Diferente do esmalte, a dentina é um tecido vital capaz de produzir reações a estímulos
externos. Ela é altamente hidratada, e a maioria dessa água está localizada nos túbulos dentinários, os chamados fluidos dentinários.
Qual é a composição da dentina?
→ Composição da dentina:
70% mineral; 18% material orgânico; 12% água.
“A REDUÇÃO DA PERMEABILIDADE DENTINÁRIA é um importante
mecanismo de defesa contra o avanço bacteriano em direção à polpa. Em dentes com polpa vital, o movimento do fluído dentinário em direção externa e a presença de conteúdo tubular vital influenciam a permeabilidade dentinária e podem retardar a invasão bacteriana intratubular.”
FLUÍDO PARTE EXTERNA DENTE
• Aumento do fluxo de fluídos para o exterior;
• Indução do revestimento dos túbulos com proteínas plasmáticas; • Deposição de dentina esclerosada. As moléculas de defesa do hospedeiro, como anticorpos e componentes do sistema complemento, podem estar presentes no fluido dentinário de dentes vitais! FORMAÇÃO DE DENTINA TERCIÁRIA Este mecanismo pode ser encarado como uma forma da polpa recuar em resposta ao avanço de uma lesão cariosa na dentina, retardando a exposição. Bactérias presentes no biofilme da cárie produzem ácidos que desmineralizam a dentina e provocam a consequente liberação de moléculas bioativas previamente isoladas na matriz dentinária. Muitas dessas moléculas bioativas são fatores de crescimento que têm a capacidade de estimular a formação de dentina terciária. FIGURA 1-12 Dentina terciária. A, Extensa área de dentina reacional (seta) em resposta à lesão de cárie superficial. B, Dentina reparadora no corno pulpar abaixo de lesão profunda de cárie. Notar inclusões de tecido necrosado e vasos sanguíneos na dentina recém-formada.
ODONTOBLASTOS
Os odontoblastos secretam matriz orgânica
da dentina. Produtos bacterianos liberados do biofilme da cárie induzem aumento da produção de matriz por odontoblastos, resultando na formação de dentina reacional. Na organização estrutural da dentina descrevem-se os túbulos dentinários, dentina intertubular (dentina localizada entre os túbulos) e dentina peritubular (dentina que envolve os túbulos). Os prolongamentos dos odontoblastos, constituintes da polpa, estão contidos nos túbulos dentinários. Além disso, o movimento do fluido dentinário, presente nos túbulos da dentina, é capaz de estimular receptores de dor presentes na polpa. Os túbulos desprovidos dos processos celulares odontoblásticos são denominados tratos mortos.
DENTINA REACIONAL E DENTINA REPARADORA
Dentina reacional – Produzida pelos odontoblastos subjacentes, primários e sobreviventes em resposta a um estímulo irritante. Dentina reparadora- é produzida por células semelhantes a odontoblastos, recém- formadas e originadas de células-tronco mesenquimais indiferenciadas, em resposta a um estímulo irritante mais severo que resultou na morte dos odontoblastos primários.
RESPOSTA IMUNE − INFLAMAÇÃO INICIAL
A inflamação pulpar se desenvolve muito antes de a polpa se tornar diretamente exposta e infectada. As alterações são induzidas por produtos bacterianos liberados pelo biofilme da cárie que se diluem no fluido dentinário e percorrem toda a extensão tubular até atingir a polpa e induzir uma resposta inflamatória. A inflamação pulpar inicial em resposta à cárie envolve o acúmulo focal de células inflamatórias crônicas abaixo da dentina afetada. Por serem as células de localização mais periférica na polpa, os odontoblastos representam as primeiras a entrar em contato com os produtos bacterianos e com os componentes bioativos (Os fatores de crescimento, moléculas bioativas ou fatores morfogênicos são proteínas que se ligam a receptores específicos da membrana celular, geralmente associados aos canais de íon, Proteína G, ou enzimas; desencadeando uma série de reações que modulam de forma coordenada a atividade celular. Essas macromoléculas proteicas, presentes na matriz extracelular, exercem o papel de “apresentadores”, permitindo a troca de informações entre as células, podendo atuar na diferenciação de uma célula-alvo, estimulando ou inibindo alguma resposta celular, dependendo do estímulo recebido) da matriz dentinária liberados durante a desmineralização. Podem reconhecer produtos bacterianos e liberar moléculas pró- inflamatórias que recrutam células dendríticas (e mais tarde outras células de defesa) para a região pulpar subjacente à dentina afetada. • Células dendríticas- Produzem citocinas pró-inflamatórias e capturam antígenos e os levam para os linfonodos para apresentá-los aos linfócitos.
≥ 1 mm = Intensidade da inflamação pulpar é quase insignificante
≤ 5 mm = Intensidade da inflamação pulpar aumenta significativamente e se torna ainda mais severa quando a dentina terciária formada abaixo da cárie é invadida por bactérias. O tecido pulpar geralmente não é infectado, enquanto a polpa permanecer vital ou a camada de dentina remanescente abaixo da lesão cariosa não for muito fina. As bactérias podem alcançar a polpa através de túbulos, mesmo antes de uma real exposição pulpar, mas não se espera que um dano irreversível ao tecido pulpar seja causado. É concebível que a polpa vital possa eliminar bactérias e remover ou inativar produtos bacterianos que chegam através dos túbulos.