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Universidade Eurípedes de Marília

Alice de Fátima Oliveira França - 638314


Amanda Martins Gomes Silva - 638249
Ana Carolina Confolonieri - 638015
Henrique Rodrigues Bonifacio - R.A 638261
Izabele de Souza Freire - 637319
Isabella Bittencourt Gonçalves - 635596
João Victtor Ribeiro de Souza - 638235
Maria Clara de Oliveira Ramos - 637270
Maria Eduarda Fação Pereira - 638194
Maria Fernanda Zafalão Cava - 635901
Noemi Rocha Gomes - 638325
Vitória Percilia Pinto da Silva - 635839

A criança, o adolescente e o consumo.

Marília
2023
SÚMÁRIO

1. Consumo e consumismo…………………………………………………………………... 2
2. Depressão e consumismo se relacionam?................................................................. 5
3. Quais os impactos que o consumismo provoca nas crianças e adolescentes………. 6
4. A relação entre desigualdade e consumismo infantil.................................................. 7
5. Políticas públicas destinadas à resolução do problema do consumo infantil………... 8
6. Propagandas subliminares e abusivas para crianças e adolescentes……………….. 9
7. Vendas casadas…………………………………………………………………………….10
8. Como o direito e o estado abordam o consumo com crianças e adolescentes……. 11
9. Leis, ações e providências utilizadas para coibir tais comportamentos…………….. 12
10. Mídias, fortalecimento do consumismo e suas consequências……………………… 13

1
Consumo e Consumismo

Consumo:
Conceito: O consumo é o ato de adquirir bens ou serviços por meio da compra,
representando uma das etapas cruciais na atividade econômica. Ele sucede a produção e a
distribuição, sendo fundamental para a circulação de dinheiro, o crescimento da renda e a
geração de empregos. O consumo ocorre em diversas esferas, desde a individual, familiar,
até a governamental e empresarial.

Fatores que determinam o consumo: Diversos fatores influenciam o que as pessoas e


organizações consomem, incluindo a renda disponível, os preços dos produtos, os hábitos
de consumo e a cultura. Essa variação no consumo é evidente tanto entre indivíduos de
diferentes regiões do mundo quanto entre pessoas de diferentes classes sociais em uma
mesma região.

Tipos de consumo:
- Individual x Coletivo: O consumo pode ser realizado por um indivíduo ou por um grupo de
pessoas. Por exemplo, os serviços públicos de saúde e educação são exemplos de
consumo coletivo.
- Privado x Público: O consumo privado envolve empresas, famílias e indivíduos, enquanto
o consumo público se refere às aquisições feitas pela administração pública.
- Essencial x Supérfulo: Bens de consumo essenciais atendem a necessidades básicas,
como alimentação e vestuário, enquanto o consumo supérfluo envolve produtos de luxo ou
que satisfazem necessidades secundárias ou terciárias.
- Final x Intermediário: O consumo final visa satisfazer necessidades diretas, enquanto o
consumo intermediário compreende bens e serviços utilizados na produção de outros
produtos, como matérias-primas industriais.

Consumo Consciente: Há uma crescente conscientização sobre os impactos do consumo


no meio ambiente e na sociedade. O consumo consciente implica evitar desperdícios,
considerar os efeitos ambientais e sociais dos produtos adquiridos, reduzir a geração de
resíduos e escolher produtos fabricados de forma ética. Além disso, envolve entender as
condições de produção, como a exploração de mão de obra e o tratamento de animais.

Consumismo:
Conceito: O consumismo é caracterizado pelo ato de comprar excessivamente,
frequentemente sem necessidade, motivado por impulsos ou desejos de consumo. Este
comportamento de compra desenfreada é considerado prejudicial, afetando vários aspectos
da vida cotidiana. O consumismo é uma tendência comum em sociedades capitalistas
modernas e é resultado da influência da globalização e da mídia.

Obsolescência programada: O consumismo é frequentemente impulsionado pela estratégia


da obsolescência programada, que envolve a criação de produtos que se tornam obsoletos
ou param de funcionar em um curto período de tempo. Isso pode ocorrer por obsolescência
técnica (produtos que quebram) ou obsolescência psicológica (produtos que o consumidor
considera ultrapassados).

2
Indústria Cultural: A Indústria Cultural, termo cunhado pela Escola de Frankfurt, influencia o
consumismo ao impor padrões de interesse e comportamento. A publicidade e o marketing
desempenham um papel central na cultura de consumo, frequentemente associando a
compra de produtos à felicidade, levando à alienação e ilusão.

Impactos do consumismo: O consumismo provoca uma série de impactos negativos,


incluindo a degradação ambiental devido à produção excessiva e ao aumento da geração
de resíduos. Também está associado a problemas de saúde mental, como ansiedade e
depressão, e pode levar a transtornos como a oneomania, um vício em compras. Além
disso, o consumismo pode levar a um comprometimento financeiro significativo, com muitas
pessoas acumulando dívidas devido a compras desnecessárias e supérfluas.

Consumismo Consciente:
- Orçamento ABCD: Planejar os gastos categorizando-os em A (essenciais), B (básicos), C
(contornáveis) e D (desnecessários) é uma maneira eficaz de controlar as despesas.
- Refletir antes de comprar: Avaliar a real necessidade do produto, considerar o impacto nas
finanças e pesquisar preços são passos importantes antes de fazer uma compra.
- Autoconhecimento emocional: Evitar compras como uma forma de alívio para emoções
negativas é essencial para evitar dívidas e arrependimento.
- Pesquisar as origens dos produtos: Conhecer a forma como os produtos são fabricados,
incluindo questões de exploração de mão de obra e bem-estar animal, ajuda a fazer
escolhas conscientes.

Diferença entre Consumo e Consumismo:


A principal diferença entre consumo e consumismo está na motivação que impulsiona a
compra. O consumo está relacionado a atender necessidades básicas de sobrevivência,
enquanto o consumismo envolve a compra excessiva de produtos supérfluos,
frequentemente sem necessidade. O consumismo é uma característica das sociedades de
consumo, marcadas por influências da mídia, publicidade e obsolescência programada.

Impacto nas Crianças/Adolescentes:


No contexto do século XXI, as crianças estão imersas em um vasto ecossistema de
consumo, redefinindo por completo a experiência em relação a gerações anteriores. Logo
nos primeiros anos de vida, elas têm contato com programas de TV, como "Masha e o
Urso," e são expostas a propagandas de gigantes do fast-food, como o Burger King e o
McDonald's. Com apenas um ano e meio de idade, as crianças já são capazes de
reconhecer logotipos e, antes mesmo de completarem dois anos, começam a pedir
produtos associados a essas marcas. Aos três anos e meio, especialistas apontam que as
crianças já manifestam ideologias vinculadas às marcas, além de desenvolverem
qualidades e valores associados a essas experiências.

Conforme observado por Daniel Thomas Cook (2004, pg. 149) da Universidade de Illinois,
essa tendência reflete uma luta contínua em torno da cultura de consumo infantil, que, em
última instância, é uma batalha pela definição da natureza das pessoas e do escopo da
individualidade no contexto de um comércio em constante expansão. O envolvimento das
crianças com o mundo do consumo, envolvendo produtos materiais, mídia, imagens e
significados, tornou-se um elemento central na formação das identidades e posições morais
na sociedade contemporânea.

3
As crianças estão se tornando compradoras cada vez mais cedo, e à medida que
consomem, suas preferências e escolhas exercem uma influência significativa nas decisões
de compra de seus pais. Esse fenômeno é conhecido como "mercado de influência", e, de
acordo com McNeal (1999, s/p), estimativas apontam que crianças entre 4 e 12 anos
exerceram forte influência nas decisões de compra, resultando em uma movimentação de
330 bilhões de dólares diretamente e 340 bilhões indiretamente em 2004. A influência das
crianças é um conjunto complexo de fatores que impacta as decisões dos pais. Gerações
anteriores eram mais autoritárias em relação ao consumo de seus filhos, muitas vezes
adotando o lema "as crianças devem ser vistas, mas não ouvidas", o que indicava que os
pais tomavam todas as decisões de compra. Já a geração pós-guerra deu mais espaço
para que as crianças participassem das escolhas de consumo, considerando-as
educacionais.

Atualmente, o mercado de consumo infantil engloba crianças de 0 a 12 anos, representando


cerca de 20,5% da população brasileira, totalizando 39 milhões de crianças. Como
apontado por Cazzaroli (2011, s/p), a publicidade direcionada ao público infantil é altamente
persuasiva, com a sedução do consumidor infantil sendo alcançada por meio de
brinquedos, personagens infantis e marcas. Isso despertou o interesse das empresas em
criar produtos e meios de consumo específicos para crianças. Dados revelam que as
crianças exercem forte influência nas decisões de compra da família, com 70% das
decisões de compra ocorrendo no âmbito familiar e 92% das crianças influenciando nas
compras de alimentos, 86% nas de brinquedos e 57% nas de roupas.

Em 2000, 71% dos pais admitiam sofrer influência dos filhos nas compras. Em 2003, esse
índice aumentou para 80%, com 38% das crianças exercendo influência significativa nas
decisões de compra. As crianças também têm um impacto considerável na escolha de
marcas, influenciando 63% das compras, especialmente aquelas com idades entre 7 e 13
anos, que exercem influência significativa. Esses dados destacam a importância de
compreender o impacto do consumo na vida das crianças e o papel que desempenham nas
escolhas de consumo familiares.

4
Depressão e consumismo se relacionam?

A cultura que estimula o consumo exagerado tem afetado crianças e adolescentes, inclusive
com casos de depressão, pois nos faz querer sempre mais. O consumismo é, sim, um
problema no desenvolvimento das crianças, pois pode gerar problemas e frustrações.
Especialistas alertam que a superexposição à publicidade e aos modos de agir do
consumismo podem fazer com que as crianças se tornem imediatistas e lidem mal com
frustrações. Além disso, o consumismo infantil também pode estar relacionado à depressão,
ansiedade, irregularidades no sono, hiperatividade e agressividade nas crianças.
As crianças influenciam em 80% das compras de uma família e, até os 5 anos de idade, não
sabem diferenciar uma propaganda de um programa de televisão. E para contornar esta
ameaça, os pais precisam buscar a moderação e a racionalidade na criação dos filhos, além
de denunciar possíveis abusos de publicidade aos órgãos responsáveis.

5
Quais os impactos que o consumismo provoca nas crianças e adolescentes.

O problema do consumismo, quando abordado no contexto infantil, suscita questões


significativas. As crianças são particularmente afetadas por esse fenômeno, uma vez que
frequentemente anseiam por brinquedos e outros produtos, apenas para perderem o
interesse rapidamente. Essa incessante busca por mais, muitas vezes em antecipação aos
lançamentos mais recentes, é uma realidade que tem se manifestado com crescente
frequência em nosso país.
De acordo com especialistas em Antropologia, o desejo fervoroso das crianças por produtos
promovidos pela mídia é, em grande parte, uma resposta a ilusões cuidadosamente
cultivadas pela publicidade. Além disso, o consumismo infantil está intrinsecamente ligado à
tentativa de preencher lacunas emocionais resultantes da falta de atenção por parte dos
pais. O ato de desejar e receber um brinquedo ou item desejado pode proporcionar uma
sensação temporária de ser notado e cuidado, alimentando ainda mais o ciclo de desejos
insaciáveis.
Essa dinâmica leva as crianças a experimentarem sentimentos de angústia e impaciência,
dificultando a capacidade de lidar com situações que envolvem frustrações e o
desenvolvimento da paciência. O consumismo oferece uma alegria momentânea, mas essa
satisfação efêmera rapidamente cede espaço para o desejo de adquirir um novo produto.
É importante ressaltar que, em alguns casos, o consumismo infantil pode acarretar sérios
problemas de saúde, como alergias, depressão, agressividade, hiperatividade, ansiedade,
além de distúrbios do sono. Portanto, é vital reconhecer a importância de abordar essa
questão de forma mais abrangente, buscando soluções que promovam o bem-estar
emocional e psicológico das crianças, ao invés de apenas satisfazer desejos passageiros.

6
A relação entre desigualdade e consumismo infantil.

A relação entre desigualdade e consumismo infantil é uma questão complexa e de profunda


relevância em nossa sociedade contemporânea. O consumo desenfreado, frequentemente
motivado por estratégias de marketing e publicidade, tem um impacto significativo nas vidas
das crianças, amplificando as disparidades socioeconômicas e afetando seu bem-estar de
várias maneiras.

O consumismo infantil é alimentado pela exposição precoce das crianças a mensagens


publicitárias, marcas e produtos. Desde tenra idade, elas são bombardeadas com anúncios
que prometem felicidade, status e pertencimento por meio da aquisição de bens materiais.
As crianças aprendem a associar a posse de determinados produtos com a realização
pessoal, e isso pode perpetuar a busca incessante por mais coisas.

A desigualdade socioeconômica desempenha um papel crucial nesse cenário. Crianças de


famílias com recursos financeiros limitados podem se sentir excluídas ou envergonhadas
por não terem acesso aos mesmos produtos ou experiências que seus colegas mais
privilegiados desfrutam. Essa disparidade cria um ciclo vicioso de desejo e insatisfação,
alimentando o consumismo como uma tentativa de preencher o vazio emocional e social.

Além disso, o consumismo infantil pode levar ao endividamento precoce das famílias,
especialmente em comunidades de baixa renda. Muitos pais cedem às pressões de seus
filhos para comprar produtos caros, acumulando dívidas que afetam a estabilidade
financeira do lar e o bem-estar da família como um todo. Essas dívidas podem ter
implicações a longo prazo, dificultando o acesso a oportunidades educacionais e
econômicas para as crianças.

O consumismo também está intimamente relacionado à saúde das crianças. A ênfase em


produtos processados e alimentos não saudáveis em campanhas publicitárias direcionadas
ao público infantil contribui para problemas de saúde, como obesidade e doenças
relacionadas a hábitos alimentares inadequados. Novamente, as crianças de famílias com
menos recursos estão em maior risco de enfrentar essas questões de saúde, ampliando as
disparidades.

7
Políticas públicas destinadas à resolução do problema do consumo infantil.

Uma abordagem eficaz para mitigar o impacto do consumismo infantil envolve a


regulamentação rigorosa dos meios de propaganda. Isso inclui a definição de quais tipos de
conteúdo comercial podem ser veiculados em canais digitais frequentados por crianças,
como a cultura, Nickload, Disney e YouTube Kids. Para garantir o cumprimento dessas
regulamentações, é essencial a implementação de leis de regulamento e fiscalização
constante das campanhas comerciais. Além disso, deve ser disponibilizado um canal de
denúncia, seja ele digital ou analógico, para relatar quaisquer inconformidades.
Os influenciadores digitais nas redes sociais exercem uma influência significativa sobre o
público jovem, afetando suas escolhas de consumo, padrões de beleza e até mesmo as
decisões de carreira. É crucial incentivar os pais responsáveis a supervisionar os conteúdos
consumidos por seus filhos e fornecer-lhes uma educação diferenciada. Isso ajudará a filtrar
e analisar de forma crítica os estímulos externos.
Para combater o consumismo infantil, é fundamental promover a educação financeira desde
tenra idade. Isso pode ser alcançado por meio da inclusão de cursos em entidades de
ensino já existentes, como o Sebrai e o Senai, que normalmente oferecem cursos voltados
para adultos. Estender essas oportunidades às crianças e adolescentes permitirá que eles
compreendam não apenas o consumismo, mas também a situação financeira de suas
famílias, promovendo uma visão mais consciente do dinheiro.
A má alimentação é um problema amplamente negligenciado que afeta as crianças,
independentemente de sua classe social. Alimentos processados e prejudiciais à saúde,
frequentemente disponíveis em escolas públicas, estão associados a uma série de
problemas de saúde, incluindo obesidade, desequilíbrios hormonais e doenças
normalmente vistas em adultos, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Um movimento social voltado para a conscientização dos pais, responsáveis pelas compras
e preparação de alimentos, pode ser altamente eficaz. Muitas vezes, os pais não possuem
um entendimento completo do que constitui uma dieta ideal, e é crucial educá-los sobre o
impacto direto de suas escolhas alimentares na saúde de seus filhos.
Os problemas associados ao consumismo infantil muitas vezes estão interconectados e se
reforçam mutuamente. Crianças e adolescentes podem sofrer pressão para possuir
produtos de marca, alimentando o desejo por itens promovidos por influenciadores digitais,
enquanto simultaneamente enfrentam o vício em alimentos ultraprocessados e padrões de
beleza irreais.
A implementação de políticas públicas é o primeiro passo crucial para combater esses
problemas interligados. Isso envolve a fiscalização, o controle do acesso ao consumismo, a
educação, e, acima de tudo, a pró-atividade na abordagem dessas questões. As políticas
públicas iniciais podem servir como base para abordar o problema de forma abrangente,
visando uma resolução gradual e sustentável dessas questões.

8
Propagandas subliminares e abusivas para crianças e adolescentes.

A propaganda abusiva é aquela que coage alguém a comprar algo para que não se sinta
excluída ou inferior, através de métodos duvidosos.O Estatuto da Criança e do Adolescente
- ECA - (Lei n°8.069/1990) reconhece a criança como pessoa em especial fase de
desenvolvimento físico, social, emocional e busca garantir o seu melhor interesse em
qualquer tipo de relação.

A propaganda abusiva se agrava quando são direcionadas às crianças, pois se trata de um


público extremamente vulnerável e suscetível ao consumo, por não terem maturidade, nem
capacidade de compreender as situações da vida real.

Segundo especialistas do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescentes


(CONANDA), a publicidade infantil ignora a autoridade dos pais e acaba até se sobrepondo
à ela, acontecendo geralmente enquanto as crianças estão sem supervisão direta. Além das
propagandas distorcerem os valores da família, pois parte delas podem estimular a
competição, individualismo e o preconceito.

O Código de Defesa do Consumidor define que a propaganda/publicidade dirigida é abusiva


e ilegal. Ademais, o Marco Legal da Primeira Infância (Lei n°13.257/2016) determina a
proteção da criança contra toda forma de violência e pressão consumista e a adoção de
medidas que evitem a exposição precoce à comunicação mercadológica.

Algumas formas de coagir as crianças:


1 - Linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores
2 - Músicas infantis cantadas por crianças;
3 - Celebridades, personagens ou apresentadores com apelo ao público infantil;
4 - Promoção com distribuição de prêmios ou brindes colecionáveis;

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Vendas Casadas

As vendas casadas, uma prática comercial proibida por lei de acordo com o Artigo 39 do
Código de Defesa do Consumidor, consistem na venda de produtos ou serviços sob a
condição da obrigatoriedade da aquisição de outros. Esta prática é recorrente em
estabelecimentos comerciais e instituições financeiras, e está sujeita a denúncias e
punições legais.
Vendas casadas são caracterizadas pela imposição da aquisição obrigatória de um produto
ou serviço no ato da compra de outro, frequentemente sem levar em consideração o
interesse do consumidor. Isso viola o princípio de livre escolha e a autonomia do comprador,
uma vez que a decisão de adquirir produtos ou serviços deve ser feita com base nas
necessidades e preferências do cliente, não sendo imposta de forma coercitiva.
A "venda casada" é uma estratégia comercial utilizada para aumentar o lucro dos
fornecedores de produtos e serviços. Ela visa induzir os consumidores a adquirir produtos
ou serviços que inicialmente não desejavam, forçando-os a fazê-lo. Esse tipo de prática
comercial não apenas prejudica os consumidores, mas também desrespeita os seus direitos
fundamentais.
A prática de direcionar vendas casadas a crianças e adolescentes é particularmente
prejudicial devido à falta de julgamento e experiência desse público. É também considerada
abusiva e ilegal, de acordo com o Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016),
que determina a proteção das crianças contra todas as formas de violência e pressão
consumista. Esta lei estabelece a adoção de medidas para evitar a exposição precoce à
publicidade e à comunicação mercadológica. O direcionamento de publicidade diretamente
ao público infantil é uma estratégia utilizada pelas empresas anunciantes para utilizar as
crianças como promotoras de vendas para suas famílias. Pesquisas mostram que crianças
têm influência nas decisões de compra de 80% das famílias, que 60% das mães cedem aos
desejos de compras das crianças e que 9 em cada 10 pais são influenciados por seus filhos
nas compras em supermercados.
O uso de vendas casadas em crianças e adolescentes pode levar a uma série de
problemas. Esta prática ilegal prejudica esses públicos por meio da falta de conhecimento e
da ausência de informações sobre os direitos do consumidor. Entre os problemas
decorrentes estão:

- Estímulo ao consumismo desenfreado.


- Risco de problemas de saúde, incluindo obesidade, devido à promoção de produtos não
saudáveis.
- Prejuízo ao desenvolvimento saudável das crianças.
- Impactos na economia das famílias devido a compras forçadas ou não planejadas.

Em resumo, as vendas casadas são uma prática prejudicial que viola os direitos do
consumidor, especialmente quando direcionadas a crianças e adolescentes. É fundamental
educar as crianças sobre seus direitos e promover a conscientização acerca dos perigos do
consumismo para garantir um futuro mais saudável e equitativo para as gerações mais
jovens. Além disso, a regulamentação e o cumprimento da legislação que proíbe vendas
casadas são cruciais para proteger os consumidores de todas as idades.

10
Como o direito e o estado abordam o consumo com crianças e adolescentes.

Quando se trata da perspectiva do Direito e do Estado em relação ao tema do consumo,


particularmente no contexto de crianças e adolescentes, é importante observar que existem
abordagens específicas e diretrizes legais para proteger esses grupos vulneráveis. No
Brasil e em nível internacional, diversos instrumentos legais e medidas são adotados para
garantir que o consumo consciente e responsável seja promovido, especialmente entre as
novas gerações.
O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) é um marco legal que estabelece
os direitos e as garantias dos consumidores no Brasil. Ele proíbe práticas abusivas, como a
venda casada, e assegura que as crianças e adolescentes também se beneficiem dessas
proteções. A legislação brasileira considera crianças e adolescentes como consumidores e,
portanto, eles têm direito a um ambiente de consumo seguro, produtos e serviços de
qualidade e proteção contra publicidade enganosa.
No Brasil, diversas iniciativas visam educar as crianças e adolescentes sobre consumo
consciente. O tema é abordado nas escolas como parte do currículo, e campanhas de
conscientização são promovidas em parceria com órgãos governamentais, ONGs e
entidades de defesa do consumidor. O objetivo é ensinar aos jovens sobre a importância de
fazer escolhas informadas, entender o impacto de suas decisões de compra e resistir à
pressão do consumismo.
A publicidade voltada para crianças e adolescentes é regulamentada para garantir que não
seja enganosa ou abusiva. Essas regulamentações proíbem a promoção de produtos
prejudiciais à saúde das crianças e impõem restrições ao uso de personagens e
celebridades em anúncios direcionados a esse público. Além disso, o Código de Defesa do
Consumidor proíbe a publicidade que explore a inexperiência e a credulidade das crianças.
O consumo excessivo é uma preocupação global, e o Brasil não é exceção. Embora as
pesquisas revelem que apenas 24% dos consumidores se considerem conscientes em suas
práticas de consumo, existem esforços significativos para promover o consumo responsável
e sustentável. Os moradores de diferentes regiões do Brasil têm motivações variadas para
repensar seus hábitos de consumo. Enquanto a sustentabilidade e o impacto social são
estímulos predominantes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os moradores da
região Sudeste tendem a repensar seus hábitos por razões emocionais, desejando uma
vida mais simples e benéfica para a saúde.

Em resumo, o Direito e o Estado no Brasil têm um papel fundamental na proteção dos


direitos dos consumidores mais jovens. A legislação, a educação e a regulamentação de
práticas publicitárias abusivas são algumas das medidas adotadas para promover um
consumo consciente e responsável entre crianças e adolescentes. A conscientização sobre
os impactos do consumo excessivo e insustentável também é uma tendência crescente em
todo o país.

11
Leis, ações e providências utilizadas para coibir tais comportamentos.

O consumo infantil é uma área regulamentada por várias leis e regulamentos que visam
proteger as crianças de práticas comerciais desleais e garantir que produtos e serviços
direcionados a elas atendam a padrões específicos de segurança e qualidade. Abaixo estão
algumas das principais leis e regulamentos aplicáveis ao consumo infantil:

1. Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990): Esta lei é o principal instrumento


legal para proteção dos direitos dos consumidores no Brasil, incluindo crianças. Ela proíbe
práticas abusivas, publicidade enganosa, venda casada e estabelece diretrizes para
produtos e serviços destinados a crianças.

2. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990): O ECA aborda diversos


aspectos dos direitos das crianças, incluindo a proteção contra publicidade enganosa e
abusiva. Ele estabelece que a publicidade não pode ser enganosa, discriminatória ou que
estimule o consumo de produtos prejudiciais à saúde das crianças.

3. Regulamentação do CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária): O


CONAR é uma entidade de autorregulamentação publicitária que estabelece diretrizes para
a publicidade no Brasil. Ele possui regras específicas para publicidade dirigida a crianças e
adolescentes, proibindo anúncios que explorem a inexperiência ou a credulidade desse
público.

4. Portaria nº 2.015/2008 (Ministério da Justiça): Esta portaria estabelece regras específicas


para a publicidade de alimentos e bebidas não alcoólicas dirigida a crianças, com o objetivo
de proteger a saúde desse público. Ela restringe a publicidade de produtos com alto teor de
açúcar, sódio e gorduras saturadas.

5. Norma Técnica de Produtos Infantis (Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia,


Qualidade e Tecnologia): O Inmetro estabelece regulamentos técnicos para produtos
infantis, como brinquedos, roupas e artigos de puericultura. Essas normas garantem a
segurança, qualidade e adequação desses produtos para uso infantil.

6. Regulamento Técnico Mercosul sobre Informação Nutricional em Produtos


(Mercosul/GMC/RES. 46/03): Este regulamento define a padronização da informação
nutricional em rótulos de alimentos, garantindo que as informações sejam compreensíveis e
úteis para os consumidores, inclusive crianças e suas famílias.

7. Lei do Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016): Essa lei estabelece
diretrizes para a proteção das crianças contra a exposição precoce à comunicação
mercadológica. Ela reconhece a importância de medidas que evitem a pressão consumista
sobre crianças e promovam um ambiente de consumo seguro e saudável.

Essas leis e regulamentos são fundamentais para proteger os direitos das crianças e
garantir que o consumo infantil seja seguro, responsável e ético. Além desses, outras
regulamentações específicas podem ser aplicadas a setores ou produtos que têm um
impacto direto no público infantil, como brinquedos, alimentos, educação, entre outros.

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Mídias, fortalecimento do consumismo e suas consequências.

O consumismo é um padrão de comportamento em que as pessoas tendem a adquirir bens


e serviços em excesso, muitas vezes movidas por impulsos de compra e um desejo
constante por mais. O consumismo vem ganhando força na sociedade, especialmente com
a influência das redes sociais e tecnologia, o que afeta crianças de maneira significativa.

As crianças são frequentemente expostas a anúncios e comerciais que promovem


brinquedos, roupas, alimentos e outros produtos. Essa exposição faz com que as crianças
criem uma suposta "necessidade" de possuir ou consumir esses produtos, muitas vezes
porque viram seus amigos ou celebridades mirins fazendo o mesmo, ou porque o produto
está relacionado a um personagem que admiram.

As consequências desse consumismo infantil são preocupantes:

1. Educação financeira: O consumismo infantil pode influenciar a falta de compreensão do


valor do dinheiro e do consumo responsável. As crianças podem crescer com expectativas
irreais sobre o que é financeiramente viável.
2. Problemas de saúde (físicos e psicológicos): A publicidade relacionada a alimentos não
saudáveis pode promover escolhas alimentares inadequadas, contribuindo para problemas
de saúde, como obesidade e cáries. As crianças são mais suscetíveis a essas mensagens
prejudiciais.
3. Problemas emocionais: A pressão exercida pelo consumismo pode causar ansiedade,
inquietação e até depressão em crianças, especialmente aquelas que vivem em famílias
com dificuldades financeiras.

É fundamental que pais, educadores e a sociedade como um todo estejam atentos aos
impactos do consumismo nas crianças e tomem medidas para promover um ambiente de
consumo mais saudável e responsável, ensinando as crianças sobre o valor do dinheiro, a
importância de escolhas alimentares saudáveis e como lidar com a pressão da publicidade.
Além disso, é essencial que haja regulamentações eficazes que restrinjam a publicidade
enganosa e prejudicial voltada para crianças.

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