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Princípio dos Trabalhos Virtuais

Energia de Deformação e Princípio da


Conservação de Energia

- A energia de deformação interna é a energia armazenada na


estrutura quando esta se deforma. A energia de deformação por
unidade de volume U0 armazenada nesse elemento é a área
abaixo da curva tensão x deformação.
- Uma estrutura deformável deve ser vista como um sistema
elástico, tal como uma mola linear. A diferença é que uma
estrutura é um sistema elástico contínuo, no qual cada ponto
armazena uma parcela da energia total de deformação.
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Energia de Deformação e Princípio da Conservação


de Energia
- A energia de deformação interna por unidade de volume pode ser
generalizada considerando-se as outras componentes de
deformação:

- Integrando-se U0 ao longo do volume tem-se a energia de


deformação interna total:

- Substituindo-se pela integral ao longo da área e do comprimento


do elemento de barra tem-se:
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Energia de Deformação e Princípio da Conservação


de Energia

- Na equação acima a parcela de energia total devido à torção é


válida para seções transversais com simetria radial.:
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Energia de Deformação e Princípio da Conservação


de Energia
- Para se aplicar a energia de deformação interna no princípio geral da
conservação de energia adota-se as seguintes premissas:
- O carregamento é aplicado lentamente (não há vibração – energia
cinética).
- O único tipo de energia armazenada pela estrutura é a energia de
deformação elástica.
- A energia de deformação por efeito cortante é desprezado, pois é muito
menor que as demais parcelas (a menos que a viga seja curta).
- A estrutura tem um comportamento linear-elástico com pequenos
deslocamentos.
- Princípio da conservação de energia:
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Energia de Deformação e Princípio da Conservação


de Energia
- Exemplo – calcular o deslocamento D1 na viga abaixo, utilizando o
princípio da conservação de energia:

- Trabalho das forças externas:


- Energia de deformação total:
- Princípio da conservação de energia tem-se:
- Deslocamento D1:
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Energia de Deformação e Princípio da Conservação


de Energia
- O princípio da conservação de energia não permite o cálculo de
deslocamento de uma forma genérica.
- O princípio da conservação de energia só permite calcular
deslocamentos para o caso de solicitação de uma força
concentrada, e o deslocamento calculado tem que ser no ponto
de aplicação e na direção da força. Analogamente, também é
possível calcular a rotação na direção de um momento
concentrado aplicado.
- A solução para essa limitação é a generalização desse princípio
para o Princípio dos Trabalhos Virtuais.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio dos Trabalhos Virtuais


- Seja o sistema de forças (FA, fA) em equilíbrio e uma configuração
deformada (DB, dB) compatível.
- FA é um sistema de forças externas (solicitações e reações de
apoio) atuando sobre uma estrutura.
- fA são esforços internos (NA, MA, QA) em equilíbrio com FA.
- DB é um campo de deslocamentos externos (elástica) de uma
estrutura.
- dB é um campo de deslocamentos relativos internos (duB, dθB,
dhB) compatíveis com DB.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio dos Trabalhos Virtuais


- Não existe relação causa-efeito entre (FA, fA) e (DB, dB).
- O balanço entre o trabalho externo e a energia de deformação
interna combinando esses dois sistemas independentes resulta
no Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV):

- O “termo” ½ não aparece em ambos os membros da igualdade,


pois aqui não existe relação causa-efeito (força-deslocamento).
- Devido a essa independência entre forças e deslocamentos o
termo virtual se aplica. Em outras palavras, o trabalho WE e a
energia de deformação U são ditos virtuais porque são meras
abstrações de cálculo.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio dos Trabalhos Virtuais


- Esse princípio pode ser utilizado de duas formas:
- Impondo-se condições de compatibilidade a uma configuração
deformada (D, d) qualquer; escolhe-se arbitrariamente um
sistema de forças virtuais (Fv,fv), do qual se saiba que satisfaz as
condições de equilíbrio. Esta versão do PTV é chamada de
Princípio das Forças Virtuais.
- Impondo-se condições de equilíbrio a um sistema de forças (F,f)
qualquer; escolhe-se arbitrariamente uma configuração
deformada virtual (Dv,dv), do qual se saiba que satisfaz as
condições de compatibilidade. Esta versão do PTV é chamada de
Princípio dos Deslocamentos Virtuais.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio das Forças Virtuais


- O Princípio das Forças Virtuais (PFV) é uma das principais
ferramentas para a determinação de deslocamentos em
estruturas.
- O sistema virtual trabalha com a mesma estrutura, mas com
cargas diferentes.
- As cargas do sistema virtual são compostas de uma força (ou
momento) escolhida arbitrariamente na direção do deslocamento
(ou rotação) que se deseja calcular e de suas correspondentes
reações de apoio.
- As cargas do sistema virtual não existem na realidade (por isso,
são ditas virtuais) e são meras abstrações para cálculo.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio das Forças Virtuais


- Exemplo - deseja-se determinar o valor do deslocamento D2 em
um ponto qualquer definido por uma distância “a” ao apoio da
esquerda.
- O sistema virtual é definido arbitrariamente com uma força P2v
aplicada nesse ponto e com a mesma direção do deslocamento.
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Princípio das Forças Virtuais


- O PFV permite o cálculo de deslocamentos e rotações de forma
generalizada. As cargas da estrutura real podem ser quaisquer e
pode-se calcular deslocamentos e rotações em qualquer ponto e
direção.
- A força virtual P2v é irrelevante, haja vista que o valor dessa força
vai se cancelar na expressão acima pois o diagrama de momentos
fletores virtuais Mbarra é uma função linear de P2v . Entretanto,
usualmente adota-se um valor unitário para a carga virtual.
- Observa-se que a aplicação do PFV para o cálculo de
deslocamentos em estruturas que trabalham à flexão resulta no
cálculo de uma integral que combina diagramas de momentos
fletores nos sistemas real e virtual.
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Princípio das Forças Virtuais


- Tabela de integral de funções para a aplicação do PFV:
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Princípio das Forças Virtuais


- Para um pórtico plano a expressão geral do PFV para o cálculo de
um deslocamento genérico de um ponto é dada por:

- Para uma grelha a expressão geral do PFV para o cálculo de um


deslocamento genérico de um ponto é dada por:

- A última integral nas equações acima só é considerada quando a


relação L/h<4 (vigas curtas); no demais casos a parcela de energia
fruto do cortante é desprezível diante das demais parcelas de
energias.
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Princípio das Forças Virtuais


- O Método das Forças utiliza uma estrutura auxiliar isostática, chamada Sistema
Principal, obtida da estrutura original (hiperestática) pela eliminação de
vínculos (apoio ou continuidade interna), sendo os deslocamentos e rotações
calculados nas direções dos vínculos eliminados.
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Princípio das Forças Virtuais


- Exemplo de aplicação PFV para o caso de pórtico plano, para
calcular o deslocamento Δx horizontal no apoio da direita:
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Princípio das Forças Virtuais


- A energia de deformação interna virtual:

- Parcela devido ao esforço normal:


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Princípio das Forças Virtuais


- Parcela devido ao esforço momento:
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Princípio das Forças Virtuais


- Somando-se as parcelas de energia referentes aos momentos:

- Deslocamento da estrutura:

- O sinal negativo do deslocamento calculado é devido ao sentido,


contrário ao sentido da carga virtual Pv aplicada.
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PFV Para Variação de Temperatura


- Variações de temperatura não provocam esforços em uma
estrutura isostática, pois os vínculos não oferecem resistência
para acomodação do elemento devido à pequena modificação em
seu comprimento devido a uma variação de Temperatura.
- Variações de temperatura em estruturas hiperestáticas provocam
deformações e esforços internos na estrutura.
- O PFV para o cálculo de um deslocamento genérico devido a uma
variação de temperatura genérica em um pórtico plano é dada
por:
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PFV Para Variação de Temperatura


- Exemplo de aplicação PFV para o caso de pórtico plano, para
calcular o deslocamento Δx horizontal no apoio da direita:
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PFV Para Variação de Temperatura


- Aplicando-se o PFV e calculando-se TCG = +10°C que tem-se:

- O sinal positivo indica que o deslocamento , sentido da carga


virtual Pv aplicada.
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PFV Para Recalques de Apoio


- Recalques de apoio provocam deslocamentos em uma estrutura
isostática sem que ocorram deformações ou esforços,
- A estrutura apresenta movimento de corpo rígido; as barras
permanecem retas (sem deformação), e portanto, a energia de
deformação interna é nula.

- Recalques diferenciais de apoios de estruturas hiperestáticas


provocam deformações e introduzem esforços internos na
estrutura.
- O PFV para o cálculo de um deslocamento genérico devido a um
recalque de apoio genérico em um pórtico plano isostático é dado
por:
Princípio dos Trabalhos Virtuais

PFV Para Recalques de Apoio


- Exemplo de aplicação PFV para o caso de pórtico plano
submetido a recalque de apoio, para calcular o deslocamento Δx
horizontal no apoio da direita:

- Aplicando-se o PFV tem-se:


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PFV Para Estruturas Hiperestáticas


- O PFV também pode ser aplicado para se determinar
deslocamentos e rotações em estruturas hiperestáticas, conforme
pode ser observado no exemplo abaixo.
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Princípio dos Deslocamentos Virtuais


- O Princípio dos Deslocamentos Virtuais (PDV) é uma das
principais ferramentas para a determinação de forças (e
momentos) necessárias para impor uma determinada
configuração deformada a uma estrutura.
- O PDV enuncia que dado um sistema de forças real (F, f) e uma
configuração deformada arbitrária (virtual) (Dv,dv) compatível, a
igualdade WE=U estabelece uma condição de equilíbrio para o
sistema de forças real.
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Princípio dos Deslocamentos Virtuais


- O PDV trabalha com uma configuração deformada (Dv,dv)
escolhida arbitrariamente de tal maneira que uma única força ou
momento desconhecido, que se deseja calcular, produza trabalho
externo.
- A configuração deformada do sistema virtual não existe na
realidade (por isso, é dita virtual) e é uma mera abstração para
cálculo.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio dos Deslocamentos Virtuais


- Exemplo - deseja-se determinar o valor da reação VA.
- O sistema virtual é definido arbitrariamente aplicando-se um
deslocamento virtual DAv aplicado no apoio da esquerda com a mesma
direção da reação que se deseja conhecer.
- Como a viga é isostática o deslocamento virtual aplicado À viga produz
movimento de corpo rígido (sem deformação interna), logo U = 0.
- Aplicando-se o PDV tem-se:
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Princípio dos Deslocamentos Virtuais


- O PDV também pode ser utilizado para determinar um esforço
interno em uma estrutura.
- Deve-se escolher uma configuração deformada virtual que isole
na equação WE=U o esforço que se quer calcular.
- Exemplo – calcular o cortante na seção S:
- Comentários:
- Como se deseja saber o
cortante aplica-se um
deslocamento transversal
relativo interno na seção
onde se deseja saber o
cortante.

- O deslocamento transversal positivo deve ser compatível com o movimento


produzido por um cortante positivo.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio dos Deslocamentos Virtuais


- Este campo de deslocamentos virtual foi escolhido de tal forma
que somente o esforço cortante QS na seção S produza energia de
deformação virtual interna.
- Devido a viga ser isostática, essa descontinuidade aplicada
produz movimento de corpo rígido nas partes cortadas da viga.
- Aplicando-se o PDV tem-se:
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Princípio dos Deslocamentos Virtuais


- Exemplo – calcular o momento fletor na seção S:

- Comentários:
- Como se deseja saber
o momento fletor na
seção S, aplica-se uma
rotação relativa
interna na seção S.

- Devido a viga ser isostática, essa descontinuidade aplicada


produz movimento de corpo rígido nas partes cortadas da viga.
- Aplicando-se o PDV tem-se:
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Princípio dos Deslocamentos Virtuais


- A expressão geral do PDV para o cálculo de uma força externa
genérica atuando em um ponto de um pórtico plano é dada por:

- A expressão geral do PDV para o cálculo de uma força externa


genérica atuando em um ponto de uma grelha é dada por:

- As expressões acima são válidas para os casos em que as


solicitações externas são carregamentos externos ou recalques de
apoio, caracterizados por não apresentarem deformações iniciais.
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PDV Para Variação de Temperatura


- A variação de temperatura é um tipo de solicitação externa que
se caracteriza por provocar deformações iniciais.
- Para a aplicação do PDV, o deslocamento axial relativo interno du
e a rotação relativa interna por flexão dθ devem considerar um
termo devido ao esforço interno (que pode ser provocado
conjuntamente por carregamento externo e recalques de apoio) e
um termo devido à variação de temperatura:

- Os esforços internos são dados por:


- Assim a equação geral do PDV para o caso de variação de
temperatura fica:
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PDV Para Variação de Temperatura


- Uma questão importante para a aplicação do PDV, é que quando a força
generalizada é um esforço interno deve-se cortar a seção transversal na
seção onde se deseja conhecer o esforço e considerar os esforços
internos que resultam em cada uma das porções separadas como forças
generalizadas externas.
- Tais esforços devem ser assumidos com sentido oposto ao sentido
adotado para o deslocamento virtual (ver figuras dos exemplos
anteriores).
- As equações apresentadas para o PDV pressupõe que somente a força
generalizada externa ou interna, que se quer determinar, produz
trabalho externo (daí a escolha de exemplos com movimento de corpo
rígido após o corte da seção).
- Tal situação impõe uma limitação à aplicação do PDV. Tal limitação é
superada com sua evolução resultando no Método dos Deslocamentos.
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Teoremas de Reciprocidade
- O PTV pode ser utilizado para formular dois teoremas muito úteis para
análise de estruturas: o Teorema de Maxwell e a sua versão
generalizada, o Teorema de Betti.
- Considere duas soluções estruturais completas A e B que atuam sobre a
mesma estrutura elástica e linear.
- O sistema A é composto por um sistema de forças (FA,fA) em equilíbrio e
associado a uma configuração deformada (DA,dA) compatível.
- O sistema B é composto por um sistema de forças (FB,fB) em equilíbrio
e associado a uma configuração deformada (DB,dB) compatível.
- PTV pode ser aplicado a esses dois sistemas de duas formas, uma
considerando o sistema A como real e o sistema B como virtual e a
outra ao contrário.
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Teoremas de Reciprocidade
- Assim pode-se escrever as seguintes equações:

- Se a estrutura é um pórtico plano que tem um comportamento


linear elástico, tem-se:

- Assim enuncia-se o Teorema de Betti: Se uma estrutura linear


elástica é submetida a dois sistemas independentes de forças, o
trabalho realizado pelas forças generalizadas do primeiro sistema
com os correspondentes deslocamentos generalizados do
segundo sistema é igual ao trabalho realizado pelas forças
generalizadas do segundo sistema com os correspondentes
deslocamentos generalizados do primeiro sistema:
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Teoremas de Reciprocidade
- As forças são generalizadas, pois podem ser cargas concentradas,
distribuídas e momentos aplicados. Os deslocamentos são
generalizados pois podem ser deslocamentos e rotações.
- Um caso particular do Teorema de Betti, chamado de Teorema de
Maxwell, ocorre quando as soluções completas independentes
são constituídas de forças generalizadas unitárias isoladas.

- O Teorema de Maxwell para forças generalizadas unitárias


aplicadas:
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Teoremas de Reciprocidade
- O Teorema de Maxwell para forças generalizadas unitárias
aplicadas enuncia que em uma estrutura linear elástica, o
deslocamento generalizado no ponto j provocado por uma força
generalizada unitária atuando no ponto i é igual ao deslocamento
generalizado no ponto i provocado por uma força generalizada
unitária atuando no ponto j.
Princípio dos Trabalhos Virtuais

Teoremas de Reciprocidade
- O Teorema de Maxwell para deslocamentos generalizados
unitárias impostos enuncia que em uma estrutura linear elástica,
a força generalizado que atua no ponto j necessária para provocar
um deslocamento generalizado unitário no ponto i é igual a força
generalizada que atua no ponto i necessária para provocar um
deslocamento generalizado unitário no ponto j.

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