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Aula: 20

Temática: A descrição e a descritividade

Como os narrativos, os textos descritivos podem apare-


cer sustentados pela linguagem verbal e ou pela não-verbal.
Embora não possam ser considerados em sua totalidade,
não sejam propriamente descrições, apresentam traços descritivos, ou
seja, são textos que contêm descritividade. Neles, podemos encontrar in-
formações sucintas (os sinais de trânsito, por exemplo), resumos de pes-
quisas e/ou de estudos (tabelas, esquemas, gráficos, mapas, ilustrações),
etapas a serem seguidas para se alcançar um objetivo (receitas, manuais
de instrução). A descritividade é, portanto, um recurso muito utilizado em
diversos tipos de texto, seja para apresentar informações sobre seres,
situações e processos, seja para registrar uma reflexão ou crítica a eles.

A descrição em linguagem verbal pode ser entendida como um tipo de


texto em que, por meio da enumeração de pormenores, dados, caracterís-
ticas, vai-se construindo a imagem verbal daquilo que se pretende retratar.
A construção dessa imagem, no entanto, depende das intenções do autor
e do objetivo do texto.

Há descrições que têm por objetivo informar, como acontece com um tex-
to que apresente, num livro de Geografia, a vegetação da Serra Gaúcha.
Nesse caso, o autor procurará ser bastante objetivo, usando um vocabu-
lário específico, buscando a exatidão – predominará, nessa descrição, a
linguagem denotativa. Pertencem a este tipo, a descrição técnica e a cien-
tífica, nas quais a clareza e a precisão buscam uma comunicação eficaz,
objetiva e convincente, que não dê margem a interpretações variadas.

Essa mesma região pode ser descrita, num folheto de agência turística,
por exemplo, com o objetivo de convencer possíveis turistas a visitar as
cidades da Serra Gaúcha. Ao mesmo tempo em que informa (localização,
distâncias, locais a serem visitados, hospedagem,...), o folheto visa o en-
volvimento do leitor, provocando nele o desejo de visitar a região. Por isso,
o vocabulário, agora, será menos técnico, mais subjetivo – denotação e
conotação aparecerão alternadamente.

Já a descrição dita literária, apresentaria a Serra Gaúcha por meio de um


cuidadoso trabalho de linguagem, em que comparações e metáforas seriam
utilizadas muito mais para sugerir do que para representar com exatidão o
objeto descrito – nela predominaria, portanto, a linguagem conotativa.
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO 91
Observe que interessante o tex-
to ao lado, predominantemen-
Isso sim é inovação: um te descritivo. O produto Haute
sutiã em spray, mila- Tenue, da Yves Saint-Laurent,
grosamente invisível! é apresentado aos leitores da
Vaporizado sobre os
revista Superinteressante de ja-
seios e espalhado com
uma boa massagem neiro de 2002 por meio de uma
circular (oba!) O Haute descrição que, em algumas pas-
Tenue, da Yves Saint sagens, é bastante objetiva, téc-
Laurent, funciona à base nica mesmo: “funciona à base de
de uma nova proteína de
uma nova proteína de soja obtida
soja obtida pela biotec-
nologia, que reforça as pela biotecnologia, que reforça
fibras elásticas da pele. as fibras elásticas da pele”; e, em
Segundo o fabricante, outras, extremamente subjetiva:
o produto não só faz o “espalhado com uma boa mas-
busto desafiar a lei da
sagem circular (oba!)”. A própria
gravidade, como dá a ele
uma textura acetinada. finalidade do produto levou o au-
327 reais tor a se expor num texto que, te-
0800 704-3440 oricamente, deveria ser todo ele
objetivo.

Para encerrar, leia o texto abaixo, em linguagem verbal e não


verbal: é uma descrição de processo, já que mostra, passo a
passo, as etapas do processo de clonagem da ovelha Dolly.

A célula
Células são retiradas As células são culti- cultivada
Ovelha doadora
da mama da ovelha vadas em laboratório é fundida
de Células
a ser copiada por seis dias ao óvulo
vazio
usando-se O óvulo agora
corrente com nova
elétrica O embrião é Dolly, o clone, é
informação
implantado genéticamente
genética
no útero de idêntica à ovelha
transforma-
outra ovelha, doadora de células
se num ovo
que servirá
fertilizado
de mãe de
Desta ovelha é O núcleo contendo o
Ovelha doadora aluguel.
colhido um óvulo DNA é removido do
de Óvulo
não fertilizado. óvulo não fertilizado

Veja. 5/3/1997, p.94-95

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