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Odontologia - UnB Endodontia

A endodontia é o ramo da odontologia que trata Este complexo encontra-se geralmente isolado do
da prevenção, diagnóstico, tratamento e ambiente oral pelo revestimento de esmalte, na
preservação das alterações pulpo-periapicais. coroa, e de cemento, na raiz. Quando essas
camadas protetoras naturais são perdidas, o
ANATOMIA DENTÁRIA complexo pode ser exposto a agentes irritantes e
responder de diferentes formas.

A presença de túbulos dentinários assegura que o


estímulo aplicado à dentina geralmente resulte em
efeito sobre a polpa.

EMBRIOLÓGICA DO COMPLEXO DENTINO-


PULPAR

O ectomesênquima, derivado da crista neural,


origina a dentina, a polpa e os tecidos
periodontais.

O início da formação do dente ocorre durante a


sexta semana de vida embrionária com um
espessamento localizado do ectoderma oral,
associado aos processos embrionários maxilar e
mandibular. Esse crescimento epitelial ocasiona a
formação da lâmina dentária.

Em decorrência da proliferação do epitélio da


lâmina dentária do ectomesênquima, o germe
dentário assume a forma de um “botão”

(1. esmalte, 2. Dentina, 3. Câmera pulpar, 4.


Sistemas de canais radiculares, 5. Lâmina dura, 6.
Ligamento periodontal 7. Crista alveolar).

COMPLEXO DENTINO-PULPAR

O complexo dentino-pulpar é a denominação da A proliferação epitelial contínua origina o órgão


íntima relação anatômica e fisiológica entre a do esmalte e forma uma concavidade semelhante
dentina e polpa. a um “capuz”.

Pedro Chagas
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Após a deposição da primeira camada de dentina


da raiz, a membrana basal abaixo da bainha
epitelial de Hertwig se fragmenta.

As células da camada mais internam da bainha


secretam um material hialino sobre a dentina
recém-formada, formando a camada hialina de
Hopewell-Smith. Essa camada será importante
para auxiliar na adesão do cemento à dentina
radicular.

Os tecidos perirradiculares (ligamentro


O germe dentário aumenta e a invaginação se
periodontal, alvéolo dental e cemento) são
torna mais profunda, tomando uma forma
originários do ectomesênquima condensado que
semelhante a um “sino”, característica do estágio
envolve o órgão do esmalte e a papila dentária e
de campânula.
forma o folículo (ou saco) dentário.

Após a deposição da dentina, os fragmentos da


bainha epitelial de Hertwig e as células do folículo
dentário entram em contato com a dentina
formada e, em seguida, se diferenciam em
cementoblastos.

Os cementoblastos depositam cemento acelular


sobre a camada hialina. Em sequência, feixes de
colágeno, denominados fibras de Sharpey, são
produzidos por fibroblastos na região central do
O tecido localizado no interior da invaginação é folículo dentário, sendo incorporados ao cemento
conhecido como papila dentária e será responsável em formação. Concomitantemente, as células na
por originar a dentina e a polpa. área mais externa do folículo dentário se
diferenciam em osteoblastos e começam a
Durante o estágio de campânula, as células da produzir osso, que vai ancorar as fibras do
camada interna do órgão do esmalte se ligamento periodontal. Os fibroblastos produzem
diferenciam em ameloblastos. uma quantidade maior de colágeno para originar as
principais fibras do ligamento periodontal.
As células da camada externa da papila dentária
se diferenciam em odontoblastos que iniciam a As células-tronco mesenquimais indiferenciadas,
deposição da matriz de dentina e a primeira a ser abundantes no ligamento periodontal, são capazes
formada é denominada dentina do manto. de se diferenciar nas principais células
produtoras de matriz dos tecidos
A formação radicular se inicia quando as células perirradiculares, ou seja, fibroblastos,
dos epitélios interno e externo do esmalte cementoblastos e osteoblastos.
convergem para formar a alça cervical, que
demarca o término anatômico da coroa e o ponto O tecido que se encontra frouxamente ligado ao
no qual a raiz começa a se formar. ápice de uma raiz em desenvolvimento passou a
ser denominado papila apical. Foi identificada uma
A fusão epitelial origina a bainha epitelial de zona apical rica em células, inclusive células-
Hertwig, que orienta e inicia a formação radicular, tronco, no limite entre a papila apical e a polpa
fornecendo sinais para a diferenciação dos radicular.
odontoblastos e a produção adicional de dentina.

Pedro Chagas
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Tanto a dentina quanto a polpa são formados a  Existe também uma camada de pré-dentina
partir da diferenciação das células localizada entre a dentina mineralizada e a
ectomesenquimais da papila dentária. polpa.

DENTINA DENTINA SECUNDÁRIA

Estrutura mineralizada, sintetizada pelos  Depositada após a raiz estar completamente


odontoblastos, e apresenta intima relação com a formada e o ápice ter alcançado o estágio final
polpa dentária. de desenvolvimento.
 Se deposita lentamente e sua produção é
É composta por aproximadamente 70% de continua durante toda a vida do dente.
material inorgânico, 20 % de material orgânico e  Sua deposição diminui progressivamente o
10% de água. tamanho da câmara pulpar.
 Porção inorgânica: constituída principalmente  Localizada abaixo da dentina circumpulpar
de cristais de hidroxiapatita. chegando na câmara pulpar.
 Porção orgânica: constituída principalmente
por colágeno (91%), sendo a maior parte DENTINA TERCIÁRIA
colágeno do tipo I.
 Formada em resposta a estímulos externos.
 Depositada no lado pulpar, abaixo do local de
injúria. A taxa de deposição é proporcional ao
grau de agressão.
 É um mecanismo de defesa do complexo
dentinho-pulpar contra agressões externas.

Dentina reacional: formada por odontoblastos


que sobreviveram à injúria - (depositada pela
presença de estímulos crônicos e de baixas
intensidades)

Dentina reparadora: formada por células recém-


diferenciadas semelhantes aos odontoblastos,
que se originam a partir de células-tronco
DENTINA PRIMARIA
mesenquimais da polpa. Os túbulos (se presentes)
não são contínuos aos túbulos da dentina
Constituída pela dentina do manto e dentina
secundária - (depositada por presença de
circumpulpar.
estímulos agudos e de altas intensidades)
 Dentina do manto é uma camada muito fina e a
primeira a ser sintetizada, está localizada
DENTINA INTRATUBULAR (PERITUBULAR)
abaixo do esmalte ou cemento, está em
contato com essas estruturas.
Reveste o interior dos túbulos dentinários, e é
 Dentina circumpulpar é quem constitui o maior
altamente mineralizada e rígida.
volume do dente, se estende da dentina do
manto até a pré-dentina. Ela é mais calcificada
DENTINA INTERTUBULAR
do que a dentina do manto.
Se distribui entre os túbulos dentinários e,
PRÉ-DENTINA
fundamentalmente, é formada por fibras de
colágeno e constitui grande parte da massa
A pré-dentina é uma camada estreita de dentina
dentinária.
não mineralizada, localizada entre os
odontoblastos e a dentina circumpulpar.

Pedro Chagas
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PERMEABILIDADE DENTINO-PULPAR

Por causa da permeabilidade, conferida pelos


túbulos dentinários, qualquer substância aplicada
à dentina tem o potencial de atingir e afetar a
polpa.

Na dentina possui milhares de túbulos dentinários


por milímetro quadrado que permite a penetração
relativamente fácil de elementos externos, tais
como micro-organismos.
DENTINA ESCLEROSADA (ESCLERÓTICA)
A permeabilidade dentinária depende da área da
 Caracterizada pela obliteração total ou parcial superfície de difusão dentinária, a espessura da
dos túbulos dentinários dentina, a proximidade com a polpa,
 Resultado do aumento da produção de dentina características do soluto (tamanho, carga,
intratubular ou deposição de hidroxiapatita e concentração e solubilidade), presença de smear
de cristais de whitlockita na luz tubular. layer e o grau de oclusão dos túbulos.
 Mecanismos de defesa do complexo dentinho-
pulpar contra agressões externas. Uma vez que tanto a densidade quanto o diâmetro
dos túbulos aumentam com a profundidade, a
TÚBULOS DENTINÁRIOS permeabilidade da dentina aumenta
substancialmente com a proximidade da polpa.
Os túbulos dentinários são canais que se
estendem da união cemento-esmalte até a polpa, SENSIBILIDADE DENTINO-PULPAR
percorrendo toda a espessura da dentina. Eles
apresentam numerosas e finas ramificações, A sensibilidade dentinária está relacionada com a
chamadas de canalículos dentinários. existência dos túbulos.

Os túbulos são formados por uma parede de A teoria hidrodinâmica considera que estímulos
dentina (intratubular) e dentro deles se externos térmicos (calor e frio), mecânicos
encontram o fluido dentinário, prolongamentos (mastigação e sondagem), osmóticos (doces) e
dos odontoblastos, terminações nervosas, evaporativos (jato de ar) atuam na dentina,
colágeno tipo I, proteoglicanas e outras proteínas. induzindo o movimento abrupto do fluido
dentinário no interior dos túbulos. O rápido
A densidade de túbulos e o diâmetro dos mesmos deslocamento do fluido dentinário provoca o
aumentam em direção à polpa. Assim, a dentina deslocamento de odontoblastos que é percebido
mais próxima à polpa é mais permeável (maior pelas terminações nervosas sensoriais da polpa
densidade de túbulos e maior diâmetro) do que a que quando estimuladas desencadeiam o estímulo
dentina mais próxima à junção cemento-esmalte. doloroso.

EXPOSIÇÃO DA DENTINA

Ao expor a dentina o complexo dentino-pulpar


também está sendo exposto podendo ser
desencadeados estímulos dolorosos.

O Cemento ao ficar exposto (recessão), pode ser


removido e/ou desgastado ao longo do tempo
expondo a dentina. A dentina também pode ser
exposta por lesão de cárie ou trauma.
Pedro Chagas
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proteínas colagenosas e não colagenosas. Colágeno


Existe situações que no desenvolvimento do órgão dos tipos I e III correspondem à grande maioria
dental pode não haver completa união entre o do total de fibras colágenas do tecido pulpar. As
esmalte e o cemento deixando exposta parte da proteínas não colagenosas incluem laminina,
dentina. fibronectina, tenascina e proteoglicanas.

POLPA DENTAL FUNÇÕES DA POLPA

A polpa dental é um tecido conjuntivo frouxo de Formativa: Os odontoblastos (células


origem mesenquimal, constituído por células, especializadas) do tecido pulpar são responsáveis
matriz extracelular, vasos sanguíneos e nervos. pela formação da dentina.

Os odontoblastos são as células mais Indutiva: Induz a formação do esmalte.


características do complexo dentinopulpar. Estão
organizados em uma única camada de células (a Nutritiva: Através dos túbulos dentinários e da
camada odontoblástica) no limite entre a dentina vascularização pulpar é fornecido nutrientes e
e a polpa. oxigênio para a formação dentinária e para a
própria sobrevivência da polpa.

Protetora: Por meio da produção de dentina e


ativação da resposta imune protege o órgão de
várias fontes de agressão.

Sensorial: A polpa transmite sensações mediadas


do esmalte para os centros superiores. Indica
alterações da normalidade.
O corpo celular do odontoblasto está localizado na
camada pulpar adjacente à pré-dentina. Essa ZONAS DA POLPA
célula também apresenta uma projeção
citoplasmática que foi deixada para trás durante A camada odontoblástica é a zona mais periférica
a dentinogênese para formar o túbulo dentinário, da polpa e se encontra adjacente à pré-dentina.
denominada processo odontoblástico.
Uma área de alta densidade celular, contendo
Fibroblastos, células-tronco mesenquimais fibroblastos, células-tronco indiferenciadas e
indiferenciadas e diversas células de defesa células imunes, é observada na região pulpar
(macrófagos, células dendríticas, linfócitos) denominada zona rica em células, que é separada
também estão presentes na polpa. da camada odontoblástica pela zona pobre em
células (ou zona de Weill).
O fibroblasto é o tipo de célula mais abundante da A zona rica em células é mais proeminente na polpa
polpa e é responsável pela produção e manutenção coronária do que na polpa radicular.
do colágeno.
As células-tronco mesenquimais indiferenciadas A zona pobre em células, por sua vez, contém
se encontram distribuídas por todo o tecido capilares sanguíneos, uma rica rede de fibras
pulpar, sendo mais numerosas na região da polpa nervosas (formando o plexo nervoso de Rashkow)
propriamente dita. Essas células têm a capacidade e processos fibroblásticos.
de se diferenciar em células semelhantes a
odontoblastos em resposta a injúria e A polpa ainda apresenta uma região denominada
estimulação. polpa propriamente dita, que é a zona central e
contém os maiores vasos sanguíneos e nervos,
A matriz extracelular da polpa é produzida junto a fibroblastos e outras células.
principalmente por fibroblastos e consiste em

Pedro Chagas
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Fibras amielínicas sensitivas do tipo C


 Localizadas profundamente na polpa
 São responsáveis pela dor difusa
(disseminada, todas as direções) da polpa,
típica de pulpite irreversível sintomática.
 Relacionadas com quadros que caminham para
irreversibilidade.
 Corresponde a maior parte das fibras
sensoriais encontradas no tecido pulpar.
 Tem uma maior relação com os vasos.

ESTRUTURAS RELACIONADAS AO
COMPLEXO DENTINO-PULPAR

Esmalte
 Estrutura altamente mineralizada que reveste
VASCULARIZAÇÃO DA POLPA a coroa do dente
 Produzido por células de origem ectodérmica
A polpa é ricamente vascularizada. A nutrição é (ameloblastos)
através de arteríolas apicais e a drenagem é  É a estrutura mais dura do organismo
venosa e linfática.  Quando maduro é acelular, porém não inerte,
participando de transporte de solutos e
As células da polpa compartilham do mesmo fazendo trocas de íons (des/re)
aporte nutricional das células do periodonto.
Ligamento periodontal
INERVAÇÃO DO TECIDO PULPAR  Tecido conjuntivo que circunda a raiz
dentária, unindo ao osso alveolar
A inervação da polpa é pelos ramos sensitivos das  Mantem o dente suspenso no alvéolo
divisões V2 e V3 do nervo trigêmeo.  Nutre o periodonto de sustentação e proteção
 Composto por células, fibras colágenas e
As fibras nervosas chegam à polpa acompanhando elásticas, vasos sanguíneos e linfáticos e
os vasos sanguíneos através do forame apical e terminações nervosas.
são constituídas por fibras nervosas sensitivas  Os feixes de fibras são classificados de
mielínicas (tipo A) e amielínicas (tipo C), além das acordo com a sua disposição das fibras
fibras simpáticas.
Cemento
As fibras nervosas sensitivas constituídas pelos  Tecido conjuntivo mineralizado que recobre a
aferentes sensoriais do trigêmeo (V par do nervo dentina radicular
craniano) são responsáveis pela transmissão da  Fornece uma superfície de contato para as
dor. fibras ligamento periodontal na raiz do dente.
Fibras mielínicas sensitivas do tipo A  Não contem vasos sanguíneos e linfáticos
 Localizadas na periferia da polpa.  Não é inervado
 São responsáveis pela dor aguda (intensa e  Não sofre remodelação e reabsorção
localizada) pulsátil, típica da estimulação fisiológicas
dentinária.  Se deposita continuamente ao logo da vida
 São as primeiras fibras a serem estimuladas  O cemento acelular é o primeiro a ser formado
pela agressão ao dente. e recobre o terço cervical e médio da raiz (não
 Relacionadas aos quadros de normalidade e possui fibras nem células).
alterações com reversibilidade.  O cemento celular é formado após o
 A velocidade do impulso e o diâmetro dessa irrompimento e oclusão dental.
fibra são maiores que a tipo C.
Pedro Chagas
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CAVIDADE PULPAR Canal radicular é a porção radicular da cavidade


pulpar. O canal radicular é dividido em terços. C:
A cavidade pulpar é o espaço no interior do dente terço cervical, M: terço médio e A: terço apical.
onde se encontra a polpa dental. Essa cavidade
pulpar é dividida em câmara pulpar e canal Com a idade ou em consequência a estímulos
radicular. externos (físicos, químicos e/ou biológicos) a
anatomia interna do elemento dental se altera
A câmara pulpar é a porção coronária da cavidade devido à deposição fisiológica da dentina
pulpar. Esta no centro da coroa e quase sempre secundária.
acompanha sua forma, ela é sempre única.

 Teto: Parede oclusal ou incisal da cavidade


pulpar.
 Assoalho: Face oposta ao teto. Não está
presente em dentes unirradiculados com
continuidade natural entre a câmara pulpar e
o canal radicular.
 Parede lateral circundante: Recebe o nome da
face para qual está voltada (vestibular,
lingual/palatina, mesial ou distal).
 Divertículos (corno pulpar): projeções da
câmara pulpar para as cúspides.

A parte do canal radicular circundada por dentina


recebe o nome de canal dentinário e a parte
circundada por cemento é denominada de canal
cementário.

A zona de união entre o canal dentinário e o canal


cementário é o que chamamos de CDC
(canal/dentina/cemento).

Ápice radicular corresponde ao terço final da raiz


do dente (2 a 3 mm). O ponto extremo do ápice é
denominado de vértice radicular.

O forame apical é a principal abertura do canal


radicular na região apical, do qual os tecidos da
polpa e do ligamento periodontal se comunicam e
por onde penetram os nervos e vasos sanguíneos
que vão suprir a polpa dentária.

Pedro Chagas
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Na maioria dos casos o forame apical é localizado a) Canal principal: É o canal de maior volume, se
lateralmente, não coincidindo com o vértice estende da câmara pulpar até a região apical
radicular. b) Colateral: paralelo ao canal principal, com
menor diâmetro, podendo atingir o ápice.
A obliteração do canal deve ser restrita ao canal c) Lateral: localizado no terço médio ou cervical
dentinário (não passar do CDC), e para isso uma da raiz, sai do canal principal e alcança o
distância de 1 mm partindo do vértice radicular periodonto lateral.
não deve ser invadida. d) Secundário: localizado no terço apical da raiz,
sai do canal principal e alcança o periodonto
lateral.
e) Acessório: Sai de uma ramificação, como por
exemplo da secundária.
f) Intercanal: Une dois canais entre si.
g) Recorrente: Sai do canal principal, percorre
parte da dentina e volta ao principal sem se
exteriorizar
h) Delta Apical: Múltiplas terminações do canal
principal, que originam o aparecimento de
vários forames.
i) Cavo-interradicular: Sai do assoalho da
câmara pulpar e termina na bifurcação ou
trifurcação radicular.

As ramificações são mais comuns no terço apical


dos canais radiculares.
Os canais radiculares podem apresentar variações
quanto ao número, forma, direção e aos tipos de
Para o correto preparo endodôntico é
ramificações. Os incisivos apresentam menor
imprescindível o domínio da anatomia interna dos
variação.
canais.
O canal radicular apresenta diversos tipos de
INCISIVO CENTRAL SUPERIOR
ramificações que constituem vias de comunicação
entre a polpa e o periodonto ou entre os próprios
canais radiculares.

 Câmara pulpar larga no sentido mesio-distal e


estreita no sentido vestíbulo-palatal.
 Apresenta dois divertículos correspondentes
aos ângulos mesial e distal da coroa.
 Canal radicular único, amplo e normalmente
reto.
 Ocasionalmente, pode apresentar
ramificações do canal radicular.

Pedro Chagas
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INCISIVO LATERAL SUPERIOR  Dente mais longo da arcada, coroa pentagonal


e raiz única.
 A câmara pulpar segue a forma externa da
coroa possuindo um divertículo acentuado.
 O canal radicular é único, reto e amplo
 Pode apresentar curvatura na região apical.

CANINO INFERIOR

 A anatomia interna deste dente é semelhante


àquela dos incisivos centrais, porém com
diâmetros menores.
 A raiz tende a apresentar curvaturas
acentuadas para distal e palatina.
 Mais comuns de apresentar ramificações do
canal radicular.

 Semelhante ao canino superior, sendo


INCISIVOS INFERIORES
proporcionalmente menor.
 O ambiente interno é amplo.
 Na maior parte das vezes apresenta raiz
única, mas podem conter duas
 Podem ter dois canais, mas a maior parte
contem somente um.
 Pode apresentar ramificações apicais.

PRÉ-MOLARES SUPERIORES

 Menores dentes da arcada dentaria. Os


centrais e laterais são muito semelhantes, o
central tendo dimensões levemente maiores.
 Canais únicos, estreitos e com poucas
ramificações.
 O central pode apresentar dois canais, um
vestibular e outro lingual.

CANINO SUPERIOR

 Podem apresentar duas raízes e dois canais ou


uma raiz e dois canal
 Pode ter um canal (10%)
 Pode ter três raízes e três canais

Pedro Chagas
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 Possui canais acessórios e bulbo radicular  Normal: 3 raízes e 3 canais


(extensão da câmara que invade a raiz).  40% a 80% com três raízes e 4 canais, sendo
 Birradicular (60%), unirradicular (30%) e o quarto canal na raiz mesio-vestibular.
trirradicular (4%).
MOLARES INFERIORES
PRÉ-MOLARES INFERIORES
Primeiro molar inferior

Segundo molar inferior

 Normalmente unirradicular com canal amplo


podendo apresentar duas raízes fusionadas.
 Pode apresentar até três canais com
bifurcações no terço médio e soalho de
câmara baixo.

MOLARES SUPERIORES

Primeiro molar
 Duas raízes e três canais
 Podem apresentar dois canais (18%)
 Podem apresentar tambem três raízes e
quatro canais
 Existe comunicação entre os canais da raiz
mesial.

VARIAÇÕES ANATÔMICAS

 Dimensão da câmara pulpar


Segundo molar inferior  Formato apical e posicionamento do forame
 Canal em forma de “C”
 Canal recorrente
 Canal cavo-interrradicular
 Anatomia complexa
 Canal em fita
 Bifurcação apical
 Fragilidade da furca

Pedro Chagas
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HISTÓRICO As bactérias gram-positiva possui estrutura


menos resistente. Já as bactérias gram-negativas
têm uma estrutura bem mais resistente.

Os componentes com capacidade de produzir


resposta inflamatória das bactérias gram-
negativas é o lepopolissacarídeos (LPS) e das
gram-positivas é o ácido lipoteicóico.

Miller (1890), um dentista norte-americano, A única substância que pode ser chamada de
relatou a associação entre bactérias e a patologia endotoxina é o LPS.
perirradicular e pulpar após a análise de material
coletado de canais radiculares contendo polpas A microbiota bucal é formada por diversos nichos
necrosadas. microbianos e muitos desses são importantes para
a saúde bucal.
Kakehashi, et al. (1965) em um modelo de estudo
in vivo comprovaram que os microrganismos são A microbiota bucal vive em equilibrio com o
essenciais para a formação de lesão endodôntica. organismo quando presente em números
Poupas de dentes de ratos convencionais e de adequandos.
ratos isentos de microrganismos foram expostas
cirurgicamente ao meio oral. A polpa de ratos com Com a perda desse equilibrio da microbiota os
microrganismos desenvolveu necrose e lesão microrganismos se alteram causando doenças.
perirradicular, enquanto que a polpa dos ratos
germ-free induziram reparo.

O estudo de Sundqvist (1976) demostrou que as


alterações pulpares e periapicais estão associadas
com microrganismo, sendo 94,3% desses,
bactérias anaeróbias restritas.

FATORES ETIOLÓGICOS DAS ALTERAÇÕES


PULPARES

As alterações pulpares não se restringem a


microrganismos. Fatores mecânicos, térmicos,
elétricos, energia radiante e agentes químicos
também podem serem os responsáveis por essas O equilibrio da microbiota oral é fundamental para
alterações. um quadro de saúde.

MICRORGANISMOS NA POLPA Kakehashi, et al. expuseram polpas dentais de


ratos convencionais e germ-free ao meio bucal,
Bacterias, fungos e vírus são os microrganismos observando a resposta desse tecido por métodos
presente na polpa. As bacterias por sua maior histológicos. Enquanto nos animais convencionais
quantidade de especies e pelas doenças desenvolveu-se inflamação grave ou necrose
produzidas tem uma maior relevância. pulpar associada a lesões perirradiculares, nos
animais germ-free esse tipo de resposta não

Pedro Chagas
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ocorreu. Na ausência de microrganismos, as polpas Outra via de contaminaçao pulpar existente é a


de animais germ-free se repararam por deposição linfática ou retrogada.
de dentina neoformada na área de exposição,
isolando o tecido pulpar da cavidade oral. Muito comum, a contiguidade é mais uma forma de
contaminaçao pulpar, onde a infecçao de um dente
passa para o outro devido a proximidade.

MECANISMOS DE AGRESSÃO DA POLPA


PELOS MICRORGANISMOS

Competitivo – as células microbianas competem


com as células da polpa pelos nutrientes
disponíveis.

Mecânico – ocupação do espaço que é limitado.

TIPOS DE INFECÇÃO ENDODÔNTICA Químico – a alteração da química do ambiente


interfere no funcionamento das células pulpares.
Infecção intrarradicular primária
 É causada por microrganismos que colonizam o Produção de toxinas e enzimas – essas substâncias
tecido pulpar necrosado. Pode ser chamada quando produzidas acabam degradando a
também infecção inicial. estrutura pular e agredindo as células.

Infecção intrarradicular secundária


 É causada por microrganismos que não
estavam presentes na infecção primária e que
penetraram no canal durante o tratamento
endodôntico, entre as sessões ou mesmo após
a conclusão do tratamento endodôntico.

Infecção intrarradicular persistente


 É causada por microrganismos que, de alguma
forma, resistiram aos procedimentos
intracanais de desinfecção. Geralmente, os
microrganismos envolvidos foram membros da
infecção primária, mas é possível que, em
alguns casos, tenham se originado de uma REQUISITOS PARA DEFINIR UM
infecção secundária. PATÓGENO ENDODÔNTICO

Infecção extrarradicular
 A origem das infecções extrarradiculares
usualmente encontra-se na infecção
intrarradicular que se estendeu para os
tecidos perirradiculares.

VIAS DE CONTAMINAÇAO PULPAR

As vias de contaminaçao pulpar direta são os


tubulos dentinarios.

Pedro Chagas
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medida que esse processo vai evoluindo e como


resposta é desencadeado um processo de
inflamação que pode evoluir para uma necrose que
sem intervenção vai ser seguida de uma lesão
periapical.

À medida que o processo vai migrando da região


pulpar para a região periapical a microbiota se
assemelha com a doença periodontal.

FATORES QUE INTERFEREM NA INFECÇÃO

Ciclo de evolução de quadro de infecção da região


pulpoperiapical.

ESTUDO E COLETA DE MICRORGANISMOS

Um quadro inicial de infecção na região de


superfície dentaria (instalação de biofilme), na

Pedro Chagas
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FATORES DETERMINANTES DO ÊXITO


TERAPÊUTICO

Controle microbiano da microbiota do canal


radicular.

Pedro Chagas

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