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Resumo – Texto “Poulantzas e o Estado Capitalista” (Ralph Miliband)

O autor trata de um debate anterior com Nicos Poulantzas sobre o Estado, expressando
desapontamento ao reler o livro de Poulantzas em inglês, após cinco anos, e destaca suas deficiências,
alegando que a exposição de Poulantzas é obscura e complicada devido à influência da escola
althusseriana. Também critica a falta de referências a Estados capitalistas reais no livro de Poulantzas, já
que o trabalho seria excessivamente abstrato e se concentraria na "leitura" dos textos de Marx, Engels e
Lenin sobre o Estado, em vez de examinar a realidade concreta.
Miliband concorda com a importância da autonomia relativa do Estado na análise marxista da
política, mas argumenta que a abordagem de Poulantzas é excessivamente abstrata e estruturalista, faltando
clareza na definição de "efeitos pertinentes" que determinam a relevância das classes sociais.
Além disso, critica a falta de distinção entre poder de classe e poder de Estado na análise de
Poulantzas, sugerindo que isso leva a uma subversão do conceito de autonomia relativa do Estado, e
destaca que a análise de Poulantzas não aborda adequadamente a relação entre os poderes institucionais do
Estado e a separação efetiva de poderes.
Segundo Miliband, Poulantzas subestima o papel dos partidos políticos burgueses na organização e
articulação dos interesses das classes dominantes, sugerindo que, em verdade, o Estado não desempenha o
papel organizacional autônomo atribuído a ele por Poulantzas, mas sim colabora com os partidos burgueses
na manutenção das relações sociais existentes.
Aduz ainda que há uma falta de explicação na abordagem de Poulantzas sobre a relação entre o
Estado e as classes no modo de produção capitalista, sugerindo que sua análise resulta em uma
"irrealização" das classes e na instrumentalização do Estado.
Por fim, tece críticas à abordagem de Poulantzas sobre o bonapartismo no contexto do Estado
capitalista, já que, segundo ele, esse autor comete equívocos em sua análise e interpretação das visões de
Marx e Engels sobre o bonapartismo. Desse modo, contesta as afirmações de Poulantzas de que Marx e
Engels consideravam o bonapartismo como uma característica constitutiva do Estado capitalista e
questiona a ideia de que o bonapartismo é a "religião da burguesia". De acordo com ele, essa interpretação
não reflete com precisão a visão de Marx e Engels e, a ênfase de Poulantzas na igualdade entre formas de
Estado capitalistas, pode ser confusa e politicamente perigosa, especialmente em situações críticas.

Resumir – Texto “O Estado capitalista: uma resposta a Miliband e Laclau” (Nicos


Poulantzas)

O texto trata acerca do debate acadêmico entre ele e Ralph Miliband, neste contexto, o autor
observa que a maneira como as diferenças entre ele e Miliband foram percebidas, especialmente na
Inglaterra e nos Estados Unidos, como uma controvérsia entre "instrumentalismo" e "estruturalismo", é
equivocada.
Aborda as críticas de Miliband à falta de análises concretas em seu trabalho, argumentando que as
análises concretas estão presentes em seu livro, mas são apresentadas de forma teórica, ele discute a
importância de uma abordagem teórica rigorosa para compreender os fatos concretos.
O autor reconhece que, em seu trabalho anterior, havia uma distinção excessivamente aguçada entre
o método de exposição e o método de pesquisa, o que levou a mal-entendidos por parte de Miliband, porém
a discussão deve se basear em novas evidências e ser conduzida de maneira precisa e teoricamente
fundamentada.
Poulantzas destaca a importância de combinar teoria e análise concreta para uma compreensão
completa e critica a falta de uma abordagem teórica nos escritos de outro autor, Miliband. Também discute
como seu teoricismo foi uma reação à situação teórico-política do marxismo europeu antes de 1968,
caracterizada pelo mecanicismo neopositivista e empiricismo já que, na época, as análises predominantes
eram aquelas de Gorz e Mallet sobre "reformas estruturais" e poucos fatos significativos estavam
disponíveis para apoiar análises concretas construtivas.
Além disso, menciona que seu estilo de escrita inicialmente empregava uma linguagem difícil, mas
argumenta que isso era necessário para abordar questões teóricas complexas, defendendo a importância de
uma sensibilidade política na leitura de seu trabalho. Aborda as críticas de Miliband sobre seu
"estruturalismo" e argumenta que o uso desse termo é impreciso e inapropriado, sugerindo que ele não
compreende totalmente suas análises.
Trata ainda da questão da autonomia relativa do Estado e sua relação com a luta de classes e
distingue duas direções para entender essa autonomia: a primeira baseia-se na separação entre o econômico
e o político, enquanto a segunda se concentra na constituição das classes e na luta de classes no modo
capitalista de produção. Sua abordagem combina essas duas direções em uma visão única, razão pela qual
critica a leitura estruturalista de seu trabalho, afirmando que alguns leitores se fixaram apenas na primeira
direção e negligenciaram a segunda.
Neste sentido, enfatiza que a autonomia relativa do Estado depende da conjuntura específica da luta
de classes em uma dada formação social e aborda a questão do poder de Estado e aparelho de Estado,
argumentando que o poder de Estado refere-se ao poder das classes cujos interesses o Estado representa.
Poulantzas rejeita a aplicação do conceito de poder ao Estado e suas estruturas específicas,
afirmando que isso não impede a compreensão da autonomia relativa do Estado, desde que se entenda que
essa autonomia deriva das relações de poder contraditórias entre as classes sociais.
A autonomia relativa do Estado não pode ser atribuída a um grupo específico de agentes do Estado
ou ao poder desse grupo, mas sim à sua estrutura, que reflete as contradições de classe e a luta interna entre
os diversos aparelhos e ramos do Estado.
Discute ainda as críticas de Miliband em relação ao seu abstracionismo e estruturalismo ao analisar
as diferenças entre o fascismo e o Estado democrático-parlamentar e nega as acusações, argumentando que
suas análises apontam para as diferenças entre essas formas de Estado burguês.
O autor, por fim, aborda as críticas de Laclau em relação ao seu "formalismo" e à distinção entre
instâncias (econômica, política e ideológica) e reconhece que algumas críticas de Laclau são válidas, mas
também ressalta as diferenças entre seus próprios escritos e os de Balibar, destacando que suas análises
evoluíram ao longo do tempo.

Resumo – Texto “Apresentação do debate MilibandPoulantzas” (Danilo Enrico Martuscelli Leandro


de Oliveira Galastri)

O texto fala sobre o debate entre Miliband e Poulantzas, que ocorreu entre 1969 e 1976 na revista
marxista inglesa New Left Review. O debate incluiu quatro textos principais: dois de Poulantzas e dois de
Miliband. Esses textos discutiram questões relacionadas ao Estado capitalista e suas análises no contexto
do marxismo.
Até recentemente, apenas dois dos textos desse debate estavam disponíveis em língua portuguesa,
mas agora, neste número da Crítica Marxista, os textos restantes estão sendo traduzidos, fechando um ciclo
que durou mais de trinta anos desde a última intervenção no debate.
A iniciativa de traduzir esses textos visa preencher uma lacuna no mercado editorial brasileiro
especializado e também promover o estudo das análises contemporâneas do Estado capitalista no âmbito do
marxismo. Além disso, destaca a falta de publicações de importantes teóricos marxistas do Estado no
Brasil.
O debate entre Miliband e Poulantzas ocorreu em um contexto em que a teoria do Estado no
marxismo estava sendo abandonada, o que tinha implicações teóricas e políticas significativas. Os autores
desafiaram essa tendência e buscaram desenvolver análises mais sólidas do Estado capitalista.
O texto enumera uma série de questões debatidas entre Miliband e Poulantzas, incluindo a
metodologia da análise marxista, a relação entre classe dominante e Estado, a natureza do bonapartismo, a
forma democrático-burguesa do Estado capitalista, entre outros tópicos e argumenta que a leitura desses
textos e das obras principais de Miliband e Poulantzas é fundamental para a crítica sistemática das análises
contemporâneas sobre o Estado capitalista e para a elaboração de uma teoria marxista robusta sobre o
Estado.

Perguntas:

1) Como o contexto teórico e político da época influenciou as abordagens de Nicos Poulantzas e Ralph
Miliband em relação à teoria do Estado capitalista, conforme discutido nos textos "Apresentação do
debate Miliband-Poulantzas”?
2) Gostaria que o senhor falasse um pouco das principais divergências e pontos de concordância entre
as análises de Nicos Poulantzas e Ralph Miliband sobre o Estado capitalista.

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