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DIREITOS

HUMANOS
OPINIÕES CONSULTIVAS DA CORTE INTERAMERICANA
SUMÁRIO

1. Jurisdição Consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos..........................................................4


2. Opiniões Consultivas..................................................................................................................................4
2.1. OC nº 01/1982........................................................................................................................................4
2.2. OC nº 02/1982........................................................................................................................................5
2.3. OC nº 03/1983........................................................................................................................................6
2.4. OC nº 04/1984........................................................................................................................................6
2.5. OC nº 05/1985........................................................................................................................................6
2.6. OC nº 06/1986........................................................................................................................................7
2.7. OC nº 07/1986........................................................................................................................................8
2.8. OC nº 08/1987........................................................................................................................................8
2.9. OC nº 09/1987........................................................................................................................................9
2.10. OC nº 10/1989.....................................................................................................................................10
2.11. OC nº 11/1990.....................................................................................................................................10
2.12. OC nº 12/1991.....................................................................................................................................11
2.13. OC nº 13/1993.....................................................................................................................................11
2.14. OC nº 14/1994.....................................................................................................................................11
2.15. OC nº 15/1997.....................................................................................................................................12
2.16. OC nº 16/1999.....................................................................................................................................13
2.17. OC nº 17/2002 (*Atualizado em 27/01/2021)......................................................................................13
2.18. OC nº 18/2003.....................................................................................................................................14
2.19. OC nº 19/2005.....................................................................................................................................15
2.20. OC nº 20/2009.....................................................................................................................................15
2.21. OC nº 21/2014.....................................................................................................................................15
2.22. OC nº 22/2016.....................................................................................................................................16
2.23. OC nº 23/2017.....................................................................................................................................17
2.24. OC nº 24/2017.....................................................................................................................................18
2.25. OC nº 25/2018.....................................................................................................................................20
2.26. OC nº 26/2020.....................................................................................................................................20
2.27. OC nº 27/2021.....................................................................................................................................21
2.28. OC nº 28/2021.....................................................................................................................................23
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO................................................................................................23
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................................23

ATUALIZADO EM 23/10/20221

OPINIÕES CONSULTIVAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 2

1. Jurisdição Consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos

A Corte Interamericana de Direitos Humanos possui jurisdição CONTENCIOSA e CONSULTIVA.

Na jurisdição consultiva, o objeto é a interpretação das normas jurídicas internacionais, fixando seu
alcance e conteúdo, ainda que ausentes casos contenciosos. As opiniões consultivas possuem natureza não-
vinculante e são legitimados a solicitá-las a CIDH, os Estados-partes da Convenção e os Estados da OEA.

No plano consultivo, a Corte IDH interpreta não só da Convenção, mas de todos os tratados de
proteção de direitos humanos nos Estados americanos (pertinência universal). Pode também emitir parecer, a
pedido de um Estado, sobre a compatibilidade de suas leis internas e à Convenção.

Já na jurisdição contenciosa, a Corte determina se um Estado incorreu em responsabilidade


internacional pela violação de algum dos direitos reconhecidos na Convenção Americana ou em outros
tratados de direitos humanos aplicáveis ao sistema interamericano. Ademais, através desta via, a Corte realiza
a supervisão do cumprimento de sentenças.

2. Opiniões Consultivas

2.1. OC nº 01/1982

TEMA DA CONSULTA O conteúdo da função consultiva da Corte IDH


1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
2
Por Fernanda Pereira Barboza.
SOLICITANTE Peru

Questionamentos: Como a expressão “ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos
nos Estados americanos” do artigo 64 da CADH deve ser interpretada?

a) abrange apenas tratados adotados dentro da estrutura do sistema interamericano?


b) somente tratados nos quais exclusivamente Estados americanos sejam partes?
c) todos os tratados nos quais um ou mais Estados americanos sejam partes?

A Corte Interamericana concluiu que sua competência consultiva pode ser exercida sobre qualquer
tratado internacional de direitos humanos aplicável aos Estados americanos, independentemente de tal
tratado ser bilateral ou multilateral. No entanto, a Corte pode se abster de manifestação se entender que a
questão ultrapassa os limites de sua função consultiva, devendo motivar sua decisão.

2.2. OC nº 02/1982

TEMA DA CONSULTA O efeito das reservas sobre a entrada em vigência da CADH


SOLICITANTE Comissão Interamericana

Questionamentos:

a) quando o Estado pretende fazer parte da CADH, mas com uma ou mais reservas, qual o momento de efetivo
ingresso? Conta-se da data do depósito do instrumento de ratificação ou adesão ou quando terminar o
período de 12 (doze) meses previsto no artigo 20 da Convenção de Viena Sobre o Direito dos Tratados?
b) quando o Estado não é mais considerado parte na CADH?

Para a Corte, o momento efetivo de vigência é a data do depósito de seu instrumento de ratificação
ou adesão, independentemente de o Estado ter ratificado a CADH com ou sem reservas.

Quanto à denúncia da CADH por um Estado, não é possível denunciar apenas a jurisdição da Corte
Interamericana de Direitos Humanos. Neste caso, se determinado Estado pretender se desvencilhar da
jurisdição da Corte IDH, deve também denunciar de maneira concomitante a CADH.
Ao denunciar a CADH, o Estado fica submetido a seus preceitos pelo período de um ano, até que sua
retirada seja completamente consolidada (art. 78 da CADH).

2.3. OC nº 03/1983

TEMA DA CONSULTA As restrições à pena de morte


SOLICITANTE Comissão Interamericana

Questionamentos:

a) a CADH admite a pena de morte? Se sim, para quais crimes?


b) a pena capital é válida para os Estados que não a aboliram no momento da ratificação da CADH?
c) se foi abolida, pode o Estado introduzi-la novamente?

Mesmo que o Estado não tenha abolido a pena de morte, não poderá aplicá-la para crimes que não
previam essa pena no momento da entrada em vigor da CADH.

A pena de morte é admitida tão somente para os crimes definidos no momento da ratificação, e
apenas para delitos graves (em sua maioria, crimes de guerra).

Se o Estado aboliu a pena de morte no momento da ratificação da CADH, não poderá, por meio de
legislação posterior, aplicá-la para delitos que não tinham tal previsão no momento da ratificação.

2.4. OC nº 04/1984

TEMA DA CONSULTA A proposta de alteração da Constituição da Costa Rica


SOLICITANTE Costa Rica

A Corte entendeu que a alteração legislativa do Estado da Costa Rica não viola a Convenção
Americana de Direitos Humanos, já que estabelecer critérios diferenciados de naturalização para pessoas
nascidas em determinados países é plenamente possível.

2.5. OC nº 05/1985
TEMA DA CONSULTA A filiação obrigatória de jornalistas
SOLICITANTE Costa Rica

Questionamento: compatibilidade da CADH com a exigência de diploma em curso superior e de registro


profissional para o exercício da profissão de jornalista.

Segundo a Corte, a exigência da formação obrigatória de jornalistas, enquanto impeça o uso pleno
dos meios de comunicação social como veículo para expressar ou transmitir opiniões, é inconvencional, pois
violaria o art. 13 da CADH, causando uma restrição desproporcional à liberdade de expressão.

#IMPORTANTE: O STF, no mesmo sentido, também afastou a exigência de diploma de curso superior,
registrado pelo MEC, para o exercício da profissão de jornalista.

Para o STF, “a exigência de diploma de curso superior para a prática do jornalismo o qual, em sua
essência, é o desenvolvimento profissional das liberdades de expressão e de informação - não está autorizada
pela ordem constitucional, pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno,
incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da
Constituição” (trecho do voto do relator Min. Gilmar Mendes no RE 511.961).

2.6. OC nº 06/1986

TEMA DA CONSULTA O alcance da expressão “leis” empregada pelo art. 10 da CADH


SOLICITANTE Uruguai

Questionamento: a expressão “leis” significa qualquer norma jurídica?

Nos termos da CADH:

Art. 30. As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades
nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promulgadas por motivo de
interesse geral e com o propósito para o qual houverem sido estabelecidas.
Segundo a Corte, o termo “leis” contido no artigo 30 da CADH significa qualquer norma jurídica de
caráter geral emanada pelo Poder Legislativo democraticamente eleito e constitucionalmente previsto no
ordenamento jurídico doméstico de determinado país.

2.7. OC nº 07/1986

TEMA DA CONSULTA A exigibilidade do direito de retificação ou resposta


SOLICITANTE Costa Rica

Questionamentos:

a) o direito de resposta ou de retificação (artigo 14 da CADH) já está garantido em seu livre e pleno exercício a
todas as pessoas que se encontram sob a jurisdição de um Estado-membro?
b) em caso negativo, tem o Estado-parte o dever de adotar as medidas legislativas ou de outra natureza para
efetivar os referidos direitos?
c) se existir tal dever, é necessária a edição de lei formal ou bastaria uma norma de caráter regulamentar?

A Corte chegou às seguintes conclusões, nos termos do parecer exarado:

- O artigo 14.1 da Convenção reconhece um direito de retificação ou resposta internacionalmente exigível e


que, de acordo com o artigo 1.1, os Estados Partes têm a obrigação de respeitar e garantir seu livre e pleno
exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição;

- a palavra “lei”, tal como se utiliza no artigo 14.1, está relacionada às obrigações assumidas pelos Estados
Partes no artigo 2 e, portanto, as medidas que o Estado Parte deve adotar compreendem todas as disposições
internas que sejam garantir o livre e pleno exercício do direito consagrado no artigo 14.1;

- quando o direito consagrado no artigo 14.1 não se possa fazer efetivo no ordenamento jurídico interno de
um Estado Parte, esse Estado tem a obrigação, em virtude do artigo 2 da Convenção, de adotar, em
conformidade com seus procedimentos constitucionais, e as disposições da própria Convenção, as medidas
legislativas ou de outra natureza que forem necessárias.

2.8. OC nº 08/1987
TEMA DA CONSULTA O habeas corpus diante da suspensão de garantias individuais
SOLICITANTE Comissão Interamericana

Questionamento: o habeas corpus pode ser suspenso durante estados de emergência?

Não pode haver suspensão dos remédios previstos nos artigos 7 e 25 da CADH, pois são garantias
judiciais essenciais para a proteção dos direitos e das liberdades previstas na Convenção, especialmente em
tempos de guerra, perigo público ou emergência.

O habeas corpus e os demais remédios não se enquadram nas suspensões permitidas pelo artigo
27.1 da CADH:

Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a independência ou segurança do
Estado Parte, este poderá adotar disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às
exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais
disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não
encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social.

A Corte entendeu que o habeas corpus e os demais remédios enquadram-se na expressão “garantias
indispensáveis par a proteção de tais direitos”, contida no artigo 27.2:

A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados seguintes artigos: (Direito ao
reconhecimento da personalidade jurídica); 4 (Direito à vida); 5 (Direito à integridade pessoal); 6 (Proibição da
escravidão e servidão); 9 (Princípio da legalidade e da retroatividade); 12 (Liberdade de consciência e de
religião); 17 (Proteção da família); 18 (Direito ao nome); 19 (Direitos da criança); 20 (Direito à nacionalidade) e
23 (Direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.

2.9. OC nº 09/1987

TEMA DA CONSULTA O devido processo legal em situações de emergência


SOLICITANTE Uruguai

Questionamento: quais direitos podem ser suspensos em caso de guerra, perigo público ou emergência,
conforme disposto no artigo 27 da CADH?
A Corte entendeu que as garantias estabelecidas no art. 27 da CADH são indispensáveis e
insuscetíveis de suspensão. Assim, todo recurso efetivo proposto perante juízes e Tribunais, com a finalidade
de garantir o respeito dos direitos e liberdades cuja suspensão seja vedada pela CADH, também não pode ser
suspenso.

2.10. OC nº 10/1989

TEMA DA CONSULTA A interpretação da Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem


SOLICITANTE Colômbia

Questionamento: pode a Corte emitir parecer consultivo sobre a Declaração Americana dos Direitos e Deveres
do homem? O artigo 64 da CADH permite essa interpretação?

A Corte decidiu que a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do homem deve ser considerada
“tratado Internacional” para fins do art. 64 da CADH e que, sim, é possível a emissão de pareceres consultivos
acerca da declaração supramencionada, desde que dentro dos limites de sua competência e em uma relação
de conectividade com a CADH.

2.11. OC nº 11/1990

TEMA DA CONSULTA Exceções ao prévio esgotamento dos recursos internos


SOLICITANTE Comissão Interamericana

Questionamentos: se seria possível excepcionar o requisito de esgotamento dos recursos internos para a
admissão de um caso perante a Corte nas seguintes hipóteses:

a) impossibilidade de utilização dos recursos internos em razão da hipossuficiência econômica;


b) inexistência de advogado que defenda os interesses do requerente, em virtude de possíveis represálias.

A Corte decidiu que, se o requerente for impedido de utilizar os recursos internos necessários à
proteção de um direito previsto na CADH, por um dos motivos acima elencados, o requisito do esgotamento
dos recursos internos poderá ser dispensado.
#OLHAOGANCHO: A Corte já acolheu a exceção de não esgotamento dos recursos internos no caso Brewer
Carias vs. Venezuela.

2.12. OC nº 12/1991

A compatibilidade de um projeto de lei em face do direito ao duplo grau de


TEMA DA CONSULTA
jurisdição
SOLICITANTE Costa Rica

A Corte decidiu não emitir opinião sobre a consulta, já que diversos casos concretos oriundos do
Estado da Costa Rica estavam em trâmite em sua jurisdição contenciosa.

2.13. OC nº 13/1993

TEMA DA CONSULTA As atribuições da Comissão Interamericana de Direitos Humanos


SOLICITANTE Argentina e Uruguai

Conclusões da Corte acerca das possibilidades de atuação da Comissão:

- Pode qualificar uma norma como violadora ou não da CADH, porém não pode determinar se tal norma é
compatível com o ordenamento interno do país;

- Se uma petição é declarada inadmissível pela Comissão, não cabem mais pronunciamentos sobre o mérito;

- Seus relatórios não podem ser publicados em um mesmo documento, sendo que o primeiro relatório é
sigiloso.

2.14. OC nº 14/1994

A responsabilidade do Estado pela edição e aplicação de leis domésticas que


TEMA DA CONSULTA
violam a CADH
SOLICITANTE Comissão Interamericana

Questionamentos:
a) o que acontece se uma lei contrária à CADH é editada pelo Estado-parte?
b) há responsabilidade do Estado-parte se funcionários e agentes estatais cumprirem tal lei?

Viola a CADH a promulgação de uma lei em manifesto conflito com as obrigações assumidas pelo
Estado quando da ratificação ou adesão, além de ser possível responsabilizar internacionalmente o Estado
caso ocorra efetiva lesão a direitos previstos na Convenção.

O cumprimento de um diploma inconvencional por parte dos funcionários e agentes do Estado gera a
responsabilidade internacional do próprio Estado. Adicionalmente, caso o ato cumprido pelos agentes estatais
constitua por si só um crime internacional, gera-se também a responsabilidade internacional dos agentes ou
funcionários que o executaram”.

2.15. OC nº 15/1997

TEMA DA CONSULTA Os informes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos


SOLICITANTE Chile

Questionamentos:

a) a Comissão pode modificar os dois informes emitidos anteriormente e emitir um terceiro?


b) se fosse possível alterar o informe definitivo, qual dos informes seria válido?

A Comissão, no exercício dos poderes conferidos pelo artigo 51 da CADH, não está autorizada a
modificar as opiniões, conclusões ou recomendações já transmitidas em um informe a um Estado-membro,
exceto em algumas situações como, por exemplo, cumprimento parcial das recomendações contidas no
informe, erros materiais, violação de direitos não analisada no momento da emissão do informe.

Em tais situações excepcionais, o pedido de modificação deve ser realizado pelas partes interessadas
(os peticionários e os Estados) antes da publicação do próprio informe e dentro de um prazo razoável, contado
a partir de sua notificação, sob pena de comprometer a segurança do processo convencional.

No entanto, em nenhuma hipótese é admitida a expedição de um terceiro informe pela Comissão


Interamericana. Finalmente, a Corte Interamericana também decidiu que o Estado solicitante pode desistir da
pretensão de obter a opinião consultiva no procedimento junto à própria Corte, expediente que não terá,
porém, efeito vinculante ao tribunal interamericano.

2.16. OC nº 16/1999

TEMA DA CONSULTA A pena de morte e o direito à assistência consular


SOLICITANTE México

Questionamento: o estrangeiro punido com a pena de morte tem direito de receber informação acerca da
possibilidade de solicitar a assistência das autoridades consulares do Estado de sua nacionalidade?

O art. 36 da Convenção de Viena reconhece ao estrangeiro direitos individuais, dentre eles o direito à
informação sobre assistência consular. Segundo a Corte, esse direito está integrado à proteção internacional
dos direitos humanos e deve ser garantido aos Estrangeiros. Assim, o Estado receptor deve cumprir o direito à
assistência consular sem qualquer dilação. Este direito é derivado do devido processo legal e a imposição de
pena de morte sem a sua observância acarreta a responsabilidade internacional do Estado.

2.17. OC nº 17/2002 (*Atualizado em 27/01/2021)

TEMA DA CONSULTA Interpretação dos arts. 8 e 25 da CADH que versam sobre os direitos da criança
SOLICITANTE Comissão Interamericana

A Corte emitiu parecer no sentido de que as obrigações de proteção dos direitos das crianças devem
ser consideradas como obrigações erga omnes. Do mesmo modo, os Estados devem prezar pela preservação
dos direitos materiais e processuais das crianças em todas e quaisquer circunstâncias, não se admitindo a
discricionariedade do Estado na proteção dos menores de 18 anos, conforme doutrina da proteção integral.

Corte IDH, Opinião Consultiva nº 17/2002, § 109: Uma consequência evidente da pertinência de atender de
forma diferenciada e específica as questões referentes às crianças e, particularmente, as relacionadas com a
conduta ilícita, é o estabelecimento de órgãos jurisdicionais especializados para o conhecimento de condutas
penalmente típicas atribuídas àqueles. Assim, os menores de 18 anos a quem se atribua a prática de condutas
previstas como delituosas pela lei penal devem ficar sujeitos, para os fins do conhecimento respectivo e da
adoção das medidas pertinentes, somente a órgãos jurisdicionais específicos distintos dos correspondentes
aos maiores de idade.
Corte IDH, Opinião Consultiva nº 17/2002, § 134: Quando se trata de procedimentos em que são examinadas
questões relativas a menores de idade, que transcendem na vida destes, é preciso fixar certas limitações ao
amplo princípio de publicidade que rege em outros casos, não em relação ao acesso das partes às provas e
decisões, mas sim em relação à observação pública dos atos processuais. Estes limites atendem ao interesse
superior da criança, na medida em que a preservam de apreciações, julgamentos ou estigmatizações que
podem gravitar sobre sua vida futura.3

2.18. OC nº 18/2003

Direitos trabalhistas e possibilidade de aplicação do princípio da igualdade e


TEMA DA CONSULTA
da não discriminação aos imigrantes ilegais
SOLICITANTE México

Questionamento: privação do desfrute e exercício de certos direitos trabalhistas (aos trabalhadores


migrantes), e sua compatibilidade com a obrigação dos Estados americanos de garantir os princípios de
igualdade jurídica, não discriminação e proteção igualitária e efetiva da lei consagrados em instrumentos
internacionais de proteção aos direitos humanos.

Algumas conclusões da Corte:

- O direito ao devido processo legal deve ser reconhecido no contexto das garantias mínimas que se devem
oferecer a todo migrante, independentemente de seu status migratório;

- A qualidade migratória de uma pessoa não pode constituir uma justificativa para privá-la do desfrute e do
exercício de seus direitos humanos, entre eles os de caráter trabalhista. Os direitos trabalhistas do imigrante
devem ser reconhecidos e garantidos, independentemente de sua situação regular ou irregular no Estado
receptor;

- O Estado tem a obrigação de respeitar e garantir os direitos humanos trabalhistas de todos os trabalhadores,
independentemente de sua condição de nacionais ou estrangeiros, e não tolerar situações de discriminação
em detrimento destes nas relações de trabalho que se estabeleçam entre particulares (empregador-
trabalhador);
3
Fonte: Tudo de Penal.
- Os trabalhadores migrantes indocumentados possuem os mesmos direitos trabalhistas que correspondem
aos demais trabalhadores do Estado receptor, e este último deve tomar todas as medidas necessárias para que
assim se reconheça e se cumpra na prática.

2.19. OC nº 19/2005

A existência ou não de um órgão no sistema interamericano de direitos


TEMA DA CONSULTA humanos com competência para exercer controle de legalidade sobre a
atuação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos
SOLICITANTE Venezuela

A Comissão é órgão autônomo e independente, não estando sujeita a ingerências externas no


exercício de suas funções. Todavia, está limitada aos preceitos da Convenção Americana e ao controle de
legalidade da própria Corte Interamericana no que se refere aos assuntos que estejam em tramitação na
jurisdição contenciosa do tribunal interamericano.

2.20. OC nº 20/2009

Interpretação acerca do art. 55 da CADH e da figura do juiz ad hoc, além da


TEMA DA CONSULTA possibilidade de um magistrado da mesma nacionalidade do Estado
demandado processar e julgar a demanda
SOLICITANTE Argentina

A possibilidade de o Estado indicar um juiz ad hoc para compor os quadros da Corte quando não
houver um juiz de sua nacionalidade se restringe aos casos contenciosos interestatais (Estado vs. Estado), não
sendo possível a sua aplicação em favor dos Estados nos casos originados de petições individuais sob pena de
comprometimento da imparcialidade do julgamento e da paridade de armas no processo internacional de
direitos humanos perante o tribunal interamericano.

2.21. OC nº 21/2014

TEMA DA CONSULTA Direitos de crianças e adolescentes em situação de migração


SOLICITANTE Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
Questionamento: obrigações estatais em relação a casos envolvendo crianças e adolescentes em situação de
migração ou seus pais.

A Corte considerou que é criança toda pessoa que não tenha completado 18 anos de idade, salvo se
atingida a maioridade antes em conformidade com a lei.

Para a Corte, os Estados devem priorizar o enfoque dos direitos humanos desde uma perspectiva que
tenha em consideração, de forma transversal, os direitos das crianças e, em particular, sua proteção e
desenvolvimento integral, os quais devem prevalecer sobre qualquer consideração da nacionalidade ou status
migratório, a fim de assegurar a plena vigência de seus direitos.

Existem alguns deveres peculiares que devem ser observados pelo Estado em situações que
envolvem os migrantes menores de 18 anos:

- Notificação da abertura do processo migratório e o direito a que esse processo seja conduzido por uma
autoridade especializada no assunto;
- Direito de ser ouvido e participar das diferentes fases processuais (direito de presença);
- Ser assistido por tradutor e intérprete;
- Direito à notificação consular, nos moldes da OC nº 16;
- Direito a ser assistido por um representante legal, bem como de ser julgado em um prazo razoável;
- Dever de designação de um tutor caso o menor de dezoito anos esteja desacompanhado;
- Observância do princípio do superior interesse da criança.

Necessidade de se observar o princípio do não rechaço (non refoulement) para pessoas com menos
de 18 anos. Privação de liberdade de crianças migrantes somente em casos extremamente excepcionais.

2.22. OC nº 22/2016

TEMA DA CONSULTA Aplicação da CADH às pessoas jurídicas


SOLICITANTE Panamá
Questionamento: as pessoas jurídicas têm legitimidade para demandar a proteção de seus direitos humanos
perante o sistema interamericano?

Em regra, as pessoas jurídicas não podem acessar o sistema interamericano de direitos humanos,
uma vez que este foi idealizado para a proteção de indivíduos e seus direitos. No entanto, suas situações
foram excepcionadas pela Corte IDH: a legitimidade das comunidades indígenas e a legitimidade dos
sindicatos e federações sindicais para litigar perante o sistema interamericano (art. 8º do Protocolo de San
Salvador).

2.23. OC nº 23/2017

Meio ambiente e direitos humanos. Obrigações ambientais específicas


TEMA DA CONSULTA derivadas da CADH. Detalhamento do conteúdo do direito ao meio ambiente
sadio.
SOLICITANTE Colômbia

Questionamentos:

a) qual é o âmbito de aplicação das obrigações estatais relacionadas à proteção do meio ambiente?
b) quais são as obrigações dos Estados em matéria de meio ambiente, no marco da proteção e da garantia dos
direitos à vida e à integridade pessoal, previstos na CADH?

Algumas conclusões contidas na OC 23:

- Alguns direitos relacionados com o meio ambiente: vida, moradia, a não ser deslocado de forma forçada,
água, saúde, propriedade, alimentação;

- Maior intensidade dos danos ambientais em grupos em situação de vulnerabilidade (ex.: povos indígenas,
crianças e adolescentes, pessoas com deficiência);

- Os Estados têm a obrigação de evitar danos ambientais transfronteiriços que possam afetar os direitos
humanos de pessoas fora de seu território;

- Obrigações de prevenção, precaução, cooperação, procedimento;


- Obrigações de respeitar e garantir os direitos à vida e à integridade pessoal frente a possíveis danos ao meio
ambiente.

2.24. OC nº 24/2017

TEMA DA CONSULTA Identidade de gênero, igualdade e não discriminação de casais do mesmo sexo
SOLICITANTE Costa Rica

Questionamentos: obrigações estatais em relação à mudança de nome, à identidade de gênero e aos direitos
derivados de um vínculo entre casais do mesmo sexo.

Abaixo algumas conclusões da Corte:

- “a mudança de nome, a adequação da imagem, assim como a retificação à menção do sexo ou gênero, nos
registros e nos documentos de identidade, para que estes estejam de acordo com a identidade de gênero
autopercebida, é um direito protegido pelo artigo 18 (direito ao nome), mas também pelos artigos 3º (direito
ao reconhecimento da personalidade jurídica), 7.1 (direito à liberdade) e 11.2 (direito à vida privada), todos da
Convenção Americana. Consequentemente, em conformidade com a obrigação de respeitar e garantir os
direitos sem discriminação (artigos 1.1 e 24 da Convenção), e com o dever de adotar as disposições de direito
interno (artigo 2º da Convenção), os Estados estão obrigados a reconhecer, regular e estabelecer os
procedimentos adequados para esse fim;

- os Estados têm a possibilidade de estabelecer e decidir sobre o procedimento mais apropriado de acordo
com as características de cada contexto e sua legislação nacional, os trâmites para a mudança de nome,
adequação de imagem e retificação da referência ao sexo ou gênero, nos registros e nos documentos de
identidade, para que estejam de acordo com a identidade de gênero autopercebida, independentemente de
sua natureza jurisdicional ou materialmente administrativa;

- A Convenção Americana protege, em virtude do direito à proteção da vida privada e familiar (artigo 11.2),
assim como o direito à proteção da família (artigo 17), o vínculo familiar que possa derivar de uma relação de
um casal do mesmo sexo. A Corte estima também que devem ser protegidos, sem discriminação alguma com
respeito aos casais de pessoas heterossexuais, em conformidade com o direito à igualdade e à não
discriminação (artigos 1.1 e 24), todos os direitos patrimoniais que derivam do vínculo familiar protegido entre
pessoas do mesmo sexo. Sem prejuízo do anterior, a obrigação internacional dos Estados transcende as
questões vinculadas unicamente a direitos patrimoniais e se projeta a todos os direitos humanos
internacionalmente reconhecidos, assim como aos direitos e obrigações reconhecidos no direito interno de
cada Estado que surjam dos vínculos familiares de casais heterossexuais;

- Os Estados devem garantir o acesso a todas as figuras já existentes nos ordenamentos jurídicos internos, para
assegurar a proteção de todos os direitos das famílias conformadas por casais do mesmo sexo, sem
discriminação com respeito às que estão constituídas por casais heterossexuais. Para isso, poderá ser
necessário que os Estados modifiquem figuras existentes através de medidas legislativas, judiciais ou
administrativas, para ampliá-las aos casais constituídos por pessoas do mesmo sexo”.

#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURIS:
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação
de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o
qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa
alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de
certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial. Efetuando-
se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do
interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou
privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário. RE 670422/RS,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911). Os transgêneros, que assim o
desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais
ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil.
O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero. A identidade de
gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o
papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero
dissonante daquela que lhe foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta
sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no
registro civil pela via administrativa ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de
terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
28/2 e 1º/3/2018 (Info 892).
O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é
condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização. Trata-se de novidade porque,
anteriormente, a jurisprudência exigia a realização da cirurgia de transgenitalização. STJ. 4ª Turma. REsp
1626739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608).

2.25. OC nº 25/2018

TEMA DA CONSULTA Dimensões dos asilos territorial e diplomático


SOLICITANTE Equador

O art. 22.7 da CADH contempla apenas o asilo territorial. A questão é resolvida pelo termo “em território
estrangeiro”, cuja interpretação restringe o alcance dos artigos ao asilo territorial, onde o indivíduo se
encontra no território do Estado onde busca asilo. O asilo diplomático é um costume regional, mas sem caráter
obrigatório, entendendo a Corte que os Estados são livres e soberanos para regular a questão internamente
ou, ainda, firmar acordos entre si sobre a questão. Reconhecida a incidência do princípio do non refoulement
ao asilo diplomático, bem como a existência de imposição de obrigações positivas ao Estado que abriga o
asilado em suas dependências diplomáticas em outro país, como a avaliação dos riscos a que se expõe o
indivíduo, a proteção da pessoa e de seus direitos e, ainda, o dever de buscar a concessão de salvo-conduto
para o asilado.

* ATUALIZADO EM 18/02/2022:

2.26. OC nº 26/2020

Obrigações em matéria de Direitos Humanos de um Estado que denunciou a


TEMA DA CONSULTA
CADH e que tenta se retirar da OEA.
SOLICITANTE Colômbia

Abaixo algumas conclusões da Corte:

- Quando um Estado Membro da Organização dos Estados Americanos denuncia a Convenção Americana sobre
Direitos Humanos e , tal ato tem as seguintes consequências sobre suas obrigações internacionais em matéria
de direitos humanos: (1) as obrigações convencionais permanecem intocadas durante o período de transição
para comunicando; (2) a denúncia efetiva da Convenção Americana sobre Direitos Humanos não tem efeitos
retroativos; (3) permanece ativa a validade das obrigações decorrentes da ratificação de outros tratados
interamericanos de direitos humanos; (4) a efetiva denúncia da Convenção Americana sobre Direitos Humanos
não anula a eficácia interna dos critérios derivados da norma convencional interpretada como parâmetro
preventivo de violações de direitos humanos; (5) as obrigações associadas ao limite mínimo de proteção
mediante a Carta da Organização dos Estados Americanos e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem permanecem sob a supervisão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos; e (6) as normas
consuetudinárias, as derivadas dos princípios gerais de direito e as do jus cogens continuam a vincular o
Estado por força do direito internacional geral, nos termos dos parágrafos 40 a 116.

- Quando um Estado Membro da Organização dos Estados Americanos denuncia a Carta da Organização dos
Estados Americanos, verificam-se as seguintes consequências para suas obrigações internacionais em matéria
de direitos humanos: (1) as obrigações de direitos humanos derivadas da Carta da Organização dos Estados
Americanos permanecem intocadas durante o período de transição para a denúncia efetiva; (2) a denúncia
efetiva da Carta da Organização dos Estados Americanos não tem efeitos retroativos; (3) o dever de cumprir as
obrigações decorrentes das decisões dos órgãos de proteção dos direitos humanos do Sistema Interamericano
continua até seu pleno cumprimento; (4) permanece em vigor o dever de cumprir os tratados interamericanos
de direitos humanos ratificados e não denunciados segundo seus próprios procedimentos; (5) as normas
consuetudinárias, as derivadas dos princípios gerais de direito e as do ius cogens continuam a obrigar o Estado
por força do direito internacional geral, bem como o dever de cumprir as obrigações derivadas da Carta das
Nações. nos termos dos n.ºs 117 a 161.

- O Estado denunciante da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e da Carta da Organização dos
Estados Americanos, que dela se dissociou, continuará obrigado a respeitar o núcleo essencial dos direitos
humanos representados nas normas consuetudinárias, aquelas derivadas dos princípios gerais do direito
internacional e dos ius cogens, como fontes autônomas do direito internacional g que protegem
universalmente a dignidade humana, bem como as obrigações decorrentes da Carta das Nações Unidas, nos
termos dos parágrafos 155 a 157.

2.27. OC nº 27/2021

Direitos à liberdade de associação, liberdade sindical, negociação coletiva e


TEMA DA CONSULTA
greve, e sua relação com outros direitos com uma perspectiva de gênero.
SOLICITANTE Comissão Americana de Direitos Humanos
Abaixo algumas conclusões da Corte:

- O direito à liberdade de associação, negociação coletiva e greve são direitos humanos protegidos no âmbito
do sistema interamericano, o que implica a obrigação dos Estados de adotar mecanismos para sua garantia,
incluindo o acesso a um recurso judicial efetivo contra atos de violação desses direitos, a prevenção,
investigação e punição dos responsáveis pelas violações dos direitos sindicais, e adotar medidas específicas
para sua plena vigência.

- A liberdade de associação, a negociação coletiva e o direito de greve têm uma relação de interdependência e
indivisibilidade.

- Os direitos de reunião e liberdade de expressão, em sua relação com a liberdade de associação, negociação
coletiva e ação grevista, constituem direitos fundamentais para que os trabalhadores e seus representantes se
organizem e expressem demandas específicas sobre seus direitos, suas condições de trabalho, e possam
participar em assuntos de interesse público com voz coletiva, para os quais os Estados têm o dever de
respeitar e garantir esses direitos.

- A legislação laboral estabelece um nível mínimo de proteção dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras,
para os quais não podem renunciar “in peius” aos seus direitos laborais reconhecidos na legislação laboral
através de negociação coletiva.

- Os Estados devem garantir o direito da mulher, em igualdade de circunstâncias, de não ser objeto de atos de
discriminação e de participar de todas as associações que lidam com a vida pública e política, incluindo
sindicatos e organizações de trabalhadores. Isso implica não estabelecer qualquer tipo de tratamento
injustificadamente diferenciado entre as pessoas por sua mera condição de mulher, e a obrigação dos Estados
de criar condições de real igualdade no exercício dos direitos sindicais.

- A autonomia sindical não abrange as medidas que limitem o exercício dos direitos sindicais das mulheres nos
sindicatos e, ao contrário, obriga os Estados a adotar medidas positivas que permitam às mulheres gozar de
igualdade formal e material no sindicato. Espaço, em particular aqueles que combatem os fatores estruturais
subjacentes à persistência de estereótipos e papéis de gênero, e que não permitem às mulheres o pleno gozo
dos seus direitos sindicais.
- Os Estados têm a obrigação de adaptar suas leis e práticas às novas condições do mercado de trabalho,
quaisquer que sejam os avanços tecnológicos que produzam essas mudanças, e em consideração às
obrigações de proteção dos direitos dos trabalhadores que o Direito Internacional dos Direitos Humanos
impõe, e para isso devem estimular a participação efetiva dos representantes dos trabalhadores, e
empregadores, na formulação da política e legislação trabalhista.

2.28. OC nº 28/2021

A figura da reeleição presidencial indefinida nos Sistemas Presidenciais no


TEMA DA CONSULTA
contexto do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
SOLICITANTE Colômbia

A Corte trata da relação entre democracia, Estado de Direito e Direitos humanos e reforça que os
governantes em uma democracia devem ser eleitos por maioria, mas que a proteção das minorias tem que ser
um dos seus propósitos.

Abaixo algumas conclusões da Corte:

- A reeleição presidencial indefinida não constitui um direito autônomo protegido pela Convenção Americana
sobre Direitos Humanos ou pelo corpus iuris do direito internacional dos direitos humanos.

- A proibição de reeleição por tempo indeterminado é compatível com a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e a Carta Democrática Interamericana.

- Permitir a reeleição presidencial por tempo indeterminado é contrário aos princípios de uma democracia
representativa e, portanto, às obrigações estabelecidas na Convenção Americana sobre Direitos Humanos e na
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem.

2.29. OC nº 29/2022
*(Atualizado em 23/10/2022) #CONCURSOS360

A presente consulta, requerida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, tem como objeto a
proteção do direito de pessoas em especial situação de vulnerabilidade, a exigir um enfoque diferenciado
por parte dos Estados na aplicação de normas de Direitos Humanos quando estes grupos estão em situação de
privação de liberdade.

Em caráter geral, antes de adentrar nas especificidades de cada grupo, trabalhou a Corte a necessidade:

Do respeito da dignidade da pessoa humana como princípio geral no trato com pessoas privadas de
liberdade;
De proibição e prevenção da tortura e outros tratos cruéis, desumanos e degradantes;
De se assegurar o cumprimento da finalidade da execução da pena privativa de liberdade, tomando atitudes
concretas para garantir o gozo e o exercício dos direitos cuja restrição não é uma consequência inevitável da
privação de liberdade;
De se exercitar o controle judicial da execução da pena (ATENÇÃO! Corte aqui se filiando a corrente
jurisdicional da execução penal!);
Do acesso a serviços básicos para uma vida digna na prisão (destrinchando em direito à saúde, à
alimentação adequada e à água potável);
De se impedir a superpopulação e superlotação carcerária, uma vez que, nos Estados em que ocorrem, estas
situações agravam a situação de vulnerabilidade e acesso insuficiente aos serviços básicos;
De atenção à gestão penitenciária, uma vez que o pessoal penitenciário (diretores, agentes, etc.) tem um
importante papel na prevenção da tortura e respeito aos direitos humanos;
De se apreciar o contexto ocasionado pela pandemia da COVID-19 e afetações particulares a certos grupos
no sistema penitenciário.

No entanto, um dos pontos de caráter geral trabalhados pela Corte gostaria de separar para tratar aqui, o
direito à igualdade e não discriminação, enfoque diferenciado e interseccionalidade, eis que é o gancho
perfeito para adentrarmos nos grupos específicos abaixo.

Nesse sentido, a Corte decidiu que o direito à igualdade e à não discriminação engloba duas concepções: uma
concepção negativa relacionada à proibição de diferenças de tratamento arbitrário e uma concepção positiva
relacionada à obrigação dos Estados de criar condições de igualdade real contra grupos historicamente
excluídos ou que correm maior risco de serem discriminados.

Nesta linha, os Estados são obrigados a adotar medidas positivas para reverter ou alterar situações
discriminatórias existentes em seus sociedades, em detrimento de um determinado grupo de pessoas. Isso
implica o dever especial de proteção que o Estado deve exercer em relação às ações e práticas de terceiros
que, sob sua tolerância ou aquiescência, criam, mantêm ou favorecem situações discriminatórias.

Vamos agora, ponto a ponto, em cada grupo ver o que a Corte decidiu:

MULHERES GRÁVIDAS, EM PERÍODO DE PARTO, PÓS-PARTO E LACTANTES

Necessidade de adotar medidas especiais para fazer efetivos os direitos de mulheres grávidas, em período de
parto, pós-parto, lactantes ou cuidadoras principais, privadas de liberdade, como:

Prioridade no uso de medidas alternativas ou substitutivas da pena privativa de liberdade na execução da


pena;
Separação entre mulheres e homens e existência de instalações apropriadas, diferenciadas das dos homens e
adaptadas às suas necessidades;
Proibição de medidas de isolamento e coação física;
Acesso à saúde sexual e reprodutiva sem discriminação;
Alimentação adequada e cuidados especializados de saúde física e psicológica durante a gravidez, parto e pós-
parto;
Prevenção, investigação e erradicação da violência obstétrica no contexto carcerário;
Acesso à higiene e vestimenta adequada;
Garantir que os vínculos das mulheres ou cuidadoras principais privadas de liberdade com seus filhos se
desenvolva em um ambiente adequado.

CRIANÇAS QUE VIVEM COM SUAS MÃES NA PRISÃO

Respeito ao direito à convivência familiar de meninas e meninos em relação a seus pais, cuidadores principais
e/ou referentes a adultos privados de liberdade significativos;
Acesso ao direito à saúde e alimentação para crianças que vivem em centros de detenção;
O desenvolvimento adequado e integral de meninos e meninas, com atenção especial à integração
comunitária, socialização, educação e lazer.

PESSOAS LGBT
Em sua jurisprudência, a Corte reconhece que as pessoas LGBTI têm sido historicamente vítimas de
discriminação estrutural, estigmatização, de várias formas de violência e violações seus direitos fundamentais.
As formas de discriminação contra pessoas LGBTI manifestam-se em inúmeros aspectos nas esferas pública e
privada. Na opinião da Corte, uma das formas mais extrema de discriminação contra pessoas LGBTI é aquela
que se materializa em situações de violência. Segundo a Corte, essa violência se funda no preconceito baseado
na orientação sexual e na identidade ou expressão de gênero percebida ou real de uma pessoa. Esse tipo de
violência pode ser impulsionado pelo “desejo de punir quem considerado para desafiar as normas de gênero".

Sendo assim, a Corte ressalta entre as obrigações específicas dos Estados com essas pessoas:

O princípio da separação e a determinação da localização de uma pessoa LGBTI nas prisões: Os Estados devem
buscar garantir a segurança dessas pessoas, observando sua identidade de gênero e/ou sua orientação sexual
no momento de determinar o local onde as pessoas LGBTI irão cumprir a pena;
A prevenção, investigação e registro da violência contra as pessoas LGBTI privadas de liberdade;
O direito à saúde das pessoas trans privadas de liberdade no que diz respeito à início ou continuação de um
processo de transição;
Respeito à visita íntima de pessoas LGBTI privadas de liberdade.

PESSOAS INDÍGENAS

A Corte levou em consideração que a etnia se refere a comunidades de pessoas que compartilham, entre
outras, características de cunho sociocultural, como afinidades origens culturais, linguísticas, espirituais e
históricas e tradicionais. Dentre elas, as pessoas indígenas.

Definiu a Corte como obrigações específicas dos Estados na execução penal desse grupo:

A preferência de penas alternativas à prisão;


Preservação da identidade cultural dos indígenas privados de liberdade (os próximos 4 pontos foram tratados
pela Corte como subtópicos do presente, mas didaticamente decidimos pela indicação separada);
Quando as condições permitirem, os Estados devem colocar os indígenas privados de liberdade na localidade
mais perto de suas comunidades;
A preservação das tradições e costumes indígenas durante a privação de liberdade;
Acesso a alimentos culturalmente apropriados durante a privação de liberdade;
O uso de práticas e medicinas tradicionais;
O uso da língua indígena durante a privação de liberdade e adoção de medidas de reintegração e integração
culturalmente apropriadas;
Prevenção da violência contra as pessoas indígenas em cárcere.

PESSOAS IDOSAS

Conforme a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, considera-se
pessoa idosa aquela que tenha completado 60 anos, salvo se lei interna determinar idade distinta, desde que
não seja superior a 65 anos. No Brasil, portanto, utiliza-se 60 anos.

Quanto a essas pessoas e a necessidade de se adotar medidas especiais para atender seus direitos humanos
no cárcere, a Corte definiu entre as obrigações específicas dos Estados:

A preferência pelas medidas substitutivas ou alternativas à execução das penas privativas de liberdade;
Assegurar os direitos à acessibilidade e mobilidade;
Respeito ao direito à saúde e à alimentação adequada a essas pessoas;
O direito das pessoas idosas privadas de liberdade ao contato exterior com suas famílias. Princípio da
convivência familiar aplicado também à pessoa idosa;
Necessidade de reinserção e reintegração social dessas pessoas.

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Convenção Americana de Direitos Humanos Artigo 64
Regulamento da Corte IDH Título III (Artigo 70 a 75)

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- PAIVA, Caio; HEEMANN, Thimotie Aragon. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. 2 ed. Belo
Horizonte: CEI, 2017.

- Opiniões Consultivas da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Disponível em:


http://www.corteidh.or.cr/cf/Jurisprudencia2/busqueda_opiniones_consultivas.cfm?lang=en
- Jurisprudência Internacional do Buscador Concursos360.

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