Você está na página 1de 17

Procesos Políticos y electorales en América Latina – SAÉZ e TAGINA

COSTA RICA 2010: ELEIÇÕES EM MEIO ÀS


CRISES (Manuel Rojas-Bolaños)
Alunas: Andreza Very
Professora: Dra. Kelly Cristina C. Soares
Disciplina: Instituições Políticas Comparadas

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA


CONTEXTO POLÍTICO DAS ELEIÇÕES DE 2010 E A
SELEÇÃO DE CANDIDATOS

 Eleições ocorreram em 07 de fevereiro de 2010 e foram eleitos o Presidente, Vice-Presidentes, 57 Deputados da


Assembleia Legislativa, 495 vereadores titulares e o mesmo número de vereadores suplentes;
 Antes das eleições o país estava dividido, a campanha eleitoral foi marcada por dois blocos distintos: 1) Aqueles que
apoiavam o Tratado de Livre Comércio (TLC), liderados pelo governo de Oscar Arias; 2) Grupo diversificado de
opositores, incluindo partidos de esquerda, organizações da sociedade civil e igrejas;
 Apesar das expectativas de uma divisão polarizada, as eleições não seguiram essa previsão, e os votos se distribuíram entre
várias facções. Foram realizadas tentativas de formar uma frente unida de oposição, mas houve uma dispersão de votos
entre várias opções e o resultado eleitoral não refletiu uma divisão nítida entre os dois blocos;
 Foram realizadas as convenções do PAC (partidos da ação cidadã) e do PLN (partidos de libertação nacional), visando a
seleção das pessoas que liderariam as candidaturas presidenciais. Enquanto o PAC enfrentou pela primeira vez tal
competição interna, o PLN, como um partido mais institucionalizado, já realizava essa prática regular a cada quatro anos.

2
O PAC E AS RESISTÊNCIAS À MUDANÇA E A
CONTINUIDADE DENTRO DO PLN

 No início de 2009, Epsy Campbell anunciou suas intenções de concorrer à candidatura presidencial em oposição ao líder
do partido, Ottón Solís, levando o Partido Ação Cidadã (PAC) a realizar sua primeira convenção interna. O partido não
estava preparado para uma competição interna, pois não tinha procedimentos definidos para lidar com várias
candidaturas. O PAC optou por uma convenção semiaberta, permitindo que apenas aqueles que aderissem ao partido
com antecedência e contribuíssem financeiramente participassem, o que desencorajou a participação de simpatizantes.
Ottón Solís venceu a convenção com 71,5% dos votos. A convenção não resultou no fortalecimento do partido;
 Em 07 de junho de 2009, ocorreu a convenção do PLN e houve a nomeação de Laura Chinchilla como a primeira mulher
candidata presidencial do partido com reais chances de vencer eleições presidenciais. A convenção do PLN foi aberta,
permitindo que qualquer pessoa que se aproximasse dos centros de votação e manifestasse intenção pudesse votar pelo
PLN. O número de votantes na convenção representou cerca de 18,5% do eleitorado;
 A campanha do PAC foi moderada, já os candidatos do PLN usaram recursos tradicionais e caros, como jingles, outdoors,
anúncios e páginas em jornais.

3
A CAMPANHA ELEITORAL

 A campanha ocorreu em meio aos efeitos locais da crise internacional, que o governo minimizou ao recorrer a empréstimos
externos para cobrir despesas correntes. Antes que os efeitos da crise fossem sentidos, o cenário político nacional favorecia
qualquer candidatura do Partido Libertação Nacional (PLN), devido à avaliação positiva que a maioria dos cidadãos fazia
da gestão do governo Arias.
 Entre os fatores mencionados para a boa avaliação estavam a resposta rápida ao terremoto na área do vulcão Poás em 8 de
janeiro, medidas tomadas para enfrentar a crise financeira, como o plano de capitalização de três bancos estatais, a
ratificação do Tratado de Livre Comércio (TLC) e a abertura de relações com a República Popular da China.
 Em relação ao custo da campanha eleitoral, um relatório do Departamento de Financiamento de Partidos Políticos do
Tribunal Supremo de Eleições (TSE) indicou que os partidos gastaram cerca de US$38.384.000 em propaganda e
organização, enquanto o TSE havia orçamentado cerca de US$33 milhões. O restante dos fundos foi coberto por
contribuições privadas.

4
PROGRAMAS E POSIÇÕES FRENTE A PROBLEMAS
NACIONAIS

 A campanha eleitoral teve poucas oportunidades para os cidadãos acessarem informações


diversas, além dos anúncios repetitivos que destacavam as virtudes ou defeitos dos
candidatos. Havia uma alta confiança na mídia, especialmente nos noticiários de TV;
 Pela primeira vez os debates entre os principais candidatos foram permitidos pelo
Tribunal Supremo de Eleições;
 Os partidos políticos buscaram posicionar-se ideologicamente. O Partido Liberación
Nacional (PLN) se apresentou como de centro, enquanto o Partido de Ação Cidadã (PAC)
procurou se posicionar como um herdeiro da tradição social-democrata, e o Movimento
Libertário (ML) tentou migrar para uma posição de centro-direita;
 Os planos de governo foram divulgados a partir de novembro de 2009 e o tópico
principal dos partidos foi a segurança (isto porque houve o aumento da criminalidade
em 2009), seguido pela continuidade das políticas da administração anterior e críticas de
autoritarismo e corrupção. Além disso, houve influência religiosa na campanha.

5
REGRAS ELEITORAIS E FINANCIAMENTO DA
CAMPANHA

 Em 02 de setembro de 2009 entrou em vigor um novo Código Eleitoral. Entre as novidades, destacam-se: a) Garantia de
inclusão das mulheres nas listas de candidatos em eleições populares, através do mecanismo de alternância por gênero nas
cédulas, assegurando a paridade de gênero como um direito político fundamental; b) Habilitação do voto dos cidadãos que
residem no exterior; c) Estabelecimento de novos dispositivos para controlar o financiamento dos partidos, buscando
maior transparência na captação e na gestão dos fundos (embora tenha sido eliminado o limite de contribuições de cidadãos
nacionais, o aporte de estrangeiros e de pessoas jurídicas foi proibido);
 Manteve-se o apoio financeiro estatal às campanhas eleitorais, mas foi reduzido de 0,19% para 0,11% do produto interno
bruto. Individualmente, a aceitação de doações e contribuições a políticos ou candidatos foi proibida, devendo ser
canalizada através do tesoureiro do partido.
 O novo Código alterou a data das eleições para a escolha de prefeitos municipais, vereadores, síndicos e membros dos
conselhos distritais e municipais, com seus respectivos suplentes. Desse modo, a partir de 2014, a eleição dessas autoridades
passou a ocorrer no primeiro domingo de fevereiro, dois anos após a eleição para presidente, vice-presidentes e deputados da
Assembleia Legislativa.
 Foram detectados alguns problemas no Código no que diz respeito ao controle do financiamento dos partidos, isto porque as
proibições poderiam ser burladas usando a emissão de títulos e, ainda, para os partidos menores, a possibilidade de receber
adiantamentos foi reduzida, uma vez que se tornou mais difícil acessar esses recursos.

6
EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS NAS PESQUISAS DE OPINIÃO

 Uma pesquisa conduzida pela empresa UNIMER, entre 9 e 15 de setembro, com uma amostra de 1.220 pessoas, indicou
que a candidata do PLN (Chinchilla) reunia 55% das preferências entre os eleitores prováveis. O candidato Ottón Solís
contava com 13% de apoio, e o libertário Otto Guevara, com 11%. No entanto, destacou que apenas 25% dos
entrevistados demonstravam estar decididos a votar e tinham preferência definida;
 À medida que a campanha se desenrolava, as pesquisas começaram a revelar aumento na simpatia por Otto Guevara
(Movimento Libertário), enquanto a candidata Chinchilla (PLN) mantinha-se estável, com uma tendência de queda, e
Ottón Solís (PAC) permanecia muito abaixo dos outros dois candidatos;
 A pesquisa realizada pela UNIMER entre 23 e 26 de novembro mostrou Guevara com um aumento significativo na
preferência, alcançando 34,1%, Chinchilla mantinha-se com 41,9% e Solís continuava em um patamar inferior.

7
RESULTADOS

 O Presidente e os dois vice-presidentes são eleitos por períodos de quatro anos, pelo sistema de maioria: ganha as
eleições o candidato ou candidata que obtém o maior número de votos, desde que esse número seja igual ou superior a 40%
dos votos válidos emitidos. O voto é direto, e todos os cidadãos devidamente registrados em todo o país têm direito de
votar e as eleições são organizadas e supervisionadas pelo Tribunal Supremo de Eleições;
 A eleição de deputados é proporcional e realizada pelo método de quociente e subquociente em sete circunscrições
provinciais. Um sistema similar é usado para a eleição das autoridades municipais, a exemplo dos vereadores;

Número de eleitores habi-litados


(registro eleitoral)

Eleitores que compareceram


(apenas 69,1% das pessoas com
direito ao voto efetivamente
votaram)

8
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

 A candidata do Partido Libertação


Nacional, Laura Chinchilla, saiu
vitoriosa, obtendo 46,9% do total
de votos válidos;
 Otón Solís e Otto Guevara, que
alcançaram, respectivamente,
25,1% e 20,9%;
 O restante dos votos se distribuiu
pelos outros seis partidos com
candidatos.

9
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Quadro 2: Costa Rica, total de votos obtidos por partido e por província, eleições
presidenciais de 2010

10
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

 Os resultados de uma
pesquisa telefônica realizada
pelo Centro de Pesquisas e
Opinião sugerem que 59%
dos entrevistados
indicaram que sua seleção
foi feita considerando a
pessoa candidata, enquanto
o fator "partido" determinou
apenas 21,3% dos votos.

11
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

 Em termos de volatilidade eleitoral,


tanto nas eleições presidenciais como
nas legislativas, os resultados
indicam uma situação muito
diferente de 2006 e uma semelhança
com os de 1998, quando ainda existia
um sistema bipartidário.
 Em 1998, o sistema mudou para
sistema multipartidário mode-rado,
uma vez que o número de partidos nas
eleições presidenciais começou a
diminuir.
 Em 1998, 13 partidos parti-ciparam,
em 2002 também 13, em 2006
aumentou para 14 e em 2010 reduziu
para 9.

12
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

 A maioria dos votos foi concentrada


em 3 partidos;
 Nas eleições para deputados e
municipais, o número de partidos
é superior, sendo que 10 partidos
provinciais e 34 partidos regionais e
locais não se refletem nas eleições
nacionais e têm um impacto
limitado nos governos municipais.

13
COMPOSIÇÃO DO PODER LEGISLATIVO

Quadro 4: Costa rica, quebra de voto por partido, nível nacional e


 De acordo com a pesquisa, das pessoas que indicaram ter votado na chapa provincial, porcentagens, 2010
presidencial do PLN, 25% votaram em candidatos a deputados de outros
partidos;
 Segundo o TSE, 24,1% dos eleitores alteraram sua seleção de partido nas
cédulas para presidente e as de deputados;
 As pessoas que votaram nos candidatos presidenciais do PLN e do Partido da
Integração Nacional foram as que menos quebraram o voto, enquanto nos outros
partidos esse percentual chegou a 82%;
 Os percentuais são semelhantes no caso dos eleitores do PAC e do ML: Quase um
quinto dos eleitores quebraram o voto;
 A troca de votos resultou em uma Assembleia Legislativa dividida em 5 frações
e 3 representantes de um número igual de partidos, confirmando a tendência
observada nas últimas três eleições, de consolidação de um multipartidarismo
moderado.

14
COMPOSIÇÃO DO PODER LEGISLATIVO

 O Partido de Libertação Nacional perdeu 1


assento e o PAC 6, em comparação com o
número alcançado em 2006, devido a
muitos eleitores terem quebrado o voto;
 O ML e o Partido da Unidade Social Cristã
(PUSC) aumentaram suas presenças
legislativas;
 O Partido da Acessibilidade Sem Exclusão
(PASE) aumentou significativamente sua
presença na Assembleia, de 1 para 4
deputados;
 O número efetivo de partidos no nível
parlamentar aumentou, aproximando-se
de 4.

15
GANHADORES, PERDEDORES E AS PERSPECTIVAS DA
ADMINISTRAÇÃO DE CHINCHILLA

 Entre os partidos de oposição, há vencedores e perdedores. Otto Guevara e o Movimento Libertário saíram vitoriosos,
pois, apesar da queda experimentada nas semanas anteriores à eleição, aumentaram consideravelmente a porcentagem
de votos em relação à eleição anterior: de 8,5% para 20,9%. O PAC e Otón Solís perderam, alcançando o pior
percentual de votos dos três processos eleitorais em que participaram;
 Os primeiros meses da nova administração foram marcados pela busca de fortalecimento do liderança e de um
perfil próprio para seu governo, diferenciando-se da administração anterior. Entretanto, o primeiro ano do governo
foi complicado, pois Chinchilla não conseguiu se livrar dos problemas herdados da administração anterior, nem
imprimir um selo distintivo à sua gestão.
 Ademais, ao final do 1º ano de governo, a bancada do PLN se dividiu, com um setor muito próximo a Rodrigo Arias
(irmão do ex-Presidente Oscar Arias), o que ameaça ainda mais a aprovação das propostas governamentais.

16
REFERÊNCIAS

 SAÉZ, Manuel Alcántara; TAGINA, María Laura. Procesos Políticos y electorales en


América Latina. Buenos Aires: Editorial Eudeba, 2013.

17

Você também pode gostar