, nossos projetos superiores e mais impor-
tantes ficam prejudicados. Esse é o problema.

Não que ser uma blogueira fitness seja um problema;


é bacana, mas também não pode se confundir muito.
Todos sabem: o corpo passa. Em alguma hora fica-

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remos velhos e pararemos de funcionar, então você
não pode botar toda a sua esperança e expectativa
no corpo — não obstante, ele tem de estar funcionan-
do, caramba. Isso é a coisa mais óbvia do mundo.

Se você não consegue empurrar um peso forte, que


te desafie, num supino, como você empurrará sua
vida? Nossa geração é uma geração que quase nun-
ca saiu na porrada, não sangrou o nariz, não brigou
na rua, não tomou facada na barriga... É uma geração
de condomínio, de Playstation. Não aconteceu nada
com a maior parte das pessoas. Não sabemos, por-
tanto, o quanto nosso corpo aguenta; logicamente,
não sabemos o quanto nós próprios aguentamos na
vida também.

Se você não consegue correr ou caminhar sozinho


por 30 minutos confortavelmente, o que você espera
da vida? Correr é ruim demais pra todo o mundo, ex-
ceto para aqueles doidos do triatlo, da maratona, que
pegam tesão pela corrida.

Existe um sujeito americano chamado Casey Neistat,


que é praticamente o rei do Youtube, ele meio que
“inventou” esse formato de vlog como o conhecemos
hoje. O Neistat é um cara que sofreu um acidente gra-
ve aos 26 anos, os médicos lhe disseram “Você nunca
mais conseguirá correr, no máximo dar aquele pique-
zinho para pegar um ônibus”, e hoje o cara é triatleta

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maratonista.

À exceção dessa galera que é corredora e adora a


coisa, nós, que não somos atletas, não aguentamos.
Correr é chato pra caramba, mas a verdade é que, se
você não aguentar correr e caminhar forte durante 30
minutos na rua, você não conseguirá correr e cami-
nhar forte na vida, ficará sempre achando que alguém
precisa te levar no colo, te empurrar ou fazer algo por
você, quando nós bem vemos que a vida não é assim.

Existe um princípio da simbólica tipológica que é o


seguinte: o que está embaixo está em cima, e o que
está em cima está embaixo. Traduzindo: se a gente
não consegue, de algum modo, tocar e controlar o
que está por baixo — ou seja, o nosso corpo —, como
é que conseguiremos tocar e controlar o que está por
cima — ou seja, nossos desejos superiores de constân-
cia, de lealdade, de nobreza, de fidelidade, de manter
uma energia e um “propósito”? Não dá.

Neste ano, então, cuidaremos do nosso corpo, até ju-


lho, mas sem descuidar dos princípios superiores.
Vejam o Guerrilha Way, por exemplo. A maior parte
da minha audiência é Guerrilha Way, que é o maior
programa de assinatura de desenvolvimento pessoal
da América Latina. Foi realmente uma tacada perfeita
que eu e o Arno fizemos. Não queríamos cobrar dois,
três mil reais num curso, já estávamos de saco cheio

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desse tipo de coisa, então tivemos a idéia de fazer o
Guerrilha Way, é um passo a mais nas lives diárias
que já fazemos. No Guerrilha Way, eu pego o princí-
pio, o núcleo da live e coloco para a audiência como
exercício, para a pessoa colocar em prática na vida e
concretizar aquela mensagem transmitida pela live. A
idéia é essa, porque sei que vocês assistem enquanto
estão almoçando, lavando a louça, tomando banho,
no trânsito, etc. É bom ouvir nessas circunstâncias,
mas às vezes o conteúdo central passa despercebi-
do, não fixa, então a idéia era pegar o conteúdo da
live e dar um passo a mais: isso é o Guerrilha Way. Ele
vai sendo regido sempre por princípios de baixo e de
cima. Nossa equipe que faz o material é genial, é fan-
tástica. Nossa idéia é pegar um princípio de baixo, ou
seja, o corpo, a energia, algo concreto que podemos
fazer no dia a dia, e um princípio de cima, uma moti-
vação superior. Se vocês repararem, é sempre assim,
vamos alternando para que possamos trabalhar as
duas frentes.

Os relatos que tivemos dos assinantes do Guerrilha


Way ao longo desse ano de 2019 foram incríveis, do
caramba mesmo. É gente que de fato melhorou, e mui-
to. O programa foi um senhor suporte para muitas
pessoas que estavam deprimidas, ansiosas, meio es-
tagnadas na vida, ou mesmo para as que já estavam
bem, mas queriam subir para outro nível. Foi sensa-
cional — e olha que a maior parte das pessoas não

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consegue acompanhar, eu sei.

A falta de constância é um problema. Muitos entraram,


mas não conseguiram ir até o fim, ou então foram pu-
lando; numa semana faziam os exercícios, na outra,
não. “Ai, Italo, eu assinei o Guerrilha Way, mas deixei
oito semanas de conteúdo para trás.” Pare de chorar,
pare de reclamar! O Guerrilha Way é igual dieta! Se
ontem você começou uma dieta, mas hoje comeu um
pacote inteiro de bolacha Trakinas, dane-se, a partir
de agora você volta a parar de comer. Com o Guerri-
lha Way é a mesma coisa. Apenas recomece, pare de
ficar chorando, isso é desculpa para não mudar. Da-
ne-se o que ficou para trás: o negócio está assinado,
você tem acesso ao portal, ao conteúdo, então come-
ce de agora, recomece. É só isso.

Aliás, estive vendo as metas de vocês para perda de


peso, e já digo que vocês estão malucos. “Italo, vou
perder 40kg!”. Não vai. Ponto. Não é assim que se faz.
Se a sua meta era 40kg e você perdeu 10kg, 12kg, meu
amigo, já está maravilhoso, já ganhou o ano.

A primeira coisa que faremos é o ajuste de metas. A


maior parte das pessoas que atendo não alcança a
meta, porque ela é uma coisa ilusória. Perder 40kg
não é fácil assim. Tem quem perca? Tem — eu mes-
mo perdi 30kg, estava com cento e tantos quilos e fui
para 72kg. Não estava obeso, mas estava inchadaço,

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estava na merda, recém saído do burnout, só comen-
do porcaria, atividade física zero, dormindo errado...
Eu estava gordo pra caramba, estava pesado mesmo.
Consegui perder 30kg, mas não é assim, somente uma
ou outra pessoa que consegue.

Então não precisa perder 40kg, e não é para ficar se


lamentando, dizendo “Poxa vida, não perdi os 40kg,
perdi apenas 10kg.” Caramba! Se não fosse o nosso
programa -50 Toneladas, se não fosse o Guerrilha
Way, você não perderia quilo nenhum, iria é ganhar
mais 2kg. Ter perdido 10kg já é do caramba.

Ajuste de meta é foda, é a primeira coisa que pre-


cisamos saber fazer. Do contrário, ficaremos desmo-
tivados, chorando e falando “Poxa, achei que fosse
perder 10kg num mês.” Cara, quem perde 10kg num
mês?! Pare com essa bobeira. Beleza, tudo bem, é ób-
vio que dá pra perder (inclusive conheço uma galera
que já fez isso), mas provavelmente esse alguém não
será você, porque se você está com 40kg (!) a mais na
sua carcaça, é porque você está só fazendo merda já
há alguns anos. É ou não é? Está comendo Oreo pra
caramba, comendo doce todo almoço, bebendo mais
do que deve, não está conseguindo mexer o esque-
leto, está como um porquinho preso... Ou seja, está
como eu também estava até pouco tempo atrás. Não
é assim que se faz. Vamos, então, ajustar juntos nos-
sas metas para perdermos peso.

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Tem uma galera dizendo aqui nos comentários: “Doc.,
dê umas dicas para quem quer ganhar peso”. Não da-
rei dicas, entraremos no programa de -50 Toneladas.
É claro que, nesse programa, também contemplarei
o pessoal que já é magro e quer apenas ficar mais
ágil, mais forte, mais tonificado, com mais presença
e energia. É que tenho de dar um nome ao progra-
ma, então, obviamente, se a maior parte das pessoas
está gorda, o nome do programa será -50 Toneladas,
mas é claro que vou computar igualmente o pessoal
que ganhar peso de músculo. Se você ganhar 5kg de
massa magra, vou colocar ali como 5kg. Não foram
5kg perdidos, foram 5kg ganhos de saúde.

Não sei se vocês sabem, mas um dos maiores predi-


tores de morte em idosos chama-se sarcopenia (sar-
copenia é a perda natural de músculos). Quem tem
poucos músculos fica mais sujeito a não se recupe-
rar de gripes, de pneumonias, de um pós operatório...
Músculo é um preditor de saúde, é o que nos dá uma
certa capacidade. Cientificamente falando, a pessoa
que tem massa corporal alta se recupera mais fácil,
fica menos doente, funciona melhor.

É claro, portanto, que se uma pessoa ganhar 5kg de


músculo, computarei esse ganho na nossa soma ge-
ral. São -50 Toneladas, mas vai entrar também o pes-
soal que ganhar massa muscular, porque isso é ga-
nhar saúde. Perder gordura e ganhar músculo é igual

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à saúde, então pra mim entra na conta do mesmo
jeito.

A maior parte das pessoas não está forte ou magrinha,


está gorda — e há os skinny fats, que são as pessoas
que parecem estar magras, mas quando você vai to-
car nelas, vê que é tudo mole. Estão magrinhas, mas
moles para cacete. Moleza é igual a não ter músculos;
ou seja, é igual a, quando ficar doente, ficar doente
por um tempão, é igual a ter gripe a toda hora, rinite
a toda hora, ficar meio desanimado a toda hora, ter o
sono uma zona. Como você vai manter a persistência,
a constância, como vai conseguir tocar seus projetos
para a frente? Não vai conseguir, simples assim.

Uma galera me escrever falando “Italo, não tinha re-


parado, mas meu casamento não está muito bom.
Estou desanimada. Será que é porque estou gorda?”
Ora, mas é claro que é! Não só por isso, mas há uma
puta correlação aí; estar gordo é parte do bolo, do
processo. A pessoa que não está bem com o próprio
corpo sofrerá em um monte de aspectos da vida.

Alguém tem de dizer isto: ser gordo não está bom.


Bem, se o sujeito quer continuar sendo gordo, deixe
ele lá, não vamos encher o saco dele, mas não aceite
isso caso você não queira aceitar. Estamos aqui para te
ajudar. Não é por uma pressão social, é você consi-
go mesmo: quando está gordo, você dorme pior, fica

20
mais desanimado, seu humor muda, sua disposição
fica alterada...

O tecido adiposo, a gordura, tem uma enzima cha-


mada aromatase, que converte testosterona em outro
hormônio feminilizante. A testosterona é importante
para um monte de coisas, não apenas para o desejo
sexual (e achar isso é uma bobeira). Ela é importante
para o ganho de massa, para fazer proteção cardio-
vascular, para te dar disposição... A testosterona é um
puta hormônio.

Muitas vezes sua testosterona pode estar baixa por-


que você está gordo, tem excesso de gordura, tem
tecido adiposo demais em você. Se você tem mais
gordura, então tem mais aromatase, e a testosterona
que “está no seu sangue” passa pela aromatase e vira
estrogênio, que é um hormônio feminino. É claro que
você terá uma disposição baixa, portanto. Ponto.

Emagrecer é importante por um monte de razões, e


é por isso que faremos o nosso programaço -50 To-
neladas. Há uma galera aqui comentando “Italo, mas
não sou gordinha.” Beleza: mas a maior parte das pes-
soas é. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é:
às vezes você não é gorda, mas é flácida, não está
tonificada. Dá na mesma, você é a skinny fat, a falsa
magra. O falso magro não é aquele falso magro do
conceito utilizado na década de 80/90, estou falando

21
de outra coisa. Você só não é magro mesmo, ué, está
com percentual de gordura alto, caramba.

Perguntaram aqui: “E como se faz para comer bem,


Doc.?” Muito bom. Obviamente, no nosso programa
-50 Toneladas, vou abordar a alimentação, vou abor-
dar a motivação específica para se treinar. É para isso
que estou aqui, e estou muito animado, será do ca-
ramba.

Estão perguntando quanto vai custar. Não estou fa-


zendo propaganda, mas como está todo o mundo
animado, como está a maior euforia (e eu nunca vi
meu Instagram tão movimentado fora de campanha),
vou dizer. Para a maior parte das pessoas não custa-
rá nada, porque a maior parte da minha audiência já
está no Guerrilha Way, e provavelmente será lá den-
tro.

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LIVE #107

TENHA CORAGEM
DE CALAR O MALEDICENTE

Hoje vamos voltar a um tema muito importante para


a nossa evolução, e que trava muito a nossa posição
na vida. Há algumas condutas que precisamos ajus-
tar logo, rapidamente, desde já, e se conseguirmos
mudar uma conduta específica já no início deste ano,
iremos para um outro nível de relacionamento e de
força humana. Bem, mas que conduta é essa?

Um monte de gente — mas um monte de gente mes-


mo — pôs em prática aquilo que eu falei nas lives do
início do ano passado, sobre parar de reclamar. E eu
falava disso com uma certa incisividade, um pouco
num tom de esporro, de briga, tipo “Mas que porca-
ria, pare de encher o saco! Não reclame, aceite sua
vida como ela é!”. E eu falava assim porque, uma vez
que você aceita sua circunstância, você consegue
encontrar um lugar de força a partir do qual agir, a
partir do qual produzir alguma coisa. “Aceitar a vida
como ela é” é o contrário daquela resignação omissa,
de “Ai, sou um coitadinho, nunca produzirei nada.” É
o inverso disso.

Em geral, os pensamentos imaginários, do tipo “Que-


ria estar em outro lugar”, “Queria fazer outra coisa”,

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“Queria que fosse de outro jeito” são aquilo que cha-
mamos de “Mística do quem-me-dera”: “Quem me
dera eu fosse mais novo”, “Quem me dera eu fosse
mais velho”, “Quem me dera eu fosse mais magro”,
“Quem me dera eu fosse mais cheinha.” Pare com
esse negócio! Não reclame, aceite a vida como ela é,
observe a vida como ela está e, a partir daí, sem um
movimento de reclamação, comece a agir.

Há um outro movimento que se conecta imediata-


mente a esse, que é o movimento que queria abordar
com vocês hoje. É um compromisso que você tem de
fazer consigo caso queira olhar para seu 2020 e falar
“É, cara: eu melhorei. Alguma coisa evoluiu, alguma
coisa progrediu neste meu ano. Alguma progressão
eu tive.”

Estou falando da maledicência. Nós costumamos en-


tender a maledicência por um único aspecto (e ele
basta), que é o da fofoca. Estamos rodeados de fofo-
queiros, e às vezes o fofoqueiro que está mais pró-
ximo de nós é este mesmo que você encontra todas
as noites no espelho quando vai escovar esses seus
dentes quase podres. O cara maledicente, que faz fo-
foca, é o sujeito que está perto de nós, mas também
é você mesmo. Miseravelmente, podemos estar dian-
te de um maledicente ou fofoqueiro que somos nós
mesmos.

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O problema é que esse ambiente da maledicência
(ou seja, daqueles sujeitos que maldizem, que dizem
coisas más sobre os outros) é um ambiente muito,
muito mesquinho, que nos diminui, que tira nossas
forças, que inibe nossas ações superiores do espírito.
A primeira coisa que precisamos ter neste ano é a co-
ragem de dar as costas ao maledicente. Precisamos
reviver esse propósito dentro de nós.

Preste atenção: a live de hoje não é sobre a male-


dicência que você produz. Falaremos dela em outro
momento. Estou falando dos maledicentes que nos
cercam, do sujeito que está sempre falando mal de
alguém ao nosso redor, sempre vindo com uma fo-
foca, com um disse-me-disse. Chega! Precisamos dar
um basta nisso dentro da sua vida, e precisamos fa-
zer isso hoje.

Não podemos dar ouvidos ao maledicente nunca,


porque ele diminui todo o ambiente, diminui o esta-
tuto da dignidade humana. O sujeito que fica falando
mal dos outros é um inoportuno, maldoso, que não
acrescenta nada na nossa vida, e temos que saber
dizer “NÃO” a ele.

“Italo, mas eu tenho medo. Não consigo, não tenho


força para falar. Meu ambiente de trabalho só tem
maledicentes, é uma porcaria. O que eu faço? Mudo
de emprego?” A resposta é: não. O problema é que

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você é um sujeito fraco, medroso, um covarde. É isso
o que você é. Você tem medo de mandar esse male-
dicente calar a boca.

Veja como a coisa é simples: você trabalha, certo?


Vamos imaginar que você trabalhe, pois o primeiro
ponto é esse: você não trabalha direito, então tudo
vira desculpa. Quando você não trabalha bem, é óti-
mo quando alguém vem te incomodar, te atrapalhar,
porque isso vira uma desculpa para você não fazer o
que precisa ser feito. Mas vamos supor que você tra-
balhe mesmo, por exemplo, num escritório de conta-
bilidade, e precisa entregar relatórios, planilhas, fazer
estudos, ler normas, enfim, fazer o que tem de fazer.

Se chegar um maledicente ao seu lado na hora do


cafezinho ou na sua mesa e começar a falar mal de
alguém, com um “Pô, você viu o fulano?”, a solução
é simples. É simples demais. Às vezes a pessoa nem
é tão tosca assim, né? Ela não vem “falar mal” exata-
mente, vem apenas “fazer um comentário” sobre al-
guém. “Rapaz, você não sabe...” Pois bem. Você vai
dizer o seguinte: “Rapaz, não sei mesmo, e não quero
saber. Não me interessa a vida dos outros. Não quero
que você me fale mal de ninguém”. Ele vai dizer: “Não,
não estou falando mal!”, e aí você responderá: “Ma-
ravilha, que bom que não está falando de ninguém,
mas eu não quero que você fale nada. Não quero ou-
vir, não quero saber.”

26
“Italo, mas isso é falta de educação.” Meu filho, você
não tem senso das proporções, seu animal. Você está
confundindo falta de educação com covardia, isso
sim. Você é um covarde que deixa aquele sujeitinho
lixo falar mal dos outros na sua frente, e você ainda
lhe presta ouvidos. Você é um covarde.

“Ah, mas eu estou só comentando, não estou falando


mal.” Meu filho, eu não quero saber. Faça isso e você
verá o que acontece. Quando um maledicente chegar
pra você, na sua frente, para começar a falar mal de
alguém, você soltará um “Não, não, mas eu não quero
saber. Não me interessa a vida dele. Vamos falar de
outra coisa, vamos falar de trabalho.” A pessoa ficará
muito sem graça — e irá te prejudicar. Saiba disso.

Sabe por que você não manda o maledicente calar a


boca? Porque você tem medo de que ele vire as costas
e saia falando mal de você. É por isso. Isso se chama
covardia. Você é um covarde, porque tem medo que
o sujeito fale mal de você no ambiente de trabalho
— e ele vai falar, obviamente. Afinal, você o constran-
geu. Você deixou patente, na cara dele, uma miséria
que ele tem. É isso o que você fez com ele. E não pre-
cisa xingar ninguém, não, é só falar tranquilamente
“Olha, eu não quero essas conversas. Em 2020 eu fiz
um propósito: não falarei mal de ninguém, nem ou-
virei ninguém falar mal dos outros na minha frente.
Não quero isso, então nem fale, que não quero ouvir.”

27
Pronto.

Sabe o que acontecerá? Você ficará isolado no seu


ambiente de trabalho, mas isolado sabe de quem? Do
grupo de maledicentes, caramba. O grupo de male-
dicentes se isolará de você, e o grupo de pessoas que
não gosta dos maledicentes, mas que é “educada”,
vão se aproximar de você. É só isso, simples assim.

E quando o sujeito for falar mal de você — porque


isso vai acontecer —, no outro grupo, metade vai ou-
vi-lo e responder “É, é mesmo, o fulano é um mal edu-
cado, está se achando superior”, e a outra metade vai
pensar “Caramba, é mesmo, né? Essa história já deu
no saco, é chato pra caramba ficar falando mal dos
outros.” É só isso que vai acontecer. Entende que não
é nada demais? Você terá um prejuízo, mas ele é ín-
fimo.

O problema é que ninguém aguenta um mínimo


de prejuízo ou desconforto na vida. Quando eu falo
“Tome um café sem açúcar, tome um banho gelado,
não reclame”, isso é justamente uma preparação para
aguentar esses mínimos desconfortos que te fazem
ser gente, caramba.

“Italo, e se for num ambiente de família, como faz?


Na minha família só tem maledicente.” Ora, é igual.
Igualzinho! Quando sua avó começar a falar mal de

28
alguém, você fala “Ih, vó! Em 2020 eu fiz um propósi-
to, fiz uma promessa para Santa Rita: não escuto mais
ninguém falando mal de ninguém. Não vou ouvir a
senhora falar isso aí não, vó.” Sua avó ficará puto con-
tigo, te achará um mal educado, dirá “Não foi essa a
educação que dei ao meu filho! Ele não educou bem
o meu neto, você virou um malcriado”. A questão é
que você estará certo e sua avó estará errada. Não
acontece nada além disso. Sua avó ficará constrangi-
da e envergonhada, afinal de contas é uma velha que
deveria estar dando exemplo e não falando mal dos
outros pelas costas. É só isso.

Quando chegar seu primo falando mal de alguém,


você diga “Bicho, veja que maneiro: neste ano não
vou ouvir ninguém falar mal de ninguém na minha
frente. Ninguém mesmo. Não quero ouvir. Vamos falar
de carros, de futebol, de mulher, mas não quero ouvir
você falar mal do nosso primo Brunão, cara. Não que-
ro saber de fofoca, não quero saber da vida dele. Se
eu quiser saber da vida do Brunão, vou ligar pra ele
e perguntar se ele está precisando de ajuda. Não vou
ficar aqui te ouvindo falar que, mais uma vez, ele se
endividou, montou uma franquia e está quebrado de
novo. Dane-se, não quero ouvir isso, e não vou.”

O problema é que você é um merda de um covarde e


está querendo empreender e descobrir seu propósi-
to, é covarde está querendo, ao mesmo tempo, ema-

29
grecer e ficar sarado, é covarde e está querendo ter
uma vida intelectual.

Sabe quando é que você conseguirá ter uma vida in-


telectual, emagrecer e empreender, sendo um covar-
de? Nunca! E é por isso que a sua vida está travada, é
por isso que você está paralisado. Nem as firulinhas
do dia a dia você consegue resolver; você é incapaz
de não ouvir um maledicente com educação. Não
estou mandando ninguém mandar xingar o maledi-
cente, não. É com educação, caramba. Só isso.

“Italo, mas é verdade. O Brunão sempre se endivi-


da, e ele realmente abriu uma franquia dO Boticário
num ponto horroroso, onde ninguém compra perfu-
mes nem cremes, ou seja, vai se endividar mais uma
vez.” Meu amigo: dane-se. Você não está entendendo
o que estou dizendo. Dane-se. Isso não é assunto de
gente, caramba.

Estamos numa sociedade onde falar mal dos outros é


o único assunto. O segredo de quem prospera, ama-
durece e chega longe é parar de prestar atenção nes-
sa desgraça, caramba. Não deixe esse ambiente ao
teu redor te afetar. Mas pra fazer isso, você precisa
de força e valentia. Lembra-se? Trabalhe, sirva e SEJA
FORTE, caramba. Seja forte. Esse tipo de coisa só se
conquista com violência, com força. Não há outra
forma de conquistar certas coisas na vida; você pre-

30
cisa de força para deixar de ser um covarde. Sua vida
está paralisada, e em múltiplos campos, porque você
é um covardão.

“Italo, mas como assim sou uma covardona? Tenho a


força do feminino em mim!” Que mané força do femi-
nino! Que força do feminino é essa? Tá maluca? Você
é uma fofoqueira, isso sim, é uma covarde que deixa
a fofoca rolar ao seu redor sem perceber que ela con-
tamina sua alma e sua vida.

Quando vierem falar mal de alguém pra você, lem-


bre-se: “Preciso de força e violência. Não há como
sair dessa situação sem botar um basta nessa coi-
sa.” E, imediatamente, diga: “Eu não quero te ouvir,
cara. Fiz um propósito para 2020, estou seguindo um
cara muito doido no Instagram e ele falou umas coi-
sas que têm muita razão. Uma delas é a seguinte: não
vou ouvir ninguém falar mal de ninguém. Não me
leve a mal, mas não quero ouvir esse papo. Vamos
falar de outra coisa, se você quiser conversar. Eu sei,
né, o trabalho está chato pra caramba, está na hora
daquele breakzinho. Mas vamos falar de outra coisa.”

Ou, ainda, diga: “Vamos para um papo lixo que, ao


menos, não fale mal de ninguém. Vamos falar do tem-
po. Tá quente pra caramba, né? Que loucura, acende-
ram o maçarico, isso aqui tá uma sauna, falta só o
eucalipto.” Esse papo lixo sobre o clima é um assunto

31
superior e mais digno do que falar do Carlos, que tra-
balha na baia da frente de vocês. Dane-se que o Car-
los tem bafo, dane-se que ele está tomando chifre da
mulher. Dane-se! Você não precisa saber, não é pra
falar disso, caramba. Você precisa de violência para
botar esse ponto final. Não há uma forma de dar um
basta sem que o outro fique constrangido e sem que
você lhe deixe patente a miséria que há nele.

Não é para fingir que não ouviu e mudar de assunto,


é para falar. Você ouviu, sim, que o outro está falando
mal, e você deixará claro que ele está falando mal e
deixará claro que não participará mais disso. É evi-
dente que pode acontecer de você ficar isolado, des-
locado do grupo, e o mais normal é que isso acon-
teça mesmo. Dane-se. É melhor, vai te sobrar tempo
para estudar, trabalhar melhor, fazer oração, rezar o
terço, ligar para a sua família, responder sua mulher
no WhatsApp... Sobrará tempo para uma pancada de
coisas, porque aqueles filhos da mãe não virão mais
te encher o saco. O que não faltará é coisa pra fazer.

Estão dizendo aqui “Não pode só mudar de assun-


to?” NÃO! O exercício não é esse. Não é para mudar
de assunto, porque isso seria fraqueza. Eu quero que
você exercite a força de botar um ponto final calmo.
Não é pra mandar ninguém às favas. É só dizer “Na-
nanão, em 2020, não. Não quero esse papo, não vou
falar disso. Se você quiser conversar comigo, a gen-

32
te conversa, mas não disso.” Pronto, simples assim. E
com a família é para fazer a mesma coisa. “Italo, mas
com a família é difícil, né?” Eu sei! Exatamente! Assim
como é difícil tomar banho gelado ou ficar sem o seu
cafezinho.

Essas atitudes são uma preparação para as coisas


que de fato importam. Dar as costas ao maledicente
e botar um ponto final na maledicência é algo sem
o qual você não progredirá na vida. Esse exercício é
para ontem. Não é para ser o chato, não. É só pra fa-
lar que não quer ouvir — e, assim, elevar seu estatuto.
Quando você não ouve o maledicente, você se eleva,
porque ganha uma força que achava que não tinha.
Você percebe que não perde nada quando se priva
de uma relação mesquinha; pelo contrário, só ganha.

Há, porém, uma parte do seu espírito, da sua alma,


que sentirá isso como perda, afinal, alguma coisa você
perdeu: você era um penico, uma privada na qual o
outro descarregava todas as sujeiras dele, e você per-
de isso. Nossa alma é tão maluca que notamos isso
como perda. Você pode realmente sentir falta, veja
a porcaria que você se tornou! Você se tornou um
excremento e não notou; está sentindo falta de ser
penico. Você é uma latrina, e ainda sente falta disso.
Que saco, hein?

“Então é por isso que a minha vida está uma droga?”

33
Oh, parabéns, Sherlock Holmes! Dentre outras coisas,
sim! Você está cultivando um Ser latrina, você está
sendo um banheiro químico, público, no qual todo
o mundo entra, abaixa a braguilha e deposita suas
sujeiras — e você acha isso bom! Defecam em cima
de você, e você acha isso bom! Você está fedoren-
to, sujo, fedido, e acha isso lindo e maravilhoso, não
consegue botar um ponto final nessa porcaria.

Que dignidade você acha que tem? Nenhuma, zero.


Como espera que as pessoas te ouçam? Assim elas
nunca, jamais te ouvirão. Simples assim. Por isso é
que sua família não te dá ouvidos e ninguém te ouve
em lugar algum, por isso é que as coisas que você
fala não têm importância, por isso é que você não
consegue conquistar seus objetivos, não consegue
emagrecer, ganhar dinheiro, manter um relaciona-
mento.

“Italo, não sei se vou conseguir.” Seu covarde. Você


não consegue falar “não”? É simples. Os exemplos são
os mais simples do mundo. É fácil falar, eu mesmo já
falei mil vezes, com toda a educação. Já disse e repi-
to: não é pra xingar, não é pra ofender ninguém —
até porque a pessoa já vai se sentir ofendida quando
você falar, com educação, que não é latrina pra ficar
ouvindo lixo.

E não me venham com “É isso aí, vou criar um am-

34
biente de positividade ao meu redor.” Não vai ter po-
sitividade nenhuma! Só vão falar mal de você. Esse
ponto final, inclusive, atrai o maldizer dos outros so-
bre você. Não há positividade alguma aí, pare com
esses chavões escrotos que não significam porcaria
nenhuma. Quando você der um basta na maledicên-
cia, uma parte do ambiente falará mal de você, e da-
ne-se, te sobrará tempo.

“Italo, mas se eu fizer isso, não serei promovido na


minha empresa.” Vá tomar banho. Deixe de ser um
mentiroso falso e cego! Você nunca será promovido
assim. E se não foi promovido até hoje, é porque isso
que você está fazendo também não está funcionan-
do! E, quer saber do que mais? Ninguém te promoverá
a um cargo importante se você for um maledicente,
porque ninguém quer trabalhar com um maledicente,
afinal ninguém quer conviver com essa gente patéti-
ca.

Se você é o sujeito que ouve a fofoca (e obviamente,


quando ouve, alguma coisa você fala também), você
se tornou uma pessoa com a qual não se pode con-
tar. Não podemos confiar em maledicentes e, no final
das contas, queremos distância deles, então não seja
a pessoa que compactua com isso.

Afaste-se dessa gente desprezível — e me desculpe,


mas precisamos botar algum juízo na cabeça. Não

35
estamos julgando, dane-se a pessoa do maledicente,
o fato é que a fofoca que ele faz é desprezível. Se ele é
desprezível, não sei e não me importa. Importa é que
este ato do maledicente é um ato desprezível com o
qual não compactuaremos, do contrário nossa vida
não progride.

Exercício para amanhã: ponha um basta calmo no


primeiro sujeito que vier falar mal de alguém em tom
de fofoca, de piada escrota, de gracejo. Tenha cora-
gem de olhar para aquele sujeito que, como eu você,
não vale porra nenhuma, e falar “Não vou ouvir essa
história sua.” Simples assim. “Não quero.” A pessoa
não terá o que falar, ficará com cara de bunda, dará
uma desculpa, irá embora, ficará mordida por dentro
(afinal, ninguém gosta de ser humilhado assim), e fa-
lará mal de você na primeira oportunidade. Já saiba
disso: o maledicente não vai te achar lindo e maravi-
lhoso; vai te achar prepotente, arrogante, se achando
melhor que os outros. Dane-se, sabe por quê? Ele já
fala mal de você pelas suas costas, então agora pelo
menos ele terá algum motivo.

E quando o maledicente contar o ocorrido para o ou-


tro grupo, dois ou três daquele grupo pensarão “Ca-
ramba, não é que ele tem razão? Essa fofocagem toda
é uma desgraça mesmo.” E talvez eles venham falar
contigo, e quando vierem, já responda: “Não quero
que isso seja assunto, porque neste ano não ouvirei

36
ninguém falar mal de ninguém.” Não ouviremos. Va-
mos trabalhar direito, rezar, dar esmola para mendi-
go, emagrecer já que estamos gordos, tomar banho
frio... Este ano será do caramba. Não falaremos mal
de ninguém e nem ouviremos ninguém falar mal dos
outros, porque isso aí já deu.

Estamos acostumados com um nível humano muito


baixo. Essa maledicência toda não é normal. Um am-
biente no qual as pessoas se relacionam assim não
é normal absolutamente; é doença, é coisa de gente
doente.

Estão perguntando aqui novamente: “Italo, não basta


mudar de assunto?” Vou repetir mil vezes: mudar de
assunto NÃO resolve, porque você precisa de FORÇA!
Uma força mínima de ser humano! Se você não tem
força para falar isso, você não vale nada, é um traidor,
e na primeira oportunidade que tiver de trair e ser
desleal com alguém, você trairá e será desleal. Você
tem que cultivar força, caramba, então não é pra mu-
dar de assunto. É pra falar o que estou dizendo: “Não
vou ouvir ninguém falar mal de ninguém, não quero
ouvir esse seu assunto, beleza?” Ponto.

Prestem atenção, que às vezes precisamos dizer o


óbvio, e o óbvio é isto: essa maledicência rotineira
não é normal. Isso é ambiente doente, é coisa de gen-
te adoecida. Saiba disto: você está doente, por isso

37
é que a sua vida está um lixo. “Italo, a minha vida
não está um lixo. Estou magro e ganhando dinheiro.”
Dane-se! Você tem uma mancha moral, intelectual e
espiritual tão grande, que estou conseguindo vê-la
daqui. Não estou te pedindo para ser nenhum herói,
mas se você quiser ser uma coisinha a mais na vida
(e essa coisinha “a mais” é simplesmente ser gente,
ser pessoa), precisa parar de prestar ouvidos a essa
maledicência.

Não quero que você seja herói, santo, sábio, nada dis-
so. Basta ser gente, se livrar dessa doença, desse am-
biente adoecido. Você precisa se comprometer com
parar de ser um covarde. Essa covardia, que é mani-
festada nessa fraqueza sua, contamina múltiplos do-
mínios do seu ser. Você não nota, e é burro, desleal,
lento e gordo por causa disso. “Italo, mas você colo-
ca ‘burro’ e ‘gordo’ no mesmo caminho?” Sim, porque
em regra, ambos são fruto da preguiça e da falta de
força de vontade. É assim que é. Não fique magoado
nem chateado, alguém tem de falar essas coisas pra
vocês. Ouça isto com todo o carinho do mundo (que
é o que sinto por você agora), e entronize, ponha pra
dentro, cultive essas palavras dentro de si. Você já irá
enxergar onde tem que aplicar isso.

No mínimo, vamos começar 2020 tentando sanear,


deixar são esse ambiente. Nós somos reclamões; o
ser humano não tem qualidades, mas o fato é que

38
melhoramos quando fazemos essas coisas. Quando
fazemos um pacto conosco mesmos de não ouvir o
maledicente, ganhamos uma força, deixamos de ser
covardes, e nós mesmos reclamamos muito menos.
Damos um salto de qualidade, que é da doença para
a normalidade, para a saúde. E, num ambiente sau-
dável, conseguimos desenvolver nossa vida, nossa
biografia. O problema é que estamos acostumados
a um nível de doença vital e social e biográfica que
não é normal.

Perguntaram: “E se o maledicente for seu chefe?” É pra


fazer igual! Preste atenção: ele não vai te demitir por
causa disso. Sabe o que acontecerá? Ele olhará para
a sua cara, ficará puto e constrangido como qualquer
outro, e confiará em você. Se o seu chefe é o maledi-
cente, melhor! Você precisará de mais coragem, mais
violência, e ainda terá benefícios financeiros que na
família não tem. Na relação de trabalho, você terá.

Se forem seus iguais, você apenas ficará isolado. Se


for o pessoal de baixo, ou seja, seus funcionários, você
os educará, e se for o seu chefe, que está acima, você
mostrará a ele uma consistência vital, de caráter, por-
que não há nada que um chefe espere mais de um
funcionário do que caráter. Ele não te mandará em-
bora, ele confiará em você e te promoverá em menos
de 6 meses, te puxará para um cargo de confiança.

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Entende o nível da nossa doença? Não conseguimos
notar o que acontece claramente no ambiente de um
sujeito que não compactua com a maledicência. Não
seja covarde e não dê desculpa. Não é o que seu che-
fe espera de você, e não depende do chefe, isso é a
sua covardia falando. Já vi acontecer mil vezes, e mil
vezes é assim.

Não aceite ser uma latrina, e saiba: há uma parte da


sua alma que deseja ser latrina. O ser humano é aque-
le bicho que tem, dentro de si, mil tensões diferentes;
é como se fôssemos rasgados o tempo todo, uma par-
te de nós querendo ser nobre, a outra querendo ser
vil, a outra querendo ser corajosa, a outra covarde.
Somos assim. Há uma parte em você que deseja ser
latrina e receber dejetos. Essa parte faz com que você
caia e nunca progrida, faz com que você chegue ao
final do ano e pense “É, esse ano não foi grande coi-
sa, eu não fui bem eu.”

Pronto. Amanhã, é dizer NÃO ao maledicente. Não é


para mudar de assunto, é para dizer não e falar “Cara,
neste ano não ouvirei ninguém falando mal de nin-
guém.” E se o maledicente for seu chefe, você ainda
terá uma recompensa financeira com isso. Se a pes-
soa for de baixo, você a educará, e se for do seu lado,
você ficará isolado. Isso é o que acontecerá.

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LIVE #108

VOCÊ É O DOTÔ QUE ESPERA SER


SERVIDO? VOCÊ É RIDÍCULO!

Hoje, falaremos sobre uma soberba que se manifes-


ta num certo domínio da vida. Preste atenção! Tenho
cinco filhos já moleques, que já estão na idade de
ajudar, andar, fazer gracinha e, no final das contas,
eles têm mãos, pernas e alguma capacidade cogniti-
va mínima também, o que lhes permite participar das
responsabilidades com as coisas deles. Isso é a coisa
mais óbvia do mundo, e só num tempo muito louco
como o atual é que privamos a criança de cuidar das
coisas importantes da casa, tirando, assim, a respon-
sabilidade dela.

Leonarda (minha madrinha) e toda minha família


materna moravam numa aldeia, em Portugal, per-
to da cidade de Viseu. Meus avós e meus tios eram
camponeses, por isso estavam submetidos ao regime
cósmico e, assim, aos ciclos das estações e do plan-
tio e colheita. É óbvio que, ao chegar o momento da
colheita, eles precisavam ir ao campo com os filhos
mais velhos, a fim de ceifar o que era necessário, co-
lher, ensacar e, por fim, trazer tudo para o celeiro.
Naquele tempo, Leonarda, com oito anos, era quem
cuidava dos irmãos mais novos – na época, minha
mãe e meu Tio Afonso. Cuidar significa o quê? Pegar

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o coelho que havia sido abatido, cozinhá-lo, guisá-lo
e, depois, colocar a mesa, para que ela e as crianças
comessem. Além disso, significava também varrer e
limpar a casa, espantar os lobos. Assim, vivia uma
criança de oito anos – alguém que já tem pernas e
consegue fazer essas coisas. Só uma geração doente
como a nossa priva as crianças dessas responsabili-
dades reais em casa. Depois, as pessoas não sabem
o porquê de moleques de 14 anos não fazerem nada.
Isso acontece porque você foi o primeiro a não dei-
xar o moleque fazer alguma coisa.

É claro que uma criança novinha – com idade entre


5 e 6 anos –, ao colocar o Nescau e o leite no copo,
por exemplo, vai derrubar algo. Foda-se! Você vai lá
e limpa a sujeita! Mas se você não deixar seu filho fa-
zer determinadas coisas, ele virará um “aleijado”, um
zero à esquerda, alguém que não fará nada – tudo
isso dá trabalho e se chama educação. Mas não é a
respeito disso que falarei hoje, apesar de ser algo que
está na raiz do assunto desta live.

O que acontece? O sujeito acha que criança tem que


fazer as coisas, obedecer, mas até ele não consegue
implementar essa merda. Por quê? Porque temos uma
mentalidade maldita. Por exemplo: quando essa mes-
ma pessoa deixa de ser estagiária num ambiente de
trabalho, por causa de uma promoção – uma mer-
dinha qualquer, do tipo analista ou gerente júnior,

42
que ainda assim não consegue pagar as contas – ela
agora tem um “nome”, é “foda”, alguém “a quem toda
a família deve dignidade e palmas” –, sabe o que
essa pessoa faz? Não consegue mais limpar a pró-
pria bunda nem tirar o lixo (papel de bala e relató-
rios, por exemplo) que produz. Esse indivíduo torna-
-se um “aleijado”. É preciso vir um “escravo/serviçal”
e servi-lo. Isso é a porra da mentalidade escravocra-
ta maldita que existe tanto na cabeça do brasileiro,
como nas de muitos pelo mundo, ou seja, a pessoa
não consegue mais fazer um cafezinho ou pegá-lo.
Você, gerente júnior, não morre se pegar um café.
Numa festa em família, você também não morre após
tirar os pratos da mesa – sobretudo se for o sujeito
que prosperou. Levante e pegue o copo se alguém te
pedir! Ponha gelo e sirva a todos! Quem não faz isso
é gente filha da puta, soberba pra cacete! Pessoas as-
sim não prosperam na vida. Vão estagnar! Acabam
se contentando com aquela merdinha conquistada
profissional e socialmente e não fazem mais nada.

Isso aqui é exercício para nós também. Por causa de


uma soberba interior, as pessoas andam muito aco-
modadas. “Eu não sou garçom! Vou servir aos outros
para quê? Eu não sou faxineiro! Por que vou limpar
meu lixo? Se não sou servente, por que vou fazer meu
cafezinho?”. Desça do palco! Em todas as manhãs,
você tem que olhar para essa sua cara no espelho e
falar: “Desça do palco, seu animal!”. Você não veio ao

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mundo para ganhar palmas das pessoas! Ninguém
tem que te servir, não. Desça do palco, pois está ence-
nando um papel escroto pra caralho todo santo dia!
No dia a dia, temos mil oportunidades para tirar o
prato da mesa, recolher o lixo que nós produzimos e
pegar um cafezinho lá fora. Isso é asqueroso!

Veja só: a comunista Dilma com três pessoas segu-


rando o guarda-chuva dela; já a Rainha Elizabeth II
segura o próprio guarda-chuva. Isso é uma coisa tão
evidente... você não pode segurar a merda de um
guarda-chuva? Em qual demônio você se transfor-
mou? Agora, quanto às crianças, você acha que elas
devem tirar o pratinho da mesa e colocá-lo na pia.
Você se transformou num demônio soberbo, inútil,
escroto, asqueroso, ou seja, alguém que não serve
para nada.

Atenção! Isso aqui é exercício! Você deve se olhar no


espelho de manhã e falar: “Desça do palco, animal!
Você está muito besta! Estou com vergonha do su-
jeito que você se transformou!”. Só falta você tocar a
campainha e vir alguém limpar seu rabo. Você não
é gerente júnior, cara? Alguém assim limpa a pró-
pria bunda? Nossa! Que diminuição! Você não ga-
nha para isso! Então, ao defecar no banheiro do seu
escritório, toque a campainha, para que a servente
te limpe. Acho que você precisa disso, pois não está
na sua dignidade de gerente júnior. “Na minha famí-

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lia, eu sou o sujeito que tem mestrado, tá? Eu tenho
uma dissertação. Estou até finalizando o doutorado
agora. Então, quem sou eu para pegar um prato na
reunião familiar no subúrbio? Eles que peguem! Eu
tenho uma grande dignidade!”. Oh, meu Deus! Você
não entendeu nada a respeito da vida.

Para começar, você é um merda! Se você fosse o Trump


ou a Rainha Elizabeth II, eu nem falaria nada, afinal,
eles estão no topo do mundo mesmo. Mas você é o
quê? Uma merda de gerente júnior. Olha, você tem tí-
tulo! “Eu sou mestre, porque fiz mestrado. Sou doutor,
pois fiz doutorado. Você é médico, mas não é doutor.
Eu é que tenho doutorado... ah, eu tenho doutorado,
então não limpo minha bunda. Toco a campainha e
peço para meu primo (que tem uma oficina) limpá-
-la”. Que merda é essa, cara? Olhe sua mentalidade!
Que tipo de demônio você acabou se tornando? Sabe
o que está acontecendo com seu espírito, sua alma
e sua biografia? Você está se corrompendo. As pes-
soas te olham e veem uma podridão, uma mácula.
Sua biografia está maculada mesmo. Eu não quero
você no meu time. Se você não pega um copo, eu não
quero você, cara! Você é um soberbo de merda! Sabe
o que vai acontecer? Isso é coisa de quem serviu no
Exército: nós fazemos o que precisa ser feito! Você é
uma pessoa escrotíssima! É isso que você é!

Uma vez fui jantar na casa da Lara Nesteruk e do Dr.

45
Neto – foi ótimo, uma comidinha boa que ela cozi-
nhou, depois pedimos um cookie para a sobremesa.
Posteriormente, li um comentário da Lara nos stories
dela, em que mencionava a mim e ao Fernando – que
havia jantado lá na semana anterior: “Uma coisa que
me chamou muita atenção nos dois foi que eles não
ficavam esperando sentados na mesa. Levantavam e
se dirigiam à pia. Abriam a garrafa de vinho, pega-
vam a louça, arrumavam a mesa”. Eu falei: “Mas não é
isso que se faz?”. A surpresa veio devido à compara-
ção. As pessoas ficam acomodadíssimas. Sabe qual é
o nome disto? É uma soberba oculta. Por quê? Porque
você sabe que é um merda. Ninguém duvida disto. E
não estou aqui para refutar a teoria de que você é as-
sim. Em vez de camuflar essa porra com atos de ge-
nerosidade, lealdade, serviço e inteligência – coisas
que, de fato, vão te dignificar –, você quer dignificar
sua biografia com algo que você não tem. Você não
é!

Não há nada que irrite mais do que uma pessoa odio-


sa e tosca dignificada por algo que ela não tem, por
exemplo: um político. Imagine um político tosco, bur-
ro e mau caráter, mas que “deve ser chamado de Ex-
celência”, do tipo “Oh, Dona Excelência! Dá licença
aqui”. Ou “Aqui, nesta conferência, vamos saudar as
autoridades civis e eclesiásticas”. Aí todo mundo saú-
da aquele político que não vale um centavo. O que
irrita mais é ver um sujeito que não tem uma digni-

46
dade intrínseca ser dignificado por uma coisa que
foi sobreposta nele. É isso que acontece quando você
não levanta numa reunião familiar para tirar o prato
da mesa, não pega seu cafezinho nem retira seu lixo.
Esta live não é para você que é gerente júnior... tem
doutorado... “alguém que é especial”. É só para gen-
te como nós, pois sabemos que não valemos coisa
nenhuma. Se não formos dignificados por algo que
estamos fazendo... e vou dizer mais: aquele que qui-
ser ser o primeiro seja o último. Que a gente sirva aos
demais. Devemos ser os servos dos servos, ou seja,
precisamos servir aos servos. Uma faxineira pega
dois ônibus – às vezes, três – para chegar fodida no
trabalho, sem dinheiro, mas rindo. Na escala da em-
presa, ela está lá embaixo – a função dela pode ser
exercida por qualquer um. Cara, sirva a essa mulher!
Não estou brincando, não! E é para servir calado e
escondido. Mas não é um escondido com vergonha,
porque você é tão filho da puta a ponto de querer
usar isso para se capitalizar! Não é um escondido por
vergonha, mas para você não desejar receber confe-
te e purpurina. É disto que estou falando! Recolha a
bandeja do shopping, seu merda!

Toda a meditação desta live havia acontecido bem


anteriormente, mas lembrei disto por causa do hos-
pital ontem – estava lá com minha avó, a coitada está
no CTI, mas consciente, não está entubada. Aí fomos
lá embaixo comer algo. Levantei da mesa, onde es-

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tava com outras pessoas, dei três passos, olhei para
trás e reparei que minha bandeja estava ali. “Não pe-
guei a bandeja, que imbecil! Só por ser um influencer,
um dos médicos mais seguidos do Brasil, você não
pega mais a bandeja, seu merda? Que porra é essa,
Italo? Antigamente, você era o primeiro a fazer isso.
Não o faz agora porque está ministrando curso lo-
tado e tem livro best seller? Sua mão vai cair? Você
tem mão de ouro agora, seu babaca? É isso? Que ver-
gonha! Vocè é o cara que aparece todos os dias, às
12h52, pedindo para os outros servirem? E não pega
a merda da bandeja por pensar apenas na vovó que
está no CTI? O que a servente tem a ver com isso?”.
Eu dei dois passos e reparei nisso, ninguém pegou;
eu também não peguei. Pensei: “Que é isso, cara? A
mão vai derreter? É só uma bandeja. Você não é he-
rói nem santo por causa disso. Agora, ao não fazer
isso, você se torna um gerente júnior, do tipo “Não,
eu não pego bandejas! Não sou pago para isso. E tem
mais: há uma escrotinha aqui, ela tem mais é que tra-
balhar mesmo. Esse é o trabalho dela, e não o meu”.
Se você pensa assim, pense longe de mim! Eu não
quero você na minha vida nem no meu time. Não te
quero em nenhum lugar! Se quiser ser meu aluno ou
paciente, pare de pensar assim e volte com o rabo
entre as pernas! Faça isto pedindo perdão não para
mim, mas para essa vida que você deixa escorrer pe-
las suas mãos. Seja humilde! É a única coisa exigida
aqui. Cale sua boca, dê dois passos para trás e pegue

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a bandeja do shopping. É disto que estou falando!

Quando você chegar na casa de algum parente ou da


sua mãe – tudo bem, ela quer fazer o café para você,
deixe ela fazer –, levante e vá até a cozinha, para que
ela não precise ir até você na sala. Sua mãe e sua tia
gostam de te servir? Deixa-as fazer isto. Ótimo! É a
vida delas. Não há problema nisso. Mas você deve
levantar e ir junto. Se o seu irmão pedir para você ca-
minhar mil passos com ele, caminhe dois mil. Não há
problema nisto. Vá com ele! É só isso. Não seja essa
soberbinha! Olhe-se no espelho e reflita: “Você virou
uma bestinha, hein?! Desça do palco, seu animal! Re-
colha a bandeja! Sirva o próprio café! Limpe o pró-
prio rabo!” De repente, sua vida começa a andar.

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@italomarsili
italomarsili.com.br

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