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DUARTE CONCURSOS – TURMA REGULAR 02 PMPA

PROF. DUARTE - DIREITO PENAL MILITAR (AULA 06)

RESUMO DE PENAS NO DIREITO PENAL MILITAR

PENA NO DIREITO PENAL MILITAR

Pena é a sanção imposta pelo Estado, por meio de ação penal, ao criminoso como forma de
retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos crimes.

1. PENAS PRINCIPAIS

Tem-se como penas principais:

Art. 55. As penas principais são:

a) morte;

b) reclusão;

c) detenção;

d) prisão;

e) impedimento;

f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

Assim, tem-se que as penas principais podem ser subdivididas em 3 grupos:

1) Penas capitais;

2) Penas privativas de liberdade;

3) Penas restritivas de direitos.

Obs.: Não há disposição acerca da pena pecuniária no âmbito do Direito Penal Militar, exceto (e
apenas) quando houver previsão no preceito secundário dos crimes militares extravagantes (nos
termos do art. 9º, inciso II, do CPM após Lei n° 13.491/17).

Passa-se, então, a discorrer acerca de cada pena principal de modo específico.


1.1 PENA DE MORTE

Está prevista nos arts. 56 e 57 do CPM:

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado,
ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a
comunicação.

Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente
executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares.

A priori, é mister enfatizar que a pena de morte foi recepcionada pela Constituição Federal,
conforme o art. 5º, inciso XLVII, alínea “a”, cumulada com o art. 84, inciso XIX, in verbis:

Art. 5º, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
art. 84, XIX;

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional.

Destaca-se que a pena de morte será aplicada em caso de guerra declarada, e NÃO em caso de
tempo de guerra (que começa nos termos do art. 15 do CPM, com a declaração ou o
reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver
compreendido aquele reconhecimento). Significa dizer que se foi aberto o tempo de guerra por
um decreto que mobilizou a tropa, é possível haver os crimes militares em tempo de guerra, mas
não é possível a aplicação da pena de morte, uma vez que esta só é aplicável em caso de guerra
declarada pelo Presidente da República.

Obs.: Pela literalidade do art. 5º, inciso XLVII da CF/88, seria possível a aplicação da pena de
morte a qualquer crime comum. Contudo, hodiernamente, a pena de morte existe apenas no
CPM. Frise-se, ainda, que não é possível uma nova lei surgir prevendo a aplicação da pena de
morte, em virtude da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica), pois os países que aboliram a pena de morte – como o Brasil – não podem retomá-la.

Conforme disposto no caput do art. 56, o modo de execução da pena é através do fuzilamento. O
ritual da execução, por sua vez, se dá de acordo o art. 707 do CPPM: Art. 707. O militar que tiver
de ser fuzilado sairá da prisão com uniforme comum e sem insígnias, e terá os olhos vendados,
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salvo se o recusar, no momento em que tiver de receber as descargas. As vozes de fogo serão
substituídas por sinais. Nos termos do art. 57, a comunicação obrigatória ao Presidente da
República da sentença fixando a pena de morte concentra-se na possibilidade de ser aplicada a
medida constitucional de clemência, referente à graça (indulto individual), que pode ser total ou
parcial.

Ademais, há também a possibilidade de concessão da comutação (indulto parcial), convocando a


pena de morte em outra modalidade, tal como a privativa de liberdade. Ex.: reclusão de 30 anos.

1.2 RECLUSÃO E DETENÇÃO

Não há previsão expressa no CPM acerca do cumprimento da reclusão e detenção. Assim, todas
as disposições acerca dos regimes de pena e progressões são “importadas” do CP Comum.

Todavia, tem-se os seguintes dispositivos normativos: Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de
um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo
de dez anos. Destaca-se, inicialmente, que o art. 58 é aplicável aos crimes que não possuem
exatidão no preceito secundário, como no crime de furto (art. 240 do CPM), que prevê a pena de
reclusão de até 6 anos, sem estipular o mínimo.

Salienta-se que o espírito do CPM para os militares seria o cumprimento integral da pena
no regime fechado. Contudo, o STF, no HC 104.174/RJ determinou que: É de se entender,
desse modo, contrária ao texto constitucional a exigência do cumprimento de pena
privativa de liberdade sob regime integralmente fechado em estabelecimento militar, seja
pelo invocado fundamento da falta de previsão legal na lei especial, seja pela necessidade
do resguardo da segurança ou do respeito à hierarquia e à disciplina no âmbito castrense.

César Dario Mariano da Silva, todavia, entende que pelo fato de o CPM configurar legislação
especial em comparação ao CP Comum, o cumprimento de pena em regime integralmente
fechado não seria inconstitucional. Destaca-se, por conseguinte, o disposto no art. 61 do CPM:
Pena superior a dois anos, imposta a militar Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2
(dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em
estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a
legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar.

No que se refere ao art. 61, tem-se que há 3 regimes de cumprimento de pena, fechado
(segurança máxima); semiaberto (segurança média) e aberto (fiscalização). Conforme preceitua o
art. 33, § 2º, do CP Comum, para penas superiores a 8 anos, deve-se fixar o regime inicial
fechado; para penas superiores a 4 até 8, pode-se fixar o fechado ou o semiaberto; para penas
até 4 anos, fechado, semiaberto ou aberto. A escolha do regime inicial deve ser fundamentada,
valendo-se o julgador dos elementos constantes do art. 59 do CP Comum. A pena inferior a 2
anos para o militar, por outro lado, será a pena de prisão, nos termos do art. 59 do CPM.

Em continuidade, o art. 62 do CPM, por sua vez, preleciona que: Pena privativa da liberdade
imposta a civil Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em estabelecimento
prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos
benefícios e concessões, também, poderá gozar. Cumprimento em penitenciária militar Parágrafo
único - Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a cumprir a
pena, no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em benefício da segurança nacional,
assim o determinar a sentença.

Isto posto, infere-se que o civil cumpre a pena em estabelecimento penal comum, aplicand se a
Lei de Execução Penal (LEP).

1.3 PRISÃO

Ressalta-se, de início, que não se confunde com a pena de prisão simples aplicável às
contravenções penais, de modo que sua aplicação ocorre nos termos legais abaixo indicados:

Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida em
pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional:

I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;

II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que estejam
cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos.
Separação de praças especiais e graduadas Parágrafo único.

Para efeito de separação, no cumprimento da pena de prisão, atender-se-á, também, à condição


das praças especiais e à das graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das que tenham
graduação especial.

Trata-se de uma pena convertida, pois não está expressa nos preceitos secundários dos crimes.
Assim, primeiro é aplicada a pena de reclusão ou detenção e, depois, verifica-se a possibilidade
de sursis. Somente em caso de não cabimento, haverá a conversão em pena de prisão. Para
tanto, há diferenciação quanto ao local de cumprimento da pena, que se dará da seguinte forma;
o
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• Oficial → Quartel.

• Praça → Penitenciária militar, mas separada dos demais presos que estejam cumprindo pena
disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a 2 anos.

Como o tema foi cobrado em concurso?

(PM-PE - Aspirante - UPENET - 2018): A pena de prisão é menos benéfica do que as penas de
reclusão e de detenção. Errado.

(CIAAR - 1º Tenente - Aeronáutica - 2018): A pena de reclusão está inserta na categoria das
penas principais e tem o mínimo de 2 (dois) anos e o máximo de 30 (trinta) anos, sendo que a
pena de reclusão de até 3 (três) anos, aplicada a militar, é convertida em pena de prisão e
cumprida em estabelecimento militar.

Errado.

1.4 IMPEDIMENTO

Previsão legal: Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da
unidade, sem prejuízo da instrução militar.

É uma pena privativa de liberdade. O cumprimento da pena se dá no quartel e o condenado


continua participando de todas as atividades militares relativas à instrução.

Está prevista apenas para o crime de insubmissão (art. 183 do CPM), crime que existe apenas na
órbita da Justiça Militar da União. Nesse caso, o insubmisso terá a menagem em quartel, nos
termos do art. 266 do CPPM.

Como o tema foi cobrado em concurso?

(PM-AM - Aluno Oficial - FGV - 2022): A pena de impedimento, aplicável à maioria dos crimes
propriamente militares, sujeita o condenado a permanecer no quartel, sem prejuízo da instrução
militar.

Errado.
1.5 SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU FUNÇÃO

No cenário do CPM, a suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, representa


um desprestígio, abalando moralmente o condenado. Afinal, regidos pela disciplina e hierarquia, o
afastamento das atividades pode representar sanção significativa.

Destaca-se, de início, que se afasta o militar do seu posto, graduação, cargo ou função, mas ele
continua a perceber remuneração, embora não conte esse tempo de serviço, para qualquer
finalidade. Tal penalidade está prevista no art. 64 do Código Penal Castrense:

Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na
agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo
fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será
contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena. Caso de
reserva, reforma ou aposentadoria

Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou


reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em pena de detenção, de
três meses a um ano.

Ante a leitura do art. 64, infere-se que há as seguintes hipóteses:

1) Suspensão do exercício de posto: oficial.

2) Suspensão do exercício da graduação: praça.

3) Suspensão do exercício do cargo ou função: civil.

4) Agregação: para militares de carreira, conforme o inciso XI do art. 82 do Estatuto dos Militares
(Lei n° 6.880/80): Art. 82. O militar será agregado quando for afastado temporariamente do
serviço ativo por motivo de: XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do posto,
graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Militar. O tempo de cumprimento da pena
será fixado em sentença, mas nos limites estabelecidos no preceito secundário. Ex.: o crime de
exercício de comércio por oficial (art. 204 do CPM) prevê a pena de suspensão do exercício do
posto, de 6 meses a 2 anos ou reforma.

Trata-se de pena aplicável somente aos seguintes delitos:


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1) Ordem arbitrária de invasão (art. 170), com a pena de suspensão do exercício do posto de 1 a
3 anos ou reforma;

2) Rigor excessivo (art. 174), com a pena de suspensão do exercício do posto por 2 a 6 meses,
se o fato não constitui crime mais grave;

3) Retenção indevida (art. 197), com a pena de suspensão do exercício do posto de 3 a 6 meses,
se o fato não constitui crime mais grave;

4) Omissão de eficiência da força (art. 198), com a pena de suspensão do exercício do posto de 3
meses a 1 ano;

5) Omissão de socorro (art. 201), com a pena de suspensão do exercício do posto de 1 a 3 anos
ou reforma;

6) O próprio crime de exercício de comércio por oficial (art. 204);

7) Os delitos mencionados no art. 266 – dano em material ou aparelhamento de guerra (art. 262),
dano em navio de guerra ou mercante em serviço militar (art. 263), dano em aparelhos e
instalações de aviação e navais, e em estabelecimentos militares (art. 264) e desaparecimento,
consunção ou extravio (art. 265) – quando praticados por oficial, a pena é de suspensão do
exercício do posto de 1 a 3 anos ou reforma;

8) Inobservância de lei, regulamento ou instrução (art. 324), caso em que se o fato foi praticado
por negligência, a pena é de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, de 3
meses a 1 ano;

9) Recusa de função na Justiça Militar (art. 340), com a pena de suspensão do exercício do posto
ou cargo, de 2 a 6 meses. A sentença definirá se o militar deverá comparecer à sede do serviço e
a periodicidade.

Reitera-se, por fim, que o tempo de condenação da suspensão não conta para o tempo de
serviço para fins de aposentadoria ou promoção, por exemplo, nos termos da alínea “d” do § 4º
do art. 137 do Estatuto dos Militares: Art. 136. Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo
computado dia a dia entre a data de ingresso e a data-limite estabelecida para a contagem ou a
data do desligamento em consequência da exclusão do serviço ativo, mesmo que tal espaço de
tempo seja parcelado.

Art. 137, § 4º Não é computável para efeito algum, salvo para fins de indicação para a quota
compulsória, o tempo: d) decorrido em cumprimento de pena de suspensão do exercício do
posto, graduação, cargo ou função por sentença transitada em julgado.

Como o tema foi cobrado em concurso?

(PM-SC - Aspirante - INSTITUTO AOCP - 2018): Será contado como tempo de serviço, para
qualquer efeito, o do cumprimento da pena de suspensão do exercício do posto, graduação,
cargo ou função.

Errado.

1.6 REFORMA

Salienta-se, de início, que inexiste pena equivalente na esfera do Direito Penal Comum, porém,
para o militar é uma sanção rigorosa, afetando, basicamente, o aspecto moral.

Está prevista no art. 65 do CPM: Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de
inatividade, não podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço,
nem receber importância superior à do soldo.

Para grande parte da doutrina, trata-se de pena inaplicável, por força do disposto na alínea “b” do
inciso XLVII do art. 5º da Constituição Federal: Art. 5º, XLVII - não haverá penas:

b) de caráter perpétuo.

Não obstante, destaca-se que o soldo previsto no art. 65 é a parte integrante, juntamente com
adicionais e gratificações, da remuneração dos militares, consoante a Medida Provisória n°
2.215-10, de 31 de agosto de 2001: Art. 1º A remuneração dos militares integrantes das Forças
Armadas - Marinha, Exército e Aeronáutica, no País, em tempo de paz, compõe-se de:

I - soldo.

Em que pese para alguns doutrinadores seja uma pena inconstitucional, para Cícero Coimbra não
há problema em mantê-la no CPM, pois é sempre uma pena alternativa (nunca aplicada
isoladamente) à suspensão do exercício do posto, conforme apontado, por exemplo, nos delitos
dos arts. 170 e 201 do CPM.
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PROF. DUARTE - DIREITO PENAL MILITAR (AULA 06)
Como o tema foi cobrado em concurso?

(PM-PA - Aspirante - IADES - 2021): A respeito da pena principal de reforma, o Código Penal
Militar prevê que ela sujeita o condenado ao cumprimento da pena aplicada pela Justiça Militar
em estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal
comum, de cujos benefícios e concessões também poderá gozar.

Errado.

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