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Juleu e Romieta (Roberto Gómez Bolaños, Chespirito)

BLOCO I

Romieta: Você me ama Julieu?

Julieu: Com toda minha alma Romieta!


[Se "beijam"]

Julieu: Eu vou lhe ser franco Romieta, não é a primeira mulher que eu beijo.

Romieta: [faz uma cara triste e depois fala] E eu vou lhe ser franca Julieu, você tem muito que
aprender.

Julieu: [faz cara de indignação]

Romieta: [preocupada diz] Mais que barbaridade já vai dar meia noite e meu pai se preocupa
quando chego muito tarde.

Julieu: Aí é verdade, me perdoa, vamos! [pega Romieta pela mão e diz] Um homem como eu
nunca deve chegar tarde quando sai para passear com sua noiva [quase caem no chão] Me
desculpa, pode me perdoar? Mais eu dizia que um homem como eu nunca deve chegar tarde
quando sai para passear com sua noiva.
[vão andando de mãos dadas em direção a casa de Romieta]

Romieta: [suspira como quem está apaixonada e diz] Não se preocupe, o mesmo aconteceu com o
Pedro, com o João, com Henrique, com Luis, com Ramon e com todos os outros.

Julieu: Você teve muitos noivos?

Romieta: Bom, mas não era nada de oficial. Eram só casos rasos. [Julieu fica em dúvida] Bom mas
já chegamos [Romieta faz um assobio na porta da casa]

Pai de Romieta: [com roupa de dormir] Poxa! Já era hora de chegarem, vejam doze e vinte e cinco
[mostra um relógio para Julieu].

Julieu: [pega o relógio e diz] Baratinho não? Onde o senhor comprou?

Pai de Romieta: [toma o relógio de volta] Estou me referindo às horas. Pera aí, você é novo não é?

Julieu: Não já sou usado.

Pai de Romieta: Eu disse se você é o novo noivo da minha filha Romieta.


[Juleu vai falar mas Romieta começa a falar primeiro]

Romieta: Sim papai! Ele é o sargento Julieu Montesco


[Julieu faz gesto de continência]

Pai de Romieta: [com cara de surpresa] Minha filha, o sobrenome dele é Montesco?

Julieu: [continua fazendo gesto de continência enquanto fala] Sim! Sou Montesco por parte de pai,
Vilagran por parte de mãe e sargento por parte do serviço militar obrigatório.
Pai de Romieta: Você não sabe que eu e seu pai somos inimigos mortais?

Julieu: Não me diga?! [cara de preocupado]

Pai de Romieta: Eu sou um Capuleto!

Julieu: Irmão da Capulina?

Pai de Romieta: Me refiro a família dos Capuletos [vai subindo o tom da voz] e se você não sabe os
Capuletos e os Montescos estão em guerra de morte a muito tempo.

Julieu: Ai caramba! E não haveria uma forma de terminar suas diferenças?

Pai de Romieta: Bom! Nós poderíamos esquecer que seu avô matou o meu avô [aponta para
Julieu o empurrando contra a parede], também poderíamos esquecer que seu bisavô matou o meu
bisavô, e daí poderíamos esquecer que o seu tataravô matou o meu tataravô e que jamais
poderemos esquecer é que vocês torcem para o Flamengo e nós para o Vasco. [se vira para
Romieta e diz] E você para dentro.

Romieta: [fica tentando falar "mas papai", mas sempre é interrompida pelo próprio pai que a manda
ir para casa, por fim desiste e entra dentro de casa].

Pai de Romieta: E você seu mequetrefe [se aproxima de Julieu com cara de bravo, Julieu fica
assustado], o dia em que ousar pôr os pés em frente de minha casa eu te atravesso com a minha
espada das costas até o baço [Julieu faz som como se tivesse sido atingido realmente por uma
espada]

Julieu: [o pai de Romieta já vai quase entrando dentro de casa quando Julieu diz] E viva o
Flamengo!
[o pai de Romieta escuta faz uma cara de bravo e volta aonde Julieu está e antes que pergunte o
que ele tinha dito, Julieu diz] Vasco, Vasco rarara (2x)

Pai de Romieta: É melhor mesmo [se afasta e vai em direção a porta da casa]

Julieu: [Julieu fala antes que ele feche a porta] Flamengo [mas nada acontece, Julieu então fica
andando triste e pensativo até que depois de um tempo diz] O e agora que poderá me ajudar?
[Chapolin salta e entra em cena]

Chapolin: Eu!

Julieu: O Chapolin Colorado!


[Chapolin cai e derruba água em Juleu] Que bom que você veio.

BLOCO II

[Corta para o próximo bloco; Juleu está explicando a Chapolin o que aconteceu]
Chapolin: E então, o velho, não deixa você ver a filha dele somente porque há briga entre as
famílias?

Julieu: [responde triste] Assim é Chapolin! [ficam um tempo quietos] Mas para mim basta o consolo
de pensar em Romieta, para que o meu coração comece a latir a 400 latidos por hora [Chapolin diz:
-deixe eu ver; se aproxima e "escuta" o coração de Juleu] Olha como late!
[Chapolin se afasta e diz: -Como burro lá no pasto]
Chapolin: Isso pode ser perigoso pra sua saúde hein?!

Julieu: Eu sei Chapolin, mas o que quer que eu faça se eu não faço outra coisa a não ser pensar
nela?
Chapolin: Sim, mas latindo o coração nessa velocidade pode chegar um momento que exploda e...
[vai se abaixando para ouvir novamente o coração, mas Juleu está de pé] Se aproveitam da minha
nobreza.
[Chapolin se levanta e o diálogo continua]
Julieu: E o pior de tudo é que o pai dela me ameaçou de morte.

Chapolin: A sim! Deixe que ele te mate, deixe!

Julieu: Há é melhor não deixar!

Chapolin: Deixa, deixa, que ele mate você, que ele mate todos os seus parentes e que siga adiante
com essa estúpida guerra entre famílias.

Julieu: É melhor eu não deixar!

Chapolin: Mas sim deixa, deixa, e que depois jogue o seu cadáver no rio para que amanheça com
a barriga inchada e com os olhos esbugalhados, língua de fora e o nariz arrebitado, hã!? [a medida
que Chapolin fala as partes, Juleu vai pegando em seu próprio corpo]

Julieu: É melhor eu não deixar!

Chapolin: Mas sim deixa, deixa que chamem a Romieta para ver o seu cadáver asqueroso quando
encontrarem você. [Juleu faz sinal de negação com a cabeça] Sabe o que vai fazer Romieta?

Julieu: O que?

Chapolin: Casar-se com outro! E não vai faltar pretendente não!

Julieu: Eu sei Chapolin! Ainda mais levando em conta que além de ser bonita ela é imensamente
rica.

Chapolin: Não sabe se ela gosta dos chapolins?

Julieu: Que quer dizer?

Chapolin: Nada, nada, nada. Digo não há por que temer do velho. [o pai de Romieta vai entrando
ao fundo]
Julieu: É claro que não se agora há pouco... [vê o pai de Romieta] Credo!

Chapolin: Não, palma palma não priemos cânico. Por que você vai ter medo de um velho de bigode
de sapo? [faz um som/gesto para Chapolin perceber que o pai de Romieta está atrás dele, mas
Chapolin não percebe] Mas como você mesmo disse que é um cara fraco (3x) que parece lombriga
de água suja! [o pai de Romieta bota a mão no ombro de Chapolin, mas Chapolin tira a mão dele e
diz] Espera um minutinho. Digo se vai ter medo de um pobre diabo que parece tripa escorrida? [o
pai de Romieta coloca novamente a mão no ombro de Chapolin, mas tira novamente a mão dele se
virando de costas e percebe que ele é o pai de Romieta]

Pai de Romieta: Quer dizer que você é um deles?

Chapolin: Qual deles?


Pai de Romieta: De nossos inimigos!

Chapolin: Que inimigos?

Pai de Romieta: Quando eu falo "de nossos inimigos", me refiro a família dos Montescos! Por
acaso é algum parente deles?

Chapolin: Claro que não!

Pai de Romieta: Então eu vou te dar um conselho Chapolin, case-se com minha filha.

Chapolin: E que, olhe e que o Juleu me chamou para eu ajudá-lo, assim eu não queria mesmo faz
um minuto eu disse que os chapolins tem... [faz uma pequena pausa e diz] Que disse?

Pai de Romieta: Que se case com minha filha.

Chapolin: [fica sem acreditar] Que eu me case com Romieta?

Pai de Romieta: Isso mesmo!

Julieu: Bom, é que se vocês me dão licença... [é interrompido pelo pai de Romieta que espera a
resposta de Chapolin]

Chapolin: Pode me repetir isso de que eu me case com a Romieta?

Pai de Romieta: Sim Chapolin! Porque eu jurei que antes de casar a minha filha com um Montesco,
preferia casa-lá com o primeiro imbecil que cruzasse a rua!
[Chapolin fica como quem quer bater no velho, mas fica com medo e diz]
Chapolin: Está bem!

Julieu: Bom eu acho que nesse caso... [é interrompido por Chapolin]

Chapolin: Entretanto a algo que eu quero dizer [Chapolin tenta falar mais sempre é interrompido
pelo pai de Romieta que concorda com ele, mesmo sem Chapolin ter dito nada. Por fim da boa noite
a Chapolin e sai] É, conversando a gente se entende

Juleu: Olha Chapolin eu gostaria de... [é interrompido por Chapolin]

Chapolin: Você não se deu conta que eu tenho tudo friamente calculado?

Juleu: E ainda por cima tem o cinismo de me dizer que tem friamente calculado roubar a Romieta
de mim?

Chapolin: Não, ao contrário, eu tenho friamente calculado que seja você que case com a Romieta.

Juleu: Não entendo!

Chapolin: Escuta, secretamente nós faremos um acordo com Romieta para simular que eu e ela
estamos apaixonados um pelo outro, e então nós pediremos ao seu pai que nos dê permissão para
casarmos em outra cidade e estando longe que se casará com Romieta será você
Juleu: Nossa Chapolin, você é o máximo!

Chapolin: Não contavam com a minha astúcia!

Juleu: Olha Chapolin, você acredita que o pai dela vai morder o anzol?

Chapolin: Claro que vai morder o anzol, porque ele tem cara de bacalhau frito!
[o pai de Romieta aparece novamente pelas costas de Chapolin]
Pai de Romieta: Quem tem cara de bacalhau frito? [Chapolin fica sem reação e começa a gaguejar
e aponta para Juleu] É verdade, tem razão. Além disso parece sardinha enlatada. Tonto! [sai de
cena]

[Juleu triste se senta em uma cadeira e corta para o próximo bloco]

BLOCO III

[Chapolin e Juleu aparecem andando sorrateiramente]


Chapolin: Qual é o balcão da Romieta?

Juleu: Eu te digo Chapolin, siga-me!


[continuam andando sorrateiramente até chegarem a casa de Romieta, chegando lá Chapolin
pergunta como chamarão Romieta para que ela apareça na janela
, Juleu diz que basta jogarem uma pedrinha, mas Chapolin não acha nenhuma pedrinha, então
Juleu pega uma pedra grande e joga para Chapolin, que não consegue pegar a pedra, assim, ela
cai em cima de Chapolin e de Juleu que desmaiam, Romieta escuta o barulho e sai para a janela]

Romieta: [surpresa] Nossa mas este é o Chapolin Colorado!


[tenta acordar Chapolin, após um tempo ele se acorda, logo depois Juleu também se acorda]

Chapolin: Romieta! [Chapolin informa a Juleu que Romieta já apareceu na janela, entretanto o pai
de Romieta aparece e manda ela sair dali sem que Chapolin perceba, ele põe a mão no ombro de
Chapolin, que imagina ser a mão de Romieta] Nossa!

Julieu: Que é?

Chapolin: Me pôs a mãozinha no ombro.

Julieu: Pois faça um carinho!

Chapolin: Na mão?

Juleu: Sim!
[Chapolin passa a mão em cima da do pai de Romieta]

Chapolin: Nossa ela tem a mão peluda!

Julieu: Ela deve ter posto umas luvas! Mas não importa, agora faça um carinho na bochecha!
[Chapolin passa a mão no rosto do pai de Romieta e sente a barba dele]

Chapolin: Juleu!

Julieu: Que é?
Chapolin: Tem pelo na cara toda!

Pai de Romieta: São meus bigodes Chapolin!


[Chapolin se vira vê o pai de Romieta e se assusta, corta para o próximo bloco]

BLOCO IV
[Romieta aparece andando rápido e o seu pai também andando rápido logo atrás dela]
Pai de Romieta: [grita] Romieta! [Romieta para de andar e espera seu pai se aproximar] Aonde vai?

Romieta: Por aí, por aí.

Pai de Romieta: Não me diga que vai se encontrar com Julieu Montesco!?

Romieta: Quem eu? [O pai imita o que ela fala]

Pai de Romieta: Na semana passada eu o surpreendi em frente da sua janela Romieta!

Romieta: Não teria sido o Chapolin Colorado? [O pai imita novamente a fala]

Pai de Romieta: Foi o Julieu! O Julieu Montesco! E você sabe que os Montescos e eu somos
inimigos mortais!

Romieta: Mas papai, eu já lhe disse...

Pai de Romieta: Chega! Em minha casa mando eu! A que horas você pretende voltar?

Romieta: Vou voltar na hora que me der vontade! [Romieta sai andando rápido]

Pai de Romieta: Mas nenhum minuto mais tarde, ouviu? [Ele fica bravo, o vizinho percebe e vai
falar com ele]
Vizinho: Aconteceu alguma coisa senhor Capuleto?

Pai de Romieta: Sim, sim, sim, estou a ponto de perder a cabeça.

Vizinho: [Com desdenho] Bem, desde que não perca algo realmente importante...

Pai de Romieta: [Olha com cara de bravo para o vizinho e diz] O que foi que disse?

Vizinho: [Acalmando o pai de Romieta] Não, não, não, nada, nada, quero saber qual o problema
que o aflinge.

Pai de Romieta: Minha filha, querido vizinho. [Se levanta e pega no braço do vizinho] Você conhece
a minha filha, Romieta?

Vizinho: Não! Faz apenas uma semana que eu me mudei para esse bairro.

Pai de Romieta: Bom, então eu vou lhe contar. [Orgulhoso] Eu, eu tenho uma filha que nasceu
idêntica a mim.

Vizinho: ahhh, entendo eu também estaria preocupadíssimo.

Pai de Romieta: [Com raiva] Quero dizer que nasceu idêntica a mim no caráter,[abrindo e fechando
a mão com raiva] poque nós dois somos agressivos e impiedosos a ponto de estrangular todos
aqueles que não estão de acordo conosco.
Vizinho: [Sorrindo] De acordo senhor!

Pai de Romieta: E aquela tonta resolveu se apaixonar!

Vizinho: O eterno problema.

Pai de Romieta: [Indignado] Problema? Problema por quê? Então uma mulher não tem o direito de
se apaixonar ou oque?

Vizinho: [Sem entender muito bem] Não, bem sim, a mulher tem todo direito.

Pai de Romieta: [Fala com bastante raiva] Sim, mas a minha filha ainda é muito jovem.

Vizinho: Bem então deveria esperar até ter mais idade.

Pai de Romieta: E correr o risco de ficar solteira, é?

Vizinho: Não, isso não. Deveria casar-se.

Pai de Romieta: A força?

Vizinho: Não, ela deve casar com um homem de quem ela goste.

Pai de Romieta: Mesmo que esse homem pertença a uma família da qual eu sou inimigo mortal?

Vizinho: Não, não, então não deve se casar.

Pai de Romieta: E que culpa tem ele de pertencer aquela família? Eu quero saber!

Vizinho: Eu sei, eu sei, ele é inocente.

Pai de Romieta: Inocente? Inocente de que?

Vizinho: Bem, eu [é interrompido pelo pai de Romieta]

Pai de Romieta: Tatatatabém, eu não tenho tempo pra discutir essas bobagens. [Saí com raiva
balançando os braços]

[logo em seguida chega Romieta e esbarra no vizinho]

Vizinho: Perdão!

Romieta: Não foi nada, cavalheiro. Não se preocupe [não completa a frase e começa uma nova
fala] Disse algo pro meu pai?

Vizinho: Quer dizer que a senhora é filha do seu pai?

Romieta: Sou sim. Ohhh mas, está muito enganado se pensa que só o fato de ter conversado com
meu pai lhe dá o direito de saber que me chamo Romieta, e que não tenho compromissos formais,
que todos os dias eu saio pra passear absolutamente só e que gosto de homens altos. [Olha para o
vizinho como se estivesse apaixonada]

Vizinho: Bem, eu só queria dizer que [Romieta interrompe]

Romieta: Ou não cavalheiro, eu não posso aceitar o convite de um homem que eu acabo de
conhecer e que além disso se aproveita da circunstância de ser muito atraente [Olha novamente
como se estivesse apaixonada]
Vizinho: Bem, eu só estava querendo dizer que [De novo interrompido por Romieta]

Romieta: Ou bem, está muito bem, eu aceito, nos vemos aqui amanhã nesta mesma hora nesse
mesmo teatro, até logo. [Romieta saí da cena e um pouco depois o vizinho também sai.]

[Enquanto isso, aparece Chapolin e Julieu no fundo da cena]

Julieu: [Com raiva e revoltado] Eu vou matá-los, eu vou matar os dois, eu juro que os mato e
[Chapolin segura Julieu pelo braço e tenta acalmá-lo enquanto Julieu continua falando] me larga
chapolin eu tenho que matar aqueles dois!

Chapolin: Palma, palma, não priemos cânico. Sê ainda não percebeu que a Romieta está apenas
querendo te passar um trote?

Julieu: Você acha?

Chapolin: Mas é claro! Ela está apaixonada por você, Julieu, unicamente por você.

Julieu: Bom, era isso mesmo que eu pensava, mas já estou na dúvida.

Chapolin: Escute! Lembre-se daquele ditado que diz: [Julieu fica com cara de quem está com
dúvida] Quem não quer nada, não nada se não souber nadar nada. [Chapolin sai de cena e Julieu
continua com a cara de dúvida, corta para o próximo bloco]

BLOCO V

[Chapolin, o vizinho e Julieu caminham em direção a casa de Romieta, ela sai para fora e fala:]

Romieta: Julieu!

Julieu: Romieta!

Romieta: Aí eu estou ansiosa para escutar os seus poemas de amor.

Julieu: Caramba! [Vai em direção de Chapolin e pergunta] E agora, o que eu vou dizer? Eu não
conheço nenhum poema.

Chapolin: Há um que diz assim olha: Hoje com esperança louca, venho dizer-te cantando, que com
os beijos de tua boca, eu vou partir suspirando.

Julieu: Aí que bonito que é esse daí [Volta a ficar de frente com Romieta e fala:] Hoje com
esperança da louca, [Romieta fica com cara de quem está achando estranho e Julieu faz cara de
quem se esqueceu de algo e está tentando se lembrar] esqueci, como é que é mesmo, espera um
pouquinho [Chapolin sussurra para Julieu:]

Chapolin: Hoje com esperança louca, venho dizer-te cantando [é interrompido por Julieu]

Julieu: Ahhh sim, sim. Cantando com esperança venho dizer-te sua louca!

Chapolin: Com os beijos de sua boca, eu vou partir suspirando.

Julieu: E com o beijo suspirando eu vou partir sua boca.

Chapolin: [Repreendendo Julieu] Meteu os pés pelas mãos sua besta!

Julieu: Meteu os pés pelas mãos sua besta!


Romieta: [Com raiva] O que?

Chapolin: [Apontando o dedo para Julieu] Eu disse que besta é você.

Julieu: Eu disse que besta é você.

Romieta: [Saí chorando e diz] Papaizinho.

Julieu: Mamãezinha. [Comemorando] Agradei, agradei, agradei.

Chapolin: Mas, como você é burro! Como é que... [Chega o pai de Romieta que vai em direção a
Julieu]

Julieu: [Fica de costas e não percebe que o pai de Romieta chega] Que, que, o que?

Pai de Romieta: Boa noite! [Julieu se vira e pega na mão dele e diz:]

Julieu: Boa noite [Quando vê quem está falando recolhe a mão]

Pai de Romieta: [Repreendendo e com raiva] Eu já avisei, que se continuasse namorando minha
filha, eu ia enfiar uma espada no seu depósito de comida.

Julieu: Olha, sogrinho eu posso explicar [É interrompido]

Pai de Romieta: Mas, como eu não tenho espada, vou lhe bater com a primeira coisa que veio a
mão. [Levanta e fica balançando um penico que estava em sua mão]

[Chapolin interrompe e diz:]

Chapolin: Um momento! Primeiro vai ter que bater em mim.

Pai de Romieta: Com muito gosto. [Levanta o penico e bate ele na cabeça de Chapolin que não cai
no chão, pois é segurado pelo vizinho. Logo em seguida diz olhando para Julieu] Agora é você!

Julieu: Eu não sogrinho [Saí correndo e o pai de Romieta o segue tentando acertar o penico, fecha
o bloco].

BLOCO VI

[Retoma ao mesmo contexto do bloco anterior com Chapolin quase caído sendo segurado pelo
vizinho]

Vizinho: [Levanta Chapolin] Você está bem, Chapolin?

Chapolin: O que aconteceu? Onde está Julieu?

Vizinho: Não sei, saiu correndo por aí perseguido pelo pai da Romieta.

Chapolin: Caramba! Eu tenho que ajudá-lo. Siga-me os bons! [Se vira rápido demais e acaba
batendo a cabeça na parede e sai de cena andando atordoado. Ao fundo chega Romieta]

Romieta: [Preocupa] O que aconteceu? Onde está Julieu ? Meu pai o matou?

Vizinho: Eu não sei, eu não sei, de qualquer jeito, eu tenho a fórmula pra fazer com que seu pai
consinta em que se case com Julieu e que acabe esse ódio contra os Montescos.
Romieta: E qual é essa fórmula?

Vizinho: Você vai fingir que está morta!

Romieta: E?

Vizinho: Eu direi ao seu pai que morreu de amor e então ele arrependido deixará de alimentar esse
ódio contra os Montescos.

Romieta: [Complementando] Então, deixarei que ele veja que estou viva e me casarei com Julieu e
seremos muito felizes e teremos muitos filhos e depois [É interrompida pelo vizinho]

Vizinho: Cuidado, cuidado, parece que seu pai vem vindo.

Romieta: [Preocupada] Nossa o que eu faço?

Vizinho: Simula que está morta!

[O vizinho auxilia Romieta a deitar no chão e ela se finge de morta. Logo após, chega o pai de
Romieta correndo, ainda com o penico na mão].

Pai de Romieta: Onde está? Onde ele está? O Julieu não passou por aqui?

Vizinho: Eu não sei mas, veja isso [mostra Romieta deitada no chão].

Pai de Romieta: Santa Bárbara! Por que a derrubaram? Mas que brincadeira é essa?

Vizinho: Nós não a derrubamos. Ela está morta! [Chapolin chega ao fundo]

Pai de Romieta: O que?

Chapolin: Morta?

Vizinho: Sim, morreu de amor, ao saber que nunca poderia casar-se com Julieu.

Chapolin: [Agachado olhando Romieta, puxa a roupa do pai e diz:] Acredite que eu sinto e o
acompanho em sua dor.

[O vizinho fica como se estivesse consolando o pai]

Pai de Romieta: Eu não quero nem olhar para ela. [Senta no chão e diz] Chapolin! Faça o favor de
levantá-la.

Chapolin: Sim [Chapolin levanta Romieta, vê que ela está com os olhos abertos, se assusta e a
deixa cair]

Pai de Romieta: O que aconteceu? [Um breve momento de silêncio] Chapolin! Eu estou falando. O
que aconteceu?

Chapolin: [Com voz de assustado] Ela abriu os olhos.

Vizinho: Isso é natural, a maioria dos cadáveres permanece com os olhos abertos.

Pai de Romieta: É verdade. [Com voz de choro] Levante-a Chapolin.

Chapolin: [Gaguejando] O cadáver?


Pai de Romieta: Sim.

Chapolin: [Como se fosse levantar e desistisse] Sim, eu levanto.

Pai de Romieta: Eu já sei Chapolin.

Chapolin: [Como se fosse levantar e desistisse] Eu levanto.

Pai de Romieta: Faça isso.

Chapolin: [Como se fosse levantar e desistisse] Sim, eu levanto.

Pai de Romieta: [Com raiva] Mas já!

Chapolin: Se aproveitam de minha nobreza. [Chapolin vai levantando Romieta, enquanto isso:]

Vizinho: E o senhor sabe quem foi o culpado da morte de sua filha?

Pai de Romieta: Sim, o Julieu. [Chapolin solta novamente Romieta]

Chapolin: [Revoltado] Como que foi o Julieu? Aqui o único culpado foi o senhor por não ter
permitido que ela se casasse com Julieu.

Pai de Romieta: Pera aí, pera aí, um momentinho, nenhum Chapolin vai gritar comigo, ouviu?

Chapolin: Eu grito quantas vezes quiser.

Pai de Romieta: A é?

Chapolin: É.

Pai de Romieta: Pois isso se resolve no campo de honra, viu?

Chapolin: Pois, em posição.

Pai de Romieta: Em posição! Defenda-se! [Os dois começam a ´´batalhar``, o pai com o penico e
Chapolin com sua marreta, enquanto o vizinho tenta parar a briga. Eles brigam por um longo tempo
passando por todo o palco. Em um certo momento, chega Julieu que é atingido pelo pinico do pai e
acaba caindo no chão. Imediatamente a briga para e eles vão ver Julieu de perto.]

Chapolin: Espera! Você matou o Julieu. [Após essa fala, Romieta, que até então estava caída, se
levanta e diz:]

Romieta: Não!

Chapolin: [Apontando para Romieta e assustado] A cadávera!

Pai de Romieta: Espere, o que eu fui fazer? Julieu, Julieu, Julieu, acorde Julieu! [Romieta, ainda no
chão, vai se arrastando até Julieu]

Romieta: Não podia ter feito isso meu pai! O senhor matou o amor dos meus amores. Julieu! [Cai
em cima do ´´Corpo´´ chorando]

Pai de Romieta: Mas, você também não estava morta?

Vizinho: Não! Fingiu estar morta para que você se arrependesse e desse permissão para que ela
se casasse com Julieu e terminasse de uma vez por todas com esse ódio entre as famílias.
Pai de Romieta: Perdão filhinha, perdão minha vida, perdão minha vida, eu juro que nunca mais
vou brigar com ninguém. E tem mais, eu vou lhe dar permissão para que se case com quem você
quiser.

Romieta: [Chorando] A verdade mas, já morreu quem mais eu queria.

[Julieu se levanta e diz:]

Julieu: Quem disse?

Romieta: Julieu!

Julieu: Romieta!

[Os dois se abraçam. Chapolin vai para frente do palco e diz:]

Chapolin: E foram muito felizes, casaram-se, tiveram muitos filhos, respiraram poluição, pagaram
impostos, bem Chapolin Colorado, esse conto está acabado!

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