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Análise frase 6:

“Mais respeito, eu não sou suas negas”

No Brasil, o racismo revela-se como um sistema profundamente enraizado que, ao longo de


toda a sua história, está intrinsecamente ligado à luta de classes. Uma das manifestações desse
fenômeno é a utilização de linguagem racista e estereotipada. (BERSANI, 2018).

A pesquisa foi realizada com 18 entrevistados, todos os entrevistados já ouviram a frase:


“Mais respeito, eu não sou suas negas”. 3 mulheres autodeclaradas brancas e 3 mulheres
autodeclaradas pardas nunca foi exposta a nenhuma situação que essa frase foi direcionada
diretamente a elas. 8 entrevistados nunca reproduziram essa frase, sendo eles 2 homens brancos, 2
mulheres pardas, 2 homens pardos, 1 mulher branca e 1 mulher preta.

De forma geral, os entrevistados problematizaram a frase, mas apresenta ter um conhecimento


limitado sobre o significado, justificando ser uma frase que todos falam de forma normalizada:

“Não acho nada demais, todo mundo fala né? (risos), mas é racista
mesmo!” T.L.R, 23.
“Assim, todo mundo fala né? Mas deve ser bem racista...minha mãe
falava isso comigo.” G.S.M, 29.

“Não sei muito bem o que dizer dessa frase, porém é uma expressão
que acaba pegando na boca do povo.” P.H.G.R, 23.

Almeida (2019) argumenta que em uma sociedade que o racismo está presente na vida
cotidiana e não tratam de maneira ativa e como um problema de desigualdade racial, facilmente são
reproduzidas em forma de violência verbal, piadas, silenciamento, isolamento.

Pergunta 6:

“Em sua opinião, qual é o pior efeito do racismo estrutural?”

A exposição ao racismo pode contribuir para o desenvolvimento de condições de saúde


mental, como depressão e transtornos de ansiedade, em indivíduos afetados por essa forma de
discriminação. Desde a infância, as pessoas negras na sociedade brasileira frequentemente
enfrentam rejeição, discriminação e uma sensação de invisibilidade em diversos contextos sociais,
incluindo o ambiente escolar. Esses fatores exercem um profundo impacto na saúde mental, uma
vez que têm efeitos diretos sobre a autoestima e o desenvolvimento desses indivíduos. (SILVA,
2018 apud OLIVEIRA; MAGNAVITA; SANTOS, 2017).
“Acredito que o pior efeito é o emocional da pessoa, por exemplo o
começo de uma depressão ou chegar ao ponto da pessoa se odiar ou
algo assim.” G.A.B, 23.

“As crianças que sofrem com isso né.” J.C.T, 28.

“Acho que ele impacta como um todo no sujeito, em todos os âmbitos


da pessoa que está sujeita a passar por isso, tanto na
socioeconômica, afetiva, social.” L.F.D.S, 28.

“Os traumas psicológicos que ficam com a pessoa.” C.F.R, 22.

Em uma análise das respostas dos 18 entrevistados, é possível observar que um dos efeitos
mais prejudiciais citados pelos participantes é essa questão que vai desde a desigualdade
socioeconômica até o impacto emocional e psicológico das pessoas afetadas. Também obteve
muitas respostas demonstrando uma preocupação sobre a normalização do racismo e não discussão
do mesmo.

“O pior efeito do racismo estrutural para a entrevistada é a


desigualdade, a falta de conhecimento, pois é algo tão normal mas
pesado ao mesmo tempo, e que contamina até a comunidade preta.”
T.L.R, 23

“É ser normal mesmo, e ninguém falar sobre isso..” G.S.M, 29.

“O tema ser tratado como normal e por isso continuar atingindo


tantas pessoas.” D.C.S, 20.

Durante a pesquisa, alguns entrevistados responde que o pior efeito do racismo estrutural é a
violência policial, e a morte por causa da diferença da cor da pele.

“Morte, muito triste quando a gente ouve noticia de alguém que


morreu por isso.” M.G.C, 52.

“Pior efeito é a marginalização de jovens e adolescente pretos, que


muitas vezes morrem. Outra questão é a sexualização da mulher
preta.” I.C.T, 27.

Domingues (2005) cita em seu artigo que a violência tem cor. Segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra tem 2,7 mais chances de ser vítima de
assassinato do que os brancos. O que implica que todos os indicadores, ilustram números
carregados com a cor do racismo
Referências:
ALMEIDA, Sílvio. Racismo Estrutural. São Paulo, Editora: Pólen, 2019.

BERSANI, H. Aportes teóricos e reflexões sobre o racismo estrutural no Brasil. Revista


Extraprensa, Universidade de São Paulo, 2018.

DOMINGUES, Petrônio. Ações Afirmativas Para Negros no Brasil: O Início de Uma


Reparação Histórica. São Paulo, 2005.

SILVA, Carolina Millena. O Impacto do Racismo na Saúde Mental das Vitimas. Universidade
Católica de Pernambuco – UNICAP, 2018.

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