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Curso de Introdução 2023

FANTASIA / FANTASMA

Bibliografia:

FREUD, S. (1919). Uma criança é espancada: uma contribuição ao estudo da origem


das perversões sexuais.Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de
Sigmund Freud, vol. XVII, Rio de Janeiro: Imago, 1972.

-----------, 1957-58. “A fantasia para além do Principio do prazer”, O Seminário, livro


5, as formações do inconsciente. (trabalha os tempos da fantasia articulando com os
registros RSI)

-----------, 1958-59. “A risada dos Deuses Imortais”. O Seminário, livro 6, o Desejo e


sua interpretação. (cena de Santo Agostinho)

LACAN, 1960-61. “A presença Real”, cap. XVIII, Seminário, livro 8, a transferência.


(fantasia do obsessivo e da histérica)

-----------, 1964. “A pulsão parcial e seu circuito e Do Amor à Libido”. O Seminário,


livro 11, os quatros conceitos fundamentais da psicanálise. (articulação entre pulsão e
fantasia)

1) O quadro de René Magritte, a condição humana. Lacan, no Seminário a lógica da


fantasia, articula a estrutura da fantasia com a pintura de Magritte.

“Em frente a janela vista de dentro da sala, eu coloquei um quadro representando


exatamente esta parte da paisagem coberta pela pintura. Assim a arvore no quadro
esconde a arvore por trás dele, do lado de fora da sala. Essa existência simultânea em
dois espaços diferentes provoca uma experiência simultaneamente no passado e no
presente, como no deja vu”, Magritte, 1933.

2) Fantasia e realidade psíquica


3) A fantasia é estruturada como uma linguagem, haja vista a articulação significante,
representada pela frase: uma criança é espancada

4) A fantasia “Bate-se numa criança está relacionada ao aparecimento do irmão, o que


provoca no sujeito uma privação decorrente do fato de que a atenção dos pais antes
dirigida somente a ele, terá de ser compartilhada.

Santo Agostinho: “eu vi com meus olhos e observei uma criança cheia de ódio/inveja.
Ela ainda não falava e já contemplava com um olhar amargo seu irmão de leite”. Nesta
cena o sujeito apreende o lugar privilegiado que ele teria ocupado para o Outro, no
momento em que se vê privado dele por uma outra criança, o semelhante que usurpa seu
lugar na cena. esse terceiro, que soa como intruso, arranca do sujeito sua posição de
suposta completude com o Outro.

Dessa experiência surge a questão: o que o Outro quer de mim? A fantasia é uma forma
de dar um contorno a esta questão.

5) A fantasia situa o gozo. Ao entrar na linguagem o sujeito perde gozo que ele tentará
recuperar no último tempo da fantasia: ao fazer-se objeto para o Outro, como objeto
mais gozar.

6) Vamos articular a construção da fantasia com os três registros, RSI.

O simbólico se encontra sob a forma da barra que representa a divisão do sujeito,


consecutivo à sua entrada na linguagem. O imaginário diz respeito a certas partes do
corpo que representam os objetos em suas quatro figurações: seio, fezes, olhar e voz. O
real refere-se ao enigmático desejo do Outro, a partir do qual a fantasia se constitui
como uma resposta singular do sujeito.

Primeiro tempo: entrada do sujeito no simbólico. Chicotada significante. Enlace entre


Simbólico e Real. Recalque originário. Corresponde ao momento em que o sujeito se
confronta com o Desejo do Outro. Tomando a representação do quadro do Magritte,
podemos dizer que este primeiro tempo da construção da fantasia corresponde ao furo
na parede.
Segundo tempo: Meu pai bate numa criança que eu odeio. Não é o sujeito que bate, ele
é um espectador, esse que bate Lacan vai situá-lo no “para-além do pai”, isto é, na
categoria de Nome do Pai. O segundo tempo corresponde ao recalque propriamente
dito. A moldura do quadro que impede que a tela se esgarce.

Terceiro tempo: Constituição da imagem do objeto: voz, olhar, fezes, seio. O sujeito
deve poder representar imaginariamente o objeto no meio da moldura. O neurótico

identifica a falta do Outro com sua demanda. S∕ ◊ a / S∕ ◊ D

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