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Carência Por Like
Carência Por Like
ALERTA ESPECIALISTA.
Diretor científico da Associação Americana de Psicologia diz que as redes sociais ativam
regiões do cérebro relacionadas à sensação de “quero mais”
Você tem o celular na mão o tempo todo. Você abre suas redes sociais, fica olhando o
telefone por um longo tempo, navegando automaticamente. Você guarda o telefone,
mas, apenas alguns minutos depois, abre novamente o aparelho para continuar vendo
as mesmas redes sociais que acabou de ver. A ação é repetida várias vezes ao dia.
Esta é uma cena comum? O que torna a mídia social tão atraente. Ou viciante?
“A maioria das redes sociais tem uma característica comum – o ‘curtir’ – que reforça o
comportamento da pessoa que compartilha o comentário ou foto, promovendo sua
repetição. Os likes têm se mostrado equivalentes a retornos relacionados a dinheiro ou
recompensas sociais”, disse Vidal.
“A mídia social capitaliza essa mudança biológica, dando-nos uma plataforma para
procurar essa reação bioquímica literalmente 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365
dias por ano”, disse Prinstein, observando que, é algo “perigoso porque não é a maneira
como os humanos estão acostumados a interagir uns com os outros”. E isso gera
vulnerabilidades.
“A maioria das pessoas parece usar a mídia social de maneira saudável”, disse Paul
Croarkin, psiquiatra infantil da Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota.
“É importante perceber que, nem tudo está errado com elas. Quando as usamos de
maneira saudável, podem criar oportunidades únicas para construir relacionamentos”,
acrescentou Croarkin.
Redes buscam “satisfazer necessidades”
As redes sociais conhecem você. Elas sabem, por meio de um algoritmo, do que você
gosta, o que mais causa curiosidade e interesse, e é por isso que oferecem um
conteúdo que faz você ficar mais tempo lá, disse Enrique Pumar, um sociólogo da
Universidade de Santa Clara, na Califórnia.
Segundo o sociólogo, por meio da interação social, o ser humano forma sua autoestima
e até mesmo sua identidade. Portanto, uma interação constante nas redes sociais tem a
ver com prestar atenção à vida das outras pessoas, e o que elas pensam sobre elas.
Essa curiosidade sobre nós mesmo pode ser a chave para entender o vício.
“O vício nas redes nada mais é do que uma necessidade social que hoje se manifesta
através de uma plataforma e de uma forma mais ampla e democrática, porque todos que
têm acesso à rede (e nem todos têm, é claro), podem participar”, afirmou.
Prinstein, da APA, diz que a dependência de “likes” nas redes sociais pode ser tão
problemático quanto o vício em drogas, jogos de azar ou videogames.
“Quando a pessoa não consegue controlar o uso, ou o uso ocupa grande parte da vida,
causa estresse e problemas no trabalho, na escola ou na saúde mental, é importante
estar alerta”, acrescentou.
“Devemos nos perguntar se estamos permanecendo nas redes por mais tempo do que o
esperado, se tentamos gastar menos tempo, mas temos dificuldade em parar, e se os
dedicamos muito para garantir acesso. Todos esses são sinais de vício “, disse
Prinstein, da APA.
Mas Croarkin insiste que, apenas usar as mídias sociais não significamos que estamos
viciados ou o uso é prejudicial.
“É importante perceber que, nem todo uso de mídia social é prejudicial à saúde e muitas
pessoas as usam de forma eficaz como suporte emocional e ferramenta de
comunicação”, disse.
Elas também podem criar um universo paralelo e nos afastar da vida real.
“Temos a tendência de acreditar que o que vemos é real, que todos os ‘likes’
representam o sentimento das pessoas e que os ‘assuntos atuais’ refletem o que a
maioria das pessoas acredita”, disse Prinstein. “Tudo isso é falso, mas muitas pessoas,
principalmente crianças e adolescentes, mudam a forma de pensar e agir com base no
que acontece no mundo virtual.”
As redes também podem “danificar discretamente a autoestima” de algumas pessoas,
como os adolescentes, alguns dos mais afetados pelo uso excessivo.
De acordo com uma pesquisa do Facebook, o Instagram pode ter um impacto negativo
na saúde mental e na imagem corporal de adolescentes, especialmente meninas.
Frances Haugen, uma ex-gerente de produto do Facebook, revelou documentos que
mostram que a plataforma sabe que é usada para espalhar ódio, violência e
desinformação, e que tentou esconder essa evidência. Segundo Haugen, a empresa
priorizou o lucro em detrimento do bem-estar das pessoas.
Embora haja riscos em usar redes sociais sem controle, não se trata de demonizá-las
apenas pela sua existência, mas de saber utilizá-las.
“Não se trata de eliminar ou retirar da sua vida uma rede social, uma droga, sexo, mas,
sim, fazer bom uso delas”, disse.
Dicas para controlar o uso excessivo do telefone celular
1. Identifique se há algo que você deseja melhorar em relação ao uso do seu telefone ou
das redes sociais.
2. Registre por quanto tempo você usa o telefone
3. Estabeleça limites de tempo para usar as redes
4. Conheça os fatores que desencadeiam seu uso
5. Esqueça o medo de perder algo se não verificar o telefone
6. Escolha atividades mais saudáveis
7. Estabeleça áreas onde o telefone é proibido
8. Pratique a higiene do sono
9. Desative as notificações
10. Remova as permissões para que você possa usar os aplicativos do seu notebook
11. Quando estiver com amigos, encoste todos os telefones para evitar o uso durante a
reunião
12. Aumente as interações pessoais fora do mundo virtual