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Novas tecnologias e formação docente

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Novas tecnologias e formação docente

SUMÁRIO
NOVAS TECNOLOGIAS, NOVOS DESAFIOS ............................................................................. 4
INOVAÇÃO CONSERVADORA ..................................................................................................... 5
CONCEITUANDO AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E DE COMUNICAÇÃO .. 7
LECIONAR E APRENDER NA ERA TECNOLÓGICA .................................................................. 8
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO .................................................................................................. 10
FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO ....................................................................................... 14
A TECNOLOGIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ................................................. 16
O PROFESSOR DIANTE DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA ..................................................... 18
O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO ............................................................... 19
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA ESCOLA COM USO DA NFORMÁTICA ............... 20
PEDAGOGIAS CONSTRUTIVISTAS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DAS NOVAS
TECNOLOGIAS. ........................................................................................................................... 21
A CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO USANDO AS NOVAS TECNOLOGIAS ............................ 22
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM: O MOODLE ......................................................... 23
PROJETOS DE INOVAÇÃO TECNOLOGICA NA EDUCAÇÃO ................................................ 26
MATERIAIS DIDÁTICOS E AS NOVAS TECNOLOGIAS ........................................................... 28
O PAPEL DO PROFESSOR NA ELABORAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS ........................ 29
PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES NAS TICS. ...................................................................... 31
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NAS AULAS COM TICS .................................................... 33
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO .............................................................. 34
TECNOLOGIAS E SALA DE AULA ............................................................................................. 42
O COMPUTADOR NA SALA DE AULA....................................................................................... 47
JOGOS DIGITAIS EDUCACIONAIS ............................................................................................ 48
POTENCIALIDADES DOS JOGOS DIGITAIS ............................................................................ 50
CONSTRUTIVISMO: UM CONCEITO DE CONSTRUÇÃO ........................................................ 52
TEORIA PEDAGÓGICA E NOVAS TECNOLOGIAS .................................................................. 54
SEYMOUR PAPERT .................................................................................................................... 61
TEORIA DE PIAGET E EAD ........................................................................................................ 65
APRENDIZAGEM COLABORATIVA E COOPERATIVA ............................................................ 66
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS A FAVOR DO CONHECIMENTO .................................. 67
O CONSTRUTIVISMO PARA ALÉM DA ESCOLA ..................................................................... 69
COOPERAÇÃO, COLABORAÇÃO E INTERAÇÃO .................................................................... 71
A TECNOLOGIA COMBATENDO A INDISCIPLINA ................................................................... 75
REAL UTILIZAÇÃO DAS TIC....................................................................................................... 77
RELAÇÕES ENTRE O CONSTRUTIVISMO E A PEDAGOGIA ................................................. 79

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RELAÇÃO DOS ALUNOS COM A TECNOLOGIA...................................................................... 81


SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO................................................................................................. 83
A METODOLOGIA DE PROJETOS E AS NOVAS TECNOLOGIAS .......................................... 87
FUNDAMENTOS DA METODOLOGIA DE PROJETOS ............................................................. 88
TECNOLOGIAS DIGITAIS (TDS) X TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TES) ........................... 90
PROJETOS DE APRENDIZAGEM COM TECNOLOGIAS DIGITAIS ........................................ 92
COMO IMPLEMENTAR AS TDS NOS PROJETOS DE APRENDIZAGEM? ............................. 93
PONTOS POSITIVOS NO USO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO ............ 95
PONTOS NEGATIVOS NO USO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO .......... 97
APRENDIZAGEM COOPERATIVA COMO POTENCIALIDADE PARA AS NOVAS
TECNOLOGIAS ............................................................................................................................ 99
O USO DO BLOG COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA ...................................................... 101
COMPONENTES DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ............................................ 103
APRENDIZAGEM X ENSINO APOIADA ÀS NOVAS TECNOLOGIAS .................................... 105
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 108

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NOVAS TECNOLOGIAS, NOVOS DESAFIOS

Nessa disciplina iremos estudar as novas tecnologias da comunicação e


informação e suas aplicações na educação, buscando identificar a relação
comunicação e educação na sociedade contemporânea, assim como as relações
entre mídia, cultura e subjetividade.
A influência da TV e das redes sociais nos processos escolares e a
utilização da mídia como instrumento didático pedagógico. Iremos discutir sobre a
qualidade do ensino, sobre novos desafios, sobre novas abordagens da
comunicação mediada pelas tecnologias da informática.
Ao tratarmos de novas abordagens de comunicação na escola, mediadas
pelas novas tecnologias da informação, estamos tratando de Tecnologia
Educacional. O uso de artefatos tecnológicos na escola tem sido uma história de
insucessos, caracterizada por vantagens educacionais do seu uso,
complementadas por um discurso dos proponentes salientando a obsolescência da
escola. Após algum tempo são lançadas políticas públicas de introdução da nova
tecnologia nos sistemas escolares, terminando pela adoção limitada por
professores, sem a ocorrência de ganhos acadêmicos significativos. Estudos
apontam prováveis causas do pouco sucesso da inovação, tais como falta de
recursos, resistência dos professores, burocracia institucional, equipamentos
inadequados.
O trecho de um discurso de Thomas Edison, inventor do telégrafo, do
gramofone e da lâmpada elétrica, prevê, em 1913, que os livros didáticos se
tornariam obsoletos nas escolas e que, usando filmes, seria possível instruir sobre
qualquer ramo do conhecimento humano. Em 1922, Edison ainda afirmava que “...
o filme está destinado a revolucionar nosso sistema educacional e em poucos anos
suplantará em muito, senão inteiramente, o uso de livros didáticos”.
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Nossa utopia é sempre tentar mudar a história futura para melhor, e não
defendo posições tradicionalistas ou contrárias à tecnologia na educação. Vejo as
novas tecnologias como mais um dos elementos que podem contribuir para
melhoria de algumas atividades nas nossas salas de aula. Por outro lado, também
não adoto o discurso dos defensores da nova tecnologia educacional, que mostram
as mazelas das escolas (algo muito fácil de se fazer), deixando implícito que
nossos professores são dinossauros avessos a mudanças.
No Brasil, na década de 80, a contradição entre tecnologia de ponta e
escolas precárias era mais evidente, uma vez que os computadores eram
máquinas mais caras e não estavam tão disseminados na sociedade como hoje.
Aprendemos que a expectativa de administradores, professores, alunos e pais era
que se ensinasse informática na escola, não no sentido de uso pedagógico de
computadores, nos levando a explorar a introdução da informática na escola como
uma mistura de informática na educação e de preparação para o trabalho.

INOVAÇÃO CONSERVADORA

A história da tecnologia educacional contém muitos exemplos de inovação


conservadora, de ênfase no meio e não no conteúdo. Devido ao efeito dramático,
sedutor, da mídia, em certos casos a atenção era concentrada na aparência da
aula, tomando-se como algo “dado” o conteúdo veiculado, seja na sala de aula por
transparências ou filmes, ou pela difusão ampla de conteúdos, através da TV, do
rádio ou mesmo de livros textos cheios de figuras, cores, desenhos, fotos.
Atualmente a inovação conservadora mais interessante é o uso de
programas de projeção de tela de computadores, notadamente o PowerPoint, com
o qual o espetáculo visual (e auditivo) pode tornar-se um elemento de divagação,
enquanto o professor solitário na frente da sala recita sua lição com ajuda de
efeitos especiais, mostrando objetos que se movimentam, fórmulas,
generalizações, imagens que podem ter pouco sentido para a maioria de um grupo
de aprendizes. A inatividade física e mental) do aprendiz é reforçada pelo ambiente
da sala, geralmente à meia luz e com ar condicionado.
Mas tal tipo de artefato pode também ter efeitos contrários, gerando
situações onde o aluno não precisa nem mais copiar - a coisa já vem pronta e

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acabada para se levar para casa e memorizar para a prova. Tal tipo de mídia pode
também reforçar no aluno uma falsa sensação de ter aprendido a lição, pois tudo
que o mestre escreveu está ali, gravado, do jeito dele, com os mesmos espaços,
tamanhos, etc.
Outro exemplo comum é a digitação de trabalhos escolares convencionais,
dentro ou fora da sala de aula e sem a orientação do professor. Neste caso, a
tecnologia pode até facilitar ou dissimular a cópia plagiadora de pedaços de
enciclopédias, de páginas da Internet, de livros de texto e de materiais gráficos
escaneados. Tais produções de alunos podem impressionar professores sem
experiência de computadores, pelo aspecto gráfico esmerado dos trabalhos e pela
extensão do texto (em alguns casos feitos por outra pessoa, algo mais difícil de
ocorrer quando o professor conhece a caligrafia do aprendiz).
A presença da tecnologia na escola, mesmo com bons software, não
estimula os professores a repensarem seus modos de ensinar nem os alunos a
adotarem novos modos de aprender. Como ocorre em outras áreas da atividade
humana, professores e alunos precisam aprender a tirar vantagens de tais
artefatos.
Estamos diante de um novo século, com uma nova sociedade, a sociedade
da informação, com novo formato de receber e transmitir informação, e de uma
busca interminável de conhecimento. As pessoas hoje em dia, têm acesso ao
mundo e as suas tradições culturais, com muita mais eficácia e rapidez que ontem.
Com a explosão da computação e, consequentemente da internet, passou-se a
considerar que disponibilizar informação em uma página da internet seria um
processo educativo contínuo e a formação da língua escrita dessa pessoa, estaria
sendo realmente transmitida, de forma correta. Será mesmo? E qual seriam
realmente as vantagens e desvantagens dessa interferência digital em nossos
dias? As recordações da educação nos dizem que, educar não é adestrar, nem
governar informações para um indivíduo e sim servir como mediador desse
processo.

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CONCEITUANDO AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E DE


COMUNICAÇÃO

O que se entende por novas tecnologias digitais? Entendemos por novas A


Tecnologia de Comunicação designa toda forma de veicular informação. Têm o seu
processamento, são os computadores e os robôs, e exemplos de aparelhos que
possibilitam a sua reprodução são a máquina de fotocopiar, o retroprojetor, o
projetor de slides (data show).
Tecnologias de Informação e Comunicação (chamadas de TIC) exercem
um papel cada vez mais importante na forma de nos comunicarmos, aprendermos
e vivermos. As novas tecnologias de informação e de comunicação (TIC), usadas
na comunicação social, estão cada vez mais interativas, pois permitem a troca de
dados dos seus usuários com recursos que lhes permitem alternativas e aberturas
das mais diferentes, os programas de multimídia, como o vídeo interativo, a
Internet. São essas novas tecnologias que permitem a preparação e manipulação
contínua de teores específicos por parte do professor/aluno (emissor) e do
aluno/professor (receptor), codificando-os, decodificando-os, recodificando-os
conforme as suas realidades, as suas histórias de vida e a tradições em que vivem;
permitindo um entendimento mais eficaz, alternando os papéis de emissor e
receptor, como co-protagonistas e contribuintes da ação cognitiva.
Nos dias de hoje, os diferentes usos dessas mídias (tecnologias) se
confundem e passam a ser característicos das Tecnologias de Informação e de
Comunicação, que mudam os padrões de trabalho, do lazer, da educação, do
tempo, da saúde e da indústria e criam, assim, uma nova sociedade, novas
atmosferas de trabalho, novos ambientes de aprendizagem. Criando-se um novo
tipo de aluno que necessita de um novo tipo de professor. Um professor ligado e
compromissado com o que está acontecendo ao seu redor. Tecnologias
colaborativas são as que consentem à otimização do trabalho em equipe.
Explicitando, as novas tecnologias de informação e de comunicação podem ser
utilizadas para se alcançar objetivos individuais isoladamente.
Assim, quando um professor pesquisa certo assunto, em bases de dados
da Internet e, ao descobrir documentos importantes, guarda-os para seu uso
particular em sua biblioteca virtual individual (CD-ROM ou no disco rígido do seu

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computador), os seus objetivos individuais não estão sendo admirados. Se, por
outro lado, comunica a existência desses textos a outros professores que estão
trabalhando com ele (de forma interdisciplinar) em um projeto comum, propondo
uma discussão conjunta através dos serviços da própria Internet (e-mail,
teleconferência), essa tecnologia se reveste de uma característica que otimiza a
colaboração, daí ser então denominada reveste de uma característica que otimiza a
colaboração, daí ser então denominada de tecnologia colaborativa.

LECIONAR E APRENDER NA ERA TECNOLÓGICA

Trabalhar com as tecnologias (novas ou não) de forma interativa nas salas


de aula requer: a responsabilidade de aperfeiçoar as compreensões de alunos
sobre o mundo natural e cultural em que vivem. Faz-se, indispensável o
desenvolvimento contínuo de intercâmbios cumulativos desses alunos com dados e
informações sobre o mundo e a história de sua natureza, de sua cultura,
posicionando-se e expressando-se, de modo significativo, com os elementos
observados, elaborados que serão melhor avaliados. Ao se trabalhar,
adequadamente, com essas novas tecnologias, Kenski constata-se que: a
aprendizagem pode se dar com o envolvimento integral do indivíduo, isto é, do
emocional, do racional, do seu imaginário, do intuitivo, do sensorial em interação, a
partir de desafios, da exploração de possibilidades, do assumir de
responsabilidades, do criar e do refletir juntos. (KENSKI,1996, p. 20).
Esta é a parte visível da introdução de novas tecnologias na educação. A
estrutura das salas de aula deverá mudar como já mudaram em algumas
instituições de ensino no Brasil e estão mudando em muitas regiões do mundo. A
implantação (mudança) se inicia e continua com a criação de certa infraestrutura
tecnológica e de um programa de utilização em que os professores sejam treinados
operacionalmente, capacitados metodologicamente e filosoficamente para a
utilização dessas novas tecnologias na sua prática pedagógica.
O papel dos professores tem que mudar também, e os cursos superiores
precisam preparar esses novos docentes para não perderem o controle das
tecnologias digitais que são requeridas ou se dispõem a usar em suas salas de
aulas. Os professores precisam aprender a manusear as novas tecnologias e

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ajudar os alunos a, e eles também, aprenderem como manipulá-las e não se


permitirem serem manipulados por elas. Mas para tanto, precisam usá-las para
educar, saber de sua existência, aproximar-se das mesmas, familiarizar-se com
elas, apoderar-se de suas potencialidades, e dominar sua eficiência e seu uso,
criando novos saberes e novos usos, para poderem estar, no domínio das mesmas
e poderem orientar seus alunos a “lerem” e “escreverem” com elas.
Os professores não devem substituir as “velhas tecnologias” pelas “novas
tecnologias”, devem, antes de tudo, se adequar das novas para aquilo que elas são
únicas e resgatar os usos das velhas em organização com as novas, isto é, usar
cada uma naquilo que ela tem de peculiar e, portanto, melhor do que a outra. O uso
e influência das novas tecnologias devem servir ao docente não só em relação à
sua atividade de ensino, mas também na sua atividade de pesquisa continuada. E a
pesquisa com as novas tecnologias tem características diferentes que estão
diretamente ligadas à procura da constante informação.
Os docentes devem construir e trabalhar em conjunto com seus alunos não
só para ajudá-los a aumentar capacidade, métodos, táticas para coletar e
selecionar elementos, mas, especialmente, para ajudá-los a desenvolverem
conceitos. Considerações que serão o alicerce para a edificação de seus novos
conhecimentos.
Como descrever Gadotti, o professor “deixará de ser um lecionador para
ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem (...) um mediador do
conhecimento, um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um
cooperador, e sobretudo, um organizador de aprendizagem” (Gadotti, 2002).
Não podemos deixar de destacar a importância de se repensar os métodos
docente a partir de uma maior valorização da metodologia de interação e
colaboração mutua que devem estar presentes proporcionalmente na educação à
distância quanto na educação presencial, escolha metodológica tão discutida hoje
em dia e que vem sendo exercitada por profissionais das áreas mais variadas da
educação. É muito inquietante como os professores estão se afastando dessas
práticas alternativas, apresentando, com isso, muita oposição e resistência.
A educação precisa repensar seus métodos curriculares e preparar seus
docentes tanto para se apropriarem das novas tecnologias de informação e

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comunicação quanto para a prática da educação a distância que se vê viabilizada.


Os Cursos de Educação à Distância são exemplos desta iniciativa.

TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Aprendizagem, proporcionando novas formas de ensinar e aprender. O


professor deve ser alguém criativo, competente e comprometido com o advento das
novas tecnologias, interagindo em meio à sociedade do conhecimento, repensando
a educação e buscando os fundamentos para o uso dessas novas tecnologias, que
causam grande impacto na educação e determinam uma nova cultura e novos
valores na sociedade. Hoje, as tecnologias contribuem para um melhor processo de
ensino A partir de mudanças na forma de ensinar e com a inserção de tecnologias
nesse diálogo entre professor e aluno; hoje há uma troca de informações em sala
de aula, na qual o professor não é mais o detentor de todo o conhecimento, de
modo que o aluno passa a ser o principal responsável pela construção do seu
conhecimento, tendo um papel mais ativo, na busca de soluções das suas
necessidades.
Segundo Moran:
A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática de sala de
aula e na forma como professores e alunos utilizam os recursos tecnológicos
disponíveis. A presença dos recursos tecnológicos na sala de aula não garante
mudanças na forma de ensinar e aprender. A tecnologia deve servir para
enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimentos
por meio de uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores.
(MORAN, 1995, apud MAINART; SANTOS, 2010, p. 04)
O principal objetivo do processo de ensino-aprendizagem por meio da
tecnologia é formar alunos mais ativos, de modo que o educador e a tecnologia se
tornem mediadores desse processo, devendo estar unificados para que a
aprendizagem se torne eficaz.
Por meio da utilização das tecnologias, a associação das práticas
pedagógicas, juntamente com o aprendizado, representa uma possibilidade a mais
para os professores, pois estimula o aprendizado, de modo que os participantes
desse processo passam a investigar as soluções para os problemas e para as

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situações em estudo. Essa nova maneira está relacionada a uma nova visão de
construção do conhecimento, em um processo que envolve todos os participantes,
professores e alunos, superando as formas tradicionais na relação de ensino-
aprendizagem.

TECNOLOGIAS

Segundo o dicionário de Língua Portuguesa Tecnologia é uma “ciência cujo


objeto é a aplicação do conhecimento técnico e científico para fins industriais e
comerciais” e um “conjunto dos termos técnicos de uma arte ou de uma ciência”. A
base da tecnologia encontra se no conhecimento, técnica e experiência. É por meio
deste conjunto que novas tecnologias são criadas e que aos poucos são
transformados os indivíduos e a sociedade, independente da utilização que se faça
dessa tecnologia. Essa absorção da tecnologia pela cultura ocorre a partir de
valores preestabelecidos pela sociedade.
Para Kenski, “[...] as tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana”
(2012, p. 15). Elas existem desde a idade da pedra, quando os mais fortes se
destacavam com ideias para a sua própria sobrevivência e, à medida que iam
sobrevivendo, surgiram novas necessidades, de modo que novas tecnologias foram
sendo criadas. Esse processo ocorre até os dias atuais, isto é, no decorrer da
evolução originaram-se diferentes tecnologias. Atualmente, temos uma evolução
tecnológica bem diferente da realidade da idade da pedra, mas que possui os
mesmos objetivos, sempre buscando novas formas de melhorar os processos
existentes que ocorrem nos diversos setores da sociedade, desenvolvendo
mudanças tanto na vida coletiva, como na vida individual.
Em muitos casos não é uma nova tecnologia que está surgindo, mas sim
uma inovação de uma tecnologia já existente. É muito rápido o processo de
desenvolvimento tecnológico atual, em que fica difícil definir o que é um novo
conhecimento, instrumento e procedimento ou o que é uma inovação de uma
tecnologia já existente.
O critério para a identificação de novas tecnologias pode ser visto pela sua
natureza técnica e pelas estratégias de apropriação e de uso. Atualmente, as novas
tecnologias estão relacionadas aos processos e produtos originários da eletrônica,

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da microeletrônica e das telecomunicações, as quais caracterizam-se por serem


áreas evolutivas, em permanente transformação.
Hoje são comuns as expressões “sociedade tecnológica”, “a tecnologia
invadiu nosso cotidiano”, o que, às vezes, causa certo receio nas pessoas, as quais
se assustam com as possibilidades demonstradas nos filmes de ficção científica,
em que a tecnologia passa a ter domínio sobre os seres humanos. A tecnologia faz
parte de nossa vida em todos os aspectos, por exemplo, comer só é possível
graças à tecnologia dos talheres, pratos, geladeira, fogão, micro-ondas etc. E,
dessa mesma forma, a tecnologia está presente em todas as atividades da nossa
rotina e, para a realização das mesmas, são necessários produtos e equipamentos
resultantes de estudos, planejamentos e construções. Pensando dessa forma, não
é só agora que se vive a “era tecnológica”. Essa “era” já existe desde os primórdios,
porém em cada época existiu um tipo de tecnologia diferente, que, cada uma a sua
maneira, tinha o objetivo de melhorar a qualidade dos processos.
As tecnologias atuais representam mudança de comportamento. Um
exemplo simples é a internet, que, apesar de ser uma tecnologia já antiga (em 1960
já se falava de internet), possibilita a comunicação das pessoas sem que estas
estejam no mesmo local e a Educação a Distância, que permite àqueles que não
têm a possibilidade de cursar o Ensino Superior de forma presencial ou que não
possuem recursos para arcar com esse investimento. Outros exemplos: televisão,
computadores, celulares etc.
As pessoas já estão dependentes de toda a tecnologia existente. Hoje é
muito comum uma criança já saber utilizar um celular e/ou os programas de
computador.
Uma realidade muito diferente de anos atrás, já que o acesso a essas
tecnologias se dava apenas quando fossem jovens e/ou adultos.
A escola e o professor precisam explorar esse conhecimento que já
possuem, permitindo assim novas formas de ensinar e aprender e também incluir
aqueles que ainda estão nas estatísticas de exclusão digital, pois, apesar das
facilidades de acesso às tecnologias, ainda existe desigualdade social nesse
âmbito. Este é outro ponto importante da utilização das tecnologias no processo de
ensino-aprendizagem, já que a escola passa a fazer um trabalho social, inserindo

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essas pessoas no mundo tecnológico, eliminando assim todas as barreiras que


possam existir, sejam elas sociais, culturais ou intelectuais.

AS PRINCIPAIS TECNOLOGIAS UTILIZADAS EM EAD

• Mídia impressa: texto impresso, caderno de estudos, jornais e


boletins, notas de aulas, livros didáticos, apostilas etc.
• Mídia sob a forma de áudio e vídeo: fitas gravadas, CD-ROM.
• Rádio e televisão: programas ao vivo e gravados:

Com o surgimento da internet tornou-se possível uma nova forma de


disseminação por vídeo, denominada vídeo transmissível, ou seja, vídeo no formato
digital que permite que as pessoas façam DOWNLOAD na forma compacta, direto
de um servidor da WEB.
• Tecnologia de telecomunicação interativa, que pode ser via áudio,
audiografia (agrega imagens visuais ao áudio), vídeo e computador.
• Audioconferência: os participantes são conectados por linhas
telefônicas.
• Audiográfico: tecnologia que agrega imagens visuais, o áudio e
também é transmitida por linhas telefônicas.
• Videoconferência: permite a transmissão nos dois sentidos de imagens
televisivas via satélite ou a cabo. Outros tipos de equipamento, como monitores de
televisão, gravadores/ aparelhos de videocassete, microfone, câmeras e
computadores também são usados.
• Aprendizado com o uso do computador: programas de estudo auto
gerenciado que o aluno usa sozinho no computador. O programa educacional pode
ser disponibilizado em CD-ROM ou conectado à internet para ter acesso ao
hipertexto (conteúdo, página ou texto de internet) e hipermídia (permite ao usuário
a interatividade de acesso pelas “ligações” existentes no conteúdo ou página ou
documentos da internet).

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AMBIENTES EDUCATIVOS VIRTUAIS

Muitas plataformas ou ambientes educativos foram criados para promover o


aprendizado com o uso do computador conectado à internet. Esses ambientes
favorecem o acesso às tecnologias educacionais. Como exemplos de plataformas
ou ambientes de aprendizagem, cito:
• PVANet: ambiente virtual de aprendizagem, desenvolvido na
Universidade Federal de Viçosa/MG para cursos na modalidade a distância. Esse
ambiente permite criar, manter e administrar cursos baseados na internet. Para
saber mais, acesse: https://www2.cead.ufv.br/sistemas/ pvanet/geral/login.php
• AulaNet: ambiente desenvolvido em julho de 1997, pelo Laboratório
de Engenharia de Software do Departamento de Informática da PUCRio. Esse
ambiente permite criar, manter e administrar cursos baseados na internet. Para
saber mais, acesse: http://www.aulanet.com.br/
• ProInfo: ambiente desenvolvido na década de 1990, pelo Programa
Nacional de Informática na Educação do MEC. Seu objetivo inicial era auxiliar a
formação continuada de professores; atualmente esse ambiente está disponível
para outros projetos vinculados ao MEC.
• TelEduc: ambiente desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de
Informática Aplicada à Educação da UNICAMP. Seu objetivo era a produção,
participação e administração de cursos na internet. Hoje em dia essa plataforma de
ensino é livre, para uso de qualquer instituição de ensino para cursos na
modalidade a distância.
• Moodle: ambiente desenvolvido na década de 1990, pela Curtin
University of Tecnology, na Austrália. Possui ferramentas que permitem a criação e
integração de conteúdos. Na versão em português, é muito utilizado para projetos
educacionais a distância, inclusive pelo MEC.

FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO

Cada plataforma e/ou ambiente possui características próprias, mas, no


geral, todos eles apresentam ferramentas para promover a comunicação em tempo
real (síncrona) ou não (assíncrona), que podem ser denominadas conforme cada

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ambiente virtual de aprendizagem. Uma ferramenta de comunicação assíncrona


permite a interação dos participantes sem que estes estejam necessariamente
conectados ao mesmo tempo. Já a comunicação síncrona permite a comunicação
de forma mais interativa e dinâmica.
Dentre as ferramentas de comunicação e gerenciamento encontradas nas
plataformas e/ou ambientes de ensino em EAD, podemos citar:
• Correio eletrônico ou e-mail: esta é uma das ferramentas de comunicação
assíncrona muito utilizada em cursos a distância. E, como tal, permite a interação
dos participantes sem a necessidade de estarem conectados ao mesmo tempo.
Indicado para enviar e receber arquivos anexados às mensagens, esclarecer
dúvidas, dar sugestões etc.
• Chat ou bate-papo: é uma ferramenta que permite a comunicação 9.3
em tempo real, ou seja, de forma síncrona. Com essa ferramenta, é possível que o
professor e os alunos encontrem-se virtualmente para esclarecimentos de dúvidas
e grupos de alunos encontrem-se para debater sobre trabalhos em equipes. Para
que o sistema funcione, porém, é indispensável que os participantes do chat
estejam conectados simultaneamente no ambiente virtual do curso.
• Fórum: esta é uma das ferramentas de comunicação assíncrona muito
utilizada em cursos de EAD no desenvolvimento de debates. Permite o debate de
temas com a inclusão de opiniões em qualquer tempo. Não é necessário que todos
os participantes estejam conectados ao mesmo instante para interagir, como na
comunicação síncrona. O fórum é organizado de acordo com a postagem dos
assuntos, mantendo a relação entre o tópico lançado, respostas e respostas das
respostas.
• Mural: é uma ferramenta que pode ser utilizada pelo professor e
alunos para colocar avisos, informações de interesse coletivo da turma, registros de
aulas práticas, resultados e notas de atividades etc. A comunicação através dessa
ferramenta pode acontecer em qualquer tempo, não sendo necessário os
participantes estarem conectados ao mesmo tempo.
• Perguntas e Respostas/FAQ: é uma ferramenta utilizada para facilitar
o envio de dúvidas pelos alunos, ao mesmo tempo em que permite que o professor
envie respostas às perguntas mais frequentes. Propicia economia de tempo para o

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estudante, já que ele pode consultar essa ferramenta para verificar se já existe uma
resposta para sua dúvida disponibilizada no ambiente virtual da aula.
• Relatórios: os relatórios gerados a partir dos fóruns de discussão são
ferramentas de gerenciamento. Essa ferramenta geralmente apresenta informações
que auxiliam o acompanhamento do estudante pelo professor, assim como o
autoacompanhamento por parte do estudante. Os relatórios apresentam
informações relativas ao histórico de acesso ao ambiente de aprendizagem pelos
estudantes, bem como notas, frequência de acesso, histórico dos artigos lidos e
mensagens postadas para o fórum e correio, participação em sessões de chat e
mapas de interação entre os professores e estudantes.
• Avaliação on-line: ferramenta de gerenciamento/comunicação. Essa
ferramenta envolve as avaliações que devem ser feitas pelos estudantes e os
recursos on-line para que o professor corrija as avaliações. Do mesmo modo,
fornece informações a respeito das notas, o registro das avaliações que foram
feitas pelos estudantes, tempo gasto para resposta etc.
Recomenda-se, no entanto, para os cursos de EAD, a utilização de mais de
uma tecnologia e várias mídias para promover a comunicação e disponibilizar os
conteúdos do curso. O objetivo maior é atingir todos os estudantes, não excluindo
aqueles que porventura tenham dificuldades de acesso às tecnologias de
comunicação e informação mais recentes, como, por exemplo, internet e o
computador.
A TECNOLOGIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

A incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir


para a melhoria da qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias
na escola não é, por si só, garantia de maior qualidade na educação, pois a
aparente modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na
memorização de informações.
A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática de sala de
aula e na forma como professores e alunos utilizam os recursos tecnológicos
disponível livro didático, giz e quadro, televisão ou computador. A presença desse
aparato tecnológico na sala de aula não garante mudanças na forma de ensinar e
aprender. A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional,

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propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma atuação ativa, crítica


e criativa por parte de alunos e professores.
O Brasil é um país com grande diversidade regional, cultural e com grandes
desigualdades sociais; portanto, não é possível pensar em um modelo único para
incorporação de recursos tecnológicos na educação. É necessário pensar em
propostas que atendam aos interesses e necessidades de cada região ou
comunidade.
Se a escola for entendida como um local de construção do conhecimento e
de socialização do saber, como um ambiente de discussão, troca de experiências e
de elaboração de uma nova sociedade, é fundamental que a utilização dos
recursos seja amplamente discutida e elaborada conjuntamente com a comunidade
escolar, ou seja, que não fique restrita às decisões e recomendações de outros.
Tanto no Brasil como em outros países, a maioria das experiências com uso de
tecnologias informacionais na escola estão apoiadas em uma concepção tradicional
de ensino e aprendizagem. Esse fato deve alertar para a importância da reflexão
sobre qual é a educação que se quer oferecer aos alunos, para que a incorporação
da tecnologia não seja apenas o "antigo" travestido de "moderno".
Os meios eletrônicos de comunicação oferecem amplas possibilidades para
ficarem restritos à transmissão e memorização de informações. Permitem a
interação com diferentes formas de representação simbólica - gráficos, textos,
notas musicais, movimentos, ícones, imagens -, e podem ser importantes fontes de
informação, da mesma forma que textos, livros, revistas, jornais da mídia impressa.
Entrevistas, debates, documentários, filmes, novelas, músicas, noticiários,
softwares, CD-ROM, BBS e Internet são apenas alguns exemplos de formatos
diferentes de comunicação e informação possíveis utilizando-se esses meios.
O computador, em particular, permite novas formas de trabalho,
possibilitando a criação de ambientes de aprendizagem em que os alunos possam
pesquisar, fazer antecipações e simulações, confirmar ideias prévias, experimentar,
criar soluções e construir novas formas. Além disso, permite a interação com outros
indivíduos e comunidades, utilizando os sistemas interativos de comunicação: as
redes de computadores.

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O PROFESSOR DIANTE DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

As orientações e práticas pedagógicas de instrução, os paradigmas de


investigação e as modelos de formação tecnológicas podem ser adaptados, e são
dependentes das perspectivas sobre a natureza do conhecimento, do pensamento
e das diferentes teorias da aprendizagem. Ou seja, as orientações metodológicas e
curriculares, as práticas, derivam e fundamentam-se, pois, nas teorias da
aprendizagem e do desenvolvimento, sendo, então, os seus pilares a Filosofia e a
Psicologia, dentre outros.
A grande evolução e utilização das novas tecnologias informacionais vem
provocando transformações radicais nas concepções de ciência, e impulsiona as
pessoas a conviverem com a ideia de aprendizagem sem fronteiras e sem
prérequisitos. Tudo isso implica em novas ideias de conhecimento, de ensino e de
aprendizagem, exigindo o repensar do currículo, da função da escola, do papel do
professor e do aluno.
Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece
quando se consegue integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias:
as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais.
Houve uma passagem muito rápida do livro para a televisão e vídeo e
destes para o computador e a Internet, sem que houvesse a aprendizagem e a
exploração de todas as possibilidades de cada meio. As habilidades relacionadas
ao uso de tecnologia delineiam um novo modelo para a escola. Os recursos
oferecidos pelos computadores, pela Internet e outras redes de comunicação
evidenciam a necessidade de se estabelecerem vínculos entre os conteúdos das
disciplinas escolares, as diversas aprendizagens no âmbito da escola e a realidade
cotidiana. Notadamente as informações circulantes são mais ricas em forma e mais
diversificadas em conteúdo do que as existentes na escola tradicional.
Até o advento das tecnologias de informação e comunicação, a escola era
o lugar para onde as pessoas se destinavam a fim de adquirir conhecimento
sistematizado, o lugar onde estavam as informações mais importantes e o
professor era visto, então, como o detentor e provedor de saberes. Com a profusão
de mídias e facilidade de acesso oferecido pelas tecnologias de informação e

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comunicação, a escola redefine-se no que diz respeito a ser repositório de


informações e o professor passa a ter o papel de mediador e orientador da
aprendizagem, devendo ser hábil no uso das tecnologias para a educação.
Para empreender um trabalho, no espaço escolar, comprometido com uma
nova realidade tecnológica, o professor precisa criar novas metodologias de ensino
que tenham como ponto de ancoragem a realidade da escola e de seus
protagonistas, relacionando o cotidiano escolar a contextos mais amplos,
articulando o senso comum ao saber sistematizado e socialmente construído,
integrando e contextualizando os diversos componentes curriculares à nova
realidade social. Dadas as transformações socioculturais que ocorrem numa
velocidade jamais vista, os profissionais da educação devem estar continuamente
se informando, se transformando, se formando.

O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO

Das abordagens de integração das TIC no contexto educativo, hoje podem


considerar-se mais relevantes a do computador visto como uma ferramenta e
instrumento de trabalho e a promovida pela utilização da internet no ensino e
aprendizagem, na perspectiva do computador como máquina de fornecer
informação e ferramenta auxiliar para a construção de conhecimento.
A internet está revolucionando os métodos de pesquisa e deste modo,
embora a sua utilidade, é necessário avaliar adequadamente a sua informação,
nomeadamente os alunos, dado que muitos confiam e utilizam a internet como
primeira fonte de informação sem formação formal sobre as dificuldades
envolvidas.
A utilização das TIC deve ser sempre justificável à luz dos benefícios e
vantagens para o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, o aproveitamento
otimizado destas novas tecnologias implica uma mudança nas nossas formas de
ensinar e de aprender. Isto é, a integração das TIC pode ser ainda mais efetiva ao
explorar novos modelos pedagógicos diferenciados, onde se enquadram as
pedagogias construtivistas.
Sugere-nos a necessidade de um modelo flexível para a experimentação e
inovação curricular. Assim, a flexibilização beneficia a construção de caminhos

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conducentes à obtenção de competências diversificadas, produzidas e


desenvolvidas tanto ao nível de competências cognitivas, como pessoais e sociais,
designadamente, através de métodos participativos que posicionem os alunos no
centro do processo de ensino-aprendizagem e fomentem a sua autonomia,
preconizados pelas pedagogias construtivistas.
A ideia da concepção construtivista do ensino e da aprendizagem é
normalmente utilizada para designar uma posição com alargado enfoque, no qual
convergem diversas teorias psicológicas e educativas, que partilham o pressuposto
de que o conhecimento e a aprendizagem não se constituem como uma cópia da
realidade, mas sim como uma construção ativa do sujeito em interação com um
ambiente sociocultural.

INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA ESCOLA COM USO DA


NFORMÁTICA

Facilitação da construção do conhecimento


• Desenvolvimento do raciocínio lógico
• Desenvolvimento da sequência lógico-temporal
• Aumento da flexibilidade do pensamento
• Aumento da organização na realização de tarefas
• Aumento da atenção na realização de tarefas
• Possibilidade de lidar com diferentes exigências temporais
• Possibilidade de lidar com os próprios erros de forma produtiva
• Estímulo à curiosidade (exploração do novo) Desenvolvimento da
imaginação/criatividade Fortalecimento da autonomia
• Tomada de decisões, escolhas mais rápidas
• "Melhoria" da autoestima
• Desenvolvimento da leitura informativa
• Interpretar e seguir ordens
• Rapidez na leitura (ritmos diferentes)
• Rapidez na resposta

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PEDAGOGIAS CONSTRUTIVISTAS NO ENSINO E APRENDIZAGEM


DAS NOVAS TECNOLOGIAS.
Os modelos centrados no aluno assentam na perspectiva filosófica de John
Dewey e de outros educadores progressistas do século XX, designadamente, a
pedagogia de Montessori ou a Escola Nova de Freinet, assim como, de psicólogos
defensores do pensamento cognitivo, como Piaget e Vygotsky. A perspectiva
construtivista defende que o conhecimento é algo pessoal e o significado é
construído pelo aluno através da experiência. A aprendizagem é vista como uma
atividade social e cultural em que os próprios alunos constroem os significados e
são influenciados pela interação entre o conhecimento previamente adquirido e as
novas experiências de aprendizagem. Consequentemente, as pedagogias
construtivistas podem mais facilmente promover a criação e o desenvolvimento de
competências diversificadas, tanto ao nível cognitivo como comportamental, ao
orientarem os alunos para a construção do próprio significado, e assumindo estes
um desempenho ativo nessa construção. Em geral, podemos dizer que a
competência integra conhecimentos, capacidades e atitudes. Ou seja, trata-se do
processo de ativar recursos, em diversos tipos de situações, associado a algum
grau de autonomia em relação ao uso do saber.
Desta forma, os professores devem recorrer a pedagogias diferenciadas
que perspectivem a progressão individual dos alunos. Esta técnica permite abarcar
diferentes estádios de desenvolvimento dos alunos, respeitar diferentes ritmos de
aprendizagem, valorizar processos complexos de pensamento e a aquisição de
competências, como a autonomia, a liderança democrática e a
autorresponsabilização.
Nos grupos de trabalho, os alunos podem organizar-se de forma que cada
grupo investigue um aspeto sobre determinado tema, tendo depois cada grupo a
responsabilidade de apresentar aos restantes o conhecimento então construído.
Assim, a aprendizagem feita em comum permite a todos a possibilidade de poder
“aprender a aprender”, mas também desenvolver competências ao nível do saber,
ser capaz e o estar.
As práticas educacionais diferenciadoras distinguem-se, tendo em conta
que a base estruturante do trabalho é a autonomia e a responsabilização do aluno
em que se pressupõe um princípio de heterogeneidade e trabalho colaborativo. O

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método educacional das novas tecnologias também define para cada aluno um
plano de trabalho autónomo. Este é um mapa de planeamento das atividades e da
verificação do seu cumprimento, onde se pode observar o trabalho de estudo e
treino de competências que cada aluno se propõe realizar. Esta organização
cooperativa usando as novas tecnologias promove o desenvolvimento moral, cívico
e social dos alunos, propiciando um ambiente facilitador da criação e incremento de
competências diversificadas.

A CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO USANDO AS NOVAS


TECNOLOGIAS

A utilização das novas TIC no âmbito da didática, como recurso


complementar de outros, sobretudo com base no paradigma construtivista, inclui
hoje o uso da internet. Esta, entre outras vantagens, facilita o acesso a fontes;
contribui para o desenvolvimento do espírito crítico; permite experimentar formas de
trabalho; ajuda à construção de conceitos; incentiva a transdisciplinaridade;
desenvolve o sentido de cooperação e autonomia dos alunos. No entanto, a
exploração didática das TIC envolve uma enorme complexidade, obrigando à
mobilização de saberes multidisciplinares, tendo os professores que integrar as
variáveis pedagógicas e tecnológicas. Não basta colocar os equipamentos nas
salas de aula, para que o ensino seja eficaz, sendo essencial planear e analisar de
que forma se pode promover ativamente a integração das TIC no processo de
ensino e aprendizagem.
Nesta perspectiva, as TIC não devem ser simplesmente um fenômeno
informativo ou comunicativo orientado para o processo de informação, mas sim um
instrumento de desenvolvimento cognitivo, que permita a transformação da
informação em conhecimento. Assim, o caminho a seguir na educação para a
autonomia dos alunos é tirar partido da concepção e realização de projetos, tanto
individuais como coletivos, com a orientação e mediação do professor.
Segundo uma visão construtivista e sociocultural dos processos de ensino
e aprendizagem, categorizam três formas de uso das TIC pelos alunos: 1) como
suporte, seguimento e apoio do professor; 2) como apoio ao trabalho colaborativo
dos alunos em pequeno grupo; 3) como apoio à reflexão e regulação dos alunos
sobre o seu próprio processo de trabalho e aprendizagem.
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Adicionalmente, as TIC podem ser utilizadas como ferramentas de suporte


à comunicação entre professor e aluno e também entre alunos e, simultaneamente,
conceber-se como contextos virtuais alargados relativamente à atividade
presencial, combinando o presencial e o virtual no processo de ensino-
aprendizagem. Desta forma, o professor, para além das aulas presenciais, pode
prestar um apoio personalizado ao trabalho autónomo dos alunos de forma
assíncrona, através da utilização das TIC, com o uso do Moodle, email, blogs ou
sites.
Ligadas ao aspeto da autonomização, as TIC constituem um aspeto da
inovação nos sistemas educativos. Pelo que, a integração destas nos processos de
ensino e aprendizagem, para além de permitirem a produção e desenvolvimento de
competências, podem conduzir à criação e construção de conhecimento.

AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM: O MOODLE

Para a promoção de cursos a distância, ambientes virtuais estruturados são


desenvolvidos com o objetivo de promover a aprendizagem. São espaços
eletrônicos construídos para permitir a veiculação e interação de conhecimentos e
usuários, Esses ambientes são chamados de Sistemas de Gerenciamento de
Aprendizagem (do inglês: Learning Management Systems – LMS). São softwares
projetados para atuarem como salas de aula virtuais e têm como características o
gerenciamento de integrantes, relatório de acesso e atividades, promoção da
interação entre os participantes, publicação de conteúdos.
Os LMS são Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), que
diferentemente de outros, oferecerem características de controle e gerenciamento
inexistentes em outras interfaces da web. Os ambientes de aprendizagem se
caracterizam e se diferenciam de outros ambientes da web porque eles têm uma
dinâmica própria para atender ao fazer pedagógico, o qual é orientado no sentido
de que se estabelecem metas para o aluno atingir. Outro diferencial é o
oferecimento de feedback. O feedback é fundamental para que os alunos possam
avaliar se estão atingindo os objetivos estabelecidos para o curso. Objetivos
orientados a feedback são um dos aspectos críticos de um ambiente de
aprendizagem, pois, se o aluno não recebe comentário sobre as atividades que ele

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desenvolveu em um curso ele não tem como saber se está ou não atingindo os
objetivos estabelecidos.
Nos AVA’s, os recursos que dão suporte à educação a distância são os
mesmos da internet: correio, fórum, chat, conferência, banco de recurso. O
gerenciamento desses ambientes engloba diferentes aspectos, dos quais
destacamos a gestão das estratégias de comunicação e mobilização dos
participantes, a gestão da participação dos alunos por meio de registro das
produções, interações e caminhos percorridos, a gestão de apoio e orientação dos
formadores aos alunos e a gestão da avaliação.
Pelo fato de ser um software livre, gratuito e aberto, o Moodle pode ser
carregado, utilizado, modificado e distribuído. Ele é um projeto de desenvolvimento
contínuo, por isso, podemos receber atualizações constantes, tendo também os
próprios usuários como seus construtores. Por propor uma aprendizagem
colaborativa on-line, ele é considerado um ambiente baseado numa proposta
socioconstrutivistas.
Sendo assim, o Moodle é um ambiente que permite a adequação das
necessidades das instituições e dos usuários, e, enquanto ambiente virtual de
aprendizagem, foi desenvolvido levando em consideração que a aprendizagem
acontece, através da colaboração do conhecimento. Percebe-se na filosofia do
desenvolvimento do Moodle uma clara expressão das intenções de promover a
colaboração e cooperação do outro para com o outro, buscando desenvolver uma
cultura baseada em conhecimentos compartilhados entre o grupo.
O fato de o Moodle ser um ambiente de aprendizagem que possibilita o
feedback, a própria construção do ambiente e a construção do conhecimento
compartilhado conduz que se adote uma concepção social para a compreensão de
sua dinâmica de aprendizagem.
Para o desenvolvimento das atividades são utilizados recursos que
reforçam os princípios sócio interacionistas pelo fato de oportunizarem a
comunicação e a intervenção do usuário durante o processo. Esses recursos são
disponibilizados no ambiente e oportunizam a interação dos alunos com os
conteúdos e com colegas e professores.
Essas ferramentas são consideradas de informação e comunicação. No
caso das interfaces de comunicação destacam-se as ferramentas de interatividade

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síncronas e as assíncronas. As ferramentas de comunicação síncronas são as que


permitem a participação de alunos e professores em eventos marcados, com
horários específicos, via internet, a exemplo dos chats. Para esse tipo de
interatividade, a comunicação em tempo real, possibilita aos envolvidos uma
sensação de grupo, de comunidade, o que pode ser determinante para a
continuidade do curso, uma vez que preserva a motivação, a interação em tempo
real, o retorno e a crítica imediata, encontros regulares, etc.
Já as ferramentas de comunicação assíncronas como o Fórum, o Diário, o
diálogo, as lições, entre outros, são consideradas como revolucionárias pelo fato de
possibilitar que o usuário faça sua intervenção de forma mais organizada, uma vez
que ele terá tempo para sistematizar sua opinião, comentário, respostas, etc.
Cada uma dessas ferramentas tem uma função definida no ambiente e com
possibilidades limitadas e cabe ao professor selecioná-las, conforme os objetivos
de seu curso. Todavia se acrescenta que como o Moodle é um ambiente de
construção pública e livre, ele pode ser alterado e novas ferramentas podem surgir
e serem agregadas a já existentes.
As ferramentas mais comuns no ambiente Moodle são as seguintes:
arquivo de Materiais, Lição, Fórum, Tarefa, Questionário, Chat, SCORM, Glossário,
Pesquisa de Opinião, wiki, Pesquisa de Avaliação, Diário, Diálogo.
O emprego das NTICs (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação)
na educação possibilita a criação de ambientes novos com estruturas flexíveis,
abertas, integrando várias mídias e possibilitando a interação entre os participantes
do processo. Mas o uso da tecnologia reforça a existência de um projeto educativo
com definição de perfil de alunos, objetivos, parâmetros pedagógicos, conteúdo e
avaliação dos conteúdos que serão ministrados, além de ajustes no decorrer do
processo ensino e aprendizagem. E o grau de interatividade presente nelas vai, em
muito, depender da mediação pedagógica que subjaz ao processo de ensino e
aprendizagem a que se propõe o curso, o professor.

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http://pramidias-pmf.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html

PROJETOS DE INOVAÇÃO TECNOLOGICA NA EDUCAÇÃO

O principal aspecto a ser questionado sobre a elaboração de materiais


didáticos mediatizados por novas tecnologias da informação e da comunicação é a
sua contribuição para novas concepções da aprendizagem. Essa questão é
polêmica, visto que parece não haver um ponto de vista único entre os
especialistas da área. Muitas pessoas consideram que a contribuição da
informática é apenas de ordem tecnológica e não conceitual, o que significa que ela
não oferece subsídio para a elaboração de novas ideias acerca dos processos de
aprendizagem ou ensino.
Desde que usadas como fundamento do processo de ensino e
aprendizagem forma de pensar e sentir ainda em construção, vislumbrando, assim,
um papel importante para elas na elaboração do pensamento. Vista dessa
perspectiva, a concepção de materiais didáticos que incorporem novas tecnologias,
capazes de oferecer uma reestruturação do processo de aprendizagem, depende
do esforço de relacionar novas abordagens teóricas sobre a aprendizagem a seu
desenho instrucional.
Tomando, porém, como exemplo a pesquisa no campo da informática
educativa nos últimos dez anos, pode-se observar que a transferência de
descobertas nas ciências cognitivas e sociais para a prática do planejamento de

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materiais didáticos raramente é um processo tão direto, o que representa o grande


desafio para os projetos de inovações tecnológicas na escola. O construtivismo tem
sido ultimamente a abordagem teórica mais utilizada para orientar o
desenvolvimento de materiais didáticos informatizados, principalmente o de
ambientes multimídia de aprendizagem.
Podemos considerá-lo como um guarda-chuva que tem dado origem a
diferentes propostas educativas que incorporam novas tecnologias, às vezes de
forma implícita, às vezes de forma explícita. O fato de a abordagem construtivista
ser hoje predominante não significa uma tendência única refletida nos materiais
didáticos, mesmo porque a ideia de construção do conhecimento está presente na
obra de vários autores, como Piaget, Vygotsky, Wallon, Paulo Freire, Freud, entre
outros e, dependendo de qual deles seja o referencial eleito, configura-se uma
proposta pedagógica um pouco diferenciada.
Apesar das diferenças entre as concepções teóricas desses autores sobre
o construtivismo, há elementos comuns que são fundamentais. Talvez o mais
marcante seja a consideração do indivíduo como agente ativo de seu próprio
conhecimento, o que no contexto educativo desloca a preocupação com o processo
de ensino (visão tradicional) para o processo de aprendizagem. Na visão
construtivista, o estudante constrói representações por meio de sua interação com
a realidade, as quais irão constituir seu conhecimento, processo insubstituível e
incompatível com a ideia de que o conhecimento possa ser adquirido ou
transmitido. Assumir esses pressupostos significa mudar alguns aspectos centrais
do processo de ensino-aprendizagem em relação à visão tradicional. À medida que
professores e elaboradores de materiais didáticos que incorporam as novas
tecnologias apropriam-se dos pressupostos teóricos construtivistas, estes tomam
uma feição diferenciada, parecendo mesmo apoiarem-se em abordagens
diferentes. Isso pode, de fato, acontecer porque não há uma correlação perfeita
entre pressupostos teóricos do construtivismo e as características técnicas de
materiais didáticos.
A transferência da teoria para a prática do desenho instrucional não é fácil
nem óbvia e, muitas vezes, as iniciativas de usar os pressupostos construtivistas no
desenvolvimento de ambientes tecnológicos de ensino-aprendizagem ficam aquém
da intenção inicial. Procurando colocá-los em prática, materiais didáticos que

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incorporam as novas tecnologias têm como característica principal passar para as


mãos do estudante o controle de sua aprendizagem, tornando possível uma
interação na qual ele “ensina” à tecnologia mais do que aprende com ela.
A epistemologia construtivista relaciona-se fundamentalmente com a ideia
de construção, o que no planejamento de materiais didáticos informatizados pode
ser traduzido na criação de ambientes de aprendizagem que permitam e deem
suporte à construção de alguma coisa ou ao envolvimento ativo do estudante na
realização de uma tarefa, que pode ser individual ou em grupo, e a
contextualização dessa tarefa. Para isso, oferecem ferramentas e meios para
criação e manipulação de artefatos ao invés de apresentarem conceitos prontos ao
estudante.
A oposição entre os papéis ativo e passivo do aluno frente à aprendizagem
é insuficiente. Com o conceito de abordagem profunda, a TIC pretende dar ênfase
à apropriação das estratégias metacognitivas pelo aluno na interação com materiais
didáticos informatizados. Essa perspectiva quer marcar a diferença em relação ao
processo tradicional de ensino, no qual o aluno interage com o conteúdo visando
apenas à avaliação. Para que o aluno desenvolva uma abordagem profunda à sua
aprendizagem, é necessário que ele adquira a consciência do que consiste
aprender, etapa que será fundamental no processo.
Em outras palavras, o mais importante é aprender como aprender, como
construir e refinar novos significados. A metacognição pode, assim, ser associada à
resolução de problemas, quando, além de refletir sobre a solução, o indivíduo
reflete sobre suas próprias abordagens ao problema. Essa reflexão pode gerar
estratégias alternativas mais produtivas. O alvo do processo educativo passa a ser
a habilidade de reflexividade e não o de memorização.

MATERIAIS DIDÁTICOS E AS NOVAS TECNOLOGIAS

Na perspectiva construtivista, o tecnólogo educacional deve ter todo o


cuidado para que o desenho instrucional dos ambientes de aprendizagem atenda
aos seus pressupostos teóricos, pois, sendo a informática uma ferramenta que
funciona segundo uma linguagem binária, ela se ajusta muito mais facilmente a
pressupostos comportamentalistas do tipo “sim/não”, “certo/errado”, “seguir/voltar”

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do que a padrões de interação criativos que explorem o raciocínio e a criatividade


do estudante.
As principais características das novas tecnologias da informação e da
comunicação presentes na elaboração de materiais didáticos e projetos
fundamentados na abordagem construtivista são:
(1) a possibilidade de interatividade;
(2) as possibilidades que o computador tem de simular aspectos da
realidade;
(3) a possibilidade que as novas tecnologias de comunicação, acopladas
com a informática, oferecem de interação a distância e
(4) a possibilidade de armazenamento e organização de informações
representadas de várias formas, tais como textos, vídeos, gráficos, animações e
áudios, possível nos bancos de dados eletrônicos e sistemas multimídia.
Essas possibilidades têm sido experimentadas em propostas educativas de
utilização das novas tecnologias na perspectiva construtivista por professores,
tecnólogos educacionais e elaboradores de materiais.

O PAPEL DO PROFESSOR NA ELABORAÇÃO DE MATERIAIS


DIDÁTICOS

Embora seja consensual que a utilização das tecnologias da informação e


da comunicação na educação não vai substituir o professor, reconhece-se, hoje em
dia, que o trabalho docente pode ser apoiado por esses meios. O trabalho do
professor é fundamental nos projetos de inovações tecnológicas até porque “a
qualidade educativa destes meios de ensino depende, mais do que de suas
características técnicas, do uso ou exploração didática que realiza o docente e do
contexto em que se desenvolve” (LIGUORI, 1997, p. 38). Referindo-se à informática
educativa e, mais recentemente, à utilização da Internet no processo educativo,
vários autores discutem de que forma o papel do professor poderia adequar-se ao
uso das novas tecnologias educacionais na concepção construtivista da
aprendizagem.
O professor deixa de ser o repassador do conhecimento para ser o criador
de ambientes de aprendizagem e facilitador do processo pelo qual o aluno adquire
conhecimento. O papel do professor, cuja função básica não é mais dar aula, pois
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isso pode ser feito através da televisão ou do microcomputador, apresenta-se como


o orientador do processo reconstrutivo do aluno, através da avaliação permanente,
do suporte em termos de materiais a serem trabalhados, da motivação constante e
da organização sistemática do processo.
O ensino com as novas mídias deveria questionar as relações
convencionais entre professores e alunos. Para tanto, define o perfil desse novo
professor - ser aberto, humano, valorizar a busca, o estímulo, o apoio e ser capaz
de estabelecer formas democráticas de pesquisa e comunicação. Nas atividades
pedagógicas realizadas através da Internet, o professor e o aluno tornam-se
participantes de um “novo” jogo discursivo que não reconhece a autoridade ou os
privilégios de monopólio da fala presentes, com frequência, nas relações de ensino-
aprendizagem tradicionais, inaugurando, assim, relações comunicativas e
interpessoais mais simétricas.
Na Aprendizagem baseada em Problemas, por exemplo, a atividade mais
crítica do professor está relacionada com as questões que ele irá formular aos
estudantes. É essencial que elas valorizem e desafiem o pensamento do aprendiz,
não o induzindo sobre o que fazer ou como pensar. O mais importante, ao
contrário, é que o ensino questione o pensamento do estudante.
O papel do professor, na abordagem construtivista, aproxima-se de uma
concepção de profissional que facilita a construção de significados por parte do
aluno nas suas interpretações do mundo. Assim, este profissional será melhor
denominado de facilitador pedagógico. Para que possa ajudar o aluno, o facilitador
pedagógico, primeiramente, deverá possuir uma concepção clara da construção de
conhecimento enquanto processo dinâmico e relacional advindo da reflexão
conjunta sobre o mundo real. Deverá possuir base teórica consistente, clara
concepção do objetivo da aprendizagem e da metodologia a ser utilizada, assim
como do processo de avaliação de acordo com a visão construtivista de
conhecimento.
Em sua prática, o facilitador pedagógico poderá, entre outras atividades:
(l) desenvolver poucos conceitos com maior produtividade;
(2) encorajar o aluno a buscar outros pontos de vista e a desejar aprender
e entender;

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(3) propiciar a análise de experiências significativas e a sua reflexão


crítica;
(4) promover a comunicação entre os alunos e grupos de alunos e o
intercâmbio de experiências.
Na realidade, as relações convencionais professor-aluno estão em pauta de
discussão dessa aula não só como consequência da visão construtivista de
aprendizagem, mas também porque o professor deixou de ser o único a ter acesso
à informação nessa relação. Esse dado está levando o professor a mudar de
postura, abdicando do poder que detinha enquanto único possuidor do
conhecimento relevante no contexto escolar, favorecendo uma relação mais
simétrica com o aluno.

PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES NAS TICS.

O planejamento instrucional tradicional tinha uma função primordialmente


prescritiva, incluindo as etapas de análise das necessidades, seleção dos materiais
e métodos instrucionais e avaliação. Na análise de necessidades, eram
identificadas as subtarefas que deveriam ser cumpridas pelo estudante e cada
parte do conhecimento que ele deveria adquirir. A partir dessa fase, os passos que
o aluno deveria seguir para adquirir conhecimento podiam ser planejados. Nesse
processo, surgiam os objetivos, que eram subdivididos em objetivos específicos. Os
objetivos específicos eram, então, estabelecidos em termos de comportamentos
observáveis e mensuráveis. A partir dos objetivos especificados, o planejador
escolhia os métodos e recursos instrucionais necessários para que os objetivos
fossem alcançados. Esse tipo de planejamento, hoje considerado demasiadamente
mecânico e prescritivo, é ainda seguido, por exemplo, para elaborar software
educacionais tutoriais ou de exercício e prática.
A perspectiva construtivista, ao questionar a aprendizagem por uma
sequência instrucional imposta, volta-se para as formas de facilitar o processo
construtivo de aprendizagem. Essa perspectiva leva a uma abordagem muito mais
centrada na provisão de experiências de aprendizagem ao aluno do que no
planejamento da instrução. Por não ser prescritivo, o planejamento pedagógico, no
paradigma construtivista, impõe grandes desafios a serem enfrentados pelo

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professor, pois não há uma fórmula (e será muito difícil encontrar uma) que permita
a transferência imediata de seus princípios à prática.
Esse processo exige um planejamento cuidadoso, pois romper com
modelos tradicionais de ensino e aprendizagem não quer dizer que o planejamento
seja dispensável, ao contrário, a natureza complexa das interações em ambientes
tecnológicos de aprendizagem exige a articulação de princípios e modelos
conceituais à criação de espaços que ofereçam suporte em diferentes experiências
de aprendizagem, estimulem a participação e a meta-aprendizagem do aluno.
A contextualização da aprendizagem defendida pelo construtivismo exige o
planejamento de tarefas de aprendizagem inseridas em contextos de resolução de
problemas que sejam relevantes no mundo real. A análise de tarefas procura evitar
a decomposição das atividades de aprendizagem e passa a se preocupar com a
criação de problemas contextualizados relevantes e realísticos. Preferencialmente,
os problemas enfrentados têm que mostrar a relevância que as habilidades e os
conhecimentos envolvidos na sua solução podem ter para a vida do aluno.
O domínio de fatos e conhecimentos, objetivo da educação tradicional, deu
lugar às habilidades e aos processos necessários para tornar o aluno um
especialista que pode operar construtivamente dentro de um conteúdo/contexto. O
engajamento em colaboração, a apreciação de múltiplas perspectivas, a avaliação
e o uso ativo do conhecimento tornam-se o alvo do planejamento.
Por isso, não faz sentido dividir o conteúdo em pequenos módulos e
ordená-los de acordo com níveis crescentes de dificuldade. Da mesma forma, não
é possível fazer afirmações genéricas sobre como a informação será usada pelo
aluno, o que torna difícil pensar em objetivos específicos predeterminados. Ao
contrário do previsto na visão tradicional, os objetivos específicos surgem na
realização de tarefas autênticas e durante a resolução de problemas significativos
para o estudante.
Também não basta planejar uma única tarefa ou problema. A construção
do conhecimento, sendo um processo individual e particular, não permite o
planejamento de tarefas únicas para um determinado perfil médio de alunos. Para
atender a essa nova abordagem, é necessário que o desenho instrucional do
ambiente de aprendizagem possa ajustar-se às necessidades particulares de cada

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aluno, o que ainda é um grande desafio para o planejamento na área de tecnologia


educacional.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NAS AULAS COM TICS

Da mesma forma que o planejamento, a avaliação, na perspectiva


construtivista, é diferenciada da tradicional. Apesar de ser uma questão em aberto,
há algumas diretrizes que podem orientar o processo de avaliação do desempenho
do estudante em projetos educacionais com utilização de novas tecnologias nesse
novo paradigma.
Se, na abordagem construtivista, o estudante irá desenvolver diferentes
perspectivas da realidade por meio de processos individuais de construção do
conhecimento, os processos de avaliação deveriam acomodar uma variedade mais
ampla de opções de respostas aos problemas. Além disso, sendo priorizada a
avaliação dos processos mentais do aluno em relação aos produtos finais, os
conceitos de certo ou errado tornam-se secundários na medida que o aluno deve
ser capaz não só de chegar a uma resposta, mas também de justificar e defender
seus julgamentos e decisões durante a resolução de problemas.
Enquanto, convencionalmente, os resultados da aprendizagem são
definidos em termos do conhecimento e das habilidades adquiridas pelo estudante,
os construtivistas argumentam que experimentar e tornar-se proficiente no
processo do conhecimento é mais importante. Nesse sentido, uma atividade de
avaliação coerente com os pressupostos construtivistas é a reflexão do estudante
sobre sua própria aprendizagem e o registro do processo através do qual ele
construiu sua visão do conteúdo. A tendência da avaliação é servir menos como
reforço ou instrumento de controle e mais como ferramenta de auto-análise.
A avaliação objetiva, aplicada como uma medida separada do resultado da
aprendizagem, não funciona no paradigma construtivista. Ele defende a avaliação
da aprendizagem em função da solução bem sucedida de uma tarefa. O julgamento
da resolução do problema deve então, ser feito pelo professor, com base na
consideração de todas as evidências disponíveis.
Os autores construtivistas consideram importante a avaliação da
aprendizagem inserida em um contexto. Professores tradicionais também têm

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reconhecido que as habilidades importantes não são cobradas em testes


desvinculados do contexto da aprendizagem. A procura de melhores meios de
avaliação, porém, ainda é uma questão em aberto. As alternativas oferecidas pelos
construtivistas ainda soam imprecisas. Elas precisam tornar-se mais claras,
mostrarem-se válidas economicamente e atenderem às demandas das diferentes
partes interessadas.

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Tecnologia da informação e comunicação (TIC) pode ser definida como um


conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo
comum. As TICs são utilizadas das mais diversas formas, na indústria (no processo
de automação), no comércio (no gerenciamento, nas diversas formas de
publicidade), no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação
imediata) e na educação (no processo de ensino aprendizagem, na Educação a
Distância).
O desenvolvimento de hardwares e softwares garante a operacionalização
da comunicação e dos processos decorrentes em meios virtuais. No entanto, foi a
popularização da internet que potencializou o uso das TICs em diversos campos.
Através da internet, novos sistemas de comunicação e informação foram
criados, formando uma verdadeira rede. Criações como o e-mail, o chat, os fóruns,
a agenda de grupo online, comunidades virtuais, web cam, entre outros,
revolucionaram os relacionamentos humanos.
Através do trabalho colaborativo, profissionais distantes geograficamente
trabalham em equipe. O intercâmbio de informações gera novos conhecimentos e
competências entre os profissionais.
Novas formas de integração das TICs são criadas. Uma das áreas mais
favorecidas com as TICs é a educacional. Na educação presencial, as TICs são
vistas como potencializadoras dos processos de ensino – aprendizagem. Além
disso, a tecnologia traz a possibilidade de maior desenvolvimento – aprendizagem
– comunicação entre as pessoas com necessidades educacionais especiais.
As TICs representam ainda um avanço na educação a distância. Com a
criação de ambientes virtuais de aprendizagem, os alunos têm a possibilidade de

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se relacionar, trocando informações e experiências. Os professores e/ou tutores


têm a possibilidade de realizar trabalhos em grupos, debates, fóruns, dentre outras
formas de tornar a aprendizagem mais significativa. Nesse sentido, a gestão do
próprio conhecimento depende da infraestrutura e da vontade de cada indivíduo.
A democratização da informação, aliada à inclusão digital, pode se tornar
um marco dessa civilização. Contudo, é necessário que se diferencie informação de
conhecimento. Sem dúvida, vivemos na Era da Informação.

INTERATIVIDADE E INTERAÇÃO NAS AULAS COM TICS

O ensino a distância on-line tem sido divulgado como uma alternativa que
se configura hoje pela inserção das novas tecnologias de informação e
comunicação e junto com elas a ideia da interatividade. Conceito que vem sendo
muito discutido, pelo fato de amparar valores e concepções que têm variado no
tempo e na história.
Existem três reações frequentes ao termo “interatividade”: a primeira como
oportunista, ou seja, como modismo, nome novo para coisas velhas. A segunda
como estratégia de marketing para expansão do mercado e a terceira como uma
estratégia de dominação da técnica, que promove a regressão do homem à
condição de máquina. A terminologia interatividade surge para atender a uma nova
modalidade comunicacional, a interativa, que se caracteriza pelo modo dialógico
com que os usuários interagem uns com os outros. A interatividade é vista como
um fenômeno que emerge da Sociedade da Informação.
Apenas a disponibilização da informação não caracteriza a Sociedade da
Informação, mas o diferencial e o que é mais importante é desencadeamento de
um continuado processo de aprendizagem. Assim, dizemos que as novas
tecnologias que permitem a interatividade também promovem uma nova relação do
aluno com o conhecimento, com outros alunos e com o professor, a partir do
momento, em que se propõe um ensino que considera como prioridade as formas
de aprendizagens e, consequentemente, os aprendentes. A possibilidade de
interagir, através das ferramentas tecnológicas, implica rever todos os papéis dos

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envolvidos no processo ensino e aprendizagem e como também a metodologia


utilizada para a promoção dessa aprendizagem.
O papel do professor se amplia. Ele deve promover, por força de uma
intervenção pedagógica, a autonomia do aluno, no sentido de ajudá-lo a reelaborar
o conhecimento existente. Ao professor cabe o papel de promotor-interventor. O
professor na perspectiva da interatividade deixa de ser o contador de histórias,
conselheiro, parceiro ou mesmo facilitador e passa a ser um sistematizador de
experiências. Os alunos, desta forma, deixam de aprender passivamente, como
acontece com o ensino instrucionista, em que a máquina ou o professor transmitem
ou repassam as informações, e passam a exigir mais, tanto dos proponentes
quanto de si mesmos, exigindo liberdade e autonomia. Autonomia significa o
estabelecimento das relações que o aluno construir com o mundo exterior e os
outros.
Na visão sócio interacionista, o homem constitui-se como tal, por meio de
suas interações sociais, portanto, ele é visto como alguém que transforma e é
transformado nas relações produzidas em uma determinada cultura. Na interação
com o outro e com o meio, o indivíduo se deparará com situações conflitantes, que
exigirão que ele encontre as possíveis soluções, o que possibilitará a aprendizagem
e consequentemente, o seu desenvolvimento intelectual.
No contexto de EAD, o favorecimento da interação é marcado pela ação
dialógica entre o sujeito e a técnica. Com as tecnologias disponibilizadas, a
educação a distância oportuniza, portanto, maior interatividade entre professor e
aluno, alunos e alunos, todos e máquina, ampliando, renovando e construindo
conhecimentos porque as novas tecnologias comunicacionais permitem ampla
liberdade para o usuário fazer as conexões que lhe forem convenientes, de forma a
atualizarem-se e de produzirem as intervenções que mais lhe convierem.
Assim, temos um movimento entre interação e interatividade que vai além
do humano e máquina, uma vez que a interação é relação necessária entre sujeito
e objeto para a aquisição do conhecimento e interatividade condição para a
acessibilidade à comunicação em rede, consequentemente, essas relações estão
tão imbricadas, que uma não se diz sem a outra em EaD.
Investir na interatividade significa investir em novos caminhos, em novos
desafios, que serão superados no fazer coletivo, na superação individual. A

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educação a distância, que oportuniza instrumentos tecnológicos para aproximar


pessoas, para garantir a reelaboração do conhecimento e o acesso ao
conhecimento científico, tem como objetivo preparar o indivíduo para a vida, para
intervir no mundo de forma madura e autônoma, autonomia no sentido de
compreensão, de poder de decisão e de escolha e ainda de construção. Que esse
indivíduo compreenda que ele faz parte de uma sociedade, que se transforma e
que ele, enquanto agente dela, tem que estar preparado para acompanhar e
participar dessas transformações.
Assim sendo, a proposta de Educação a Distância que pretende a
promoção do ensino, ensejando que o aluno aprenda com as novas tecnologias
interativas, pretende sim a sua promoção social, por meio da interação pela
interatividade. O conceito de interatividade, como mais um recurso para a
intervenção do aluno no processo de aprendizagem, de forma que a sua
participação possa influenciar outros e a si mesmo. Todavia, caberá ao professor
pesquisar e propor situações e/ou atividades que levem em consideração os
recursos que a tecnologia oferece para ampliar o mundo do aluno, numa
perspectiva de reconstrução e de aprendizagem colaborativa. As novas tecnologias
interativas permitem a participação, a intervenção, a bidirecionalidade e a
multiplicidade de conexões.

A INFLUÊNCIA DE VYGOTSKY PARA AS NOVAS TECNOLOGIAS


EDUCACIONAIS
O processo de aprendizagem pelo qual o sujeito passa quando está diante
de um objeto de conhecimento pode ser observado sob várias concepções, todavia,
quando se entende que a aprendizagem é um processo ativo que conduz a
transformações no homem, o olhar se desvia para uma orientação em que o
processo se estabelece pelas relações, sobretudo, pelas relações sociais. Esta
ideia nos remete a Vygotsky (1998), para quem a questão da relação entre os
processos de desenvolvimento e de aprendizagem é central. Mas é o aprendizado
que possibilita o despertar de processos internos de desenvolvimento, ou seja, o
aprendizado precede o desenvolvimento. Quanto mais se oferece à criança mais
chance ela tem para se desenvolver.

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Com base nos estudos de Vygotsky (1998), apresentamos alguns conceitos


que são fundamentais para que se compreenda a formulação da concepção sócio
interacionista e sua influência para a educação, em especial, para a educação a
distância. A teoria da dupla formação das funções psicológicas superiores, a
internalização, a mediação e a zona de desenvolvimento proximal.
As funções psicológicas superiores, que compreendem a consciência, a
intenção e o planejamento, dizem respeito ao estabelecimento das relações sociais
que aparecem, primeiramente sob a forma de processos intermentais, ou
interpessoais, que significa que o conhecimento se dá entre as pessoas, num
contexto externo para depois passar para processos intramentais ou individuais, o
processo é, neste caso, interno.
Portanto, é do social para o individual que o homem se constitui, de fora
para dentro, o que significa dizer que o homem tem características próprias, mas
necessita da experiência do outro para viver melhor. Já para o entendimento do
processo de internalização compreende-se que a aprendizagem se dá mediante a
reconstrução interna de uma operação externa, ou seja, quando o sujeito consegue
reconstruir um conhecimento existente, resultado dos processos interpsicológico e
intrapsicológico.
Todos esses processos cognitivos têm como base a mediação: enquanto
sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso
mediado, através de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que
dispõe, portanto enfatiza a construção do conhecimento como uma interação
mediada por várias relações.
Por último, destaco o conceito da zona de desenvolvimento proximal, como
um dos níveis de desenvolvimento pelo qual a criança passa no processo de
aquisição do conhecimento e que serve para indicar o nível de desenvolvimento em
que se deve intervir para que a criança avance e aprenda o conhecimento em
potencial.
Segundo Vygotsky (1998), a capacidade de a criança realizar tarefas
sozinha representa o nível de desenvolvimento real, que representa resultado de
processos maduros. Neste nível, a criança já tem consolidado o conhecimento. Já o
nível de desenvolvimento potencial, significa o conhecimento que está por vir,
aquele que pode ser internalizado, e que foi detectado na zona de desenvolvimento

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proximal. Representa o conhecimento que pode ser alcançado com a ajuda do


outro, de um colega, pais, professores, ou mesmo, por qualquer objeto
sociocultural. Por isso, as potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta
durante o processo de ensino-aprendizagem, como forma ativar os seus esquemas
cognitivos ou comportamentais nas variadas situações de aprendizagem.
Em termos gerais, Vygotsky (1998) trouxe para a educação reflexões que
permitem pensar a prática pedagógica sob ótica da aprendizagem. Para ele a
concepção de ensino e aprendizagem inclui, por um lado, a ideia de que quem
ensina e quem aprende não se refere necessariamente a situações em que haja
um educador fisicamente presente e que a presença do outro social pode se
manifestar por meio de objetos, do próprio ambiente, dos significados que rodeia o
mundo cultural do indivíduo.
Neste contexto sóciointeracionista, vislumbra-se a Educação a Distância
como uma modalidade que se utiliza de dinâmicas participativas de cooperação e
de comunicação, regras flexíveis, do desenvolvimento da criatividade e da
individualidade. O aluno é quem constrói seu próprio conhecimento, sendo
auxiliado pelo Tutor/Professor, que o ajuda, instiga-o a avançar e a aguçar a
curiosidade. Acompanha o processo de construção do conhecimento do aluno,
sempre atento ao fato de que cada ser humano tem sua forma peculiar de
aprendizagem, exercendo, assim, papel de mediador da aprendizagem.
Esta teoria pode ser aplicada em EAD, pois respeita o ritmo do aluno,
considerando-o como um ser único, sendo ele, aluno, o sujeito da aprendizagem. O
fato de o ensino e a aprendizagem serem veiculados e processados por uma
máquina, não minimiza, como já foi dito, o papel do professor, que nesta
propositura tem a função de mediador e, portanto, será responsável pelo material
didático postado no ambiente virtual. De acordo com a concepção sócio
interacionista, o material deverá ser atrativo, favorecer o questionamento, a reflexão
e, consequentemente, a reelaboração do conhecimento. Também, deverão prezar
pela interação entre os colegas e, por conseguinte, pela socialização do
conhecimento. A aprendizagem é, pois, vista como atividade de elaboração
conceitual em um ambiente caracterizado pela interação.
As atividades propostas para a educação a distância, portanto, devem
considerar a questão da capacidade individual do aluno e por isso, oferecer

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atividades que venham a contribuir com o seu avanço intelectual. Para tanto, deve-
se propor atividades que permitam o feedback, a devolutiva com as orientações
necessárias, de forma que o aluno seja obrigado e motivado a repensar o
conhecimento existente. A proposta deve ser desafiadora e problematizadora. O
professor, enquanto mediador, deve avaliar o aluno, a partir de sua capacidade de
entendimento e de sua produção oral e escrita. Os conteúdos propostos devem
considerar o contexto sócio-históricocultura, no qual estão inseridos os alunos, e os
objetivos do curso.

ADESÃO E CRÍTICA A NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

A educação desprovida de novas tecnologias resumida ao uso das


tecnologias antigas e no simples discurso do professor admite que o espaço da
aula se transfigure num ambiente de monotonia sem estímulo algum aos principais
elementos de mobilidade do processo. Cabe ao professor buscar o conhecimento
sobre o uso adequado das novas tecnologias, uma vez que todo e qualquer
instrumento utilizado para mediar à interação professor/aluno é considerado
ferramenta tecnológica.
Os educadores devem ter um papel dentro da sociedade que vai muito
além do fazer de conta. É papel do educador possibilitar a inserção na comunidade
estudantil de serviços que ajudem no seu desenvolvimento, além de, pesquisas a
fim de contribuir, de alguma forma, para o crescimento intelectual dos alunos. É
necessário ainda que haja uma interação entre educador e sociedade para que
juntos detectem os problemas e as deficiências existentes, em especial nas escolas
públicas, no que diz respeito ao alcance das novas tecnologias e busquem
soluções eficientes que levem ao desenvolvimento adequado do processo de
ensino/aprendizagem.
Quando pensamos em tecnologia a favor da educação, devemos vê-la
como um conjunto de ferramentas que proporciona ao professor várias vantagens,
como a praticidade para adquirir as informações necessárias à construção do
conhecimento ao longo da sua vida. A soma dos métodos antigos com as novas
descobertas linguísticas e tecnológicas vem dando aos professores, que a aderiu,
suporte necessário no desenvolvimento das suas atividades.

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Usar a tecnologia a favor da educação é saber utilizá-la como suporte


auxiliar na busca da qualidade do processo educacional. Os novos recursos
tecnológicos são para ajudar o professor no processo de ensino aprendizagem e
cabe ao professor perceber qual recurso deve, quando e como usar.
A pesquisa científica deve fazer parte da vida do educador. Assim o
professor supera um conhecimento já existente sobre um determinado assunto e
abre um novo mundo de descoberta por meio da curiosidade e do interesse de
cada um sabendo, claro, separar o que é seu, do que é do outro, respeitando as
informações que foram obtidas por meio desta busca.
O educador precisa ser flexível, paciente ou crítico naquilo que se propõe
fazer e ser. Esse mesmo compromisso deve assumir ao orientar seus alunos para a
vida. Mostrar ao jovem aluno que é necessário sempre fazer uma seleção coerente
e planejar tudo que se pretende alcançar. Assim também deve acumular
conhecimentos de modo que venha atender às exigências que a vida pode estar
propondo futuramente.
A Educação sempre foi e sempre será um processo composto de detalhes
que se utiliza de algum meio de comunicação como instrumento ou suporte visando
alcançar a qualidade no processo de ensino/aprendizagem e objetivando o melhor
desempenho na ação do professor, na interação pessoal e direta com seu público.
As tecnologias na escola elevarão o nível de desenvolvimento dos sentidos,
e as novas tecnologias estimularão a ampliação dos limites dos sentidos e com isso
o potencial cognitivo do ser humano. As ferramentas tecnológicas vêm provocando
visíveis transformações nos métodos de ensinar e na própria forma do discurso
escrito que apresentam considerável adaptação ás novas tecnologias.
A resistência à aquisição de novos conhecimentos é um fator negativo no
processo de formação cultural intelectual do indivíduo na relação ensino
aprendizagem. Assim, como enfrentar os novos desafios?
Como ferramenta pedagógica, a Internet deve ser utilizada com cautela
para que não prejudique o desenvolvimento de suas principais habilidades como o
saber fazer, dando-lhe informações prontas que podem ser “copiadas e coladas”
sem sequer ter sido feita uma leitura prévia. Essa prática tem sido comum e vem
despertando a aplicação, por parte de alguns administradores, da censura
restringindo o uso da internet e impedindo o acesso, principalmente, de páginas

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sociais como Orkut, MSN e mesmo a vídeos do YouTube. Os problemas, no


entanto, não param por aí. As novas tecnologias usadas na educação requerem
professores capacitados que saibam como utilizá-las em benefícios do aprendizado
do aluno, mas o que se percebe é uma reação negativa de muitos educadores a
essas inovações. Muitos insistem em utilizar métodos tradicionais de ensino por
não saberem lidar com novos instrumentos tecnológicos. “[...] o homem está
irremediavelmente preso às ferramentas tecnológicas em uma relação dialética
entre a adesão e a crítica ao novo”. (PAIVA, 2008. p.1).
A adesão das novas tecnologias na educação é extremamente importante,
uma vez que facilita o acesso ao conhecimento e permite que o aprendiz tenha
autonomia para escolher entre as diversas fontes de pesquisas. “Os recursos da
web 2 oferecem ao aprendiz tecnologia que lhe permite, efetivamente, usar a língua
em experiência diversificadas de comunicação”. (PAIVA, 2008. p.10). As novas
tecnologias levarão o homem a uma evolução mais rápida e ao conhecimento mais
preciso. É necessário, apenas, dominá-las.

TECNOLOGIAS E SALA DE AULA

As diversas possibilidades de acesso às tecnologias proporcionaram novas


formas de viver, de trabalhar e de se organizar na sociedade. Um exemplo é a
constante comunicação entre as pessoas, localizadas em locais diferentes e,
muitas vezes, distantes, através de aparelhos celulares, de e-mails, de
comunicadores instantâneos ou de redes sociais. Com base nisso, percebe-se que
essas novas possibilidades tecnológicas não interferem apenas na vida cotidiana,
mas passam a interferir em todas as ações, nas condições de pensar e de
representar a realidade e, no caso da educação, na maneira de trabalhar em
atividades ligadas à educação escolar.
De acordo com as tradições, o ensinar era tarefa exclusiva da escola. Os
conhecimentos eram apresentados às crianças ao entrarem nas escolas e esses
eram finitos e determinados; ao final de uma determinada formação, o aluno era
considerado uma pessoa formada, já que possuía conhecimentos necessários para
o ingresso em alguma profissão. Atualmente, não é possível ter esse mesmo
pensamento, pois as rápidas mudanças tecnológicas atribuem novas formas à

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atividade de ensinar e aprender, estando constantemente em processo de


aprendizagem e adaptação, não sendo mais possível considerar uma pessoa
completamente formada, independente do seu grau de formação.
A escola de hoje faz parte desse momento tecnológico revolucionário e,
para atender sua função social, ela deve estar atenta e aberta para incorporar
esses novos parâmetros comportamentais, hábitos e demandas, participando
ativamente dos processos de transformação e construção da sociedade. Deste
modo, é necessário que os alunos desenvolvam habilidades para utilizar os
recursos tecnológicos, cabendo à escola integrar a cultura tecnológica ao seu
cotidiano.
A utilização das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem institui
um fator de inovação pedagógica, possibilitando novas modalidades de trabalho na
escola, devendo esta acompanhar as transformações sociais. A escola precisa se
tornar mais atraente, estreitando a linha que a divide do mundo externo, no qual o
aluno vai absorver grande parte das informações. A escola precisa transformar-se
de simples transmissora de conhecimentos em organizadora de aprendizagens e
reconhecer que já não detém a posse da transmissão dos saberes, proporcionando
ao aluno os meios necessários para aprender a obter a informação, para construir o
conhecimento e adquirir competências, desenvolvendo o espírito crítico.
Educar é colaborar para que professores e alunos transformem suas vidas
em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da
sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional e a tornarem-se cidadãos
realizados e produtivos. Na sociedade da informação todos estão reaprendendo a
conhecer, a comunicar-se, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o
tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social. Uma mudança qualitativa no
processo de ensino-aprendizagem acontece quando se consegue integrar dentro
de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as
textuais, as orais, os musicais, as lúdicas e as corporais. Passamos muito
rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes para o computador e a
internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio. (MORAN,
2000, p. 26)
A utilização das tecnologias no processo educativo proporciona novos
ambientes de ensinar e aprender diferentes dos ambientes tradicionais, e as reais

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contribuições das tecnologias para a educação surgem à medida que são utilizadas
como mediadoras para a construção do conhecimento. A presença das tecnologias
na educação é indispensável, pois estas objetivam escolarizar as atividades da
sociedade, adequando-as aos seus objetivos, permitindo assim uma compreensão
profunda do mundo e enriquecendo o conhecimento.
Atualmente, existe uma infinidade de tecnologias que contribuem na parte
pedagógica, que proporcionam novas formas de transmissão e articulação do
conhecimento, mais atrativas, mais dinâmicas, tornando a aprendizagem do aluno
mais interessante, por exemplo, TV, DVD, câmeras, videocassete, retroprojetor,
rádio, computador, projetor, internet etc. Por meio dessas tecnologias, como o
computador conectado a um projetor e com som, é possível ilustrar as aulas,
tornando-as mais atrativas, possibilitando aos alunos vivenciar situações reais do
conteúdo que está sendo abordado. Um filme, um documentário, ilustrações ou até
mesmo uma simples apresentação de slides, complementando a aula expositiva,
torna-a mais dinâmica, atraindo a atenção dos alunos, gerando, dessa forma,
maiores possibilidades de construção do conhecimento. E uma aula com internet?
Quantas possibilidades não são encontradas na rede mundial de computadores?
Quem nunca utilizou a internet como recurso didático-pedagógico?
Hoje, tudo o que se precisa é encontrado na internet. Através dela são
possíveis “viagens” incríveis, ter acesso a bibliotecas, ambientes, jogos,
simulações, que possibilitam uma infinidade de novos conhecimentos e que vem a
complementar o processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, existem diversos
sites de jogos educativos, onde, brincando, os alunos aprendem, explorando o
conteúdo em estudo de uma forma totalmente diferente da tradicional. Também
existem diversos sites que possibilitam a aplicação de simulações e desafios,
permitindo ver na prática a teoria estudada. Outro exemplo que também pode ser
citado são os blogs construídos por professores, que sempre são atualizados com
informações que agregam conhecimento aos alunos, por meio de leituras
complementares relacionadas com os conteúdos em estudo, e os próprios alunos
também podem fazer comentários, gerando assim uma construção coletiva e
colaborativa do conhecimento.
São apenas essas as aplicações da tecnologia? São só esses os exemplos
de tecnologias? Não, existem muitas aplicações e muitas tecnologias disponíveis,

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permitindo uma diversidade de formas de utilização, possibilitando a diversificação


na sala de aula.
Da união entre tecnologia e conteúdos nascem oportunidades de ensino,
entretanto é necessário analisar se essas oportunidades são significativas, por
exemplo, quando as tecnologias ajudam a enfrentar desafios atuais, como
encontrar informações na internet e se localizar em um mapa virtual. Em outros
casos, porém, ela é dispensável, como no crescimento de uma semente, que não
faz sentido ver em uma animação se é possível ter a experiência real.

AS TECNOLOGIAS E O PROFESSOR

Atualmente o aprender não é mais um trabalho mecânico, mas sim um


processo de construção e transformação do conhecimento, no qual o papel do
professor é de fundamental importância como questionador, investigador e
incentivador dessa construção e transformação. É necessário ao professor mudar,
aperfeiçoar, repensar suas práticas pedagógicas e trabalhar de forma que sempre
instigue no aluno a posição de questionamento, permitindo que expresse suas
ideias, sentimentos e emoções, além de pensar sobre suas escolhas e na
concretização dos seus objetivos.
A utilização da tecnologia na educação propõe uma nova forma de atuação
dos professores, não se limitando apenas a uma simples utilização tecnológica,
mas sim a uma nova forma de ensinar e aprender, deixando o professor de ser um
transmissor do conhecimento e passando a ser um facilitador desse conhecimento,
por meio de aulas diferentes, dinâmicas, que atendam a essa nova geração
tecnológica, na qual estamos vivendo. Dessa forma, o cenário tecnológico exige
novos hábitos, uma nova gestão do conhecimento, na forma de conceber,
armazenar e transmitir o saber, dando origem, assim, a novas formas de
simbolização e representação do conhecimento.
Diante desses avanços tecnológicos, existe o desafio da mudança no
trabalho do professor, pois este precisa se adequar a uma nova postura, deixando
de ser um simples transmissor do conhecimento, para ser um orientador do
processo de ensino aprendizagem, pois os alunos já vêm com uma grande
bagagem de informações de casa, proporcionadas pela TV, rádio, internet, celular,

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sendo necessária a organização dessas informações para que a construção do


conhecimento realmente aconteça; caso contrário, de nada adianta toda essa
tecnologia se não conseguimos fazer com que o aluno adquira esse conhecimento.
São notáveis os benefícios da tecnologia na educação, entretanto ainda é
encontrada grande discussão entre os professores sobre o uso dessas tecnologias.
Existem duas vertentes: aqueles professores interessados na utilização da
tecnologia, que se preparam, buscam o conhecimento para o uso desses recursos
e os aplicam em sala de aula, proporcionando novas formas de ensinar e aprender,
auxiliando no processo de ensino-aprendizagem, e aqueles professores indecisos,
inseguros, hesitantes com esse novo método, principalmente por achar que os
recursos vão substituí-los. Uma forma equivocada de se pensar, pois o professor
nunca será substituído, já que ele é fundamental.
A mudança é dada pela substituição das formas do processo de ensino
aprendizagem e, à medida que evoluímos, precisamos acompanhar as mudanças e
adequá-las à nossa prática docente, deixando de lado apenas o trabalho com o
modo tradicional de ensino, embutindo nesse modo os avanços existentes, que
proporcionam uma nova forma de aprender mais concreta.
O professor deve ter em mente que a tecnologia vem como um recurso, um
suporte a mais para o processo de ensino-aprendizagem, como uma ferramenta de
apoio, um instrumento inovador, tornando a aprendizagem mais eficiente e eficaz, e
o professor deve estar em processo permanente de aprendizagem e ter uma
postura de pesquisador, investigador e crítico.
A própria sociedade atual exige a mudança dos professores, porque ela
demanda profissionais críticos, criativos, com capacidade para aprender a
aprender, de trabalhar em equipe e conhecedores de diversos saberes, incumbindo
ao professor formar esse profissional que construa o seu próprio conhecimento e
que desenvolva as competências exigidas pelo mercado de trabalho.
Precisamos de professores conscientes, que saibam utilizar os benefícios
dos recursos tecnológicos em favor da formação dos alunos, cientes das
possibilidades que essa nova forma de ensino-aprendizagem proporciona para o
futuro cidadão. Observamos as mudanças de paradigmas que estão ocorrendo,
tratando as abordagens de aprendizagem como abordagem heterônoma e

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Novas tecnologias e formação docente

abordagem autônoma, que, embora tenham suas particularidades metodológicas,


possuem o mesmo objetivo, ou seja, a aprendizagem.
A abordagem heterônoma, que é a aprendizagem tradicional, é aquela que
conhecemos, que vivenciamos na escola, onde o professor é o responsável pelo
processo de ensino-aprendizagem, porém, atualmente, com as mudanças e
evoluções que estão acontecendo, estamos nos deparando com uma nova prática
pedagógica, isto é, a abordagem autônoma, em que o aluno passa a ser o
responsável pela construção do conhecimento, o responsável pelo processo de
ensino aprendizagem e o professor é um facilitador, mediador e orientador desse
processo.
Os alunos têm acesso a quaisquer informações, de qualquer lugar do
mundo, de forma rápida, prática e atrativa; sendo assim, é imprescindível o
replanejamento do processo de ensino-aprendizagem, sendo o principal ponto
desse processo, não mais o professor, mas sim o aluno, o que ele precisa
aprender.

O COMPUTADOR NA SALA DE AULA

Os computadores podem favorecer sobremaneira ao processo de


educação escolar. Para que se possa delinear as contribuições de tais
equipamentos ao processo ensino/aprendizagem, faz-se necessário buscar uma
definição para informática educativa, entendida como uma área científica que tem
como objeto de estudo o uso de equipamentos e procedimentos da área de
processamento de dados no desenvolvimento das capacidades do ser humano,
visando à sua melhor integração individual e social.
Diante de tal conceito, quando se trata da implantação da informática
educativa no contexto escolar, há que se considerar dois aspectos: o ensino da
Informática, incluindo disciplinas sobre processamento de dados no currículo
escolar; e a Informática no ensino, disponibilizando os recursos da computação
para o desenvolvimento das práticas educacionais escolares. Em se tratando da
primeira, sua operacionalização torna-se mais simples uma vez que a inserção de
disciplinas sobre processamento de dados no currículo pode ser efetivada com a
contratação de professores com formação em Ciência da Computação, construção
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de laboratório (s) com recursos computacionais, organização do horário de


utilização desse(s) laboratório(s) e alocação de mais disciplinas no horário das
turmas contempladas com o referido complemento curricular.
Porém, sob tal aspecto, corre-se o risco de que haja uma subutilização dos
recursos computacionais, pois é maior o risco de a Informática acabar servindo
apenas aos fins da própria Informática e, talvez, não fazendo jus ao adjetivo
"educativo".
Quando se trata, do uso de computadores como ferramentas auxiliares do
processo ensino/aprendizagem, há uma complexidade maior para sua
operacionalização pois, para que os recursos oferecidos pelos computadores
possam ser amplamente utilizados, faz-se necessário que todo corpo docente seja
capacitado e para tanto, deve ter sua resistência ao novo vencida. Além disso, a
organização de utilização do(s) laboratório(s) de Informática precisa disponibilizar
horários e recursos para o trabalho de diversas disciplinas e não para somente uma
disciplina específica. Cabe ressaltar, portanto, que;
(...) a presença isolada e desarticulada dos computadores na escola não é,
jamais, sinal de qualidade de ensino; mal comparando, a existência de alguns
aparelhos ultramodernos de tomografia e ressonância magnética em determinado
hospital ou rede de saúde não expressa, por si só, a qualidade geral do serviço
prestado à população. É necessário estarmos muito alertas para o risco da
transformação dos computadores no bezerro de ouro â ser adorado em Educação.
(CORTELLA, 1995, p. 34).

JOGOS DIGITAIS EDUCACIONAIS

Os jogos de vídeo games e computadores conquistaram um espaço


importante na vida de crianças, jovens e adultos e hoje é um dos setores que mais
cresce na indústria de mídia e entretenimento. Estudos recentes da consultoria
PricewaterhouseCoopers estimam que em 2008 o faturamento do mercado de
jogos deverá superar o do setor de música, que sempre teve destaque econômico.
Com um faturamento bilionário os jogos digitais já assumiram um papel de
destaque na cultura contemporânea, levando diversos pesquisadores a

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desenvolverem estudos para entender porque os jogos digitais são tão atraentes e
quais impactos causam na vida das pessoas.
Muitos jovens seduzidos pelos jogos digitais permanecem longos períodos
totalmente empenhados nos desafios e fantasias destes artefatos de mídia, dando
a impressão de que são imunes a distrações e que nada é capaz de desconcentrá-
los. Mas os jogos digitais costumam absorver muitas horas dos jogadores e
consomem um tempo que poderia ser aproveitado em outras atividades, como o
estudo, por exemplo. Isto gera reclamações entre pais e professores, pois
gostariam que seus filhos e alunos aplicassem nos estudos o mesmo nível de
atenção e comprometimento dedicado aos jogos.
Conseguir desviar a atenção que os estudantes dão aos jogos para
atividades educacionais não é tarefa simples. Por isso, tem aumentado o número
de pesquisas que tentam encontrar formas de unir ensino e diversão com o
desenvolvimento de jogos educacionais. Por proporcionarem práticas educacionais
atrativas e inovadoras, onde o aluno tem a chance de aprender de forma mais
ativa, dinâmica e motivadora, os jogos educacionais podem se tornar auxiliares
importantes do processo de ensino e aprendizagem.
Mas para serem utilizados com fins educacionais os jogos precisam ter
objetivos de aprendizagem bem definidos e ensinar conteúdos das disciplinas aos
usuários, ou então, promover o desenvolvimento de estratégias ou habilidades
importantes para ampliar a capacidade cognitiva e intelectual dos alunos.
Durante muitos anos se discutiu a possibilidade dos videogames
influenciarem negativamente os jogadores e estimularem a violência em crianças e
adolescentes. Nos últimos anos, porém, aumentou o interesse para a pesquisa dos
aspectos positivos dos jogos, seus benefícios para os jogadores, potencialidades
como recurso didático e uso na educação.
Agora, ao invés das instituições de ensino fecharem as portas para os
jogos, existe um crescente interesse entre pesquisadores e professores em
descobrir de que formas os jogos digitais podem ser usados como recurso para
apoiar a aprendizagem e quais são os seus benefícios.

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POTENCIALIDADES DOS JOGOS DIGITAIS

Uma das principais formas de acesso ao mundo da tecnologia para


crianças e jovens é o jogo digital, pois geralmente o primeiro contato com
equipamentos eletrônicos acontece por meio de um vídeo game. Os jogos digitais
podem ser definidos como ambientes atraentes e interativos que capturam a
atenção do jogador ao oferecer desafios que exigem níveis crescentes de destreza
e habilidades.
Mas para serem utilizados como instrumentos educacionais os jogos
devem conter ainda algumas características específicas para atender as
necessidades vinculadas à aprendizagem. Por isso os softwares educacionais,
entre eles os jogos, devem possuir objetivos pedagógicos e sua utilização deve
estar inserida em um contexto e em uma situação de ensino baseados em uma
metodologia que oriente o processo, através da interação, da motivação e da
descoberta, facilitando a aprendizagem de um conteúdo.
Quando preparados para o contexto educacional os jogos digitais podem
receber diferentes nomenclaturas. As mais comuns são jogos educacionais ou
educativos, jogos de aprendizagem ou jogos sérios (serious games), sendo que
alguns tipos de simuladores também podem ser considerados jogos educacionais.
Normalmente, quando se divulga a utilização de jogos educacionais, há um
destaque para o poder motivador dessa mídia. Mas o potencial deles vai muito
além do fator “motivação”, pois ajudam os estudantes a desenvolverem uma série
de habilidades e estratégias e, por isso, começam a ser tratados como importantes
materiais didáticos. A seguir são elencados alguns benefícios que os jogos digitais
educacionais podem trazer aos processos de ensino e aprendizagem:
• Efeito motivador: Os jogos educacionais demonstram ter alta
capacidade para divertir e entreter as pessoas ao mesmo tempo em que incentivam
o aprendizado por meio de ambientes interativos e dinâmicos. Conseguem
provocar o interesse e motivam estudantes com desafios, curiosidade, interação e
fantasia. As tecnologias dos jogos digitais proporcionam uma experiência estética
visual e espacial muito rica e, com isso, são capazes de seduzir os jogadores e
atraí-los para dentro de mundos fictícios que despertam sentimentos de aventura e
prazer. Ter componentes de prazer e diversão inseridos nos processos de estudo é

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importante porque, com o aluno mais relaxado, geralmente há maior recepção e


disposição para o aprendizado.
• Facilitador do aprendizado: Jogos digitais têm a capacidade de
facilitar o aprendizado em vários campos de conhecimento. Eles viabilizam a
geração de elementos gráficos capazes de representar uma grande variedade de
cenários. Por exemplo, auxiliam o entendimento de ciências e matemática quando
se torna difícil manipular e visualizar determinados conceitos, como moléculas,
células e gráficos matemáticos. Os jogos colocam o aluno no papel de tomador de
decisão e o expõe a níveis crescentes de desafios para possibilitar uma
aprendizagem através da tentativa e erro. Projetistas de jogos inserem o usuário
num ambiente de aprendizagem e então aumentam a complexidade das situações
e, à medida que as habilidades melhoram, as reações do jogador se tornam mais
rápidas e as decisões são tomadas com maior velocidade.
• Desenvolvimento de habilidades cognitivas: Os jogos promovem o
desenvolvimento intelectual, já que para vencer os desafios o jogador precisa
elaborar estratégias e entender como os diferentes elementos do jogo se
relacionam. Também desenvolvem várias habilidades cognitivas, como a resolução
de problemas, tomada de decisão, reconhecimento de padrões, processamento de
informações, criatividade e pensamento crítico.
• Aprendizado por descoberta: Desenvolvem a capacidade de
explorar, experimentar e colaborar, pois o feedback instantâneo e o ambiente livre
de riscos provocam a experimentação e exploração, estimulando a curiosidade,
aprendizagem por descoberta e perseverança.
• Experiência de novas identidades: Oferecem aos estudantes
oportunidades de novas experiências de imersão em outros mundos e a vivenciar
diferentes identidades. Por meio desta imersão ocorre o aprendizado de
competências e conhecimentos associados com as identidades dos personagens
dos jogos. Assim, num jogo ou simulador em que o estudante controla um
engenheiro, médico ou piloto de avião, estará enfrentando os problemas e dilemas
que fazem parte da vida destes profissionais e assimilando conteúdos e
conhecimentos relativos às suas atividades.
• Socialização: Outra vantagem dos jogos educacionais é que eles
também podem servir como agentes de socialização à medida que aproximam os

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alunos jogadores, competitivamente ou cooperativamente, dentro do mundo virtual


ou no próprio ambiente físico de uma escola ou universidade. Em rede, com outros
jogadores, os alunos têm a chance de compartilhar informações e experiências,
expor problemas relativos aos jogos e ajudar uns aos outros, resultando num
contexto de aprendizagem distribuída.
• Coordenação motora: Diversos tipos de jogos digitais promovem o
desenvolvimento da coordenação motora e de habilidades espaciais.
• Comportamento expert: Crianças e jovens que jogam vídeo games
se tornam experts no que o jogo propõe. Isso indica que jogos com desafios
educacionais podem ter o potencial de tornar seus jogadores experts nos temas
abordados.
Embora seja difícil encontrar em um único jogo todas as potencialidades
apresentadas acima, procurou-se demonstrar como este tipo de mídia pode trazer
uma série de benefícios ao ser utilizada como recurso didático nas práticas de
ensino.
No próximo módulo, apresentaremos as contribuições das novas
tecnologias ao sistema de EAD, aplicando recursos computacionais como internet,
recursos gráficos, interatividade, ambientes de aprendizagem na prática docente.

CONSTRUTIVISMO: UM CONCEITO DE CONSTRUÇÃO

Chamamos de aprendizagem ao processo pelo qual o indivíduo, inserido no


contexto social, elabora uma representação pessoal do objeto a ser conhecido.
Esta relação dinâmica ocorre no confronto do sujeito (seus conhecimentos
anteriores) com a realidade histórica e culturalmente determinada. Nesta
perspectiva, o conhecimento não é só transmitido de uma geração a outra, mas
evolui com as novas representações mentais do mundo em função das novas
experiências e interpretações da realidade realizadas por cada sujeito. Portanto, o
conhecimento está em constante transformação, superação e atualização.
Os estudiosos da cognição, estudiosos da inteligência e da mente,
compreendem que o conhecimento é produzido internamente como uma
construção mental e individual do sujeito em uma relação que envolve o
conhecimento existente com o conhecimento novo. Não obstante, na prática, ainda

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prevalece um domínio dos enfoques behavioristas no tocante à área da


aprendizagem, privilegiando o meio na relação de aprendizagem.
Uma tendência da psicologia cognitiva, influenciada principalmente pelos
trabalhos de Piaget, é o construtivismo. Nesta concepção, o pressuposto principal é
do sujeito como construtor do conhecimento. A aprendizagem é reconhecida como
um processo de reestruturação de conceitos prévios, que sempre existem em cada
indivíduo. Com base nesses conhecimentos, os conhecimentos novos são
ancorados. O construtivismo trata-se de um enfoque teórico que aborda o
conhecimento como uma construção humana de significados na interpretação do
mundo. Portanto, é uma teoria que busca enfocar as múltiplas faces do mundo
vivido, onde os indivíduos são observadores e analisadores das experiências dessa
realidade, construindo e percebendo de forma pessoal e particular, buscando
interferir neste mundo.
A partir das contribuições dos autores considerados como os teóricos do
construtivismo, Vygotsky e Piaget, e das colocações de Jonassen, pode-se concluir
que a premissa fundamental do construtivismo é a do aluno/profissional como
sujeito ativo do seu próprio conhecimento.
A partir deste enfoque podemos compreender melhor o papel dos atores do
processo educativo; e especialmente os professores, que passam a ter postura de
orientadores ou facilitadores pedagógicos e preocupam-se em prover ambientes e
ferramentas que ajudem os alunos a interpretar as múltiplas perspectivas de
análise do mundo real, o que possibilita a construção de suas próprias
perspectivas. David Jonassen concebe a aprendizagem como possuindo algumas
características fundamentais para o desenvolvimento de um ambiente de
aprendizagem construtivista: Ativa/manipulativa, Construtiva, Reflexiva,
Colaborativa, Intencional, Complexa, Contextual e Coloquial.
A interatividade, a cooperação e a autonomia são características essenciais
em um ambiente de aprendizagem construtivista. Para melhor explicitar estas
categorias, torna-se essencial esclarecer que estas foram definidas com base na
abordagem de autores que aprofundaram seus estudos sobre estes temas, como
por exemplo: Vygotsky, Piaget, Ausubel, Novak, Wilson, Moretto, Coll, Jonassen,
dentre outros.

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Vejamos agora as três caraterísticas primordiais para o aprendizado


construtivista:
1. Interatividade, envolve um relacionamento entre pessoas de
experiências diversas, entre ferramentas e atividades culturalmente organizadas.
Ela depende da relação entre grupos, desejos, motivações, culturas, interesses
individuais e sociais. Diante das considerações apresentadas, este estudo toma
como pressuposto que a interatividade é uma inter-relação mediatizada pela
comunicação que acontece durante o relacionamento de indivíduos e grupos em
uma comunidade de aprendizagem, onde os participantes avançam em suas
atividades e habilidades, realizando associações e interligando informações através
da participação com os outros nas atividades planejadas pelo programa.
2. Cooperação é uma relação compartilhada estabelecida entre os
participantes do programa no desenvolvimento da aprendizagem e na realização de
projetos de interesse comum. Esta relação se caracteriza pela desigualdade do
conhecimento entre os participantes, pelo sistema de combinações e
compromissos estabelecidos na solução de problemas significativos. É uma relação
de troca compartilhada dada pelos diferentes perfis profissionais, formas de
atuação e experiências num contexto de trabalho complexo e multifacetado.
3. Autonomia este estudo a considera como a capacidade que o aluno
possui em autodeterminar-se, escolher, apropriar-se e reconstruir o conhecimento
produzido culturalmente em função de suas necessidades e interesses.
Caracteriza-se pela responsabilização, auto-determinação, decisão, autoavaliação
e compromissos a partir da reflexão de suas próprias experiências e vivências.

TEORIA PEDAGÓGICA E NOVAS TECNOLOGIAS

Os grandes mestres como Jean Piaget, Lev S. Vygotsyky e Seymour


Papert são alguns dos vários pesquisadores em educação que apoiam o
desenvolvimento de novas formas de despertar o interesse, desenvolver a mente,
estimular a criatividade, desenvolver o raciocínio. Levando em consideração as
suas ideias defendidas, pode-se dizer que o uso das Novas Tecnologias apresenta
aspectos positivos diante dessas ideias. Partindo das perspectivas construtivistas
(Piaget), interacionistas (Vygotsky) e construcionista (Papert), pode-se afirmar, que

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com o advento das Novas Tecnologias de informação tem início uma etapa de
transição quantitativa e qualitativa de informações, pois uma fase de carência cede
lugar a uma fase de abundância de canais informativos.
Jean Piaget nasceu em Newchatel, na Suíça, no dia 09 de agosto de 1896
e morreu no dia 16 de setembro de 1980. Pesquisador e estudioso intelectual criou
o método clínico, onde trabalhou a gênese das estruturas lógicas do pensamento
da criança. Suas pesquisas o levaram da biologia à filosofia e psicologia,
aproximando progressivamente a Biologia, a Cibernética, a Psicologia e a
Matemática para explicar o desenvolvimento da inteligência.
Apesar de naturalista, começou a explorar outros campos, principalmente a
sistemática dos processos mentais, entrando em contato com grandes mestres da
psiquiatria e psicanálise na Alemanha e França. Em Paris, estagiou no Instituto
Binet, onde ficou encarregado pela padronização francesa de alguns testes
ingleses.
A divulgação de Piaget no Brasil tem início no final da década de 20.
Através do Movimento da Escola Nova abriu-se espaço para a propagação de suas
ideias. Posteriormente essa divulgação ocorreu a partir dos anos 60, após a
aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que criou espaço
para a realização de experiências pedagógicas nas quais educadores e pedagogos
poderiam elaborar e executar novas propostas e métodos de ensino. Nos anos 80
ocorreu a febre do construtivismo escolar atingindo sistemas de ensino municipais
e escolas particulares.
Piaget teve uma preocupação maior com o estudo do desenvolvimento
mental ou cognitivo, ou seja, com o desenvolvimento da forma como os indivíduos
conhecem o mundo exterior e com ele se relacionam. No quadro estão os principais
períodos do desenvolvimento mental e as características de cada um.

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Piaget considera que o processo de desenvolvimento é influenciado por


fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação
(funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos),
aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões
culturais e sociais) e equilibração (processo de auto regulação interna do
organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada
desequilíbrio sofrido). De acordo com a abordagem construtivista de Piaget, o
indivíduo constrói significados pelas experiências de acomodação e assimilação. O
indivíduo entende novas experiências relacionando-as com as experiências
anteriores, o desequilíbrio ocorre. Este desequilíbrio requer que o indivíduo reajuste
seu esquema mental ou crie um novo esquema para entender o evento que causou
o desequilíbrio.
A interação com o ambiente faz com que o indivíduo construa estruturas
mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a
interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos
simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo
organismo ao longo da vida. A cognição irá se transformando em virtude de um
contínuo processo de experimentação dos conceitos elaborados pelo indivíduo, a
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partir da ação. A aquisição do conhecimento é resultante do conflito conceitual


entre a realidade elaborada mentalmente pelo indivíduo e o fato concreto.
Piaget assumiu uma posição interacionista a respeito da inteligência. Para
Piaget o estudo da inteligência envolveria uma análise de como o ser humano se
torna progressivamente capaz de construir o conhecimento.
Segundo o construtivismo, todo e qualquer conhecimento é adquirido por
um processo de interações contínuas entre esquemas mentais da pessoa que
conhece e as peculiaridades do evento ou do objeto a conhecer. Não existem
conhecimentos resultantes do mero registro de observações. Todo o conhecimento
pressupõe uma organização que só os esquemas mentais do sujeito podem
efetuar. O construtivismo não é um método didático, trata-se da descrição da forma
geral de funcionamento dos seres vivos quando elaboram novas estruturas. O
papel do professor se deduz a criar situações que estimulem o processo
construtivista do organismo com vistas à elaboração de estruturas fundamentais de
caráter universal das quais dependem as aquisições de habilidades diversas,
segundo o modelo cultural.
Nesse processo construtivista, Piaget distingue três tipos de funções: as
funções do conhecimento, da representação e da afetividade. Essas funções
possuem as seguintes características:
• As funções do conhecimento se relacionam ao desenvolvimento
intelectual, em especial ao do pensamento lógico, o qual constitui um instrumento
essencial na adaptação do sujeito ao mundo exterior.
• As funções da representação dizem respeito às vivências
representadas por meio de símbolos (individuais) ou signos (coletivos e arbitrários),
graças à função semiótica ou simbólica; a criança pode expressar-se, representar a
seu modo o vivido.
• As vivências e os desejos pessoais com carga afetiva são
expressados preferencialmente pelo símbolo, pela imitação, pelo desenho e pelo
jogo, enquanto os conhecimentos intelectuais são melhor expressados por signos
coletivos.
Essas funções se desenvolvem de maneira interdependente, indissociável
e complementar. A ação, sendo física ou mental, para alcançar um objetivo
necessita de instrumentos fornecidos pela inteligência, revelando um poder. Ao

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mesmo tempo é preciso o desejo, algo que mobilizará o sujeito para agir em
direção ao objetivo, revelando um querer, o qual se encontra circunscrito na
afetividade. Em relação à escola, segundo a visão de Piaget, deve partir dos
esquemas de assimilação da criança, propondo atividades desafiadoras que
provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta
e a construção do conhecimento.
Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às
informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é
concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela criança, nem
transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como
resultado de uma interação, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que
procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as
interrogações que esse mundo provoca.
Pedagoga e mestre em educação, os principais objetivos da educação
referem-se à formação de homens criativos, inventivos e descobridores, de
pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia. As
implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem:
• Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir
das atividades do aluno.
• Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas
como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.
• Primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno
ao invés de receber passivamente através do professor.
• A aprendizagem é um processo construído internamente.
• A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.
• A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.
• A interação social favorece a aprendizagem.
• Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da
aprendizagem.

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LEV VYGOTSKY

Professor e pesquisador, contemporâneo de Piaget, nasceu em Orsha,


pequena cidade da BieloRússia, em 17 de novembro de 1896. Construiu sua teoria
tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo
sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse
desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico social. Sua questão
central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. A
partir de 1924, em Moscou, aprofundou sua investigação no campo da Psicologia,
enveredando também para o da Educação de Deficientes. No período de 1925 a
1934, desenvolveu, com outros cientistas, estudos nas áreas de Psicologia e
anormalidades físicas e mentais. Ao concluir a formação em Medicina foi convidado
para dirigir o Departamento de Psicologia do Instituto Soviético de Medicina
Experimental. Faleceu em 11 de junho de 1934.
A divulgação e circulação de suas obras foram proibidas durante muito
tempo na União Soviética, porque embora fosse um militante do Partido Comunista,
ele ressaltou o aspecto individual da formação da consciência e, portanto, a
concepção de que uma coletividade constitui-se através de pessoas com
singularidades próprias.
Ao dizer que o sujeito constitui suas formas de ação em atividades e sua
consciência nas relações sociais, Vygotsky aponta caminhos para a superação da
dicotomia social/individual. As origens da vida consciente e do pensamento abstrato
devem ser procuradas na interação do organismo com as condições de vida social,
e nas formas histórico-sociais de vida da espécie humana. Deste modo, procurou
analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos indivíduos, a partir da
interação destes sujeitos com a realidade.
As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos
remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no
processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de
internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de
natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Propõe uma visão de
formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela
cultura.

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Os níveis de desenvolvimento de acordo com Vygotsky são representados


pelo real e pelo potencial. O real é adquirido ou formado determinando o que a
criança já é capaz de fazer por si própria, revela a possibilidade de uma atuação
independente do sujeito. O potencial relaciona-se à capacidade de aprender com
outra pessoa (VYGOTSKY, 1998).
A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas
zonas de desenvolvimento proximal (ZDPs) referentes à distância entre aquilo que
a criança faz sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto.
A aprendizagem e o desenvolvimento estão interrelacionados, um conceito que se
pretenda trabalhar, como por exemplo, em Física, requer sempre um grau de
experiência anterior para a criança.
A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que o
indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de
amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu
nível de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um
domínio psicológico em constante transformação; aquilo que uma criança é capaz
de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. É
como se o processo de desenvolvimento progredisse mais lentamente que o
processo de aprendizado; o aprendizado desperta processo de desenvolvimentos
que, aos poucos, vão tornar-se parte das funções psicológicas consolidadas do
indivíduo. O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização
da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o processo se
constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a atividade do sujeito refere-se ao
domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua transformação por uma
atividade mental.
Segundo Vygostsky (1988), o sujeito não é apenas ativo, mas interativo,
porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e
interpessoais. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão
internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação
de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo que caminha
do plano social (relações interpessoais), para o plano individual interno (relações
intrapessoais). Não se concebe uma construção individual sem a participação do

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outro e do meio social, o que torna imprescindível a relação intersubjetiva, pois é


nesse espaço relacional que há a possibilidade do conhecimento.
Dessa forma a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional
desencadeia o processo ensino-aprendizagem. A escola tem a função de favorecer
o desenvolvimento de certas capacidades, em lugar de limitar as possibilidades de
aprendizagem ao desenvolvimento real, como ainda acontece em nossas escolas.
O professor tem o papel explícito de interferir no processo educacional. Portanto, é
papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua
interferência na zona proximal. O aluno não é tão somente o sujeito da
aprendizagem, mas, aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social
produz, tal como: valores, linguagem e o próprio conhecimento.
Em relação aos softwares educativos (SE) como ferramenta do processo
de ensino-aprendizagem, deve-se esperar que possua as seguintes características
e atuações: O SE deve ser um instrumento efetivo capaz de ampliar as
possibilidades de conhecimento do aluno, à medida que considere necessária
articulação dos conceitos espontâneos (conhecimentos prévios) com os
conhecimentos que se deseja levar o aluno a construir (conhecimentos científicos),
e que explore as possibilidades de interação intra e intergrupos visando a um
trabalho didático capaz de privilegiar as diferentes ZDPs dos alunos.

SEYMOUR PAPERT

Seymour Papert é matemático e um dos maiores visionários do uso da


Tecnologia na educação, considerado um dos pais do campo da Inteligência
Artificial. Nascido e educado na África do Sul, onde participou ativamente do
movimento antiapartheid, Papert engajou-se em pesquisas na área de matemática
na Cambridge University no período de 1954-1958. Então trabalhou com Jean
Piaget na University of Geneva de 1958 a 1963. Sua colaboração principal era
considerar o uso da matemática no serviço para entender como as crianças podem
aprender e pensar.
Em plena década de 1960, Papert já dizia que toda criança deveria ter um
computador em sala de aula. Na época, sua teoria parecia ficção científica. Entre
1967 e 1968, desenvolveu uma linguagem de programação totalmente voltada para
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a educação, o Logo, tendo como base a teoria de Piaget e algumas ideias da


Inteligência Artificial. Logo é uma linguagem de programação simples e estruturada
voltada à educação, que tem como objetivo permitir que uma pessoa se familiarize,
através do seu uso, com conceitos lógicos e matemáticos através da exploração de
atividades espaciais que auxiliam o usuário a formalizar seus raciocínios cognitivos.
Através do logo as crianças podem ser vistas como construtoras de suas
próprias estruturas intelectuais. Ao utilizar o Logo, o computador é considerado
uma ferramenta que propicia à criança as condições de entrar em contato com
algumas das mais profundas ideias em ciências, matemática e criação de modelos.
Ao trabalhar com a Linguagem Logo, o erro é tratado como uma tentativa de acerto,
ou seja, uma fase necessária à nova estruturação cognitiva. O Logo envolve todo o
ambiente de aprendizagem. A abordagem logo não é apenas a linguagem de
programação, mas principalmente uma forma de conceber e de utilizar as novas
tecnologias em Educação, abrangendo todo o ambiente de aprendizagem, que
envolve não só o aluno, o computador e o software, mas também o professor, os
demais recursos disponíveis no ambiente e as relações que se estabelecem entre
esses elementos.
Com essa concepção passa-se a adaptar e aplicar o construcionismo em
práticas pedagógicas com outros softwares, destacando-se os mais abertos, como
os sistemas de autoria, processadores de texto, editores de desenho, planilhas
eletrônicas, gerenciadores de banco de dados, redes de computadores, programas
de simulação e modelagem, etc.
Inicialmente a linguagem logo foi implementada em computadores de
médio e grande porte, fato que fez com que, até o surgimento dos
microcomputadores, o uso do Logo ficasse restrito às universidades e laboratórios
de pesquisa. As crianças e professores se deslocavam até esses centros para
usarem o Logo e nessas circunstâncias os resultados das experiências com o Logo
se mostraram interessantes e promissores. O Logo foi a única alternativa que
surgiu com uma fundamentação teórica diferente no uso do computador na
educação. Era passível de ser usado em diversos domínios do conhecimento e
com muitos casos documentados que mostravam a sua eficácia como meio para a
construção do conhecimento.

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A comunidade pedagógica só passou a incorporar as ideias de Papert a


partir de 1980, quando ele lançou o livro Mindstorms: Children, Computers and
Powerful Ideas. Esse livro mostrava caminhos para utilização das máquinas no
ensino. Com a disseminação dos microcomputadores, o Logo passou a ser adotado
e usado em muitas escolas. No período de 1983 até 1987 aconteceu uma
verdadeira explosão no número de experiências, na produção de material de apoio,
livros, publicações e conferências sobre o uso do Logo.

DIFUSÃO DO CONSTRUTIVISMO

Uma das teorias mais importantes na educação, a Teoria Construtivista,


surgiu no século XX, a partir das experiências do biólogo, filósofo e epistemólogo
suíço Jean Piaget (1896-1980), o qual observando crianças desde o nascimento
até a adolescência - como um recém-nascido passava do estado de não
reconhecimento de sua individualidade frente ao mundo que o cerca indo até a
idade de adolescentes, onde já tem-se o início de operações de raciocínio mais
complexas - percebeu que o conhecimento se constrói na interação do sujeito com
o meio em que ele vive. Para este autor, o conhecimento: não pode ser concebido
como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas
resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas características
preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação
necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas
(PIAGET, 2007, p.1).
Rompendo com alguns paradigmas da educação, como a ideia de um
universo do conhecimento dado, seja pela bagagem hereditária (apriorismo) ou
pelo meio físico e social (empirismo) e adotada em escolas de todas as partes do
mundo, a teoria construtivista tem sido fonte de críticas, mas também de motivação
e de pesquisa para vários estudiosos.
A divulgação das ideias de Piaget no Brasil tem início no final da década de
vinte, no contexto do Movimento da Escola Nova, sendo que a crença liberal
escolanovista de que a escola seria o instrumento adequado à criação de uma
sociedade solidária e fraterna levou os educadores progressistas do início do
século a acreditarem na proposta de que a realização de inovações pedagógicas

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poderia mostrar melhores resultados do que os obtidos pela escola tradicional, que
não consolidara objetivos sociais e democráticos.
A crítica aos métodos tradicionais e as novas propostas implicaram na
revisão e na alteração dos pressupostos científicos de fundamentação das
atividades pedagógicas. O movimento da Escola Nova buscou na Biologia e na
Psicologia bases de sustentação para uma ação pedagógica que privilegiou o aluno
no processo educacional. A Pedagogia escolanovista incluia em seus pressupostos
os princípios de atividade e de interesse e, Piaget, acrescentou o de cooperação,
os quais poderiam contribuir para a formação de indivíduos autônomos e solidários,
conforme os requisitos de uma sociedade justa. A inserção do escolanovismo no
Brasil ocorreu, principalmente, na escola pública, por meio de reformas
educacionais realizadas nos estados, as quais incorporaram os princípios ativos
que foram veiculados por educadores, em publicações e laboratórios de Psicologia,
criados na época.
Jean Piaget esteve em terras brasileiras em 1949, representando a
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO),
num Seminário de Educação e Alfabetização de Adultos, no Rio de Janeiro. Desde
então, passou a ser considerado por muitos como pedagogo, embora nunca tenha
se dedicado à Pedagogia. Porém, é inegável seu compromisso com a educação,
assim como o são as implicações pedagógicas dos resultados de suas pesquisas
sobre o desenvolvimento intelectual das crianças.
Até os anos oitenta, a maioria dos piagetianos se dedicava aos aspectos
estruturais dos estágios de desenvolvimento da criança, a partir daí houve um
aumento de interesse pela pesquisa dos aspectos funcionais, ou seja, pela
concepção construtivista e interacionista do desenvolvimento. Diante deste
contexto, leituras parciais e distorcidas, bem como apropriações práticas indevidas
da teoria construtivista se difundiram no Brasil, o que gerou confusão nos
professores que trabalhavam de maneira tradicional e que passaram a realizar
atividades basicamente mecânicas com as crianças, distorcendo, assim, a teoria de
Piaget, a qual não é voltada para a ação pedagógica, mas para a construção do
sujeito epistêmico.

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http://cmapspublic.ihmc.us/rid=1HXD6M860-27GBX79-2LS/Piaget.cmap

TEORIA DE PIAGET E EAD

A teoria de Piaget explica de forma satisfatória o processo de


aprendizagem mediante a participação do estudante na construção do próprio
conhecimento. Sabe-se que isso contribui para um ambiente de aprendizagem
alegre e que eleva a autoestima do aprendiz; ainda, forma indivíduos responsáveis
e aptos a assumir iniciativa no ambiente de trabalho.
O construtivismo é uma teoria psicopedagógica que diz respeito ao modo
como o aprendiz constrói o conhecimento. Essa construção se dá pela ação do
aprendiz sobre o objeto do conhecimento, mas é importante destacar que, para
essa ação, ele traz suas experiências e seus conhecimentos prévios. Segundo
Piaget (Piaget, 1978), há duas abordagens distintas para a implantação do
conhecimento:
Ensino Condicionado: implantação do ensino sem a participação do
aprendiz.
Ensino Cooperativo: onde o aluno participa no desenvolvimento do seu
próprio conhecimento.
O instrutor que tenta transpor sua metodologia educacional tradicional,
muitas vezes condicionada, acaba enfrentando sérios problemas em um ambiente
de EaD. Dentre os problemas gerados, o tédio é o principal fator de evasão de
cursos on-line. A eventual desmotivação do aprendiz pode estar diretamente

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relacionada com o despreparo dos instrutores. Quanto mais motivado for o


aprendiz, mais conhecimento será assimilado.
Para a construção de um ambiente de EaD participativo, a teoria de Piaget
será utilizada como motivação para se utilizar um conjunto com artefatos
tecnológicos que permitam ao estudante interagir com o objeto de aprendizagem.
A construção do conhecimento ocorre quando o aprendiz age, física ou
mentalmente, sobre os objetos, provocando o desequilíbrio do conhecimento
adquirido anteriormente. Esse desequilíbrio deve ser resolvido por meio de um
processo de assimilação e acomodação do novo conhecimento. Assim, o equilíbrio
será restabelecido, para, em seguida, sofrer outro desequilíbrio.
O desenvolvimento de cada processo significa:
Assimilação: É o processo cognitivo de novos conhecimentos.
Acomodação: É a modificação de um esquema ou de uma estrutura
existente.
Equilibração: É o processo de passagem da assimilação para
acomodação.

APRENDIZAGEM COLABORATIVA E COOPERATIVA

A aprendizagem colaborativa e a cooperativa são estratégias com mérito


motivacional reconhecido. Ligando estas formas de trabalho a processos de
aprender a aprender, resultados de estudos apontam para a geração de
interatividade entre o grupo e sempre que os elementos discordavam, tinham que
negociar entre eles uma resolução, responsabilizando-se, assim, pela construção
do próprio processo de aprendizagem.
Existem vários pontos de contato entre a aprendizagem colaborativa e
cooperativa com estratégias construtivistas de aprendizagem. As raízes do
construtivismo formaram a base da aprendizagem colaborativa. Por outro lado, a
base do trabalho cooperativo é formada por: aprendizagem centrada no aluno;
motivação intrínseca para a aprendizagem; a construção de conhecimento ao invés
da transmissão do conhecimento; e a aprendizagem flexível no lugar da
demasiadamente estruturada.

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Destas bases, todas elas diamantes que poderiam ser trabalhados,


salienta-se a motivação intrínseca para a aprendizagem. A motivação intrínseca é a
que vem dos alunos (…) quando querem aprender pelo gosto de aprender, porque
estão interessados no assunto. Ajudar os colegas vem (…) do gosto pelo esforço
coletivo. Os alunos aprendem em conjunto sem o recurso a notas, prémios ou
outras recompensas ou castigos. Dado que o gosto de aprender, por si só,
catapulta ambos os fatores alvo da intervenção para perto da meta, a
aprendizagem colaborativa e cooperativa não poderiam deixar de pertencer ao
conjunto de estratégias deste projeto. Resta clarificar as diferenças entre ambas,
salientando caraterísticas com interesse para o caso em questão.
A base da aprendizagem cooperativa e colaborativa é o construtivismo. A
aprendizagem colaborativa requer trabalho conjunto no sentido de um objetivo
comum (…) os alunos são responsáveis pela aprendizagem dos outros assim como
pela sua e atingir o objetivo implica os alunos ajudaram-se mutuamente na
compreensão e na aprendizagem. Por outro lado, a aprendizagem cooperativa é
um processo com o objetivo de facilitar a consecução de um produto final
específico ou objetivo através de trabalho em grupo. A supervisão do professor é
necessária na aprendizagem cooperativa, enquanto que na colaborativa os alunos
têm praticamente toda a responsabilidade de trabalharem em conjunto, construírem
o conhecimento em conjunto, (…) melhorarem em conjunto.

A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS A FAVOR DO CONHECIMENTO

Cada ser humano percebe o mundo de modo diferente e constrói a


realidade à sua maneira. A apropriação dessa realidade, a construção de
significados, o compartilhamento das percepções pessoais com outros sujeitos e a
adaptação a novos contextos, constituem o processo de construção do
conhecimento. Ensinar vai além de transmitir conteúdo e informação, resulta do
entendimento que se faz das interações com o meio ambiente. Permite desde a
interação entre professor e aluno, entre os próprios alunos e a interação entre os
alunos e o conteúdo.
Na atualidade, esse processo se ancora, cada vez mais, nos contextos
elaborados pelas telecomunicações e pela informática nos quais o sujeito aprende

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permeado de informações que chegam a qualquer hora e de qualquer lugar do


mundo, transformando as práticas tradicionais de conviver, trabalhar, educar e até
mesmo de pensar e adquirir conhecimento, influenciando diretamente no processo
educacional.
A informação, o conhecimento, o saber e a aprendizagem são
indissociáveis do processo educativo. E, dependendo da forma como a tecnologia
da informação for utilizada, potencializará esse processo e, sabe-se que uso das
tecnologias na prática de ensino não é recente. A implementação de programas e
políticas públicas que objetivam a adoção e a integração de ferramentas no
contexto educacional brasileiro está, presente há algumas décadas.
É o caso da internet que chegou visivelmente no início da década de 80 e
vem viabilizando a implementação de cursos à distância permitindo o encontro de
professores e alunos não somente em salas de aula como também através de
redes, provocando a revisão da estrutura disciplinar e mudanças básicas do ensino
presencial brasileiro. A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, conhecida como
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) (BRASIL, 1996), amplia a dimensão axiológica do
termo educação colocando-o em um sentido abrangente, tratando não apenas da
educação formal, a não-formal, a continuada, a ambiental e outras já conhecidas,
como também da educação a distância.
Assim, na década de 90 com a LDB (BRASIL, 1996), percebe-se
claramente a necessidade do ensino mediado pela tecnologia, incorporando o
ensino a distância ao presencial. O Art. 32, parágrafo 4º da LDB (BRASIL, 1996,
grifos do autor), aponta que como complementação da aprendizagem ou em
situações emergenciais o Ensino Fundamental poderá ser à distância e reflete
sobre a consequente ampliação das possibilidades de acesso ao Ensino
Fundamental (sendo democratizante), incluindo a instrumentação eletrônica nos
materiais de apoio ao ensino (sendo moderna), agilizando a aprendizagem
daqueles alunos que não tiveram acesso à escola na idade própria (sendo
compensatória) e reduzindo a distorção idade/série (sendo reequacionadora).
Estudos também apontam os impactos das TICs no processo ensino e
aprendizagem e refletem sobre a importância de conhecer as tecnologias presentes
no contexto educacional e repensar as estratégias e concepções de ensino. Os
modelos tradicionais de ensino são cada vez mais inadequados, por isso,

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professores e alunos são desafiados a encontrar novos modelos para novas


situações, não se limitando ao trabalho dentro de sala de aula. Poucas adaptações
e pequenas mudanças são feitas diante às grandes possibilidades das redes
eletrônicas.
A educação do mundo de hoje tende a ser tecnológica, exigindo
entendimento e interpretação de tecnologias. Não há como separar tecnologia de
educação.
Quanto à utilização da Internet no processo educativo, o professor deixa de
ser o repassador do conhecimento para ser o criador de ambientes de
aprendizagem e facilitador do processo pelo qual o aluno adquire conhecimento.
Nessa perspectiva a presença das tecnologias no processo de ensino e
aprendizagem abre espaço para se repensar o fazer pedagógico e numa
abordagem interacionista, proposta por Vygotsky, possibilita a formação de um
sujeito (aluno) mais autônomo, capaz de enfrentar os desafios que a construção do
conhecimento proporciona e contribuir para a formação das competências
necessárias para que os jovens venham a ter uma inserção social adequada.
A escola é tida como o lugar principal para isso, uma vez que tem a
possibilidade de permitir a efervescência de ambientes concretizados em várias
dimensões e, dependendo das concepções de conhecimento e aprendizagem
assumidas pelo professor, permite a aprendizagem de conteúdos, atitudes,
habilidades e, consequentemente, o desenvolvimento de esquemas cognitivos.
Destaca-se a concepção construtivista, em que o indivíduo é considerado sujeito
ativo de seu próprio conhecimento.

O CONSTRUTIVISMO PARA ALÉM DA ESCOLA

O termo construtivismo foi usado pela primeira vez nos anos 70 por Piaget,
embora seus primeiros trabalhos terem sido publicados anos antes, em 1950.
Piaget (1896-1980) e Vygotsky (1896-1934) são os principais representantes da
concepção interacionista construtivista e explicam o conhecimento mediante a
participação tanto do sujeito quanto dos objetos do conhecimento, “[...] que são
mais ricas do que os objetos podem fornecer por eles mesmos” (PIAGET, 1980,
p.87), constituindo-se num entrelaçar entre fatores internos (maturação) e os

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fatores externos (ações do meio). Assim como as abordagens maturacionistas,


Piaget enfatiza o processo de desenvolvimento como objeto de estudo e enfatiza o
papel dos fatores internos, como a maturação ou a equilibração, na determinação
desse processo e que a construção do conhecimento vai depender tanto do meio
físico como das condições do meio.
Já o enfoque de Vygotsky (2007) sugere que tanto o desenvolvimento
quanto a aprendizagem são consequências das condições sociais em que o
indivíduo está imerso, abordando assim, a perspectiva histórico-cultural e afirma
que o meio social é determinante do desenvolvimento humano e que isso acontece
pela aprendizagem da linguagem. Tanto Piaget como Vygotsky contribuíram para
aproximarem os educadores do desenvolvimento da atividade da criança, para
compreenderem seus processos de elaboração conceitual e para perceberem as
relações que estabelecem com outras crianças e com os adultos. Tais atitudes dos
educadores podem ajudar no entendimento de outra relação: a do ensino mediado
pela tecnologia. Essa mediação não deve ser entendida como solução às práticas
educacionais que insistem em reproduzir conhecimento, mas como possibilidade de
realmente incluir professores e alunos na construção significativa do conhecimento.
O modo como o professor lida com a prática educativa é determinado pela
compreensão que ele tem sobre ela, podendo estar instrumentalizada e mediada
pela teoria, ajudando-o a compreender o que ocorre em sala de aula, marcando
suas decisões e modos de agir. Essa transferência da teoria para a prática, de usar
os pressupostos construtivistas no cotidiano escolar para mediar o processo de
aquisição de conhecimento, não é fácil e nem acontece de forma espontânea.
Isso porque é importante considerar como os professores e até mesmo os
pais aprenderam e aprendem, entender que a ideia de colocar o indivíduo como
sujeito ativo de seu próprio conhecimento é recente e os professores de hoje
querem aprender e não só ensinar, exigindo-lhes observação e reflexão sobre suas
ações, novas competências em sua formação.
O construtivismo é uma visão do conhecimento, os adultos têm o poder e o
dever de transmitir de modo informal, no cotidiano da casa ou da vida, ou formal, no
contexto da escola, o que crianças e jovens precisam aprender. O construtivismo
se opõe a um modo positivista e considera não só as intervenções do meio e as

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condições hereditárias, como também a integração com a qualidade da experiência


e um processo de autoregulação que integra essas três características.
É, assim, uma proposta teórica e metodológica que pode e deve ser
praticada de vários e diferentes modos, permitindo interagir, rever e incrementar
estratégias de ensino, criar diferentes ambientes para a aprendizagem, permitir a
troca de informação e de experiência. Um bom exemplo disso é a utilização dos
ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) nas escolas, destacando-se como uma
promissora proposta pedagógica.
Os AVAs constituem um espaço que permite o desenvolvimento das
relações com o saber mediadas pelas tecnologias. No âmbito da escola, são
desenvolvidas através de interações dos alunos com os conteúdos, dos alunos com
outros alunos, dos alunos com os professores, sob a influência do seu meio afetivo
e social, tanto dentro como fora da escola.

COOPERAÇÃO, COLABORAÇÃO E INTERAÇÃO

Durante muito tempo a escola teve por única tarefa transmitir à criança os
conhecimentos adquiridos pelas gerações precedentes e exercitá-la nas técnicas
especiais do adulto. Povoar a memória e treinar o aluno na ginástica intelectual
pareciam, pois, ser as únicas coisas necessárias, uma vez que se concebia a
estrutura mental da criança como idêntica à do homem feito e que portanto, parecia
inútil formar um pensamento plenamente constituído que apenas exigia ser
exercitado. Nessa concepção, a escola por certo supõe uma relação social
indispensável, mas apenas entre o professor e os alunos: sendo o professor o
detentor dos conhecimentos exatos e o perito nas técnicas a serem adquiridos, o
ideal é a submissão da criança à sua autoridade, e todo contato intelectual das
crianças entre si nada mais é que perda de tempo e risco de deformação ou de
erros. Mas três tipos de observação vieram complicar essa visão simplista das
tarefas do ensino e da educação intelectual e impor ao mesmo tempo a
necessidade de colaboração dos alunos entre si.
O professor hoje, não é mais o detentor do conhecimento, aquele que sabe
tudo e seus alunos são meros receptores do conhecimento. Com os milhares de
informações que estão ao alcance de todos principalmente na Internet, o trabalho

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isolado do professor já não satisfaz mais. As mudanças de postura, a quebra de


paradigmas faz com que o trabalho do professor não seja mais isolado. Com isso o
trabalho em conjunto, cooperativo vem de encontro com as necessidades dos
alunos na busca da construção do conhecimento e o professor entra como
mediador, orientador deste conhecimento, aquele que mostra os caminhos para
seus alunos em conjunto buscarem de forma interativa o saber e a construção de
novos saberes. Neste ambiente o professor continuará sendo professor, mas um
professor mediador e orientador e não mais o detentor do conhecimento pois o
trabalho cooperativo ele aprenderá com seus alunos.
O trabalho cooperativo independe se o professor estará trabalhando com
crianças, adolescentes ou adultos, o que importa nesse trabalho é a troca e a
busca por um objetivo comum resultando na construção do saber que acontece
através do compartilhamento de informações e conhecimentos entre os
participantes. A cooperação, no sentido geral, consiste no ajustamento do
pensamento próprio ou das ações pessoais ao pensamento e às ações dos outros,
o que se faz pondo as perspectivas em relação recíproca. Assim, um controle
mútuo das atividades é exercido entre os parceiros que cooperam.
O trabalho cooperativo é uma forma de contribuir para o grupo de forma
individual, onde em um grupo cada um faz a sua contribuição sem que o grupo
discuta e reflita juntos sobre a contribuição dada. Um exemplo disso é um trabalho
onde o grupo deve ler e fazer uma análise de um livro e o mesmo decide dividir o
livro em capítulos e cada um lê e dá a sua contribuição da parte que ficou, e na
apresentação cada um contribuirá apenas com a parte que leu e fez a síntese.
Nesses casos o grupo encontra uma estratégia para solucionar um
problema de forma colaborativa através da interação e comunicação que são
essencialmente sociais.
A cooperação, com efeito, é um método característico da sociedade que se
constrói pela reciprocidade dos trabalhadores e a implica, ou seja, é precisamente
uma norma racional e moral indispensável para a formação das personalidades, ao
passo que a coerção fundada apenas sobre a autoridade dos mais velhos ou do
costume, nada mais é que a cristalização da sociedade já construída e enquanto tal
personalidade não tem justamente nada de oposto às realidades sociais, pois

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constitui, ao contrário, o produto por excelência da cooperação. (PIAGET, 1998, p.


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Uma sociedade só cresce com a participação, cooperação e colaboração
de todos. Sem a interação do grupo, uns cooperando e colaborando com os outros
estaríamos ainda na "idade da pedra". Crescemos e construímos porque somos
seres capazes de conviver em uma sociedade onde cada um isoladamente
contribui para que a mesma se desenvolva trazendo benefícios para todos. No
momento em que estamos participando ativamente com o meio, estamos
aprendendo e repassando conhecimentos. A busca constante pelo aprendizado, faz
com que as pessoas construam seus conhecimentos de forma interativa com o
meio.
Piaget (1998) destaca três pontos que devem ser considerados nos
aspectos da socialização intelectual da criança para avaliar o trabalho em grupo:
Primeiro: o indivíduo fechado no egocentrismo inconsciente, só se
descobre quando aprende a conhecer os outros.
Segundo: a cooperação é necessária para conduzir o indivíduo à
objetividade, ao passo que, por si só, o eu permanece prisioneiro de sua
perspectiva particular Terceiro: a cooperação é uma fonte de regras para o
pensamento.
O ponto apresentado por Piaget nos leva a pensar sobre o trabalho em
grupo que envolve principalmente a cooperação. Mas antes da cooperação, o saber
se abrir, conhecer os outros para poder conhecer a si mesmo é fundamental para o
trabalho em conjunto. Como poderíamos trabalhar se não conhecêssemos os
nossos colegas.
No trabalho cooperativo faz-se necessário o conhecimento do objetivo
comum do grupo, todos envolvidos em solucionar uma tarefa, alcançar o objetivo e
para que isso aconteça o grupo deve ter um equilíbrio, onde todos participam,
evitando os abusos de autonomia por parte do coordenador e o cuidado para não
deixar alguém de fora, sem participar. O trabalho em grupo quando acontece de
forma normal, onde todos cooperam, colaboram e interagem torna a aprendizagem
significativa, pois com as trocas eles constroem o conhecimento em conjunto.

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Com as experiências do grupo, os estudantes vão construindo seus


conhecimentos a partir das experiências dos colegas, tornando a aprendizagem
efetiva.
Para Vygotsky (1998), a interação social exerce um papel fundamental no
desenvolvimento cognitivo. Para ele, cabe ao educador associar aquilo que o
aprendiz sabe a uma linguagem culta ou científica para ampliar seus
conhecimentos daquele que aprende, de forma a integrá-lo histórica e socialmente
no mundo, ou ao menos, integrá-lo intelectualmente no seu espaço vital. Ainda
Vygotsky, nos coloca que a aprendizagem é mais do que a aquisição de
capacidades para pensar, é a aquisição de muitas capacidades para pensar sobre
várias coisas. Certamente o ato de pensar faz com que a aprendizagem aconteça,
mas temos capacidade suficiente para pensar sobre muitas coisas ao mesmo
tempo, e construir o conhecimento a partir do ato de pensar.
Trazendo estes conceitos para a área da informática na educação,
podemos considerar que, para um trabalho obter resultados positivos, podemos
utilizar as tecnologias da informação e comunicação de forma que possam
contribuir para o aprendizado dos estudantes. E para que isso ocorra o trabalho
deve ser cooperativo, colaborativo e interativo.
Cooperativo no sentido dos trabalhos em grupos, onde todos participam,
contribuem de forma conjunta para atingir os objetivos comuns do grupo. Esse
trabalho pode ser feito através do Chat ou a utilização do NetMeeting com o
compartilhamento de arquivos on-line, no caso de ser a distância, caso seja
presencial através da troca verbal de informações e expositiva. Colaborativa
através da troca de materiais encontrados, onde individualmente, cada integrante
do grupo dá sua contribuição. Essas contribuições podem ser de forma presencial
ou a distância. A distância as contribuições podem ser através de uma lista de
discussão, email entre outros. Interativa no sentido de tornar o trabalho integrado,
onde todos possam interagir para que o trabalho em grupo se torne significativo
para os participantes.
Em ambientes de aprendizagem a distância devemos considerar
importante todos os aspectos, principalmente os cognitivos. É um estudo que deve
ser levado a sério, pois precisamos compreender como se dá os processos de
aprendizagem à distância, como acontece a construção do conhecimento nesses

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ambientes. As teorias são essenciais e fundamentais para podermos entender


esses processos e construir a nossa própria aprendizagem.

A TECNOLOGIA COMBATENDO A INDISCIPLINA

A indisciplina pode ser pensada como negação da disciplina, ou como


desordem proveniente da quebra das regras estabelecidas pelo grupo. Indisciplina
é sobretudo o professor que produz e comunica normas sociais que julga
necessárias para exercer sua ação pedagógica, e assim prescreve determinadas
posturas e regras a serem aceitas, muitas vezes sem a devida discussão com os
alunos, e sem que aquelas atendam suas expectativas e necessidades.
No âmbito escolar é muito comum ouvir que a indisciplina é um dos
principais fatores responsáveis pelo fracasso escolar, exemplificados
principalmente pela reprovação em massa, altos índices de evasão ou aprovação
com baixo rendimento qualitativo. Entretanto as causas da indisciplina são
infindáveis, complexas de analisar, produtos de uma mudança na conjuntura da
sociedade onde a família tradicional perdeu seu espaço para os novos
diversificados tipos de relacionamentos familiares não mais centrados na figura do
pai, mãe e filhos, mas também na mudança de relacionamento entre pais e filhos,
muitas vezes confundidos como “diminuição da autoridade dos pais” ou a falta do
estabelecimento de limites locais que transfere a responsabilidade de educar os
filhos à escola, atribuindo a ela as eventuais falhas.
O imediatismo também é apontado como uma das principais causas,
impedindo os alunos de se preocuparem com o futuro, buscando viver
intensamente o presente, sonhando em conquistar riqueza e poder sem fazer
esforço e não analisam as consequências desse comportamento.
A falta de objetivos e perspectivas é outro fator que não pode ser
descartado, como alto índice de desemprego, baixos salários e grande mercado de
trabalho informal, levam o jovem ao pessimismo e a visão errônea, achando
impossível atribuir significados à sua realidade.
A indisciplina tem ainda suas raízes centradas no estado de inércia das
escolas, onde a evolução e transformação dos métodos de ensino aprendizagem
se fazem de maneira muito lenta, não acompanhando a expectativa do aluno

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plugado numa realidade centrada em inovações e alterações rápidas e incessantes,


totalmente adversa à vivência escolar, em descompasso com a sociedade, onde o
mesmo tem extrema dificuldade de identificar e se perceber como parte integrante
desse processo que completa a vida em sociedade.
As causas familiares da indisciplina são várias. É aí que os alunos
adquirem os modelos de comportamento que exteriorizam nas aulas. Em tempos a
pobreza, violência doméstica e o alcoolismo foram apontados como as principais
causas que minavam o ambiente familiar. Hoje aponta-se o dedo também à
desagregação dos casais, droga, ausência de valores, permissividade, demissão
dos pais da educação dos filhos, etc. Quase sempre os alunos com maiores
problemas de indisciplina provêm de famílias onde estes existem.
O que faz com que um aluno seja indisciplinado? Muitas vezes as razões
de fato não são do foro da educação. Em muitos casos tratam-se de questões que
deveriam ser tratadas no âmbito da saúde mental infantil e adolescente, da
proteção social ou até jurídica. O grande problema é que muitas vezes as escolas
não conseguem fazer esta triagem. Tentam resolver problemas para os quais não
estão preparadas ou nem sequer são da sua competência. Todos os alunos são
potencialmente indisciplinados, porque a escola é sempre sentida como uma
imposição por parte do Estado ou da família. É por isso que as aulas são locais de
constrangimentos e de repressão de desejos.
A organização escolar está longe de ser um modelo de virtudes. Funciona
em geral de modo pouco eficaz e eficiente. A excessiva dependência do Ministério
da Educação, tende a reduzir os que nela trabalham a meros executantes, sem
capacidade de resposta para a multiplicidade problemas que enfrentam.
No passado o contributo dado pelas escolas para a indisciplina assentava
na questão da seleção que operavam. As escolas eram acusadas de discriminarem
os alunos à entrada e na constituição das turmas. A fazê-lo, criavam focos de
revolta por parte daqueles que legitimamente se sentiam marginalizados. A questão
ainda é colocada, mas não com acuidade que antes conheceu. Os contributos da
escola para a indisciplina são agora outros.
Há muito que a escola deixou de ter um papel integrador dos alunos.
Embora seja um espaço onde estes passam grande parte do seu tempo, nem

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sempre nela chegam a perceber quais são os seus valores, regras de


funcionamento, etc.
Na verdade, as escolas estão mal preparadas para enfrentarem a
complexidade dos problemas atuais, nomeadamente os que se prendem com a
gestão das suas tensões internas. A crescente participação de alunos, pais,
entidades públicas e privadas nas decisões tomadas nas escolas tornou-se uma
fonte de conflitos, que não raro acabam por gerar climas propícios à irrupção de
fenômenos de indisciplina.
Há professores que provocam mais indisciplina que outros. As razões
porque isto acontece é que são muito variáveis, entre as quais as principais são:
falta de capacidade para motivarem os alunos, nomeadamente utilizando métodos
e técnicas adequadas; falta de preparo para lidarem com situações de conflito; a
forma agressiva como tratam os alunos estimulando reações violentas; a rotulagem
dos alunos; baixos salários pagos para se dedicar a um ofício tão importante.
As escolas públicas são hoje frequentadas por populações escolares muito
heterogêneas, contando no seu seio com um crescente número de alunos que
provém de grupos sociais onde subsistem frequentemente graves problemas de
integração social. O Estado é atualmente um dos principais promotores da
indisciplina nas escolas. Não apenas através da regulamentação que produz sobre
a matéria, mas também das medidas que toma ou da morosidade dos processos
que aprecia. A ineficácia do sistema é neste domínio um poderoso estimulo à
generalização de práticas desviantes.

REAL UTILIZAÇÃO DAS TIC

A introdução no uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação


como recurso metodológico no espaço de ensino, tem resultado diferentes tipos de
reações e posicionamentos entre os professores, que podem ser citados os
seguintes:
• Aqueles professores que concedem à TIC um poder mágico e
acreditam que somente o seu uso pode transformar o processo de ensino e
aprendizagem, criando uma relação cega que não permite desenvolver
mecanismos críticos frente aos meios e criam uma certa dependência da máquina;

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• Os que não utilizam as tecnologias porque consideram que são


culpadas de quase todos os problemas que afetam a sociedade. Este tipo de
professor com resistência à mudança costuma opor-se enfaticamente a utilização
das TICs, desenvolvendo o que pode ser chamado de Tecnofobia.
• Também se encontram na categoria da chamada Tecnofobia, os
docentes que consideram difícil seu uso, assim como aqueles que têm medo de
receber treinamento, porque se consideram incapazes ou envergonhados diante de
seus alunos ou professores mais jovens que têm desenvolvido essas habilidades e
destrezas;
• Há ainda os professores que utilizam as tecnologias e aproveitam o
melhor delas; realizando uma crítica permanente sobre seus aspectos positivos e
negativos, isto é, aqueles que reconhecem a necessidade de sua vinculação com a
educação e assumem um papel de gestores da mudança de acordo com as
necessidades e expectativas dos alunos.
Quanto à utilização prática das TIC’s, as realidades encontradas entre os
docentes das escolas públicas, são da mais variada esfera onde podem ser
encontrados professores que as utilizam em suas práticas pedagógicas de maneira
crítica, contrastando com a situação de muitos professores que ainda não estão
utilizando em sua prática pedagógica diária, por uma série de justificativas entre as
quais a mudança que se processou de forma brusca, não acompanhada de um
processo de capacitação que integrasse a maioria dos docentes.
Além dos limites encontrados pelos educadores, que são de ordem primária
como o acesso e o conhecimento para manuseio dessas tecnologias e também de
ordem secundárias como a dificuldade de acompanhar a atualização do meio
tecnológico, cada vez mais dinâmico, e os problemas com o próprio funcionamento
dos equipamentos, existem outros obstáculos que dificultam o uso da tecnologia
em sua potencialidade como: necessidade de empregar uma metodologia
adequada e interativa para o aluno, ou seja, o professor necessita mudar para
mudar o método e também mudar o aluno; o preparo de atividades utilizando as
Novas Tecnologias, normalmente é mais trabalhoso do que ministrar aulas
tradicionais, por isso, o professor necessita de mais tempo e criatividade para
formular as atividades; as Novas Tecnologias não devem ser um substituto do
quadro negro nem do professor.

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Portanto o professor precisa ser criterioso quanto ao método empregado,


diversificando o conteúdo com textos, imagens, sons e outros atrativos, para estar
despertando e prendendo a atenção dos alunos e assim produzir aprendizagem
significativa; o professor necessita aprender uma maneira totalmente nova de
comunicar a mensagem adequada ao universo do adolescente e de garantir que a
aprendizagem aconteça utilizando as novas tecnologias; a concepção e a forma de
avaliação devem ser adequadas às metodologias e práticas utilizadas, para que o
processo se complemente em sintonia; é necessário aperfeiçoamento e
aprimoramento constante do professor para desempenhar suas múltiplas funções
tornando o ensino não só mais eficiente, mas também melhor; o professor deve
dispor de uma formação em humanidades, preparado para integrar novas técnicas
a seu trabalho, em termos de atitudes, conhecimentos dos meios de comunicação e
suas possibilidades e, ainda, conhecimentos dos objetivos didáticos; o papel do
professor é o de coordenador do processo, o responsável na “sala de aula virtual”.
Sua tarefa inicial é a de sensibilizar os alunos, motivá-los para a importância da
matéria, mostrando entusiasmo, ligação da matéria com os interesses dos alunos.

RELAÇÕES ENTRE O CONSTRUTIVISMO E A PEDAGOGIA

A partir da transposição das principais concepções da teoria de Piaget para


o campo educacional torna-se importante a reflexão diante dos riscos de conceber
a perspectiva construtivista como aplicação de métodos pedagógicos.
Nessa perspectiva, ao considerar a educação como um processo mais
amplo, espontâneo e assistemático de ensino e aprendizagem, que acontece
quando há interação entre pessoas em diferentes meios sociais, a Pedagogia
caracteriza-se como um campo mais restrito, de teorização sobre a ação educativa.
Além disso, cabe à pedagogia tratar a ação educativa como ação pedagógica,
conforme uma perspectiva reflexiva, metódica e sistemática.
A Pedagogia é um saber de fronteira, ou seja, está permanentemente em
diálogo com outras áreas de conhecimento. Sendo assim, está em constante
tensão entre as demais formas de conhecimento e a especificidade de seus
saberes. Sobretudo, um dos desafios da pedagogia consiste em transformar o fazer
pedagógico, como experiência prática puramente espontânea, em agir pedagógico,
que deve ser constantemente confrontado com as teorias pedagógicas de maneira
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reflexiva, distanciando-se da teoria como instrumento para a prática, ou seja, o agir


pedagógico como movimento questionador que está muito mais preocupado em
formular, adequadamente, perguntas do que em buscar respostas certeiras e
acabadas.
Nesse sentido, as teorias desenvolvidas a partir dos estudos na área da
Psicologia influenciam a construção das teorias pedagógicas relacionadas ao
processo de ensino e aprendizagem na escola, pois no ato de ensinar estão
imbricadas as noções do educador quanto à natureza da mente do aprendiz. Dessa
forma, “uma escolha de pedagogia inevitavelmente comunica uma concepção do
processo de aprendizagem e do aprendiz. A pedagogia jamais é isenta. Trata-se de
um meio que carrega sua própria mensagem” (BRUNER, 2001, p. 67).
Os principais pressupostos da teoria epistemológica de Jean Piaget
revolucionaram a maneira de conceber o desenvolvimento humano e contribuíram
na construção de novas teorias pedagógicas na medida em que o sujeito passa a
ser visto como capaz de construir o conhecimento na interação com o meio físico e
social.
Assim, a concepção de inteligência “[...] como desenvolvimento de uma
atividade assimiladora cujas leis funcionais são dadas a partir da vida orgânica e
cujas sucessivas estruturas que lhe servem de órgãos são elaboradas por interação
dela própria com o meio exterior” (PIAGET, 1987, p. 336), fundamenta teoricamente
muitas investigações no campo educacional em busca de novas práticas
pedagógicas embasadas no construtivismo.
O construtivismo não é uma prática nem um método, e sim uma teoria que
permite conceber o conhecimento como algo que não é dado e sim construído e
constituído pelo sujeito através de sua ação e da interação com o meio. Assim, o
sentido do construtivismo na educação diferencia-se da escola como transmissora
de conhecimento, que insiste em ensinar algo já pronto através de inúmeras
repetições como forma de aprendizagem. Na concepção construtivista a educação
é concebida como um processo de construção de conhecimento ao qual acorrem,
em condição de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por
outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído.
Enquanto para Piaget o interesse maior sobre os níveis de
desenvolvimento é teórico e epistemológico, para a escola o interesse é prático, ou

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seja, o enfoque está nos resultados das práticas pedagógicas desenvolvidas em


sala de aula no aprendizado da criança. Assim, para evitar uma interpretação
apressada e a tentação de transformar uma teoria em receituário, Piaget afirmou
que “a pedagogia está longe de ser uma simples aplicação do saber psicológico”
(1994, p. 301). Portanto, cabe à Pedagogia, como um saber de fronteira,
desenvolver pesquisas que contribuam para a inovação das práticas pedagógicas à
luz das teorias de diferentes áreas, em busca de um agir pedagógico que leve os
educadores e educandos a questionarem-se sobre a construção, desconstrução e a
provisoriedade do conhecimento.

RELAÇÃO DOS ALUNOS COM A TECNOLOGIA

Com o uso das novas tecnologias, surgem novas linguagens, como a


informática e a internet, e a soma destas novas linguagens faz surgir uma nova
cultura que influencia, aos poucos, a sociedade. A escola, que evidentemente
ocupa um lugar na sociedade, torna-se, também, participante desta nova cultura.
A escola tem em suas mãos a grande chance da transformação social e
aos professores cabe o desafio de iluminar caminhos, de realizar as aspirações
humanas e sociais. O aluno não deve ser olhado pelo professor como aprendiz
apenas, mas como pessoa que precisa aprender a conviver bem consigo e com os
outros; aprender a descobrir, nos textos que lê os vários olhares que, normalmente,
estão encobertos.
A produção cultural que ocorre na escola acontece sempre mediada seja
pelo professor em sala de aula, seja pelo livro em uma leitura pessoal e silenciosa,
ou ainda pelo computador, quando se está no laboratório fazendo uma pesquisa na
internet. O aluno não pode mais esperar sair da escola para pôr em prática o que
aprendeu, mas deve relacionar o seu aprendizado com o momento de seu estudo.
A escola pode estabelecer com o aluno uma relação dialógica e dinâmica, deixando
o sistema tradicional da transmissão mecânica dos conhecimentos prontos e
acabados. E pode também, desenvolver um novo papel: da pesquisa, do raciocínio,
da crítica, da criatividade, da reflexão onde o decorar apenas, inexiste, ou seja, não
tem mais lugar.

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Com tantas facilidades de acesso às informações, o papel do professor,


também muda. Sua principal função passa a ser a de desafiar o aluno, orientá-lo a
organizar de forma crítica as informações às quais tem acesso. Quem ensina
precisa conhecer o conjunto de capacidades dos alunos, precisa estimular a
inteligência e não, apenas, tratá-los como meros aprendizes.
Papert (2008, p.51) diz que o computador mudou a situação porque ele é
em si um objeto interessante para ser explorado e porque acrescentou dimensões
de interesse a outras áreas de trabalho e a construção do conhecimento. Através
dos meios tecnológicos, desenvolve no aluno a capacidade de busca de novas
informações, de pesquisa, além de estimular a criatividade e a elaboração de
conceitos. Os hábitos e os comportamentos são, geralmente, construídos pelas
ferramentas existentes no meio da comunicação.
Os novos comportamentos e as novas formas de comunicação, oriundas do
desenvolvimento da tecnologia, refletem na escola e as práticas pedagógicas que
usam as novas mídias e tecnologias como ferramentas de aprendizagem oferecem
novas perspectivas aos alunos que, vivem em seu cotidiano, de uma forma ou de
outra, essa realidade de acesso às novas mídias e tecnologias. A leitura e a escrita
podem ser desenvolvidas por meio das tecnologias digitais e a escola pode se
utilizar deste recurso tornando acessível o seu uso e propondo atividades através
de sites variados como “facebook” “twiter” “instagran”. Nem todos os aplicativos
foram criados com objetivos educacionais, mas se forem adaptados corretamente,
podem oferecer resultados positivos, pois ocasionalmente chegam a ser mais
envolventes do que as aulas tradicionais.
A educação precisa ser transformada, não basta modernizá-la. Ensinar e
aprender são desafios enfrentados em todas as épocas, principalmente, nesse
novo modelo de gestão que enfatiza a informação e o conhecimento. A reflexão
sobre a prática produz conhecimento e desafia os professores que seguem
aplicações rotineiras, a deixarem de ser técnicos. Um profissional reflexivo deve
sempre se propor a responder a novas problemáticas e questões desafiantes,
produzindo novos saberes e novas técnicas a partir do contexto em que se
encontra. A atividade da escola deve transformar-se partindo do princípio de que o
aluno é um centro de atividade e não um receptáculo vazio a ser preenchido de

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Novas tecnologias e formação docente

conteúdos, frequentemente sem sentido e a escola precisa transformar-se cada vez


mais em laboratório, e ser cada vez menos auditório.
Valente acentua que, o computador não é mais o instrumento que ensina o
aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo e, portanto, o
aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do
computador. O ensino pelo computador auxilia o aluno a adquirir conceitos sobre,
praticamente, qualquer domínio. O computador é uma ferramenta pedagógica que
permite ao aprendiz resolver problemas ou qualquer outro tipo de atividade, além
de comunicar-se.

SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Conceitualmente, sociedade da informação é um sistema sócio-político e


econômico em que o conhecimento e a informação constituem fontes fundamentais
de bem-estar e progresso. O desenvolvimento desta nova sociedade requer a
prática de princípios fundamentais como o respeito aos direitos humanos dentro de
seu contexto mais amplo. Podemos colocar o direito à educação no centro desta
questão.
A sociedade da informação se apoia no uso intensivo das novas
tecnologias, particularmente, as tecnologias da informação e da comunicação e é
uma forma de organização social moderna, na qual as redes de comunicações e os
recursos de tecnologia de informação são altamente desenvolvidos, o acesso
equitativo e onipresente às informações, o conteúdo apropriado, em formatos
acessíveis e comunicação eficiente deve possibilitar que todas as pessoas
alcancem o seu potencial pleno. O controle e o domínio dessas tecnologias têm
decidido a sorte das sociedades.
A sociedade da informação deve ter um viés inclusivo onde todas as
pessoas possam ter a liberdade e as condições para criar, receber, compartilhar e
utilizar informações e conhecimentos através da educação. Fica aqui uma questão:
Como a aplicação e uso dessas tecnologias na escola podem efetivamente
contribuir para criar a sociedade da informação? Existem metodologias que podem
ser aplicadas de forma genérica?
Muitos governos, no Brasil e no mundo, estão implementando programas
de reforma e modernização da administração pública e todos contemplam a
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realidade das novas tecnologias e fomentam a expansão da sociedade da


informação como forma de responder aos desafios de desenvolvimento adicionais
impostos pela exclusão digital.
Nessa direção, têm buscado soluções viáveis para implantar uma
infraestrutura da informação e da comunicação que possibilite o acesso universal a
essas tecnologias. Uma infraestrutura de redes de informação e de comunicação
bem desenvolvida e acessível é essencial para o progresso social, econômico e
bem-estar de todos os cidadãos e comunidades. A melhoria da conectividade e
acesso às redes de comunicação das escolas é de importância especial neste
sentido.

IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO

Nenhuma outra tecnologia introduziu tantas mudanças em tão pouco


tempo e com tanta profundidade, em todas as áreas da atividade humana, como a
TIC, intensificada nas últimas décadas com o uso do computador e da rede mundial
de computadores – a Internet. O contexto mundial apresenta um verdadeiro desafio
quanto à forma de assimilar as transformações que estão ocorrendo com o
desenvolvimento das telecomunicações, da informática e de suas interações com o
sistema educacional.
Como consequência de avanços tecnológicos, vivemos hoje uma
economia, na qual a informação e o conhecimento são considerados matérias
primas de muitos processos produtivos. Só este fato já seria suficiente para
justificar a necessidade de uma ampla revisão do sistema educacional em todos
seus níveis. Neste cenário emergente, até os ambientes de trabalho estão se
transformando para ambientes de aprendizagem permanente, como forma de
acompanhar e se manter atualizado com o ritmo do desenvolvimento. As
informações e os conhecimentos são recursos inesgotáveis, podendo ser
reutilizados na geração e produção de novos conhecimentos e informações. Por tal
razão, as fontes de dados, de informações, as comunicações simbólicas, etc., são
consideradas valores fundamentais da nova economia.
O desenvolvimento da sociedade depende, hoje, da capacidade de gerar,
transmitir, processar, armazenar e recuperar informações de forma eficiente. Por
isso, a população escolar precisa ter oportunidades de acesso a esses
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Novas tecnologias e formação docente

instrumentos e adquirir capacidade para produzir e desenvolver conhecimentos


utilizando a TIC. Isto requer a reforma e ampliação do sistema de produção e
difusão do conhecimento, possibilitando o acesso à tecnologia. Entretanto, o
simples acesso à tecnologia, em si, não é o aspecto mais importante, mas sim, a
criação de novos ambientes de aprendizagem e de novas dinâmicas sociais a partir
do uso dessas novas ferramentas. Comentamos a seguir, em caráter geral e de
forma não exaustiva, alguns impactos da TIC, com o objetivo de mostrar que as
novas tecnologias afetam diretamente todos os componentes e agentes do sistema
educacional (Currículos, Alunos, Escolas e Professores).
Currículos – A configuração tradicional dos currículos deve ser revista para
incorporar necessidades da era da informação. Como a atual organização dos
currículos pertence a uma era pré-digital, possivelmente os currículos serão
substituídos por sistemas nos quais o conhecimento pode ser obtido quando e onde
for necessário. Com o surgimento do hipertexto, da interatividade oferecida pelas
novas tecnologias, da ubiquidade proporcionada pelos meios de comunicação e
pelas possibilidades de acesso não linear às fontes de informação, novos modelos
de aprendizagem passaram a ser praticados ultimamente. As estruturas
curriculares atuais, caracterizadas por uma tradicional imobilidade, não consideram
nem sequer uma fração das inúmeras possibilidades oferecidas pela TI. O uso mais
apropriado das novas tecnologias em sala de aula se dá através de projetos
multidisciplinares, o que não corresponde, na prática, à atual organização dos
currículos. Incluir TI nos currículos não é exatamente o mesmo que incluir
laboratório de informática no horário de aulas: o impacto de uma hora por semana
usando computadores em um laboratório é insignificante.
Alunos – No passado, os alunos viam o professor como principal, ou única,
fonte de conhecimento e informação. Porém, agora têm idênticas possibilidades de
acesso às bases de dados das redes mundiais de computadores: bibliotecas, livros,
publicações, cursos, laboratórios virtuais, simuladores, listas de discussão, grupos
de intercâmbio, projetos cooperativos, e muitas outras possibilidades, superando
em todos os sentidos, as limitações do passado. Além disto, tanto os professores
como os alunos podem contribuir para acrescentar informações às bases de dados
existentes, de maneira simples e rápida, seja publicando eletronicamente

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resultados de seu trabalho, seja criando suas próprias páginas de informação na


Internet, alterando substancialmente o paradigma educacional vigente.
Escolas – O ritmo das escolas está longe de assimilar as mudanças na
mesma velocidade em que ocorrem no mundo à sua volta. Por isso, encontram-se
diante da urgente necessidade de promover a alfabetização digital de seus
professores e técnicos, requisito indispensável para introduzir as novas tecnologias
no ambiente educacional. A questão, entretanto, não se resolve apenas com a
simples aquisição da tecnologia, na sua dimensão física, representada pela
aquisição de equipamentos, novas instalações e até mesmo com a contratação de
equipes especializadas para esta finalidade. A experiência tem demonstrado a
ineficácia de simplesmente instalar computadores na escola, se as pessoas não
souberem como integrá-los às diversas atividades curriculares.
Professores – Em relação às novas tecnologias, os professores têm visões
pessimistas, otimistas ou indiferentes. A visão otimista considera as inúmeras
facilidades oferecidas pela TI e projeta para o futuro um mundo de maravilhas.
Entretanto, o problema de uso sistemático e organizado da TI na educação não é
tão simples como parece. A ausência de contexto, a quantidade e a velocidade da
informação e a virtualidade dos novos meios de informação estão exigindo do
professor um trabalho de acompanhamento e orientação muito mais intenso. No
novo contexto tecnológico, o professor passa a ter uma importância ainda maior,
diante de questões do tipo: Como ensinar a administrar as inúmeras possibilidades
de receber informações a qualquer hora e lugar? Como formar no aluno a
capacidade analítica e seletiva sobre as informações que recebe? Como aprimorar
os processos intelectivos de transformação da informação em conhecimento?
Como podemos ver, há muitas possibilidades, novas perspectivas, mas também
grandes desafios a enfrentar.
Demandas educacionais na Sociedade da Informação – O documento
Sociedade da Informação no Brasil (MCT, 2000) enfatiza a necessidade de uma
metodologia adequada para introduzir a TIC na escola e considera que a Educação
é “o elemento-chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no
conhecimento e no aprendizado. (...) Por outro lado, educar em uma sociedade da
informação significa muito mais que treinar as pessoas para o uso das tecnologias
de informação e comunicação: trata-se de investir na criação de competências

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suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de
bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com
fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar
criativamente as novas mídias (...). A necessidade mais urgente criada pelas novas
tecnologias é promover a alfabetização digital em âmbito nacional, necessário para
preparar a sociedade para as mudanças em curso.
As novas tecnologias da informação e comunicação, especialmente a
Internet, ampliaram o conceito de alfabetização para muito além do mero ato de ler
e escrever. Cada vez mais, o cidadão se vê diante da necessidade de conhecer
novos modos de representação do conhecimento, modelos de processamento
simbólico e estruturas de linguagens que vão além do texto impresso, exigindo
competências de hierarquia superior ao antigo conceito de alfabetização.
A implementação de programas de TIC nas escolas não se limita ao
provimento de infra-estrutura de recursos técnicos ou conhecimentos específicos
sobre as novas tecnologias. Torna-se, pois, imprescindível investir na formação de
competências pedagógicas e metodológicas voltadas para a concepção e
organização de novos ambientes de aprendizagem que permitam a formação de
indivíduos capazes de lidar positivamente com o novo mundo científico e
tecnológico que nos rodeia.

A METODOLOGIA DE PROJETOS E AS NOVAS TECNOLOGIAS

A implantação da TIC na educação básica pode ser significativamente


enriquecida associando-a à Metodologia de Projetos – MP. Os pressupostos e as
diretrizes da MP trazem elementos úteis para evitar muitos problemas e ainda para
resolver outros, normalmente encontrados nas ações de implantação dessas
tecnologias, como em programas de Informática Aplicada à Educação – IAE. A
aplicação da MP no contexto da IAE demanda um esforço adicional no sentido de
conhecer com segurança e amplitude razoável o significado e as diretrizes da
metodologia de projetos. Consideramos, entretanto, que esse esforço é
compensado pelas vantagens advindas da aplicação segura de uma metodologia
com potencial extraordinário de promoção de mudanças significativas no processo
educacional.

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A contribuição especial que essa metodologia pode oferecer para a


implantação da TIC no ensino pode ser observada tanto no desenvolvimento de
aulas e laboratórios especializados de informática, como na realização de
atividades de ensino, estudo e pesquisa nos conteúdos curriculares em geral.
Neste sentido, estamos considerando as aplicações da TIC em várias
instâncias: em aulas específicas de informática destinadas à aprendizagem dos
recursos correspondentes, em atividades complementares e extracurriculares
diversas, no desenvolvimento de projetos de trabalho e, sobretudo, no uso da
informática nas disciplinas gerais do currículo.

FUNDAMENTOS DA METODOLOGIA DE PROJETOS

Diversas publicações e experiências escolares apontam para o potencial da


MP como contribuição para a melhoria do processo educativo, especialmente no
que diz respeito à promoção de uma aprendizagem significativa, em contraposição
à aprendizagem tradicional do tipo verbal, retórica, livresca, de ênfase teórica e
descontextualizada.
A experiência dessa metodologia tem mostrado como a valorização e o
desenvolvimento de projetos de trabalho por parte de alunos e professores pode
representar uma forma importante de compensar ou equilibrar os problemas
decorrentes de uma ênfase exacerbada na utilização de recursos virtuais, à revelia
das situações reais e contextuais. Um dos pressupostos fundamentais da MP é a
consideração das situações reais, do contexto, da vida, no sentido mais amplo, que
devem estar relacionados ao objeto central do projeto em desenvolvimento.
Os seguintes pressupostos são fundamentais na Metodologia de Projetos:
• Realização de projetos de trabalho por grupos de alunos com o
número de participantes definido criteriosamente para cada experiência;
• Definição de um período de tempo limite para a concretização do
projeto, como fator importante no seu desenvolvimento e concretização (em geral,
períodos de 2 a 6 meses);
• A forma de escolha dos temas dos projetos, oferecendo liberdade
para os alunos (com negociação entre alunos e professores para considerar
múltiplos interesses e objetivos);

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• Os projetos devem contemplar uma finalidade útil de modo que os


alunos tenham uma percepção de um sentido real dos projetos propostos;
• Uso de múltiplos recursos no desenvolvimento dos projetos incluindo
aqueles que os próprios alunos podem providenciar junto a outras fontes, como a
comunidade em geral;
• Socialização dos resultados dos projetos em diversos níveis de
comunicação, como a própria sala de aula, a escola e a comunidade, incluindo a
apresentação dos resultados pelos autores.
As atividades orientadas pela Metodologia de Projetos possuem, ainda, as
seguintes características: constituem um objeto de realização concreta; têm algum
impacto no ambiente; modificam a relação professor-aluno; baseia-se em uma nova
abordagem dos saberes; propiciam uma nova concepção de avaliação;
apresentam-se como um desafio para os alunos; e têm uma dimensão coletiva.
A adoção dos princípios da MP significa uma forma de contribuir para a
superação de um modelo de educação centrada na abstração, no poder do verbo.
É oportuno enfatizar que essa hegemonia da educação verbal pode tornar-se ainda
mais poderosa como consequência indireta (sem que se o deseje) das novas
formas de valorização do fator informação, o qual se torna cada vez mais atraente e
disponível através das tecnologias da informação, reforçando, progressivamente, a
dimensão "virtual". Hoje sabemos que a hegemonia do verbo se contrapõe à
construção do conhecimento contextualizado.
Assim, a valorização das atividades de desenvolvimento de projetos, por
parte de alunos e professores, pode ser uma forma importante de compensar ou
equilibrar a tendência da nova era de (re)valorização da informação, na medida em
que tais atividades promovam uma interação forte com a dimensão da realidade.
Destacamos o fato importante de que a realização de projetos, segundo a
concepção holística atual, tem como base fundamental a interação e iteração fortes
com a dimensão da realidade, do conhecimento contextualizado, na medida em
que coloca como desafio básico aos atores desse processo o desenvolvimento de
produtos efetivos que possam ser compartilhados como contribuições para o
desenvolvimento social humano.
A tendência atual na direção de valorização da chamada dimensão virtual,
associada fortemente ao elemento informação, pode, em termos do

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desenvolvimento educacional dos jovens estudantes, induzir dificuldades e


problemas complexos relacionados às necessidades de formação integral do ser
humano, a qual demanda o desenvolvimento de um processo de ação, um
equilíbrio fundamental entre os fatores relativos à abstração racional e os fatores
relativos ao desenvolvimento sensível e sensório-motor.
Esses fatores constitutivos do ser estão necessariamente ligados à
habilidade de lidar com os elementos da realidade denominada de concreta. Esta é
uma questão epistemológica básica para as pesquisas e propostas atuais relativas
ao desenvolvimento de simulações e de software educativos.
A proposta de ensino através de projetos representa uma forma importante
de considerar todos os elementos imprescindíveis na formação integral do ser
humano. Assim, a conjugação harmônica entre os princípios da MP e as
proposições e demandas relativas à TIC torna-se uma necessidade de importância
capital.

TECNOLOGIAS DIGITAIS (TDS) X TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS


(TES)

Para entendermos as razões que justificam a inserção das Tecnologias


Digitais por meio dos Projetos de Aprendizagem é interessante que primeiro
façamos uma pequena reflexão sobre as formas como as TDs têm sido inseridas
na educação e as razões pelas quais essa inserção tem fracassado em muitos
casos.
Os erros de implantação do uso pedagógico das TDs começa com os erros
conceituais sobre o que é tecnologia e qual sua relação com a educação. O mapa
conceitual mostrado a seguir tenta aclarar os conceitos de tecnologia, Tecnologia
Digital (TD), Tecnologia Educacional (TE), bem como as relações e inter-relações
entre eles.

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Como podemos ver nesse mapa conceitual, tecnologia é um conjunto de


técnicas, processos e métodos específicos de um dado ofício ou negócio.
Tecnologia Digital é qualquer tecnologia baseada na linguagem binária dos
computadores. Assim, quando pensamos no uso de tecnologias nas escolas não
estamos falando simplesmente no uso de “aparelhos tecnológicos digitais”, mas sim
no conjunto de técnicas, processos e métodos específicos para o ofício de ensinar.
Onde as TDs se inserem na educação nesse contexto? Elas se inserem da
mesma forma que todos as demais tecnologias não-digitais, como a lousa, o
mimeógrafo e o toca-fitas, como ferramentas auxiliares que potencializam as
Tecnologias Educacionais (TEs).
Veja também que nesse mapa conceitual a relação entre as TDs e a
Educação não é uma relação de mão dupla e que seus laços são frágeis. A escola
que hoje convive com as TDs já viveu séculos sem elas e viverá muitos outros
séculos com tecnologias que ainda serão inventadas. As tecnologias mudam, a
escola se adequa a seu tempo e usa essas tecnologias, mas a escola não é uma
aplicação da tecnologia em si.
É fundamental compreender que as tecnologias próprias da Educação,
como a pedagogia, a didática, a prática de ensino e as diversas metodologias
próprias de cada área do saber, não são substituíveis pela Tecnologia Digital ou por
qualquer outra tecnologia. E embora isso nos pareça óbvio, não tem sido tão óbvio
a ponto de que se evitassem diversos erros ao longo do processo de inserção das
TDs na Educação.
Para efeito puramente didáticos podemos dividir esses erros de concepção,
implementação e uso em três categorias básicas:
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1. Ideológicos: Foco na tecnologia e não na pedagogia. A escola se


preocupa excessivamente em explorar o potencial das TDs e subestima sua
Tecnologia Educacional (TE) própria.
a) O foco correto deve ser no processo de ensino e aprendizagem
(currículo, metodologias, estratégias, etc.) e as TDs precisam ser inseridas como
ferramentas de apoio às TEs onde for cabível fazê-lo.
b) Esse erro de concepção levou a investimentos gigantescos em
equipamentos que não foram utilizados (laboratórios de informática inteiros), ou
foram subutilizados e hoje se encontram obsoletos em muitas escolas, sem
manutenção ou uso.
2. Estratégicos: Busca de atividades e projetos que possam ser
desenvolvidas com as TDs. Pressuposto de que é preciso estabelecer projetos
específicos para o uso das TDs.
a) O foco correto deveria ser a busca de TDs que facilitam o processo de
ensino e aprendizagem e o uso da tecnologia para o ensino e não do ensino para a
tecnologia.
b) Esse erro levou ao desenvolvimento de projetos e currículos que
fracassaram ao ser implementados porque não se inseriram verdadeiramente no
processo de ensino e aprendizagem.
3. Práticos: Capacitações de professores para o uso de softwares e TDs.
Compartimentação do conhecimento (TDs X TEs). Planejamento de aulas voltado
para o uso de TDs.
a) O foco correto deveria ser a inclusão digital dos professores e alunos
(uso efetivo das TDs nas atividades do cotidiano). Disponibilização de recursos e
oportunidades e valorização da inovação que leva à melhoria da qualidade do
ensino.
b) Esse erro levou milhares de professores a fazerem cursos e
capacitações que se mostraram inúteis porque não resultaram em um uso efetivo
das TDs nas práticas escolares e nem representaram um ganho significativo para
professores e alunos.

PROJETOS DE APRENDIZAGEM COM TECNOLOGIAS DIGITAIS

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Os Projetos de Aprendizagem são Projetos Educacionais que possuem


uma tecnologia educacional bem estabelecida.
Sabemos como e porque utilizá-los. Sabemos planejá-los e executá-los.
Temos objetivos para utilizá-los e estratégias para conduzi-los. Tudo isso nos dá
segurança para desenvolvê-los.
Permitem a ação de múltiplos agentes (interdiscilinaridade,
transdiciplinaridade). Isso nos permite atingir um número maior de atores potenciais
para o uso das TDs e facilitam a aprendizagem colaborativa de alunos e
professores.
Permitem o uso natural de diferentes TDs. Projetos possuem várias etapas,
vários atores e muitas ações simultâneas ou não. Tudo isso permite que diferentes
recursos tecnológicos compareçam em diferentes momentos e situações. Projetos
geram oportunidades de uso para as TDs.
São focados no processo e não nos resultados finais. As TDs têm a
característica natural delas: apoio ao desenvolvimento, à aprendizagem, ao “fazer”;
são “instrumentos para potencializar as ações” e não objetivos em si mesmas. As
TDs enriquecem o processo e não são objetivos finais.
Promovem a aprendizagem colaborativa. É no “aprender a aprender” e no
“aprender a fazer” que as TDs são aprendidas, e a aprendizagem colaborativa é
fundamental para esses processos. Os projetos têm naturalmente a característica
de aprendizagem colaborativa e permitem que não apenas os alunos aprendam
colaborativamente, mas também os seus professores.
Todas as condições acima são favoráveis tanto para a inserção das TDs
quanto para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem que, ao fim e ao
cabo, é o que se deseja em uma escola.

COMO IMPLEMENTAR AS TDS NOS PROJETOS DE APRENDIZAGEM?

Antes de se lançar à aventura de implementar as TDs nos Projetos de


Aprendizagem, ou em qualquer outro projeto, é necessário ter em mente que
precisamos:
→ Dispor de recursos tecnológicos (TDs) e facilitar o acesso a eles.
Não dá para levar classes inteiras para atividades em Salas de Informática
com três computadores capengas. Não dá para implementar o uso das TDs com
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Salas de Informática trancadas com cadeado a maior parte do tempo,


computadores quebrados e obsoletos e a necessidade de uma burocracia
gigantesca para seu uso. É preciso ter bons equipamentos e acesso facilitado a
eles.
→ Planejar a inserção das TDs nas diferentes atividades do projeto em
função de sua utilidade e disponibilidade, visando sempre a melhoria da qualidade
dos produtos ou processos.
Primeiro planejamos o projeto, montamos as sequências didáticas, listamos
as atividades, etc., somente depois nos perguntamos “o que eu posso fazer melhor
se usar as TDs de que disponho?”. Propor a construção de um blog em uma escola
onde a imensa maioria dos alunos não tem acesso à Internet tem algum propósito?
Propor que os gráficos estatísticos sejam feitos usando-se uma planilha de cálculo
quando nem o professor nem os alunos sabem como fazê-lo, têm algum ganho?
Esse ganho compensa o custo-benefício da ação?
→ Documentar, relatar, analisar e registrar o uso das TDs e seu impacto
nos Projetos de Aprendizagem.
Usar TDs é algo ainda novo e muito pouco documentado. Muitas ações
envolvendo as TDs não surtem efeitos positivos. É preciso documentar e avaliar o
impacto desse uso para a tomada de decisões para os próximos projetos. A própria
documentação e análise do impacto do uso das TDs implica, muitas vezes, no uso
dessas TDs (documentos digitados, planilhas, apresentações, etc.).
→ Compartilhar experiências e aprendizagens (reuniões pedagógicas,
formações, dia-a-dia, etc.).
A forma mais rápida e eficaz de aprender a usar as TDs em uma escola é
compartilhar o conhecimento que se tem delas e de seu uso. Não dispomos de
tempo para “aprender tudo sobre um dado recurso antes de usá-lo”, o aprendizado
se dá por etapas somativas, de forma colaborativa e geralmente por tentativa e
erro.
→ Promover uma política de inovação constante, dar continuidade aos
projetos e procurar envolver cada vez mais os diferentes agentes.
Equipamentos e softwares obsoletos e a falta de atualização sobre os
novos recursos tecnológicos à disposição torna o uso das TDs desinteressante

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para alunos e professores. Que graça tem usar um computador velho e lento,
rodando sobre um sistema operacional ultrapassado e que vive travando?
Que novas ideias surgiram nos projetos anteriores e que podem ser
implementadas agora? Quais são os novos agentes, alunos e professores, que
podem se interessar pelo uso das TDs? Como podemos seduzi-los?
→ Incentivar, valorizar, expor, divulgar e premiar as inovações que
produzem bons resultados.
De que adianta um projeto ter feito uso produtivo das TDs se isso não for
capitalizado como marketing para os próximos projetos e nem for divulgado para
além dos muros da escola?
Porque um professor deveria usar novamente as TDs se isso não é
reconhecido nem valorizado, nem mesmo quando tudo dá certo? Que valor tem um
projeto esquecido, um esforço não reconhecido ou mesmo um fracasso não
compreendido?
→ Repensar o modelo de professor para incorporar um novo perfil
profissional: o perfil do “Professor Digital“.
O professor digital é o profissional que toda escola deseja ter, mas
nenhuma deseja pagar. O novo perfil do professor demanda uma dedicação muito
maior “fora da sala de aula” do que dentro dela. O professor digital tem o direito de
errar, o compromisso de aprender sempre e a certeza de que nunca saberá o
suficiente. Esse novo professor não é uma solução para os problemas da educação
ou mesmo de sua escola e, além disso, traz consigo novas demandas que são
muitas vezes compreendidas como problemas e não como soluções.
É preciso que a gestão da escola (e os gestores das políticas públicas)
compreenda as necessidades desse novo profissional e viabilizem a sua ação.

PONTOS POSITIVOS NO USO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL NA


EDUCAÇÃO

O uso da tecnologia na educação pode trazer pontos positivos e negativos.


Os resultados dependem da forma de utilização das ferramentas tecnológicas
abaixo se pode ver uma relação desses pontos e suas implicações.
Velocidade e abrangência

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A busca pela informação em mídias eletrônicas é rápida visto que é feita a


partir de algoritmos complexos de análise de dados que exibem os resultados em
formato de ranking, onde a informação mais relevante tende a aparecer em
primeiro lugar. Os resultados de pesquisas normalmente são associados a
comentários de usuários que já realizaram a mesma pesquisa no passado e
avaliaram os resultados quanto à veracidade, coerência e qualidade.
Inovação
A tecnologia acelera a inovação visto que facilita a comunicação dos pares
com os mesmos objetivos e a divulgação dos resultados em âmbito global. Muitas
ideias surgiram do brainstorm (Técnica desenvolvida para explorar o potencial
criativo de um indivíduo ou grupo.) Em mídias sociais, principalmente na
comunidade open source (ou software livre é um padrão de desenvolvimento aberto
e sem restrições de distribuição).
As ideias inovadoras são geralmente patrocinadas por empresas ou
investidores individuais e geram melhorias para a sociedade e oportunidades
comerciais. No caso da educação a tecnologia também incentiva a inovação, pois
oferece novas ferramentas de criação.
Interação
Softwares educativos permitem a interação do aluno com o conhecimento.
O aluno pode navegar no conteúdo interagindo com o mesmo no sentido de
escolher o quê, como, quando e em qual nível de detalhe quer estudar de acordo
com seu nível de curiosidade sobre o assunto. Tecnologias como enciclopédias
digitais, jogos educacionais, realidade aumentada e simulação bidimensional ou
tridimensional podem facilitar essa interação virtual aproximando o aluno da
realidade do problema apresentado e suas possíveis soluções.
Cooperação
A cooperação entre alunos de uma mesma sala de aula é influenciada por
uma série de fatores como: o grupo de valores e interesses no qual o aluno se
insere, sua personalidade, timidez ou extroversão, a disposição das carteiras na
sala de aula, etc. Esses fatores podem se apresentar como barreiras para a
cooperação geral entre os alunos. Essa barreira pode ser contornada ou diminuída,
além do diálogo e da socialização tradicionais, pela interação digital promovida por
meio de redes sociais, fóruns e listas de discussões. Alunos tímidos talvez se

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sintam mais a vontade para interagir com os colegas e para fazer perguntas ao
educador. A colaboração por meio das mídias sociais é o melhor caminho para o
progresso humano.
Autonomia
A tecnologia incentiva à autonomia. Visto que o uso do computador ou
equipamento tecnológico é normalmente individual o usuário tende a ter um
comportamento autônomo, executando tarefas sozinha e buscando auxílio na
própria ferramenta tecnológica por meio de arquivos de ajuda, tutoriais e buscas na
internet.
Lúdico
Os jogos educacionais, quando corretamente desenvolvidos, podem
estimular um aprendizado divertido principalmente na educação infantil. Os jogos
de computador ou videogames devem ser escolhidos coerentemente com a faixa
etária da criança e com a fase de desenvolvimento na qual ela se encontra. Os
jogos podem desenvolver o aprendizado de forma lúdica colocando em prática os
efeitos benéficos descritos por Vygotsky.
Operação Multitarefa
Essa característica pode ser positiva, pois abre novas possibilidades para o
cérebro humano. A operação multitarefa na solução de problemas pode aumentar a
eficiência e a produtividade.

PONTOS NEGATIVOS NO USO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL NA


EDUCAÇÃO

Além dos pontos positivos podemos observar também alguns pontos


negativos do uso da tecnologia educacional na escola.
Identidade
O usuário pode assumir diferentes identidades na internet. A criação de um
perfil em uma rede social define suas características pessoais, seus atributos e
interesses. O nome real pode ser substituído por um usuário e as informações
podem ou não ser totalmente verdadeiras. O perfil por sua vez, pode representar
não necessariamente um indivíduo, mas também um grupo (banda, partido,
empresa ou organização), ou uma entidade com interesses específicos.

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Muitos adolescentes criam perfis falsos, fazendo-se passar por outra


pessoa – normalmente uma personalidade famosa da música ou do cinema ou uma
entidade representando o nome de seu blog ou personagens alegóricos. Isso pode
ser um problema nos estágios intermediários de desenvolvimento da criança, pois é
nessa fase, a adolescência, que ela desenvolve sua identidade e personalidade
como ser humano adulto.
Privacidade
Com a difusão em massa e em escala global a internet alterou o modo
como encaramos a privacidade. A informação passa a ser disponível a qualquer
pessoa conectada a rede e em qualquer parte do mundo. Essa informação pode
ser distorcida e novamente encaminhada trazendo danos irreversíveis.
Imediatismo
A informação de fácil acesso pode ocasionar uma característica negativa
nos usuários: o imediatismo. É característica dos nativos digitais o imediatismo.
Para o imediatista a informação deve estar disponível no momento em que será
usada. Ao surgir uma dúvida basta pesquisar em um site de busca, ler o primeiro
hiperlink, que deve ser obrigatoriamente o mais relevante. Esse é o vício que a
busca rápida e de fácil acesso impõe ao internauta.
Superficialidade
A internet está mudando para pior o funcionamento do cérebro humano.
As pessoas estão ficando “rasas”, ou seja, pensando com superficialidade. Para
ele consulta-se a internet sem se preocupar com a memorização e o
entendimento completo da área de conhecimento, mas apenas com o tópico de
interesse imediato. A WEB 2.0 é prejudicial visto que apesar de incentivar a
colaboração, esta é feita na maior parte das vezes de forma anônima em
comentários sem preocupação com a escrita formal.
Isolamento
A dependência da tecnologia pode causar outro problema mais sério: o
isolamento. A criança ou adolescente pode passar tantas horas imerso no
ciberespaço que acaba cortando os laços sociais com as pessoas que o cercam.
Essa conduta é perigosa visto que enfraquece as habilidades interpessoais,
empobrecendo o convívio da pessoa com seus pares na família, escola e trabalho.

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Pode ser um dos fatores coadjuvantes para o aparecimento de doenças


psiquiátricas como a depressão e a ansiedade. A escola não pode ser totalmente
substituída (principalmente na educação infantil) devido ao seu caráter socializante
e a “pedagogicidade indiscutível da materialidade do espaço” (FREIRE, 1996,
p.45). É na escola que a criança descobre a importância do trabalho em equipe e
aprende a se relacionar com outras crianças.
Sobrecarga cognitiva
Inteligência coletiva pode trazer sobrecarga cognitiva, ou seja, a alta
disponibilidade de informações e formas de comunicação também pode gerar
estresse. Assim, devemos aprender como a tecnologia funciona para não sermos
controlados por ela. A leitura na internet pode ser condicionante visto que as
pessoas têm a tendência de ler apenas as obras com as quais concordam.

APRENDIZAGEM COOPERATIVA COMO POTENCIALIDADE PARA AS


NOVAS TECNOLOGIAS
À luz do construtivismo, pode-se tentar compreender a aprendizagem
cooperativa. Segundo (Campos et al. 2003, apud KASSIS, 2007, online):
No construtivismo, o conhecimento é (re)construído pelo indivíduo nas
interações com o ambiente externo. O aluno é o sujeito ativo no processo de
aprendizagem, por meio da experimentação, da pesquisa em grupo, do estímulo à
dúvida e ao desenvolvimento do raciocínio. Os conceitos são formados no contato
com o mundo e com outras pessoas. O professor assume o papel de provocador e
estimulador de novas experiências e deve ser capaz de propor estratégias ou
caminhos para buscar respostas.
A teoria sociointeracionista de Vygotsky (1988), que prega a origem social
da inteligência, entende que a aprendizagem cooperativa acontece inicialmente de
forma interpsíquica, isto é, no coletivo, para depois haver a construção
intrapsíquica.
A teoria sociointeracionista de Vygotsky (1988), que prega a origem social
da inteligência, entende que a aprendizagem cooperativa acontece inicialmente de
forma interpsíquica, isto é, no coletivo, para depois haver a construção
intrapsíquica.
Partindo-se do pressuposto de que o conhecimento (ou aprendizagem) é
construído pelas interações do sujeito com outros indivíduos, estas interações
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sociais seriam as principais desencadeadoras do aprendizado. As atividades


interpessoais, segundo ele, possibilitam mudanças cognitivas através da interação
com a consequente reelaboração e reconstrução das ideias.
Para Vygotsky, a colaboração entre alunos ajuda a desenvolver estratégias
e habilidades gerais de soluções de problemas pelo processo cognitivo implícito na
interação e na comunicação. Tal ponto converge quando as formas de organização
da nova sociedade serão o aprendizado cooperativo e a inteligência coletiva,
definida por ele como a capacidade de trocar ideias, compartilhar informações e
interesses comuns, criando comunidades e estimulando conexões.
O principal desafio da escola hoje é desenvolver uma cultura da
colaboração que independe de estar no virtual ou no presencial. “As escolas devem
ajudar as pessoas a avaliar e reconhecer o conhecimento que está nos outros.
Talvez a escola deva ser o lugar onde se aprende a gerir conhecimento e a
produzi-lo coletivamente” (LEVY, 2007, online). O autor atribui um papel
fundamental ao educador como mediador desse processo, pois não acredita que
haja uma pura espontaneidade em aprendizagens escolares. Ela precisa ser
planejada e organizada. “As únicas redes que funcionam sem mediador são as de
entretenimento”. (LEVY, 2007).
A partir desses conceitos percebemos a necessidade de promover
situações em que prevaleça o grupo diante da individualidade, em que aprender
constitua-se em viver situações em que as pessoas se sintam bem em compartilhar
experiências, de forma sistematizada, trazendo seu dia a dia para a escola. Nessa
proposta de aprendizagem cooperativa, cada um assume seu papel no grupo,
responsabilizando-se por ele, assumindo os créditos e as perdas, num processo
que promova uma dinâmica de interação.
Segundo Vygotsky e Freire os sujeitos constroem seu conhecimento à
medida que interagem. A interatividade, para Vygotsky, é entendida como um
processo de mediação entre sujeitos, numa construção de conhecimento
partilhada, sendo condição indispensável para a aprendizagem. Segundo ele, o
diálogo, a cooperação e a informação são enriquecidos pela heterogeneidade do
grupo ampliando consequentemente as capacidades individuais, sendo que as
funções mentais provêm das relações sociais.

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Para Freire (1991), o conhecimento se dá na relação sujeito-sujeito e


sujeito mundo, pressuposto básico para a educação libertadora num processo de
comunhão entre os homens e as mulheres, alimentando juntos o ideal utópico da
mudança da sociedade.
Pierre Lévy (1999) assim o define: “O termo “interatividade” em geral
ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação. De
fato, seria trivial mostrar que um receptor de informação, a menos que esteja morto,
nunca é passivo”.
Retomando, podemos entender interatividade como o uso de recursos
tecnológicos conectados em rede, que suscitam a participação e a reação. Disso
resulta um ambiente cujo domínio da mídia promove a liberdade de escolha.
O conceito de interatividade é muito usado hoje de forma diversificada,
mesmo quando se refere a ambientes educacionais mediados por computadores,
ou a outros ambientes de aprendizagem, como a sala de aula.
A partir de uma perspectiva construtivista entende-se que os ambientes
online não promovem a aprendizagem baseados num clique, mas concentram-se
na formação de espaços em que ideias são debatidas com liberdade e autonomia,
nos quais o aprendizado constitui-se num preparo para uma atuação cidadã. Nesse
sentido, a postura do educador passa a ser a de mediador e não transmissor de
conhecimento, propondo situações de aprendizagem centradas no educando.

O USO DO BLOG COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Um blog, blogue, weblog ou caderno digital é uma página da WEB, que


permite o acréscimo de atualizações de tamanho variável chamados artigos ou
posts. Estes podem ser organizados de forma cronológica inversa ou divididos em
links sequenciais, que trazem a temática da página, podendo ser escritos por várias
pessoas, dependendo das suas regras.
O blog conta com algumas ferramentas para classificar informações
técnicas a seu respeito, todas elas são disponibilizadas na internet por servidores
e/ou usuários comuns. As ferramentas abrangem: registro de informações relativas
a um site ou domínio da internet quanto ao número de acessos, páginas visitadas,
tempo gasto, de qual site ou página o visitante veio, para onde vai do site ou página

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atual e uma série de outras informações. Os sistemas de criação e edição de blogs


são muito atrativos pelas facilidades que oferecem, pois dispensam o conhecimento
de HTML, o que atrai pessoas a criá-los.
O que distingue os weblogs das páginas e sítios que se costuma encontrar
na rede é a facilidade com que podem ser criados, editados e publicados, sem a
necessidade de conhecimentos técnicos especializados. Dadas a essa informação
e aos serviços gratuitos, os blogs tiveram um crescimento considerável. A princípio
foi usado, pelos jovens, como diário virtual, porém, na virada do século, o blog
passou a ser utilizado como divulgador de temas e discursos variados num leque
de possibilidades, tais como: o entretenimento, corporativismo e atividades de
profissionais como jornalistas, empresários, políticos, escritores, professores e
alunos que aos poucos estão descobrindo e explorando a principal de suas
características, a interatividade, que pode levar à formação de redes colaborativas
de aprendizagem.
Os Blogs são espaços interativos, onde tudo pode ser publicado e dito, sem
limites para o conteúdo, nem para quem pode ter um. Quaisquer pessoas ou
comunidades, de qualquer idade ou região podem criar um blog e postar as
informações que julgarem importantes para tal. A principal dinâmica do blog,
diferente de um diário, é que as postagens recentes ficam no princípio, ou seja: o
que o blogueiro escreveu por último, o usuário vê primeiro.
Alguns blogs possuem um formato diferente, de acordo com as pessoas
que o alimentam. Um exemplo é um blog em que as postagens são divididas em
pastas ordenadas numa sequência necessária aos propósitos do alimentador e aos
objetivos que quer alcançar frente aos usuários. Uma grande vantagem do uso dos
blogs é a gratuidade oferecida. Isso abre um leque de possibilidades, visto que
poucos estão dispostos a pagar por este espaço na web. Pelo exposto
anteriormente, a cada dia, mais pessoas aderem ao uso dos blogs, postando seus
comentários num intenso processo de colaboração.
Uma das aplicações mais interessante da Web para ambientes escolares é
o blog, que conforme exposto anteriormente fornece a interatividade, a partir das
postagens que vão desde um simples comentário até a inserção de artigos,
imagens e vídeos. Nas palavras de Freire (1996), “ninguém ensina ninguém;
tampouco ninguém aprende sozinho. Os homens aprendem em comunhão,

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mediatizados pelo mundo”, fica clara a importância e eficiência do blog, do ponto de


vista da construção do conhecimento na relação aluno-pensamento, que vai além
da relação entre professor e aluno.
Os blogs são aplicativos fáceis de usar que promovem o exercício da
expressão criadora, do diálogo entre textos, da colaboração. Blogs possuem
historicidade, preservam a construção e não apenas o produto (arquivos); são
publicações dinâmicas que favorecem a formação de redes.
Os diários eletrônicos, observados nesta perspectiva, têm o poder de
mudar o trabalho pedagógico promovendo o envolvimento dos participantes. Outra
grande vantagem do uso do blog na educação é a facilidade de o professor fazer
intervenções, corrigindo e orientando todas as postagens, sem o limite de tempo
imposto pela sala de aula, e da mesma forma o aluno pode realizar suas atividades
no seu ritmo, conforme sua agenda e disposição. Desta maneira o aluno tem
ampliada sua liberdade de expressão, embora necessitando da ciência de que,
uma vez postados, os seus comentários poderão ser vistos por todos, sem que
possa controlar. Este fato amplia a responsabilidade do professor blogueiro por
tudo o que estiver publicado, bem como a do aluno que participa.
Moran (2007) enfatiza o uso do blog educacional afirmando que “quando
focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da
produção deles se torna fundamental”. Desta forma, essa ferramenta pode
constituir-se num recurso de apoio à aprendizagem por ser um espaço de criação
coletiva, que aproxima professores e alunos, sem contar que, com o uso das TICs
(Tecnologia da informação e Comunicação), a escola cumpre o seu papel de
preparar o aluno para os desafios impostos pela sociedade, não na intenção da
continuidade, mas da transformação da realidade que ora se apresenta.

COMPONENTES DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O uso das ferramentas tecnológicas, que promovem a comunicação, auxilia


professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem a distância, criando
novas possibilidades de ensino não presencial através da rede Internet.
Abaixo temos quatro características necessárias para o sistema de
educação a distância:

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O aluno como sendo o centro do processo educativo.


O docente que será o motivador e possibilitador da aprendizagem
cooperativa e interativa no ambiente virtual.
A comunicação que poderá ser realizada através de material impresso,
audiovisual, telemática (Internet, softwares, CD-ROM, vídeo interativo, hipermídia,
entre outros) e a tutoria mediando o presencial e o virtual.
A estrutura e organização dos materiais, da distribuição de materiais,
processos de comunicação e avaliação, fazem parte do processo inicial no
desenvolvimento de programas de ensino a distância.
Por mais que o professor exerça esta função, faz-se necessária a ação do
tutor que aqui passaria a se chamar de “monitor”, levando em consideração
algumas participações e auxílio ao professor quanto ao atendimento dos alunos em
diferentes horários.
Na sequência, apresenta-se os diferentes modelos de ensino a distância:
♣ Ensino por correspondência: material impresso (livros didáticos).
♣ Ensino a distância clássico: material diversificado como material
impresso, televisão, rádio, audiovisuais, tutores.
♣ Ensino a distância com base na pesquisa: caracterizado pela leitura de
cursos de ensino a distância impressos e na frequência parcialmente obrigatória em
seminários. Concede apenas o grau superior ou de mestre.
♣ Ensino a distância grupal: programações didáticas por rádio e televisão
associadas a atividades regulares obrigatórias, com presença.
♣ Ensino a distância autônomo: planejar, organizar e implementar
isoladamente. A universidade apenas aconselha, incentiva, assiste e fornece
certificado.
♣ Ensino a distância por teleconferência: oferecido por um consórcio de
universidades para estudantes das universidades-membro e também a outras
instituições.
♣ Ensino a distância com base em quatro formas de teleconferência:
podem participar estudantes avulsos e grupos de estudantes em seus locais de
trabalho, ligados por sua vez à atividade docente das universidades que cooperam
com o projeto.

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Os modelos acima apresentados, são flexíveis e variáveis, o que torna o


ensino a distância adaptável às diferentes situações e necessidades.

APRENDIZAGEM X ENSINO APOIADA ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

A expressão ensino-aprendizagem é um dos jargões mais frequentemente


utilizado nos trabalhos que discutem pedagogia ou didática, não só em engenharia,
mas em qualquer área do conhecimento. Porém, o que realmente significa ensino-
aprendizagem?
Por muitos séculos tem-se acreditado que o conhecimento é como algo
fluído, que possa ser repassado de um professor de “magno saber” para um aluno
que nada sabe. Em outras palavras, acredita-se que é possível um professor
ensinar (da origem latina “insignare”, que significa a transmissão do conhecimento,
de informação ou de esclarecimentos úteis ou indispensáveis à educação e à
instrução) um aluno, sendo esta a base epistemológica da educação, em todos os
níveis, na maioria das instituições atuais.
Os estudos científicos de Jean Piaget, realizados no século passado, sobre
a maneira pela qual o ser humano adquire conhecimento, apontam para outra
direção. Em sua Epistemologia Genética, Piaget considera que o desenvolvimento
cognitivo ocorre como consequência de uma interação entre o sujeito e o objeto
fruto de seu interesse. O cérebro humano funciona baseado em esquemas de
significação, os quais estão em permanente adaptação através de processos
contínuos e simultâneos de assimilação (os esquemas do sujeito modificam-se para
incorporar os elementos do objeto) e acomodação (os elementos do objeto são
modificados pela ação do sujeito).
Assim, para o crescimento cognitivo é necessário que ocorra um
desequilíbrio neste processo, o que ocasionará o aparecimento de novos
esquemas a partir daqueles já existentes, desencadeando uma espiral crescente
ligada a inúmeras outras, através das teias de significação individuais. Neste
contexto, a aprendizagem surge como um processo individual que ocorre
internamente no sujeito.
Traduzindo-se estes conceitos para o plano pedagógico, percebe-se que a
figura de um professor que “ensina” um aluno torna-se incoerente e um novo papel
é designado ao professor. Nesta visão, o professor passará a auxiliar, incentivar e
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proporcionar ao aluno a “construção” de seu conhecimento, razão pela qual a


aplicação da teoria piagetiana à educação leva o nome de Construtivismo.
Considerando-se serem basicamente estas as duas principais correntes
pedagógicas existentes no momento, em nossa sociedade ocidental, o termo
ensino aprendizagem somente justifica-se como uma espécie de “caminho do
meio”, o qual não será trilhado no presente trabalho. Em função de sua base
construtivista, será adotada a promoção da aprendizagem, como vista pela teoria
de Piaget, como principal função da educação, neste caso.

ENSINO APOIADO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS É ALTERNATIVA


PARA CONCILIAR ESTUDOS

Finalizando nossa disciplina de NOVAS TECNOLOGIAS E FORMAÇÃO


DOCENTE, retomamos os aspectos relacionados ao ensino utilizando as novas
tecnologias direcionadas a abordagem colaborativa, podemos refletir sobre nossa
prática educacional e evoluirmos dentro da nova era tecnológica. Diante destas
transformações tecnológicas, surgem novas exigências sociais refletindo na
educação, impondo questionamentos no papel docente diante desta realidade.
Pretende-se ressaltar elementos pertinentes à pesquisa, como a
importância de existir no ambiente escolar além de recursos tecnológicos, pessoas
capacitadas, para que se possa construir o conhecimento, pois a escola é o local
de construção do conhecimento, socialização do saber e trocas de experiências,
por isso a necessidade de debates entre educadores e equipe pedagógica para a
incorporação das tecnologias no ensino.
Lembrando que a escola deve estar à frente numa sociedade onde os
conhecimentos científicos ficam ultrapassados num curto espaço de tempo, assim,
não se pode admitir que justamente a escola, local onde se deveria produzir
conhecimento, fique a margem da maior fonte de informações disponíveis e mais,
não seja capaz de orientar sua utilização.
Sendo assim, faz-se necessário outro modelo educacional, uma vez que os
padrões atuais são incompatíveis a memorização, repetição de fatos e o professor
exclusivo detentor do saber. Com a grande quantidade de informações, faz pensar
em novas práticas pedagógicas não apenas nos conceitos disciplinares, mas a

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pesquisa e seleção dessas informações adquiridas, para resolver problema e


analisar as possíveis soluções, as mais adequadas ao seu contexto, e também pelo
fato de que as novas linguagens estão imersas na sociedade e, com isso,
possibilita novas formas de leitura.
No entanto, as novas tecnologias não devem ser vista apenas como
veículos de transmissão de informações, mas como poderosas ferramentas de
ensino, para compreender e utilizá-las para diferentes situações de aprendizagem,
que envolvam desde procedimentos de problematização, observação, registro,
documentação e até formulação de hipóteses.
Uma das potencialidades dessas ferramentas é o acesso à internet, pois
ela abre caminhos para novas maneiras de adquirir conhecimento e fonte de
ilimitadas informações, que vão desde artigos científicos, livros, documentos,
revistas e outros. Como qualquer recurso tecnológico, esta deve ser entendida
como um dos meios alternativos para construir o conhecimento, visto que propicia
ao indivíduo interligar-se com o mundo, resultando em escolas mais flexíveis,
menos autoritária, cedendo lugar para ambientes aconchegantes, atrativos,
estimuladores e criativos.
O papel do professor consiste em mediar à pesquisa e a apresentação dos
resultados, que podem ocorrer até em grupos. Entretanto, aparece o problema dos
embasamentos teóricos e metodológicos do professor, uma vez que só orienta
aquele que domina os conteúdos e a prática pedagógica, caso contrário, vira uma
panaceia na cabeça do docente, que ao invés de facilitar, complica mais a sua vida,
porque aquele que não é flexível, inovador, disposto a ouvir e trocar informações
com seus alunos, bem como interagir, está simplesmente obsoleto na sociedade de
conhecimento.
Embora essas potencialidades sejam enriquecedoras elas apresentam
limites na prática pedagógica, isso não significa não abandonar os antigos métodos
de ensinar, mas utilizá-los dentro de uma visão pedagógica nova e criativa.

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REFERÊNCIAS
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