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Caso Daniel

Daniel, 31 anos
Motivo do pedido
Pede apoio psicológico, por influência da noiva, após episódio de ataque de pânico
ocorrido durante as compras natalícias num centro comercial na companhia da noiva.
Tem tido alguns episódios de ataques pânico nos últimos 10 anos, sentindo dores de
cabeça, problemas gástricos e evitamento de ir com amigos a lugares com muita gente,
mas nunca procurou ajuda psicológica. Procurou ajuda psiquiátrica anteriormente duas
vezes.

Início do problema
Na universidade começou a sentir dificuldades escolares devido a ansiedade (suores, e
incapacidade de raciocinar) durante exames, bem como problemas gástricos com
evitamento de alguns alimentos. Estes problemas surgiam sobretudo na época de
exames
Teve o primeiro ataque de pânico, pensava que era um ataque cardíaco, aos 24 anos,
num restaurante durante um jantar com a sua mulher na altura (tinham casado há um
ano) e outros três casais. Ele tinha dito à mulher que não queria ir. Ele estava
preocupado com o facto de ir comer em público, mas foi por ser importante para a
mulher.

Descrição do problema pelo cliente


O cliente descreve que quando tem os ataques de pânico sente as mãos a tremer, visão
turva, fraqueza geral, sensação de estar a sufocar, que são acompanhados por uma
sensação de terror que o cliente não consegue perceber.

Outros problemas (doenças físicas)


O cliente tem um diagnóstico de síndrome do cólon irritável feito pelo seu médico de
família.

Reações habituais face ao problema


Quando teve o episódio que o levou a procurar ajuda, fugiu do local e refugiou-se no
carro. Quando a noiva o encontrou, levou-o à urgência do hospital.
Que estratégias utiliza para lidar com o problema
O cliente é vendedor imobiliário e antes de se encontrar com cliente costuma ouvir (no
carro) uma gravação da sua voz em que diz a si próprio que vai ter sucesso e que as
pessoas vão gostar dele se ele for encantador com elas. Contudo, isso tem o efeito de
aumentar a sua tensão. O que é mais comum fazer é evitar locais com muita gente e
quando conduz fá-lo muito devagar para conseguir parar carro se tiver um ataque

Consequências das manifestações do problema


Quando tem ataques de pânico, o cliente regressa sempre a casa. Refere que prefere
estar em casa a ver televisão. Quando vivia com a mulher (na altura do primeiro ataque
de pânico), era mais complicado porque ela preferia sair e ir a festas. A relação com
mulher piorou após o episódio de ataque de pânico e separou-se dois anos depois
(estiveram casados três anos).

Razões atribuída para o problema


O cliente atribui os sintomas que tem à combinação de alguns alimentos em interação
com medicação que toma para os seus problemas gástricos.

Situações em que se sente menos afetado pelo problema


Refere que atualmente está noivo. Conheceu a sua noiva quatro anos após o seu
divórcio. Refere que ela é mais velha (36 anos) do que ele e que tem muito menos vida
social do que a sua ex-mulher. Ambos preferem ficar em casa os dois. Têm planos de
casamento, mas a noiva não tem pressa.

Antecedentes familiares de doença psicológica


Não existem antecedentes familiares.

Tratamentos anteriores
Um dos psiquiatras que consultou receitou-lhe Alprazolam 2 mg, que tomava três vezes
por dia. Ajudou-o a relaxar e melhorar problemas gástricos. Tomou durante quatro
meses, mas decidiu reduzir a dosagem (com conselho médico) porque não gostava dos
efeitos secundários (sonolência e tonturas), nem do do sentimento de estar dependente
da medicação, por achar que era um sinal de fraqueza.
Expetativas para a intervenção psicológica
O cliente refere que quer ajuda, mas não quer que ninguém pense que ele é
emocionalmente instável

Descrição do cliente de si próprio


Refere que é uma pessoa muito tensa e ansiosa, que não consegue relaxar. Queixa-se
também de dores de cabeça frequentes que duram durante várias horas e problemas
gástricos (obstipação, cólicas e diarreia).

Relação com a psicóloga


A psicóloga descreve o Daniel, durante a entrevista inicial, como evasivo, relutante em
admitir que tinha problemas psicológicos. Refere que predominou um relato superficial
e descritivo de acontecimentos quotidianos, e com utilização de gracejo e contando
anedotas sobre alguns episódios, como se estivesse a tentar convencer a psicóloga que
não tinha nenhum problema.
Relata ainda um episódio em que subiram os dois até ao piso do consultório antes de
uma consulta com Daniel, e que este a abraçou, fingindo ser um psicólogo, até ao
consultório. A psicóloga falou sobre a situação com o cliente quando já estavam dentro
do consultório.

Perceção do cliente sobre os outros


O cliente sente que tem uma preocupação constantes sobre o que os outros pensam dele
e se gostam dele. Descreve que as outras pessoas viam-no na infância e na adolescência
como uma pessoa tímida, sobretudo com as mulheres.
O cliente relata que o seu pai era muito perfecionista e tinha expetativas muito elevadas
relativamente a ele, exigindo que fosse o melhor aluno da sua turma, pretendendo que
ele fosse engenheiro. O pai diz-lhe sempre que pode que desaprova e está desapontado
com o facto de o cliente ser vendedor e de se ter divorciado.

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