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Introdução
As propriedades geométricas possuem papel fundamental para o dimen-
sionamento de estruturas. Através das propriedades é possível determinar,
por exemplo, a direção e o sentido das forças resultantes (para o cálculo
das reações de apoio e a determinação das forças internas em elementos
estruturais). É fundamental que o engenheiro seja capaz de entender,
aplicar e trabalhar com os conceitos fundamentais das propriedades
geométricas.
Neste capítulo, você aprenderá a explicar o conceito de centro de
gravidade e centro de massa, bem como será capaz de descrever os
conceitos de centroide de linha, área e volume. Você será capaz, ainda,
de determinar a localização do centro de gravidade e do centroide para
um sistema de partículas discretas com uma forma qualquer.
Centro de gravidade
O conceito de centro de gravidade (também chamado de baricentro, que
designa o centro dos pesos) é relativamente simples: o centro de gravidade
de um corpo representa o ponto onde pode ser considerada a aplicação da
força da gravidade resultante de todo o corpo, que por sua vez é formado por
partículas. O centro de gravidade é o ponto no qual se pode equilibrar todas as
forças de atração. Isto é, caso seja aplicada uma força de mesma intensidade
e sentido contrário à força peso no centro de gravidade, o corpo ficará em
equilíbrio estático. Para obter-se o centro de gravidade de um objeto é preciso
definir um sistema referencial.
No caso de um corpo constituído por N partículas pontuais, o centro de
gravidade nas direções x e y, em um determinado sistema referencial, pode
ser calculado como:
{
N N
xg = ∑ xi Fi / ∑ Fi
i i
N N
yg = ∑ yi Fi / ∑ Fi
i i
Centro de massa
Para entender o conceito de centro de massa, imagine um corpo homogêneo
constituído por N pequenos pedaços em um determinado referencial. O centro
de massa desse corpo é determinado matematicamente somando-se os produtos
Propriedades geométricas – parte I 3
{
N N
xm = ∑ xi mi / ∑ mi
i i
N N
ym = ∑ yi mi / ∑ mi
i i
a) b) c)
F m
F m F m
Figura 1. Exemplo de figuras com seus respectivos centros de massa (m) e gravidade (F).
Centroides
O centroide é definido como sendo um ponto que representa o centro geomé-
trico de uma forma geométrica. Caso a forma geométrica represente um corpo
uniforme (ou seja, com mesma massa), o centroide coincide com o centro de
massa do corpo. Adicionalmente, caso o corpo esteja submetido a um campo
gravitacional constante, o centroide e o centro de massa coincidem com o
centro de gravidade. O centroide pode ser: de linha, de área ou de volume.
Centroide de linha
No caso do centroide de linha, o centroide é um ponto que representa o centro
geométrico da forma geométrica que é uma linha. A forma geométrica pode
ser composta por linhas curvas ou por uma combinação de linhas. De forma
que se pode expressar o centroide como sendo:
{
N N
xC = ∑ xi li / ∑ li
i i
N N
yC = ∑ yi li / ∑ li
i i
Centroide de área
No caso do centroide de área, o centroide é um ponto que representa o centro
geométrico da forma geométrica que pode ser expressa em um plano. A forma
geométrica pode ser composta pelas mais diferentes formas geométricas. O
centroide de área pode ser escrito como sendo:
{
N N
xC = ∑ xi Ai / ∑ Ai
i i
N N
yC = ∑ yi Ai / ∑ Ai
i i
Centroide de volume
No caso do centroide de volume, o centroide é um ponto que representa o centro
geométrico da forma geométrica que é um volume. A forma geométrica pode
ser composta por diversos volumes, conectados ou não entre si. De forma que
se pode expressar o centroide como sendo:
{
N N
xC = ∑ xi Vi / ∑ Vi
i i
N N
yC = ∑ yi Vi / ∑ Vi
i i
{
N N
xg = ∑ xi Pi / ∑ Pi
i i
N N
yg = ∑ yi Pi / ∑ Pi
i i
(5,10) A B
(10,10)
10N 10N
y C D
(10,5)
(5,5) 10N
10N
x
Figura 2. Exemplo de sistema de partícu-
las para cálculo do centro de gravidade.
Propriedades geométricas – parte I 7
{
∑DA xiPi Pi 10
xg = = (x + x + x + x ) = (5 + 10 + 5 + 10) = 7,5
∑DA yiPi Pi ∑DA 1 A B C D 10 ∙ 4
∑DA yiPi Pi 10
yg = = (y + y + y + y ) = (10 + 10 + 5 + 5) = 7,5
∑DA Pi Pi ∑DA 1 A B C D 10 ∙ 4
(5,10) A B
(10,10)
20N 20N
y C D
(10,5)
(5,5) 20N
10N
x
Figura 3. Exemplo de sistema de partí-
culas com pesos diferentes entre si para
cálculo do centro de gravidade.
{
∑DA xi Pi (5 ∙ 20 + 10 ∙ 20 + 5 ∙ 10 + 20 ∙ 10) 550
xg = = = = 7,86
∑DA Pi (20 + 20 + 10 + 20) 70
A 2 3 1 30
B 3 2 0 40
C 4 4 -1 10
Assim:
{
∑DA xi Pi (2 ∙ 30 + 3 ∙ 40 + 4 ∙ 10)
xg = = = 2,75m
∑DA Pi (30 + 40 + 10)
∑DA yi Pi (3 ∙ 30 + 2 ∙ 40 + 4 ∙ 10)
yg = = = 2,625m
∑DA Pi (30 + 40 + 10)
∑DA zi Pi (1 ∙ 30 + 0 ∙ 40 + (–1) ∙ 10)
zg = = = 0,25m
∑DA Pi (30 + 40 + 10)
20kN/m2 10kN/m2200
y
200
200
Digamos que você não saiba qual é o centro de gravidade de um retângulo homo-
gêneo. Você pode dividir a figura da seguinte maneira (Figura 5):
200
3
y
2
200
200 200 200
200
200 x
1
3
500
y 2
400
300
300
600
x
Tabela 2. Centros de massa, pesos e áreas dos pontos que representam as di-
visões do retângulo do exemplo.
1 3 3 80 4
2 3 5 80 4
3 6 4 160 16
{
∑DA xi Pi (3 ∙ 80 + 3 ∙ 80 + 6 ∙ 160) 1440
xg = = = = 4,5m
∑DA Pi (80 + 80 + 160) 320
20kN/m3 10kN/m3
200
y
200
200 200 200
200
200 x
1
200
3
y
2
200
200 x
1
500 3
y 2
400
300
300
300 600
x
1 3 3 4
2 3 5 4
3 6 4 16
{
O centroide pode ser calculado como:
∑DA xi Ai (3 ∙ 4 + 3 ∙ 4 + 6 ∙ 16) 120
xC = = = = 5m
∑DA Ai (4 + 4 + 16) 24
∑DA yi Ai (3 ∙ 4 + 5 ∙ 4 + 4 ∙ 16) 96
yg = = = = 4m
∑DA Ai (4 + 4 + 16) 24
Logo, o centro de gravidade é (5 m; 4 m). Note como neste caso o centro de gravidade
é diferente do centro de massa. A razão é que o corpo analisado não é homogêneo.
14 Propriedades geométricas – parte I
Leituras recomendadas
BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012.
BEER, F. P.; JOHNSTON JR, E. R. Mecânica vetorial para engenheiros: cinemática e dinâ-
mica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.
HIBBELER, R. C. Dinâmica: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2011.
HIGDON, A.; STILES, W. B. Mecânica: estática e dinâmica. São Paulo: Prentice Hall, 1984.
MARTHA, L. Análise de estruturas. 2. ed. São Paulo: Elsevier, 2017.
MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para engenharia: estática. 6. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2012. v. 1.
PLESHA, M. E.; GRAY, G. L.; CONSTANZO, F. Mecânica para engenharia: estática. Porto
Alegre: Bookman, 2014.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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