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John Locke
John Locke
Nasceu em 1632;
Trava amizade com Lord Ashley, futuro líder da oposição Whig à
monarquia absoluta de Carlos II, que morre em 1685;
Sucede-lhe o irmão Jaime II; o conflito político também tem
motivações religiosas;
Lord Ashley é preso e Locke foge para a Holanda em 1683.
Revolução Gloriosa: 1688 – 1689: Guilherme III de Orange quebra
a linhagem dos Stuarts e torna-se novo rei de Inglaterra;
Locke regressa a Inglaterra a Inglaterra em 1689;
Intervém na vida política, influencia a « Declaração de Direitos de
1689 », faz parte do Board of Trade;
Morre em 1704.
Não há garantias de que os indivíduos ajam de forma racional, ou seja, a razão não é
uma garantia a 100%, existe sempre uma potência de que o estado de natureza não se
torne num estado de paz, mas que possa degenerar num estado de « guerra de todos
contra todos » - já conhecido em Hobbes.
A diferença: para Hobbes degenerava sempre, para Locke, existe sempre essa
possibilidade
O problema é a extrema subjetividade ( cada um interpreta como quer a lei natural )
Para Locke, a razão nunca é suficiente para todos os casos; existe sempre a
possibilidade de que o estado de natureza degenere, ou seja, a razão não é vinculativa
da paz ( a razão em Locke tem um papel mais moderador ).
A lei precisa de um agente que a execute. Quem o faz num estado de natureza,
onde não existe uma autoridade política?
1- Todos os indivíduos podem punir quem transgride a lei natural ( em Hobbes
também existia este mesmo problema );
2- Locke pressupõe que essa punição é mediada racionalmente ( um certo
otimismo ) e, nessa medida, não alcança o potencial de violência que víamos
em Hobbes ( significa que o estado de natureza lockiano nunca vai
adquirir o grau de violência / caos que víamos no estado de natureza
Hobbesiano – onde os indivíduos puniam da forma que achavam mais
adequada – Locke diz que no estado de natureza os indivíduos
conseguem temperar o seu desejo de vingança );
3- Os transgressores desobedecem à lei natural e não agem racionalmente;
4- Se não agem racionalmente, não acedem à lei natural na sua plenitude e não
podem usufruir dos seus direitos naturais;
5- Em último caso, o transgressor irracional não tem direito à propriedade, à
liberdade e à vida.
Locke afirma, no entanto, que há inconveniente no estado de natureza, por não existir
um árbitro comum para os conflitos, a não ser a justa e definitiva forma de interpretar
a lei natural através da razão.
Argumento Hobbesiano: é sempre preferível / adequada qualquer tipo de organização
política ( determinação soberana ) do que regressar a um estado de natureza. Locke diz-
nos algo diferente: o estado de natureza não é o pior estado possível ( em termos de
organização política ), o pior estado possível é a realização efetiva da tirania do
despotismo do século XVII – Monarquia absoluta (Absolutismo).
Paradoxo: os indivíduos precisam uns dos outros para florescer ( para atingir
determinados objetivos ), mas as vontades diferentes podem gerar conflito e
transformar o estado de natureza em estado de guerra.
Que fazer?
Locke afirma que a razão ( a razão de certa forma interpreta a lei natural ) dita a
criação da sociedade civil ( subjetividade unitária – soma de vontades individuais ),
na qual cada um prescinde de ser executor da lei natural
↓
Surge um árbitro que irá executar a lei, de forma imparcial, que estará agora
determinada como direito positivo
↓
Isso será garantido através de um contrato social, que garantirá a paz, a vida e a
segurança. O contrato social ( pacto originário ) preserva a paz e a propriedade.
Para Locke : Estado – governo civil -, autoridade externa que era necessária
1. Suficiência de recursos:
a. Cada indivíduo deve deixar o suficiente ( deve deixar quantidade e qualidade
suficiente para que possa estar disponível por outro indivíduo ) de um recurso no
estado comum, para que os outros indivíduos possam aplicar o seu trabalho sobre
esse mesmo recurso;
b. Não existe um direito à monopolização ( os mares e os oceanos, e outras riquezas
naturais, devem estar disponíveis para que qualquer indivíduo possa misturar o seu
trabalho com um desses tipos de recursos e daí extrair riqueza privada ) de um
recurso.
Locke não está a desativar as duas cláusulas anteriores sobre a apropriação justa.
Está apenas a referir que ( um paradoxo ) a acumulação ilimitada de recursos
é moralmente ilegítima, mas a acumulação de dinheiro, pelo contrário
respeita a lei natural, pois:
↓
I. Permite o nascimento do comércio, que faz prosperar a comunidade ( faz com
que o indivíduo se sublime através da troca )
II. A própria acumulação é um incentivo ao trabalho e é o trabalho que permite
que o indivíduo floresça ( tese lockiana )
| Qualquer norma de direito positivo que atente contra o direito natural à vida / à
liberdade / à propriedade, é uma lei fundamentalmente injusta. Até é mais do que isso,
é ilegítima do ponto de vista jurídico!
No estado de natureza, o que encontrávamos era direito privado, o que
passámos a encontrar depois da criação de uma sociedade civil é direito público ( este
só nasce efetivamente com o contrato social / pacto originário ).
A auto-preservação ( aquele instinto conhecido da antropologia hobbesiana )
vai ter de dar lugar a uma outra preservação – preservação do coletivo. A função do
governo civil é garantir a preservação do coletivo ( preservação da sociedade civil ). |
Locke diz-nos que são duas etapas, cada uma delas representativa de um tipo
particular de consentimento:
( 1 ) A sociedade civil é instaurada pelo consentimento explícito dos indivíduos ( ato
político evidente e ativo );
( 2 ) O governo civil é instaurado pelo consentimento tácito dos indivíduos ( ato
político implícito e passivo )
| O que é necessário para executar uma lei? ⇒ é preciso força, exercício de coerção,
exercício de violência legítima
O poder federativo e o poder executivo devem estar nas mãos do mesmo magistrado /
no mesmo corpo de magistrados ( é mais seguro assim ) pela simples razão de que a
natureza do poder executivo e a natureza do poder federativo são muito semelhantes
nesta questão de efetivação ou de atuar através da violência / guerra / coerção
Há uma peculiaridade : existe uma igualdade jurídica – cada representante ( aquele que
fala em voz da soberania ) tem os mesmos direitos de qualquer membro da sociedade
civil |
LEI NATURAL
( geral e fundamental )
↓
LEIS POSITIVAS OU CIVIS
( aplicações particulares da lei natural )
Poder federativo
↓
Poder executivo
Relações exteriores da comunidade
↓
política
Executa as leis produzidas pelo
↓
legislativo
Herdeiro da noção de que as diferentes
↓
comunidades se relacionam entre si
Herdeiro do poder natural de execução
como os indivíduos se relacionam no
da lei natural
estado de natureza: sem um árbitro
imparcial
Existe separação entre o poder legislativo e os outros, mas não entre o executivo e o
federativo
↓
Os poderes executivo e federativo requerem e dependem do mesmo: da aplicação
da força ( coerção )
↓
Locke abre a possibilidade de, em casos muito particulares, ser necessário ao
executivo ir além da lei para garantir o bem público e a conservação da
comunidade política