Você está na página 1de 38

1.

I NTRODUÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA ANALÍTICA:

1.1. A QUÍMICA ANALÍTICA E O CONCEITO DE ANÁLISE QUÍMICA


A Química Analítica é uma das áreas das Ciências Químicas com a maior
abrangência em termos de aplicações e conceitos básicos. É a parte da Química que
estuda a composição da matéria. Empregando uma série de conceitos teóricos que
aliados à prática permite encontrar respostas sobre a composição química de materiais,
de um modo geral.
Atendendo meramente a uma classificação de ordem didática, pode-se
classificar a Química Analítica em Qualitativa e Quantitativa, sendo que, em ambos os
casos, uma série de técnicas, métodos e instrumentação são requeridos para resposta a
uma questão básica: o que e quanto se tem de uma determinada espécie em uma
amostra.
As amostras empregadas em análise química são materiais ligados às mais
diferentes atividades humanas, desde Ambiente, Agricultura, Biologia, Engenharia,
Geologia, Medicina, entre outras, que requerem uma verificação sobre sua natureza e
quantidade de determinadas espécies em amostras (dos materiais), para a solução de
seus problemas específicos em rotinas ou na pesquisa.
Com o aumento dos
conhecimentos tecnológicos, cresce a cada
PSICOLOGIA
dia a habilidade do ser humano em
NEUROLOGIA ASTRONOMIA
transformar a matéria (sintetizando e
formulando novos materiais). Tais aspectos
MEDICINA ELETRÔNICA
de evolução tecnológica exigem maiores
METALURGIA
FISIOLOGIA
E GEOLOGIA
conhecimentos sobre as propriedades de
E NEUROLOGIA
novos materiais. Assim, aumenta de modo
QUÍMICA significativo a importância e a demanda de
BIOLOGIA FÍSICA
ANÁLISE novos métodos analíticos. É tão relevante a
QUÍMICA
posição da Química e da Análise Química
FARMACOLOGIA ARQUEOLOGIA E que se pode considerar uma posição central
E TOXICOLOGIA HISTÓRIA dentro das atividades humanas, com
AGRICULTURA ENGENHARIA destaque, como ilustra a Figura 1
CIÊNCIA CIÊNCIAS
DE DO
ECONOMIA AMBIENTE
FIGURA 1. ILUSTRAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA
ALIMENTOS ANÁLISE QUÍMICA NO CONTEXTO DAS
ATIVIDADES HUMANAS.

Isto faz com que na dinâmica própria das necessidades tecnológicas, a


instrumentação e técnicas se modernizem constantemente, com modificações rápidas e
profundas em laboratórios e procedimentos analíticos. Porém, aspectos teóricos e
princípios básicos se modificam muito pouco, muito lentamente, permanecendo à
2

disposição como ferramentas importantes, indispensáveis para a prática analítica, seja


qualitativa ou quantitativa.
A Química Analítica tem por objetivo a Análise Química. Operacionalmente,
representa-se a análise em termos de uma série de etapas descritas pela Figura 2. Toda
análise química tem por base um sinal analítico que pode ser instrumental ou não
instrumental.
Este texto tem objetivos bem definidos em termos de uma abordagem
clássica dos princípios e dessa teoria abrangente da Química Analítica, tendo como base
o desenvolvimento de técnicas e procedimentos. Dá-se ênfase aspectos relacionados
com os fundamentos ligados ao sinal analítico adequado seja de técnicas não
instrumentais, seja preparando dando subsídios para o conhecimentos teóricos
específicos de Análise Instrumental.

ANÁLISE
QUÍMICA FIGURA 2. ILUSTRAÇÃO DO CONCEITO
AMOSTRA
OPERACIONAL DE ANÁLISE

1. HISTÓRICO PRÉVIO
QUÍMICA (A) ANÁLISE NÃO
2. AMOSTRAGEM
3. DISSOLUÇÃO INSTRUMENTAL; (B) ANÁLISE
ESPÉCIE DE 4. SEPARAÇÃO
INTERESSE
ANALÍT ICO POR MÉTODOS INSTRUMENTAIS
O QUE ??? QUANTO???
ANÁLISE ANÁLISE
QUALITATIVA QUALITATIVA
ELETROQUÍMICOS E (C) ANÁLISE
A POR MÉTODOS INSTRUMENTAIS
SINAL ANALÍTICO

APARECIMENTO VARIAÇÃO ENVOLVENDO RADIAÇÕES.


DE PRECIPITADO DE
MASSA
VARIAÇÃO VARIAÇÃO
DE DE
VOLUME ACIDEZ
ADSORÇÃO MUDANÇA EVOLUÇÃO
EM UM DE DE
PRECIPITADO COR GAZ

B
SINAL ANALÍTICO

POTENCIAL TEMPO
(E), VOLT (t), seg

DENSIDADE RESISÊNCIA
DE R, OHMS
CORRENTE
CORRENTE (i) A . cm-2 CARGA
(i), AMPÈRES CONDUTÂNCIA (Q) = i x t
(L), SIEMENS COULOMB
FARADAY

C SINAL ANALÍTICO

EMISSÃO
ABSORBÂNCIA DE RADIAÇÃO
E
TRANSMITÂNCIA REFRAÇÃO TURBIDEZ
DE RADIAÇÃO DE RADIAÇÃO

ESPALHAMENTO DIFRAÇÃO FLUORESCÊNCIA


DE RADIAÇÃO DE RADIAÇÃO DE RADIAÇÃO
3

1.2. ELETRÓLITOS E REAÇÕES ELETROLÍTICAS


1.2.1. DISSOCIAÇÃO ELETROLÍTICA
O termo eletrólito está correlacionado com a dissolução de substâncias em
solventes, produzindo uma solução eletroliticamente condutora. Os íons em solução são
responsáveis pela passagem da corrente elétrica através da solução (ou pela condutância
elétrica do meio). Assim, substâncias que se ionizam totalmente são designadas de
eletrólitos fortes. Aquelas que se ionizam muito pouco, são designadas de eletrólitos
fracos. Evidentemente, substâncias moleculares (que não sofrem o processo de
ionização em extensão perceptível), são as não eletrolíticas.
A maior parte dos trabalhos rotineiros em Química Analítica é feitos em meio
aquoso. A água tem particularidades como solvente, sendo caracteristicamente polar.
Assim, uma boa parte das substâncias químicas se dissolvem em água, ou mais que 90
% ou menos que 10 %, sendo bastante útil à classificação dos eletrólitos, em meio
aquoso, em eletrólitos fortes e eletrólitos fracos. Naturalmente, se uma substância tem
características de não eletrólito, ou de eletrólito forte ou fraco, exibe um comportamento
típico em termos de condutância elétrica, como ilustra a Figura 3.

A B C

FIGURA 3. DISSOCIAÇÃO DE ELETRÓLITOS:EVIDÊNCIAS EXPERIMENTAIS DE


CONDUTIVIDADE IÔNICA (A) NÃO DISSOCIÁVEIS; (B) ELETRÓLITOS
POUCO DISSOCIÁVEIS OU FRACOS (C) ELETRÓLITOS FORTES.

É interessante esclarecer que a solubilização de um soluto (sólido, líquido ou


gás) em um solvente é um processo químico não muito simples. Envolvendo interações
soluto-solvente (quebra de ligações químicas, solvatação) e não um simples
4

desaparecimento de fases. Prever a natureza eletrolítica de uma substância e sua


atuação frente a um dado fenômeno químico não é simples, mas, todo químico deve
saber como se pode comportar um eletrólito e aprender a controlar as variáveis do meio
que influenciam o processo de ionização. Esta habilidade permitirá previsões qualitativas
e quantitativas em reações envolvendo eletrólitos fortes ou fracos, o que é uma grande
vantagem.
O primeiro aspecto a ser considerado sobre a dissolução de eletrólitos fortes
ou fracos em água (dissociação provocada pelo solvente) é a formação de átomos ou
grupos de átomos eletricamente carregados, cátions (positivamente carregados) ou
ânions (negativamente carregados). Um íon tem propriedades bastante particulares em
relação ao átomo ou átomos que o constitui. Quimicamente, nada existe de semelhante,
por exemplo, entre o sódio (que decompõe a água) e o íon sódio (que nada faz com a
água). O mesmo se pode dizer do cloreto, que não tem cor ou odor, enquanto o cloro tem
cor amarela esverdeada e odor irritante.
Seja um eletrólito forte ou fraco sua dissolução deve conservar a lei da
eletroneutralidade, ou seja, a soma das cargas positivas e negativas deve ser nula. Os
íons têm carga que dependem do estado de oxidação dos átomos. Assim, os íons exibem
carga unitária (como Cl-, NO3-) ou maior que a unidade (como SO42-, PO43-, Ba2+, Al3+,
4+
Ce ). Usualmente, os íons existem em soluções aquosas como aquo-íons e exibindo
características de espécies coordenadas com a água. É o caso do íon H (H2O)+ ou H3O+,
Al(H2O)33+, Cl(H2O)n-. Por razões didáticas (e de simplicidade), os íons serão
representados sem a água coordenada, exceto o caso do íon hidrônio ou hidroxônio. Por
razões ou implicações teóricas é importante a caracterização do próton aquoso.

1.2.2. AS EXPRESSÕES DE CONCENTRAÇÕES DE ELETRÓLITOS


Em Química Analítica expressam-se relações entre as quantidades de
solutos e solventes, por meio dos parâmetros químicos designados de concentrações. As
soluções são preparadas a partir da adição de uma certa massa de um eletrólito. A
concentração analítica exprime relações entre quantidade de soluto e quantidade de
solvente. A IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada) é uma entidade
internacional que normaliza a nomenclatura adotada na Química. A Figura 4 apresentada
a seguir mostra um esquema geral de expressões de concentrações adotadas
atualmente.
É mais usual em Química Analítica adotar-se a expressão de concentração
MOLARIDADE, que deve acompanhar o número com a expressão (dimensão) Mol.L -1.
Por questões didáticas, quando se designa uma dada concentração “analítica” adota-se
a expressão C (CA Mol.L-1, CB Mol.L-1...), quando se refere à concentração de um ácido
fraco ou de uma base fraca. Quando se designa uma dada concentração “analítica” de
um ácido forte ou de uma base forte, adota-se a expressão a Mol.L-1 e b Mol.L-1. A
expressão entre parêntesis [Aa-] Mol.L-1, [Bb+] Mol.L-1 e [BmAn] Mol.L-1 adota-se para
espécies dissociadas e não dissociadas, em equilíbrio. Faz-se distinção entre
concentrações de equilíbrio e concentrações analíticas, sendo útil essa distinção
quando ao lado da Lei da Conservação das Cargas, se estabelece a Lei da Conservação
das Massas. Assim, CHA Mol.L-1 refere-se à concentração analítica de um ácido
5

monobásico fraco. [A-] Mol.L-1 refere-se à concentração de equilíbrio dos ânions do ácido
fraco pouco dissociado, [HA] Mol.L-1 refere-se à concentração de equilíbrio do ácido fraco
também não muito dissociado, ou que na prática (expressão numérica) mantém-se não
dissociado.

FIGURA 4. CONCENTRAÇÕES IÔNICAS EM SOLUÇÃO ACEITAS PELA IUPAC.

Em Titulação em Massa empregam-


É importante lembrar que não se se soluções com a expressão de concentração
utilizam mais expressões de Moles de Soluto por Quilograma da Solução. Na
expressão em Moles por Litro, uma variação da
concentração em Equivalente
temperatura provoca a contração ou expansão do
Grama por Litro (Normalidade), volume alterando-se a concentração do soluto.
em Métodos de Titulação, por Assim, Moles de Soluto por Quilograma da Solução
recomendação da IUPAC. independe da temperatura, tendo sempre um valor
constante, enquanto que em Moles por Litro, em dia
quente, a solução é mais diluída que em dia frio. Em alguns tipos de reações envolvendo
equilíbrios sólido-líquido, é
melhor se expressar as Na Química, muitas vezes, utilizam-se
concentrações em Molalidade. expressões iguais para fenômenos diferentes. É
Outros tipos de equilíbrio interessante distinguir a reversibilidade química
requerem o uso de frações da reversibilidade eletroquímica.
molares.
6

1.2.3. O PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO DINÂMICO ENVOVENDO DISSOCIAÇÃO


ELETROLÍTICA
Muitas reações químicas Reversibilidade Química indica apenas
ocorrem com extensão pouco que a reação pode Ter seu equilíbrio
apreciáveis. Não evoluem até o final, e
se estabelece um estado de equilíbrio, deslocado para a direção oposta, por
com reversibilidade. Dinamicamente, efeitos de eletrólitos. Dizer que ocorre
os produtos da reação reagem um uma ração reversível, em processos de
com o outro para formar a substância eletrodo significa que a reação é rápida.
original (reagente), ou os reagentes
entre si para formar os produtos. Ocorre aí um caso de reversibilidade química. Deve-se
caracterizar muito bem este estado dinâmico de equilíbrio, correlacionando efeitos
eletrolíticos envolvidos neste estado.
Reações genéricas, representadas pelos equilíbrios reversíveis:

nAa- + mBb+ pCc+ + qDd+


(1.1)

nAa- + mBb+ BmAn


(1.2)

...são bons exemplos de


sistemas químicos em que
estão implícitos os efeitos do
estado de equilíbrio. Tenta- [Bb+] [ Aa-]
se mostrar a evolução dos
sistemas, em termos de
aumento da concentração de
uma espécie com
deslocamento contínuo para
os produtos ou reagentes do [ Aa-]
sentido em que se processa [Bb+]
a reação, o que caracteriza
sua dinâmica. A Figura 5
ilustra o modelo do estado
de equilíbrio químico nAa- + mBb+ BmAn
dinâmico, análogo ao de
uma gangorra. Este modelo
é análogo para reações FIGURA 5. ILUSTRAÇÃO DO CONCEITO DE EQUILÍBRIO E
químicas em equilíbrio. SEU DESLOCAMENTO.
7

Um bom exemplo de deslocamentos de equilíbrio é o que se observa na


reação a seguir:

ZnSO4 + H2S Zn S + H2 SO4 (1.3)

No início, todo processo químico como este ocorre com uma velocidade
grande devido à elevada concentração dos reagentes. Como a concentração dos
produtos é pequena, a reação reversa ocorre em pouca extensão, comparativamente à
formação dos produtos. A velocidade da reação vai diminuindo com a diminuição da
concentração dos reagentes. Ao mesmo tempo, ocorre um aumento na velocidade da
reação no sentido dos reagentes, pelo aumento da concentração dos produtos.
Estabelece-se finalmente um equilíbrio dinâmico, em que para cada ZnS formado, ocorre
no sentido inverso e com a mesma velocidade, a formação de um ZnSO 4. É evidente que,
no estado de equilíbrio, as proporções em massa dos participantes permanecem em
equilíbrio.
Neste ponto, deve-se ressaltar que em um estudo tendo como foco uma
reação química, existem duas grandes abordagens: (1) sua viabilidade termodinâmica; e
(2) sua viabilidade cinética. Na abordagem termodinâmica estão implícitos apenas os
aspectos energéticos. Na abordagem cinética considera-se a variável tempo. Nunca se
pode misturar essas duas coisas. As duas grandes abordagens nunca se misturam,
conceitualmente, exceto quando no estudo da situação de equilíbrio, especificamente,
nas considerações do estado dinâmico com velocidades iguais de transformações de
produtos em reagentes e reagentes em produtos. Os estados de equilíbrio são tratados
por meio de cálculos de funções de estado (inicial e final). Correlacionam-se parâmetros e
variáveis exclusivas e de competência da Termodinâmica: Variação de Energia Livre,
Variação de Entalpia, Variação de Entropia, Constantes de Equilíbrio, Variações de
Potencial Redox, entre outros parâmetros ou variáveis. Na Cinética avaliam-se as
transformações em função do tempo, tratando de Energia do Complexo Ativado,
Catalisadores, Inibidores, Estado de Agregação, entre outras variáveis ou parâmetros.
Tomando-se o caso genérico da Equação 1.1 a expressão mais relevante,
que expressa o “estado de equilíbrio", é dada por: c- p d+ q
[C ] [D ]
nAa- + mBb+ pCc+ + qDd+ KE =
[Aa-] n [Bb+]m (1.4)
(1.1)
A Equação (1.4) é a expressão da LEI DA AÇÃO DAS MASSAS,
estabelecida em 1864 por KATO MAX GULDBERG e PETER WAAGE, dois cientistas
noruegueses, que para um caso de equilíbrio de eletrólitos em solventes estabelece o
seguinte:

“...a constante de equilíbrio (KE) é o produto das concentrações (Mol.L-1) dos produtos
da reação dividido pelo produto das concentrações (Mol.L-1) dos reagentes sendo que
cada concentração iônica tem como potência o número que expressa as relações
molares da reação (coeficientes estequiométricos) da reação balanceada, quando a
situação dinâmica de equilíbrio é estabelecida para o sistema considerado”.
8

Para o caso da reação mostrada como exemplo:


[Zn S][ H2 SO4]
ZnSO4 + H2S Zn S + H2 SO4 1.3 KEQ =
[ZnSO4][H2S]
(1.5)
A constante de Equilíbrio exprime uma função de estado, ou seja, relação
entre concentrações dos produtos em relação à concentração dos reagentes. É constante
para uma dada condição preestabelecida. Explicam-se pela sua equação, as possíveis
alterações de concentrações pela adição de reagentes ou produtos, após ser atingido o
estado de equilíbrio.
Uma outra característica do equilíbrio é que se estabelece ou se restabelece
tanto pelos produtos como pelos reagentes. Assim, se forem adicionados após o
equilíbrio, por exemplo, H2SO4 ou ZnS, a reação tenderá a modificar a concentração
adicional, até que seja restabelecida a condição de equilíbrio. Portanto, alteram-se as
concentrações dos reagentes, ZnSO4 e H2S, aumentando seus valores para que a
constante de equilíbrio tenha o mesmo valor. Explicam-se assim os efeitos de
deslocamento de equilíbrio, muito utilizados na Química Analítica.
A LEI DA AÇÃO DAS MASSAS é uma das mais importantes generalizações
da Química. É universalmente aplicada a diferentes situações de equilíbrio químico, como
por exemplo, em uma precipitação:
BmAn(s) n Aa- + m Bb+ (1.6)
Para esta Reação, sendo a concentração de um sólido uma constante,
cancela-se o termo no denominador e se obtém:

KEQ = [Aa-]n [Bb+]m  KEQ x [BmAn(s)] = KPS = [Aa-]n [Bb+]m


[BmAn(s)] (1.7)
O Produto de Solubilidade (KPS) é uma constante de equilíbrio ligada ao
parâmetro solubilidade. Inclui no expoente das concentrações iônicas de equilíbrio, os
termos “coeficientes estequiométricos” m e n da reação de precipitação. É uma barreira
de solubilidade estabelecida por um produto de concentrações iônicas de equilíbrio sólido-
líquido. Portanto, tem uma dimensão que depende dos expoentes m e n. Tal fato não
permite a utilização do KPS para se estimar se um dado precipitado é mais ou menos
solúvel que outro, quando a equação da precipitação tiver uma assimetria dimensional. Só
se pode inferir se um precipitado é mais ou menos solúvel, se a reação de precipitação
tiver m e n iguais. É o caso dos precipitados:
BaSO4 1 Ba++(Aq) + 1 SO4=(Aq) (1.8)
KPS = [Ba++][ SO4=] = 1,0 x10-10 (Mol.L-1)2 (1.9)
AgCl Cl-(Aq) + Ag+(Aq.) (1.10)
Nestas reações os coeficientes estequiométricos são unitários. Assim, é
possível se afirmar que ambos têm a mesma solubilidade.
Para uma outra situação, com estequiometria m =2 e n = 1.
9

Ag2CrO4 Cr-O4 2- (Aq) + 2Ag+(Aq.) (1.11)

KPS = [Cr-O42-(Aq)][Ag+(Aq.)]2 = 1,1 x 10-12 (Mol.L-1)3 (1.12)

Como os coeficientes estequiométricos são diferentes, não é possível se


afirmar que o Ag2CrO4 é mais ou menos solúvel que o AgCl somente pelos valores dos
KPS. Não há simetria dimensional. Assim, deve ser calculada a solubilidade molar das
espécies pelo KPS, podendo-se assim se levar em conta o parâmetro estequiométrico.
Do mesmo, a Lei da Ação das Massas modo se aplica a todos os outros
tipos de equilíbrios iônicos, tais como, ácido-base, óxi-redução, complexação ou em
separação de fases.
Uma das importantes aplicações é caso da autoprotonação do solvente
água, muito relevante para o entendimento da Química Ácido Base e Equilíbrios de
Neutralização:

2 H2O H3O +(Aq.) + OH-(Aq.) (1.13)

A Lei da Ação das Massas aplicada ao sistema resulta em:

K(eq) = [H3O +(Aq.)] [OH-]


[H2O] (1.14)

Sendo constante a concentração de uma substância pura, K (eq) x [H2O] = KW,


resultando daí o chamado “Produto Iônico da Água”, que a 25 oC é dado por:
KW = [H3O +(Aq.)] [OH-(Aq.)] = [H3O+(Aq.)] [OH-(Aq.)] = 1,0 x 10-14 (Mol.L-2) 2 (1.15)
Deve-se ressaltar que a partícula caracteristicamente ácida (íon
Hidrônio ou Hidroxônio) nada mais é que o próton aquoso (hidrogênio ionizado aquoso),
que é o cátion do solvente água e, também, que a partícula tipicamente alcalina é o OH -
(Aq.), hidroxila aquosa, que é o ânion do solvente água.
Tomando-se como outro exemplo, um ácido monobásico fraco genérico HA,
sua dissociação em água pode ser assim representada:

HA + H2O H3O+(Aq.) + A-(Aq.) (1.16)

Esta dissociação pode ser representada de modo mais simplificado, como:

HA H+(Aq.) + A-(Aq.) (1.17)


O ácido fraco dissocia-se muito pouco enquanto a dissociação de um
ácido forte é total. Com o ácido fraco, esta dissociação é parcial e, geralmente, de pouca
extensão.
10

O termo “monobásico” decorre da formação de uma só base (A-),


conjugada ao ácido fraco HA no
equilíbrio.  K(eq) = [H (Aq.)] [A (Aq.)]
+ - Quando se dissolve um
ácido monobásico fraco HA em
[H2O] [HA] (1.18)
água, grande parte da quantidade de
ácido colocada em solução permanecerá não dissociada. Apenas uma pequena fração
fica na forma iônica. No equilíbrio, a relação entre as concentrações das formas
dissociadas e não dissociadas representa-se pela aplicação da Lei da Ação das Massas
ou Lei de GULDBERG & WAAGE aplicada à Reação de dissociação. Define-se uma
Constante de Equilíbrio representada por:

Do mesmo modo que para água pura e pelos motivos já explicados define-
se uma constante para o ácido fraco HA, como:
 KA = [H+(Aq.)] [A-(Aq.)]
[HA] (1.19)

O valor numérico desta constante é a medida da capacidade que um ácido


HA fraco tem de doar prótons em meio aquoso. Do ponto de vista termodinâmico
representa, a “força ácida” do eletrólito fraco HÁ.
Um exemplo de ácido fraco é o ácido tricloroacético (CCl3 -COOH):
CCl3 -COOH CCl3 -COO- + H+(Aq.) (1.20)
+ - -3 -1
KA = [H (Aq.)] [CCl3 -COO (Aq.)] = 1,35 x 10 Mol.L
[H CCl3 -COO] (1.21)

Para o caso do ácido clorídrico (que é um ácido forte), sua dissociação é


dada por:
HCl H+(Aq.) + Cl-(Aq.) (1.22)

Neste caso sua constante de dissociação, ou seja:


KA = [H+(Aq.)] [Cl-(Aq.)] = 
[HCl] (1.23)
Para eletrólitos fortes como o HCl, sua dissociação é completa e não tem
sentido falar em constante de dissociação. Este parâmetro só se aplica para cálculos
envolvendo eletrólitos fracos. Neste caso, CA = [H+(Aq.)] = [Cl-(Aq.)].
Do mesmo modo que ácidos fracos sofrem dissociação em água, bases
fracas também podem se dissociar.
H2O + B OH-(Aq.) + BH+(Aq.) (1.24) K(eq) = [BH+ (Aq). ) ] [OH- (Aq. )]
[H2O] [B] (1.25)
Também se define a constante para a base fraca B, como:
11

KB = [BH+ (Aq.) ] [OH- (Aq.)]


[B] (1.26)
Exemplo de base fraca é a amônia aquosa:
NH3 + H2O NH4+(Aq.) + OH-(Aq.) (1.27)
+ - -5 -1
KB = [N4H (Aq. ) ] [OH (Aq. )] =1,8 x 10 Mol.L
[NH3] (1.28)
Para o caso de uma base forte, como NaOH, sua dissociação é completa:

NaOH OH-(Aq.) + Na+(Aq.) (1.29)


Como no caso do ácido forte:

KB = [Na+(Aq.) ] [OH- (Aq. )] = 


[NaOH] (1.30)

Também neste caso, CB = [OH- (Aq.)] = [Na+(Aq. ) ]


Assim, para cada caso em particular, tem-se uma expressão da Lei da Ação
das Massas.
12

1.2.4. FORÇA ELETROLÍTICA E GRAU DE DISSOCIAÇÃO DE ELETRÓLITOS

As noções de equilíbrio estabelecem relações quantitativas entre espécies


dissociadas. Como foi estabelecido, há eletrólitos fortes e fracos, dependendo da
extensão da dissociação da espécie considerada.
Eletrólitos fortes, quando dissolvidos em água, dissociam-se totalmente em
íons. Por outro lado, eletrólitos fracos, quando dissolvidos em água, dissociam-se, apenas
parcialmente, permanecendo em solução boa parte na forma molecular (não iônica).
Assim, uma solução de um eletrólito fraco, contém espécies iônicas e espécies não
dissociadas. Por exemplo, em uma solução do “ácido sulfuroso” 0,0500 MolL-1 em H2SO3
estabelece-se uma relação 80/20, ou seja, 80,0 % na forma não dissociada e 20,0% na
forma dissociada em íons.
O Grau de Dissociação Eletrolítica (expresso pela letra grega ) é definido
como a razão entre a concentração das moléculas dissociadas e a concentração total em
solução (também designada de Concentração Analítica, C MolL -1 do eletrólito).
Genericamente, o Grau de Dissociação, é a medida da fração do número total de
moléculas do soluto colocado em solução que se dissocia em íons. Há várias formas de
se expressar o  .

 = Grau de Dissociação = Concentração da parte dissociável do Eletrólito


Concentração total do Eletrólito em solução
(1.31)

 = Grau de Dissociação = Concentração das moléculas dissociada em íons


Concentração
do Eletrólito total das moléculas em solução
(1.32)

 = Grau de Dissociação = Número de moles das moléculas dissociada em íons


Número de moles total de moléculas em solução
Eletrólito
(1.33)
-1
Assim, para o caso do exemplo dado, de solução 0,0500 MolL de H2SO3, o
cálculo de  é feito do seguinte modo:
 = Grau de Dissociação = 0,0100   = 0,2
0,0500 (1.34)
Portanto, o Grau de Dissociação é uma fração que pode variar de zero
(todas a molécula não dissociada) a unidade (todas as moléculas dissociadas). Pode ser
expresso porcentualmente, de acordo com:
13

% de Dissociação = 0,0100 x 100  % de Dissociação = 20 % =  x 100 (1.35)


0,0500  = % de Dissociação
100 (1.36)
 C x =MolL = Número de Moles por Litro das espécies dissociados
-1
(1.37)

Para o caso do eletrólito fraco ácido acético ao se estabelecer que em uma


solução 0,1000 MolL-1 ocorre uma dissociação de apenas 1,3 %, significa que seu
coeficiente de dissociação () é 0,013. Assim, para a solução 0,1000 MolL-1, o número de
moles de ácido acético dissociado por litro será dado por 0,1000 x 0,013 = 0,0013 MolL -1.
Este termo expressa a concentração iônica:
 C x  = MolL-1 = [H3O+] =[CH3 -COO-] (1.37A)

Assim, de um modo geral, a força de um eletrólito é dada pelo valor de seu


grau de dissociação. Também, é possível estabelecer uma correlação entre a Constante
de Equilíbrio e o Grau de Dissociação de eletrólitos que participam de uma reação.
Tomando-se o caso do ácido acético:

CH3COOH + H2O CH3COO- + H3O+


KA = [H+(Aq.)] [CH3 -COO -(Aq.)] = 1,78 x 10-5 Mol.L-1
[H CH3 -COO] (1.38)

Como foi visto para este caso, CA é a concentração analítica do ácido


Acético. As concentrações de equilíbrio de íons e de moléculas podem ser calculadas a
partir de equações envolvendo o Grau de Dissociação, Concentrações Analíticas e
Concentrações de Equilíbrio iônicas e moleculares:
CA  = Concentração em MolL-1 das espécies dissociadas.
Assim: [H+(Aq.)] = [CH3 -COO -(Aq.)] = CA   (CA -CA ) = [H CH3 -COO] (1.39)

KA = [H+(Aq.)] [CH3 -COO -(Aq.)] . KA = (CA ) x (CA )


[H CH3 -COO] (CA -CA ) (1.41)
1.40)
Resolvendo-se esta expressão em termos de , e fatorando-se no
denominador
:  KA = CA 2
(1 - ) (1.42)

Esta expressão (1.42), correlaciona a constante de Equilíbrio com o Grau de


Dissociação de eletrólitos, KA = {CA 2/(1 -). Representa a Equação da LEI DA
DILUIÇÃO DE OSTWALD, pois sendo KA uma constante para uma dada temperatura
14

também mantida constante, o Grau de Dissociação diminui com o aumento da


concentração analítica.
Para eletrólitos extremamente fracos,   0. Assim, (1 -)  1 e:

KA = CA 2   2 = KA 
(1.43) CA (1.44)

 = KA
CA (1.45)
Esta última expressão (1.45) é uma simplificação da Equação de
OSTWWALD, mostrando claramente que para situações de diluição infinita (CA  0), o
Grau de dissociação tende ao valor máximo (  1).
Ao se considerar a força de eletrólitos como uma característica associada ao
deslocamento de equilíbrio iônico, o caso de sólidos iônicos pouco solúveis merece um
comentário à parte. Os precipitados estão em equilíbrio com a solução sendo que, há
muito pouco de dissolução como íons. Esta é uma característica de equilíbrio
heterogêneo, do tipo sólido-líquido. Como há uma concentração muito baixa de íons em
solução, o comportamento do sólido iônico é análogo ao de moléculas não dissociadas,
exceto que há apenas íons em solução não havendo moléculas dissolvidas. Há casos em
que coexistem formas iônicas da dissociação do sólido pouco solúvel (precipitados), com
pares iônicos solúveis, mas, não dissociados (ou solúveis molecularmente). Estes casos
são interessantes do ponto de vista analítico, explicando por que um sal de mercúrio,
HgCl2 pode exibir uma baixíssima solubilidade iônica, mas uma elevada solubilidade
molecular. Há outros exemplos de íons complexos estáveis que formam precipitados com
essa mesma característica. A concentração em MolL -1 das espécies solúveis não
ionicamente é a solubilidade intrínseca de precipitados (S0).
15

1.2.5. FATORES QUE CONDICIONAM A FORÇA ELETROLÍTICA E GRAU DE


DISSOCIAÇÃO DE ELETRÓLITOS
O Coeficiente de dissociação ou Grau de Dissociação de eletrólitos,
depende das condições do meio iônico. Portanto, a extensão em que um eletrólito se
dissocia depende de fatores tais como:
(1) Temperatura - Uma variação de temperatura altera o Grau de Dissociação de
Eletrólitos. Certos eletrólitos são mais solúveis e, portanto, mais dissociáveis
com o aumento da temperatura. Há eletrólitos que, com o aumento da
temperatura diminuem o Grau de Dissociação.
(2) Concentração - O Grau de Dissociação de um eletrólito depende das
concentrações em solução aquosa. Há influências exercidas sobre as cargas
iônicas, que quanto maior for a concentração, maior o efeito. Assim, o Grau
de Dissociação aumenta com aumento da concentração analítica dos
eletrólitos. Vale o inverso, diminuindo-se a concentração, aumenta-se o grau
de dissociação. Em condições de diluição infinita, o grau de dissociação de
um eletrólito tende à unidade, ou seja, a ionização é completa (LEI DE
DILUIÇÃO DE OSTWALD).

(3) Efeito do Íon Comum – O Grau de Dissociação depende da presença de um


eletrólito que tenha o mesmo íon (cátion ou ânion). A extensão da dissociação
é reprimida pelo íon comum e quanto maior for sua concentração maior será o
efeito inibidor da dissociação eletrolítica. O efeito do íon comum explica
muitos fenômenos associados à Química Analítica, sendo bastante importante
em controle de acidez e de precipitação de íons. São exemplos de efeito de
íon comum, a dissociação do ácido acético em meio de acetato de sódio, da
dissolução de oxalato de cálcio em meio de oxalato de sódio, de cloreto de
sódio em meio de ácido clorídrico, entre outros. Quando se prepara uma
solução com eletrólitos que tenham íons comuns, mas, tendo o mesmo Grau
de Dissociação e a mesma concentração em MolL-1, o Grau de Dissociação
de cada eletrólito se mantém constante.
(4) Acidez - Se um ácido fraco é adicionado a um meio eletrolítico contendo um
ácido forte, íons H3O+ do meio, provocam a inibição da dissociação do
eletrólito fraco. Isto ocorre mesmo em baixas concentrações. Se a
concentração de íons H3O+ for muito elevada poderá ocorrer a inibição total
da dissociação do eletrólito fraco. É um tipo de efeito do íon comum. Do
mesmo modo, se um sal de um ácido fraco é adicionado a uma solução de
um ácido fraco, o grau de dissociação é reprimido pela ação do íon comum.
Os efeitos estão todos ligados à acidez do meio iônico. Se à uma solução
0,1000 MolL-1 de ácido acético ( = 0,013 ou % de dissociação = 1,3) for
adicionado uma solução de acetato de sódio também 0,1000 MolL-1 ( = 1,0
ou % de dissociação = 100), ocorrerá um deslocamento do equilíbrio de tal
modo que se formará mais ácido acético. Este deslocamento de equilíbrio
16

depende da concentração do acetato de sódio. O fenômeno químico pode ser


representado por:

CH3COOH + H2O CH3COO- + H3O+


CH3COONa CH3COO- + Na+ (1.46)

Do mesmo modo, a dissociação de uma base fraca é reprimida, parcial ou


totalmente, pela adição de uma base forte. Também se explica o caso de inibição
de dissociação de uma base fraca pela ação de um sal de base fraca com ácido
forte, como o caso representado a seguir.

NH3 + H2O NH4+ + OH-


NH4Cl NH4+ + Cl- (1.47)

Em termos de força de eletrólitos, a Tabela 1, a seguir, dá uma boa idéia do


comportamento dos sais, ácidos e bases.

Tabela 1: Generalização como regra geral sobre força de eletrólitos

ELETROLITOS REGRA GERAL EXCESSÕES

ÁCIDOS “Todos os ÁCIDOS Hidrácidos : HCl, HBr e HI e


são FRACOS” Oxiácidos, tais como H2SO4,
HNO3, HClO4, HIO4, HClO3,
HIO3, HBrO3.
BASES “Todas as BASES Bases dos Metais Alcalinos e
são FRACAS” Alcalinos Terrosos

SAIS “Todos os SAIS Cloreto Mercúrico: HgCl2.


são FORTES”

Mais simplificadamente, englobando-se os tipos de equilíbrio de


Neutralização, de Precipitação e de Complexação em um conjunto de reações
estabelecidas como Reações de Combinação Diretas, distingue-se, na verdade, apenas
dois tipos de reações e de equilíbrios: Reações de Combinação Diretas e reações de Óxi-
Redução.
17

Para o conjunto de Reações de Combinação Direta, vale uma regra geral


importante:

“Reações iônicas sempre se processam no sentido de tornar menor o


número de íons livres em solução”. Assim, como regra geral, uma reação
terá seu equilíbrio deslocado para a formação dos produtos, sempre que
um eletrólito fraco ou pouco dissociado se formar.

Essa generalização é importante, pois, conhecendo-se sobre a natureza


eletrolítica das espécies, é possível prever sobre a natureza do equilíbrio envolvido.
Um caso bem simples é o da neutralização de ácidos ou bases fortes com
eletrólitos também fortes. Tem significado, apenas, as interações entre os íons H 3O+ e
OH-.
H3O+ + OH- 2 H2O (1.48)

Como foi visto, a autoprotonação do solvente água:


2 H2O H3O +(Aq.) + OH-(Aq.) (1.13)

...é o inverso da formação da água. A Lei da Ação das Massas aplicada ao sistema
resulta no “Produto Iônico da Água, que a 25 oC é dado por:

KW = [H3O +(Aq.)] [OH-(Aq.)] = [H3O+(Aq.)] [OH-(Aq.)] = 1,0 x 10-14 (Mol.L-2) 2 (1.15)

A reação inversa tem, portanto, uma constante de equilíbrio dada por:

KE = 1/ KW =1/ 1,0 x 10-14 1,0 x 1014(Mol.L-2) –2 (1.49)

Assim, o elevado valor da constante de formação da água justifica


teoricamente, do ponto de vista termodinâmico, a regra geral estabelecida de que os
equilíbrios tendem a se deslocar no sentido de diminuir a concentração de íons livres em
solução. É o que ocorre em toda reação de neutralização.
Um bom exemplo é quando uma base fraca é neutralizada por um ácido
forte, ou um ácido fraco é neutralizado por uma base forte:

NH4OH + HCl NH4 Cl + H2O CH3 -COOH + NaOH CH3 -COONa + H2O

(1. 50) (1.51)

Nos dois casos o equilíbrio é totalmente favorável devido à formação do


eletrólito fraco água, pois ocorrerá uma diminuição da concentração de íons livres na
solução.
18

O mesmo ocorre quando sais de ácidos fracos com base forte ou sais de
base fraca com ácido forte sofrem reações com ácidos fortes ou bases fortes. Como o
caso do ácido clorídrico reagindo com o acetato de sódio e o hidróxido de sódio com o
cloreto de amônia:

CH3COONa + HCl CH3COO H + NaCl


CH3COONa CH3COO- + Na+
HCl H+ + Cl-
CH3COO-+ H+ CH3COO H (1.52)

NH4Cl + NaOH NH4 OH + Na Cl


NH4Cl NH4 + Cl-
+

NaOH Na+ + OH-


NH4+ + OH- NH4 OH (1.53)

As reações ocorrem devido ao deslocamento de equilíbrio favorável no


sentido de formar ou ácido acético ou o hidróxido de amônia. Estas espécies são pouco
dissociáveis formando-se a partir dos sais acetato de sódio ou cloreto de amônia,
totalmente dissociados. Com isto, ocorre apreciável diminuição da quantidade de íons
livres em solução. Justifica-se então o deslocamento do equilíbrio

Outro caso é a da formação de um precipitado, ou da transformação de um


precipitado em outro:

CaCl2 + Na2C2O4 CaC2O4 + 2NaCl CaSO4 +Na2C2O4 CaC2O4 + Na2SO4

(1.54) (1.55)
O equilíbrio se desloca no sentido da formação do sal pouco solúvel (e
pouco dissociado), oxalato de cálcio. No caso da transformação do sulfato de cálcio em
oxalato de cálcio, o deslocamento ocorre devido à formação de um eletrólito muito menos
dissociável. Embora em ambos os casos (sulfato de cálcio e oxalato de cálcio) sejam
pouco solúveis, o que realmente explica as transformações é a regra que estabelece a
diminuição da concentração de íons livres em solução.
Assim, juntando-se os dois casos de reações, ácido-base e precipitação
pode-se tirar uma generalização aplicável a estes tipos de deslocamentos de equilíbrio:

“Em meio aquoso, as reações ocorrem no sentido de formar água, ácidos fracos,
bases fracas ou sais pouco solúveis (precipitados)”.
19

Um exemplo interessante é o da dissolução do AgCl em meio de cianeto:


AgCl + 2CN- [Ag(CN)2Cl (1.56)

Ocorre a dissolução devido à formação do complexo que se dissocia muito


pouco, pois a constante de formação do íon Ag(CN) 2+ é muito grande e assim sendo, o
cianeto, mesmo sendo um ânion de ácido fraco desloca o cloreto do cloreto de prata.
Reações envolvendo íons complexos, são bastante utilizadas em Química
Analítica. Quando um íon complexo se forma a partir de ligantes polidentados, como o
caso do EDTA, a reação é totalmente deslocada no sentido da formação do íon quelato:
O Ácido Etilenodiaminatetracético (EDTA = H4Y), é um ácido fraco, com
grupos Carboxílicos e Amínicos:
K1 = 1, 0
O K2 = 3,2 x 10-2
C K3 = 1,0 x 10-2
K4 = 6,0 x 10-5
OH
Carboxílicos
K5 = 7,8 x 10-7
K6 = 2,24 x 10-12 ,
N

Amínicos

Suafórmula estrutural está representada na Figura 6.


O EDTA é comercializado como sal sódico: Na2H2Y, sendo um dos
principais agentes quelantes existentes.
Equilíbrios de formação de complexos, resultam em estruturas altamente
favorecidas termodinamicamente em soluções aquosas, em reações de complexação,
como mostra a Figura 6, que como o caso de Ni(II) em uma solução preparada saturando-
se uma solução de Ni(II) com solução de EDTA. A mistura é feita em meio pH 3,0. Os
dados sugerem uma constante de equilíbrio, K MY = 4,2 x 1018, indicando a elevada
estabilidade do complexo aquoso formado:
++ = +
Ni + H2Y Ni Y + 2 H (Aq.) (1.57)
+ 2
KMY = [NI Y] [H (AQ.)] = 4,2 x 1018
++ =
[Ni ][ H2Y ] (1.58)

A constante de dissociação é o inverso da constante de em./m,stabilidade,


ou seja: 1/KMY, reforçando todas as considerações sobre o deslocamento de equilíbrio já
comentadas anteriormente.
20

O
OH H2 C C

C H2 C N OH

O CH2
=N
CH2
O =O
HO N H2C C =C
C CH2 OH =H
O

Figura 6. Representação estrutural do EDTA, como ‘ligante polidentado e o modelo das


“garras” (do Grego: ”KELE”), para a formação de quelatos.
21

O estado de equilíbrio é
também atingido em reações de óxido-
redução, típicas de processos em que ocorre
a transferência de cargas (elétrons) de um
redutor para um oxidante como ilustra a
Figura 8..
É o caso da reação, muito
semelhante a uma substituição direta, mas
envolve uma transferência de carga:
CuSO4 + Zn ZnSO4 + Cu (1.59)
Diagrama:
Zn/ZnSO4 (xM)// CuSO4 (xM.)/Cu (1.60)

FIGURA 7. ILUSTRAÇÃO DO MODELO DE


“GARRAS” OU DENTES NA
FORMAÇÃO DE COMPLEXOS COM
LIGANTES DO TIPO EDTA.

O que justifica a transferência


de elétrons do zinco para o cobre(II) é o
ganho energético do sistema. O equilíbrio
se desloca no sentido da redução do
cobre(II), com a reação ocorrendo em
ELÉTRONS compartimentos separados. O fenômeno
de transferência de cargas é demostrado
por meio de Células Galvânicas ou
Pilhas, como ilustra a Figura 7, o
IIGALVÂNICA
GALVÂNICA Cobre Diagrama 1.60 e as Semi-Reações, 1. 61 .
Zinco
Zinco
Ponte Salina Semi-Reações e Reação Soma:
++
Zn Zn + 2e- E0 = +0,64 V
++
Cu + 2e- Cu E0 = +0,36 V
++ ++
ZnSO4 CuSO4 Zn + Cu Zn + Cu E0 =+1,10 V
(1.61)
ÂNODO CÁTODO
Zn Zn++ + 2e- Cu + 2e- Cu FIGURA 8. CÉLULA GALVÂNICA DE COBRE E
ZINCO, COM MEIA-CÉLULAS EM
SOLUÇÕES SALINAS SULFATO
22

A diferença de potencial padrão (E0) com sinal positivo é um indicativo da


tendência espontânea do sistema, de acordo com a expressão da Energia Livre, que para
caracterizar sistemas expontâneos, deve ter sinal negativo:
G = H + TS = - RTlnKEQ = - nF E0 (1. 62)
Por exemplo, uma célula galvânica pode ser constituída com um só
compartimento de eletrólito com um eletrodo de zinco (ânodo) imerso numa solução de
ZnSO4. No mesmo compartimento tem-se um eletrodo de chumbo (cátodo) em contato
com PbSO4 (sat.). O sistema pode ser representado pelo diagrama:
Zn/ZnSO4 (xMolL-1), PbSO4 (sat.)/Pb
No diagrama, x pode ser 5,00 x 10-4 Mol.L-1 em ZnSO4. Se os dois eletrodos
forem conectados por meio de um circuito elétrico, haverá a geração de uma corrente
elétrica com uma determinada tensão. Os valores dos Potenciais Padrão (E0) das duas
semi-reações que ocorrem são:
PbSO4 (s) + 2 e- Pb (s) + SO4= E0 = -0,350 V (1.63)
Zn++ + 2 e- Zn E0 = -0,763 V (1.64)
A reação global é uma óxi-redução típica. Conhecer o sentido do
deslocamento do equilíbrio e o efeito da concentração dos eletrólitos requer saber quem
é o redutor e quem é o oxidante.
Preliminarmente, a reação a ser considerada é a soma das duas que se
seguem:
Zn Zn++ + 2 e- (Cátodo)
PbSO4 (s) + 2 e- Pb (s) + SO4=
Zn + PbSO4 (s) Zn++ + Pb (s) (1.65)
O Equilíbrio Redox conduz à formação de chumbo metálico às custas da
dissolução galvânica de zinco metálico.
KEQ = [Zn++] [Pb (s)]
[Zn][ PbSO4 (S)] (1.66)
Esta constante pode ser calculada a partir da diferença de potencial da
célula, dada por E 0 = E0CÁTODO – E0ÂNODO = 0,763 V – (-0,350 V) = 1, 113 V
Pelo E 0, calcula-se o KEQ, sabendo-se que:
log KEQ = nF E 0 = (2/0.0591) x 1, 113 =37,63 
RT (1.67)
KEQ  10 . Prova-se que se tem um fenômeno reversível, com o equilíbrio
38

voltado para os produtos da reação.


Se de um lado, a reação ácido base envolve a transferência do próton
hidratado, na reação Redox ocorre a transferência de elétrons.
Estas noções de equilíbrio serão reforçadas, sistematicamente, ao longo dos
diferentes estudos de extensão dos tipos fundamentais de reações:
23

- Reações de Neutralização,
- Reações de Precipitação,
- Reações de Óxido-Redução e;
- Reações de Complexação.

A seqüência obedece um critério lógico, com os conceitos se distribuindo em


unidades segundo o tipo de reação estudada.

1.3 TEORIAS ÁCIDO-BASE:


EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ÁCIDOS E BASES ELETROLÍTICAS

1.3.1.CONCEITOS ANTIGOS (ASPECTOS HISTÓRICOS)

Houve época em que a Química ainda despontava como uma das ciências
naturais. Era o período da característico da “iatroquímica”, ou da busca de fármacos,
especialmente de plantas, numa fase de transição entre a Química vista mais como
Filosofia do que Ciência.
Nesta fase prevalecia a Teoria de LAVOISIER postulando que todos os
ácidos deveriam ter oxigênio. Decorre daí o nome deste elemento: formador de óxidos.
A existência dos HIDRÁCIDOS, em uma teoria de H. DAVY (1810), reconhecendo a não
existência do óxido muriático, e sim do gás cloro, só foi publicada após vasta consulta
aos “filósofos” químicos eminentes da época. Posteriormente, GAY-LUSSAC, em 1814,
reforça a TEORIA DOS HIDRÁCIDOS, classificando-os como HI, HCl, H2S e HCN e
reconheceu a existência elementar do cloro e iodo, tomados antes como óxi-radicais,
dando origem ao nome ácido muriático, que ainda prevalece até os dias atuais para o
ácido clorídrico.
Essa Teoria do OXIGÊNIO COMO FORMADOR DE ÁCIDOS era defendida
até por BERZÉLIUS, que investigava compostos ainda desconhecidos, entre tantos o
Tiocianato, que em 1820 foi designado de Ródano ou SAL DE RODHAN (daí o nome
Rodanato, ao ânion composto de carbono, enxofre e oxigênio). Ainda em 1621,
24

BERZÉLIUS preparou os sulfetos de metais alcalinos (por redução de sulfatos com


hidrogênio), e os sulfetos de metais alcalinos terrosos (por tratamento com H 2S na fase
pura vapor. Também foi BERZÉLIUS que descobriu os polissulfetos e o fenômeno de
hidrólise destes polissulfetos, dando origem aos chamados sulfossais. Apenas em 1926,
ao descobrir os tiocarbamatos foi que BERZÉLIUS estabeleceu a composição dos então
chamados “álcalis hidrotiônicos”, que foram definitivamente aceitos como
hidrogenossulfetos, sendo então caracterizado o abandono da Teoria DE LAVOISIER.

1.3.2. DEFINIÇÃO DE ARRHENIUS-1887 (SVANTE ARRHENIUS (1859-1927)

A
R Segundo ARRHENIUS, ÁCIDOS SÃO SUBSTÂNCIAS QUE
R
E PROTONS (H+)
1 N
EM MEIO AQUOSO LIBERAM E BASES SÃO
I SUBSTÂNCIAS QUE EM MEIO AQUOSO LIBERAM HIDROXILAS (OH-).
U
S Uma característica desta definição, é que a água participa apenas como
solvente.
Figura 10: Teoria
de ARRHENIUS Exemplos:
H2O H2O
- +
1. HC l Cl +H 2. NaOH Na+ + OH-
(Solvente) (1.68) (Solvente) (1.69)

1.3.3. DEFINIÇÃO DE BRONSTED&LOWRY (J. N. BRONSTED e T.M. LOWRY-


(1923)
Esta definição tem por base a Teoria do Par
Conjugado: ÁCIDOS SÃO SUBSTÂNCIAS QUE DOAM
PRÓTONS OU QUE LIBERAM H+ EM MEIO AQUOSO. A
Teoria de BRONSTED (2) é mais abrangente que a Teoria
de ARRHÊNIUS (1), de acordo com a representação da
Figura 2. A TEORIA DE BRONSTED ENGLOBA A TEORIA
DE ARRHENIUS. TODO ÁCIDO DE ARRHÊNIUS É UM
ÁCIDO DE BRÖNSTED, MAS NÃO VALE O INVERSO, OU
Figura 11: Teorias
de BRÖNSTED e
ARRHÊNIUS
25

SEJA, OS ÁCIDOS DE BRÖNSTED NÃO PODEM SER


ÁCIDOS DE ARRHENIUS.

Nesta Teoria a água ou o solvente, genericamente considerado, é ativo


na reação. Estabelece-se para cada reação, pares de ácidos e bases conjugados,
como ilustram os exemplos genéricos e de autoprotonação de solventes:

H+

HA + H2O H3O+(Aq) + A- (Aq.)


ÁCIDO (1) BASE(2) ÁCIDO (2) BASE (1) (1.70)

H+

B + H2O BH+ +(Aq) + OH- (Aq.)


BASE (1) ÁCIDO (2) ÁCIDO (2) BASE (1) (1.71)

H+

H2O + H2O H3O+(Aq) + OH- (Aq.)


BASE (1) ÁCIDO (2) ÁCIDO (2) BASE (1) (1.72)

H+

NH3 + NH3 NH4+Aq) + NH2- (Aq.)


BASE (1) ÁCIDO (2) ÁCIDO (2) BASE (1) (1.73)

1.3.4. DEFINIÇÃO DE LEWIS (G. N. LEWIS (1923):


A Teoria de LEWIS teve por base a interação envolvendo pares de
elétrons livres, compartilhados por reações de formação de espécies por covalência,
sendo ÁCIDO O ACEPTOR DE PARES DE ELÉTRONS CONJUGADOS E AS
BASES SÃO DOADORAS DE PARES DE ELÉTRONS CONJUGADOS.
26

Adicionalmente, a Teoria de LEWIS engloba a Teoria de BRONSTED


e ARRHÊNIUS. Estas considerações estão representadas na Figura 3, a seguir,
mostrando TODO ÁCIDO DE ARRHÊNIUS É UM ÁCIDO DE LEWIS E TODO
ÁCIDO DE BRÖNSTED É UM ÁCIDO DE LEWIS MAS NÃO VALE O INVERSO, OU
SEJA, OS ÁCIDOS DE LEWIS NÃO PODEM SER ÁCIDOS DE ARRHENIUS OU
DE BRÖNSTED.

Exemplo típico de ácido de LEWIS e da


interação par de elétrons com a base:

..
R3 N + BF3 R3 N BF3
Base de Ácido de
LEWIS LEWIS
(1.74)
Figura 12: Teoria de LEWIS (3), Teoria
de BRONSTED (2) e Teoria
de ARRHÊNIUS (1)

1.3.5. DEFINIÇÃO DE ACORDO COM A TEORIA DO SOLVENTE - H. LUX & H.


FLOOD (1939) & H. LUX (1939), H. FLOOD & T. FORLAND, (1947)
Base de Ácido de
Esta Teoria, tem uma abordagem completamente diferente, focalizando o
solvente com uma espécie importante na definição. ÁCIDO É TODA ESPÉCIE QUE
AUMENTA A CONCENTRAÇÃO DO CÁTION DO SOLVENTE E BASE É TODA
SUBSTÂNCIA QUE AUMENTA A CONCENTRAÇÃO DO ÂNION DO SOLVENTE.
Aplica-se de modo abrangente a ácidos fortes e fracos, solventes de modo geral e,
inclusive, para eletrólitos de sais fundidos, sendo: BASES = DOADORAS DE
ÓXIDOS E ÁCIDOS ACEPTORES DE ÓXIDOS A teoria do solvente engloba as
outras teorias, como ilustra a Figura 5, apresentada a seguir.
27

Figura 13 Teoria do SOLVENTE (4),


Teoria do LEWIS (3), Teoria
de BRONSTED (2) e Teoria
de ARRHÊNIUS(1)

Assim, adicionalmente, ÁCIDOS SÃO ACEPTORES DE PARES DE


ELÉTRONS CONJUGADOS E AS BASES SÃO DOADORAS DE PARES DE
ELÉTRONS CONJUGADOS. Também, ÁCIDOS SÀO SUBSTÂNCIAS QUE EM
QUALQUER MEIO SÃO DOADORES DE PRÓTONS E BASES SÃO
SUBSTÂNCIAS QUE EM QUALQUER MEIO SÃO ACEPTORES DE PRÓTONS e,
também, os ÁCIDOS SÃO AS SUBSTÂNCIAS QUE EM MEIO AQUOSO LIBERAM
PROTONS (H+) E BASES SÃO SUBSTÂNCIAS QUE EM MEIO AQUOSO LIBERAM
HIDROXILAS (OH-). A TEORIA DO SOLVENTE engloba a TEORIA DE LEWIS,
BRÖNSTED E ARRHENIUS. Todos os ÁCIDOS DE ARRHÊNIUS BRÖNSTED OU
LEWIS são também ÁCIDOS DE ACORDO COM A TEORIA DO SOLVENTE, mas
o INVERSO NÃO SE APLICA, ou seja, os ácidos típicos, de acordo com a TEORIA
DO SOLVENTE, não podem ser ÁCIDOS DE LEWIS, BRÖNSTED OU
ARRHENIUS. O mesmo comentário vale para as bases.

1.3.6. DEFINIÇÃO DE USANOVICH (1954)

Em termos de conceituação, para a noção de ácidos e bases, esta é a


mais controvertida, pois tem um caráter abrangente demais.

Inclui como reações ácido-base as REAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA


DE CARGA, típicas de processes envolvendo sistemas REDOX, tais como a ação
de um oxidante sobre um redutor. Assim, SÃO TIPICAMENTE, ÁCIDOS DE
28

USANOVICH, SUBSTÂNCIAS QUE EM UMA REAÇÃO REDOX RECEBEM


ELÉTRONS, DO MESMO MODO, SÃO TIPICAMENTE, BASES DE USANOVICH,
AQUELAS SUBSTÂNCIAS DOADORAS DE ELÉTRONS EM REAÇÕES REDOX.
Adicionalmente, segundo USANOVICH, ÁCIDOS SÃO SUBSTÂNCIAS QUE
AUMENTAM A CONCENTRAÇÃO DO CÁTION DO SOLVENTE, ou que SÃO
ACEPTORES DE PARES DE ELÉTRONS CONJUGADOS, ou DOADORES DE
PRÓTONS EM QUALQUER MEIO; ou ainda, espécies QUE LIBERAM PROTONS
(H+) EM MEIO AQÜOSO. As Bases SÃO SUBSTÂNCIAS QUE AUMENTAM A
CONCENTRAÇÃO DO ÂNION DO SOLVENTE, ou que SÃO DOADORAS DE
PARES DE ELÉTRONS CONJUGADOS, ou ACEPTORES DE PRÓTONS EM
QUALQUER MEIO OU AINDA QUE LIBERAM HIDROXILAS (OH-) EM MEIO
AQÜOSO.

Este caráter abrangente é ilustrado pela Figura a seguir:

Figura 15: Teoria de USANOVICH


(5),Teoria do SOLVENTE
(4), Teoria do LEWIS (3),
Teoria de
BRONSTED (2) e Teoria de
ARRHÊNIUS(1)

Exemplo de Ácido e Base típico de USANOVICH:

Semi-Reações e Reação Soma:


++
Zn Zn + 2e- E0 = +0,64 V Redutor = Doador de elétrons  ÁCIDO
++
Cu + 2e- Cu E0 = +0,36 V Oxidante = Aceptor de elétrons  BASE
++ ++
Zn + Cu Zn + Cu  E0 =+1,10 V (1.61)
29

1.4 . TEORIA DE PEARSON: REGRA DE INTERAÇÃO DA DUREZA E MOLEZA DE

ÁCIDOS E BASES

A Teoria que atribui aos íons parâmetros de “dureza”(Hardness) e “moleza”


(Softness) foi introduzida por PEARSON, na década de 60. Constitui uma “regra de
interação” bastante interessante, pois a associação de um cátion (ácido) com um ânion
(base) é fundamentada na razão carga/raio, expressa matematicamente pelo potencial
iônico: Ze2/2r, sendo Ze = carga iônica, positiva ou negativa e, r = raio iônico. Íons com
raio pequeno e carga grande exibem alto poder de indução de polarização
(polarisibilidade), sendo por isto designados de “duros” (hard). Por outro lado, ions
volumosos e de pequena carga (com pequena polarisibilidade) são designados como
“moles” (soft). Íons não muito pequenos e nem muito grandes e com carga também não
muito grande nem muito pequena são classificados como “intermediários”. A Regra de
PEARSON estabelece que na formação de um composto, por associação de um cátion
com um ânion ou com um ligante neutro para formar um íon complexo ou um precipitado
os “ácidos duros” (hard acids) preferem as “bases duras” (hard bases) e os “ácidos moles”
(soft acids) preferem as “bases moles” (soft bases). Os “ácidos intermediários” podem
reagir com “bases duras” ou “bases moles” e as “bases intermediárias” podem reagir com
“ácidos duros” ou “ácidos moles”. Assim, Pearson estabeleceu um princípio útil de
interação, que pragmaticamente, elimina empirismo na escolha de um reagente para um
dado íon. Os cátions (ácidos) foram classificados quanto ao parâmetro ‘dureza” e
“moleza” em duros, moles e intermediários, e as bases também foram classificadas
quanto ao parâmetro ‘dureza” e “moleza” em duras, moles e intermediárias.

Segundo Pearson, os principais constituintes de cada classe são:


Ácidos duros Ácidos intermediários Ácidos moles:

H+, Al3+, Ti4+, Fe3+, Cr3+, Fe2+, Ni2+, Cu2+, Zn2+, Hg2+, Hg2+, Pd2+, Pt2+, Pt4+,
Co3+,Ti4+, Be++, Mg++, Rh3+, Co2+, Ir3+, Ru3+, CH3Hg+, Ag+, Cu2+, Cu+, entre
Ca++, Ba++, Sr++, Li+, Os2+, B(CH3)3, Sn2+, Pb2+, outros.
Na+, K+, Cs+, entre NO+, Sb3+, Bi3+, SO2,
outros. entre outros.
30

Bases duras: Bases intermediárias: Bases moles:

F-, Cl-, Br-, I-, OH-, CN-, C6H5NH2, C6H5N2N3-, N2, OH-, R3P, R3As, R2O, R3Sb,
NH3, R3N, H2O, entre NO2-, SO32-, Br-, entre outros. entre outras.
outros.

O conceito de Pearson embora empírico permite previsões sobre a


estabilidade de íons complexos, com uma abordagem rápida, mas requer alguns
cuidados. A generalização é válida respeitando-se certas regras subsidiárias. Por
exemplo, quando se estabelece uma competição entre dureza e moleza / força ácida e
força básica, como no caso da reação:

BH+ + CH3Hg+ CH3Hg B+ + H+ (1.75)

...ou seja, na competição entre o ácido mole CH3Hg+ e o ácido duro H+ a


força eletrolítica prevalece, pois o ácido mole CH3Hg+ irá deslocar o ácido duro H+ e isto
ocorre porque prevalece a força da base B (conjugada ao ácido fraco BH +), em que
quanto mais fraco BH+, mais forte B, o que, aparentemente, contraria a regra de interação
duro-duro, mole-mole. Surge aí o aspecto de intermediaridade, pois, qualquer ácido e
base pode ser caracterizado como duro ou como mole. A espécie CH 3Hg+ é um bom
exemplo de ácido mole CH3Hg+, que na competição entre força e dureza contraria a regra
de interação duro-duro, mole-mole. O mesmo ocorre com a reação:

SO32- + HF HSO3- + F- (1.76)


......em que a base mole
forte desloca a base dura fraca, prevalecendo a força do eletrólito sobre sua dureza.
Um caso extremo, englobando relações entre os dois conceitos, aparece na
reação:
CH3HgF + HSO3- CH3Hg SO3 + HF (1.77)
MOLE-DURA DURO-MOLE MOLE-MOLE DURO-DURA

...ou seja, leva-se a uma interação do tipo mole-mole porque a base fraca
dura F- é deslocada pela base mole fraca HSO3- para resultar no eletrólito pouco
dissociável (fraco) duro-duro, HF, pois, sempre, o equilíbrio é regido pela regra de
formação de eletrólito pouco dissociável, mesmo que se forme o mole-mole CH3Hg SO3.
31

Há ainda casos clássicos, extremamente interessantes, em que um


determinado átomo exibe propriedades de poder ser “endurecido” ou “amolecido” por
meio de influências de um substituinte, por efeitos de polarização, tendo como causa da
interação, a presença de elétrons retirados
R2SBF3 + R2O R2OBF3 + RS2
dos substituintes, reduzindo o
R2SBH3 + R2S R2SBH3 + R2O
amolecimento. O boro é um exemplo típico
CF3H + CH3F CF4 + CH4
(1.78) de intermediário quando forma
grupamentos, envolvendo enxofre e
oxigênio. A adição de três grupos duros F-, eletronegativos, endurece o boro, tornando-o
um ácido de LEWIS duro. Já o efeito de adição de três moles de H+ eletropositivos,
amolecem o boro, tornando-o um ácido de LEWIS mole. Esta tendência de
amolecimento/endurecimento por coordenação, é descrita como “simbiose” e o efeito
simbiótico é muito empregado em síntese inorgânica, explicando a tendência de
coordenação simetricamente substituídas, ao invés de ocorrer uma coordenação
misturada, sem simetria de opostos. Estes aspectos tornam mais atrativa a Teoria de
PEARSON. Aplicável também em síntese orgânica, explicando mecanismos de reações
em compostos orgânicos, com base em eletronegatividade e dureza e com o efeito de
polarisibilidade de elétrons de orbitais “d” e ligações . Há, portanto, apesar do empirismo
pragmático, uma base teórica sobre as interações do tipo dureza e moleza de ácidos e
bases.

Existem relações entre eletronegatividade e a regra de dureza e moleza.


Nas interações tipo duro-duro, prevalecem efeitos eletrostáticos. Ligações entre ácidos
duros, como Li+, Na+, K+, Cs+ e bases duras, tais como F-, Cl-, Br-, I-, OH- são,
evidentemente, de natureza de pares iônicos, com energia de MADELUNG (eletrostática)
sendo inversamente proporcional à distância interatômica. Daí a regra de interação;
quanto menor for a distância maior a atração eletrostática entre o ácido e a base.
Portanto, quanto menores forem os raios atômicos (dos ácidos e das bases) maior a
energia de estabilização da interação de natureza tipicamente eletrostática. A Energia
Eletrostática de MADELUNG é característica de interações fortes a pequenas distâncias,
32

portanto não explica interações de natureza covalente, típica de pares de íons ou grupos
neutros, de grande volume, em que, isoladamente, a atração eletrostática é pequena, pois
a distância interatômica é grande. Daí se atribuir às interações mole-mole, caráter mais
covalente que iônico explicando interações do tipo AgCl, mais covalente que iônica,
comparativamente aos sais NaCl, KCl e outros resultantes de alcalinos com halogêneos.
o que é uma característica de íons de metais de transição, com número de oxidação
baixos e com elétrons d disponíveis para ligações . Como regra geral, teórica, pode-se
estabelecer que as ligações duro-duro são eletrostáticas e mole-mole, covalentes. Vale
também dizer que o poder de indução de polarização (polarisibilidade) de elétrons d, é
bastante importante, pois todas as reações envolvendo ácidos moles são transições
eletrônicas em átomos com mais de seis elétrons, sendo a configuração d10, a que dá
melhores características de estabilidade. Assim, a relação eletronegatividade e dureza e
moleza dos ácidos se torna evidente. A maior parte das espécies que participam de
interações duro-duro, mostram elevada eletronegatividade. Vale o oposto, baixa
eletronegatividade, resulta em interações mole-mole. Assim, se explica o caso do lítio,
com baixa eletronegatividade e o íon Li+, com alta eletronegatividade e elevada energia
de ionização para formar o cátion com número de oxidação +2, contrastando com os
metais de transição, com íons em baixos estados de oxidação mostrando baixos valores
de energia de ionização e baixos valores de eletronegatividade. Portanto, há consistência
teórica em se considerar a eletronegatividade, eletroafinidade, energias de ionização para
explicar dureza e moleza de ácidos e bases.

Casos interessantes são o do trifluor metil, mais duro que o grupo metil e o
grupo trifluoreto de boro mais duro que o borato.

Outra consideração importante refere-se aos casos dos ácidos e bases


moles constituídos por átomos que tem relações com ligações . A habilidade destes
átomos para este tipo de ligação, em que os átomos não necessariamente devem ser
volumosos, sendo necessário que o número quântico principal seja 3 para dispor de
elétrons d em número elevado, para o íon metálico, e orbitais d vazios para os aceptores
decorrendo daí a interação . Como exemplo de bases moles deste tipo estão os
elementos fósforo e enxofre formando ligantes do tipo  com íons de metais de transição,
33

muito melhores do que o selênio, telúrio arsênio e antimônio na interação mole-mole . As


causas deste efeito decorrem do tamanho das ligações  , que não são tão fortes como
ligações  longas, mas apresentam efeitos de sobreposições laterais de orbitais,
estabilizando a ligação . O CO é o principal ligante mole . Formando ligações
carbonilas, estes íons mostram excepcionais estabilidade, como no íon
pentaferrocarbonila Fe(CO)53+. A vantagem deste ligante mole , está no seu pequeno
tamanho, adequado à sobreposições laterais de orbitais para formar ligações .

Uma das mais interessantes observações feitas por PEARSON (decorrentes


da sua regra de interação duro-duro mole-mole), está em uma relação paradoxal em
relação à teoria da eletronegatividade de PAULING. Pela definição original de PAULING,
considerando as teorias eletromagnéticas que regem interações, a energia de
estabilização por delocalização de elétrons (ressonância iônica) é diretamente
proporcional à diferença de eletronegatividade entre os átomos constituintes da ligação.
Assim, a regra de Pauling, tomada rigorosamente no seu sentido formal pode prever
maior estabilização quando as ligações ocorrem entre elementos com grande diferença
de eletronegatividade, como por exemplo, o césio e o flúor.

Uma previsão possível de ser feita é sobre a estabilidade do CsF.

CsI + LiF LiI + CsF (1.79)

Teoricamente, segundo a previsão pela regra de Pauling, CsF deveria ser


formado, com o equilíbrio deslocado para a direita da reação, pois ocorreria uma
estabilização por ressonância iônica na formação do CsF. Experimentalmente verifica-se
o seguinte:
Neste caso, as
LiI + CsF CsI + LiF
duas espécies duras preferem DURO-MOLE MOLE-DURO MOLE-MOLE DURO-DURO
uma à outra, e o mesmo H = - 63,0 kJMol-1 (1.80)
ocorre com as duas espécies
moles, sendo inquestionável a prevalência da regra de dureza e moleza sobre a
estabilização por ressonância.
34

Tentar explicar este paradoxo envolve considerações sobre a energia de


atomização para estes compostos (medida da força da ligação). Caracterizam-se
interações do tipo duro-duro/mole-mole. A interação duro-duro (LiF) leva a uma ligação
forte, mas, a interação mole-mole (CsI) é a mais fraca de todas as quatro. Portanto éa
menos estável.
COMPOSTO EATOMIZAÇÃO Assim, o que provoca o deslocamento do
-1
(kJMol ) equilíbrio da reação de formação do LiF é a interação
LiF = +573,0 E
duro-duro, sendo que embora previsível, a interação
N
CsF = +502,0 E mole-mole não se estabiliza. No caso, envolviam-se
R
LiI = +347.0 G espécies iônicas, prevalecendo nas ligações,
I
CsI = +335,0 A características iônicas e não covalentes.

Considerando-se o caso de envolvimento de apenas interações mole-mole,


como na reação:
BeI2 + HgF2 HgI2 + BeF2
DURO-MOLE MOLE-DURO MOLE-MOLE DURO-DURA
H = - 397,0 kJMol-1 (1.81)

A energia de atomização para estes quatro compostos envolvidos reação,


são:
COMPOSTO EATOMIZAÇÃO Como a ligação mais estável é a da
(kJMol-1) interação BeF2, o deslocamento de equilíbrio
BeF2 = +1264,0 E desta reação depende da interação duro-duro e
N
BeI2 = +577,0 E de sua energia tipicamente eletrostática, pelo
R menos nesses exemplos citados. Novamente a
LiI = +347,0 G
HgI2 = +293,0 I interação menos estável é a mole-mole, com
A
caráter mais covalente do que iônico o que
reforça a generalização.
Frente á teoria de PAULING (no que se estabelece como estabilização por
ressonância) prevalece mais a regra de PEARSON, com maior ênfase ao duro-duro iônico
do que mole-mole covalente, na força que governam os deslocamentos de equilíbrio.
35

Figura 15: Nesta titulação existe a formação


de íons quelato?
36

QUESTIONÁRIO E LISTA DE EXERCÍCIOS

UNIDADE 1

1. Conceitue: (a) Análise Química, (b) Sinal Analítico, (c) Concentração Analítica e (d)
Concentração de Equilíbrio.

2. Dê as definições de íons e mostre por meio de equações, o comportamento de íons em


diferentes reações de dissociação, em relação aos sus átomos neutros.

3. Mostre quais íons estão presentes na dissociação do sal duplo NH 4FeSO4 e do sal
complexo K4Fe(CN)6.

4. Defina: Grau de Dissociação Eletrolítica e Solvatação.

5. Faça um comentário genérico sobre como é afetada a concentração de íons OH- e H+


originados da dissociação de substâncias ácidas ou alcalinas pouco dissociáveis pela
ação do íon comum. Considere os casos de amônia e cloreto de amônia e ácido acético
e acetato de sódio.

6. Defina: (a) Constante de Dissociação, (b) Produto Iônico da água e (c) Produto Iônico
de Solubilidade.

7. Quais são os parâmetros que afetam a Dissociação Eletrolítica?

8. Mostre a Equação da Lei da Diluição de OSTWALD. Para que serve esta Lei?

9. Estabeleça regras que possibilitem avaliar, qualitativamente, os efeitos de


deslocamento de equilíbrio em reações eletrolíticas.

10. Quais são atualmente as unidades de concentração aceitas pela IUPAC? Comente sua
resposta o mais detalhadamente possível.

11. Constante de Equilíbrio, sob o seu ponto de vista, tem ou não dimensões.
37

12. Não se utilizam mais expressões de concentração em Equivalente Grama por Litro
(Normalidade) em Métodos de Titulação, por recomendação da IUPAC. Tente mostrar
por meio de argumentos lógicos, se a IUPAC tem razão ou não.

13. Na Química, muitas vezes, utilizam-se expressões iguais para fenômenos diferentes. É
o caso de reversibilidade química da reversibilidade eletroquímica. Explique em que
diferem estes termos

14. Tendo por base a reação genérica: ZnSO4 + H2S ZnS + H2SO4, discuta o
deslocamento de equilíbrio químico pela adição de reagentes com íons comuns à
reação.

15. Em um estudo, tendo como foco uma reação, existem duas grandes abordagens: (1)
sua viabilidade termodinâmica; e (2) Sua viabilidade Cinética. Explique isto.

16. “Reações iônicas sempre se processam no sentido de tornar menor o número de íons
livres em solução”. “Em meio aquoso, as reações ocorrem no sentido de formar água,
ácidos fracos, bases fracas ou sais pouco solúveis (precipitados)”.Dê exemplos que
justifiquem estas duas afirmações e discuta sua resposta.

17. G = H + TS = - RTlnKEQ = - nF E0. Discuta e mostre onde se aplica esta


expressão, dando exemplos, se possível.

18. Que são ácidos de acordo com a Teoria de LEWIS e qual a principal diferença com a
teoria de BRONSTED&LOWRRY? Use em seu raciocínio exemplos de reações.

19. Que são ácidos e bases de acordo com a Teoria do Solvente? Dê exemplos de reações
explicando sua resposta.

20. Que são ácidos e bases de acordo com a Teoria de USANOVICH? Dê exemplos de
reações explicando sua resposta e faça um comentário sobre o que V. pensa desta
Teoria.

21. A Teoria que atribui aos íons parâmetros de “dureza” (Hardness) e “moleza” (Softness)
foi introduzida por PEARSON, na década de 60. Existe, no seu ponto de vista, alguma
fundamentação e utilidade nesta teoria?
38

22. O que estabelece a Regra de PEARSON, na formação de um composto, por


associação de um cátion com um ânion ou com um ligante neutro, para formar um íon
complexo ou um precipitado?

23. BH+ + CH3Hg+ CH3Hg B+ + H+. SO32- + HF HSO3- + F- Discuta


estas reações considerando: (A) Teoria de PEARSON e (B) Força ácida e força básica.

24. Há casos clássicos interessantes, em que um determinado átomo exibe propriedades


de poder ser “endurecido” ou “amolecido” por meio de influências de um substituinte,
por efeitos de polarização, tendo como causa da interação, a presença de elétrons
retirados dos substituintes, reduzindo o amolecimento. Exemplifique isto. Esta tendência
de amolecimento/endurecimento por coordenação tem um nome. Qual é?

25. Existem relações entre eletronegatividade e a regra de dureza e moleza? Nas


interações tipo duro-duro, prevalecem quais efeitos? Para as interações mole-mole, que
efeitos prevalecem?

26. CsI + LiF LiI + CsF. Discuta a estabilidade do CsF.

27. Discuta em termos de estabilização por ressonância a regra de PEARSON frente á


teoria de PAULING, com ênfase às interações duro-duro iônico e mole-mole covalente,
na força que governam os deslocamentos de equilíbrio.

Você também pode gostar