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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Departamento de História - DH
Disciplina: Teoria da História I
Classe: I semestre 2023.2
Docente: Marcos Profeta
Discente: Bárbara Janaina, Alana Oliveira, Aline Santos, Letícia
Anjos, Kananda Vitória e Leonardo Abade.

Relatório das mesas do encontro de história

Mesa 1: Independência, Independências: Entre contextos, narrativas e


comemorações.
Palestrantes: Prof: Dr João Paulo Pimenta (USP) e Profa: Maria Aparecida Sousa
(UESB)
Local: Teatro Glauber Rocha
Horário: 19:30

Nessa Palestra o Prof: Dr João Paulo Pimenta aborda a visão oitocentista


da independência e independências do Brasil na Bahia, com foco em um poema de
Domingos José Gonçalves de Magalhães. O poema, publicado em 1856, reflete
sobre o processo de construção da nação brasileira e a consolidação de mitos e
memórias nacionais. Destacam-se os seguintes pontos:

● Contexto Histórico: O poema foi publicado em 1856, quando o Brasil já havia


se consolidado como uma nação, embora ainda não fosse uma comunidade
absoluta. Nesse momento, critérios de inclusão e exclusão estavam sendo
definidos, excluindo indígenas e escravizados.
● Temas Abordados: O poema cria uma narrativa literária a partir de fatos
históricos, envolvendo tramas fictícias, como a união de povos indígenas e
eventos ocorridos no litoral entre o Rio de Janeiro e São Vicente, incluindo a
expulsão dos franceses.
● Notas de Rodapé: O poema utiliza notas de rodapé para basear a narrativa
em eventos históricos, auxiliando na construção da historiografia. Essas
notas eram uma característica do romantismo.
● Personagens e Argumentos: O poema menciona figuras como Dom Pedro,
José Bonifácio e a independência do Brasil. O trecho destacado menciona
uma profecia que começa em 1808, com a chegada da família real.

Palavra passada para Maria Aparecida Souza que também contribuiu com
reflexões sobre a independência da Bahia, destacando:

● Importância da Situação: Ela ressalta a necessidade de situar o processo de


independência da Bahia, enfatizando que não se tratou de uma luta
separatista, mas sim de conflitos no norte (nordeste) que impactaram a
independência.
● Violência e Conflitos: Maria Aparecida menciona a violência presente nos
conflitos, incluindo recrutamento forçado, castigos e perseguição. Pedro
Labatut é citado por recrutar escravos sob guerra e determinar o fuzilamento
de mulheres que os acompanhavam.
● Personagens Notáveis: destacando figuras como Maria Quitéria, Joana
Angélica e Maria Felipa, que desempenharam papéis importantes na
independência da Bahia.
● Revolta dos Periquitos: Maria Aparecida cita a Revolta dos Periquitos, um
batalhão de escravizados negros mestiços que se recusou a ser dissolvido
após a guerra.
● Historiografia: ela enfatiza que a historiografia avançou bastante, mas ainda
há muito a ser estudado e pesquisado sobre a independência no Brasil,
ressaltando que muitos dos participantes desse processo não tinham clareza
sobre suas ações.

No geral, foram destacados aspectos importantes sobre como a


independência da Bahia foi representada na literatura do século XIX, destacando a
complexidade e os aspectos menos conhecidos desse evento histórico. Também
ressalta a necessidade de uma análise crítica e aprofundada da história do Brasil.

Mesa 2: Independência Ensino de História


Local: Teatro Glauber Rocha
Horário: 19:30
Palestrantes: Prof: João Paulo Peixoto (UFPI) e Prof: Sérgio Guerra Filho (UFRB).
A palestra "Independência(s) e Ensino de História" abordou diversas reflexões e
aspectos relacionados à Independência do Brasil. Foram destacados os seguintes
pontos.
Assuntos Abordados: "História ou memória?", "Indígenas no oitocentos", "Esse
desconhecido","Indígenas na independência, entre o símbolo e o protagonismo",
"Cidadania Indígena","Formas de Atuação", "Pela causa do Brasil", "Precarização
da independência entre 1820-1830", "Pela sala "de Aula", "Sentidos de um
Bicentenário "Popular", "Um balanço Possível", "Desafios Historiográficos", "Um
balanço possível:Desafios Historiográficos", "O Mosaico e o império", "O mito da
história 'pacífica e ordeira' e as grandes questões nacionais".

Na palestra "Independência(s) e Ensino de História", o Prof: João Paulo


Peixoto (UFPI) explorou-se a diferença entre história e memória, ressaltando a
importância de considerar diferentes perspectivas ao analisar eventos históricos.
Dando um enfoque maior nos seguintes pontos:
● O desconhecimento sobre os indígenas no século XIX, que muitas vezes
eram considerados incapazes e suas histórias eram ignoradas.
● A independência do Brasil foi vista sob a ótica dos indígenas, que
desempenharam diversos papéis, desde símbolos até protagonistas.
● Os diferentes grupos indígenas, suas dispersões, autonomia e integração na
sociedade foram abordados, bem como a questão de serem "indígenas de
verdade".
● Foi destacado que muitos indígenas já eram cidadãos antes da constituição,
questionando a necessidade de uma lei para reconhecê-los como cidadãos.
● As várias maneiras pelas quais os indígenas atuaram na independência,
incluindo rebeliões, recrutamento e escrita.
● O contexto do constitucionalismo português e as tendências de adesão dos
indígenas à causa do Brasil.
● Precarização da independência entre 1820-1830 e a importância da Lei de
11.645/2008 e do parecer 14/2015 CNE/CEB, que promovem a inclusão da
história indígena nos currículos escolares.

Com a fala passada para o professor doutor Sérgio Guerra Filho, ele
evidenciou então a desconstrução do mito do 7 de setembro, assim como a análise
da representação histórica presente no famoso quadro de Pedro Américo Figueiredo
“Independência ou Morte”.
Propondo então trazer mudanças significativas na narrativa da
independência. Essas transformações implicaram em uma compreensão mais
complexa da Independência do Brasil na Bahia, levando em consideração as
diversas dinâmicas regionais e o protagonismo de grupos que antes eram menos
explorados. Com tudo, foram destacados pontos como:

● Discussão profunda sobre os desafios historiográficos envolvidos na


investigação da independência.
● Destacando o protagonismo popular de grupos que frequentemente eram
subestimados, incluindo indígenas, mulheres, escravizados e pobres livres.
● A guerra da Bahia emergiu como um ponto central na formação do Brasil,
sendo enaltecido o "ufanismo baiano" como um elemento importante na
construção da identidade nacional.
● ressaltou a importância de questionar o mito da história "pacífica e ordeira"
● destacou a necessidade de incorporar as experiências locais nos currículos
escolares.
Em conjunto, esses tópicos contribuíram para uma compreensão mais
abrangente e rica da Independência do Brasil, revelando a complexidade e as
múltiplas facetas desse evento histórico.

Mesa 3: Resistência na Independência do Brasil na Bahia


Local: Teatro Glauber Rocha
Horário: 19:30
Palestrantes: Prof. Dr. Hendrik Kraay (Universidade de Calgary) e a Profa. Dr.
Edna Maria Matos Antonio (UFS)
O Professor Dr. Hendrik iniciou sua palestra enfatizando que, após vários
dias de discussão sobre a independência do Brasil na Bahia, muitos aspectos já
haviam sido abordados. Diante disso, ele optou por direcionar sua palestra para
quatro figuras históricas de notável relevância no contexto desse evento.
Inicialmente, ele abordou as seguintes figuras como:

I. Francisco Xavier Pereira ("Bigode")


● Abordou a figura de Francisco Xavier Pereira, conhecido como "Bigode".
● Salientou seu papel fundamental nas milícias de homens negros durante a
independência.
II. Francisco da Silva Barros
● Apresentou Francisco da Silva Barros, um homem de ascendência parda e
espírito aventureiro.
● Destacou a relevância de seu diário, datado entre 1809 e 1828, como uma
fonte subutilizada de informações sobre o período histórico.
III. Maria Quitéria de Jesus
● Enfatizou a participação de Maria Quitéria de Jesus, uma mulher branca, na
guerra da independência.
● Mencionou seu encontro com Dom Pedro, que lhe rendeu notoriedade.
IV. Maria Rita de Oliveira
● Abordou a história de Maria Rita de Oliveira, uma mulher negra e ribeirinha,
que se uniu a outras mulheres na luta pela independência.
V. Importância das Figuras Baianas
● Destacou que esses indivíduos baianos desempenharam papéis intensos e
participativos na independência.
● Observou a escassez de documentos sobre suas vidas, o que torna sua
história ainda mais notável.
VI. Evolução do Mito
● Discutiu a evolução do mito em torno dos eventos históricos da
independência na Bahia.
● Salientou que, no centenário da independência, o atual presidente reforçou a
significativa contribuição da Bahia, resgatando a memória coletiva.
VII. Conclusão
● Encerrou a palestra ressaltando a importância das figuras baianas no
contexto da independência e a relevância de reavivar a memória histórica
desse período.

Reflexão feita pela Prof. Dr.Edna Maria Matos Antonio, sobre a Participação Popular
na Independência do Brasil na Bahia
1. Dimensão Abordada pela Professora:
● Destaque da dimensão explorada na tese de doutorado sobre a participação
popular na independência do Brasil na Bahia.
2. Desconstrução da Participação Popular:
● Análise da desconstrução da participação popular como fator determinante
na independência.
● Enfatizando que a situação resultou na luta, envolvendo diversos interesses
em debate.
3. Olhar Elitista nas Narrativas:
● Identificação do viés elitista nas narrativas históricas, negligenciando o papel
das classes populares.
● Comparação com a América Espanhola, destacando a falta de
reconhecimento das lutas, do sangue e do povo.
4. Perpetuação de Ideias nos Materiais Didáticos:
● Análise crítica da representação nos livros didáticos, panfletos e outras
fontes, perpetuando a ideia de uma independência liderada por um único
homem, o imperador.
● Apontamento da representação da participação popular como desordem.
5. Obras Literárias e Enfoque na Negociação:
● Destaque para obras literárias mencionadas, ressaltando a ênfase na ideia
de uma independência negociada, sem conflitos significativos.
● Desmistificação da representação de que a independência foi uma grande
negociação, contrastando com a realidade.
6. Citação de Oliveira Viana:
● Discussão sobre a visão de Oliveira Viana em relação ao "Povo Massa".
● Enfatização da depreciação das potencialidades políticas do povo,
destacando a percepção de falta de capacidade e condições intelectuais para
ações políticas racionais.

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