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Dermatite das fraldas

Article · January 2004

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2 authors:

Noeme S Rocha Manuela Selores


São Paulo State University Centro Hospitalar do Porto
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NASCER E CRESCER
revista do hospital de crianças maria pia
ano 2004, vol. XIII, n.º 3

Dermatite das fraldas

Natividade Rocha1, Manuela Selores2

RESUMO bolhoso, escabiose, sífilis congénita, Em 1977, Leyden e colaboradores(6)


A dermatite das fraldas deve ser VIH). demonstraram, através de testes epicu-
interpretada não como uma entidade Assim, a dermatite das fraldas deve tâneos, a inimputabilidade da amónia.
diagnóstica específica, mas sim, como ser interpretada não como uma entidade Na década de 80, Berg(7) propôs um
um diagnóstico de localização, que englo- diagnóstica específica, mas sim, como modelo para explicar a forma como vários
ba um amplo grupo de dermatoses de um diagnóstico de localização, que englo- factores relacionados com o uso da fralda,
etiologia multifactorial. ba um amplo grupo de dermatoses de promovem o desenvolvimento e a pro-
Neste trabalho, será abordada prin- etiologia multifactorial. gressão desta dermatite. Neste modelo,
cipalmente a dermatite da fralda irritativa Neste trabalho, será abordada a dermatite da fralda irritativa primária é
primária ( para alguns autores sinónimo principalmente a dermatite da fralda irrita- interpretada como o resultado final de
de dermatite da fralda), os seus principais tiva primária e os seus principais diagnós- uma cascata de eventos, desencadeada
diagnósticos diferenciais e tratamento. ticos diferenciais. inicialmente por lesões a nível do estrato
córneo, induzidas por exposição a
Nascer e Crescer 2004; 13 (3): 206-214
múltiplos factores, tais como: hiperhi-
DERMATITE DA FRALDA IRRITATIVA dratação, fricção, temperatura, irritantes
PRIMÁRIA - dermatite em W (consi- químicos, urina, e fezes. Após compro-
INTRODUÇÃO derada por alguns autores sinónimo metimento da barreira cutânea, vários
Dermatite das fraldas, eritema da de dermatite das fraldas) factores adicionais do mesmo tipo poten-
fralda, dermite da fralda são termos ciam estas alterações originando um ciclo
genéricos que abrangem um conjunto A dermatite da fralda irritativa primá- vicioso vulnerável às infecções por
de dermatoses inflamatórias, que atin- ria é a dermatite da área da fralda mais agentes microbianos oportunistas (ex:
gem a área do corpo coberta pela fralda. prevalente, sendo provavelmente a Candida albicans, etc.) (8,9,10).
Não sendo portanto diagnósticos especí- afecção cutânea mais frequente na 1ª No desenvolvimento da dermatite
ficos, incluímos na dermatite das fraldas, infância nos países desenvolvidos, da fralda irritativa primária têm de ser
principalmente com fins didácticos: as constituindo uma fonte significativa de considerados vários factores:
erupções causadas directamente pelo desconforto para a criança.
uso da fralda, dermatite da fralda irrita- Dado tratar-se de uma dermatite 1. Fraldas
tiva primária ( para alguns autores esta frequentemente tratada de forma conser- Apesar do termo “dermatite da
seria sinónimo de dermatite da fralda vadora em casa, desconhece-se a sua fralda”, a fralda por si só, muito raramente
(1)
)e a dermatite de contacto alérgica às prevalência exacta, contudo estima-se ou nunca está implicada no desenvolvi-
borrachas da fralda (muito rara), as der- que atinja 25 a 65% das crianças (2,3). mento de dermatites de contacto
matites exacerbadas pelo uso destas Embora possa ocorrer em qualquer irritativas ou alérgicas em crianças (11).
( psoríase, eczema atópico, d.seborreica, idade, o período de utilização da fralda, Nos países desenvolvidos a
miliária, dermatite Candidiásica, d. é mais frequente entre os 6 e os 12 diminuíção da frequência e severidade
contacto alérgica), e aquelas que ocorrem meses de idade (3,4). Não tem predilecção da dermatite das fraldas deve-se princi-
nesta localização mas que não se por sexo ou raça (1). palmente à melhoria na qualidade do
relacionam com o seu uso ( acrodermatite O papel preciso das fraldas mantém- material destas.
enteropática, histiocitose de cél. Langer- -se desconhecido. No início do século A introdução no mercado de fraldas
hans, granuloma glúteo infantil, dermatite XX, vários investigadores acreditavam descartáveis, superabsorventes com
estreptocócica perianal, impetigo que a amónia libertada na urina, fosse o capacidade de absorção de água 50
principal factor envolvido na etiologia vezes superior, contribuiu significativa-
1
Interna Complementar de Dermatovenereologia - desta dermatite, também conhecida mente para a melhoria dos cuidados de
Hospital Geral Santo António, SA - Porto
2
Directora e Chefe do Serviço de Dermatologia -
nessa altura por dermatite amoniacal (5). higiene.
Hospital Geral Santo António, SA - Porto

206 artigos de revisão


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As fraldas descartáveis modernas 3. Fricção lução, sendo muito raramente isolada na


possuem 3 camadas: uma interna que A fricção de pele-pele e de pele- ausência de dermatite(16,17,18). Vários
funciona como filtro, uma intermédia com fralda durante os movimentos da criança, estudos sugerem uma forte associação
capacidade de absorção de líquidos, e embora não seja um factor dominante é entre a severidade da dermatite e o nº de
finalmente, uma externa à prova de água. no mínimo um factor de predisposição. colónias presente (2,19).
Esta última camada previne a perspiração Este facto é apoiado pela predilecção A maioria dos autores acredita que
e dessa forma aumenta a temperatura e desta dermatite pelas superfícies conve- a C. albicans invada apenas secundaria-
humidade local, tendo um papel funda- xas (genitais, nádegas, parte inferior do mente a pele lesada(20,21,22), contudo
mental na impermeabilidade da fralda. abdómen e área proximal das coxas) e outros autores defendem que esta possa
Por outro lado, as fraldas modernas são pelo não atingimento das pregas, conhe- desempenhar um papel primário. Apesar
mais oclusivas, sendo responsáveis cida também por dermatite em forma de de inúmeras bactérias terem sido impli-
pelos casos raros de dermatite de contac- “W” (14). cadas no desenvolvimento deste tipo de
to alérgica(12). dermatite, as evidências mais recentes
A fralda ideal deveria ter uma boa 4. Hidratação favorecem a infecção pela C.albicans.
capacidade de conter água, permitir um O ambiente de hiperhidratação é
bom arejamento (menos oclusiva) e causado não apenas pelas fraldas, mas
mudar de côr imediatamente após a também pela ureia urinária e por certas CLÍNICA
criança urinar. Esta fralda ainda não siuações clínicas como febre. Clinicamente caracteriza-se por um
existe. Apesar das fraldas modernas conte- eritema brilhante, confluente com aspec-
rem material absorvente que reduziu to “envernizado”, que varia de intensidade
2. Fezes / Urina significativamente a humidade da área ao longo do tempo. Por vezes apresenta-
Apesar da amónia (libertada na da fralda, o ambiente “tropical”, quente e se na forma de pápulas eritematosas
degradação bacteriana da ureia urinária) húmido não foi ainda completamente associadas a edema e ligeira desca-
não constituir a causa primária da eliminado. mação. Atinge tipicamente as áreas de
dermatite das fraldas pode actuar como A hidratação excessiva é respon- maior contacto com a fralda “dermatite
um factor agravante numa pele previa- sável por maceração cutânea que leva em W – fig.1”: superfícies convexas das
mente lesionada. posteriormente a alterações da função nádegas, coxas, parte inferior do abdó-
É provável também que outros barreira da epiderme, criando o ambiente men, pubis, grandes lábios e escroto. As
produtos resultantes da degradação da ideal para a proliferação de microor- pregas são poupadas. Quando o eritema
urina, ainda não identificados, desem- ganismos (9). começa a resolver, a pele torna-se
penhem um papel importante no desen- enrugada com aspecto apergaminhado.
cadeamento da dermatite. 5. Temperatura Em crianças com menos de 4 meses
Estudos recentes sugerem que o A fralda dificulta a perspiração da de idade, a primeira manifestação pode
aumento do pH local aumenta a activi- pele subjacente, levando a um aumento ser um ligeiro eritema perianal.
dade das proteases e lipases fecais, da temperatura local. Este aumento leva Existem dois subtipos morfológicos
constituindo estas enzimas factores a vasodilatação e consequentemente a menos frequentes de dermatite da fralda
importantes na etiopatogenia da derma- inflamação. irritativa primária. Um deles, também
tite (10). Sabe-se ainda que a exposição conhecido por “ dermatite das marés”,
prolongada da pele à urina aumenta a 6. Irritantes químicos caracteriza-se por um eritema em banda,
sua permeabilidade a substâncias irri- Têm um efeito tóxico directo sobre confinado apenas às margens da fralda
tantes. a pele. Entre eles destacam-se alguns na área do abdómen e das coxas. Este
As fezes das crianças contêm quan- óleos, desodorizantes e conservantes. tipo de dermatite resulta da fricção
tidades importantes de enzimas diges- constante que ocorre no bordo da fralda,
tivas proteolíticas e lipolíticas que, 7. Substâncias com capacidade sensi- agravada por ciclos consecutivos de
quando em contacto prolongado com a bilizante humidade e secagem.
superficie cutânea coberta pela fralda, A dermatite das fraldas é muitas O outro subtipo, mais severo,
causam alterações importantes na vezes confundida com a dermatite de conhecido por “dermatite de Sevestre-
barreira epidérmica. Uma das situações contacto alérgica às fraldas, contudo esta Jacquet”, manifesta-se por lesões
clínicas que evidenciam este facto é a situação é excepcional nos primeiros papuloerosivas e úlceras. Atinge mais
diarreia, situação em que o contacto anos de vida 15. frequentemente crianças mais velhas.
com as fezes é prolongado. Outros auto- Nos rapazes, as úlceras podem envolver
res também sugerem um papel impor- 8. Microorganismos a glande e o meato urinário, causando
tante dos ácidos biliares na etiopato- A Candida albicans contamina desconforto e disúria.
genese da dermatite (13). frequentemente crianças com dermatite
das fraldas com mais de 3 dias de evo-

artigos de revisão 207


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Pode observar-se exsudação e


crostas secundárias a infecção por
Staphilococcus aureus. É frequente
encontrar-se escoriações e liquenificação
traduzindo prurido crónico.
É importante salientar que os sinais
indirectos de prurido, tais como esco-
riações, não se desenvolvem antes dos
2 anos de idade.

5 - Psoríase
A psoríase é rara em crianças.
Quando surge no 1ª ano de vida, geral-
mente inicia-se pela área da fralda. Este
facto deve-se ao fenómeno de Koebner,
Fig. 1 – Dermatite da fralda Irritativa primária ou Dermatite em “W” (pregas secundário ao uso desta. (fig.5)
poupadas). Cortesia da Drª Ana Paula Vieira.

6 - Dermatite das fraldas mista


Muitas vezes, vários destes tipos
de dermatites ocorrem em simultâneo,
tornando o diagnóstico bastante difícil. A
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A diarreia crónica ou o uso de anti- dermatite irritativa primária é frequente-
bioterapia de largo espectro são duas mente complicada pela infecção por
Os principais diagnósticos diferenciais situações que frequentemente favore- C.albicans, podendo alterar desta forma,
estão representados nos Quadros I e II cem a infecção por esta levedura. o aspecto clínico do rash.
Quando a dermatite se torna crónica Se o rash for severo e tiver mais de
1 - Dermatite de contacto alérgica ou recorrente é importante pesquisar 3 dias de evolução é prudente associar
A verdadeira alergia de contacto às uma infecção candidiásica do aparelho corticóides de baixa potência com um
fraldas pode complicar outro tipo de digestivo (exame da cavidade oral), uma antifúngico da classe dos imidazóis ,
dermatose localizada à área da fralda ou vaginite candidiásica ou uma mastite para além de cremes barreira e do
surgir como uma dermatose isolada. materna. aumento do número de mudas de fraldas.
É pouco comum em crianças com Também é difícil despistar uma can-
menos de 2 anos de idade. didíase nos casos de intertrigo ou de
3 - Dermatite seborreica
Deve-se suspeitar desta, quando dermatite seborreica com atingimento
É uma doença inflamatória crónica
não se verifica uma resposta após trata- primário das pregas.
que acomete frequentemente a área da
mento adequado. Embora seja pouco Neste tipo de dermatites, principal-
fralda. Atinge preferencialmente as pre-
habitual, pode ocorrer após contacto da mente na dermatite atópica, existe o risco
gas, mas ao contrário da candidíase,
pele com determinados alergénios, tais de infecção bacteriana secundária. Assim,
não apresenta lesões satélites. (fig.4)
como: parabenos, lanolina, compostos quando surgem bolhas ou crostas dever-
Esta dermatite tem um bom pro-
mercuriais e neomicina, ou ainda, certas se-á considerar a possibilidade de uma
gnóstico, resolvendo espontaneamente
substâncias presentes em fraldas descar- infeccão por Staphilococcus aureus.
por volta dos 3 a 6 meses de idade.
táveis (ex: borrachas – fig.2), detergentes A psoríase pode desenvolver-se ou
ou preparações de aplicação tópica. ser precipitada por uma dermatite pré-
4 - Dermatite atópica existente. Nestes casos, a apresentação
A dermatite atópica poupa geral- clínica pode ser da dermatite subjacente.
2 - Dermatite por candida mente a área da fralda, apesar dos atópi-
O ambiente húmido e quente produ- cos serem mais susceptíveis a reacções
zido pela fralda favorece a proliferação irritantes. Dermatites menos frequentes:
da C.albicans. Esta pode penetrar o Quando atinge a área da fralda, 7 - Histiocitose de células de Langer-
estrato córneo, activar a via alterna do manifesta-se de forma semelhante à der- hans (doença de Letterer-Siwe)
complemento e induzir um processo infla- matite irritante primária, contudo o erite- A histiocitose de células de Langer-
matório 23. (fig. 3) ma tende a ser crónico e refractário ao hans pode manifestar-se por atingimento
tratamento. da área da fralda. Embora seja uma

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Quadro I
Principais diagnósticos diferenciais da dermatite das fraldas
DERMATITE MORFOLOGIA LOCALIZAÇÃO HISTÓRIA TESTES
DIAGNÓSTICOS
IRRITATIVA Eritema brilhante, confluente, c/ Superfícies convexas das Rash que evolui por Nenhum
PRIMÁRIA aspecto envernizado que evolui para nádegas, coxas, parte inf. surtos .
(DERMATITE em W) pele enrugada c/ aspecto abdómen, pubis, grandes Hx de diarreia
apergaminhado.Por vezes pápulas lábios, escroto. recente.
eritematosas associadas a edema e Poupa as pregas Uso de cuecas de
ligeira descamação. plástico.
Muda de fraldas
pouco frequentes.
CONTACTO Eritema, vesículas exsudativas que Sup. convexas (geralmente Ausência de resposta Testes epicutâneos
ALÉRGICA evoluem para descamação complica uma dermatose clínica aos trata-
irritativa pré-existente) mentos clássicos
Pode haver envolvimento
marcado das pregas ( prin-
cipalmente se a sensibili-
zação ocorrer a prepa-
rações tópicas).
CANDIDIÁSICA É das dermatites mais características. Pregas cutâneas Antibioterapia. Exame micológico c/
Eritema vermelho-vivo com desca- Diarreia. KHO, evidenciando
mação periférica ou pústulas satélites. Pesquisar pseudohifas ( colhido
Quando envolve os genitais, existe atingimento na periferia do rash
um eritema confluente envolvendo concomitante da cavi- ou em pápula ou
todo o escroto ou grandes lábios. dade oral. pústula periférica ).
Muito raramente, presença de
reacção psoriasiforme cutânea
generalizada c/ pústulas satélites
(patogénese desconhecida).
SEBORREICA Placas descamativas, bem delimi- Pregas cutâneas c/ Assintomáticas, Nenhum
tadas, tonalidade salmão. Presença envolvimento posterior das raramente
de escamas gordas amareladas. sup. convexas, envolvi- queixas de prurido
Pode associar-se a fissuração, mento do couro cabeludo, Surge após o nas-
exsudação com formação de crosta. face, pregas retroauri- cimento ( nos 1os 3
culares, axilas, pescoço e meses – média 3-6
umbigo. semanas).
Geralmente c/ boa
resposta ao
tratamento.
ATÓPICA Semelhante à dermatite irritativa Lesões de eczema atópico Hx familiar de ato- Nenhum
primária. extra-área da fralda pia.Dermatite cróni-
Pode associar-se a escoriações, ( bochechas, prega antecu- ca.Prurido intenso
liquenificação e crostas. bital e poplítea). (sinal cardinal).
Evolução crónica.
PSORIÁTICA Placas eritematodescamativas Sup. convexas das náde- Resistência aos Nenhum
(mais eritematosas do que desca- gas e pregas inguinais. tratamentos c/ corti-
mativas), bem delimitadas, de dife- Quando há atingimento das cóides de baixa
rentes dimensões. pregas inguinais, é fre- potência.
A descamação é menos frequente. quente o atingimento simul- Hx familiar de pso-
tâneo das axilas e do pes- ríase ou placas c/
coço. escama branco-
prateada ou ponteado
ungueal.

MILIÁRIA 1) miliária cristalina: vesículas pe- Toda a área da fralda Lesões c/ carac- Pústulas estéreis.
quenas superficiais sem associação terísticas semelhan- Coloração pelo
a eritema. tes na face, pescoço Gram evidenciando
2) Miliária rubra (pustulosa): aglo- e axila. a presença de PMNs,
merados de micropápulas eritema- Hx de febre, tem- mas não de
tosas e micropústulas não – folicu- peratura ambiente bactérias.
lares. elevada, uso de
pomadas oclusivas ou
calças plásticas.

artigos de revisão 209


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Quadro II
Principais diagnósticos diferenciais da dermatite das fraldas
DERMATITE MORFOLOGIA LOCALIZAÇÃO HISTÓRIA TESTES
DIAGNÓSTICOS
ESCABIOSE Pápulas, vesículas e pústulas pruriginosas, Área da fralda + espaços História familiar ou dos Exame microscópico
associadas a lesões de eczema, interdigitais, punhos, prega contactantes mais próxi- directo das lesões
escoriações e crostas. antecubital, axila, aréola, peri- mos, de prurido cutâneo suspeitas.
As galerias (erosões lineares) são umbilical, abdómen inferior, intenso.
patognomónicas. genitais e nádegas.
Podem aparecer nódulos eritemato Em crianças pode haver
acastanhados, infiltrados, principalmente atingimento concomitante das
nas virilhas, nádegas e genitália. palmas, plantas, cabeça, face
e pescoço.
IMPETIGO Bolhas flácidas, grandes, que surgem em Múltiplas lesões envolvendo as Coloração pelo Gram e
BOLHOSO pele aparentemente normal. coxas, nádegas e abdómen cultura.
Após ruptura da bolha, surgem erosões inferior.
vermelhas e húmidas c/ formação posterior
de crostas melicéricas.
Pode ocorrer disseminação rápida para
outros locais do corpo.
ESTREPTOCÓCICA Eritema vivo, bem demarcado, perianal. História de prurido e dor Cultura de zaragatoa
PERI-ANAL Pode ocorrer fissuração peri-rectal. durante a defecação. peri-anal.
História familiar de farin-
gites streptocócicas de
repetição.

GRANULOMA Nódulos duros, indolores, eritematoa Nádegas, face interna das Evolução de semanas a Biopsia cutânea
GLÚTEO INFANTIL castanhadas a violáceos c/ cerca de 0.5-4 coxas, parte inferior do meses. Podem regredir
cm. abdómen. espontaneamente,
O edema duro pode assemelhar-se a um Também áreas extra-fralda: deixando cicatrizes
linfoma ou sarcoma de kaposi axilas e pescoço. atróficas.

HISTIOCITOSE DE CEL. Pode iniciar-se por um rash inguinal, Pregas, espaços retroau- Surge nos 1osanos de vida Biopsia cutânea
DE LANGERHANS semelhante ao da D.seborreica. riculares, couro cabeludo e Resistência aos tra-
Evolui para formas mais erosivas. tronco. tamentos clássicos.
Lesões retroauriculares,
nomeadamente pápulas
infiltradas amarelo-
avermelhadas e eritema
descamativo do couro
cabeludo e tronco.
Petéquias e atrofia da
epiderme.
Nódulos purpúricos das
palmas e plantas.
Manifestações sisté-
micas: febre, anemia,
diarreia, trombocitopenia,
hepatoespleno megalia,
linfadenopatia e tumores
esqueléticos.

ACRODERMATITE Erupção eczematosa vesicobolhosa ou Periorificial e acral. História familiar AR. Níveis plasmáticos de
ENTEROPÁTICA placas descamativas, bem demarcadas: Nas formas adquiridas:- zinco baixos.
pregas da área da fralda, periocular, prematuros c/ alimen- Níveis de fosfatase
perinasal, perioral e extremidades distais. tação parentérico prolon- alcalina baixos (meta-
Se evolução crónica pode surgir gado-Má-nutrição Foto- loenzima dependente
liquenificação ou placas psoriasiformes. fobia, diarreia, alopécia, de zinco).
distrofia ungueal, irritabili-
dade, apatia.

SIFILIS Lesões elevadas, húmidas, semelhantes a Região anogenital Presente no nascimento Serologia ( VDRL /
CONGÉNITA verrugas (condiloma lata) associadas a ou nos 3 1osmeses de TPHA ) + exame de
erosões húmidas. vida. microscopia de fundo
Pode estar presente uma escuro evidenciando
erupção eritematosa espiroquetas.
papuloes camosa seme-
lhante à sífilis 2 ária.

INFECÇÃO POR VIH Dermatite erosiva das fraldas associada a


úlcera glútea profunda (pode constituír a
1ª manifestação da infecção)

210 artigos de revisão


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11 - Impetigo bolhoso
O ambiente húmido e quente da
área da fralda constitui um factor de
predisposição para o desenvolvimento
do impetigo bolhoso. Esta infecção é
muito frequente em recém-nascidos em
que o umbigo se encontra habitualmente
colonizado por Staphilococcus aureus.
É causada pelo Staphilococcus
aureus tipo II que produz uma toxina
epidermolítica responsável pela sepa-
ração das camadas superiores da epi-
derme.

12 - Miliária
Figura 2 - Dermatite de Contacto Alérgica à borracha do sistema anti-fuga Atinge frequentemente a área da
da fralda. fralda devido ao seu ambiente tropical.
Esta situação resulta do bloqueio na
secreção das glândulas sudoríparas
écrinas causado pelo calor e humidade.
doença rara e fatal, deve ser considerada Na presença de erupções peri- A miliária cristalina é mais frequente
na presença de uma dermatite de aspecto orificiais com características da A. entero- no recém-nascido e manifesta-se por
inicial semelhante ao da dermatite pática, o diagnóstico diferencial deve pequenas vesículas superficiais não
seborreica de tratamento difícil. incluir a deficiência de biotina e a fibrose associadas a eritema.
Surge geralmente nos primeiros cística. A miliária rubra ou pustulosa é mais
anos de vida, mas também pode desen- frequente em crianças mais velhas e
volver-se em crianças com mais de 3 caracteriza-se por aglomerados de micro-
anos de idade. A biopsia cutânea é 9 - Doença estreptocócica perianal pápulas eritematosas e micropústulas
fundamental. É uma doença frequentemente não-foliculares. Neste tipo de miliária é
esquecida pelas suas manifestações importante despistar uma pustulose
clínicas muito subtis. É geralmente estafilocócica.
8 - Acrodermatite enteropática confundida com a dermatite irritativa pri-
É uma doença rara suspeitada na mária, a candidíase peri-anal ou com a
presença de um rash da fralda atípico ou psoríase. 13 - Escabiose
persistente. Manifesta-se por uma infecção O diagnóstico de escabiose deve
Existem 2 formas, uma de trans- superficial, causada pelo Streptococcus ser considerado quando ocorrem pápu-
missão autossómica recessiva e outra beta-hemolítico do grupo A. las, vesículas ou pústulas pruriginosas
adquirida e transitória. Na primeira, existe na área da fralda. Geralmente estas
um defeito congénito na absorção gas- lesões surgem associadas a lesões de
trointestinal de zinco. As primeiras mani- 10 - Granuloma glúteo infantil eczema, escoriações e crostas.
festações surgem quando termina o É uma erupção nodular rara que
aleitamento materno, dado que este pode ocorrer numa área pré-existente
contém proteínas que transportam o de dermatite irritativa primária. A etiologia 14 - Outras doenças vesicobolhosas
zinco. é desconhecida, contudo por surgir fre- Outras doenças sistémicas raras
A forma adquirida, resulta de uma quentemente em área de dermatite da que podem manifestar-se por lesões
deficiente ingestão de zinco. Esta situa- fralda, pensa-se que poderá representar vesiculares e bolhosas da área da fralda
ção pode ocorrer em crianças desnu- uma resposta cutânea localizada, a um são a varicela, o herpes simplex, a doença
tridas, prematuros alimentados por via processo inflamatório prolongado. mão-pé-boca, algumas dermatoses
parentérica por períodos prolongados Não há evidências de relação entre bolhosas crónicas da infância, a mastoci-
ou durante o aleitamento materno em a severidade da dermatite da fralda e a tose bolhosa, a incontinência pigmentar
mães com níveis de zinco baixos. A incidência desta erupção. O granuloma e a epidermólise bolhosa.
doença responde rapidamente aos suple- glúteo pode surgir mesmo após resolução O diagnóstico é feito com base na
mentos de zinco, geralmente ao fim de da dermatite das fraldas. morfologia e topografia das lesões.
24 horas.

artigos de revisão 211


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15 - Sífilis congénita
Dada a incidência crescente da
sífilis, a sífilis congénita deve ser incluída
nos diagnósticos diferenciais de uma
dermatite da fralda.

16 - Vírus da imunodeficiência hu-


mana (VIH)
Uma dermatite da fralda severa
pode constituir a primeira manifestação
de uma infecção pediátrica pelo VIH.

PREVENÇÃO
A prevenção e o tratamento da
dermatite da fralda irritativa primária
engloba um conjunto de medidas que
têm como principais objectivos manter
Figura 3 - Dermatite por Cândida. esta área seca, limitar a mistura e dis-
persão da urina e das fezes, reduzir o
contacto com a pele, evitar irritação e
maceração e manter, sempre que possí-
vel, um pH ácido.
Por definição, não existe dermatite
das fraldas em crianças que não usam
fraldas, assim a remoção da oclusão,
permanece a melhor e mais antiga medi-
da na prevenção e tratamento desta
situação.
As medidas preventivas incluem a
eliminação ou minimização de todos os
factores implicados na etiopatogenia
desta entidade. Assim existem 5 aspectos
fundamentais na prevenção da dermatite
das fraldas:
Frequência da troca de fraldas. A
Figura 4 - Dermatite seborreica da área da fralda. fralda deve ser mudada, sempre que
possível, após a criança defecar ou urinar.
Em recém-nascidos a troca deve ser
horária, enquanto nas restantes crianças
com 3 a 4 horas de intervalo 1.
Capacidade de absorção das
fraldas. Hoje em dia, a maioria das
fraldas comercializadas contêm um mate-
rial acrílico em gel superabsorvente,
eficaz em manter a área da fralda seca e
em meio ácido. Contudo isto não deve
constituir um estímulo para os pais man-
terem a mesma fralda por períodos mais
longos.
Controlo de infecções. A C.albi-
cans contamina frequentemente a der-
matite da fralda. A infecção por esta
Figura 5 - Psoríase. levedura deve ser considerada em der-

212 artigos de revisão


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matites com mais de 3 dias de evolução cremes barreira, poder-se-á adicionar 4 - Jordan WE, Blaney TL. Factors influen-
24
. um creme com acção anti-candida ( ex: cing infant diaper dermatitis; in Maibach
Fraldas descartáveis versus nistatina ou imidazol). HI, Boisits EK,eds: Neonatal skin: Struc-
fraldas de pano. As fraldas descartáveis 2. Se o eritema persistir pode-se ture and function. New York, Dekker,
superabsorventes são as que possuem associar um corticóide de baixa potência 1982,pt 205-222.
maior capacidade de manter a área da (ex: hidrocortisona a 1%) no máximo 2 5 - Zahorsky J. The ammoniacal diaper in
fralda seca 25. Em 3 estudos, em que vezes por dia. Corticóides de potência, infants and young children. Am J Dis
foram comparadas fraldas descartáveis mais elevada estão contra-indicados pelo Child 1915;10:436-40.
superabsorventes com fraldas de pano, risco aumentado de atrofia e de estrias, 6 - Leyden JL, Katz S, Stewart R et al.
foi demonstrado que as primeiras pro- além de que o efeito oclusivo da fralda Urinary ammonia and ammonia-produ-
duzem um número significativamente aumenta a potência do corticóide apli- cing microorganism in infants with and
menor de eritema 26,27,28. Não foram des- cado. without diaper dermatitis. Arch Dermatol
critas ainda reacções alérgicas ao mate- 3. Em dermatites severas e prolon- 1977;113: 1678-80.
rial absorvente contido nas fraldas des- gadas, podem ser utilizados alcatrões 7 - Berg RW. Etiologic factors in diaper
cartáveis 25. Apesar disso vários autores em pomada. Em alguns países o seu uso dermatitis: A model for development of
dão preferência às fraldas de pano pela está contra-indicado pelos riscos de improved diapers. Pediatrician
menor oclusão que estas provocam 29. carcinogénese. 1986;14(suppl 1):27-33.
Higiene diária. A higiene da área 4. Anti-fúngicos orais com acção 8 - Suskind RR. The effects of wetting on
da fralda com água morna e algodão, anti-candida (fluconazol, ketoconazol) cutaneous vulnerability. Arch Environ
sem recorrer a sabonetes, é suficiente podem ser necessários em dermatites Health 1965;11:529-537.
na limpeza diária. Quando são utilizados difíceis de controlar, tendo como objectivo 9 - Zimmerer R, Lawson KD, Calvert CJ.
sabões suaves, estes não deverão ser principal tratar a colonização intestinal The effects of wearing diapers on skin.
aplicados mais do que 2 vezes por dia 1. por candida. Pediatr Dermatol 1986;3:95-101.
Apesar dos toalhetes de limpeza serem 5. Em situações de infecção bacte- 10 - Berg RW, Buckingham KW, Stewart
práticos e libertarem um cheiro agradável, riana secundária, podem ser utilizados RL. Etiologic factors in diaper dermatitis:
não são recomendados pela maioria dos vários antibacterianos de acordo com a the role of urine. Pediatr Dermatol
autores. clínica da dermatite. 1986;3:102-106.
Após cada muda de fralda, deverá DIAPER DERMATITIS 11 - Orange AP, de Waard-Van der Spek
ser aplicada uma pasta protectora ou um FB. Comparison of cloth and superab-
emoliente. As pastas são constituídas ABSTRACT sorvent paper diapers for preventing
pela mistura de pós ( ex: óxido de zinco, Diaper dermatitis is a topographic diaper dermatitis. Eur J Pediatr Dermatol
amido, dióxido de titânio) com gorduras description of a wide range of inflam- 1991;1:225-32.
(ex: vaselina e parafina ). Aderem bem à matory processes that occur in the area 12 - Bonifazi E. Napkin dermatitis: cau-
pele, têm boa capacidade de absorção e covered by a diaper. sative factors. In: Harper J, Orange A,
reduzem a maceração. The authors describe mainly the Prose N, ed. Textbook of Pediatric Der-
Desconhece-se se os aditivos pre- primary irritant diaper dermatitis (also matology. Oxford: Blackwell Sciences,
sentes em alguns cremes barreira (ex: called diaper dermatitis) its differential 2000;140.
vitaminas) melhoram a sua qualidade, diagnosis and treatment. 13 - Rodriquez JT, Abdo J, Flores N et al.
embora sejam conhecidas reações de The role of bile acids in the genesis of
Nascer e Crescer 2004; 13 (3): 206-214
sensibilização tanto irritativas como alér- diaper rash. Pediatr Res 1976;10:359.
gicas. 14 - Larrégue M, Gallet P, Rat JP et al. W-
shaped napkin rash in infants. Derma-
Preparações a ser evitadas BIBLIOGRAFIA tologica 1975;151:104-12.
Preparações contendo ácido bórico 15 - Noble WC. Microbiology of human
e pó talco (pó de amido) devem ser 1 - Wolf R, Wolf D, Tuzun B, Tuzun Y. skin. In: Rook A, ed. Major problems in
evitados pelos riscos de toxicidade e de Diaper dermatitis. Clinics in Dermatology dermatology, vol.2, 2nd ed. London: Lloyd-
desenvolvimento de granulomas. 2000;18:657-660. Luke Medical Books, 1981:330-1.
2 - Jordan WE, Lawson KD, Berg RW, et 16 - Leyden J, Kligman A. The role of
al. Diaper dermatitis: frequency and microorganisms in diaper dermatitis. Arch
TRATAMENTO severety among a general infant popu- Dermatol 1978;114:56-9.
O tratamento médico consiste em lation. Pediatr Dermatol 1986;3:198-207. 17 - Gokalp A, Aldirmaz C, Oguz A, et al.
medidas simples, ajustadas de acordo 3 - Grant WW, Street L, Fearnow RG. Relation between the intestinal flora and
com a severidade e o tipo de dermatite. Diaper rashes in infancy. Clin Pediatr diaper dermatitis in infancy. Trop Geogr
1. Se uma dermatite não melhora 1973;12:714-716. Med 1990;42:238-40.
após higiene adequada e aplicação de

artigos de revisão 213


NASCER E CRESCER
revista do hospital de crianças maria pia
ano 2004, vol. XIII, n.º 3

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