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RESENHA - 10 de março

ESPAÇOS DE
ESPERANÇA 2014
Cap 8 e 9 do livro: HARVEY, David. Espaços de
Esperança. Trad. de Adail Ubirajara Sobral e Maria Alunas: Bruna Cabral
Stela Gonçalves São Paulo: Edições Loyola, 2004.
382 p.
e Marcella Henriques
HARVEY, David. Espaços de Esperança.

RESENHA - ESPAÇOS DE ESPERANÇA

O texto “Espaços de Esperança” de David Harvey (cap.8 e 9), abordado em sala


de aula, nos propõe uma reformulação interior como uma das alternativas para
transformar e melhorar o mundo em que vivemos, sempre pensando de modo positivo,
defendendo então que o mundo precisa de utopia.

O autor relata e nos interage dos problemas e do modo de vida na cidade em que
viveu a maior parte de sua vida adulta, a cidade de Baltimore. Esta cidade acumulou
grande afeição por David e torna-se em pouco tempo, por questões sociais, uma imensa
confusão. Não uma confusão atraente, mas uma confusão que parece insolúvel.

Primeiramente David aponta detalhes importantes dessa confusão, como a


concentração de pessoas sem moradia, de desempregados e de pobres empregados
vivendo com menos de 200 dólares por semana. A desigualdade fortemente imponente
na cidade, fazendo com que a maioria das crianças não pudesse estudar em algumas das
melhores instituições de ensino do país, permitindo-as somente em estudar nas Escolas
Públicas em estado deplorável. A pobreza crônica e todo tipo de sinais de tensão social
à sombra de uma das melhores instituições de saúde do mundo e consequentemente a
crescente transmissão de sífilis e a explosão de doenças respiratória, tal como a asma.

Agravando o problema, grandes grupos constantemente saem da cidade, em


busca de segurança e tranquilidade nos subúrbios, cerca de 100mil pessoas por mês
atuam num crescimento suburbano desordenado extraordinariamente antiecológico.

Na tentativa de conter o problema, foi feita uma parceria com iniciativa privada
e o poder público para investir na revitalização do centro da cidade de Baltimore. Em
Bruna Cabral e Marcella Henriques

vão, o acordo só acarretou lucro à iniciativa privada, riscos ao poder publico e uma
espera constante dos cidadãos de benefícios que nunca chegam.

As disparidades geográficas em termos de riqueza e poder aumentam, dando a


cidade um perfil de um universo metropolitano de crônico desenvolvimento geográfico
desigual. Os ricos formam guetos, cavam conceitos de cidadania, pertinência social e
apoio mútuo. Eles se destacam e quando não estão cercados por altos muros, estão

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HARVEY, David. Espaços de Esperança.

instalados em linhas de exclusão, de modo que os níveis de segregação ultrapassa


qualquer outro nível já alcançado em Baltimore.

Nesta parte do livro, o autor coloca uma análise do esforço de reimaginar e


reconstruir a estrutura social. Ela é nutrida por meio de ideais utópicos, desde que
apoiados no real, capazes de apontar trajetórias diferentes para os desenvolvimentos
geográficos desiguais humanos, em contraponto às imagens recorrentes do presente, que
não identificam agentes nem processo de mudança: a utopia fica restrita aos domínios
da fantasia.

Harvey descreve o caminho percorrido pelos movimentos utópicos: o utopismo


espacial e o utopismo social, assim como suas barreiras e desafios para a formulação de
um utopismo espaço-temporal que permita pensar o utopismo hoje e a nossa condição
enquanto arquitetos, possíveis promotores de uma política regeneradora, cientes de
nossas capacidades, possibilidades e responsabilidades frente à natureza e sociedade.

Bruna Cabral e Marcella Henriques

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HARVEY, David. Espaços de Esperança.

VISITA DE CAMPO – PORTO MARAVILHA

A visita à campo realizada na manhã do dia 27 de fevereiro na área do “Porto


Maravilha”, orientado pelas professoras Fernanda Sanchez e Clarissa Moreira, nos fez
refletir e analisar profundamente os atuais e futuros impactos sociais, econômicos e
culturais que aquela área está sujeita.

A zona portuária caracterizou-se, desde os primórdios da ocupação urbana da


cidade, por modalidades de usos e ocupações consideradas pouco nobres, ligadas ao
comércio de escravos, à habitação, às atividades fabris, portuárias, dentre outras.
Durante a visita, ao caminhar pela área percebemos o peso da história que cada metro
quadrado pode contar, percebemos também o quanto é importante manter as
características do local independente de qualquer intervenção urbana.

Na Rua Pedro Ernesto, nos deparamos com o Cemitério dos Pretos Novos, o IPN
- Instituto de Pesquisa e Memória dos Pretos Novos. O IPN é uma organização sem fins
lucrativos, fundada pelo casal Guimarães e um grupo de pessoas que acreditam na
importância da história de milhares de africanos trazidos à força para o Brasil, que hoje,
estão depositados ali seus restos mortais. Durante a visita ao local, fomos presenteados
com a recepção da presidente da organização Ana Maria dos Anjos, quem nos
proporcionou uma grande aula de história e cidadania.

Enquanto a zona portuária mostra sua riqueza em pequenos detalhes e história, o


Rio de Janeiro passa por grandes propostas de transformação, visto que a iniciativa para
o “Porto Maravilha” traz unificação de propósitos das três esferas administrativas
públicas, propondo novas modalidades de ocupação e uso do seu solo. No entanto,
também se observa uma desconsideração pela tradicional população residente, bem
como a falta de mecanismos de um inevitável e indesejável processo de gentrificação.
Bruna Cabral e Marcella Henriques

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