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LESÕES DE PELE ASSOCIADAS À

UMIDADE
MATERIAL COMPLEMENTAR DO CURSO ONLINE
CURATIVOS E TRATAMENTO DE FERIDAS

Confira a Resolução do COFEN 567/2018, que amplia a atuação


da Enfermagem no tratamento de feridas

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LESÕES DE PELE

Indivíduos acometidos por lesões de pele devem receber assistência adequada nos

diversos níveis assistenciais, afim que seja reestabelecida a integridade da pele,

melhorando seu estado de saúde e a qualidade de vida.

É importante ressaltar que, durante internações em unidades hospitalares, alguns

tipos específicos de injúrias na pele podem ocorrer, por exemplo: lesão por

pressão; lesão por fricção e dermatite associada à umidade.

É fundamental que o enfermeiro conheça estes tipos de lesões e suas

especificidades para planejar a assistência de forma adequada.

A lesão de pele associada à umidade é definida como inflamação e erosão cutânea

causada pela exposição prolongada ou crônica a fontes como, entre outras, urina,

fezes, suor, exsudato de feridas, muco e saliva, além de seus componentes.

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As condições que levam ao seu aparecimento são múltiplas, não podendo ser

atribuídas somente à exposição da pele à umidade.

Assim fatores químicos, físicos e patogênicos, como a composição da fonte de

umidade, a fricção e a presença de microorganismos patógenos,

respectivamente, estão associados à sua ocorrência, bem como à possibilidade

de um infecção secundária.

Moisture-associated skin damage (MASD) é a nomenclatura internacional

adotada para descrever a lesão de pele associada à umidade, denominada em

português como dermatite associada à umidade, sendo as lesões mais

prevalentes:

Dermatites associada à incontinência (DAI).

Dermatite intertriginosa (DIT).

Dermatite por umidade periestomal.

Dermatite por umidade periferida.

A prevenção dessas dermatites requer dos profissionais de saúde observação e

vigilância constante do paciente, bem como a sistematização de cuidados

preventivos por meio de protocolos preestabelecidos para proteção da pele,

seguindo recomendações baseadas em evidências científicas.

A meta assistencial deve identificar precocemente o indivíduo em risco, a fim de

manter a integridade da sua pele. O tratamento para lesões de pequeno porte

deve ser rapidamente estabelecido, para evitar sua progressão e uma ruptura

tecidual maior.

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DERMATITE ASSOCIADA À
INCONTINÊNCIA (DAI)
Uma variedade de termos tem sido utilizados para descrever os problemas de

pele associados à incontinência. Em adultos esses termos são conhecidos

como: maceração por umidade, dermatite perianal, dermatite irritante,

dermatite de contato, erupção cutânea por calor;

Nos infantes: erupção cutânea por uso de fralda; dermatite irritativa de

fraldas, dermatite perianal e dermatite amoniacal.

Diante desse cenário, em 2005, ocorreu a primeira reunião de especialistas,

concluíram que não havia conformidade quanto à denominação deste evento, e

manifestaram o desejo de trabalhar com a descrição do evento como DAI.

Em 2007, profissionais especialistas publicaram o primeiro consenso sobre

DAI, reforçando a padronização do termo, parâmetros de diferenciação

diagnóstica da DAI e Lesão por pressão (LP), entre outros.

Em 2011, foi publicado o segundo consenso, esse de maior impacto, envolveu

profissionais americanos e europeus, e abordou todas as lesões relacionadas à

umidade.

Finalmente, em 2015 foi publicado o terceiro consenso, esse ficou conhecido

como “global”, pois contou com profissionais de diferentes países e

preocupou-se em atender as necessidades de todos os especialistas presentes.

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Em vários estudos nacionais e internacionais, a prevalência de DAI foi

caracterizada como responsável por 7% das lesões de pele em pacientes

incontinentes internados em casas de repouso; e 50% destas lesões na mesma

população foram detectadas em pacientes que apresentavam incontinência fecal,

já 42% foram em pacientes adultos com incontinência, que estavam

hospitalizados e 83% dos pacientes incontinentes que estavam internados em

unidades de terapia intensiva (UTI).

Tanto os adultos, idoso ou criança podem desenvolver DAI, em especial, aqueles

que utilizam fraldas e dependem da equipe de enfermagem, de cuidador e da

família para manutenção da higiene corporal.

O uso de fraldas intensifica a irritação da pele devido ao pH cutâneo ser

potencializado pela conversão da ureia em amônia.

Além disso, as fraldas descartáveis também podem aumentar o risco de infecções

secundárias, pois há permeabilidade da barreira da epiderme associada à

hidratação excessiva, com piora rápida da área acometida mediante a ingestão de

antibióticos associados à diarreia.

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A DAI é caracterizada por inflamação e eritema, com ou sem erosão da pele,

afetando área maior que a do períneo, como genitália, glúteo, coxas e parte

superior do abdômen. Desenvolve-se a partir de uma combinação de fatores

como a umidade excessiva causada pela incontinência urinária e/ou fecal

alteração no pH da pele, fricção, colonização por microrganismos, entre outros.

Estudo realizado em um hospital australiano com 376 indivíduos (média de

idade de 62 anos) encontrou prevalência de 24% de incontinência, sendo

significativamente mais prevalente em pacientes do sexo feminino (10%) (p=

0,035). A DAI ocorreu em 10% (38/376) da amostra e a prevalência naqueles

que eram incontinentes foi de 42% (38/91).

Outro estudo identificou uma prevalência de 33% de incontinência fecal em

pacientes adultos internados em UTI. Neste sentido, evidencia-se que pacientes

críticos que necessitam de cuidados específicos, por serem considerados

graves, apresentam alto risco de desenvolver incontinência urinária e/ou fecal e

esse problema está associado a danos na pele na região perineal.

Quando a pele está úmida, é mais suscetível a danos causados por

patógenos. Os danos à pele podem ser exacerbados pelo uso de limpadores

alcalinos, sabões ou detergentes, limpeza agressiva e uso inadequado de

dispositivos de contenção.

A fisopatolopgia da DAI está baseada no conhecimento da função barreira da

pele contra a umidade de qualquer tipo, seja água, urina ou fezes e seus

respectivos componentes, pode funcionar como um irritante e levar à

dermatite. A função barreira da pele fica comprometida.

Poucos estudos retratam o tempo que levam entre a exposição à umidade e o

aparecimento dos primeiros sinais de dermatite. Alguns estudiosos mostram

um período de 13 dias e outros 4 dias, estudos com perfis de pacientes bem

diferentes.

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A DAI gerada pela urina está relacionada à sua composição química e à sua

osmolaridade. A exposição ocasional à urina pode não ser prejudicial. Já a

exposição repetida e /ou por longos períodos leva a uma hiperidratação da pele

exposta.

Isso porque a amônia da urina aumenta o Ph da pele, diminuindo a tolerância

tecidual a fricção, o cisalhamento ou a pressão. As fezes pastosas, variável

encontrada como sendo de menor risco para desenvolvimento de DAI.

Por outro lado, as fezes líquidas em comparação com as fezes pastosas entram

em contato com uma maior superfície da pele e, além de apresentar maior

quantidade de irritantes (sais biliares e lipases pancreáticas), tem sua atividade

aumentada na presença de pH alcalino, provocam a lise da ceratina do estrato

córneo e contribuem para o desenvolvimento da DAI.

O contato prolongado do conjunto urina e fezes e combinado com a oclusão

por uso de dispositivos de contenção (fraldas), também acelera a hiperidratação

da pele. Isso ocorre principalmente se os dispositivos estiverem saturados,

criando um atrito maior da pele, que se move contra eles e contra roupas de

cama ou de vestuário, o que aumenta o risco para o desenvolvimento da DAI.

Quando a DAI culmina em rompimento da pele, pode ocorrer também a

infecção por invasão de bactérias fecais ou outros agentes oportunistas. As

lesões por umidade estão, em geral, associadas a alterações da microbiota da

pele e podem originar infecções por Staphylococcus coagulase negativos,

bactérias coliformes, Candida albicans (C. albicans) e Clostridium difficile (C.

difficile).

A mais comum é a causada por C. albicans, considerando-se que, entre 48 a 72

horas, uma pele comprometida por hiperemia e umidade, em geral, já apresenta

colonização por esse microorganismo.

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Os sinais mais clássicos: edema, fissuras, pápulas, vesículas, ligeira

descamação, erosão, ulcerações e crostas. O desconforto álgico pode ser

comparado á provocada por queimadura.

Como a própria denominação aponta a incontinência é o principal fator de

risco, e nesse sentido, qualquer indivíduo pode desenvolvê-la. Vale salientar

que a incontinência fecal e a doença diarreica requer prevenção imediata ou

mesmo urgente para a pele, sendo que essa condição é um dos fatores de risco

de grande magnitude para a progressão até mesmo em poucas horas.

Podemos copilar os fatores de risco em três construto:

A prevenção é um aspeto muito importante nos cuidado à pele tendo como

objetivos minimizar o agravamento de lesões já existentes e o aumento da

sua incidência. A prevenção passa por várias intervenções, nomeadamente,

uma adequada limpeza e secagem da pele, o uso do apósito mais adequado

em caso de lesão e a utilização de produtos barreira.

O protocolo assistencial para DAI tem como base evitar ou minimizar a

exposição aos fatores causais da incontinência, em combinação com um rol

de cuidados específicos para a pele.

A escolha dos componentes do protocolo deve basear-se primeiramente em

evidências científicas, e é seguida de análise do custo do produto e da

disponibilidade deste no mercado e ressarcimento pelas fontes pagadoras.

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RESOLUÇÃO AMPLIA ATUAÇÃO DA


ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE FERIDAS

Em 2018, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) publicou resolução que

amplia a atuação da equipe de Enfermagem no tratamento de feridas.

A Resolução 567/2018 revoga a Resolução Cofen 501/2015 e todas as

disposições em contrário. A mudança incorpora diretrizes técnicas atualizadas da

Política Nacional de Segurança do Paciente (PNSP/SUS), do EPUAP (European

Pressure Ulcer Advisory Panel) e NPUAP (National Pressure Ulcer Advisory

Panel) e foi levada à discussão em oficinas com especialistas.

A resolução amplia técnicas utilizadas pelos profissionais, além de trazer

dispositivo específico sobre a atuação de clínicas de Enfermagem especializadas

na prevenção e cuidado ao paciente com feridas.

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RESOLUÇÃO COFEN

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Resolução amplia atuação da Enfermagem no tratamento de feridas. Disponível em:

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