Você está na página 1de 2

WBA0920_V1.

0
Podcast
Disciplina: Habilidades visuoespaciais, praxias e gnosias: aspectos
teóricos e instrumentos de avaliação
Título do tema: Conceito de habilidades visuoespaciais e alterações
relacionadas
Autoria: Aline Monique Carniel
Leitura crítica: Elisangela Toth

Olá, ouvinte! No podcast de hoje vamos falar da Síndrome de Irlen.

A síndrome de Irlen é disfunção visuoperceptual, originada por alterações no


potencial de ajustamento à luz, que podem gerar alterações no córtex visual,
prejuízos na leitura, impactos na aprendizagem e no rendimento escolar. Foi
descoberta pela professora Helen Irlen, no ano de 1987, nos Estados Unidos.
Ela buscava compreender porque algumas crianças, com quoeficiente de
inteligência na média ou acima da média, apresentavam desempenho escolar
abaixo do esperado.

Atualmente, estima-se que a Síndrome de Irlen atinge aproximadamente 14%


da população em todo o mundo, e pode ocorrer de forma concomitante a
déficits de atenção e a dislexia, respectivamente 33% e 46% dos casos. Vale
ressaltar que a síndrome não é considerada um problema óptico, mas um
distúrbio do processamento perceptual, ou seja, da aptidão do cérebro de
processar informações visuais.

Os sintomas dessa síndrome estão associados principalmente a sensibilidade


a luz e a dificuldade na leitura. A fotofobia ou sensibilidade a luz, consiste no
incômodo visual diante de reflexos, luzes fluorescentes, luz do sol e até
mesmo, luzes intensas no período da noite. Essa sensibilidade pode provocar
tontura, sonolência, dores de cabeça, enjôos, olhos lacrimejantes, dor nos
olhos e até mesmo irritabilidade. A astenopia ou fadiga ocular provoca irritação
e ressecamento dos olhos, causando vermelhidão, lacrimejamento,
dificuldades para a leitura e pausas frequentes para o descanso visual.

Durante a leitura também são notados cansaço, necessidade de esfregar os


olhos, problemas no rastreamento linha a linha, omissão de palavras, leitura
vagarosa ou hesitante. Na escrita ocorrem problemas durante a cópia, tamanho
de letra irregular, espaçamento desigual entre as palavras e linhas. Além disso,
os sujeitos que possuem a síndrome demonstram ineficiência em manter o foco
visual e distorções que produzem a sensação de movimento dos estímulos que
estão ao redor, mesmo que o foco da visão seja mantido. A competência de
julgamento das distâncias que os separam os objetos também é afetada, assim
como os parâmetros de profundidade com que se situam no campo visual
(estereopsia).

O diagnóstico da Síndrome de Irlen é realizado por profissionais especializados


para a administração de um método normatizado,chamado de Método Irlen.
Esse protocolo inclui testes de rastreamento, realizados após a avaliação da
visão e ajustes de possíveis alterações encontradas. A partir desses
instrumentos, é possível identificar se o paciente se beneficia da utilização de
transparências coloridas sobrepostas à folha. Uma vez determinada à
transparência ideal, ela passa a ser usada pelo portador da síndrome cobrindo
a folha ou tela do computador, enquanto realiza a leitura. Outro recurso para a
supressão das distorções visuais são óculos com lentes especializas, elas
pretendem melhorar a percepção visual de profundidade.

Entre os pesquisadores não há um consenso sobre o tema. Ao mesmo tempo


em que alguns profissionais e institutos estudam e publicam sobre a
terapêutica, outros conselhos e associações posicionam-se contrários ao
emprego desses recursos, questionando a restrição de evidências que
comprovam a eficácia do uso das lentes especializadas. No Brasil, a Síndrome
de Irlen ainda é pouco conhecida, bem como o número de profissionais
especializados em sua identificação e tratamento. Novos estudos precisam ser
realizados, a fim de confirmar ou refutar a eficiência da utilização desses
recursos.

Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

Você também pode gostar