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GREVE: Previsão legal –Lei 7.783/89.

 Forma de Solução dos Conflitos Coletivos: Auto composição e heterocomposição;


 Greve e lockout são formas de autodefesa: As partes procedem à defesa de seus interesses, sendo que uma delas impõe sua
vontade a outra.

Conceito – considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial , de
prestação pessoal de serviços a empregador.
 Suspensão, não há pagamento de salário, salvo acordo em sentido contrário.
 Coletiva, Deve decorrer de um ato de interesse coletivo, com força de promover a ruptura da normalidade da produção.
 Parcial ou Total – se não englobar todos os trabalhadores, ela será parcial. Quando alcançar todos eles, será total.
 Pacífica - as “armas” da greve é a paralisação coletiva do trabalho, objetivando a normalidade produtiva e o diálogo, para
restabelecimento da normalidade. Fora desse limite a greve a será considerada abusiva.
 Temporária – Mesmo que por tempo indeterminado, tem que ter uma finalidade, deve ser provisória. Essa indeterminação
sinaliza a paralisação das atividades até que alguma proposta seja oferecida.

Natureza Jurídica – a greve é um direito fundamental de caráter coletivo, assegurado constitucionalmente .


Classificação – GREVE ATÍPICA (fins políticos, religiosos ou sociais); GREVE TÍPICA (fins econômicos e profissionais).
Formalidades: A lei estabelece alguns requisitos para a validade do movimento grevista que não se chocam com a garantia do
exercício de greve. A lei 7.783/89, que disciplina o direito de greve, estabeleceu alguns requisitos que devem ser previamente
verificados para que possa ocorrer a suspensão dos trabalhos de forma lícita. Diz a referida lei:

Artigo 3º - Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
Parágrafo único - A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com
antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.
Artigo 4º - Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as
reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.
§ 1º - O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a deliberação, tanto da
deflagração quanto da cessação da greve.
§ 2º - Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no caput,
constituindo comissão de negociação.

• Real tentativa de negociação coletiva – fase antecedente e necessária da greve. Não é admitida greve quando houver acordo
coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa em vigor sendo cumpridos. Excepcionalmente é admitida quando houver
substancial modificação nas condições de fato.

• Convocação pelo sindicato de empregados de assembleia geral - que deverá definir as reivindicações da categoria e deliberar
sobre a paralisação. O estatuto do sindicato deverá tratar das formalidades de convocação, quórum para deliberação e etc.
• Aviso prévio ao empregador – deve ser com antecedência mínima de 48horas e 62horas em serviços e atividades essenciais. O
aviso prévio cumpre um aspecto de comunicação da existência da greve. Objetivando evitar que a greve seja deflagrada de
surpresa, sem que o empregador possa tomar as medidas de prevenção necessárias. Para se instaurar a greve, é preciso:
a) que haja prévia tentativa de conciliação, que deverá ser frustrada;
b) Assembleia Geral convocada especialmente para este fim e;
c) notificação prévia de, no mínimo, 48 horas.

Observação: De acordo com os Art. 1º e Art. 2º, da Lei 7.783/89: o direito de greve é direito legítimo: Artigo 1º - É assegurado o
direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam
defender. Parágrafo único - O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.

"A greve não carece de qualquer provimento judicial para legitimá-la. Ao contrário, para o movimento ser reconhecido como
abusivo é que necessita de expressa declaração do Juízo(...)". A greve tem presunção juris tantum de legitimidade. Sempre que se
discutir na esfera judicial sobre sua legitimidade, jamais será para provar que ela é legitima. Mas sim o revés.

DIREITOS DOS GREVISTAS E DO EMPREGADOR - São assegurados aos grevistas durante a greve: meios pacíficos de persuasão;
arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.

As empresas não podem frustrar a divulgação do movimento e nem adotar meios que forcem o empregado a comparecer ao
trabalho. Os grevistas não podem proibir o acesso ao trabalho daqueles que quiserem fazê-lo. Neste sentido, assim dispõe a Lei
7.783/89: Artigo 5º - A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos trabalhadores nas
negociações ou na Justiça do Trabalho.

Artigo 6º - São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:

I. meios pacíficos que tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;


II. a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
§ 1º - Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e
garantias fundamentais de outrem.
§ 2º - É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como
capazes de frustrar a divulgação do movimento.
§ 3º - As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar
ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.

Artigo 7º - Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as
relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único - É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores
substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos artigos 9º e 14.

Artigo 8º - A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a
procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o competente
acórdão.
É vedada a rescisão do contrato de trabalho durante a greve não abusiva, da mesma forma que contratar trabalhadores
substitutos. Os salários e demais obrigações trabalhistas relativas ao período grevista serão regulados por acordo com o
empregador. Ou seja, trata-se, a princípio, de hipótese suspensiva dos contratos de trabalho, mas, por força da negociação que pôr
fim a greve, há a possibilidade de sua transformação em interrupção contratual (hipótese em que, embora não tenha havido
prestação de serviços, há obrigações por parte do empregador).

Atenção!!!!
Art.7º. Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores
substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14. No que se refere à manutenção dos equipamentos,
durante a greve o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a organização sindical patronal, ou com a empresa,
manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultar em prejuízo
irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção dos serviços
essenciais à retomada das atividades da empresa, quando da cessação do movimento.

Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou
diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja
paralisação resulte em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a
manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.
Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar
diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo .
SERVIÇOS OU ATIVIDADES ESSENCIAIS E SERVIÇOS INADIÁVEIS - A Lei n. 7.783/89 diferencia serviços ou atividades essenciais de
serviços inadiáveis. Os serviços ou atividades essenciais são definidos a partir da concepção da população, da comunidade que será
atingida pelos efeitos da paralisação dos serviços. Assim, são identificados pela Lei n. 7.783/89 (art. 10) como serviços ou atividades
essenciais:
 tratamento e abastecimento de água, produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
 assistência médica e hospitalar;
 distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
 funerários;
 transporte coletivo;
 captação e tratamento de esgoto e lixo;
 telecomunicações;
 guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
 processamento de dados ligados a serviços essenciais;
 controle de tráfego aéreo;
 compensação bancária.
 Atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social;
 atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da
pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento
de direitos previstos em lei, em especial no (Estatuto da Pessoa com Deficiência
 Outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade;
 atividades portuárias.

Nos serviços ou atividades essenciais a greve não é proibida. Contudo, é submetida, a algumas regras especiais:

• aviso prévio ao empregador é de 72 horas;

• com igual antecedência os usuários também devem ser avisados (art.13)

• Manutenção dos serviços indispensáveis

É obrigatório aos sindicatos, de comum acordo com o empregador, garantir, durante a greve, a prestação dos
serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade (art. 11). Necessidades inadiáveis, são
aquelas que, se não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população (art. 11,
parágrafo único).
Obs.: No caso de inobservância da determinação de manutenção parcial de funcionamento da atividade, o Poder Público deverá
assegurar a prestação dos serviços indispensáveis (art. 12).

Serviços inadiáveis, por sua vez, são definidos a partir da concepção do empregador, sendo assim considerados aqueles cuja
paralisação resulte em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a
manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento (art. 9º, Lei n.
7.783/89).
LIMITES LEGAIS E ABUSO DE DIREITO - A greve é um direito assegurado constitucionalmente. No entanto, a Constituição Federal,
ao prever que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade e ao deixar claro que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei, evidenciou que se trata de um
direito que deve ser exercido dentro dos limites e nos termos previstos em lei. Não se trata, portanto, de um direito irrestrito e
ilimitado. Nesse sentido, a lei prevê que constitui abuso do direito de greve:
 a inobservância das normas nela contidas;
 a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.

Os abusos cometidos no exercício do direito de greve podem gerar responsabilidade trabalhista, civil e/ou penal. O Ministério
Público pode processar criminalmente aqueles que praticaram ilícitos penais. O empregador pode, no caso de abuso, dispensar por
justa causa. O sindicato é passível de responder por perdas e danos.

DEFLAGRAÇÃO DA GREVE - o procedimento da greve se desenvolve em duas fases: preparatória e desenvolvimento. Na fase
preparatória, ocorre à deflagração, sendo realizados os seguintes atos:
 Tentativa de negociação — ato obrigatório, não sendo autorizado o início da paralisação se não constatada a frustração da
negociação (art. 3º).
 Deliberação em assembleia — frustrada a negociação, deve ser convocada pela entidade sindical, na forma de seu estatuto,
assembleia geral, que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a greve. Na falta de entidade sindical, a
assembleia será entre os trabalhadores interessados, que constituirão uma comissão de negociação. A entidade sindical ou
comissão eleita representará os interesses dos trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho (art. 5º).
 Aviso prévio — a lei não admite a greve surpresa, assegurando ao empregador e, no caso de serviços ou atividades essenciais,
também a população diretamente atingida, direito de saber antecipadamente sobre a futura paralisação dos serviços. No caso
do empregador, providências são necessárias, antes da cessação do trabalho, diante dos compromissos da empresa em face
das suas naturais condições de atividade e de produção.
No caso da população, a greve que será deflagrada, por se tratar de serviços ou atividades essenciais, pode colocar em risco
sua sobrevivência, saúde ou segurança.

Assim, após a deliberação da assembleia geral sobre a deflagração da greve, o aviso ao empregador deve ser dado com
antecedência mínima de 48 horas, período ampliado para 72 horas nos serviços ou atividades essenciais. Nestas, é obrigatório o
anúncio da greve para conhecimento dos usuários com a mesma antecedência.

LOCK-OUT - é a paralisação das atividades por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação coletiva, ou
dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados. Trata-se de “fechamento provisório, pelo empregador, da
empresa, estabelecimento ou simplesmente de algum de seus setores, efetuado com objetivo de provocar pressão arrefecedora
de reivindicações operárias”.

Trata-se de prática vedada por nosso ordenamento jurídico, sendo assegurado aos trabalhadores, caso ocorra o lock-out, o
direito à percepção dos salários durante o período da paralisação das atividades.

O lock-out não pode ser confundido com hipóteses de paralisações lícitas da atividade empresarial, permitidas e previstas pelo
ordenamento jurídico, como é o caso da paralisação temporária resultante de causas acidentais, força maior ou por ocasião da
concessão de férias coletivas, entre outras.

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