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Ainda hoje, muitos historiadores pensam sobre como o Brasil conseguiu dar fim a
dominação colonial exercida pelos portugueses. O interesse pelo assunto promove
uma discussão complexa que interliga as transformações intelectuais e políticas que
tomaram conta do continente europeu e o comportamento das ideias que sustentaram
a luta pelo fim da ingerência lusitana. Por fim, tivemos que alcançar nossa autonomia
graças ao interesse de sujeitos diretamente ligados ao poder metropolitano.
No século XVIII, podemos observar que algumas revoltas foram fruto da
incompatibilidade de interesses existente entre os colonos e os portugueses. Algumas
vezes, a situação de conflito não motivou uma ruptura radical com a ordem vigente,
mas apenas a manifestação por simples reformas que se adequassem melhor aos
interesses locais. Usualmente, os livros de História costumam definir essas primeiras
revoltas como sendo de caráter nativista.
Outras rebeliões desenvolvidas no mesmo século XVIII tomaram outra feição. As
chamadas rebeliões separatistas pensavam um novo meio de se organizar a vida no
espaço colonial a partir do banimento definitivo da autoridade lusitana. Em geral, seus
integrantes eram membros da elite que se influenciaram pelas manifestações liberais
que engendraram a Independência das Treze Colônias, na América no Norte, e a
Revolução Francesa de 1789.
História »
Crise do sistema colonial
Por Fernando Roque Fernandes
Mestre em História (UFAM, 2015)
Graduado em História (Uninorte, 2012)
Brasil x Portugal
Na América portuguesa, as medidas adotadas no Período Pombalino aumentaram
ainda mais a crise econômica e política. O fracasso do Marquês de Pombal em
articular o Absolutismo Ilustrado com as bases mercantilistas acirrou ainda mais os
ânimos coloniais na medida que crescia a arrecadação de impostos. Movimentos de
caráter emancipacionista indicavam um caminho sem volta para a independência.
Apesar dos mártires deixados pelas trilhas sangrentas das ciladas armadas pelo
Estado Português, as resistências se tornaram uma constante, passando a fortalecer
os ideais de um Estado Independente. Juntaram-se a essas instabilidades, o
Terremoto de Lisboa (1755), a crise do comércio açucareiro e a queda na produção
aurífera, além de crises sociais decorrentes de políticas administrativas
implementadas no Estado do Grão-Pará e Maranhão, as quais resultaram na expulsão
dos jesuítas e na tentativa de criação de uma economia agrícola em larga escala com
a utilização da mão de obra indígena regulamentada pelo Diretório dos Índios. Apesar
da disseminação das ideias francesas e norte-americanas, as reformas sociais foram
controladas pelas elites. Após a queda de Pombal, conjurações de caráter
emancipacionistas, mesmo em perspectivas locais, passaram a ocorrer em diferentes
regiões.
Nas Minas Gerais, em 1789, uma crise econômica, resultante da escassez de ouro,
aumentava as pressões da Coroa portuguesa pela cobrança do Quinto (100 arrobas
anuais – valor equivalente à 1.468,9kg de ouro) através da execução
da Derrama (cobrança compulsória dos Quintos em atraso – Invasão de cidades, vilas,
fazendas e casas a procura de ouro para alcançar o valor do Quinto). Como resposta,
a elite local pretendeu tomar o poder e instituir uma república através do fracassado
evento denominado de Conjuração Mineira. A Conjuração Baiana, iniciada com as
elites, em 1798, tomou projeções de caráter social, a partir do ingresso de mulatos, ex-
escravos, homens brancos pobres, alfaiates, pedreiros, soldados e bordadores que
passaram a defender a proclamação de uma república na Bahia, o fim da escravidão e
das diferenças baseadas na cor da pele. Por estas razões, a conjuração acabou
perdendo seu apoio maçônico e sucumbindo naquele mesmo ano.
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro
milênio. São Paulo: Moderna, v. 2, 2013.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/revoltas-coloniais.htm