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Professores constituem uma classe social, não apenas profissional. Professores são
trabalhadores como quaisquer outros e cada vez mais oprimidos. O rebaixamento histórico
dos salários dessa classe é parte fundamental de um projeto que busca a aniquilação da
educação por meio de sua desvalorização. O desvalor econômico vem a ser o corolário de
um desvalor conferido pelo sistema capitalista à atividade de formar e educar.
Hoje vivemos uma nova e delirante forma de humilhação por meio de projetos de leis que
tentam intervir na soberania daqueles que trabalham com o conhecimento. Promove-se o
silenciamento dos agentes da educação por temer sua capacidade crítica e emancipatória.
O pregão do obscurantismo está em toda parte, começa e termina no desrespeito aos
professores. Para esse sistema o estudante nem sequer conta.
Nesse momento uma meditação sobre a simples sala de aula pode nos levar a pensar em
questões que podem estar sendo negligenciadas. A sala de aula tornou-se insuportável
para muita gente. Contudo, insuportável para quem? Em que sentido? Na sala de aula
chegam todos os problemas que enfrentamos nos mais diversos espaços sociais. Na
insuportabilidade da sala de aula vemos o caráter insuportável da vida pela qual muitos
cansaram de trabalhar.
A chamada “educação à distância” não pode ser a solução final contra a aula presencial. Às
condições digitais da vida não se podem dar soluções digitais. O que entendemos por aula
não pode ser tratado apenas como um estado disciplinar no sentido de servidão a uma
instituição. A aula pode acontecer fora da sala e até mesmo fora da escola. Ela é um estado
de encontro em que os sujeitos se colocam como seres em diálogo, corpos em presença e
apresentam seus saberes e experiências. Por isso, à ideia da sala de aula como espaço
obsoleto, gostaria de contrapor a ideia de um laboratório revolucionário. Se ele terá paredes
e teto é um problema a ser pensado debatido dialogicamente.