Você está na página 1de 4

MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL

PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE nº 001

I – DOS FATOS
A Procuradoria-Geral da República, entidade autônoma, prevista na
Constituição Federal de 1988, com o papel de defender os interesses da sociedade, da
ordem jurídica e do Estado., pelo representante procurador-geral Dias Toffoli, inscrito
na OAB sob o número 003.4924, vem propor a presente Ação Direta de
Inconstitucionalidade em face da PORTÁRIA N° 001/1988, editado pelo
Excelentíssimo Governador do Estado do Pará.

II – FUNDAMENTOS
A portaria do Governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, apresenta
potenciais inconstitucionalidades e excede a competência do Governador para
regulamentar certas matérias por meio de um ato normativo infralegal, como uma
portaria. Entre os principais problemas estão a obrigatoriedade de frequência escolar, a
notificação dos pais em caso de faltas dos alunos, a questão dos alunos com
necessidades especiais, a adaptação das escolas e a aplicação de multas aos
responsáveis. Questões desse alcance devem ser regulamentadas por lei, respeitando o
processo legislativo e garantindo os direitos fundamentais.

Primeiramente, o Artigo 205 da Constituição garante a educação como um


direito de todos e um dever do Estado e da família. Nesse sentido, a obrigatoriedade de
frequência escolar para todas as crianças de 4 a 11 anos e jovens a partir de 12 anos,
como proposto no Artigo 1º da portaria, envolve uma medida significativa que impacta
os direitos fundamentais dos cidadãos. Para questões de tamanha relevância, a
Constituição estabelece que é necessário o devido processo legislativo, ou seja, a
aprovação por meio de lei, e não por decreto ou portaria, que é um ato infralegal.
Seguidamente, o Artigo 208 da Constituição estabelece o dever do Estado em
garantir o acesso à educação, especialmente o ensino fundamental obrigatório.
Contudo, o estabelecimento dessa obrigatoriedade de forma abrangente e permanente,
como proposto na portaria, requer uma análise mais aprofundada e ampla, envolvendo
todo o sistema educacional e o devido debate e participação do Poder Legislativo.

E por último, considerando que o Artigo 209 da Constituição, que garante a


liberdade de ensino, respeitando os princípios da Constituição. O Artigo 2º da portaria,
que trata da notificação dos pais em caso de faltas dos alunos, pode envolver aspectos
que demandam uma análise legislativa adequada, respeitando as garantias
constitucionais de privacidade e intimidade das famílias.

III - DO PEDIDO EXPOSTO, REQUER-SE:


1. O recebimento da presente ADI e sua autuação;

2. A concessão de medida cautelar, para obstar imediatamente os efeitos do


Decreto Estadual 052, até o julgamento final da presente ação;

3. A citação do Excelentíssimo Governador do Estado do Pará, por intermédio de


seu advogado, para apresentar resposta no prazo legal. A notificação do órgão
ou autoridade responsável pela edição da norma questionada, para que preste
informações no prazo legal;

4. A procedência da ADI, declarando-se a inconstitucionalidade da PORTÁRIA


N° 001/1988;

5. A comunicação da decisão ao Poder Legislativo, bem como a outros órgãos


competentes, para que tomem conhecimento e adotem as providências cabíveis
diante da declaração de inconstitucionalidade;

6. A produção de todos os meios de prova admitidos em direito, mormente a


juntada de documentos e a oitiva de testemunhas, se necessário;

7. A comunicação do resultado deste julgamento aos órgãos e autoridades


competentes.

Brasília, 1998

Procurador-Geral da República
LIMINAR
Fundamenta-se o pedido de liminar na presente Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) em dois pontos essenciais:

I. Fumus boni iuris: alega-se que a Portaria n° 001/1988, emitida pelo


Governador do Estado do Pará, apresenta indícios de
inconstitucionalidade. A análise dos artigos constitucionais pertinentes à
educação indica potenciais violações aos princípios da competência
legislativa, separação dos poderes, direito à educação, garantias
fundamentais e respeito aos direitos de grupos vulneráveis, como as
pessoas com deficiência. Diante desses indícios, é plausível a tese de que
a portaria não está conforme a Constituição Federal de 1988,
configurando-se o fumus boni iuris, ou seja, a probabilidade do direito
alegado.

II. Periculum in mora: A concessão da liminar se justifica pela necessidade


de preservação dos direitos fundamentais das crianças e jovens afetados
pela obrigatoriedade de frequência escolar, bem como dos demais
direitos implicados na portaria, como a notificação dos pais, as medidas
para alunos com necessidades especiais, a adaptação das escolas e a
aplicação de multas. O perigo na demora é evidente, pois a manutenção
dessas medidas até o julgamento final da ADI pode gerar prejuízos
irreparáveis aos direitos dos cidadãos envolvidos. A urgência e
relevância do caso justificam a adoção da medida liminar, garantindo a
tutela imediata dos direitos constitucionais afetados.
Diante dos fundamentos expostos, requer-se a concessão de medida liminar
para suspender os efeitos da Portaria n° 001/1988, emitida pelo Governador do Estado
do Pará, até o julgamento final da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). A
adoção dessa medida se faz necessária para assegurar a efetividade da tutela
jurisdicional e a preservação dos direitos fundamentais envolvidos, evitando-se danos
irreparáveis enquanto a ação tramita perante esta Corte.

Você também pode gostar