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DERMATITE DE CONTATO derme papilar, há vasodilatação e edema, o que

justifica o eritema. Na fase crônica, há espessamento


Os eczemas correspondem a um grupo de de todas as camadas da epiderme, ou seja,
dermatoses inflamatórias, pruriginosas, com hiperceratose, hipergranulosa e acantose irregular,
características clínicas e histopatológicas comuns e acompanhado de ocorrência sutil de linfócitos; a lesão
muito bem definidas. As lesões elementares que se apresenta clinicamente como liquenificação. A
definem os eczemas são eritema, edema, vesículas, concomitância dos achados das fases aguda e
crostas e descamação. De acordo com a crônica, no entanto, com menor intensidade, configura
predominância dessas lesões, o quadro pode ser a evolução subaguda do processo.
classificado em agudo, subagudo e crônico, traduzido
pela ocorrência de erupção eritematovesiculosa,
eritematopapulovesiculosa, eritematocrostosa e
eritematoescamosa, com ou sem exsudação. A esse
aspecto objetivo, há de se acrescentar uma
manifestação subjetiva que nunca falta – o prurido.
Como consequência da duração e intensidade do
prurido, surge outro elemento: a liquenificação, que
traduz a cronicidade do processo.
Teoricamente, embora existam diferenças
conceituais, na prática, os termos “eczema” e
“dermatite” podem ser utilizados como sinônimos. A
palavra eczema é uma denominação consagrada que
vem do grego ekzein e significa: ek – exterior + zein –
ebulição, o que, se traduzido ao pé da letra, dá uma
conotação equivocada de que os eczemas só se
apresentam de forma aguda.

- EPIDEMIOLOGIA: os eczemas ocorrem com


muita frequência, sendo mais comum o eczema de
contato, seguido do atópico e do seborreico.
Acometem igualmente ambos os sexos e todas as
raças. Com relação à faixa etária, o eczema de
contato pode ocorrer em qualquer época da vida,
sendo a dermatite das fraldas (eczema de contato por
irritante primário) muito frequente no lactente, - ETIOLOGIA: os diversos eczemas resultam
enquanto o eczema de contato por sensibilização é de causas externas e/ou internas com etiologia
mais frequente após a infância. O eczema atópico, em variada, cujos mecanismos patogênicos são distintos.
geral, inicia-se a partir do 3 o ou 4o mês de vida,
podendo ter início mais tardio, inclusive na
adolescência e na idade adulta. O eczema seborreico
pode estar presente ao nascimento ou ocorrer já nos
ECZEMA DE CONTATO (DERMATITE DE
primeiros dias de vida; contudo, é muito mais CONTATO)
prevalente a partir da adolescência e da idade adulta.
Podemos distinguir 2 tipos de dermatite de
- HISTOPATOLOGIA: a característica básica contato, com etiologia e fisiopatogenia absolutamente
do processo é de natureza seroexsudativa, distintas: dermatite de contato por irritante primário
acometendo a epiderme e derme papilar na fase (DCIP) e dermatite de contato alérgica (DCA).
aguda. Nesta, na camada de Malpighi, há exocitose e Estima-se que aproximadamente 20% dos
edema intercelular, o qual progride em horas, casos de dermatites de contato sejam atribuídos à
provocando “espongiose”, isto é, um afastamento DCA. Também pode ser doença de caráter
entre si das células da camada de Malpighi, cujas ocupacional, acometendo preferencialmente os grupos
pontes intercelulares se adelgaçam, de modo que os expostos a maior número de antígenos sensibilizantes
espaços se enchem de serosidade. Com a – portanto, indivíduos adultos de sociedades
continuação do processo, ocorre marcado edema industrializadas e com determinadas profissões.
intracelular, que provoca degeneração reticular;
também ocorre destruição das pontes intercelulares, - DERMATITE DE CONTATO POR
formando-se, então, as vesículas intraepidérmicas IRRITANTE PRIMÁRIO: a dermatite de contato por
(vesícula histopatológica), que, dependendo da irritante primário (DCIP) decorre dos efeitos tóxicos e
intensidade, acabam por exteriorizar-se (vesículas pró-inflamatórios de substâncias capazes de ativar a
clínicas); estas se rompem, liberando o exsudato, que, imunidade da pele ainda que de maneira não
ao secar, forma crostas; no interior das vesículas, específica. Corresponde a 80% dos casos de
podemos encontrar linfócitos. Por outro lado, o edema dermatite de contato.
intercelular altera a ceratinização normal, dando A DCIP é provocada, em geral, por
origem à formação de paraceratose (permanência de substâncias alcalinas ou ácidas fracas que, não sendo
núcleos achatados nas lâminas ceratínicas mais capazes de provocar queimadura e/ou necrose,
exteriores), cuja expressão clínica é a escama. Na produzem apenas irritação cutânea. Essas
substâncias, ao entrarem em contato com a pele, DERMATITE DE FRALDAS: trata-se de uma
causam lesão aos queratinócitos, surgindo, reação inflamatória aguda, que acomete as regiões
posteriormente, reação inflamatória na derme papilar. cobertas pelas fraldas, geralmente em crianças com
Caracteriza-se por eritema, descamação e, menos de 2 anos de idade (início frequente entre o
por vezes, vesículas e bolhas, que surgem horas 1o e o 2o mês de vida). Sua etiopatogenia envolve
depois do contato com agentes irritantes mais fortes, diversos fatores; o principal fator desencadeante é a
ou depois de semanas de contato continuado com oclusão constante da pele pela fralda, com inevitável
agentes irritantes fracos. O prurido, em geral, é hidratação e consequente maceração da epiderme. A
discreto ou ausente, sendo substituído por sensação epiderme úmida é mais suscetível ao dano friccional
de dor ou queimação. ocasionado pela fralda, tornando-se mais permeável
Não há necessidade de sensibilização prévia aos irritantes presentes na urina e nas fezes. A
e não ocorre a formação de células de memória; inflamação induzida pela irritação friccional e química
portanto, qualquer indivíduo em contato com tais promove aumento da permeabilidade, facilitando,
substâncias poderá desenvolver a DCIP, que assim, infecção secundária por Candida
frequentemente ficará restrita ao local do contato. As 2 albicans, Proteus, Pseudomonas e B. faecalis.
principais variáveis são a concentração da substância Manifesta-se clinicamente por lesões variadas,
(até certo limite, pois caso contrário será cáustica e sendo mais intensa nas superfícies convexas,
causará queimadura e não uma DCIP) e o tempo de enquanto as dobras são tipicamente poupadas.
exposição. Existem variações na suscetibilidade dos Inicialmente, a pele apresenta eritema de intensidade
indivíduos e de regiões do mesmo indivíduo que variável, com brilho e pregueamento característicos;
dependem, principalmente, da espessura da camada se houver agravamento do quadro, podem surgir
córnea. Assim, é mais provável a DCIP ocorrer na pele edema, pápulas, vesiculação, erosões e ulcerações.
fina do dorso da mão do que na região palmar, como Em uma fase mais tardia, o eritema perde o brilho e
também é mais fácil nas mãos finas de quem não está ocorre descamação, que pode ser intensa.
acostumado a serviços domésticos, pois o contato Eventualmente, surgem nódulos e pápulas simulando
crônico e gradativo com tais substâncias é capaz de condiloma sifilítico ou erosões e ulcerações
promover um espessamento epidérmico. É importante arredondadas, o que se denomina dermatite das
lembrar que outras dermatoses serão sempre fraldas erosiva de Jacquet. Quando ocorre infecção
agravadas por tais substâncias. por Candida albicans, a pele fica brilhante, com
Outros fatores – tais como atrito, umidade e descamação fina e induto esbranquiçado, acometendo
exposição solar – também podem influenciar a primordialmente as dobras e, frequentemente, com
ocorrência dessa dermatite. lesões satélites papulosas ou vesicopustulosas
A DCIP é frequentemente dermatose de características.
caráter ocupacional (pedreiros, químicos, pintores,
donas de casa etc.). Duas condições muito
corriqueiras são a dermatite das mãos da dona de
casa (detergentes e sabões são alcalinos) e a
dermatite das fraldas (ação irritativa de fezes e urina).
Destaque especial merecem as plantas da
família anacardiácea, que, no Brasil, é representada
pelo gênero Lithraea (aroeira, cajueiro, mangueira) e,
nos EUA, pelo gênero Rhus, produzindo o
chamado poison ivy, ou dermatite venenata. Convém
atentar para o fato de que essas plantas agem, de
início, como agentes etiológicos irritantes. No entanto,
elas têm um princípio ativo, que é o urushiol ou 3-N-
pentadecrilcaticol, um potente antígeno e, portanto,
capaz de sensibilizar a maioria das pessoas. Nessas
condições, o quadro clínico passa a ser o de um
verdadeiro eczema de contato, e o aspecto objetivo é O uso inapropriado de sabonete, antissépticos
basicamente o de uma erupção e loções higienizadoras exacerba o processo
eritematovesicoescamosa. A aroeira, principalmente inflamatório.
por ser muito utilizada em nossa medicina popular, em O tratamento tem como base o uso de
modo de banhos ou compressas, causa, com emolientes espessos, que agem como barreira contra
frequência, quadros intensos e extensos, inclusive urina e fezes, e, principalmente, preparações com
casos de eritrodermia esfoliativa. Outros exemplos são óxido de zinco, elemento com ação anti-inflamatória.
dermatites por plantas decorativas (piretro, verbena, Quando houver candidíase associada, cremes com
filodendro); frutos (manga), sementes e raízes; nistatina ou cetoconazol devem ser aplicados. Nos
hortaliças (cebola, alho) e extratos vegetais casos com infecção bacteriana, antibióticos tópicos
(terebintina, bálsamo do Peru). devem ser utilizados.
O tratamento invariavelmente requer a Nos casos mais intensos, hidrocortisona a 1%
interrupção do contato com o agente que desencadeia pode ser administrada por curto período de tempo. O
o surgimento das lesões de pele. O uso de uso de preparações com corticosteroides potentes não
corticosteroides é de grande valia, devendo-se é recomendado, pois a oclusão ocasionada pelas
adequar a potência ao local acometido e às fraldas potencializa a ocorrência de efeitos colaterais
características clínicas da lesão. locais, bem como eleva a absorção sistêmica.
Uma complicação do uso intempestivo de
corticosteroides tópicos de alta potência ou de forma
prolongada no tratamento da dermatite das fraldas é
o granuloma glúteo infantil. Este é caracterizado por
nódulos assintomáticos, de coloração acastanhada ou
violácea, na região das fraldas; não requer tratamento
específico, além da suspensão do corticosteroide.

- DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA: a


dermatite de contato alérgica (DCA) pode apresentar-
se de 3 maneiras, sempre com muito
prurido: aguda (eritema, vesículas, exsudação e
crostas); subaguda (eritema, pápulas, escamas e
crostas); crônica (liquenificação). Alguns desses tipos
podem faltar durante a evolução e ocorrem
apresentações intermediárias (p. ex., agudização de
tipo crônico). A morfotopografia (termo cunhado por
um dos autores) é de grande ajuda no diagnóstico.
Assim, uma lesão arredondada (morfologia) no dorso
do punho esquerdo (topografia) sugere DCA a algum
constituinte da liga metálica do relógio; nos lóbulos
auriculares, a componentes dos brincos (níquel); nos
seios, a componentes do sutiã; nas tatuagens
de Henna (pela substância parafenilenodiamina); em
torno de ferimentos, a medicamentos tópicos etc.
Eventualmente, encontramos lesões a distância do
local original, ocorrendo por disseminação do
alergênio pelas mãos do paciente ao se coçar. Por
vezes, em especial na região periauricular, por suas
características anatômicas, observa-se adenopatia
satélite que não é infecciosa e, sim, do próprio
processo. Quadros clínicos generalizados e até
mesmo eritrodermia, que caracteristicamente tende a
ser mais exsudativa, podem ocorrer. Não é infrequente
a impetiginização secundária, bem como a função de
porta de entrada para desenvolvimento de erisipela ou
celulite.
Na DCA, existe envolvimento primário do
sistema imunológico, sendo exemplo clássico da
hipersensibilidade tipo IV da classificação de Gell e
Coombs, que é a hipersensibilidade retardada ou
mediada por células.
O tempo desse processo será de poucos dias
para alergênios com alto poder sensibilizante (p. ex.,
difenciprona – 7 a 14 dias), podendo levar anos para
outros antígenos. Portanto, é esperado, na anamnese,
que o paciente possa questionar, de certo modo, o
diagnóstico, visto que sempre usou determinado
produto sem nunca ter apresentado anteriormente
aquela manifestação. Em geral, a hipersensibilidade
adquirida persiste por toda a vida, embora,
eventualmente, ocorra o desenvolvimento de
tolerância com a exposição continuada, havendo
então a cura.
Assim, no eczema de contato, os agentes
etiológicos são substâncias químicas pouco
complexas (elementos ou compostos minerais ou
orgânicos, haptenos). Determinadas substâncias são
especialmente sensibilizantes:

 grupo para-amino do radical benzênico


(anilinas, procaína, sulfas etc.)

 metais: destacamos o cromo (cimento,


tipografia, couros), o níquel (objetos de adorno
e de utilidades domésticas) e o mercúrio intertriginosa e flexural (SDRIFE -symetrical drug -
(remédios) related intertriginous and flexural exanthema),
caracteriza-se por ser uma reação do tipo IV,
 antibióticos: destacamos neomicina, penicilina, decorrente da absorção sistêmica (ingestão)
furacin e cloranfenicol geralmente de níquel em pacientes sensibilizados
previamente a este metal. Trata-se de uma erupção
 cosméticos: ressaltamos certas substâncias eczematosa simétrica que acomete axilas, cotovelos,
como eosina, hidroquinona, piragalol, pálpebras e laterais do pescoço, acompanhada por
azocorantes, resorcina, fenol, formol e outras lesões anogenitais muito eritematosas que lembram a
região glútea dos babuínos (espécie de macaco).
 borracha e derivados: temos os Medicamentos, em especial antibióticos
mercaptobenzotiazóis e o éter monobenzílico betalactâmicos – sobretudo a amoxicilina – são a
de hidroquinona; os principais aditivos com principal causa; paracetamol, quinolonas, aminofilina,
maior potencial sensibilizante, tanto para luvas hidroxizina, claritomicina e omeprazol; mercúrio
de borracha natural quanto sintéticas, (sobretudo por ruptura de termômetros com
pertencem aos grupos tiuram (72%), mercapto consequente inalação, principal causa em crianças),
(25%) e carbamato (3% dos casos) algumas comidas ou preservativos de comidas etc. É
uma modalidade de recall dermatitis.
 objetos plásticos: devemos considerar polivinil,
polietileno, acrílicos, formaldeídos,
nitrocelulose, poliamidos, os diversos
componentes das epoxirresinas e outros.

Substâncias distintas como anilina, procaína,


sulfa e outras, por terem radical comum (grupamento
para-amino do radical benzeno), podem
apresentar reação cruzada. Pacientes com eczema de
contato ao timerosal (princípio ativo do antigo
Merthiolate®, que foi substituído pela clorexidina)
podem ter reações eczematosas importantes com
piroxicam por via oral, caracterizadas por quadro
bolhoso, inclusive de aspecto disidrosiforme nas
palmas e mais intenso nas áreas fotoexpostas. O
timerosal está ainda presente em soluções oftálmicas
e de lentes de contato, algumas vacinas e tintas de
tatuagem. É constituído por um mercurial orgânico e
um tiossalicilato.
Metilcloroisotiazolinona / metilisotiazolinona
(MCI/MI), também conhecido como Kathon CG ou
Euxyl K100, são usados em uma proporção fixa (3:1)
como conservantes. Há 15 anos o MI vem sendo
empregado isoladamente em tintas, colas e,
recentemente, em cosméticos (produtos
infantis; tinturas e descolorantes capilares; unhas
postiças; maquiagem como delineadores,
removedores, pó facial e blush; hidratantes, filtros
solares e lenços umedecidos). Esse uso mais
frequente justifica o aumento da incidência. O teste de
contato para MCI/MI pode ser negativo, mesmo para
quem é positivo apenas para o MI, devido à baixa
concentração deste na combinação. Pacientes
sensibilizados ao MI também reagem ao MCI, embora
a recíproca não seja necessariamente verdadeira.
Vários trabalhos apontam a necessidade da inclusão O contato de substâncias químicas com a pele
do MI na bateria padrão do teste de contato. pode também desencadear reações
A denominada recall dermatitis pode ocorrer liquenoides e urticária de contato.
em pacientes previamente sensibilizados e que, ao se
exporem sistemicamente (inalação pelas vias oral, - DIAGNÓSTICO: alguns princípios devem ser
intramuscular ou intravenosa) a um determinado seguidos para orientar o diagnóstico:
agente ou relacionado a ele, seria capaz de
desencadear a reativação de lesões em locais que já  Mapeamento topográfico. Procura-se
apresentaram previamente o mesmo quadro de correlacionar o local do eczema com várias
eczema. A manutenção do estímulo pode levar à exposições; assim, no eczema de pescoço,
eritrodermia devemos investigar joias e adereços de metais
A síndrome do babuíno, também conhecida e plásticos, perfumes, casacos, gravatas,
como erupção medicamentosa simétrica exantemática corantes de tecidos, goma de colarinho etc.
 Seletividade profissional. Tanto na indústria O paciente não pode estar em uso de
quanto em outras profissões, a pessoa expõe- corticosteroide tópico no local do teste e de
se seletivamente a determinados antígenos. corticosteroide sistêmico, especialmente em doses
Por exemplo: em casos de eczema de contato imunossupressoras por 2 semanas; não deve molhar
nas mãos de um cabeleireiro, devemos as fitas ou se expor ao sol. A prática de atividade física
pesquisar no sentido de corantes, xampus, é desaconselhada para não descolar as fitas ou
sabonetes, desodorantes, depilatórios, molhá-las com suor. Mesmo que o paciente esteja em
desinfetantes, perfumes etc. vigência do uso de anti-histamínicos, não é necessário
suspendê-los para a realização do teste de contato,
 Seletividade utilitária. Pela história pois não há correlação com o mecanismo
morfotopográfica e outros dados, suspeita-se fisiopatogênico do eczema de contato.
de que o eczema de contato em apreço esteja Após 48 h da aplicação, os testes são
relacionado com um elemento de uso diário ou retirados e é feita a primeira leitura. A segunda leitura
esporádico; procura-se, então, realizar testes é feita em 96 h.
dirigidos às diversas substâncias que entram
na confecção do objeto. Por exemplo: se o
eczema é dos pés, incrimina-se o sapato;
procura-se, então, realizar testes com
bicromato de potássio, acrílico, diversos
componentes das colas, da borracha etc.

 Correlação antígeno/utilidade. Uma vez


determinado pelos testes que o indivíduo é
sensível a determinada substância, deve-se
procurar relacionar o eczema com os objetos
que contenham o referido alergênio. Por
exemplo: se o teste foi positivo ao cloreto de
cobalto, cabe investigar a possibilidade de
contato com tinturas de cabelos, objetos de
cerâmica, vidro ou ligas metálicas, esmaltes,
cimento, adesivos, papel mata-moscas,
galvanoplastia, pigmentos em diversos objetos
etc.

TESTES DE CONTATO: os testes de contato


são úteis na identificação de substâncias às quais o
indivíduo é alérgico. No entanto, deve ser interpretado
com critério, pois substâncias testadas, ainda que
Os critérios adotados para leitura são os
positivas, podem não estar relacionadas com o
preconizados pelo International Contact Dermatitis
problema atual, e a substância envolvida pode não ter
Research Group de 1981, nos quais: (–) negativo; (+)
sido testada. Outra possibilidade é que os
discreto eritema com algumas pápulas; (++) eritema,
componentes do teste possam ter perdido, por
pápulas e vesículas; (+++) intenso eritema, pápulas e
qualquer motivo, o padrão.
vesículas confluentes.
Em 1996, o Grupo Brasileiro de Estudos em
Dermatite de Contato (GBEDC) determinou as
substâncias da bateria padrão de alergênios. São 22
elementos presentes em testes internacionais,
acrescidos de mais 8 substâncias relacionadas com
medicamentos tópicos e de uso frequente no nosso
meio, totalizando 30 substâncias. Esta bateria padrão
é aplicada em todo paciente com suspeita de DCA.
Por vezes, dependendo da ocupação profissional ou
de lazer do indivíduo, é possível adicionar elementos
ao teste – desde que corretamente manipulados e
diluídos.
A bateria específica de cosméticos, indicada
principalmente na suspeita de DCA a estes produtos,
é composta por 10 substâncias, determinadas pelo
GBEDC em 2002.
Quanto à técnica de execução, é importante
salientar que, para a realização do teste, a dermatose Quando existe múltipla positividade a
do indivíduo deve estar em fase inativa para não diferentes grupos das baterias testadas, pode-se estar
exacerbar o quadro. As substâncias padronizadas são diante de um caso de angry back skin
aplicadas no dorso do paciente, em pele limpa, seca e syndrome (síndrome da pele excitada), reproduzindo
sã. inúmeros falso-positivos. Em caso negativo,
recomenda-se a exposição à luz, pois esta pode
potencializar algumas das reações da DCA.
Os denominados produtos hipoalergênicos
caracterizam-se por substituir, em sua composição
química, substâncias por outras com menor
capacidade de sensibilização.

- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: faz-se


principalmente com os outros eczemas,
dermatofitoses, dermatofítides, psoríase, parapsoríase
e farmacodermias. Imunoglobulina intravenosa pode
causar quadro de eczema assim como eczema
disidrótico.

- TRATAMENTO E PREVENÇÃO: na
prevenção das dermatites de contato, o uso de
equipamentos de proteção individual (EPI) no trabalho
– como luvas, sapatos, macacões etc. – e o
desenvolvimento de produtos hipoalergênicos seriam
os principais objetivos a alcançar.
No tratamento, a primeira providência nessas
dermatites é afastar o agente causal e priorizar o
tratamento de infecções secundárias eventuais. Esses
procedimentos, associados ao uso de emolientes, são
suficientes nos casos leves de DCIP.
Na DCA, a conduta dependerá da fase e da
extensão do quadro; na fase aguda, inicia-se o
tratamento com banho ou compressas,
preferencialmente com soluções antissépticas como
solução de permanganato de potássio 1:40.000
durante as primeiras 24 h. A solução de ácido bórico 1
a 2% pode ser usada, devendo ser evitada no
tratamento de grandes áreas em crianças por seu
potencial nefro e neurotóxico. Em uma fase menos
exsudativa (subaguda), utilizamos pasta d’água ou
creme de corticosteroide tópico. Na fase crônica, está
indicado o uso de corticosteroide em pomada, fita
oclusiva ou, mesmo, injeção intralesional. Em casos
generalizados ou de eritrodermia, indicam-se
corticosteroides sistêmicos (prednisona 0,5 mg/kg de
peso).
Os imunomoduladores tópicos, inibidores da
calcineurina (tacrolimo e pimecrolimo), mostraram-se
bastante efetivos no tratamento da dermatite de
contato das mãos.
Embora não haja atuação sobre o mecanismo
fisiopatogênico, o uso de anti-histamínicos de primeira
geração pode ser útil na redução do prurido, graças à
sedação.

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