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6.

FICHAS DE LEITURA

1.
DIÁRIO
Nome: _____________________________________________ N.O: ____ Turma: ____ Data: __________

Leia o texto e responda, de seguida, às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

UMA AULA CALOROSA

Outubro 20
A aula de hoje foi uma conversa animada, calorosa por
vezes, sobre as redações. Cada qual fazia ler ou lia a sua e
depois a plateia criticava; ou criticava eu. Ao José Manuel
5 pouco faltou para gritarem “Fora!”. Pois quem o mandou ter
uma bitola tao avara1?
Mas a critica não era feita apenas as ideias expostas:
punha-se direito o que, do ponto de vista da ortografia, da
morfologia, da sintaxe, estava de esguelha. Foi afinal a aula
10 de hoje, principalmente, uma lição de gramatica, “dada de
maneira suave e agradável” – como quer o Ludovico.
Vimos, especialmente, a ortografia dos verbos em ar (ao
ouvido): presenciar, negociar, prefaciar e chapear, aformo-
sear, pastorear; […] vimos a ortografia das interjeições ah
15 (“Ah pernas para que vos quero!”), oh (“Oh! O Artur calado!”),
ó (“Ó Rosa, arredonda a saia.”), eh (o “eh pá” do Gabriel, que
ele, como quase todos, errara); […] e vimos, depois de mui-
tas outras coisas que iam surgindo, dois “pontapés na
gramática” propostos pelo Artur.
20 E eram eles colhidos ambos de um aparelho de TSF:
O filho de Joao Lourenco há de vir a ser um futuro cam-
peão do Sporting.
Tens razão, Artur: esta é do tipo de só o único, diga-se:
… há de vir a ser um campeão.
25 ou
… é um futuro campeão.
Já a segunda mereceu mais discussão e foi aprovada:
Peyroteo disparou uma bola imparável que Barrigana
defendeu.
30 Então – perguntava o Artur – era imparável e foi parada? Este imparável e apenas exagerado; ou quer
dizer, Artur, que aquela bola seria imparável pela maioria dos guarda-redes ou parecia imparável pelo
próprio Barrigana. O adjetivo serve, ali, não só para acentuar a forca com que a bola corria, mas ainda, e
principalmente, para acentuar a boa atuação do que a defendeu. A frase, Artur, e do tipo daquela que eu já
citara:
35 O burro fez o impossível para se salvar e salvar o seu dono.
E foi a propósito de tudo isto que me aconteceu uma coisa muito engraçada…

Sebastião da Gama, Diário de Sebastião da Gama,


Edições Ática, Lisboa, 7.ª edição, 1986, pp. 171-172.
1
Limitadora, escassa.

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6. FICHAS DE LEITURA

1. A expressão “ter uma bitola tão avara” (l. 6) significa


 (A) não se esforçar por fazer melhor.
 (B) não levar o exercício a sério.
 (C) ser demasiado exigente com o seu trabalho.
 (D) ser demasiado crítico.

2. A expressão “estava de esguelha” (l. 9) ilustra o uso de uma linguagem


 (A) imprecisa.
 (B) cuidada.
 (C) popular.
 (D) formal.

3. A interjeição presente no segmento “Ah pernas para que vos quero!” (l. 15) acentua a ideia de
 (A) rapidez.
 (B) esforço físico.
 (C) descontentamento.
 (D) alegria.

4. No contexto em que ocorre, o vocábulo “pontapés” (l. 18) é sinónimo de


 (A) azares.
 (B) brutalidades.
 (C) regras.
 (D) incorreções.

5. No segmento “Já a segunda mereceu mais discussão e foi aprovada”(l. 27) estão presentes
 (A) uma oração subordinada e uma coordenada.
 (B) duas orações subordinadas.
 (C) duas orações coordenadas.
 (D) uma oração subordinante e uma subordinada.

6. Refira o tempo e o modo em que se encontra a forma verbal presente na expressão: “aquela
bola seria imparável” (l. 30).
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7. Identifique a função sintática desempenhada pelo vocábulo sublinhado no segmento: “A frase,


Artur, é do tipo daquela que eu já citara” (ll. 32-33).
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8. Indique o processo de formação de palavras no vocábulo “impossível” (l. 34).


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6. FICHAS DE LEITURA

2.
MEMÓRIA
Nome: _____________________________________________ N.O: ____ Turma: ____ Data: __________

Leia o texto e responda, de seguida, às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

AS PEQUENAS MEMÓRIAS

Ainda não falei dos meus avós paternos. Como


costumava dizer o poeta Murilo Mendes do inferno,
existir, existiam, mas não funcionavam. Ele chamava-
-se João de Sousa, ela, Carolina da Conceição, e
5 para carinhosos faltava-lhes tudo, embora, verdade
seja, tenham sido pouquíssimas as ocasiões que
tivemos, eles e eu, para averiguar até que ponto
poderiam chegar as nossas mútuas disposições
quanto a permutas de afeto. Via-os raras vezes, e a
10 secura que queria encontrar em um e em outro in- e, como alguém que conscientemente trata de re-
timidava-me. Um conjunto de circunstâncias que, colher informações que poderão vir a ser-lhe úteis
obviamente, não esteve na minha mão favorecer ou no futuro, pensei que deveria fixar a hora. Creio re-
contrariar, levaram a que, de uma forma natural, 45 cordar que eram dez horas e alguns minutos. Afinal,
espontânea, o meu porto de abrigo na Azinhaga ti- o tal meu desprevenido e isento coração infantil
15 vesse sido sempre a casa dos meus avós maternos, havia decidido representar um papel: o do frio ob-
mais a da tia Maria Elvira, no Mouchão de Baixo. servador que subordina a emoção ao registo objetivo
A avó Carolina, de todos os modos, nunca foi de dos factos. A prova de que assim era foi-me dada
expansões, por exemplo, não me lembro de que 50 por um segundo do pensamento ainda menos isento
alguma vez me tivesse dado um beijo e se me beijou e desprevenido, o de que me ficaria bem verter uma
20 foi com a boca dura, como uma bicada (a diferença lágrima ou duas para não fazer figura de neto sem
percebe-se facilmente), que, digo eu, para beijar-me sentimentos aos olhos da minha mãe e do diretor da
assim, melhor seria que não o tivesse feito. Quem escola, o Senhor Vairinho. Do que me lembro muito
não apreciava nada esta preferência pelos meus 55 bem é de ter a avó Carolina estado doente em nossa
avós maternos era o meu pai, que, um dia, tendo eu casa durante um tempo. A cama em que jazia era a
25 dito “os meus avós”, referindo-me aos pais da minha dos meus pais, onde teriam eles ficado esses dias não
mãe, corrigiu secamente, sem se dar ao trabalho de faço a menor ideia. No que a mim diz respeito, dormia
disfarçar o despeito: “Tens outros.” Que havia eu de na outra divisão da parte da casa que ocupávamos, no
lhe fazer? Fingir um amor que não sentia? Os sen- 60 chão e com as baratas (não estou a inventar nada, de
timentos não se governam, não são coisas de tirar noite passavam-me por cima). Recordo ouvir
30 e pôr de acordo com as conveniências do momento, repetidamente aos meus pais uma palavra que nessa
menos ainda se, pela idade, é um coração despre- altura julguei designar a doença de que a avó padecia:
venido e isento o que levamos dentro do peito. A avó albumina, que tinha albumina (suponho agora que
Carolina morreu quando eu tinha dez anos. Minha 65 sofria de albuminúria, o que, vendo bem, não faz
mãe apareceu uma manhã na escola do Largo do grande diferença, porquanto só quem tem albumina
35 Leão com a infausta novidade. Ia buscar-me, não sei poderá ter albuminúria). Minha mãe punha-lhe
se em virtude de algum preceito de conduta social parches de vinagre aquecido, não sei para quê.
de que eu não tinha conhecimento, mas que, pelos Durante muito tempo, o cheiro a vinagre quente
vistos, obrigava ao reconhecimento imediato dos 70 esteve associado na minha memória à avó Carolina.
netos em caso de defunção dos avós. Lembro-me José Saramago, As pequenas memórias,
40 de ter olhado nesse momento o relógio de parede Lisboa, Editorial Caminho, 2006, pp. 62-64.
que havia na sala de entrada, por cima de uma porta,

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6. FICHAS DE LEITURA

1. Relativamente aos avós paternos, Saramago afirma que


 (A) nunca os conhecera por já terem morrido quando nasceu.
 (B) eram muito carinhosos, embora fossem muito pobres.
 (C) foram muitas as vezes em que se encontrou com eles.
 (D) eram pouco afetuosos e raramente se encontrou com eles.
2. A preferência do escritor pelos avós maternos
 (A) deve-se ao facto de morarem, tal como ele, em Azinhaga.
 (B) foi motivo de uma observação desagradável por parte de seu pai.
 (C) não agradava aos avós paternos.
 (D) só aconteceu depois da morte da sua avó Carolina.
3. No contexto em que surge, “infausta” (l. 35) significa
 (A) triste.  (C) surpreendente.
 (B) feliz.  (D) inesperada.
4. Ao saber da notícia da morte da avó paterna, Saramago
 (A) emocionou-se porque, apesar de tudo, gostava dela.
 (B) achou que era desnecessário fingir tristeza.
 (C) pensou que deveria, pelo menos, fingir alguma pena.
 (D) teve de controlar os sentimentos para não chorar.
5. Durante muito tempo, Saramago associou o cheiro a vinagre à avó Carolina,
 (A) pois esse era um dos ingredientes usados nos seus cozinhados.
 (B) devido ao uso de compressas de vinagre aquecido durante a sua doença.
 (C) porque ela o usava para matar as baratas da casa do escritor.
 (D) embora não reconheça uma razão que o justificasse.
6. Explique por que razão existia pouca afetividade entre Saramago e os avós paternos.
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7. Sintetize a reação de Saramago ao saber da notícia da morte da avó.


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8. Avalie as condições de vida da família de Saramago na sua infância.


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6. FICHAS DE LEITURA

3.
APRECIAÇÃO CRÍTICA
Nome: _____________________________________________ N.O: ____ Turma: ____ Data: __________

Leia o texto e responda, de seguida, às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

A INCRÍVEL E TRISTE HISTÓRIA DE EMMA REYES E DAS FREIRAS DESALMADAS

Ao longo de 23 cartas que a pintora colombiana é adulta, mas quem fala nestas linhas é a menina
Emma Reyes (n. 1919) escreve ao seu amigo e que ela foi. Nunca ergue o olhar, nunca completa as
compatriota Germán Arciniegas, ensaísta, político sensações que descreve com o que sabe quando
e historiador, ela conta a sua infância miserável 30 escreve; vê sempre com os olhos do momento em
5 num bairro de San Cristóbal, em Bogotá, no início que sucederam as coisas.” Este é, sem dúvida, um
dos anos 1920, e também na clausura de um com- dos predicados desta coletânea epistolar1.
vento onde viveu mais de uma dezena de anos. Literariamente não é um livro impressionante,
O livro de Emma Reyes – memória por correspon- apesar de alguns detalhes de onde transparece a
dência, acabado de publicar por cá pela Quetzal, 35 sensibilidade poética da autora, no entanto, e dados
10
reúne essas cartas começadas a escrever em 1969 os temas narrados, de alguma forma este livro pode
(datando a última de 1997), e que só puderam ser fazer lembrar o romance As cinzas de Angela, de
publicadas (por vontade expressa da autora) após Frank McCourt, e mais umas tantas personagens
a sua morte, que ocorreu em 2003, em Bordéus. de Dickens, crianças vexadas, maltratadas e aban-
A primeira edição da compilação, na Colômbia, data donadas, e outras que nunca souberam de quem
40
de 2012. Talvez o que mais impressione neste livro, nasceram. Emma Reyes conta: “Um dia perguntou-
15
e quase tanto como as histórias da infância mise- -me se eu tinha pai e mãe e eu perguntei-lhe o que
rável de uma mulher, narrada por ela própria, é a era isso e ele disse-me que também não sabia.”
ausência de rancores e de ressentimentos, sem Mas ao mesmo tempo, e como nota também Leila
condenar alguém nem sentir pena de si própria; Guerriero, ela pode ser aterradora (ao contar a
45
isto para além da particularidade de ter sido escrito história de um bebé todo borrado), hilariante (quando
20 por alguém que foi quase analfabeto até aos 18 lhe perguntam o nome da mãe e ela responde ‘loja
anos. O editor colombiano Camilo Jiménez, e citado de chocolates’) explícita (quando descreve crua-
pela escritora argentina Leila Guerriero num texto mente como era batida com uma bota), e irónica
que introduz o livro, escreveu: “A sua maior virtude (ao referir-se a um padre e aos reis de Espanha).
consiste na precisão e na quantidade de detalhes, 50
25 mas sobretudo no olhar: a autora escreve quando José Rico Direitinho, in Público, edição online
de 5/11/2017 (consultado em novembro de 2017,
com supressões)
1
Conjunto de cartas.

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6. FICHAS DE LEITURA

1. A obra O livro de Emma Reyes – memórias por correspondência


 (A) transmite rancor contra a sociedade contemporânea da infância de Emma Reyes.
 (B) surpreende, porque, apesar de contar a vida miserável da pintora, não demonstra aversão.
 (C) foi publicado na década de 1920, em Bogotá.
 (D) é um livro escrito por Leila Guerriero com base na biografia de Emma Reyes.
2. As cartas de Emma Reyes
 (A) só puderam ser publicadas por decisão de Leila Guerriero.
 (B) eram destinadas ao colombiano Germán Arciniegas.
 (C) estavam fixadas no livro que fora concluído há cerca de meio século.
 (D) começaram a ser escritas quando era ainda uma criança.
3. Considerando o conteúdo das cartas, pode afirmar-se que a pintora
 (A) narra a sua vida na infância, embora, por vezes, de forma fantasiosa e/ou ficcionada.
 (B) narra as dificuldades que sentiu para ser reconhecida como autora.
 (C) descreve histórias de uma infância infeliz recorrendo à sua memória enquanto menina.
 (D) narra a sua vida da infância, omitindo pormenores desagradáveis.
4. Considerando o conteúdo do livro, pode dizer-se que Emma Reyes
 (A) se inspirou no romance As cinzas de Angela, de Frank McCourt.
 (B) fez uma obra brilhante em termos de descrição.
 (C) revelou, nas suas cartas, ter uma grande sensibilidade narrativa.
 (D) teve uma infância semelhante à de algumas personagens de Dickens.
5. O texto insere-se no género “apreciação crítica” porque
 (A) apresenta uma apreciação valorativa de um livro.
 (B) descreve o modo como foi publicado o livro de Emma Reyes.
 (C) se faz uma apreciação das condições de vida da pintora durante a sua infância.
 (D) o autor aprecia de forma exaustiva cada uma das cartas escritas.
6. Indique três aspetos da vida de Emma Reyes que se depreendem do conteúdo do livro.
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7. Transcreva uma frase que evidencie o caráter memorialista de O livro de Emma Reyes.
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8. Demonstre que a vida difícil de Emma Reyes não condicionou de forma negativa a sua personalidade.
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6. FICHAS DE LEITURA

4.
ARTIGO DE OPINIÃO
Nome: _____________________________________________ N.O: ____ Turma: ____ Data: __________

Leia o texto. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Quero dizer-vos

Num mundo em que a informação e o conheci-


mento são cada vez mais poderosos, é grande o risco
de fratura social determinado pelo saber. Com efeito,
a evolução rápida das sociedades obriga a constantes
mudanças, o que implica capacidade de adaptação,
5
para a qual muito podem contribuir uma educação de
base sólida e a aprendizagem ao longo da vida. Essa
educação de base deve ser para todos, propiciando os
instrumentos essenciais e promovendo o gosto pelo
saber e pelo estudo; uma educação pela qual se
10 desenvolvam hábitos de rigor, de esforço, de respeito
pela diversidade de pontos de vista; uma educação
que dê capacidades de estudo, de organização da
informação, de pesquisa e de intervenção. Precisamos
40 e cinco anos e, sobretudo, da população empregada,
de uma educação de qualidade, que forme cidadãos
cuja situação pode vir a mudar radicalmente nos
15 capazes de compreenderem e intervirem no mundo
próximos anos. Contudo, não existem políticas, nem
em que vivemos.
meios financeiros compatíveis com a gravidade de
Embora a maioria dos programas educativos
diagnóstico.
assuma esta filosofia de aprendizagem ao longo da
45 De todo o modo, não podemos baixar os braços.
vida, há muito a fazer para a sua concretização quer
É necessária uma mobilização ativa pela educação
20 ao nível da educação de base quer ao nível da
de adultos. Há que romper o ciclo que condenou
educação de adultos. De facto, é, sobretudo, a
muitos portugueses a uma vida limitada do ponto
população adulta portuguesa que apresenta um
de vista profissional e cultural, criando mais opor-
défice educativo grande resultante, por um lado, de
50 tunidades de formação de base e de aperfeiçoamento
um baixo nível de escolaridade e, por outro, da falta
em várias fases da vida. Foi o esforço dessas gera-
25 de oportunidades em matéria de formação contínua.
ções penalizadas que permitiu que as gerações mais
Enquanto, nos últimos anos, se assistiu a um
jovens fossem alcançando cada vez mais oportuni-
crescimento muito significativo no que diz respeito ao
dades educativas. A sociedade portuguesa tem uma
acesso ao sistema formal de ensino das camadas
55 dívida para com esses cidadãos.
jovens, o aumento da educação de adultos não se
As instituições devem produzir novas respostas
30 processou ao mesmo ritmo.
em matéria de educação de adultos – e motivar as
Podemos dizer hoje que a missão clássica da escola
pessoas para aprenderem. Desde logo, ao nível do
está em vias de ser assegurada e que se estão a dar
reconhecimento de competências. Penso que o
passos significativos para proporcionar a todos os
60 esforço de autoformação ao longo da vida e de for-
jovens o acesso à educação. É necessário, agora, um
mação em contextos não formais deve encontrar
35
investimento, ainda não realizado, na educação de
formas de validação. É essencial criar processos de
adultos. Existe um consenso quanto à necessidade de
acreditação de competências e de experiência pro-
desenvolver esta frente, incidindo, designadamente, na
fissional, dimensão decisiva da educação de adultos.
ação ao nível da população com mais de trinta
Jorge Sampaio, Quero dizer-vos, Lisboa, Editorial Notícias,
2000, pp. 139-140 (com supressões).

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6. FICHAS DE LEITURA

1. De acordo com o conteúdo do texto,


 (A) o conhecimento e o saber são consequências de uma sociedade caracterizada pela fratura
social.
 (B) a rutura social pode ter como uma das causas o excesso de informação e de conhecimento.
 (C) quanto maior for o nível de escolarização e de formação, mais ferramentas terá o cidadão
para solucionar problemas.
 (D) o nível de escolarização está indiretamente relacionado com a mudança social.
2. Jorge Sampaio defende um modelo educacional
 (A) universal e gratuito.
 (B) universal e potenciador do desenvolvimento e do raciocínio crítico.
 (C) vocacionado sobretudo para a escolarização das camadas mais jovens.
 (D) que exclua a educação de adultos.
3. As questões mais prementes a nível da educação colocam-se
 (A) relativamente às gerações mais velhas.
 (B) ao nível da conceção do modelo de aprendizagem.
 (C) no plano da formação contínua.
 (D) no modo de acesso ao sistema formal de ensino.
4. A ausência de meios políticos e económicos é
 (A) inibidora do desenvolvimento do modelo clássico de escola.
 (B) propiciadora do desenvolvimento de modelos de formação de adultos.
 (C) impeditiva do investimento educacional na formação de adultos.
 (D) geradora de consensos no que se refere ao modelo educacional a seguir.
5. O texto pertence ao género “artigo de opinião” porque apresenta como marcas
 (A) a objetividade e a apreciação valorativa de um tema.
 (B) o recurso a uma linguagem clara, mas específica de uma determinada área.
 (C) a utilização da terceira pessoa e a objetividade.
 (D) a apresentação de um ponto de vista sobre um tema, baseada em argumentos.
6. Indique os argumentos para uma educação sólida.
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7. Refira o principal problema enfrentado pelos adultos, no que se refere à educação ao longo da vida.
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8. Explique por que razão tem a sociedade uma dívida para com a geração adulta.
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