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ENFOQUE COMPORTAMENTAL

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Introdução

1. A gestão de
pessoas é algo
previsível ou sempre
há algum tipo de
incerteza?

Esta unidade trará mais três teorias sobre modelos de administração. As duas primeiras, a
Teoria das Relações Humanas e a Teoria Comportamental, estão inclusas na Abordagem
Comportamental que tem como principal elemento o Hommo Socialis. Já a terceira teoria a ser
estudada é chamada de Estruturalista, tem uma abordagem bem próxima da Teoria da
Burocracia e das Teorias Clássica e Neoclássica, estudadas na unidade passada, mas também
se aproxima da Teoria das Relações Humanas.

A sociedade desenvolve-se mediante criação de organizações, guiadas por decisões de


pessoas, capazes de fornecer bens e serviços que as pessoas necessitam.

São as pessoas que determinam a relação meio/fim, tendo autoridade, responsabilidade e


criando recursos motivacionais.

Objetivo

Reconhecer a importância das relações humanas no contexto


organizacional.

Conteúdo Programático
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
Esta unidade está dividida em:
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Aula 1 - A Escola das Relações Humanas

Aula 2 - A Abordagem Comportamental (Motivacional)

Aula 3 - Teoria Estruturalista

Rota de Aprendizagem

A Rota de Aprendizagem apresenta as ações que devem ser


realizadas nesta unidade. Utilize a Rota de Aprendizagem para
planejar e gerir, com eficiência, as suas ações e o seu tempo
de estudo. Isso facilitará a construção do seu conhecimento e
aumentará a possibilidade de que você tenha um bom
desempenho nas avaliações. Clique aqui para acessar a Rota
de Aprendizagem.

A sociedade está em constante mudança, portanto torna-se necessário


que as pessoas, famílias e organizações se adaptem a essas mudanças.
É válido ressaltar que muitas vezes as organizações são os próprios
fatores de mudança, mas mesmo assim precisam adequar-se aos novos
padrões e modelos.

Nessa unidade, vamos ver visões diferentes e, as interpretações da


sociedade, serão a causa e a consequência das mudanças
organizacionais e dos novos desafios apresentados aos estudiosos da
administração.

Vamos lá!
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
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ENFOQUE COMPORTAMENTAL
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Aula 1

Aula 1
A Escola das Relações Humanas

Os resultados produtivos não cresciam mais como previa a Abordagem


Clássica. Foi sendo observado que a ineficiência não estava apenas
vinculada a movimentos dispendiosos e ineficientes, à fadiga ou à
deficiência de ambiente físico. Observou-se, portanto, que o ser humano
não era tão previsível quanto se imaginava e que outras interferências
deveriam influenciar o desempenho dos operários e trabalhadores.

Observou-se, também, por volta de 1910, que havia uma perda de


motivação progressiva à medida que as atividades se tornavam mais
rotineiras sem permitir práticas de criatividade e iniciativa. Que havia
também um crescimento descontrolável dos órgãos funcionais além de
fortes restrições a mudanças devido à rigidez das linhas de autoridade e
de trabalho.

A Escola das Relações Humanas – ERH – observou esse contexto de


desumanização e percebeu que as organizações eram sistemas sociais e
que a estrutura, a hierarquia, as autoridades e funções seriam
subsistemas que, por sua vez, sofriam influência direta das relações
informais que eram inevitáveis e paralelas às relações formais.

+ Embora pareçam prejudiciais, as relações informais


contribuem de forma efetiva no alcance dos objetivos
organizacionais e, para a Escola das Relações Humanas (ERH),
a integração social é fator determinante para a produtividade
do trabalhador. Não só isso, mas a ERH também defendia que o
comportamento do indivíduo é determinado pelas normas de
funcionamento do grupo ao qual pertence.

Mas, como eles chegaram a essas conclusões? Focado nessa situação de


queda contínua de produtividade e observação da exitência efetiva das
organizações informais, Elton Mayo se propôs a pesquisar os problemas
identificados. Focou seus estudos, em princípio na relação entre o turn
over, a fadiga e os acidentes constantes.

Essa pesquisa foi realizada numa indústria têxtil localizada na Filadélfia,


em que a rotatividade de pessoal chegava a 250%, mesmo tendo sido
tentado vários tipos de incentivos. A primeira proposta foi avaliar se havia
relação entre a melhoria da produtividade e a melhoria do ambiente de
trabalho através da introdução de intervalos de descanso e de variações
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
na iluminação. Dois grupos foram criados:
+

Conclusão: Ambos os grupos aumentaram a produtividade, ou seja, nada


se pode concluir.

A pesquisa avançou e se aperfeiçoou partindo para mais uma experiência


na qual diminuiu a iluminação do grupo teste, mas mesmo assim a
produtividade continuou a se elevar, o que comprovou que havia outras
variáveis que interferiam na produtividade e que não estavam ligadas aos
fatores em estudo. Conclui-se assim que o fato de os funcionários
estarem sendo observados por pesquisadores que objetivavam descobrir
melhorias para eles se tornara um estímulo à produtividade, ou seja, a
mudança de comportamento está ligada à afetividade dos operários.

Não convencidos, os pesquisadores levaram a pesquisa para outro


ambiente. Foram escolhidas algumas mulheres que trabalhavam na linha
de montagem de outra indústria e elas foram observadas por um período.
A mudança introduzida, ou a variável em análise, foi mais uma vez a
interação, já que elas foram autorizadas a conversar durante o trabalho,
tanto entre elas como com os observadores. Você imagina o resultado? A
produtividade aumentou de novo!

Mas eles precisavam de mais confirmações e partiram para a terceira


experiência. Entregaram a 14 (quatorze) operários a função de
trabalharem em equipe, mas sem a interação do supervisor. A
produtividade caiu! Eles perceberam que o grupo limitava a produção.

Dessa forma, chegaram às seguintes conclusões:

Nível de produção é resultado da integração social +


Comportamento social dos empregados +
Recompensas e sanções sociais +
Grupos informais +

+ Essas conclusões levaram a uma crítica veemente ao homo


economicus como modelo de natureza humana, sendo
substituído pelo homo socialis. Esse modelo possui algumas
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características, segundo Motta (2009), tais como:
+

a) O homem é apresentado como um ser cujo comportamento não pode


ser reduzido a esquemas simples e mecanicistas;
b) O homem é, a um só tempo, condicionado pelo sistema social e por
demandas de ordem biológica;

O homo socialis

Fonte: Motta, 2009

Porém, como sempre, existem críticas, questionamentos e dúvidas sobre


a crença em relção às conclusões da ERH que, como vimos, entendia que
as necessidades sociais tinham precedência sobre as necessidades
econômicas, que os administradores deveriam, primeiramente, enfatizar o
bem-estar, a motivação e a comunicação dos empregados.

Nesse contexto, os industriais entenderam que, na concepção da Escola


das Relações Humanas, havia uma preocupação maior com os
trabalhadores em detrimento do consumidor, pois todo esse foco nos
operários aumentaria os custos. Outros críticos também alegavam que a
ERH criava uma dualidade entre a organização formal (lógica) e a informal
(afetiva), além de concentrarem os estudos em poucas variáveis,
restringindo o campo de análise e tornando a pesquisa superficial. As
críticas levaram a estudos mais profundos da motivação e
comportamento humano.

Vejamos, então, ainda uma visão completa das características da Escola


das Relações Humanas no quadro abaixo.

Escola das Relações Humanas

Concepção da organização Organização informal bastante


valorizada
Relações Administrativas -
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
Empregados
Identidade de interesses +
Sistema de Incentivos Incentivos psicossociais

Concepção da natureza humana Homo socialis

Resultados Máximos

Livro da disciplina

Para aprofundar seu conhecimento sobre a escola das relações


humanas estude, agora, no livro da disciplina, o capítulo 3 (p.82-
88).

Atividade

Complete o quadro abaixo, escrevendo na coluna da direita os


exemplos relativos ao solicitado na coluna da esquerda em
relação à Escola das Relações Humanas.

Pressupostos

Foco de Análise

Conceito-chave

Contribuições

Limitações

Conferir
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+
Aula 2

Aula 2
A Abordagem Comportamental (Motivacional)

A partir da década de 1950, que se desenvolve, inicialmente, nos Estados


Unidos, uma nova concepção de administração, trazendo novos conceitos,
novas variáveis e, sobretudo, uma nova visão da teoria administrativa,
baseada no comportamento humano nas organizações.

As origens dessa nova teoria da administração estão intimamente ligadas


a estudos do comportamento humano, desenvolvido em alguns trabalhos
de estudiosos da sociologia funcional, tais como Herbert Simon, Abraham
Maslow, Douglas McGregor, Chester Barnard e outros.

Fundamentados em estudos desenvolvidos pela Escola das Relações


Humanas, esses estudiosos conceberam a importância do fator humano
na organização, porém observaram o quanto a relação entre satisfação do
funcionário e produtividade não estava bem resolvida, já que dependiam
do tipo de trabalho e das condições como eram desenvolvidos. Assim
eles precisaram aprofundar os estudos nas questões comportamentais,
dando forma a uma nova teoria chamada de Comportamental ou
Behaviorista.

Os primeiros estudos põem em questão o homo socialis, já que a


observação era de um ser muito mais complexo do que se imaginava. Um
ser que tem necessidades múltiplas, não só vinculadas aos grupos
informais, mas também relacionadas ao seu ego, ao seu desenvolvimento
pessoal, aprendizagem e realização.

Para os behavioristas, a atividade profissional é a principal fonte de


saciedade da autorrealização, a partir do momento em que permite ao ser
humano inserção social, sentido para as suas ações e medida de seu
valor social. Cada indivíduo tem suas aspirações, sua identidade e
interesse próprio e esses interesses em relação a sua autorrealização
modificam-se com o tempo.
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
Fonte: Motta, 2009 pag.65
+
Baseados nessa nova concepção, os estudiosos propõem mudanças no
trabalho e nas organizações (tarefa e estrutura) que possam alinhar
melhor as necessidades de autodesenvolvimento e realização dos
homens em relação aos objetivos organizacionais. O foco foi direcionado
para as teorias motivacionais e sobre liderança.

Sobre as teorias motivacionais, um ícone foi apresentado ao mundo da


administração: Abraham Maslow. Através da publicação de um artigo em
1943, onde ele define níveis de necessidades que se expressam na
motivação humana, ele revolucionou o conceito motivacional e explicou
essa teoria através de um modelo piramidal, onde as necessidades são
expressas através de uma hierarquia, como se pode ver na figura abaixo.

Hierarquia das necessidades de Maslow

Maslow não estava preocupado em medir a eficiência ou a produtividade,


ele focou seus estudos na personalidade e no desenvolvimento do ser
humano. Ele percebeu o quanto as necessidades do homem são
complexas e que disso depende a motivação para contribuir com os
objetivos das empresas.

Como você pode observar, ele sugere na pirâmide cinco níveis de


necessidades que só podem ser saciados de baixo para cima e um após o
outro, ou seja, não é possível satisfazer as necessidades de escalas mais
altas sem que as mais baixas estejam satisfeitas. Primeiro as
necessidades simples e fundamentais (lower-order needs) e depois, na
medida em que as outras forem sendo alcançadas, o indivíduo chegará às
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
necessidades mais altas (higher-order needs).
+
Esse modelo ajuda os administradores a observar em que nível está a
motivação do funcionário para que possa associá-la aos objetivos
organizacionais e ambos serem alcançados.

É importante entender que as necessidades se alteram de acordo


com as experiências vividas e com as mudanças que o indivíduo
enfrenta na vida.

Para conhecer detalhadamente o teor de cada uma das


necessidades sugeridas por Maslow, visite o link abaixo e leia o
texto indicado.
www.goo.gl/xA9bil
Acesso em: 07 jul. 2014

Maslow e suas teorias, de fato, foram fundamentais na introdução de


conceitos motivacionais mais profundos e focados na complexidade do
homem, mas seu trabalho não foi único e nem estagnou os estudos sobre
comportamento e motivação. Ao contrário, ele incentivou novos estudos e
novas experiências que foram dando maior sustentação à Teoria
Comportamental.

McGregor foi outro importante estudioso que retoma alguns argumentos


de Maslow para explicar um novo modelo no qual insere a liderança
vinculada à motivação humana. No artigo publicado em 1966, chamado
de The Human Side of Interprise, ele resgata o modelo organizacional ou
de gestão organizacional sugerido por Taylor, na Administração Científica,
explica por que não funcionou e sugere um novo modelo de gestão
administrativa.

Douglas McGregor deu o nome de Teoria X ao modelo sugerido por Taylor,


no início do século, e descreveu seus pressupostos da seguinte maneira:
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
+

Para o autor, esses não eram pressupostos, mas sim consequências de


um exercício exarcebado do controle burocrático e de uma centralização
administrativa rigorosa, que levava os operários e outros trabalhadores a
sentirem-se insatisfeitos, a fazerem "cera" nas linhas de montagem, a
diminuir o ritmo na podução, levando a uma queda elevada na
produtividade em médio prazo.

Ou seja, para McGregor, a resistência dos empregados não se dava pelo


fato de serem preguiçosos, mas por serem motivados única e
exclusivamente pelas necessidades básicas da pirâmide de Maslow
(lower – order needs), já que a gerência adotava práticas restritivas e não
percebia as necessidades mais complexas do ser humano.

Por isso, ele apresenta uma teoria que contrapõem ao pensamento


descrito anteriormente e a qual ele chama de Teoria Y. Essa teoria se
baseia em:

Nessa perspectiva, McGregor apresenta uma proposta em que a


organização assume a responsabilidade de possibilitar condições
orgânicas e métodos que permitam as pessoas desenvolverem suas
atividades, encorajando o crescimento e criando oportunidades para que
atinjam seus objetivos pessoais e canalizem esforços para alcançarem os
objetivos organizacionais. São ações e conceitos vinculados a modelos
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
de liderança democráticas.
+
A Teoria Y propõe ações e conceitos vinculados a modelos de liderança
democrática, como exemplo: atuação dos gerentes mais como
coordenadores do que como controladores e a participação dos
funcionários nas decisões da empresa.

Aprofunde o seu estudo de comparação da Teoria X e Teoria Y


lendo o artigo indicado no link abaixo.
www.goo.gl/oSE73x
Acesso em: 07 jul. 2014

Sem ainda se sentirem satisfeitos com as conclusões e sugestões


obtidas através das teorias desenvolvidas, outros estudiosos avançaram
nessa pesquisa envolvendo motivação, comportamento e liderança. Mais
um deles foi Frederick Herzberg, que considerou a opinião dos
trabalhadores no contexto de sua pesquisa.

Herzberg considerou a motivação impulsionada por dois fatores distintos,


porém complementares. São eles:

FATORES HIGIÊNICOS

São os aspectos que podem impedir a satisfação, mas que não


influenciam no crescimento e desenvolvimento dos empregados.

FATORES MOTIVADORES

São os aspectos podem impedir a satisfação, mas que não


influenciam os empregados a crescerem e se desenvolverem.

A principal implicação desse estudo está na concentração de alguns


fatores como barreiras ou empecilhos à insatisfação dos trabalhadores,
ou seja, sem eles nada é possível – são os fatores higiênicos.

Outro grupo de fatores que contribuem de forma decisiva na motivação


dos funcionários – são os fatores motivadores.

Comparação entre as Teorias motivacionais de Maslow e Herzberg


ENFOQUE COMPORTAMENTAL
+

Surgiram muitas críticas a esse modelo de Herzberg e muitas foram


refutadas em estudos empíricos, porém não se pode negar que essa visão
ampliou os horizontes acerca da motivação dos trabalhadores. Herzberg
conseguiu mostrar que o fato da empresa pagar bons salários e assegurar
boas condições de trabalho para seus funcionários não necessariamente
obterá uma equipe motivada.

A Teoria dos Dois Fatores defende que o entusiasmo provém do próprio


trabalho que o empregado realiza e daí vem a proposta de enriquecimento
de tarefas, aumentando, assim, a complexidade das ações, tornando o
trabalho mais desafiador.

+ As teorias das Relaçoes Humanas e Behaviorista ilustram


muito bem o vínculo que a Administração possui com outras
ciências, como psicologia, sociologia, e marcam, de certa
forma, o início de uma visão multidisplinar. Essa visão apontou
nesse momento para o homem, trazendo-o para o centro, para o foco dos
estudos, observações e trabalhos.

Não será suficiente e conclusiva essa visão, claro que não! A sociedade
avança, evolui e com ela as organizações, mas com certeza a Teoria
Comportamental permitiu um avanço nas perspectivas organizacionais,
apresentando contribuições fundamentais para melhoria dos processos
organizacionais, dos modelos de gestão e de relações.

Vídeo da Unidade
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
Para saber mais sobre o comportamento humano nas +
organizações, assista agora ao vídeo da unidade: Motivação.

Se preferir, faça o download do áudio (mp3 compactado) deste vídeo


clicando aqui.

Livro da disciplina

Para aprofundar seu conhecimento sobre a abordagem


comportamental estude, agora, no livro da disciplina, o capítulo 3
(p.95-109).

Atividade

Chris Argyris (n. 1923): "As empresas dependem


fundamentalmente das pessoas. O desenvolvimento pessoal
deverá estar relacionado com o trabalho. Assim, a tarefa de uma
empresa consiste em assegurar que as pessoas estejam
motivadas e que aproveitem totalmente o seu potencial".

De acordo com a teoria Comportamental, quais são os recursos


que as organizações possuem para manter a equipe motivada?

Conferir
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+
Aula 3

Aula 3
Teoria Estruturalista

O mundo é dinâmico e as organizações também. Na busca pela eficiência


máxima, elas serão incansáveis em procurar novas fórmulas, novas
maneiras e modelos de alcançar seus objetivos.
A Teoria Estruturalista, através dos seus representantes, como Amitai
Etzione, vem nesse contexto de agregar, vem complementar, vem
equalizar algumas outras teorias que foram estudadas anteriormente e
que não conseguiram alcançar a amplitude dos problemas
organizacionais.

+ A Teoria Estruturalista chega sustentada por um conceito de


“estrutura” incorporado ao vocabulário das ciências sociais na
década de 1930. Esse conceito se expressa no que a análise
interna de uma totalidade revela, ou seja, os elementos
internos, suas relações e sua disposição. Para o estruturalismo de forma
ampla e não apenas na concepção administrativa o todo é maior que a
soma das partes.

A Teoria Estruturalista conversa com a Escola Clássica, conversa com a


escola das Relações Humanas e está bem próxima da Teoria da
Burocracia, ou seja, ela surge para completar lacunas e sugerir um olhar
mais apurado para a forma como as empresas estão organizadas e
estruturadas, sem esquecer dos aspectos sociais que motivam os
funcionários.

Assim percebe-se que as origens da Teoria Estruturalista estão


fundamentadas nas críticas a outras Teorias, onde uma está bem voltada
para estímulos materiais e outra para estímulos psicossociais, mas
também na necessidade de observar a organização como uma entidade
social da qual os seres humanos são totalmente dependentes.

Para os estruturalistas, as organizações são diferentes e em cada uma


delas os indivíduos se comportam de uma maneira diferente, a depender
da forma como é a relação dele com a organização. Assim se torna
possível que os homens possam atuar em várias organizações diferentes.
Portanto, pode-se dizer que, do ponto de vista da Teoria Estruturalista, “as
organizações são caracterizadas por um conjunto de relações sociais
duráveis e deliberadamente criadas com a explícita intenção de alcançar
objetivos ou propósitos. Em outras palavras, a organização é uma unidade
social dentro da qual as pessoas alcançam relações estáveis entre si, no
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
sentido de facilitar o alcance de um conjunto de objetivos ou metas”.
+
Por isso é que a Teoria Estruturalista defende o modelo da natureza
humana como sendo o do “homem organizacional”, que atua em várias
organizações e se caracteriza por ser:

Flexível:

Se adapta rapidamente a novas situações.

Tolerante a frustrações:

Evita o desgaste emocional causado pelo possível vácuo entre


seus objetios e os objetivos organizacionais.

Capaz de adiar recompensas:

Sabe compensar o trabalho rotineiro dentro da organização, em


detrimento das preferências e vocações pessoais por outros tipos
de atividade profissional.

Vive em permanente desejo de realização:

Garantindo a conformidade e cooperação com as normas que


controlam e asseguram o acesso a posições de carreira dentro da
organização.

A Teoria Estruturalista tem uma forma muito própria de observar as


organizações a partir do momento que agrega características de várias
outras abordagens, como já foi dito acima. É a chamada abordagem
multidisciplinar que se caracteriza por:
Valorizar e reconhecer tanto a organização formal quanto a
informal: como ambas são reconhecidas, o que de fato os
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
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estruturalistas querem é conhecer a interação e a interferência
que uma exerce sobre a outra de forma a manter um equilíbrio
saudável da relação entre ambas.
Valorizar tanto as recompensas materiais e salariais quanto as
sociais e simbólicas: lembrando apenas que as simbólicas
precisam ser oferecidas para quem está identificado com a
organização, para que o vínculo entre recompensa e status seja
criado e mantido. É importante também que essas recompensas
sejam compartilhadas com outros membros dos grupos sociais
informais como família e amigos.
Envolver todos os níveis hierárquicos da organização: os
problemas dentro das organizações são resolvidos nos níveis
hierárquicos aos quais competem, ou seja, não há uma
centralização no topo da organização, mas sim uma distribuição
e responsabilidade pela solução. Quando o problema envolve os
planos macro, ou envolvem toda a organização, são decididos, no
nível institucional (mais elevado), quando são referentes às
relações entre os planos estratégicos e a operacionalização, eles
são definidos no nível gerencial e quando dizem respeito às
práticas cotidianas, são resolvidos e determinados no nível
operacional.
Reconhecer todos os tipos de organização: As teorias anteriores
desenvolveram seus estudos em fábricas, indústrias única e
exclusivamente, pois o conceito de produtividade estava voltando
para produtos e o de eficiência voltado para grandes empresas,
mas o estruturalismo amplia o olhar e inclui nos estudos as
organizações públicas, as pequenas e médias, as geradoras de
serviços além das organizações militares, filantrópicas e
religiosas.
Estuda os conflitos e dilemas e suas interferências na gestão
organizacional: o estruturalismo vê os conflitos como algo natural
dentro das organizações, inclusive como fonte de
desenvolvimento, porém precisam ser administrados, pois nem
sempre são bem-vindos e nem sempre surtem efeitos positivos.
Conflitos como alinhamento entre os objetivos organizacionais e
pessoais, como disciplina e liberdade ou ainda como relações
formais e informais precisam e devem ser evitados de forma
consciente e precisa, pois a manutenção da existência deles pode
gerar consequências graves como até abandono de emprego.
Preocupar-se com as análises intra-organizacionais e inter-
organizacionais: isso quer dizer que há uma preocupação com os
fenêomenos internos e os externos. Há um entendimento que
fenômenos que acontecem fora do ambiente organizacional
também afeta as decisões que precisam ser tomadas no
ambiente interno.

Essa abordagem interdisciplinar abre um espaço para classificação das


organizações num contexto comparativo, já que elas se mostram tão
desiguais na sua concepção.Essa classificação é chamada de tipologia e
é concebida de forma diferente por autores diferentes. Etzione, por
ENFOQUE COMPORTAMENTAL
exemplo, classificou as organizações de acordo com a forma de
+
obediência dos funcionários aos modelos e objetivos organizacionais.
Vejamos:

Organizações coercitivas:

a obediência é sustentada pela força física ou por punições.

Organizações utilitárias:

a obediência existe em função do controle dos benefícios


econômicos e materiais.

Organizações normativas:

o poder é sustentado pelo método normativo, ou seja, numa


relação saudável entre os objetivos organizacionais e os métodos
utilizados para alcançá-los.

E nesse sentido é que a Teoria Estruturalista abre uma nova perpectiva, ao


considerar a organização um sistema aberto, influenciável e dependente
do ambiente externo no qual está inserida, já que adaptações precisam
ser feitas internamente, quando as mudanças externas acontecem.
Porém, muitos estudiosos não consideraram a Teoria Estruturaista como
uma teoria densa e bem formada, pois ela absorveu conceitos de várias
outras teorias e tentou uni-los em uma só criando algumas incoerências
ou dificuldades por conta da falta de estudos mais aprofundados. Assim
ela foi classificada como uma teoria de transição.

Atividade

Identifique e explique em quais as bases a Teoria Estruturalista se


sustentou para criar o seu modelo de gestão organizacional?
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Encerramento

Encerramento

Nesta unidade decorremos a visão dos estudiosos, que se volta para o lado humano das
organizações numa busca profunda de como motivar os funcionários e fazê-los incorporarem os
objetivos organizacionais no contexto das suas vidas, principalmente de seu trabalho.

Há um movimento de observação do que acontece fora da empresa e uma pequena percepção da


influência que esses movimentos causam internamente na organização, plantando uma semente
para estudos mais profundos da organização como sistema aberto.

A gestão de pessoas é algo previsível ou sempre há +


algum tipo de incerteza?

Qual a importância que as teorias motivacionais têm na +


gestão das organizações modernas?

Como os estruturalistas veem a organização em relação +


aos movimentos passados?

Atividades

Além do estudo dos roteiros, do livro da disciplina, das leituras


complementares e dos vídeos das unidades, você deverá realizar
as atividades pontuadas que se encontram no ambiente virtual de
aprendizagem. Acompanhe os prazos de envio das avaliações no
documento “Calendário e Critérios de Avaliação”, na introdução da
disciplina.

Lembre-se: procure o professor-tutor no fórum "Fale com o tutor".


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