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PHILIPPE BRAILLARD Tradução


, do original francês intitulado
THEORIE DES RELATIONS INTERNATIONALES
; Philippe Braillard .
' o Presses Universitaires de France
TEORIAS Paris, 1977
DAS RELAÇÕES o
INTERNACIONAIS K 1
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| J.J]. PEREIRA GOMES ;
| A. SILVA DIÁS
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| Reservados todos os direitos de harmonia com a lei -
: - Edição da
FUN DAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN | LISBOA FUNDAÇÃO GALOUSTE GULBENKIAN
v. de Berna | Lisboa

1990
56

O NOVO GRANDE DEBATE:

TRADICIONALISMO CONTRA CIÊNCIA


EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS *

Morton Kaplan

No decurso do último decénio, os tradicionalistas


lançaram uma série de ataques contra as abordagens
científicas da política internacional. A maior parte dos
argumentos utilizados contra esta abordagem cientí-
fica, são extraídos dos que foram utilizados anterior-
mente por E. H. Carr na sua obra The Twenty Year's
Crisis'. Os argumentos correntes que têm sido utili-
zados compreendem, entre outros, os seguintes: que a
política implica a intenção de uma maneira que é
estranha à ciência física; que o conhecimento científico
é aplicável aos factos, enquanto à compreensão, a
sabedoria ou a intuição são exigidas nos domínios em
que a intenção humana está envolvida; que os que
elaboram modelos científicos tendem a tomar os seus
modelos por realidade; que o método científico requer
um elevado grau de precisão e de medida e é, por
consequência, incapaz de apreender os mais importan-
tes elementos da política internacional e que aqueles
que praticam o método científico não podem, em caso
algum, estar seguros de não terem deixado algo fora do
seu modelo.

Traduzido de «A New Great Debate: Traditional versus


Science in International Relations», World Polítics., vol. XIX, 1966,
pp. 1-20.

1! 2º ed. Londres, 1956.

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Segundo Carr:

«O investigador de laboratório, envolvido na inves-


tigação das causas do cancro pode, no início, ter sido
inspirado pelo objectivo de fazer desaparecer a doença.
Contudo, este objectivo não tem, estritamente, relação
com a investigação e está separado desta. A conclusão
do investigador não pode ser outra coisa, senão um
relatório exacto sobre os factos. Ela não pode ajudar a
transformar os factos em algo diferente daquilo que
são, porque os factos existem, independentemente do
que se possa pensar sobre eles. Nas ciências políticas
que se interessam pelo comportamento humano, não
existem tais factos. O investigador é inspirado pelo
desejo de curar alguma doença do corpo político.
Entre as causas do mal, ele diagnostica o facto de que
os seres humanos reagem, normalmente, de um certo
modo, a determinadas condições. Todavia, isto não é
comparável ao facto de que os organismos humanos
reagem, de um certo modo, a determinadas drogas.
É um facto, que pode ser alterado pelo desejo de o
alterar; e esse desejo, já presente no espírito do inves-
tigador, pode ser alargado, como resultado da sua
investigação, a um número suficiente de outros seres
humanos para que isso o torne eficaz»!.

Os dois casos citados por Carr, são diferentes mas


ele descurou a natureza da diferença. À distinção
imprópria de Carr, resulta do facto de ele não ter
inicialmente distinguido, entre os factos que ele mantém

! [bid. pp. 3-4.


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de início constantes (sistema) e os lactos em que


admite a mudança (parâmetros). É um facto que o
veneno de crótalo, injectado no sistema sanguíneo,
matará normalmente uma pessoa. É também um facto
que o antídoto adequado, ministrado a tempo, anulará
a acção destrutiva do veneno. O investigador no
domínio do cancro deseja também modificar certos
factos, a saber, os que estão relacionados com o desen-
volvimento do cancro. Fá-lo, modificando, talvez por
meio de medicamentos ou de irradiações, o sistema em
que estão situadas as células cancerosas| O homem
político, que deseja modificar o mundo deve modificar
também o estado de um sistema — neste caso, o
sistema político. |Ele pode fazê-lo pelo uso da força,
pela repartição dos recursos, ou através de persuação
verbal. O sistema pode sofrer uma transformação
radical. O seu funcionamento característico pode ser
diferente do que era antes da introdução, no sistema,
dos novos «inputs», incluindo aí a informação. Mas,
então, um tipo semelhante de transformação produz-se
no comportamento característico quando, por exemplo,
o ópio é injectado no sistema fisiológico humano, ou
quando se faz a hibridização das flores (funções em
escada)".

Os sistemas que incluem a intenção, não podem ser


estudados pelos métodos utilizados, habitualmente,
pelos físicos. Convenientemente definida, a intenção
não deve, no entanto, separar o físico do humano, no
que respeita aos problernas levantados por Carr. Con-

|! W. Ross AsuBy, Design for a Brain, New York, 1952, pp. BO e

segs.

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sideremos um dispositivo de pilotagem automatico


num avião. Se o avião se afasta do nível fixado, o piloto
automático inverte a direcção desse desvio. Invertamos
os cabos que ligam o dispositivo de pilotagem aos
«ailerons» e ao leme de altitude, de tal forma que o
dispositivo de pilotagem introduz um «feedback» posi-
tivo no ciclo de movimentos e coloca o avião em
descida em espiral se ele se desvia do seu nível. Agora,
reconstruamos o sistema de pilotagem automático, de
tal forma que ele se torne naquilo que Ashby denomina
de sistema ultraestável!. Afastemos o avião do seu
nível. O sistema de pilotagem, com os seis cabos
invertidos, aumentará o afastamento em relação ao
nível. Os detectores do sistema de pilotagem, detec-
tarão esta consequência da operação e realizarão um
ajustamento, invertendo os processos. Se bem que o
sistema de pilotagem automático difira neste caso da
intenção humana em dois aspectos importantes —
falta de consciência e simplicidade do sistema — tem
muito em comum com ela. Podemos, mesmo, levar a
analogia um pouco mais longe. Podemos imaginar um
computador, jogando um jogo de sociedade, ligado a
um sistema de armazenamento de informações e
oposto a um ser humano, que recebe de espiões infor-
mações sobre os movimentos a fazer, ou então que
extrapola a partir de movimentos anteriores e que
tenta prever os movimentos do seu adversário humano
e de os fazer fracassar através de movimentos con-
trários adequados.

Todos os sistemas que temos descrito, podem ser

! Ibid, p. 99.
60

estudados pelos métodos científicos. Quando tal afir-


mamos, não queremos dizer, necessariamente, que
estes sistemas podem ser estudados pelos processos da
física. Às equações da física falta o poder explicativo,
para dar conta dos comportamentos dos sistemas
homeostáticos ou ultraestáveis. Teorias explicativas
específicas devem ser desenvolvidas para os sistemas
particulares. E, no caso do computador que joga o jogo
de sociedade, não podemos utilizar a álgebra, mas
devemos recorrer a qualquer variação do tipo da teoria
dos conjuntos, utilizada na análise dos jogos. Assim,
embora as teorias, as explicações e os instrumentos a
que recorremos, possam diferir dos utilizados pelo
físico, fazem parte do arsenal geral da ciência.

Há um certo número de diferenças importantes


entre os sistemas mecânicos e os sistemas ultraestáveis,
que não foram discutidas e não o poderão ser por falta
de espaço. Os sistemas psicológicos humanos e os
sistemas humanos sociais e políticos, diferem, ainda,
em aspectos importantes dos sistemas ultraestáveis de
Ashbv, assim como entre si. O nosso abjectivo aqui,
não é efectuar um exame crítico destas diferenças, mas
demonstrar em que medida os argumentos tradiciona-
listas confundem as questões.

"

Se o tradicionalista não compreendeu a distinção


entre os factos da ciência física e as intenções da
política, é então claro que ele não deve, também, ter
compreendido a relação entre a intuição e o conheci-
mento científico.

61

Há uma importante literatura sobre a questão da


intuição, em física e em matemática. As grandes desco-
bertas, quando não acontecem por acaso ou como
consequência dos procedimentos de ensaio, são o
produto da intuição científica. Se os melhores homens
de Estado são habitualmente os que têm as melhores
intuições e apreciações a respeito da política, do
mesmo modo os melhores cientistas são, frequente-
mente, aqueles cuja apreciação ou intuição científica
são as melhores. Há casos em que os cientistas tiveram
razão, embora parecesse que as razões que eles invo-
cavam para sustentar as suas teorias eram incorrectas.
As razões da superioridade da intuição, não são difíceis
de encontrar. O cérebro é mais sofisticado e compli-
cado do que qualquer computador que possamos
construir. É sensível a variações, cujas direcções não
podem ainda ser codificadas no computador. Pode
raciocinar àquem do nível de consciência, de um modo
que não pode ser expresso nem por números, mas pela
lógica verbal. (...)
A aptidão do provador de chá dá uma ideia do
poder de relacionamento do cérebro humano. A este
respeito, as capacidades do computador são, em com-
paração, irremediavelmente primitivas. Do mesmo
modo, a capacidade do ser humano de encontrar
paralelos na história, desafia a nossa aptidão para
codificar ou articular. À codificação do cérebro difere
aparentemente da das matemáticas e da lógica verbal",
O seu código parece menos preciso, mas mais seguro.

1? John von NEUMANN, The Computer and the Brain, New

Haven, 1958, pp. 90-92,


62

E desempenha, aparentemente, com o poder de relem-


brar, um importante papel na intuição.

O humanista que deseje substituir, no estudo dos


acontecimentos humanos, um processo verbal denomi-
nado razão ou compreensão, por um processo verbal
ou matemático chamado ciência, confunde a intuição
com a articulação do saber comunicável. A fonte da
confusão pode situar-se, talvez, na distinção aristoté-
lica entre ciência e arte. À ciência, segundo Aristóteles,
deve ser certa, uma vez que deriva das conclusões
verdadeiras de premissas necessárias — e não apenas
verdadeiras !. Deste modo, o saber hipotético não pode
ser científico, porque mesmo que as suas permissas
sejam verdadeiras, elas não são reconhecidas como
necessárias. Não podemos intuir a necessidade das
premissas nos acontecimentos humanos. Por conse-
quência, a arte, mais do que a ciência, rege os conhe-
cimentos dos acontecimentos humanos. Contudo, a
ciência moderna insiste no carácter hipotético de todo
o conhecimento empírico. O critério de conhecimento
comunicável depende da sua reproductibilidade, mesmo
que não seja senão em princípio. Deste modo, não
existe distinção entre o que é físico e o que é humano,
no que diz respeito à necessidade de confirmação e de
comunicação. Há uma distinção entre objectos, no que
concerne ao grau em que o conhecimento teórico é
possível e ao grau em que a convicção necessária e a
precisão são possíveis.

À ciência exige uma linguagem secundária arti-

Organon: Posterior Analytica, Topica, London, Loeb Classical


Library, 1960, pp. 33-35.

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culada que permite uma precisão razoável e uma


reproductibilidade. A menos que os processos cienti-
ficos sejam seguidos, na medida em que o objecto o
permita, as intuições não podem ser falsificadas e a
ciência não pode desenvolver-se. Mesmo a intuição
requer as técnicas da ciência para preparar a base,
sobre a qual as novas intuições se desenvolverão. Se a
intuição de Einstein produziu as teorias da relativi-
dade especial e geral, esta intuição operou no interior
de um quadro de descobertas e investigações anteriores
— por exemplo as geometrias não euclideanas e as
transformações de Lorentz (fundamentadas na expe-
riência de Michelson-Morley) — que tinham criado
uma ordem, no interior da qual, os processos do seu
inconsciente puderam dar origem às intuições que
conduziram à teoria da relatividade. Newton não
poderia ter tido as intuições de Einstein.

HI
Os tradicionalistas afirmam por vezes, de outro
modo, que a intuição humana pode ser apreendida
através de métodos diferentes dos utilizados pelas
ciências. Os motivos, dizem eles, são subjectivos e
podem ser apreendidos pela introspecção. Às intenções
de civilizações ou de épocas passadas, podem ser
compreendidas por meio da sabedoria introspectiva,
subjectiva. Terminou há muito tempo a época em que
os psicólogos behavioristas insistiam na exclusão do
conceito de consciência do domínio do discurso psico-
lógico. Não existem, sem dúvida, diferenças entre a
consciência da sua própria intenção, e a consciência
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subjectiva dos fenómenos exteriores. Entretanto, por


muito numerosos que possam ser aqueles, de entre
nós, que rejeitam os aspectos mais especulativos da
psicanálise freudiana, vemos também, claramente,
que um certo número das acções humanas depende de
motivações inconscientes que estão frequentemente
em contradição com as motivações conscientes. Raro é
o homem que está disposto à admitir que as suas
próprias acções nunca o surpreenderam e que nunca
descobriu motivações diferentes das que pensava ter.
Se bem que estas motivações inconscientes sejam por
vezes confirmadas, trazendo-as ao consciente, elas são
mais frequentemente confirmadas, pela observação e
análise atentas dos tipos de comportamento das pessoas
e das tentativas de explicações desses comportamentos.
Mes a introspecção, através do exame do comporta-
mento, traz muitas vezes à consciência subjectiva uma
motivação não apreendida anteriormente. Em todo o
caso, há muito tempo que a nossa certeza quanto às
nossas motivações foi afastada como evidência válida
da sua realidade. Os instrumentos normais da obser-
vação científica atenta e controlada, são inestimáveis
na avaliação das hipóteses relativas à motivação.

O comportamento do grupo, social ou político, não


pode em todo o caso derivar directamente da motivação
individual. Há muitas coordenadas do grupo que
determinam o tipo de motivações individuais. Os Ame-
ricanos são diferentes dos Franceses, que, por sua vez,
são diferentes dos Chineses. Estas diferenças não são
apenas biológicas. O comportamento dos membros do
Estado Maior General! das Forças Armadas, durante a
guerra da Coreia, era diferente do comportamento

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dos chefes militares no terreno. À maior parte destas


diferenças dependia mais dos papéis sociais e dos
fluxos de informação do que de factores de personali-
dade. Assim, mesmo que as afirmações relativamente
à motivação individual e à intenção fossem correctas
não poderíamos tirar nenhuma conclusão segura quanto
à análise do comportamento do grupo. (...)

À distinção entre o determinismo e o livre arbítrio


que é proposta por Carr, pode ser refutada, sucinta-
mente, já que os elementos desta refutação apareceram
nas Secções precedentes. Há, seguramente, uma dis-
tinção entre os sistemas capazes de antecipar as acções
dos outros e que tentam iludir estas últimas e os
sistemas, tal como o da natureza inanimada que não
podem nunca (seja qual for o grau com “que nos
POSSamos enganar sobre o seu carácter) tentar iludir-nos
Os modelos deterministas da física são, evidentemente,
inadequados para o primeiro tipo de sistemas mas
existem métodos científicos para o estudo de tais
sistemas. Isto não implica que a ciência possua soluções
para todos os problemas deste tipo. Este não é, certa-
mente, o caso. Do que aqui se trata, é que há processos
científicos formalizados para abordar estes problemas
e que, quando estes processos não obtêm sucesso isso
nao acontece meramente porque a intenção está impli-
cada. O problema pode ser demasiado complexo seja
qual for o processo que tenhamos desenvolvido ou
mesmo seja qual for o processo que pudéssemos
desenvolver. Pode também acontecer que não exista

5
66

qualquer solução como, por exemplo, em certos casos


de negociação, nos quais a racionalidade não pode ser
definida e os constrangimentos sociais e políticos não
«determinam», também, o comportamento. Casos mar-
ginais deste tipo acontecem e então os processos da
ciência não podem fornecer nem explicações, nem
previsões. Muitos dos problemas maiores da política
internacional ao nível macroescópico parecem, entre-
tanto, poder ser dominados. Em todo o caso, só
podemos responder à questão de saber se é assim, com
base na prática e não com base numa argumentação
filosófica incorrecta.

Os tradicionalistas pretendem que, quem aspira a


uma «ciência» da política, insiste na precisão, no rigor,
na quantificação e na teoria geral. Eles pretendem
ainda que a complexidade da política internacional é
tal, que nem estes objectivos podem ser atingidos, nem
as questões importantes de política internacional podem
ser estudadas por estes meios. Não podemos responder
de uma maneira geral à questão de saber se esta
acusação é fundamentada. O grau conveniente de
teoria e de precisão, depende tanto do estado da
disciplina, como do objecto estudado. Uma vez que
conheço melhor o meu próprio trabalho, considerá-lo-ei,
antes de mais, detalhadamente. (...)

À concepção que serve de base a System and


Process' é bastante simples. Se o número, o comporta-

1 Nota do editor: O autor faz aqui referência à sua obra


System and Process in International Politics, New York, Wiley, 1957.

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mento e o tipo das nações diferem ao longo dos tempos,


e se as capacidades militares destas últimas, os seus
recursos económicos e a sua informação variam,
também, no decurso do tempo, então é provável que
exista alguma interconexão entre estes elementos, de
tal modo que diferentes sistemas estruturais e de
comportamento possam ser encontrados a operar em
diferentes períodos da história. Esta concepção pode
ser incorrecta, mas não parece ser uma base irracional
para uma investigação sobre esta questão. Para levar
por diante uma tal investigação, são precisas hipóteses
sistemáticas sobre a natureza das ligações entre as
variáveis. Não é senão depois da elaboração destas
hipóteses, que a história pode ser examinada de modo
a esclarecê-las. Sem isso, o investigador não tem
nenhum critério, com base no qual possa escolher
entre a infinidade de factos que estão à sua disposição.
Estas hipóteses iniciais indicam os domínios dos
factos que têm a maior importância para este tipo de
investigação. Há razão para crer que, se as hipóteses
são falsas, isso tornar-se-á razoavelmente evidente
logo que as tentemos utilizar.

Os modelos de System and Process, fornecem um


quadro teórico no qual tipos de acontecimentos,
aparentemente sem ligações entre si, podem ser rela-
cionados. Podemos dar alguns exemplos. Afirma-se,
por exemplo, na literatura tradicional, que o quadro
do direito internacional europeu é o produto de uma
civilização, de uma cultura, de um conjunto de valores
e de laços pessoais que são comuns. As nossas hipóteses
indicam, que o tipo de sistema do «equilíbrio» é
susceptível de motivar e de reforçar os tipos de
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normas, que foram observados durante o período


moderno do «equilíbrio» na Europa. Se a hipótese
tradicionalista está correcta, então deveríamos contar
com o facto de que o direito internacional teria sido
mais forte durante a primeira parte do período moderno
do «equilíbrio» Europeu, no momento em que, como
uma consequência do catolicismo comum e das dinas-
tias estreitamente ligadas entre si, os factores culturais,
contribuindo para a uniformidade das normas, eram
mais fortes. Se o modelo sistémico está correcto,
poderíamos, então, esperar que as normas se tivessem
desenvolvido no decurso do tempo, à medida que os
actores compreendiam quanto estas normas refor-
çavam os seus interesses comuns. Poderíamos esperar
também, com base no modelo sistémico, que um certo
número destas normas fossem menos reforçadas num
sistema bipolar alargado. Nenhum estudo sistemático
desta hipótese foi, até agora, feito. Os resultados
periféricos provenientes de estudos comparativos, orien-
tados para outros aspectos do funcionamento do «equi-
líbrio», indicam, todavia, a probabilidade de que a
explicação sistémica traduza melhor a evidência histó-
rica do que a explicação tradicionalista. A primeira
evidência indica que as normas eram mais fracas nas
primeiras fases do período considerado. Tais resulta-
dos não são decisivos. Podemos ainda encontrar outros
sistemas de «equilibrio», nos quais as nossas previsões
iniciais se revelam falsas. Isto criaria, então, um novo
problema para a investigação. À natureza sistemática
das hipóteses sistémicas tornaria este género de análise
comparativa mais fácil, procurando um quadro no
interior do qual, as questões pudessem ser suscitadas e

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a investigação prosseguida. Não é, talvez, por acaso,


que o primeiro conjunto de teorias comparativas das
relações internacionais, foi desenvolvido no interior de
um quadro sistémico e não no interior de um quadro
tradicionalista. (...)

Para além das investigações empíricas, a teoria


sistémica da política internacional requer a utilização
de modelos. A razão é muito simples. Mesmo os
homens de Estado exprimem afirmações sobre as rela-
ções dos Estados entre si. De que hipóteses derivam
tais afirmações? Isto é frequentemente pouco claro.
São correctamente extraídas? Só uma apresentação
mais sistemática das hipóteses e das condições nas
quais elas são apresentadas como aplicáveis, permite
responder. Em que condições as generalizações se
aplicam, se é que se aplicam? Que diferença faz juntar
um Estado ou dois a um sistema de cinco estados, e em
que condições? Tem razão Arthur Burns ao afirmar
que cinco é o número óptimo quanto à segurança, e
que esta última diminuirá se nos afastarmos deste
número num ou noutro sentido!, ou tem razão Kaplan
em crer que cinco é o limite mínimo quanto à segurança,
é que a segurança aumenta quando o número dos
Estados ultrapassa um certo limite superior, ainda
não descoberto? Quantos estados diferentes pode um
sistema tolerar? Que grau de diferença é tolerável?
A diferença pode ser modificada, de tal modo que os

PR

1
Arthur Lee BuRNS «From Balance to Deterrence: A Theore-

tical Analysis», World Politics, vol. IX, 1957, pp. 494-529.


70

estados sejam forçados a agir como se estivessem


somente orientados para a segurança? Como é que as
modificações nos sistemas de armamento afectarão os
problemas de estabilidade? O que é feito dos condi-
cionamentos geográficos? Em que medida os orgãos
internos de tomada de decisão afectam a estabilidade
do sistema, seja facilitando ou impedindo a concen-
tração sobre problemas externos, seja influenciando a
rapidez do tempo de reacção?

Algumas destas questões podem ser estudadas a


um nível teórico, em função da coerência e das impli-
cações das hipóteses. Os computadores são úteis para o
efeito. A pertinência das questões para o mundo real
pode ser estudada através de estudos históricos com-
parativos. Se o modelo teórico é estável e o sistema
histórico não o é, isso indica que algum factor que não
foi tido em consideração na teoria, tem um certo efeito.
Se os dois sistemas são estáveis, é possível que isso
aconteça por razões diferentes das contidas nas hipó-
teses. As respostas possíveis a esta questão podem ser
obtidas, quer através de uma investigação mais apro-
fundada sobre os sistemas particulares, quer através
de estudos comparativos suplementares que permitam
distinguir os diversos casos. À elucidação dos parãâ-
metros condicionantes exigiria, provavelmente, um
grande número de estudos comparativos. O grau de
confiança que depositamos nos nossos estudos nunca
se aproximará daquele que o físico tem no estudo da
mecânica (embora muitos domínios da física possam
apresentar problemas tão árduos como os da política).
Sem modelos teóricos, somos mesmo incapazes de
proceder às distinções que nos são acessíveis e de

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estudar estas questões com o mesmo grau de profun-


didade".
A teoria dos sistemas internacionais tem por objec-
tivo estudar os problemas da estrutura macrosisté-
mica. Ela não é, por exemplo, facilmente adaptável ao
estudo dos problemas microestruturais da política
externa. Neste domínio, as técnicas implicariam analo-
gias mais estreitas com a histologia, do que com a
análise macrosistémica. É um domínio no qual um
conhecimento de uma série particular de aconteci-
mentos, uma imensa acumulação de detalhes, uma
sensibilidade e um descernimento na escolha dos
factores significativos, assim como um poder intuitivo
elevado, são extremamente importantes. Nós não
podemos facilmente recorrer a uma avaliação compara-
tiva, porque o grande número de variáveis implicadas
em tais acontecimentos, não teriam mesmo um para-
lelismo estreito com outros casos, Neste sentido, a his-
tologia tem uma vantagem sobre a ciência política,
porque pode, pelo menos, examinar, repetidas vezes,
materiais que são genericamente idênticos. Se bem
que os elementos destes problemas possam ser subme-
tidos à análise científica, em numerosos Casos o recurso
à apreciação intuitiva ultrapassa o conhecimento
demonstrável. Nestes últimos, as conclusões podem,
muitas vezes, ser comunicadas, embora geralmente de
uma forma medíocre, mas os meios pelos quais foram
alcançadas não podem senão ser mal representados.

1 z
O problema da confirmação dos modelos sistémicos é

examinado mais em profundidade em Norton A. KAPLAN «Some

Problems of International System Research» in Intemational Poli-


tical Comnumities, New York, 1966, pp. 497-502.
72

A teoria dos sistemas internacionais representa, no


entanto, apenas uma das abordagens científicas da
área da política internacional. Hesito em falar dos
trabalhos de outros investigadores, porque não examinei
as suas investigações com o cuidado necessário para
uma crítica séria. Mesmo uma análise superficial indica
que as abordagens científicas discutidas em conjunto
por Hediey Bull, por exemplo, têm pouco em comum",
Elas ocupam-se de diferentes questões e utilizam
diferentes métodos. (...)

Se bem que os tradicionalistas tenham acusado


frequentemente os que utilizam o método científico de
negligenciarem o princípio de Aristóteles, segundo o
qual, é preciso utilizar os métodos adequados ao
objecto estudado, eu sustentaria que são os que recorrem
ao método científico quem, mais frequentemente,
observa este princípio. Isso é ilustrado pelo facto de
um politólogo tão inteligente como Hedley Bull, reco-
nhecendo abertamente o perigo de estar a falar de
coisas discordantes, cair no que eu chamaria a arma-
dilha do tradicionalismo: o recurso a uma particulari-
zação exagerada e a uma generalização incidindo
sobre elementos sem ligação entre eles. Assim, Bull
enumera métodos e assuntos com uma discussão
mínima e uma classificação inadequada ou inexistente
e dirige-lhes críticas extremamente gerais. É muito
difícil, senão impossível, falsificar tais generalizações
universais. Quem negará que a complexidade do assunto
impõe limitações quanto ao que pode ser dito? Mas

1 «International Theory: The case for a Classical Approach»,


World Politics, vol. XVI, 1966, pp. 361-377.

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diferentes assuntos e diferentes gaus de complexidade


exigem diferentes instrumentos de análise e diferentes
processos. O tradicionalista, contudo, tal como sucede
com Bull, não pergunta que tipo de generalização está
interdita pela complexidade de uma questão especí-
fica, e como, ou porque razão assim é, ou como e de
que maneira as generalizações deveriam ser limitadas.
A literatura tradicional em relações internacionais,
mesmo quando se ocupa directamente do tema a
estudar, é mais ou menos do mesmo tipo. Uma grande
massa de detalhes, aos quais são aplicadas as genera-
lizações absurdamente amplas e muitas vezes não
falsificáveis. Assim, pretende-se que a teoria tradi-
cional do «equilíbrio» se aplica, sem consideração do
número e dos tipos de Estado, das variações de
motivação, dos tipos de sistemas de armamento, e
assim por diante. De maneira surpreendente, preten-
dem que as mesmas generalizações não se aplicam
somente à macroestrutura da política internacional,
mas também às decisões individuais da política externa.
As generalizações são aplicadas sem discriminação a
largos períodos de tempo e de espaço. A sua formu-
lação é suficientemente vaga para que nenhum aconte-
cimento possa estar em contradição com elas.

E a sensibilidade à História de que os tradiciona-


listas se gabam e que negam às abordagens científicas
modernas, é difícil de descobrir. Os tradicionalistas
que realizam um número importante de investigações
históricas — que são a excepção — limitam-se, em
grande parte, a problemas de história diplomática que
não têm relação com as suas generalizações sobre a
política internacional, como sucede com Martin Wight,
74

ou a problemas mais especializados que são idiossin-


cráticos. Isto não é um acidente, mas uma consequência
directa da falta de estrutura teórica, articulada, na
abordagem tradicionalista. É irónico que os tradicio-
nalistas estejam a tal ponto seguros de que só eles se
ocupam do tema a estudar, que ignorem a medida em
que, aqueles que aplicam as novas abordagens, utilizam
a História como um laboratório para as suas investi-
gações. Este desenvolvimento não tem precedentes na
disciplina e é uma consequência directa do interesse
que manifestam os que utilizam as abordagens cienti-
ficas por teorias e proposições disciplinadas e arti-
culadas, que podem ser examinadas empiricamente.

Se estes autores de novo tipo parecem, por vezes,


ignorar a literatura tradicional, não é, totalmente, sem
boas razões. Ignorar, porém, esta literatura é um erro.
Há honrosas excepções entre os tradicionalistas:
Raymond Aron, cujos escritos notáveis são certamente
úteis aos politólogos e cuja metodologia pode não estar
tão afastada das novas abordagens científicas, como
certos tradicionalistas gostam de acreditar: Hedley
Bull, um dos mais acesos críticos das novas abordagens,
trouxe ele próprio a sua contribuição à literatura com
um sólido estudo sobre o controlo de armamentos. (...)

VI

Uma outra acusação feita pelos tradicionalistas


contra os novos métodos é a de que, uma vez que
recorrem a modelos, quem os utiliza é susceptível de
os confundir com a realidade. Se não insistissem na
relação causal, eu não rejeitaria tão facilmente esta
acusação. Há uma tendência humana para a coisifi-

75

cação. Os psicólogos, os sociólogos e os antropólogos


— e mesmo os físicos que conhecem muito pouco de
política — têm certamente uma tendência para aplicar
hipóteses muito simplificadas a acontecimentos muito
complexos. Se, contudo, o tradicionalista examinasse
as proposições dos psicólogos, por exemplo, ele não as
acharia diferentes das generalizações empíricas — uma
categoria que ele aprecia. Sempre que um psicólogo
fala de projecção ou de uma imagem invertida, ele não
extrai usualmente estas generalizações de uma teoria
integrada, mas afirma simplesmente, de uma maneira
explícita, uma generalização. A dificuldade de uma
generalização deste género, para além da sua inaplica-
bilidade geral, reside em que nenhum contexto é espe-
cificado para a sua aplicação. Assim como no caso dos
argumentos tradicionalistas, ela pode ser aplicada
sem risco, porque, sob a forma como foi apresentada,
ela não pode ser nunca verdadeiramente falsificada.

Por outro lado, é natural esperar, no que diz


respeito aos modelos, uma certa sofisticação daquele
que os utiliza explicitamente. Só alguém que tenha
trabalhado com modelos e com a sua metodologia,
sabe até que ponto certos modelos são, no mínimo,
sensíveis aos ajustamentos de parâmetros. Assim,
aquele que elabora modelos não os considera aplicáveis
senão no interior de um contexto específico. E é extre-
mamente importante determinar sc este contexto existe
de facto. Além disso, a pessoa que trabalhou com
modelos executou a difícil tarefa de tentar associar os
parâmetros do modelo com o mundo real. Nenhum
dos que o tentaram foi susceptível de o fazer de ânimo
leve.
76

Eu sustentaria que é antes o tradicionalista, cujas


hipóteses são mais implícitas do que explícitas e cujas
afirmações são habitualmente feitas sem referência ao
contexto, que se arrisca mais a confundir o seu modelo
com a realidade. É certo que mesmo os tradicionalistas,
não são provavelmente, tão imprudentes como o histo-
riador Webster, que afirmava que Castlereagh tinha
herdado o seu carácter fleumático da sua mãe, que
morreu quando ele tinha um ano de idade. No entanto,
a literatura tradicionalista da história diplomática e
da política internacional, está cheia de hipóteses
implícitas quanto às motivações, às relações mútuas
entre as variáveis etc., que são mais implícitas do que
especificadas e cujos limites de aplicação não são
nunca precisados. Mesmo um tradicionalista tão inte-
ligente e prudente como George Kennan, fez afirmações
sobre a provável eficácia da ajuda dos Estados Unidos,
no encorajamento da diversidade e do pluralismo no
interior do bloco soviético, que não parecem ser
totalmente corroboradas pela evidência!. Kennan não
enunciou explicitamente o seu modelo. Ele supôs, sem
dúvida, que o fornecimento da ajuda americana per-
mitiria ao governo polaco um meio de escapar à
pressão soviética. Eu sustentaria que, se Kennan
tivesse explicitamente enunciado o seu modelo, ele
teria tido mais probabilidades de considerar ausentes
as variáveis deste modelo implícito. Se assim tivesse
procedido, poderia ter previsto a possibilidade de o
governo polaco afirmar aos cidadãos polacos que, se os

1º «Polycentrism and Western», Foreign Affairs, vol. XLII, 1964,

p. 178.

77

Estados Unidos concediam ajuda à Polónia, isso deveria


ser sinal de que o regime polaco era um regime
aceitável. Por consequência, seria imprudente da parte
dos cidadãos polacos oporem-se a este regime ou
esperarem mesmo uma ajuda psicológica dos Estados
Unidos à oposição. Ele poderia ter, também, previsto a
hipótese, de que os líderes polacos, enquanto bons
comunistas e em consequência da aceitação da ajuda
americana, considerariam importante reafirmar mais
claramente certos elementos da doutrina comunista,
quer para se tranquilizarem a si próprios, quer para
dar garantias aos elementos, de cujo apoio têm neces-
sidade no interior do partido comunista, de que a
direcção não estava a tornar-se uma marioneta do
imperialismo dos Estados Unidos.

A probabilidade de que os tradicionalistas con-


fundam os seus modelos com a realidade, é ainda
melhor ilustrada pelas críticas dirigidas por Hedley
Bull às novas abordagens científicas. Bull está persua-
dido a tal ponto, com base nas suas premissas, que os
que seguem o método científico se ocuparão em
grande medida da metodologia, quer seja na sua
investigação quer seja no ensino, que ele ignora a
ampla evidência do contrário. Ele próprio admite que
as outras críticas tradicionalistas dos novos métodos,
não têm um conhecimento adequado destes métodos.
Contudo, falta, de uma maneira ou de outra, retirar da
sua própria evidência a conclusão de que estas críticas
confundiram os seus modelos implícitos com a reali-
dade.

As técnicas tradicionalistas, com as suas suposições


não articuladas, a sua falta de especificação dos
78

limites e a sua quase necessária modificação das


premissas, criam um perigo muito maior de uma
aplicação automática das suas hipóteses à realidade e
um muito maior sentimento de suficiência do que os
métodos científicos. Não tenho nenhum desejo de ser
pouco agradável, mas do mesmo modo que os tradi-
cionalistas acham legítimo caracterizar o que eles
crêem ser as insuficiências das novas abordagens,
é igualmente legítima ligar as insuficiências do tradi-
cionalismo às suas fontes. Bull, por exemplo, faz notar
que a ciência política inglesa, por oposição à ciência
política americana, continua amarrada ao tradiciona-
lismo. Não é certamente segredo que a ciência política
inglesa é pouco notável.

VI

Os tradicionalistas falam como se os novos métodos


tivessem excluído a filosofia, enquanto instrumento de
análise da política internacional. Infelizmente, poucos
de entre eles — de novo Raymond Aron constitui uma
notável excepção — fizeram prova de um conhecimento
disciplinado da filosofia. E muitos de entre eles utilizam
o termo filosofia, como se fosse um sinónimo de espe-
culação indisciplinada. Há numerosas questões pro-
fundas que são de um certo modo autenticamente
filosóficas. A abordagem sistémica, entre outras, está
ligada a um certo número de hipóteses filosóficas.
A relação entre estas hipóteses filosóficas e a validade
das teorias empíricas, é complexa. É inteiramente
possível que uma filosofia errada forneça as ideias a
partir das quais, deriva uma teoria empírica válida.

79

E é duvidoso que a relação entre a posição filosófica e a


teoria empírica seja a tal ponto directa — quer nas
abordagens tradicionais, quer nas abordagens cientí-
ficas — que a discussão entre as abordagens ou teorias
concorrentes, ou no interior de uma destas últimas,
possam ser solucionadas por um raciocínio filosófico.
Existem, por outro lado, certos erros importantes que
é preciso evitar. À teoria política não deveria ser
qualificada de filosofia unicamente porque ela é for-
mulada por um homem que é filósofo, a menos que as
ideias que ela contém tenham uma autêntica base
filosófica. Se estas ideias são apenas proposições empií-
ricas, como na maior parte das afirmações filosóficas
às quais recorrem os tradicionalistas, elas estão ao
mesmo nível das outras proposições empíricas. (...)
Mesmo se certos temas que se referem à política
internacional são profundamente filosóficos, nem todos
o são. Se me é permitido utilizar o termo filosófico de
forma inadequada, é essencial aplicar os métodos
apropriados às questões que convêm e não fazer afir-
mações globais sobre a política internacional, como o
fazem os tradicionalistas; afirmações que supõem a
pertinência da mesma combinação de métodos inde-
pendentemente do tipo de questões consideradas.
Não tenho dúvida nenhuma de que as primeiras
tentativas de abordagem científica da política inter-
nacional são culpadas de procedimentos sumários e de
erros. Seria espantoso — e não espero ser surpreen-
dido — se as primeiras hipóteses e modelos destinados
a servir de instrumentos para o estudo metódico e
comparativo da história da política internacional,
subsistissem na sua forma original, apesar das inves-
80

tigações empíricas e metodológicas defendidas. As


técnicas de autorectificação da ciência manterão, pro-
vavelmente, um progresso regular nesta disciplina.
É pouco provável que os tradicionalistas sejam úteis
para esta tarefa. (...)

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