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nàriamente, a totalidade das funções permanentes Dentre as várias teorias engendradas e hipóteses
de determinado governo. Já então, o têrmo tinha formuladas sôbre a origem do Estado, apenas três
mais de um sentido. No seu significado secundário, ou quatro lograram notoriedade e longa aceitação
nomeava’a personalidade dos encarregados das fun na literatura respectiva. Citemos : a teoria do di
ções governamentais, isto é, nomeava os governan reito divino, segundo a qual o Estado é um ato da
tes com os seus seguidores e agregados. À fôrça de vontade de Deus, diretamente revelada aos gover
designar, ora a totalidade das funções permanen nantes; a teoria do contrato social, que vê no
tes do govêrno, ora as autoridades que as exerciam Estado uma criação deliberada dos homens, medi
(Stato dei M ediei), ora as duas coisas ao mesmo ante consentimento coletivo; a teoria natural —
tempo, o têrmo Estado passou por fim a designar talvez a mais antiga de tôdas, pois remonta a
também o território do govêrno (Stato di Firenze), A r i s t ó t e l e s — a qual sustenta que o homem,
a unidade territorial, o país ou, em linguagem mo animal político por predestinação, não tem exis
derna, a área administrativa sôbre a qual os go tência fora do Estado e, assim, é a própria natu
vernantes exerciam as respectivas jurisdições (5). reza do homem que dá origem àquele; a teoria da
Segundo G a r n e r , a palavra Estado (Stato) foi fôrça, que deriva a origem do Estado da sujeição
introduzida na moderna literatura da ciência po do fraco pelo forte, mediante o emprêgo da vio
lítica por M a c c h i a v e l l i , que, no seu famoso livro lência .
II Principe (1523), observou introdutòriamente “Somente em tempos recentes, com a expansão
que “todos os poderes que têm tido e têm autori do conhecimento histórico, o aperfeiçoamento da
dade sôbre os homens são Estados e são ou Re crítica e a aceitação dos princípios da evolução, se
públicas ou Monarquias” ( 6 ) . “Tutti li Stati, tutti conseguiu uma teoria satisfatória sôbre a origem
è dominii che hanno avuto et hanno império sopra do Estado. Ainda assim, o nosso conhecimento
li uomini, sono stati e sono o republiche o prin- sôbre os primeiros períodos é incompleto e, em
cipati” — eis, na íntegra, tal como aparece no muitos aspectos, bastante discutível. Em t,êrmos
original, o primeiro período de II Principe. A defi gerais, pode dizer-se, contudo, que a teoria mo
nição de M a c c h ia v e l l i faz de Estado gênero e de derna da evolução condena, por igual, tanto a su
República e Monarquia espécies. Etimològicamen- posição de que o Estado seja uma criação divina,
te, república (res publica) quer dizer, coisa pública, como a de que seja o resultado da conquista, ou
govêrno do povo; e monarquia, govêrno de um, do acôrdo entre os homens. À luz desta teoria,
govêrno do rei. Data dêsse período o uso conven- considerá-se o Estado como o produto de um de
cinal do termo genérico Estado. “No curso dos senvolvimento gradual, como a conseqüência na
séculos XVI e XVII apareceram as palavras State, tural das necessidades dos homens, que exigem e
État e Staat, respectivamente na literatura inglêsa, requerem uma sociedade ordenada” ( 10) .
francesa e alemã” (7) . A teoria histórica ou evolucionária procura con
Seja como fôr, “o con,ceito de Estado, como ciliar os diferentes fatores que atuaram na forma
entendemos hoje, só começa a precisar-se com ção e desenvolvimento institucional do Estado.
M a c c h i a v e l l i no Principe” ( 8 ) . E’ satisfatória na medida em que consegue essa
A origem do Estado constitui um dos grandes conciliação. .
enigmas da ciência política. “Antropólogos e so Mas se explica, por um lado, a evolução do Es
ciólogos mais de uma vez têm aventurado conjec tado, deixa, por outro, o mistério de sua origem
turas sôbre êsse ponto; historiadores têm tentado envolto na mesma profunda obscuridade. Parece
remontar seu material ao passado remoto; pensa que a teoria da fôrça ainda é a mais verossímil
dores políticos têm apresentado várias hipóteses; de quantas foram até agora aventadas sôbre a
mas todos êsses esforços não resistem ao teste da origem do Estado. Há numerosas opiniões, nota-
verdade científica” (9 ). damente de pensadores germânicos, em- apoio dessa
teoria. -
(5 ) Teoria Política, trad. esp., M éxico, 1941, pág. 75. “O Estado, distinto da organização tribal, começa
(6 ) J am es GArner , op. c it., pág. 2 . com a conquista de uma raça por outra” — diz
(7 ) J am es G arner , op. c it., loc.cit.
(8 ) O rlando M . C arvalho , op. c it., pág. 15.
(9 ) H arvey W alkf .r , Public Administration, New (10) R aym ond G e t t e l l , História de las Ideas P olíti
York 1937, págs. 20-1. cas,trad . esp ., Barcelona, 1937, vol, I, págs. 38-9.
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO 7
N i e t z s c h e . Sim, “a violência é o agente que cria o engenhosa mas carente de espírito científico. Para
Estado”, confirma O p p e n h e i m e r . “O Estado é o H a n s K e l s e n , “o Estado é uma ordem da con
resultado da conquista, o estabelecimento dos vito duta humana” . Para O r t e g a y G a s s e t , “el Es
riosos, como casta dominante, sôbre os vencidos” tado es ante todo prpductor de seguridad” . Já
■— intervém R a t z e n h o f e r . “O Estado é o produto L é o n D u g u i t vê no Estado “uma cooperação dos
da fôrça e subsiste pela fôrça” — conclui Gum- serviços públicos, organizados e controlados pelos
PL o w i c z . “O aforismo de V o l t a i r e — o primeiro governantes” . * *
rei foi um guerreiro afortunado — é uma forma O têrmo Estado, na linguagem política, jorna
concisa e cheia de sabor para expressar a mesma lística e administrativa da atualidade, é freqüen
idéia” ( 11) . temente empregado como sinônimo de nação, so
Ainda recentemente, o historiador, e filósofo ciedade, país, govêrno, potência. Não raro, é em
americano W i l l D u r a n t , no tomo I da sua His pregado também para expressar a idéia da ação
toria da Civilização, indica a seguinte origem do coletiva da sociedade ,em contraposição à ação
Estado : “Um rebanho de louros animais de presa, individual, como quando falamos da fiscalização
uma raça de conquistadores e senhores que' com da indústria pelo Estado, da educação ministrada
toda a sua organização guerreira e todo o seu pelo Estado, etc. “A família, constituída pelo ca
Poder crava as suas terríveis unhas sôbre uma samento indissolúvel, está sob a proteção especial
População tremendamente superior em número do Estado” (1 3 ). “A intervenção do Estado no
mas sem forma — tal é a origem do Estado”. domínio esconômico só se legitima para suprir as
Por ser a mais importante, a mais presente de deficiências da iniciativa in divid ual...” (1 4 ).
todas as instituições sociais, o Estado tem sido Êstes dois textos constitucionais ilustram o emprêgo
definido de cem maneiras diversas, partindo os da palavra Estado para designar a ação coletiva
definidores de princípios e pontos de vista dis da sociedade.
tintos. Entre o Estado confundido com a comuni Nos países de estrutura federal, como os Estados
dade politicamente organizada e o Estado consi Unidos, Canadá, Brasil e Austrália, a palavra Es
derado como peça do mecanismo governamental tado é empregada indiferentemente para indicar o
de uma comunidade, mas claramente distinta da todo, isto é, a federação, e cada uma das partes,
mesma, entre êsses dois extremos estão situados, ou sejam os componentes federados. “O Brasil é
conforme observa C o l e (12), numerosos pontos um Estado Federal, constituído pela união indis
de vista, a que correspondem outras tantas defini- solúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter
Çoes. Não nos será difícil entremostrar a riqueza ritórios”, diz o art. 3.° da Constituição Federal de
e variedade das opiniões sôbre o Estado, emitidas 1937.
em diferentes épocas por pensadores, filósofos, Como se vê, o conceito de Estado enleia-se num
sociólogos, jurisconsultos, políticos e cientistas so emaranhado de idéias contraditórias, que o tomam
ciais . um dos mais perplexionantes das ciências políticas.
O Estado é uma união de famílias e de comu Abandonemos, pois, qualquer veleidade de ten
nas, bastante a si mesma, não apenas para viver, tar transmitir o conceito de Estado por meio de
mas para viver bem e feliz. O fim do Estado é a definições. Vejamos quais são os seus elementos
Prosperidade d;a vida”, segundo A r i s t ó t e l e s . constituintes. De acôrdo com os mais modernos
Estado, eis como se denomina o mais frio de e autorizados cientistas políticos, como G a r n e k ,
todos os monstros!” — exclama N i e t z s c h e . Para G e t t e l l , M a c I v e r , W i l l o u g h b y e muitos outros,-
^ a s t ia t , “o Estado é uma grande ficção, através
cinco atributos concorrem para integrar o Estado,
da qual cada um se esforça por viver à custa de a saber : 1. território; 2 . população; 3 . govêrno;
todos os outros” . Para H e g e l , “ o Estado é a 4. soberania; 5. permanência.
1déia divina tal como existe sôbre a terra” . Para
Mais explicitamente : o Estado pressupõe, em
I
vernamental contemporânea nada mais represen o govêrno exerce duas espécies de atos, poderes
tam do que uma expansão, em escala vertiginosa, ou funções : a política, que é a formulação da von
da rudimentaríssima associação de esforços dos tade do Estado, e a administração, que é a exe
homens bestiais das cavernas. cução dessa vontade.
O que hoje chamamos govêrno é, conceituai e Com efeito, quando intimamente analisado, todo
pràticamente, uma organização como outra qual e qualquer ato de uma autoridade ou agente go
quer, sujeita às mesmas leis de divisão e integra vernamental, seja êle o próprio chefe do Estado,
ção do trabalho que condicionam as demais em- ou um senador, ou um juiz, ou um oficial de jus
prêsas humanas. Embora subordinada a essas leis tiça, ou um amanuense, ou um marinheiro, há de
fundamentais, a organização governamental é sus ser necessàriamente um ato político ou um ato
ceptível de assumir várias formas em vários graus administrativo. É político quando, como no caso
de densidade, qualquer que seja a sua estrutura. do deputado que discute a lei, do especialista que
esclarece determinadas condições técnicas de es
A observação ordinária basta para convencei pecificação necessária no corpo de uma lei ou re
de que, quanto mais cresce a organização gover gulamento, do magistrado que interpreta a lei ou
namental em densidade, tanto mais patente se a declara inconstitucional, contribui para a. fixa
torna a unidade irredutível da instituição que de ção da vontade do Estado. É administrativo,
nominamos govêrno. Daí o descrédito em que caiu quando, como no caso do juiz que aplica a lei a
a clássica doutrina tripartida, que secciona o go uma situação concreta, do funcionário público que
vêrno em três poderes distintos. Dai, também, a emite um parecer em um processo de pagamento,
fortuna da nova concepção, hoje aceita por tantos de um coletor que lança os contribuintes e arre
pensadores. políticos, de que o govêrno é, em es cada os impostos, faz parte da execução da von
sência, uma entidade orgânica e não um conjunto tade do Estado.
de organismos justapostos, um todo indivisível e Nem é outra, aliás, a lição do Professor M a r s
não um grupo de poderes ou funções independen h a l l D i m o c k , já citado. D iz êle : “Há dois pro
tes -— em suma, uma unidade e não uma trindade, cessos fundamentais de govêrno: a formulação da
°u pluralidade. política e elaboração do programa e a sua exe
De acôrdo com êsse ponto de vista, os orgãos c cução. Govêrno é política e administração. Como
serviços (ministérios, departamentos, secretaria? veremos em seguida, está longe de haver uma li
de Estado, divisões, etc.) que integram determi nha divisória entre essas duas funções. Uma das
nado govêrno, por numerosos e funcionalmente di tarefas importantes do cientista político é exata
ferenciados que sejam, nada mais representam do mente mostrar como a política e a administração
que partes de uma só e única organização. se acham interrrelacionadas e interdependen-
A organização governamental, isto é, o govêrno, tes” ( 20) .
• * ,• ,
vem a ser, pois, um conjunto de órgãos, o instru No Estado democrático moderno, pelo menos
mento político-administrativo, a emprêsa, enfim, teoricamente, a lei é uma “objetivação da vontade
Por intermédio da qual a coletividade politica coletiva” . Mas, nem por se transformar em lei, a
mente organizada formula, adota, executa e con vontade coletiva tem o dom de se realizar por si
trola a sua vontade em relação aos interêsses ge mesma. É indispensável algo que lhe dê conteú
rais . É por meio do govêrno que o agregado hu do prático. Promover a aplicação da lei, isto é,
mano enfrenta e resolve, ou tenta resolver, os pro torná-la efetiva — eis aí o fim específico da admi
klemas que, por sua complexidade, envergadura e nistração .
custo transcendem a capacidade de realização e as A êsse propósito, podemos recorrer, mais uma
Posses dos indivíduos e das pessoas jurídicas de vez, à opinião do Professor D i m o c k , que se expri
direito privado. me da seguinte maneira : “Depois que o público
O govêrno tem por fim formular e fixar a von instrui os seus representantes e êstes transformam
tade coletiva em diplomas legislativos, em leis, c as políticas em leis, surge em seguida o problema
dinamizá-los depois em operações administrativas. de realizar o programa e de executar a lei. Tôda
Como instrumentalidade, por meio da qual o lei cria, assim, um problema de administração...”
c°rpo político, constituído em autoridade superior,
formula a sua vontade e executa os seus desígnios, (2 0 ) Op'.- cit., loc. cit.
10 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO
primento das obrigações distribuídas por lei aos indagar se determinado pretendente a um cargo
órgãos públicos. Exemplos : “A administração pú administrativo reunia, ao pistolão político, o título
blica é essencialmente o processo de efetivar a de conhecer bem pelo menos rudimentos da Ciên
vontade pública, tal como expressa na lei” (3 3 ). cia da Administração,' certamente que se exporia
*'À medida que suas funções de servir aumentam, à chacota e ao ridículo” (4 1 ). “É desnecessário
o govêrno se torna mais e mais uma questão de observar que a ciência fundamental dos grandes
administração e menos e menos um objeto de ma chefes — a Administração, não tem absolutamen
nipulação política” (3 4 ). te nada de comum com as matemáticas superio
O têrmo administração é também usado para res” (4 2 ). “Estão os tratadistas da ciência da
significar o- funcionalismo público ou o pessoal administração acordes em que “as atividades de
administrativo. Exemplos “Nas condições com administração geral” devem ser conferidas a ór
plexas da atualidade, a Administração Pública gãos exclusiva e especialmente constituídos para
perdeu um pouco seu caráter de “aparelho”, “má êste fim. . . ” (43) .
quina” ou “instrumento”, para afirmar-se pelo con Em qualquer das acepções enumeradas e ilus
teúdo humano de que se constitui” (3 5 ). “Uma tradas, Administração---- conjunto de órgãos e po
8dministração fraca logo se perde na opinião pú deres, gestão, gerência, serviço, pessoal adminis
blica; sem nenhuma fôrça moral, suas ordens se trativo, ciência — relaciona-se estreitamenté com
rão desrespeitadas; as leis não serão cumpri a execução de coisas, diz respeito à realização ou
das” (36) . “O legislador é a inteligência que for cumprimento de objetivos definidos .
mula a regra, ao passo que a administração é a Entendida como ciência social, Administração
fôrça mecânica que a executa” (3 7 ). vem a ser o sistema de conhecimentos pelo qual
Em sentido especial, o vocábulo administração os homens, quando trabalham juntos em busca de
nomeia uma ciência social, ramo da ciência polí um propósito comum, podem compreender as re
tica . Exemplos : “Ciência da Administração é a lações, prever os resultados de seu trabalho e in
exposição metódica dos princípios e das teorias re fluir nêles (44) .
lativas à ação social, positiva e direta, do Esta É no sentido de ciência que a palavra adminis
do” (38) . “Tal é a competência assinalada a uma tração figura na expressão Fundamentos de Admi
disciplina de criação recente, e que ainda não tem nistração Pública, título de um dos cursos do
limites fixos e claros — a Ciência da Administra D .A .S .P .
ção, cuja índole é manifestamente social” (3 9 ). Ao cabo desta longa revista de opiniões e do
A Administração pública é aquela parte da Ciên- cumentos sôbre o Estado, o Govêrno e a Admi
c,a da Administração que diz respeito ao Govêr- nistração, podemos concluir que :
n° e, por isso, concentra seu interêsse primordial
no ramo executivo, onde o trabalho do Govêrno é “O Estado é um modo de organizar a vida co
realizado. . . A administração pública é, pois, uma letiva de uma dada sociedade” (45);
divisão da Ciência Política e uma das ciências so “O Govêrno é um instrumento do povo para
ciais” (4 0 ). “A autoridade que se aventurasse a conduta de certas atividades públicas”;
“A Administração é o processo de executar a
(33) H arvey W alker , op. c it., loc. cit. vontade coletiva, quando expressa em lei” .
(34) M arshall E . D im ock , op. cit., pág. 257.
(35) Relatório do D .A .S .P . pata 1941, Im prensa N a (4 1 ) L uiz S im ões L o pes , A Receita Pública — Sepa-
cional, 1942, pág. 4. ra ta do “R elatório da Comissão de O rçam ento” p ara 1942,
(3 6 )O liveira S antos , Direito Administrativo e Ciéncij Im prensa Nacional, 1942, apresentação.
da Administração, Rio, 1919, pág. 304. (4 2 ) H enri F ayol , Administración Industrial y Ge
(37) R ib a s , Direito Administrativo, R io , pág. 66. neral, tr a d . argentina, Buenos Aires, 1940, p á g . 132.
(38) F erraris , citado por V iveiros de C astro , Trata- (43) B eatriz M. de S ouza W ahrlich , Administração
de Ciência da Administração e Direito Administrativo, Geral no Govêrno Brasileiro, in “R ev ista do Serviço P ú b li
*°> 2.a edição, 1912, pág. 93. co” , janeiro de 1943, pág. 125.
(39) A lcides C ruz , op ., cit., pág. 25. (4 4 ) L uther G ulick , o p . cit., loc. cit.
(4 °) L uther G ulick , Papers on the Science ol Admi- (4 5 ) H . -Laski , E l Estado en la teoria y en la practi-
nistration, New Y ork, 1937, p ág . 191. ca, tra d . espanhola, p ág . 2 1 .