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Não restam dúvidas de que a profissão de um uma pessoa marca profundamente sua existência, especificamente quando ele integra trabalho,
inteligência e afetividade. Ao ingressar na profissão de professor, o mesmo terá que cumprir integralmente os deveres inerentes à cidadania. O local de
trabalho deve ser construído com honestidade e ética, pois a mentira e a inveja corrompem todo o sistema articulado de trabalho, como assevera Pio
XII: “A opinião pública que se alimenta do erro e da calúnia envenena o corpo social”.
Sabe-se que há uma estreita interação entre o homem e o seu grupo social. Tanto pode o indivíduo influenciar o grupo (homem forte), como o
grupo influenciar o indivíduo (grupo forte). É de desejar que o ideal particular e o ideal coletivo se fundam no plano ético. O indivíduo, por egoísmo, vê
apenas o seu interesse pessoal, sacrifica o grupo e promove sua desagregação e decadência. No entanto, com o passar do tempo, isto depois refletirá
sobre ele.
Portanto, nenhum sistema educacional pode produzir frutos numa sociedade se não for servido por pessoas dignas, com autoridade moral,
competência profissional e total devoção à tarefa que lhes é confiada. Na instituição educacional, os que lecionam terão de ter a convicção da ética no
magistério através de seus deveres múltiplos como:
Em relação a si próprio.
Ele deverá procurar aperfeiçoar-se continuamente, como ser humano e como educador. Não deixar de planejar seu trabalho pedagógico, a fim de
evitar erros e imprevistos. Sempre refletir sobre a sua prática educativa, fazendo uma autoanálise do seu comportamento, do direcionamento do processo
educativo e do conhecimento que informa aos alunos. Não esquecer de que dentro da escola não há competição, e sim pessoas úteis.
Em relação ao aluno.
Respeitar a pessoa humana que ele é. Não dar mais atenção a uns alunos em relação aos outros. Aproveitar todas as oportunidades das quais
possa tirar proveito educativo. Atuar com moderação, mas com firmeza. Ao orientar as atividades escolares, considerar que a realidade humana de cada
aluno é fundamental. O professor deve saber mostrar ao aluno a beleza e o poder das ideias, não detendo o saber como objeto de dominação e
autoritarismo. Não se esquecer de valorizar as diferenças socioculturais, pois a diversidade na sala de aula torna o ambiente escolar rico e dinâmico. No
momento de corrigir as avaliações, ser coerente, deixando de lado simpatias e atitudes mesquinhas. Proporcionar debates com os alunos, onde todos
possam formar o seu pensamento crítico, não sendo levados a pensar e agir do mesmo modo.
Em relação à profissão.
Procurar sempre honrar e dignificar a profissão. Respeitar a hierarquia, o segredo profissional, a sua especialidade sem desrespeitar as demais.
Não se limitar ao simples cumprimento do dever. Participar e colaborar. Orientar sua conduta segundo uma elevada escala de valores. Avaliar
constantemente seu trabalho, evitando a rotina e a improvisação. Respeitar colegas que lecionam outros conteúdos não denegrindo, jamais, a
imagem dos mesmos. Não esquecer que uma das dimensões da educação é a educação moral.
Em relação à sociedade.
Deve-se procurar realizar as ideais de cultura de seu tempo. Procurar colaborar com toda obra de caráter educativo e cultural . Colaborar com as
manifestações culturais, religiosas, filantrópicas da comunidade, dando o exemplo de como pode-se formar cidadãos participativos, pois o exemplo é o
melhor recurso didático. Não esquecer que há dicotomia entre a teoria e ação. O agir não pode contradizer o ensinar.
Em relação aos seus colegas.
Deverá ser bem camarada, evitando a concorrência desleal.
Em relação às famílias dos alunos.
Não evitar contato com ela, caso venha procurá-lo. Dizer a verdade para seus responsáveis.
Enfim, o professor, pela natureza de sua atividade, encontra-se mergulhado numa situação ética, devido ao envolvimento de decisões, escolhas e
influências.
A humildade na docência.
Na prática, a ética do professor se manifesta no nível de aplicação pessoal que ele imprime ao seu trabalho com humildade. Ele precisa desenvolver
em si o valor da humildade, porque ser humilde é reconhecer, com facilidade e prontidão, seus limites pessoais, intelectuais, acadêmicos, técnicos e de
saber geral.
O limite a partir do qual o professor não consegue concretizar a magia da comunicação (às vezes pelo próprio saber acumulado), faz com que ele
não perceba que passou a ser um monólogo em sala de aula.
Nada é fácil frente a este desafio, pois, muitas vezes, não se trata de reconhecer limites, mas sim de conhecê-los, ou seja, descobri-los, já que
muitos partem da “estaca zero” na questão.
A diferença é que, ao conquistar e praticar o “ser humilde”, o professor abre-se mentalmente para admitir equívocos, impropriedades,
inadequações, sem que se sinta inferiorizado diante dos alunos, da escola, dos colegas ou de quem quer que seja.
A humildade é uma condição importantíssima para se conseguir a ética que move o professor do século XXI. Essa humildade não implica
subserviência e abdicação do poder que lhe é inerente e necessário. Dito mais instrumentalmente, do ponto de vista da humildade como instrumento
facilitador, conseguir pontos significativos na escala da humildade é uma das formas consistentes de tornar-se, de vir a ser ou de consolidar-se como um
professor ético. Isso é um exercício constante e inacabável, assim como é interminável o aprender e infinito o desenvolvimento humano.
Finalmente, a ética existe em si mesma e o professor do século XXI tem o poder de escolher ser ou não ético em suas atividades. “O cumprimento
da ética é questão de fundo moral”.