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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Escola de Educação
Curso de Pedagogia - Noturno
Aluna Raquel Dias Bastos
Matrícula: 20212351037

O filme “As sessões” de Ben Lewin, conta sobre a jornada de Mark O’Brien, um
escritor e poeta que, ainda criança, contraiu poliomielite. Na trama, Mark está determinado a
iniciar sua vida sexual, para isso busca apoio com amigos e uma terapeuta.
Por mais que o enredo se concentre nesse objetivo específico do poeta, ainda assim é
possível perceber diversas reações, comentários, olhares e momentos em que a deficiência é
considerada um estigma para o resto da sociedade, para além da busca de uma vida sexual
ativa e comum.
Devido suas limitações e o modo com que todos a sua volta lidaram com isso, Mark
passa mais de 30 anos acreditando que deve se desculpar por sua deficiência e por ser do jeito
que é. Isso tudo faz com que ele mesmo construa uma identidade própria de alguém que é
difícil de ser amado e de realizar atos sexuais. Em diversos momentos do filme, ele alega se
sentir castigado por Deus por ter desejos sexuais que não poderiam ser satisfeitos devido à
sua falta de mobilidade.
Não somente ele, mas outros personagens se mostram descrentes dos seus atos por
considerarem impossível. Como exemplo pode-se citar o recepcionista do motel que duvidou
constantemente que Mark estaria realizando atos sexuais com uma mulher.
A generalização de ideias preconceituosas a respeito da sexualidade —e da vida como
um todo— de pessoas com deficiência são baseadas em estereótipos sobre o deficiente
mantidos por crenças errôneas que o colocam como alguém incapaz e limitado. A propagação
desses pensamentos refletem justamente na construção identitária do outro, que passa a ser
visto pelos outros e por si mesmo como incapaz.
Essa construção de identidade pode ser influenciada de maneira positiva ou negativa
pelas interações sociais que o sujeito possui. Durante o filme, pode-se perceber que, com o
passar das sessões de terapia, Mark torna-se alguém mais confiante e sente-se capaz de
realizar atos sexuais e também de ser amado, que antes era uma grande barreira para ele.
Por tanto, mesmo ao fim das sessões, ele se sente confortável em flertar e até mesmo
construir um relacionamento amoroso com outra pessoa, mostrando que independente das
barreiras e estigmas criados, ele tem direito a usufruir dessas experiências.
Para além da trama, a vida real mostra que constantemente essas influências são
capazes de verdadeiramente impactar a vida do outro. Seja no contexto familiar, social ou
escolar, quando se esclarece e reflete sobre questões do preconceito que se relacionam ao
corpo com deficiência, percebe-se que tudo isso influencia na exclusão social desse grupo em
diversos espaços.
Mark O’Brien foi um exemplo vivo utilizado por Ben Lewin em seu filme, mas no dia
a dia é possível perceber que faltam espaços para PCDs (pessoas com deficiência) se sentirem
pertencentes. Espaços esses que devem ser capazes de acolher e incluir todos aqueles que
fogem da considerada norma padrão.
Um grande exemplo de lugar que deveria ser assim, é o ambiente escolar. As escolas
deveriam ser um justamente o espaço acolhedor e que trabalha com todas as diversidades,
tendo professores que busquem práticas pedagógicas que aceitam, respeitam e valorizam essa
diversidade como componente natural (e necessário) no processo de ensino aprendizagem.
Para isso, é importante questionar a formação inicial e crítica de docentes e colocar
em prática um modo educacional que o leve a refletir sobre identidade, suas relações e
concepções sobre inclusão.
O fazer docente deve ser múltiplo e desdobra-se no cotidiano escolar, tornando
impossível a criação de um só modelo capaz de abranger todos. A verdade é que
constantemente o professor encontra-se em uma realidade em que deve realizar algo fora dos
padrões para poder ensinar cada um de seus alunos.
O processo inclusivo não é fácil e se apresenta cheio de barreiras diante da sociedade,
ainda assim, seus avanços mostram resultados verdadeiramente positivos sejam no âmbito
escolar durante a atuação dos docentes ou na realidade de pessoas como Mark O’Brien que
foi capaz de ter em seu círculo próximo pessoas que o viam para além dos estigmas criados.

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