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Clínica de

pequenos animais

Maria Eduarda Rodrigues


@diariovett
Afecções cutâneas
As afecções de pele são as causas mais
frequentes de visitas ao veterinário (cerca
de 25 a 30% das consultas).

=> A pele é o maior órgão do corpo,


atuando como proteção contra patógenos,
agentes físicos e químicos, percepção de
estímulos ambientais (calor, frio, dor,
prurido e pressão) e regulação térmica.

DERMATOPATIAS BACTERIANAS
IMPETIGO
É uma doença bacteriana causada por
bactérias do Staphylococcus.
gênero
Acomete principalmente cães jovens de 8
semanas de idade à puberdade (sadios ou
DIAGNÓSTICO:
Histórico, aspectos clínicos e culturas
doentes).
bacterianas, histopatologia da pele -
Fatores predisponentes: ambientes sujos,
pústulas subcorneanas não-foliculares
má nutrição, presença de ectoparasitas,
contendo neutrófilos e cocos bacterianos.
doenças infecciosas.
Diferencial: demodicose, piodermatite
superficial, picadas de inseto, estágio inicial
SINAIS CLÍNICOS:
da sarna.
Os filhotes infectados apresentam-se com
pústulas subcorneais com uma borda
eritematosa presentes na pele glabra (ou TRATAMENTO:
Os casos leves (brandos) podem
seja, sem pêlos) das regiões abdominal
apresentar resolução espontânea, ou seja,
ventral, inguinal e axilar, mas também
desaparecer espontaneamente. Banhar o
podem ser encontradas em outras partes
filhote canino com um xampu à base de
do corpo. Essas pústulas tendem a se
clorexidina a 2-4% duas vezes por semana
romper com facilidade, deixando uma
até a remissão costuma ser uma medida
pequena crosta ou, potencialmente, um
adequada; os xampus à base de peróxido de
colarete epidérmico.
benzoíla também são eficazes, mas tendem
As pústulas podem formar crostas
a ser muito agressivos (irritantes) para a
amareladas extensas. Comumente a
pele do filhote. Lesões isoladas podem ser
desordem não é pruriginosa.
tratadas com solução tópica de clorexidina
Afecções cutâneas
ou pomada de mupirocina duas vezes ao dia. Dobras labiais: normalmente a queixa está
Os casos graves talvez necessitem de relacionada ao hálito fétido devido ao
antibióticos por via oral para alcançar a acúmulo de saliva na dobra labial inferior
remissão. eritematosa e macerada. Tártaro, gengivite
Aplicação tópica de mupirocina, neomicina, e salivação excessiva contribuem para uma
unguento ou Clorexidina a cada 12h por 7 a halitose.
10 dias. Dobras caudais: apresenta-se macerada,
eritematosa e fétida.
INTERTRIGO Dobras vulvares: sintomas incluem dobras
Também conhecido como piodermatite de vulvares eritematosas, maceradas e
dobras cutâneas, é uma infecção bacteriana fétidas, lambedura vulvar frequentemente
comum da superfície cutânea que ocorre fétida e micção dolorosa. Pode haver
em cães com excessiva dobras de pele. infecção urinária secundária.
Essas dobras cutâneas criam um ambiente Dobras corporais: dobras eritematosa,
úmido, escuro e aquecido, com má seborreia, frequentemente fétidas e, às
circulação de ar e crescimento bacteriano e vezes, discretamente pruriginosas
inflamação subsequentes. localizadas no tronco e nos membros.
Acomete as pregas da face de cães
braquicefálicos, como os da raça Pug,
Pequinês, Bulldog, Boxer, etc e pregas
pregas labiais, peri-vulvares, caudais,
axilares, inter-mamárias ou de outras
regiões corpóreas em raças que possuem
excesso de pele, como shar Pei, Basset
Hound, etc.
A obesidade é um fator que auxilia a
ocorrência do intertrigo.

SINAIS CLÍNICOS:
Dobras faciais: dobras faciais eritematosas,
indolores e não pruriginosas que podem
apresentar odor fétido. É comum a
ocorrência simultânea de ceratite
traumática ou úlcera de córnea.
Afecções cutâneas
necessário. Para cães que envolvem
resposta inflamatória mais severa, o uso de
cremes antibióticos/esteróides também é
indicado.

FURUNCULOSE ACRAL
A dermatite acral por lambedura trata-se
de uma lesão de pele auto induzida, causada
pela lambedura excessiva do animal,
DIAGNÓSTICO: principalmente nas extremidades dos
Baseia-se no histórico, achados clínicos e
membros torácicos como também nos
exclusão de diferenciais. Citologia imprint
membros posteriores.
cutâneo – nota-se mistura de bactérias,
A origem da lambedura excessiva pode ser
também pode haver fungos. Urinálise
decorrente de uma causa física que gere
(Cistocentese) em cães com dermatite de
dor, desconforto ou coceira como: artrite,
dobras vulvares e infecção urinária
fraturas, neuropatias, alergopatias e
secundária pode haver bacteriúria.
dermatites infecciosas de distintas
Diagnóstico diferencial: Piodermatite
etiologias, porém na maioria das vezes, é
superficial, demodicose, dermatofitose e
associada a distúrbios emocionais (solidão,
malassezíase. Como diferencial de
ansiedade, tédio, estresse, frustração,
dermatite de dobras vulvares incluem-se
situações de conflito, alterações na rotina,
também, assaduras causadas por urina e
no ambiente, no convívio de pessoas e
cistite ou vaginite primária.
animais, ambiente com poucos estímulos e
sedentarismo), sendo por isso também
TRATAMENTO: conhecida como dermatite psicogênica.
No caso de cães obesos, é indicado fazer
dieta. A extirpação cirúrgica de excesso de
SINAIS CLÍNICOS:
dobras na face, lábio ou vulva ou amputação
Queda de pêlo, formação de um nódulo ou
da cauda, em caso de dermatite de dobras
lesão em placa inflamada com eritema, às
caudais, normalmente é curativa.
vezes secreção purulenta, erosões e
O objetivo do tratamento é limpar e
úlceras, que podem inclusive alcançar
desinfetar a região da dobra cutânea a cada
tecidos musculares e ósseos dependendo
1 a 3 dias, impedindo a recidiva da
da intensidade e frequência da lambedura.
piodermite. Um shampoo com peróxido de
benzoíla pode ser utilizado para tal fim, em
intervalos de 3 a 7 dias, conforme
Afecções cutâneas
apareçam na superfície. Este material é
examinado citologicamente.
Diagnóstico diferencial: pitiose,
leishmaniose, esporotricose e tumor.

TRATAMENTO:
É definido conforme a causa do problema.
Os cuidados podem envolver o uso de
anti-inflamatório e antibiótico para
dermatite canina. Além de antifúngico e
mudanças no estilo de vida do cachorro.
Existem diversos fármacos que auxiliam no
controle de distúrbios comportamentais em
animais, como ansiolíticos, florais,
antidepressivos, bloqueadores ou
substitutos de endorfina, entre outros.

ABCESSOS SUBCUTÂNEOS
Acomete principalmente gatos machos,
adultos, não castrados, de vida livre ou que
vivem em comunidade (abrigos e
acumuladores), devido a disputa por
território e fêmeas. As brigas resultam em
O hábito constante de lamber impede a cicatrização e culmina na
lesões por mordidas e arranhaduras, que se
permanência da lesão. Normalmente, a lambedura das patas associada a
não tratadas, podem evoluir para a
distúrbios emocionais ocorre na altura dos metacarpos e metatarsos.
formação de abscesso, principalmente as
causadas por gatos, acometendo
DIAGNÓSTICO: principalmente a cabeça, pescoço, cauda e
Imprint, citologia e antibiograma. membros.
Na avaliação citológica: a superfície deve O abscesso é uma inflamação local, com
ser raspada para remover todos os debris acúmulo de pus, bem delimitada por um
e bactérias superficiais. Após secar a tecido fibroso. Pode acometer órgãos,
superfície, a lesão é pinçada firmemente cavidades, glândulas, pele e/ou tecido
entre o polegar e o indicador até que subcutâneo (tecido abaixo da pele). É
gotículas de exsudato serohemorrágico consequência de uma resposta do
Afecções cutâneas
organismo contra um agente infeccioso,
geralmente, bactérias.

SINAIS CLÍNICOS:
Após uma mordedura, a natureza elástica e
forte da pele dos gatos permite uma
cicatrização rápida de feridas, fechando o
ponto de entrada e favorecendo o
desenvolvimento das bactérias inoculadas.
A multiplicação bacteriana no local e a DIAGNÓSTICO:
resposta inflamatória desencadeada, Associação entre exame clínico, histórico e
provocam uma acumulação de pus que anamnese.
caracteriza os abcessos. - Citologia - Punção Aspirativa por
Os abcessos podem surgir sem Agulha Fina (PAAF).
sintomatologia associada, ou podem ser Diagnóstico diferencial: abscesso causado
acompanhados de febre, depressão, perda por corpo estranho outras bacterioses
do apetite e aumento dos gânglios (actinomicose, nocardiose e
linfáticos que drenam a região do abscesso. micobacteriose).
Os abcessos são dolorosos, quentes e de
consistência flutuante. O pus que contêm TRATAMENTO:
pode ser branco ou creme, de aspecto A nível local é necessário drenar e
sanguinolento e sujo e com odor muito desinfetar regularmente o acesso. Na
desagradável. drenagem (eliminação do pus e detritos
acumulados) poderá ser necessário
puncionar o abcesso, lancetá-lo ou
desbridá-lo por via cirúrgica. Na
desinfecção, o local de onde foi removido o
pus deve ser irrigado com água oxigenada,
soluções iodadas ou de clorexidina.
A abordagem sistêmica consiste na
administração de antibióticos que irão
combater as bactérias envolvidas na
infecção. Os antibióticos eficazes incluem
Amoxicilina 20 mg/kg VO, SC ou IM
intervalo de 8 a 12h. Amoxicilina com
Afecções cutâneas
clavulanato 20 mg/kg VO intervalo de 8h => Os gatos podem ser assintomáticos.
a 12h. Clindamicina 10 mg/kg VO ou IM
intervalo de 12h.
Alternativa: castração.

DERMATOPATIAS FÚNGICAS
DERMATOFITOSE
É causada pelos fungos dermatófitos
Microsporum canis, Microsporum gypseum
e Trichophyton mentagrophytes, M. canis e
T. mentagrophytes.
A doença é considerada uma
antropozoonose e os gatos são mais
predispostos, além disso, acomete
principalmente animais mais jovens.
A transmissão pode acontecer pelo
contato direto com um paciente infectado
ou através de fômites contaminados. Os
esporos fúngicos podem permanecer
viáveis por meses no ambiente, podendo DIAGNÓSTICO:
promover infecções tardias. - Tricograma;
Os dermatófitos em contato com a pele - Raspado de pele;
colonizam o tecido queratinizado (camada - Lâmpada de wood: os pelos
córnea, pêlos e unhas). contaminados com o Microsporum canis
fluorescem com a exposição a esta
SINAIS CLÍNICOS: lâmpada;
Áreas de alopecia isoladas ou multifocais, - Cultura fúngica.
assimétricas e geralmente esfoliativas que
podem ou não estar acompanhadas de
eritema.
As lesões podem estar presentes na
cabeça, tronco e membros.
Caso haja onicomicose, as unhas podem
apresentar-se distróficas, tortuosas,
frágeis e quebradiças.
Afecções cutâneas
auditivo externo, nas áreas periorais, em
regiões perianais, dobras cutâneas úmidas,
vagina e cavidade oral. A doença é rara em
felinos.
Sua manifestação patogênica pode estar
associada a mudanças no microclima, como
temperatura, pH, umidade e microbiota ou a
distúrbios nas barreiras químicas, físicas e
imunológicas do hospedeiro (infecções
cutâneas pré existentes, seborreia,
imunossupressão).
TRATAMENTO: O uso prolongado de antibióticos e
A combinação dos tratamentos tópicos e glicocorticóides também favorece o
sistêmicos bem como o rígido controle surgimento do fungo e influência na forma
ambiental e de contactantes são como tratar malassezia em cães.
indispensáveis para a resolução da doença. Existem raças predispostas geneticamente a ter a malasseziose, como
=> Corte do pêlo, isolamento apropriado, Pastor Alemão, Golden Retriever, Shih Tzu, Dachshund, Poodle, Cocker
terapia tópica e administração sistêmica de Spaniel e West Highland White Terrier.
antifúngicos e fungistáticos (pelo menos 30
dias) e medidas sanitárias (limpeza do SINAIS CLÍNICOS:
ambiente com água sanitária). Seborreia oleosa ou seca, prurido intenso,
piodermite bacteriana, otite externa
DROGA DOSE E hiperplásica e hiperceruminosa, eritema,
FREQUÊNCIA hiperceratose e odor desagradável.

Itraconazol 5-10 mg/kg SID

Cetoconazol 5-10 mg/kg SID

Griseofulvina 50 mg/kg SID

Terbinafina 10-20 mg/kg SID

MALASSEZIOSE
A Malassezia pachydermatis é uma
levedura comensal, normalmente
encontrada em baixa quantidade no canal
Afecções cutâneas
ESPOROTRICOSE
É uma micose subcutânea causada por um
fungo dimórfico do complexo Sporothrix
schenckii que acomete cães e gatos, além
do homem, sendo considerada uma
zoonose. Esse fungo habita solo e resíduos
orgânicos.
O hábito natural de gatos afiarem as unhas
e cavarem solo para enterrar seus dejetos
facilitou o contato dos felinos com os
agentes e a autoinoculação.
A doença possui maior prevalência em
gatos machos não castrados, devido a briga
frequente por território e fêmeas.

DIAGNÓSTICO: SINAIS CLÍNICOS:


Citologia (imprint cutâneo) o crescimento Os sinais clínicos iniciam-se poucos dias
excessivo do fungo é confirmado a serem após a infecção. Em geral, a região da face
encontrados mais de 2 fungos redondos e e orelhas, além dos membros, são os locais
ovais por campo. de maior ocorrência das lesões.
Histopatologia da pele dermatite As lesões cutâneas iniciam-se como
perivascular superficial a intersticial pápulas, nódulos ou bolhas que se rompem
linfo-histiocítica com fungos e e que drenam conteúdo serosanguinolento.
ocasionalmente pseudo-hifas na queratina. Após a ruptura, formam-se pequenas
úlceras que aumentam de tamanho e podem
TRATAMENTO: confluir.
• Cetoconazol (VO) Com a progressão da doença, poderá haver
• Itraconazol (VO) perda importante de tecido. O
• Localizada: Tópico comprometimento de linfonodos periféricos
• Clorexidine 3 a 4% também é um sinal clínico comum.
• Sulfeto de selênio 2% Frequentemente o espelho e plano nasal
• Cetoconazol 2% podem ser acometidos, podendo haver
• Miconazol 2% perda de tecido ou tumefação leve ou
=> O tratamento deve ser feito no mínimo grave. Por esse motivo, é comum observar
30 dias e acompanhamento com citologia.
Afecções cutâneas
quadros de espirros e dispneia inspiratória DIAGNÓSTICO:
nesses pacientes. Dados sobre a história clínica e do padrão
Comumente esses animais ficam lesional, exame citológico (com observação
hiporéticos e o emagrecimento e a de leveduras livres ou dentro de
desidratação podem ser uma consequência. macrófagos), biópsia cutânea e cultura
Em cães, a doença assume, em geral, uma fúngica (secreções ou fragmentos das
evolução mais benigna, Esses animais lesões).
adquirem a infecção através de acidentes Diagnóstico diferencial: leishmaniose e
com felinos infectados. Exibem lesões criptococose.
nodoulcerativas, exsudativas e crostosas
mais localizadas, principalmente no focinho TRATAMENTO:
e face. Em casos graves, podem apresentar Via oral:
lesões generalizadas e comprometimento Iodeto de potássio: 5 mg/kg a cada 24h.
linfático. Itraconazol: 10 mg/kg ou 100 mg/gato a
cada 24h (gatos) e 10 mg/kg a cada 24h
(cães).
Cetoconazol.
Intralesional:
Anfotericina B.

=> Não há padronização em relação à


duração da terapia, uma vez que a resposta
é individual. Os cães costumam se
recuperar mais rapidamente, enquanto o
tratamento em felinos poderá durar muitos
meses.

Os animais positivos para esporotricose devem ser isolados de outros


animais e não podem ter acesso à rua para evitar a disseminação da
doença. Deve-se utilizar luvas para manejar esses animais e fazer a
limpeza do ambiente, utilizando hipoclorito de sódio.
Em caso de óbito, os animais devem ser cremados e NUNCA enterrados.
Afecções cutâneas
DERMATOPATIAS PARASITÁRIAS Aparecem extensas zonas de alopecia com
DEMODICOSE seborréia, eritema, pústulas, pápulas,
A demodicose é também conhecida como crostas e úlceras.
sarna demodécica, sarna folicular ou sarna
vermelha. É causada pelo ácaro Demodex
canis, um ácaro escavador, que se localiza
nos folículos pilosos e glândulas sebáceas.
A transmissão ocorre da mãe para os
neonatos lactentes, através de contato
direto.
O ácaroDemodex canis pode ser
encontrado na pele normal canina,
presente em pequenos números na maioria
dos cães saudáveis.
Pode haver infecção bacteriana secundária por Staphylococcus
intermedius, Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis, facilitando o
desenvolvimento de úlceras e lesões exsudativas e crostosas.

DIAGNÓSTICO:
SINAIS CLÍNICOS:
- Raspado de pele profundo e em diversos
A forma localizada é mais frequente em
locais do corpo, evitando áreas fragilizadas.
cães jovens (3-11 meses), com uma ou
- Tricograma.
diversas áreas de alopecia, sendo
- Histopatologia.
pequenas, eritematosas, circunscritas,
escamosas, com prurido ou não,
principalmente na região periocular e
TRATAMENTO:
• Banhos com clorexidine 2-4% ou
comissuras bucais.
peróxido de benzoíla a cada 5-7 dias
=> Aproximadamente 90% dos casos
• Antibiótico sistêmico:
curam por si só, no entanto 10% do
• Amoxicilina + ácido clavulânico
restante progridem para e enfermidade
• Cefalexina
generalizada.
• Moxidectina (VO/SC 0,5 mg/kg 72/72
A forma generalizada aparece como uma
hrs/30 dias)
progressão das lesões localizadas.
• Ivermectina (VO/SC 0,6 mg/kg/30 dias)
Geralmente a forma generalizada acomete
• Fluralaner (1 x), afoxolaner (administração
grandes áreas do corpo, tendo diversas
mensal, até 2 raspagens negativas)
lesões na cabeça, membros e tronco.
Afecções cutâneas
=> O prognóstico é reservado.

ESCABIOSE CANINA
Também chamada de sarna sarcóptica, é
uma enfermidade parasitária contagiosa
causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei. É
considerada uma zoonose.
Os filhotes são mais suscetíveis, mas
O processo inflamatório da epiderme
podem ocorrer em animais adultos.
favorece o surgimento de eritema no início
Os agentes etiológicos possuem a
da infestação. Pápulas, disqueratinização e
característica de serem escavadores da
alopecia normalmente ocorrem. A intensa
epiderme do animal parasitado e realizam
exsudação promove o surgimento de
toda a sua biologia sobre o hospedeiro,
crostas espessas e a cronicidade pode
porém podem infestar o ambiente ou
favorecer alopecia generalizada e
fômites por algumas semanas. Sendo assim,
liquenificação
a principal via de transmissão se dá pelo
contato direto com animais infestados ou
DIAGNÓSTICO:
por meio de fômites contaminados.
Raspado de pele -> as bordas das orelhas
são os locais de maior parasitismo (onde o
SINAIS CLÍNICOS:
material deve ser colhido).
As lesões se desenvolvem principalmente
nos pavilhões auriculares, região abdominal,
TRATAMENTO:
articulações úmero-rádio-ulnares e
• Higienização e desinfecção do ambiente e
tíbiotarso-fibulares.
de objetos que o animal parasitado entre
em contato.
• Prednisona 1,1 mg/kg/3 dias → reação de
hipersensibilidade.
• Enxofre 2 – 3 % banhos semanais.
• Ivermectina 0,2 a 0,4 mg/kg/VO/SC a
cada 14 dias.
• Selamectina pour-on.
Afecções cutâneas
ESCABIOSE FELINA TRATAMENTO:
Também chamada sarna notoédrica, é uma Similar à canina.
enfermidade causada pelo ácaro
Notoedres cati. OTOCARÍASE
A incidência é maior em locais onde existem Também conhecida como sarna otodécica, a
aglomerações de animais. otocaríase tem como principal agente
etiológico o ácaro Otodectes cynotis.
SINAIS CLÍNICOS: Os filhotes são mais predispostos e
As regiões mais acometidas são pavilhões ninhadas inteiras podem apresentar o
auriculares, cabeça e região cervical. parasitismo com poucas semanas de vida,
Pele espessada, crostas densas e aderidas, pois animais adultos podem ser
alopecia na ponta da orelha, face, assintomáticos. Não há predileção por
pálpebras, pescoço, prurido intenso. raça, sexo ou formato da orelha de animais
acometidos. É muito comum a
transmissibilidade entre animais que vivem
em comunidade como gatis, canis e abrigo
de animais. Sendo assim, o contato direto é
a principal fonte de infestação, mas objetos
de uso comum também podem carrear
ácaros de animais doentes para os sadios.

SINAIS CLÍNICOS:
Os animais acometidos possuem um
prurido expressivo na região das orelhas e
face, que podem resultar em escoriações e
alopecia na região da face, base de orelha e
patas.
Causa otite externa, eritema auricular,
Em gatos, a doença raramente é otorreia castanho escura (devido ao
generalizada e, quando acontece, fatores aumento produção de cerúmen).
de imunossupressão precisam ser
investigados.

DIAGNÓSTICO:
Raspado de pele.
Afecções cutâneas
DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGA
(DAPP)
É uma reação de hipersensibilidade cutânea
à antígenos presentes na saliva de pulgas.
Ctenocephalides canis e C. felis são as
espécies de pulgas mais comuns no Brasil.
=> A dermatite é sazonal, não possui
predileção por raça ou espécie,
acometendo principalmente animais de 3 a
5 anos.

SINAIS CLÍNICOS:
O prurido é o sinal clínico mais prevalente,
com a presença de pápulas crostosas,
seborreia, eritema, escoriações e
DIAGNÓSTICO: hiperceratose.
Aspecto clínico, visualização por otoscópio => Podem ocorrer nas regiões dorsal,
ou swab. lombar, axilar e pescoço.

TRATAMENTO:
- Ceruminolítico: a frequência de utilização
varia de acordo com a necessidade de cada
paciente.
- Selamectina.
- Moxidectina.
- Controlar contactantes.

HIPERSENSIBILIDADE
As doenças alérgicas são multifatoriais. O
aparecimento da doença depende de uma
combinação entre fatores predisponentes e
desencadeadores (predisposição genética,
exposição ambiental e desregulação
imunológica).
Afecções cutâneas
DIAGNÓSTICO: É uma doença incurável e de caráter
Baseado na história clínica, exame físico e genético e alguns fatores intrínsecos da
exclusão de outras dermatopatias Barreira epidérmica do cão atópico são
pruriginosas. importantes para a patogênese da
Por ser parasita temporário, não precisam necessariamente ser enfermidade.
encontrados no corpo do animal no momento da consulta. A pele desses cães possuem
características genéticas que definem uma
TRATAMENTO: barreira cutânea pobre em matriz
Pacientes com prurido intenso precisam de extracelular. Sendo assim, pode haver
terapia adjuvante para alívio dos sinais perda excessiva de água, contribuindo para
clínicos. Dessa forma, o uso de o ressecamento da pele e permitindo ainda
glicocorticóides como a prednisolona na mais a sensibilização alergênica num
dose de 0,5 mg/Kg em cães e 1 mg/Kg em processo de retroalimentação.
gatos a cada 24h por poucos dias, pode ser Além disso, todas essas alterações da
utilizado. Felinos com lesões do complexo integridade da pele associadas à diminuição
granuloma eosinofílico podem precisar de dos peptídeos antimicrobianos podem
maiores doses de glicocorticoide. É resultar num evento denominado disbiose.
importante que esse período seja mínimo É uma condição em que Staphylococcus
para que não interfira no plano diagnóstico. pseudintermedius e Malassezia
Em cães, pode-se utilizar também o pachydermatis que habitam
oclacitinib na dose de 0,4 a 0,6mg/Kg a fisiologicamente a pele dos cães,
cada 12h, também por poucos dias. oportunizam-se do microclima favorável
Além disso, deve-se fazer o controle das para se multiplicarem, causando
pulgas. piodermites e/ou malasseziose,
respectivamente.
ATOPIA Predileção: Pastor alemão, Boxer,
A dermatite atópica (chamada também de Labrador, Golden, Fox terrier, Boston
atopia) é uma inflamação crônica de fundo terrier, Schnauzer, White terrier, Lhasa
alérgico que atinge a pele, devido a defeitos apso, Poodle, sharpei, shih tzu.
da barreira cutânea. Acomete animais entre 4 meses a 7 anos.
Causada por sensibilidade percutânea,
inalatória ou ingestão de alérgenos do ar SINAIS CLÍNICOS:
(poeira, pólen). Também pode ocorrer Prurido, automutilação, piodermite,
devido a infecções cutâneas ou seborreia, otite externa e conjuntivite.
microbianas.
Afecções cutâneas

HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR
É causada por alergia à antígenos da dieta.
De maneira geral, as reações adversas ao
alimento acometem cães e gatos de idades
diversas, sendo que cães podem manifestar
os primeiros sinais clínicos próximo de um
ano de idade e em gatos, eles costumam ser
mais tardios.
A barreira do trato gastrointestinal está
suprimida e possui incapacidade de quebra
das proteínas em fragmentos não
antigênicos.
DIAGNÓSTICO:
Clínico. Pode acontecer por reações imediatas
(IgE) ou retardadas (tipo IV).
Diagnóstico diferencial: DAPP e
As proteínas são as principais
hipersensibilidade alimentar.
responsáveis por essas reações e a carne
bovina, derivados do leite, frango e
TRATAMENTO:
cordeiro são alguns alimentos listados
- Identificar o problema e eliminar a causa.
como trofoalérgenos.
- Reduzir exposição antigênica.
- Reforçar a barreira intradérmica (ômega
3 e 6). SINAIS CLÍNICOS:
Prurido, pápulas, lambedura intensa das
- Hidratação e higienização da pele.
patas, eritema, escoriações, caspa, crostas,
- Controlar infecções secundárias.
otite externa, seborréia, piodermatite e
- Imunoterapia.
angioedema.
- Reduzir inflamação.
Sinais gastrointestinais: diarréia (mais
comum nos cães), vômito (mais comum nos
gatos), êmese, flatulências.
Afecções cutâneas
Locais: olhos, boca, orelha, abdome e hormônios tireoidianos (Tiroxina, T4 e
membros. triiodotironina, T3) pela glândula tireóide,
portanto é uma doença de redução da
atividade metabólica.
O hipotireoidismo canino é classificado em:
Primário: forma mais comum da doença,
resultante da perda de tecido funcional da
tireóide. Pode estar relacionada a
síndrome poliglandular nos cães, é
hereditária no Beagle e no Borzoi e nos
cães das raças Golden Retriever e os Old
English Sheepdog existem evidências de
aumento de anticorpos anti tiroglobulina.
Secundário: ocorre em menos de 5% dos
casos, decorrente da diminuição na
secreção de hormônio tireoestimulante.
Pode se originar a partir de malformações
congênitas na hipófise que promovem
disfunção hipofisária, deficiência na
secreção de TSH e defeito na síntese e
secreção dos hormônios da tireoide.
DIAGNÓSTICO:
Também pode ocorrer devido à destruição
• Dieta de eliminação (HA) - fraca
hipofisária por neoplasias ou traumas, ou à
resposta à corticoterapia
supressão da função tireotrópica por
• HP
hormônios ou drogas como os
• ELISA
glicocorticóides.
• Teste intradérmico

=> Geralmente acomete cães de meia


TRATAMENTO:
idade, entre 4 a 6 anos.
Dieta hipoalergênica comercial ou dietas
Apesar de todas as raças poderem
caseiras.
apresentar o hipotireoidismo, cães das
raças Golden Retriever, Labrador
DERMATOPATIAS HORMONAIS
Retriever, Cocker Spaniel inglês, Teckel,
HIPOTIREOIDISMO
Boxer, Beagle, Borzoi, Setter Irlandês,
É uma endocrinopatia multissistêmica,
Schnauzer Miniatura, Pastor de Shetland
resultante da produção ineficiente de
Afecções cutâneas
e Lulu da Pomerânia, são mais afetado. Filhotes com cretinismo tem
predispostos. Não existe predileção sexual. característica de corpo desproporcional a
cabeça, que é grande e larga, possuem
SINAIS CLÍNICOS: línguas protraídas e espessas e membros
Alopecia simétrica bilateral, curtos. Os neonatos geralmente são os
hiperpigmentação, espessamento de pele, maiores da ninhada, porém tem seu
diminui qualidade de pelo, descamação, crescimento reduzido em relação a seus
seborreia, piodermite secundária, letargia, irmãos, que dentro de 3 a 8 semanas ficam
falta de apetite ou apetite caprichoso, muito maiores que os acometidos.
hipotermia e intolerância ao frio,
bradicardia, bradipnéia, intolerância à DIAGNÓSTICO:
exercícios, propensão ao ganho de peso. Deve ser realizado após descartar
quaisquer possíveis comorbidades que
possam alterar o metabolismo desses
pacientes, deixando-os em estado de
eutireoideo doente.
- Exames laboratoriais: hemograma.
- Exames de imagem: ultrassonografia
cervical com avaliação de tireoide.
- Avaliação cardiológica: Cães com
hipotireoidismo severo podem apresentar
alterações cardiovasculares, com
alterações detectáveis no
eletrocardiograma (ECG).
- Mensuração sérica de T4 livre e TSH.
- Teste de estimulação com TSH e TRH.
- Dosagem de Anticorpo
anti-tireoglobulina.
Cretinismo
O hipotireoidismo em filhotes é chamado Importante!
de cretinismo. Muitos dos cães neonatos
Existem fármacos que podem diminuir as
com cretinismo, provavelmente vem a óbito
concentrações basais dos hormônios da
nas primeiras semanas de vida. Esses
tireoide e aumentar o TSH de cães
pacientes apresentam crescimento
eutireoideos, provocando resultados
retardado e o desenvolvimento mental
falso-positivos no diagnóstico de
Afecções cutâneas
hipotireoidismo. Avaliação de função HIPERADRENOCORTICISMO
tireoidiana em pacientes em uso de Também chamado de Síndrome de Cushing,
glicocorticóides, anti-inflamatórios não é a endocrinopatia provocada pela
esteroides (AINES), fenobarbital, exposição crônica a altas concentrações de
sulfonamidas, furosemida ou clomipramine, glicocorticóides de origem endógena ou
devem ser cuidadosamente interpretadas. exógena (iatrogênica), provocando uma
Os glicocorticóides endógenos e exógenos série de anormalidades clínicas e químicas,
inibem o eixo hipotálamo-hipófise-tireóide, decorrentes dos seus efeitos
além de interferir no metabolismo gliconeogênicos, imunossupressores,
periférico dos hormônios tireoidianos. antinflamatórios e catabólicos.
Ocorre supressão na secreção dos
hormônios da hipófise desencadeando Classificação:
diminuição na concentração de T4 livre. O Hiperadrenocorticismo
Pacientes em tratamento com fenobarbital ACTH-dependente é a forma mais comum
por períodos prolongados, também da doença, representando 85% dos casos
apresentarão redução nos níveis de T4 atendidos na rotina.
livre e T4T. O Hiperadrenocorticismo adrenal
dependente é provocado por adenomas
TRATAMENTO: adrenais ou carcinomas adrenais (60 a
Terapia com suplementação de hormônio 70% dos casos).
tireoidiano em uma dose que controle os
sintomas do paciente sem causar SINAIS CLÍNICOS:
tireotoxicose. Pele fina, hipotônica, hipotricose, alopecia,
O tratamento deve ser realizado com piodermite secundária,
levotiroxina sódica na dose de 0,011 a demodicose,calcinose cutânea,
0,044mg/kg uma a duas vezes ao dia. telangiectasia, poliúria e polidipsia,
A resposta clínica do paciente irá polifagia, ofagância e taquipneia, abdome
determinar a dose utilizada. Após início da distendido, atrofia testicular e anestro
terapia o paciente deverá ser reavaliado e prolongado, sinais neurológicos e SARDS
novas dosagens de T4 e TSH devem ser (síndrome de degeneração retinal súbita
feitas. As dosagens devem ser realizadas adquirida).
de 4 a 6 horas após a administração de
levotiroxina.
Afecções cutâneas
após a aplicação intravenosa de
dexametasona, na dose de 0,01 mg/kg.

Teste de Estimulação com ACTH


O teste de estimulação com ACTH é um
método de avaliação de reserva
adrenocortical, demonstrando uma
resposta da glândula adrenal ao estimulo
provocado pelo ACTH exógeno. É
considerado padrão ouro para diagnóstico
de hiperadrenocorticismo iatrogênico e
para hiperadrenocorticismo atípico. Este é
o único método recomendado para
monitoramento da resposta à terapia para
DIAGNÓSTICO: Hiperadrenocorticismo. Para esse teste é
Se inicia na avaliação clínica e identificação colhida uma amostra de sangue antes da
de alterações em exames de rotina como aplicação do ACTH sintético. Aplica-se
hemograma, exame de urina, perfil de então 5 mg/kg por via intravenosa e é
bioquímica sérica, ultrassonografia colhida uma segunda amostra 1 hora após a
abdominal e radiografia. Em seguida são aplicação do Synacthen 0,25. Pacientes
realizados os testes hormonais para caninos com valores de cortisol acima de 21
confirmação. mg/dl são considerados positivos.

Testes hormonais Teste de Estimulação com ACTH e painel


Teste de Supressão a baixa dose de androgênico ou esteroidal
dexametasona Para realização desse diagnóstico é
A dexametasona é um glicocorticóide realizado o teste de estimulação com
sintético que não altera a avaliação das ACTH não apenas mensurando cortisol,
concentrações de cortisol sanguíneo. A mas também esses hormônios precursores
baixa dose de dexametasona gera feedback citados anteriormente, denominado de
negativo suprimindo secreção de ACTH e painel androgênico ou esteroidal.
consequentemente a secreção de cortisol
em cães hígidos. Essa supressão não Relação cortisol-creatinina urinária
acontece em cães com Este método também realiza avaliação da
hiperadrenocorticismo. O cortisol deve ser reserva adrenocortical, detectando
mensurado imediatamente antes e 8 horas
Afecções cutâneas
excreção de cortisol urinário em um de indução a dose recomendada é de 25
período de 24 horas. mg/ kg duas vezes ao dia, de 7 a 10 dias. O
paciente deve ser avaliado diariamente
Métodos de diferenciação sobre o término dessa fase. Na fase de
Existem alguns métodos que podem ser manutenção, o tratamento é realizado na
utilizados para diferenciar pacientes dose de 50 mg/kg semanalmente.
caninos com Hiperadrenocorticismo ACTH - Trilostano: dose segura do Trilostano
ou hipófise-dependente de varia de 0,25 a 3,0mg/kg uma ou duas
adrenal-dependentes. vezes ao dia.
- Selegilina: tem ação de inibição
Concentração plasmática de hormônio enzimática que influencia no aumento
adrenocorticotrófico (ACTH) secreção da dopamina, o que reduz a
Os valores de ACTH estarão aumentados secreção de ACTH.
quando a hipófise produzir hormônio - Cetoconazol: dose inicial é de 5 mg/kg
adrenocorticotrófico em excesso duas vezes ao dia, podendo aumentar a
(hipófise--dependente), e valores de dose até 10 mg/kg duas vezes ao dia.
ACTH reduzidos, quando a hipófise estiver - Adrenalectomia: tratamento de escolha
suprimida pelo excesso de Cortisol para cães com tumores adrenais
produzido por tumores adrenais. unilaterais. É uma opção para pacientes
Para mensuração de ACTH endógeno é que não apresentem metástase, invasão de
necessário que a amostra seja coletada em vasos, ou em casos de elevado risco
tubo de plástico com anticoagulante, anestésico e transcirúrgico.
submetidas à centrifugação refrigerada e o - Hipofisectomia: remoção cirúrgica da
plasma congelado e enviado ao laboratório hipófise. É um tratamento de escolha
onde será realizada a dosagem, em gelo indicado a pacientes com
seco. Hiperadrenocorticismo Hipófise
dependente.
TRATAMENTO:
O objetivo do tratamento do
Hiperadrenocorticismo,
independentemente da sua etiologia, tem,
por fim, reduzir os níveis de cortisol
sanguíneo.
- Mitotano: é realizada em duas fases: fase
de indução e fase de manutenção. Na fase
Afecções do sistema urinário
COMPOSIÇÃO ou formação local de imunocomplexos na
O sistema renal é composto pelos rins, parede dos capilares dos glomérulos.
ureteres, bexiga e uretra.
Rim: produção de eritropoetina, ETIOLOGIA:
manutenção da pressão arterial, equilíbrio Possui como etiologia a ação de
hidro-eletrolítico, ácido-base e pH. imunocomplexos nos capilares
Ureteres: transportar a urina até a bexiga. glomerulares, de forma primária e
Bexiga: armazenamento da urina. secundária.
Uretra: excreção. => É causado devido a inflamação na parte
inicial do glomérulo. Uma vez lesionado, não
se regenera.

Os cães são mais acometidos. A idade


média de apresentação da glomerulonefrite
é 7 anos nos cães e não há predisposição
GLOMERULONEFRITE
A glomerulonefrite é uma doença sexual; nos gatos é aproximadamente 4
imunomediada caracterizada pela deposição
Afecções do sistema urinário
anos de idade e 75% dos animais afetados é hemograma, bioquímica sanguínea
do sexo masculino. (hipoalbuminemia, hipercolesterolemia),
Alguns estudos indicam que os Labrador, electroforese das proteínas do soro
Golden Retriever, Schnauzer miniatura e sanguíneo.
os Dachshunds de pêlo comprido são raças Poderá ainda ser feita uma biópsia do rim
que apresentam esta patologia com relativa para avaliar o nível da lesão, contudo só
frequência. deverá ser feita se não houver qualquer
tipo de contraindicação como
Importante! trombocitopenia, coagulopatias, outras
Quando ocorre uma lesão glomerular, ela lesões renais.
se torna irreversível e todo o néfron é ↳ Diagnóstico definitivo.
perdido. Tem-se então uma fibrose e
cicatrização de nefrons danificados. TRATAMENTO:
Ao perder em torno de 66% a 75% dos Utilização de fármacos imunossupressores,
néfrons, não ocorre mais a compensação da terapia de suporte, dieta hipossódica (com
taxa de filtração glomerular, levando à pouco sal), proteína de boa qualidade porém
insuficiência renal nos pacientes. em baixa quantidade, inibidores de ECA.

SINAIS CLÍNICOS: PROGNÓSTICO:


Em casos iniciais o animal poderá apenas Bom a reservado.
apresentar-se letárgico e com ligeiras => Monitorar com relação à quantidade de
perdas de peso e massa muscular. À proteína e creatinina e dosagem de ureia e
medida que a deposição contínua, poderá creatinina.
apresentar edemas, ascite (o que causará
um aumento de peso) e atrofia muscular INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA
grave. Em casos mais graves, o animal É uma síndrome clínica que leva a um
poderá começar a beber e a urinar em quadro súbito de insuficiência
maior quantidade (poliúria-polidipsia), hemodinâmica em relação ao processo de
apresentar anorexia (não come), náuseas e filtração e excreção renal o que por sua vez
vómitos e ainda alterações respiratórias resulta no acúmulo de toxinas metabólicas
(dispneia, respiração ofegante). urêmicas. De origem súbita, com perda de
75% da função renal.
DIAGNÓSTICO: O termo Insuficiência Renal Aguda (IRA)
Sinais clínicos, análise urinária (proteinúria, refere-se a uma condição na qual os rins,
relação proteína:creatinina), do de modo temporário ou definitivo,
Afecções do sistema urinário
apresentam uma perda parcial das suas b) Anti-helmínticos: tiacetarsamida.
funções. c) Antifúngicos: anfotericina B.
As possíveis causas de IRA incluem: d) Antimicrobianos:
choque grave, hemorragia intensa, aminoglicosídeos, cefalosporinas, nafcilina,
hipotensão, desidratação, hipovolemia, polimixinas, sulfonamidas, tetraciclinas.
anestesia profunda, traumatismo, 2. Anestésicos: metoxiflurano.
coagulação intravascular disseminada 3. Agentes quimioterápicos: cisplatina,
(CID), trombose ou formação de doxorrubicina, metotrexato.
microtrombos em vaso sanguíneo renal, 4. Metais pesados: cádmio, cromo, chumbo,
reações transfusionais, pancreatite, sepse, mercúrio.
hipertermia, hipotermia, queimaduras e 5. Agentes diversos: veneno de cobra,
exposição a nefrotoxinas. hipercalcemia.
IRA pré-renal 6. Compostos orgânicos: tetracloreto de
Se dá quando há diminuição da taxa de carbono, clorofórmio, etileno glicol,
filtração glomerular por déficit herbicidas, pesticidas, solventes.
hemodinâmico em rins que podem estar 7. Pigmentos: hemoglobina, mioglobina.
funcional e morfologicamente normais. 8. Agentes de contraste radiográfico.
Causas: desidratação, insuficiência
cardíaca congestiva, hipovolemia etc. Fases da IRA
IRA renal intrínseca I. Indução: inicia quando o agente agressor
É decorrente de lesão do parênquima renal, isquêmico ou tóxico desencadeia os
com alterações morfológicas e funcionais processos que resultarão em lesão renal
renais. aguda e compreende o período em que o
IRA pós-renal organismo está sujeito ao fator agressivo.
Secundária à obstrução do trato urinário e II. Manutenção: as lesões do parênquima
retenção urinária, com rins normais em renal já estão estabelecidas e a taxa de
morfologia e função, como em obstrução ou filtração glomerular se mantém reduzida,
ruptura de ureteres, bexiga ou uretra. resultando em azotemia e uremia. Ocorrem
necrose e apoptose do endotélio e epitélio
Causas: tubular, mas também recuperação celular.
1. Agentes terapêuticos: III. Remissão: remissão dos sinais, óbito ou
a) Analgésicos: ibuprofeno, evolução para doença renal crônica.
naproxeno, fenilbutazona, piroxicam e
outros agentes antiinflamatórios Fatores de risco: doença renal prévia (rim
não-esteróides. policístico, urolitíase), diminuição do débito
Afecções do sistema urinário
cardíaco, doença hepática, sepse, CID, - Bicarbonato: deve ser reservada para
febre, anormalidades eletrolíticas. animais com pH sanguíneo menor ou igual a
7,15;
SINAIS CLÍNICOS: - Diálise peritoneal: procedimento
Letargia, depressão, anorexia, vômitos, aparentemente simples, no qual o dialisado
diarréia, desidratação, hálito urêmico, é instilado na cavidade abdominal e, por
úlceras bucais. meio do transporte convectivo e difusivo,
os catabólitos urêmicos e o excesso de
DIAGNÓSTICO: fluido são transferidos do plasma para
Associação dos sinais clínicos e achados equilibrar com o dialisado através da
clinicopatológicos. barreira limitante da serosa peritoneal;
Achados clinicopatológicos: renomegalia, - Terapias dialíticas.
hemoconcentração, azotemia, hipercalemia,
acidose metabólica, isostenúria, sedimento PROGNÓSTICO:
urinário ativo, necrose tubular. Reservado a bom, com gravidade pela
azotemia e necrose tubular.

DOENÇA RENAL CRÔNICA


É a afecção renal mais comum dos cães e
gatos, caracterizada por deficiência nas
funções dos rins, que ocorre devido a uma
lesão renal existente por pelo menos 3
meses, com ou sem diminuição da taxa de
filtração glomerular.
Com a redução da taxa de filtração
glomerular em mais de 50%, acompanhada
TRATAMENTO: de mecanismos compensatórios, a fim de
- Fluidoterapia (restabelecer volemia e preservar a função renal.
correção do distúrbio hídrico); Enquanto os néfrons remanescentes
- Diuréticos (furosemida ou manito); conseguem compensar a perda de outros,
- Correção da hipercalemia (glicose ou as funções renais são preservadas. Com o
insulina); tempo, ocorre sobrecarga funcional desses
- Dieta restrita em proteína; néfrons, que também irão sofrer lesões e
serão perdidos, em um “efeito cascata”.
Afecções do sistema urinário
Em cães e gatos, a causa da DRC é Classificação da Sociedade Internacional de
desconhecida, podendo ser multifatorial. É Interesse Renal (IRIS).
causada por um processo normal de
envelhecimento, devido ao declínio do
funcionamento renal com o tempo. Também
ocorre após longos períodos de insultos
renais decorrentes de doença periodontal,
hipertensão arterial, diabetes e outras
endocrinopatias, infecções, hematozoários,
filariose etc.

SINAIS CLÍNICOS: • Estágio I: não-azotêmico. Geralmente


Aumento da sede e produção de urina, não são observados sinais clínicos, mas
apetite reduzido, perda de peso, mau hálito, devem existir outros indícios de doença
vômito, diarreia, lesões na boca, fraqueza, renal como perda da capacidade de
falta de energia, intolerância a exercícios e concentração urinária, proteinúria
aumento do sono. persistente e alterações perceptíveis em
=> Os gatos apresentam constipação, exames de imagem ou biópsia renal.
devido a retenção de líquido. Creatinina: cães < 1,4 mg/dL, gatos < 1,6
ma/dL;
DIAGNÓSTICO: • Estágio II: animal apresenta azotemia
- Hemograma; renal discreta. Os sinais clínicos podem
- Bioquímica sérica; estar presentes ou não. Pode haver
- Urinálise; proteinúria e/ou hipertensão arterial
- Ultrassom abdominal; sistêmica. Creatinina: cães entre 1,4 e 2,0
- UPC; mg/dL, gatos entre 1,6 e 2,8 mg/dL;
- Eletrólitos (K, Ca, P); • Estágio III: animal apresenta azotemia
- Pressão arterial. renal moderada devido ao declínio da taxa
de filtração glomerular e sinais de uremia.
Creatinina: cães entre 2,1 e 5,0 mg/dL,
gatos entre 2,8 e 5,0 mg/dL;
• Estágio IV: animal apresenta azotemia
renal severa. Sinais clínicos referentes ao
quadro de síndrome urêmica. Creatinina:
cães e gatos > 5,0 mg/dL.
Afecções do sistema urinário
TRATAMENTO: adequada, para evitar desnutrição
Por tratar-se de uma enfermidade proteico-calórica. Monitorar: perda de
progressiva e irreversível, o trat da DRC peso, hipoalbuminemia, baixa qualidade da
em cães e gatos têm com objetivos cobertura de pelos e definhamento
principais: muscular.
1. Reduzir a morbidade, controlando sinais • A terapia dietética para pacientes nos
clínicos do trato gastrointestinal e os estágios 3 e 4 da IRIS não é controversa;
devido a desidratação, anemia, hipocalemia, para a prevenção de complicações
hipocalcemia e acidose metabólica. urêmicas, é necessária a restrição tanto de
2. Controlar fatores relacionados à proteína quanto de fósforo. Os benefícios
progressão da doença que, por serem da restrição de proteína estão
consequência dela, geram proteinúria, relacionados com efeitos não renais (as
anemia, hiperfosfatemia e hipertensão toxinas afetam outros órgãos além dos
arterial sistêmica. rins).
Tratamento não específico: • Oferecer proteína de alto valor biológico.
• Otimizar hidratação: rações enlatadas, :
úmidas Hiperfosfatemia:
• Estímulo de ingestão de água: fontes, gelo • Ligantes intestinais de fosfato constituem
na água, líquidos aromatizados, água de uma opção.
coco • Administrados até 2h após uma refeição
• Hidratação IV/SC – melhora fluxo porque atuam ligando o fósforo no lúmen
sanguíneo renal, aumenta perfusão e TGF do TGI, prevenindo a absorção do fósforo e
• Acidose metabólica – se não houver facilitando sua excreção nas fezes.
melhora com fluido, bicarbonato de Na+ • Hidróxido de alumínio, carbonato de
(160 a 320 mg/VO/TID) (monitorar) alumínio e carbonato de cálcio (90
• Hipertensão - se PA sistólica maior que mg/kg/dia, divididos e administrados com
160 mmHg, deverá ser tratada, para as refeições)
reduzir o risco em órgãos-alvo (SNC,
retina, coração). bloqueador de canais de Anemia:
cálcio – (anlodipino) ou IECA - PA • “Anemia da doença crônica”
avaliada após 3 a 5 dias. (provavelmente associada ao sequestro de
ferro).
Nutrição e proteína da dieta: • Anemia decorrente de desnutrição
• DRC de branda a moderada (IRIS proteica.
estágios 1 e 2) – manter ingestão calórica • Perda de sangue.
Afecções do sistema urinário
• Deficiência de eritropoetina. - Enterococcus.
• Tratamento: - Enterobacter.
Eritropoetina 100 UI/Kg/SC. - Proteus.
Gluconato ferroso a 50 a 100 mg/ - Klebsiella.
animal/VO - Pseudomonas.
- Infecções mistas: 20-30%.
Hipocalemia:
• Inapetência, definhamento muscular e A bactéria entra em contato com a pele da
poliúria. região anal, se espalhando pelo local.
• Corrigir acidose: Então, o microrganismo atravessa a uretra
Cloreto de potássio IV (se tiver e chega até a bexiga, onde se aloja e
hemogasometria). começa a colonizar.
Gluconato de potássio 2 a 4 mEq Além da contaminação bacteriana, alguns
VO/BID fatores levam à predisposição da cistite.
Cachorro com diabetes possui alto nível de
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO glicose no sangue, o que facilita a
Inferior: cistite / uretrite; colonização das bactérias. Alguns
Superior: pielonefrite. medicamentos podem enfraquecer o
sistema imunológico do cão. Além disso,
Cistite tumores na bexiga, cálculos e quimioterapia
Inflamação da bexiga ou vesícula urinária. também reduzem a imunidade canina,
É uma doença frequente em cães, facilitando a contaminação.
geralmente causada por bactérias, mas
podendo também acontecer pela presença SINAIS CLÍNICOS:
de fungos e vírus no organismo do animal. - Hematúria.
Na maior parte das vezes, acomete o trato - Disúria.
urinário inferior (bexiga e uretra), podendo, - Polaciúria.
às vezes, ascender para o trato superior, - Urina com odor pútrido.
acometendo o ureter e o rim (quadro de - Raramente febre e dor renal.
pielonefrite).
Os agentes etiológicos comumente DIAGNÓSTICO:
associados infecção do trato urinário são - Urinálise;
- Escherichia coli. - Cultura + antibiograma.
- Staphylococcus.
- Streptococcus. TRATAMENTO:
Afecções do sistema urinário
- Antibioticoterapia por estruvita. Os gatos que vivem dentro
- Estabelecer fluxo e normalizar de casa apresentam maior predisposição
- Acidificação da urina para a doença do que aqueles que vivem
- Antissépticos urinários soltos fora de casa. Aproximadamente 30 a
70% dos gatos acometidos por um episódio
UROLITÍASE de inflamação do trato urinário inferior
A urolitíase canina e felina constitui-se em apresentarão recidivas.
uma das principais causas de formação de
cálculos urinários, que podem ocorrer Urólitos de estruvita e
desde a pelve renal até a uretra. oxalato de cálcio:
O cão tem uma grande incidência de Conhecidos como de maior ocorrência nos
cálculos na bexiga. Aproximadamente 13% animais domésticos, os urólitos de
das causas de afecções do trato urinário estruvita são formados por magnésio,
em felinos e 18% em cães são amônia e fosfato.
representadas pela urolitíase. A infecção do trato urinário com bactérias
Em cães a obstrução uretral ocorre produtoras de urease se constitui na causa
frequentemente em machos e raramente mais importante de cálculos de estruvita
em fêmeas, sendo observada com uma em cães. Em gatos normalmente ocorre
maior frequência em cães entre seis e onze sem infecção do trato urinário.
anos de idade. As principais raças Raças predispostas a urolitíase por
acometidas são o Schnauzer miniatura, estruvita: sem raça definida, schnauzer
Lhasa apso, Yorkshire terrier, Bichon frise, miniatura, shih tzu, bichon frise.
Shitzu e Poodle. Os urólitos mais Já os fatores que contribuem para a
encontrados em cães são os de fosfato formação de urólitos por oxalato de cálcio
amoníaco magnesiano (estruvita) e oxalato incluem a hipercalcemia, o uso e
de cálcio. administração de substâncias calciuréticas,
Nos felinos a incidência de urolitíase entre como furosemida e glicocorticóides. Além
os sexos parece ser igual, enquanto que as disso, a ocorrência de
suas manifestações clínicas divergem, pois, hiperadrenocorticismo pode ser um fator
a obstrução uretral é comum no macho e a predisponente. Dieta com baixo índice de
cistite e a uretrite na fêmea. É entre os sódio, alta umidade e alta concentração
sete e nove anos de idade que os gatos proteica, aumentam o risco de formação de
apresentam maior risco de desenvolver oxalato de cálcio.
cálculos de oxalato de cálcio. Gatos mais Em cães tem o estímulo da testosterona no
jovens apresentam mais casos de cálculos fígado para produzir mais oxalato. Em
Afecções do sistema urinário
fêmeas tem o citrato que concorre com o
oxalato, por isso há menor ocorrência nas
fêmeas. Urólitos de cistina e silicato:
Raças predispostas a urolitíase por oxalato São raros em cães e gatos. A urina ácida
de cálcio: reduz a solubilidade de cristais de cistina,
Cães: schnauzer miniatura, lhasa aumentando o risco de formação de
apso, yorkshire terrier, bichon frise, shih cálculos. Os machos são mais susceptíveis
tzu e poodle miniatura. para este tipo de cálculo que as fêmeas,
Gatos: persas. podendo ocorrer também, por alterações
=> Se não controlar a infecção bacteriana, genéticas de transporte tubular renal
não controla a urolitíase. Se não controlar
Os urólitos de sílica são raramente
a urolitíase, não controla a infecção
detectados em cães e gatos. Podem
bacteriana.
apresentar um formato de pedra e são
relacionados ao aumento no aporte de
Urólitos de urato de
silicatos, ácido silícico ou silicato de
amônio:
magnésio na dieta. Os cães machos
Urólitos de urato de amônio formam-se
pastores alemães apresentam um maior
quando há maior quantidade de ácido úrico
risco de formar cálculos urinários de
na urina, em urina ácida, e quando há
silicato.
prejuízo da capacidade de converter ácido
úrico em alantoína, o produto final do
SINAIS CLÍNICOS:
metabolismo de purina mais solúvel, ou
=> Dependem da localização do urólito,
ainda por maior absorção de ácido úrico
evolução do quadro e presença de ITU.
pelos rins.
• Rim: pode ficar sem sinais, dor abdominal,
São mais frequentes em cães machos da
hematúria, sinais de ITU (polaciúria,
raça dálmata, devido a deficiências no
estrangúria, hematúria) e se for nos 2 rins
transporte hepático de ácido úrico,
pode ser observado sinais de insuficiência
buldogue inglês, schnauzer miniatura, shih
renal.
tzu, yorkshire.
• Ureteres: muita dor abdominal por
A insuficiência hepática pode resultar numa
obstrução aguda, sinais de azotemia pós
excreção renal aumentada de uratos de
renal (ruptura ou obstrução bilateral). No
amônia, podendo formar cálculos de urato
us pelve e ureter dilatados, causando
ácido de amônia.
hidronefrose. Se obstruir, o outro rim
Pode ser causada por infecções no trato
assume a função.
urinário com bactérias produtoras de
urease que predispõe a litíase.
Afecções do sistema urinário
• Bexiga: podem ser sem sinais ou urólito e a sua localização, por métodos
intermites, disúria, polaciúria, hematúria. clínicos, terapêuticos e cirúrgicos.
Pode estar repleta e a manipulação pode Basicamente inclui avaliar e desfazer
romper. Quadro de urgência! qualquer obstrução uretral e vesical
• Uretra: sinais de obstrução e azotemia quando necessário, e para isso, pode-se
pós renal, disúria, polaciúria, hematúria se fazer a passagem de um cateter de
não houver obstrução. Vômito, inapetência, pequeno calibre, deslocamento do cálculo
apatia, desidratação. por retro hidropropulsão ou cistocentese.
O esvaziamento por urohidropropulsão
Importante! pode remover pequenos cistólitos em cães
Em casos de cálculos maiores, a bexiga machos e em fêmeas, sendo necessário o
urinária ou a uretra podem romper animal estar sob anestesia geral. Em casos
resultando em uma efusão abdominal ou mais raros, a uretrotomia de emergência se
acúmulo de líquido subcutâneo perineal e faz necessária. Se houver azotemia
azotemia pós-renal. pós-renal, deve-se instituir fluidoterapia
para restauração do equilíbrio hídrico e

DIAGNÓSTICO: eletrolítico.
Achados Laboratoriais:
• Sedimento inflamatório – piúria, DOENÇA DO TRATO INFERIOR DE FELINOS
hematúria, proteinúria, bacteriuria. É um termo utilizado para descrever
• Ph da urina – estruvita (alcalino – qualquer desordem que possa acometer a
ITU); cistina (ácido). Oxalato variável. uretra e a vesícula urinária dos gatos.
• Cultura: Colheita por Esse tipo de distúrbio é mais frequente em
cistocentese. Staphylococcus e Proteus – gatos machos de 1 a 10 anos de idade.
estruvita. Negativa nos gatos. ITU Em grande parte, a DTUIF acomete gatos
secundária em cães. machos, obesos, castrados, sedentários,
Achados radiográficos: alimentados com ração seca e que bebem
• Do mais radiopaco para o mais pouca água. Normalmente esses gatos
radioluscente: convivem com outros animais e podem ou
fosfato de cálcio -> oxalato de cálcio -> não ter acesso a rua. Gatos confinados,
silicato -> estruvita -> cistina -> urato. obesos, que trocaram de ambiente
recentemente, ou que receberam outro
TRATAMENTO: animal em seu ambiente, são animais
=> O tratamento para urolitíase canina e predispostos a desenvolver.
felina varia conforme a composição do
Afecções do sistema urinário
SINAIS CLÍNICOS: Antibioticoterapia pode ser
Disúria, hematúria, polaciúria, periúria, necessária em casos de sondagem uretral
iscúria, mudanças de comportamento, persistente e manutenção de fluidoterapia.
distensão vesical, desidratação, apatia, Seguir indicação de cultura e antibiograma.
hálito urêmico, anorexia. - Reduzir estresse -> reduzir medo,
agressividade, garantindo bem estar físico
DIAGNÓSTICO: e psicológico.
- Histórico; - Proporcionar enriquecimento ambiental.
- Sinais clínicos;
- Urinálise;
- Cultura e antibiograma (cistocentese);
- Exame de imagem (raio x e ultrassom).

TRATAMENTO:
Nos casos onde há desobstrução, o
tratamento é considerado emergência,
portanto deve-se checar os parâmetros
cardiorrespiratórios e temperatura.
Instituir oxigenoterapia e aquecer o animal
se necessário.
Iniciar fluidos endovenosos para corrigir
desidratação, volemia e azotemia
pós-renal.
Terapia medicamentosa: controle da
inflamação, da dor e da contaminação
bacteriana secundária são os alvos da
terapia medicamentosa.
Pode ser utilizada dexametasona
(0,1 mg/kg, SID).
Analgésicos como dipirona
(25mg/kg, TID) e tramadol (1-3 mg/kg,
TID), e relaxante muscular como o
diazepam (0,1-0,5 mg/kg) são boas
opções.
Afecções oculares
ANATOMIA autotraumatismo, xampus, irritação
O sistema visual é composto por bulbo mecânica, anormalidades nos cílios, na
ocular, pálpebras, terceira pálpebra e estrutura e função palpebral e
conjuntiva. O bulbo ocular é composto por ceratoconjuntivite seca. Já as complicadas
3 camadas: a túnica externa ou fibrosa, que cicatrizam lentamente, e são chamadas
compreende esclera e córnea; a túnica também de persistentes ou indolentes,
média, que abrange a úvea (coróide, corpo tendendo a recidivar.
ciliar e íris); e a túnica interna onde estão As úlceras corneais superficiais não
localizadas a retina com disco do nervo complicadas geralmente ocorrem
óptico e nervo óptico. secundárias a um trauma menor,
autotraumatismo, xampus, irritação
mecânica, anormalidades nos cílios, na
estrutura e função palpebral e
ceratoconjuntivite seca. Já as complicadas
cicatrizam lentamente, e são chamadas
também de persistentes ou indolentes,
tendendo a recidivar.
Raças braquicefálicas são mais
predispostas a ulcerações corneais pela
LESÕES ULCERATIVAS CORNEANAS maior exposição ocular, pela presença de
A ulceração corneal consiste na perda de pregas cutâneas nasais, e pela lagoftalmia.
uma ou mais camadas da córnea. É uma das Estas características tornam os olhos mais
doenças oculares mais comuns no cão. expostos a traumas acidentais.
Podem ter diversas origens como traumas,
corpos estranhos, distiquíase, distúrbios Importante!
dos cílios (distiquíase e cílios ectópicos), Uma lesão superficial tratada, dificilmente
ceratoconjuntivite seca, tumores na rima evoluirá de maneira negativa, todavia, uma
palpebral, substâncias cáusticas/irritantes. lesão profunda, mesmo com tratamento,
pode evoluir para descentocele com
Classificação progressão para perfuração.

SINAIS CLÍNICOS:
As úlceras corneais superficiais não Clinicamente o animal pode apresentar dor,
complicadas geralmente ocorrem sinalizado pelo blefaroespasmo, epífora,
secundárias a um trauma menor, secreção ocular purulenta e fotofobia.
Afecções oculares
Pode ocorrer hiperemia conjuntival, uveíte Outra opção é o rosa bengala, que também
reflexa, miose e por fim neovascularização é hidrossolúvel, porém, liga-se às células
corneal. epiteliais desprovidas de proteínas corando
A dor é mais acentuada nas úlceras tecidos necróticos ou células epiteliais em
superficiais, pois nesta parte da córnea as degeneração.
terminações nociceptivas são mais
numerosas. TRATAMENTO:
Pode ser dividido em três etapas conforme
a necessidade e evolução. A primeira etapa
consiste na determinação da etiologia e
consequente correção ou eliminação,
inclusive de infecção bacteriana. A segunda
etapa consiste na prevenção de sua
progressão, através de inibidores de
proteases, e a terceira consiste em
promover condições ótimas para a sua
cicatrização, seja através de medicamentos
ou procedimentos cirúrgicos como a
realização de flaps de terceira pálpebra,
conjuntivais, transposição córneo-escleral,
aplicação de membranas biológicas ou de
adesivos cirúrgicos e suturas. É necessário
também promover analgesia corneal, pois a
DIAGNÓSTICO: superfície desta estrutura é rica em
Algumas vezes a úlcera de córnea é terminações nociceptivas.
facilmente identificada, porém, em outras 1. Antibióticos - O ideal é fazer cultura
situações precisaremos de recursos como com antibiograma para direcionar o
a luz azul cobalto associada ao uso de tratamento, foi descrito que as principais
corantes como a fluoresceína, que é um bactérias isoladas nas córneas de cães com
corante hidrossolúvel com apresentação ceratite ulcerativa são Clostridium,
comercial sob a forma de colírio ou de fitas Peptostreptococcus, Actinomyces,
de papel impregnadas pelo corante que se Fusobacterium e Bacteroides. Diante
dissolve na porção aquosa da lágrima, este dessa gama de possibilidades, indica-se no
tende a impregnar lesões com exposição do período inicial o uso de antibióticos de
estroma corneal. amplo espectro como tobramicina,
Afecções oculares
ciprofloxacina, devendo ser instilados de A terapia cirúrgica consiste basicamente
três a seis vezes ao dia. O uso dessa em recobrir a úlcera, fornecendo boa
classe farmacológica por via oral fica proteção mecânica, subsídios tróficos e
indicado quando estiver associado a elementos de defesa para a córnea
quadros de infecção grave das pálpebras, injuriada. Inúmeras são as técnicas
conjuntiva, órbitas e ductos nasolacrimais. utilizadas, entre elas os flaps conjuntivais,
2. Midriáticos - Agem provocando inibição os flaps de terceira pálpebra,
da ação parassimpática de contração da transposições córneo-esclerais, aplicação
musculatura da íris que é estimulada pela de membranas biológicas, suturas e
via parassimpatolítica ou através do aplicação de adesivos cirúrgicos.
estímulo da contração do músculo dilatador
da pupila. O representante dessa classe CONJUNTIVITE
mais utilizado é a tropicamida. É a inflamação inespecífica da conjuntiva
3. Cicloplégicos - Agem na musculatura bulbar e/ou palpebral e pode ser
ciliar reduzindo a dor provocada pela uveíte desencadeada por vários agentes.
que pode se instalar em função da úlcera de Pode ser classificada de diversas formas
córnea. A indicação dessa classe é a pautadas no tempo de evolução, tipo de
atropina que tem ação lenta e seu efeito secreção, aparência e etiologia. Nesse
pode perdurar por até 120 horas, podendo sentido, pode-se afirmar que há
provocar sialorréia e vômitos. conjuntivites agudas, subagudas e crônicas.
Inibidores da metaloproteinase - são Com relação ao tipo de secreção,
indicados em quadros de ceratomalácea, observa-se mucosidade ou catarral,
pois tem o intuito de impedir a evolução da purulenta, mucopurulento, hemorrágica,
úlcera, acelera o reparo tecidual e cicatriz folicular, membranosa, pseudomembranosa.
corneana. Nesse sentido, um estudo No quesito etiologia, tem-se pela ação de
recente reafirma a indicação do uso de bactérias, fungos, vírus, parasitas,
inibidores de proteinases no tratamento de alérgicas, tóxicas ou químicas, pela
cães com ceratite associada a presença de corpos estranhos e por
Pseudomonas aeruginosa. Com relação à deficiência do filme lacrimal.
aplicação tópica de soro heterólogo não A maneira mais útil de classificar a
diluído, estudos revelam que é uma conjuntivite é tendo em conta a etiologia.
alternativa bem tolerada por cães com Existem múltiplas causas possíveis de
defeitos corneanos superficiais, todavia, inflamação conjuntival e podem-se dividir
não houve redução do tempo de em primárias (incluindo infecções, alergias
reepitelização corneana. e ambientais) e secundárias (incluindo
Afecções oculares
uveíte, patologia de anexos, traumatismos,
corpos estranhos, patologias SINAIS CLÍNICOS:
imunomediadas e neoplasias). Em cães, a Olhos vermelhos, dor na região ocular,
conjuntivite é normalmente secundária, em inchaço, lacrimejamento ou secreção,
consequência de alterações nos anexos ou dificuldade em abrir os olhos, coceira e
em consequência de queratoconjuntivite fotofobia.
seca. Por outro lado, nos gatos, o mais
frequente são as doenças infecciosas
primárias.

CONJUNTIVITE EM CÃES
Em cães, as conjuntivites são normalmente
secundárias. Geralmente não há uma
doença primária conjuntiva que determine o
processo.
Causas:
1. Substâncias químicas irritantes: contato
com produtos de limpezas e conservantes
de alguns colírios.
2. Reações de hipersensibilidade do tipo I,
II, III e IV: frequentemente ocorre após a
entrada de antígenos para o interior do
saco conjuntival. A resposta é
desencadeada por vários tipos de
antígenos como pólen, poeira, picadas por
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico é feito por meio de exame
insetos, toxinas bacterianas, e pode
físico e observação da conjuntiva, que é o
ocorrer em todas as espécies.
tecido dos olhos.
3. Irritação mecânica: anormalidades
Alguns testes podem ser feitos para ajudar
palpebrais, déficit lacrimal, estado imune,
no diagnóstico, como o exame de lágrima,
fatores irritantes e dermatopatias.
contraste no olho, fundoscopia,
Dentre as conjuntivites de causas
biomicroscopia ocular etc. Tudo dependerá
primárias as bacterianas (Staphylococcus
do caso específico de cada animal.
sp. e Streptococcus sp.) e viral, causada
pelo vírus da cinomose, são as mais
comuns. TRATAMENTO:
Afecções oculares
O tratamento se deve, principalmente, ao tarsais em casos crônicos,
que deve ter causado a conjuntivite. antibioticoterapia sistêmica em casos
Medicamentos como colírios (com graves ou crônicos ou se a conjuntivite for
antibióticos ou sem) e pomadas são secundária a piodermite ou seborréia.
recomendados para esses casos. Recomenda-se colar elizabetano para
Substâncias químicas irritantes: limpeza prevenção da automutilação.
exaustiva do olho com NaCl 0,9%, colírios
de antiinflamatórios esteroidais por 7 a 10 CONJUNTIVITE EM GATOS
dias e antibiótico (colírio ou pomada) em Geralmente é desencadeada por causas
casos de infecção bacteriana secundária. primárias (vírus ou bactérias). Os agentes
Reações de hipersensibilidade do tipo I, II, causadores do complexo respiratório
III e IV: consiste na administração de superior felino (herpes vírus, clamídia e
corticosteróides tópicos e sistêmicos, micoplasma) são frequentemente
anti-histamínicos tópicos, antibióticos para associados à conjuntivite felina.
infecção bacteriana secundária, tratamento Causas:
dos sinais clínicos e evitar um novo contato 1. Chlamydia psittaci: causa conjuntivite
com os alérgenos. São frequentemente significativa em gatos, e há um potencial
associados a atopia, pênfigo foliáceo ou zoonótico. Esta doença inicialmente
eritematoso e outras dermatopatias unilateral pode atingir o olho contralateral
alérgicas. Em longo prazo pode-se utilizar em até sete dias, a quemose é marcante e
colírio de ciclosporina de 0,2 a 1%. pode estar associada à rinite.
Irritação mecânica: correção da causa 2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1): causa
determinante e administração de colírio de mais comum de conjuntivite em gatos. O
glicocorticóide. dano ao tecido ocorre devido à lise celular
Para o tratamento das conjuntivites quando o vírus deixa a célula.
bacterianas recomenda-se antibióticos de 3. Mycoplasma felis: é uma bactéria da
amplo espectro, bacitracina, neomicina e microbiota conjuntival dos gatos e pode
polimixina B (para as bactérias ocorrer de forma oportunista ou
Gram-positivas), e cloranfenicol, secundária a outras conjuntivites.
gentamicina e tobramicina (para as
bactérias Gram-negativas), deve-se SINAIS CLÍNICOS:
também remover as crostas e exsudatos 1. Chlamydia psittaci: Os principais sinais
com algodão úmido embebido em solução oculares dessa doença são conjuntiva
salina ou com materiais comerciais para a rosa-acinzentada, epífora purulenta,
limpeza do olho, extravasar as glândulas
Afecções oculares
hiperplasia conjuntival e formação dos
folículos linfóides.
2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1): A
manifestação clínica depende da idade do
animal e de sua competência imunológica,
sendo mais grave em filhotes que sofrem
uma infecção primária. Em filhotes a
replicação viral é intensa e pode
determinar o desenvolvimento da oftalmia DIAGNÓSTICO:
neonatal (a Clamídia também pode estar 1. Chlamydia psittaci: é formulado pelos
presente). Nos gatos jovens a infecção sinais clínicos, histórico do animal, cultura e
manifesta-se geralmente de forma teste de PCR, raspado de células epiteliais
bilateral, sendo comum a infecção e a demonstração de corpos elementares
concomitante do trato respiratório intracitoplasmáticos.
superior, com sinais de espirros e secreção 2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1):
serosa nasal. Também é possível o isolamento do antígeno viral, pela
desenvolvimento de úlceras dendríticas, fluorescência indireta e pelo teste de
que são observadas com colírio de rosa PCR.
bengala. Nos casos mais crônicos, a 3. Mycoplasma felis: cultura bacteriana.
conjuntivite pode desenvolver simbléfaro.
Em animais adultos ocorre mais TRATAMENTO:
comumente a manifestação unilateral da 1. Chlamydia psittaci: cloranfenicol e
doença não sendo obrigatória a presença tetraciclina (colírio ou pomada a cada 8h
concomitante de sinais de replicação viral por 21 a 30 dias). Em casos severos ou
no trato respiratório superior. para eliminar o estado de portador,
3. Mycoplasma felis: A cronicidade resulta deve-se associar a doxiciclina na dose de 5
em espessamento da conjuntiva e formação mg/Kg a cada 12 h por 30 dias.
de pseudomembrana. 2. Herpes vírus felino 1 (HVF-1):
administração de pomadas de antivirais
como idoxuridina, trifluridina ou aciclovir (a
cada 12h por 21 dias) e tratamento
convencional para úlcera de córnea (de
preferência para antibióticos a base de
cloranfenicol ou tetraciclina). Estudos
demonstram bons resultados com
Afecções oculares
interferon alfa 10.000 UI/mL, a cada 8h SINAIS CLÍNICOS:
tópico e L-lisina, 230 a 500 mg, por via Presença de secreção mucóide ou
oral, a cada 12h por 30 dias. purulenta, vascularização e pigmentação
3. Mycoplasma felis: pode ser feito com corneana, ulceração crônica, eritema
pomadas ou colírios de tetraciclina, conjuntiva, narina ipsilateral seca,
cloranfenicol ou gentamicina a cada 6h por blefaroespasmo por causa da dor,
21 a 30 dias. hiperplasia do epitélio da córnea.

CERATOCONJUNTIVITE SECA (CCS)


É uma afecção oftálmica frequente,
resultante da deficiência de um ou mais
elementos do filme lacrimal, por isso
também é conhecida como doença do olho
seco.

A causa mais comum é a imunomediada,


representando cerca de 80% de todos os
casos. Seguem as causas iatrogênicas por
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico é baseado no histórico e
remoção da glândula da terceira pálpebra
sinais clínicos e pela realização do exame
ou aplicações de medicamentos que podem
oftalmológico completo incluindo Teste
causar toxicidade ao tecido glandular
Lacrimal de Shirmer (TLS).
(sulfas por longos períodos), aplasia,
Considera-se como valores normais 15 a
hipoplasia ou atrofia da glândula, doenças
25 mm, suspeitos 15 a 10 mm e menores de
sistêmicas como cinomose e causas
10 mm confirma-se o diagnóstico.
neurogênicas como lesões nas vias
aferentes para o estímulo à produção de
lágrima. As raças Pinscher, Lhasa apso, TRATAMENTO:
Shih tzu, Bulldog inglês, Cocker, entre Inicialmente recomenda-se tratar a causa

outras, são mais predispostas. gênica quando esta for identificada.


Atualmente os medicamentos mais usados
Afecções oculares
para o tratamento desta afecção são a tobramicina ou ciprofloxacina promovem
ciclosporina (imunomodulador e bons resultados. Substitutos da lágrima
lacrimomimético), antiinflamatórios (demulcentes oftálmicos) podem ser usados
esteroidais, antibióticos e substitutos da até a ciclosporina promover incremento na
lágrima. Todos estes medicamentos são produção lacrimal, o que pode levar até 30
usados topicamente. Técnicas cirúrgicas dias. Seu uso isolado não estimula a
como transposição do ducto parotídeo produção lacrimal e exige administração
podem ser executadas em casos onde o muito frequente (a cada 2 horas). O
paciente não responde à terapia Lácrima plus® , quando associado à
convencional. A técnica está associada a acetilcisteína (Fluimucil® ampola 20%), na
complicações a longo prazo como blefarite, proporção 3:1 respectivamente, além de
desconforto, deposição de sais de cálcio na inibir a colagenase produzida por algumas
córnea e alteração da microbiota. cepas de bactérias, auxilia na dissolução da
A ciclosporina (pomada ou colírio) de 1 a secreção purulenta, o que, na CCS
2% deve ser prescrita de 2 a 3 vezes por costuma ser bastante espessa.
dia. Dependendo da severidade do caso, Demulcentes como o Refresh gel® - FH,
esta frequência pode ser reduzida para aderem melhor à superfície ocular e pode
doses de manutenção em até uma vez a ser usado a cada 8h.
cada 24 horas. Esta redução é baseada em
consultas periódicas e avaliação da UVEÍTE
produção lacrimal. Este fármaco, por ser A úvea, também chamada de túnica
imunomodulador, tem seu uso garantido nas vascular, é uma estrutura formada por
CCS, pois a grande maioria é de causas fibras elásticas, tecido conectivo com
imunomediadas. Além desta função, o células de pigmento, um plexo nervoso e
medicamento tem ação lacrimomimética. uma rede de vasos sanguíneos; fazem parte
Colírios com glicocorticóides, na ausência dela a coróide, corpo ciliar e a íris.
de úlceras de córnea, pode ser usado em Uveíte refere-se à inflamação da úvea,
associação com a ciclosporina baseado na sendo denominada uveíte anterior ou
sua função imunossupressora. Não deve iridociclite a inflamação da íris e corpo
ser usado como terapia de manutenção, ciliar. Uveíte posterior ou coroidite é a
pois sua absorção pode causar efeitos inflamação da coróide. Panuveíte denota
colaterais importante. Colírios de inflamação de íris, corpo ciliar e coróide.
antibióticos, em caso de infecção como As causas podem ser exógenas (traumas e
úlceras de córnea, devem ser prescritos a úlceras de córnea) ou endógenas
cada 6 horas até a cicatrização da lesão. A
Afecções oculares
(infecciosas, neoplásicas, metabólicas e somente com equipamento adequado
auto-imunes). podem ser visualizados como o flare
↳Toxoplasmose, leishmaniose, leucemia (partículas proteicas em suspensão no
viral felina (FeLV), imunodeficiência viral vítreo), coágulos de fibrina e turbidez do
felina (FIV), peritonite infecciosa felina aquoso precipitados ceráticos (células
(PIF), hepatite infecciosa canina, inflamatórias em suspensão).
criptococose, histoplasmose, A pressão intraocular abaixo de 10 mmHg
coccidioidomicose, blastomicose, ou diferença de pressão entre os olhos
prototecose, erliquiose, febre maculosa, igual ou maior que 5 mmHg são indicativos
hemobartonelose e a brucelose. de uveíte. Este fato está relacionado a
A uveíte inicia-se com destruição tecidual diminuição da produção e aumento na
secundária à ruptura da barreira drenagem do humor aquoso.
hematoaquosa. Após isto, ocorre um
aumento da permeabilidade vascular,
mediado por histamina, serotonina,
prostaglandinas e leucotrienos, resultando
no extravasamento de fluidos, proteínas
plasmáticas e células. Logo ocorre
infiltração celular, congestão iridiana,
turbidez de humor aquoso, hipópio,
precipitados ceráticos e edema corneal.

SINAIS CLÍNICOS:
Como manifestações clínicas da uveíte
Possíveis sequelas são sinéquia posterior e
anterior temos dor evidenciada por
anterior periférica, catarata e glaucoma,
lacrimejamento e blefaroespasmo,
descolamento da retina, atrofia da úvea e
fotofobia, hiperemia conjuntival e injeção
formação de membranas ciclísticas.
ciliar, além de redução da capacidade visual
em função da opacificação de estruturas
DIAGNÓSTICO:
importantes como a córnea.
O diagnóstico baseia-se nos achados de
Como sinais clínico temos edema corneano
anamnese e exame físico.
e irídico, alterações na coloração da íris,
Alterações bilaterais sugerem doenças
mios hifema, hipópio que podem ser vistos
sistêmicas, recomendando-se a realização
sem necessariamente usarmos um sistema
de hemograma, bioquímica sérica, urinálise
de magnificação, todavia, existem sinais que
e radiografia torácica. Pode-se realizar
Afecções oculares
ainda paracentese ocular, exames contra-indicada a medicação sistêmica por
citológicos (em casos de neoplasias), tempo prolongado) sugere-se a via
cultura em suspeitas de infecções subconjuntival. A prednisolona na dose de
bacterianas e dosagens dos níveis de 2,5 a 10 mg ou a dexametasona na dose de
imunoglobulinas (leptospirose ou 0,5 a 1,0 mg é uma excelente escolha nesta
toxoplasmose). É importante considerar a ocasião. Os corticosteróides são
aferição de pressão. contra-indicados quando a uveíte está
Dentre os diagnósticos diferenciais estão associada a úlceras corneais e ceratites
conjuntivite, episclerite ou esclerite, micóticas. Os antiinflamatórios não
glaucoma, ceratite não ulcerativa e esteroidais (AINES) são utilizados quando
Síndrome de Horner. os corticosteróides forem
contra-indicados. Os AINES são
TRATAMENTO: contra-indicados em casos de uveíte com
O tratamento deve ser realizado tendência a sangramento ou hifema.
precocemente para se evitar o Recomenda-se o uso de agentes
comprometimento permanente da visão, antiprostaglandina de ação tópica, como o
lembrando que a causa gênica deve ser diclofenaco sódico 0,1%, 4 vezes ao dia, ou
tratada apropriadamente. Para a uveíte o flurbiprofeno 0,03%, uma gota em
propriamente dita, recomenda-se o uso de intervalos de 6 horas. Porém, estes
antiinflamatórios esteróides e não fármacos podem atrasar a cicatrização de
esteróides para inibir a inflamação e a feridas corneais, mas não potencializam a
resposta imunomediada, reduzir a ação da colagenase como os
congestão dos vasos e fazer com que os corticosteróides. Outro AINE utilizado é o
capilares tornem-se impermeáveis às flunixin meglumine, na dose de 0,5 a 1,0
moléculas protéicas e às hemácias. Os mg/kg pela via intravenosa, a cada 24
corticosteróides são preferidos para casos horas. A aspirina pode ser prescrita em
mais agudos e graves da doença. A uveítes crônicas na dose de 10 mg/kg, a
prednisona na dose de 1-2 mg/kg por via cada 12h, para o cão e 10 mg/kg a cada
sistêmica a cada 12h, por 7 dias, diminuindo 48h, para o gato. Os imunossupressores
a dose gradativamente é medicamento são prescritos para pacientes não
eficaz. Associa-se ao tratamento responsivos a uma terapia convencional e
sistêmico a prednisolona ou dexametasona recomenda-se o uso da azatioprina
0,1% tópica a cada 4 ou 6 horas . Quando (Imuran®) na dose de 1-2 mg/kg/dia, até
não for possível a utilização da via recuperação do quadro. Os fármacos
sistêmica (casos em que está midriáticos são eficientes para ocasionar
Afecções oculares
midríase e diminuir a permeabilidade dos Este quadro leva a alterações
vasos inflamados da barreira degenerativas no nervo óptico e retina com
aquo-sanguínea, reduzindo o perda visual subsequente.
extravasamento de humor aquoso. O glaucoma desenvolve-se quando o
Utiliza-se atropina a 1% em intervalos de 2 escoamento normal do humor aquoso é
a 3 horas até a pupila dilatar, seguindo prejudicado. Pode ser classificado quanto à
administrações BID a TID. É midriática, etiologia (primário, secundário ou
cicloplégica e descongestiona a íris, porém congênito) e quanto ao ângulo de drenagem
é contra-indicada em casos de glaucoma. (aberto, fechado ou estreito), podendo ter
Drogas adrenérgicas são indicadas quando evolução aguda ou crônica.
houver risco de glaucoma secundário, e
prioriza-se o uso da epinefrina 1-2% ou Glaucoma primário
fenilefrina 2,5-10%. Quando houver Neste o aumento da PIO se deve à
significativa formação de coágulos ou diminuição ou obstrução da drenagem,
fibrina na câmara anterior utiliza-se ocorre sem alterações intra oculares pré
agentes fibrinolíticos, como o Ativador do existentes, todavia algumas raças são
Plasminogênio Tecidual – Activase (tPA), predispostas como o Basset hound,
na dose de 25µg intracâmara. Os Beagle, Cocker Spaniel e o Poodle.
antibióticos deverão ser usados em casos
de infecção secundária devido às doses Glaucoma secundário
altas e duradouras de imunossupressores, Ocorre em função de doença ocular
ou como profiláticos. Recomenda-se o uso preexistente que seja capaz de produzir a
do cloranfenicol por sua eficiente obstrução física na drenagem como uveíte,
penetração na córnea. Outros cuidados, trauma e complicações decorrentes de
como manter o animal em sala escura, usar cirurgias intraoculares. Em geral é
compressas mornas, realizar exame ocular unilateral, não é hereditário, todavia, pode
completo a cada 5-7 dias e avaliar pressão estar relacionado a uma doença cujo seu
intraocular periodicamente fazem parte do fundo seja hereditário como sub ou luxação
tratamento. da lente com catarata.
Em felinos está relacionado a neoplasias,
GLAUCOMA uveítes, decorrentes de doenças
Conjunto de alterações que tendem à infecciosas como leucemia, toxoplasmose,
elevação da PIO associadas à neuropatia peritonite infecciosa felina imunodeficiência
óptica. Em cães e gatos os valores de felina.
referência estão entre 15 e 25 mmHg. O Glaucoma secundário às afecções da
lente está relacionado a mudanças em seu
Afecções oculares
posicionamento, uma vez que pode haver músculo constrictor, atrofia de íris,
luxação superior, esta condição é a mais disfunção das células ganglionares da
comum, pode provocar bloqueio pupilar retina que pode contribuir para a
completo; em felinos essa é a forma menos ocorrência de midríase, no vítreo em razão
frequente. As luxações posteriores do influxo de células inflamatórias podendo
induzem poucas alterações, contribuem haver degeneração, suscitando em
pouco para a formação do glaucoma. sínerese.
Pode se estabelecer pela presença de
neoplasia independente do tipo se maligna
ou benigna. Ocorrem comumente
linfossarcomas, há relatos também da
ocorrência de carcinoma, melanoma,
adenocarcinoma.
Com relação a outras classificações de
glaucomas é importante identificar no
sentido de balizar o tratamento clínico.

DIAGNÓSTICO:
SINAIS CLÍNICOS: É estabelecido através de metodologias
Aumento da pressão intraocular, presença como a oftalmoscopia direta ou indireta,
de vasos episclerais ingurgitados, gonioscopia, tonometria, ultrassonografia
hiperemias conjuntival, dor, (USG) e eletrorretinograma (ERG) e
neovascularização superficial e angiografia fluoresceínica.
pigmentação corneana, megalocórnea, O diagnóstico é firmado através da
perda da sensibilidade corneana, estrias de aferição da pressão intraocular com
Haab, câmara anterior rasa, expansão da tonômetro digital de aplanação (Tonopen®)
esclera de maneira irreversível, dilatação ou de indentação (Schiötz®), sendo
das pupilas ou midríase não responsiva que considerados os valores entre 15 e 25
pode ser associadas à lesões nervosas na mmHg normais. A gonioscopia, procedida
zona central da íris ou a paralisação do com Gonioscópio®, avalia o ângulo
Afecções oculares
iridocorneal, sendo importante para • Em cães produz midríase e em gatos
diagnóstico de glaucomas por ângulos miose;
estreitos ou obstrução por precipitados. • Efeitos colaterais nos cães:
Blefaroespasmos e palidez conjuntival.
TRATAMENTO:
1. Diuréticos Osmóticos => Tartarato de brimonidina
=> Manitol e Glicerol| • É um agonista dos receptores
• São usados em emergências: alfa-2-adrenérgicos;
• Prévio a procedimentos cirúrgicos; • Em cães induz significativa queda na PIO,
• A intenção não é a diurese e sim a miose e queda na FC;
diferença de gradiente osmótico entre • Deve ser usado associado a
vasos sanguíneos, humor aquoso e vítreo; hipotensores.
• A iridociclite reduz o efeito dos
diuréticos. 4. Antagonistas
Causam queda na PIO por bloquearem
2. Agentes colinérgicos receptores beta presentes no corpo ciliar,
=> Pilocarpina 2% diminuindo a produção do humor aquoso.
• Age estimulando receptores muscarínicos => Betaxolol 0,5%
do músculo ciliar da íris fazendo miose, • Menos potente que o Timolol;
abrindo o ângulo iridocorneal; • Menos efeitos colaterais;
• É indicada no controle do glaucoma • Alternativa em pacientes com alterações
primário em cães; cardíacas.
• Provoca quebra da barreira
hematoaquosa ocular, levando a altas => Maleato de timolol 0,25% a 0,5%
concentrações de proteínas no humor É um Beta-bloqueador não seletivo, inibe
aquoso; os receptores beta ou ativação de
• É contra indicada nos casos que haja receptores alfa-adrenérgicos no músculo
uveíte associada. esfíncter da íris, causando miose, pode ser
usado combinado com lACs. Seus efeitos
3. Agentes adrenérgicos - agonistas colaterais estão relacionados a decréscimo
=> Apraclonidina da frequência cardíaca e na pressão
• É seletivo para receptores alfa-2 no sanguínea, bloqueio cardíaco associados a
epitélio pigmentado do bloqueio de receptores beta-1, além de
ciliar; alterações pulmonares como
broncoespasmo e obstrução de vias aéreas.
Afecções oculares
5. Inibidores da anidrase carbônica • Pacientes com luxação anterior da lente.
=> Dorzolamida Não surtem efeito nenhum na PIO de
• É utilizado na concentração de 2% duas a felinos, fazendo apenas miose, uma vez que
três vezes ao dia, em pacientes 3% do humor aquoso do gato é drenado
veterinários é bastante eficaz. pela via uveo-escleral. A maioria dos
• Reações adversas: Blefarite que cessa análogos de prostaglandinas são
com descontinuidade do tratamento e isso específicos para receptores F e não para
acontece por conta do pH 5,6. E1 que são os receptores mais abundantes
no músculo ciliar dos felinos.
=> Brinzolamida
• É utilizada na concentração de 1% e tem 7. Anti-inflamatórios
efeito semelhante a dorzolamida em cães, o São recomendados como adjuvantes no
mesmo efeito não é relatado em gatos; controle da inflamação secundária a uveite,
• O ph é 7,5 próximo da neutralidade, assim Eles podem promover o aumento da PIO
trás menos desconforto. em cães lá alau-comatosos, após 2 a 3
semanas de uso, todavia, em algumas
6. Análogos das prostaglandinas condições se associados podem inibir a
São substâncias que agem como agonistas capacidade hipotensora, como é o caso do
em receptores específicos para latanoprost com flurbiprofeno.
prostaglandinas. Têm importantes efeitos
colaterais como a hiperemia conjuntival,
hiperpigmentação da pálpebra e da íris
também sendo observado que acontece
com mais intensidade no travaprost, mas é
importante frisar que se deve à liberação
de óxido nitroso endotelial e não de
eventos inflamatórios relacionados à
inflamação pelas prostaglandinas.
Em glaucomas secundários a uveíte, fica
contraindicado o uso dos análogos das
prostaglandinas, porque nesta condição o
humor aquoso já é rico nessas substâncias.
• Em pacientes afácicos (sem lente);
• Pseudofácicos (com lente artificial)
porque são potencialmente mióticos;
Afecções do sistema gastrointestinal
ANATOMIA sabe-se que as fibras aferentes captam o
estímulo de passagem do alimento, envia a
mensagem para o centro da deglutição no
bulbo, através do nervo vago, e responde
com estímulos aos nervos eferentes para
contrair o músculo liso e estriado do
esôfago. Logo, qualquer alteração nesta
rota pode resultar em distensão e redução
da motilidade esofágica.

Megaesôfago congênito
O megaesôfago congênito ocorre devido a
uma falha sensorial nos nervos aferentes,
dessa forma, impedindo o início do
peristaltismo com a presença do bolo
alimentar na entrada do esôfago proximal.
Com isso, o peristaltismo primário é tão
reduzido que o secundário não é iniciado.
Essa sugestão de mecanismo é evidenciada
MEGAESÔFAGO pela normalidade na função dos nervos
É a alteração mais comum que causa eferentes nesses quadros. Nessa condição,
regurgitação em cães e é caracterizada o animal já nasce com a alteração, e os
pelo hipoperistaltismo e dilatação esofágica sinais clínicos mais evidentes são, ainda
difusa ou focal. Essa condição pode ser filhote, de regurgitação durante a fase de
congênita ou adquirida, e tem predisposição amamentação ou logo após o desmame.
genética sugerida nos cães da raça Dogue
Alemão, Pastor Alemão, Golden Retriever,
Megaesôfago adquirido
Shar-Pei, Terra Nova, Labrador, Fox
O megaesôfago adquirido pode ser de
Terrier, Schnauzer miniatura, Setter
origem idiopática ou secundário a outras
Irlandês e Greyhound. Nos gatos, o
doenças. O mecanismo fisiopatológico do
megaesofago é pouco comum, porém
idiopático também é o defeito nas vias
observam-se os siameses com maior
aferentes, e não possui causa justificável de
frequência de acometimento.
seu acometimento. Pode ocorrer em
Os mecanismos fisiopatológicos do
animais de qualquer idade, sendo mais
megaesôfago ainda não são elucidados, mas
comum em cães a partir de 8 anos de idade.
Afecções do sistema gastrointestinal
O megaesôfago adquirido secundário a uma a radiografia simples e suficiente para
doença base geralmente ocorre por identificar o megaesôfago, porém, pode ser
disfunções neuromusculares ou no centro necessária a utilização de contraste
da deglutição. (esofagograma) para diferenciar de corpo
Nesses animais a causa primária é estranho, identificar causas locais, ou
identificada, e geralmente são: avaliar a motilidade esofágica.
a) Neuromusculares: Polimiopatias,
miastenia gravis, disautonomia, TRATAMENTO:
traumas ou neoplasias no tronco O tratamento do megaesôfago consiste em
encefálico e botulismo; tratar a causa primária dos casos que
b) Endódrino: Hipoadrenocorticismo possuem e, assim como o idiopático
e hipotireoidismo; congênito ou adquirido, devem receber
c) Intoxicações: Por terapia sintomática e de suporte quando
organofosforados e chumbo; não respondem a instituição de medicações
d) Alterações locais: Estenose específicas. O principal manejo desses
esofágica ou pilórica e esofagites animais é alimentar para evitar as
graves. regurgitações, e a recomendação é o
fornecimento das refeições em porções
SINAIS CLÍNICOS: pequenas e frequentes, como o alimento em
A suspeita de megaesôfago começa com a posição elevada para a gravidade auxiliar a
queixa de regurgitação constante do sua passagem no esôfago do animal. A
animal. Geralmente, esse animal também consistência da alimentação é variável
apresenta polifagia com emagrecimento (líquido, pastoso ou sólido), pois depende da
progressivo devido à ingestão insuficiente tolerância individual a cada tipo de
do alimento. Também é possível perceber fornecimento.
sinais de pneumonia devido a aspiração do Nos casos de extrema desnutrição, não
conteúdo durante as regurgitações. Além adaptação ao manejo ou recorrentes
disso, o animal também pode apresentar os quadros de pneumonia aspirativa, pode ser
sinais clínicos das doenças bases, no caso necessária a colocação de uma sonda de
megaesôfago secundário. gastrostomia temporária ou
permanentemente.
DIAGNÓSTICO: Porém, apesar de essa intervenção
É realizado através da radiografia de diminuir os riscos de pneumonia por
pescoço e tórax, qual observa-se dilatação aspiração, alguns animais ainda podem
esofágica pontual ou difusa. Normalmente, desenvolver por aspirar saliva ou o
Afecções do sistema gastrointestinal
conteúdo de refluxo gastroesofágico. possui dois tipos: a aguda, que surge de
Através da sonda podem ser administrados repente e pode sumir sozinha, e a crônica,
alimentos, água e medicações. que pode durar de semanas a meses e vai
A terapêutica medicamentosa do se complicando com o tempo.
megaesôfago pode ser realizada com As causas podem ser virais, parasitárias,
algumas drogas pró-cinéticas, como a bacterianas, alergias, presença de corpo
metoclopramida, domperidona, cisaprida e estranho, resultado de intoxicações em
eritromicina, apesar de ser pouco eficaz na geral, de ordem obstrutiva ou, ainda,
maioria das vezes. Esses agentes agem na alimentares como a ingestão de alimentos
musculatura lisa e, por diferença anatômica, estragados ou crus.
podem demonstrar melhores resultados Entre as causas virais, pode-se citar o
nos felinos, visto que esses possuem Parvovírus canino etiológico mais
músculo liso na porção distal do esôfago importante das afecções gastrointestinais
torácico. Como os cães apresentam e coronavírus e rotavírus, responsáveis por
músculos estriados em quase toda formas leves ou assintomáticas de
extensão esofágica, também podem sofrer enterites.
com a exacerbação dos sinais clínicos. As espécies Ancylostoma caninum;
Além do uso de antibióticos para tratar as Toxocara canis e Dipylidium caninum são os
pneumonias secundárias devido às principais agentes causadores de
regurgitações, também é comum a helmintoses gastrintestinais.
necessidade de utilizar protetores Em relação aos protozoários, os do gênero
gástricos para diminuir a esofagite causada Isospora também é conhecido por
pela frequente passagem retrógrada de Cystoisospora, incluem a I. canis e I.
conteúdo no esôfago. Devido a essas ohioensis, acometendo cães e a I. felis e a I.
complicações, o megaesôfago pode ter um rivolta, acometendo gatos.
prognóstico reservado ou ruim, mas
animais que se adaptam bem ao manejo SINAIS CLÍNICOS:
podem viver com êxito por anos. Os cães são mais comumente afetados.
Entre os sinais clínicos mais observados,
GASTROENTERITE pode-se ter: Apatia, vômito, diarreias (com
É uma inflamação no aparelho digestivo e ou sem sangue, com ou sem pus) dores
sua origem pode ser variada, afeta a abdominais, desidratação e quadro febril em
mucosa que reveste o tubo digestivo do alguns tipos. Além disso, o animal também
animal, podendo afetar desde o estômago pode ficar mais abatido e com falta de
até os intestinos delgado e grosso. Ela
Afecções do sistema gastrointestinal
apetite, além de desidratado, como fármacos anti-inflamatórios não
consequência da diarreia. esteroidais [AINEs]).

DIAGNÓSTICO: SINAIS CLÍNICOS:


É feito com base nos sinais clínicos Há dois tipos de gastrite:
apresentados pelo animal, histórico de 1. Aguda: acomete mais comumente cães,
saúde do pet e exame físico. causando vômito e alimentos e bile são
• Hemograma: que poderá indicar a tipicamente encontrados no vômito, além
presença de infecções e se o animal está de poder aparecer manchas de sangue no
desidratado; vômito. O animal pode ficar apático e
• Radiografia: avalia a presença de corpos perder o apetite.
estranhos ou obstruções intestinais; 2. Crônica: na gastrite crônica, que
• Análise de amostra fecal: verifica a acomete principalmente gatos, pode haver
presença de parasitas. a presença de vômitos, que varia de uma
vez por semana a várias vezes ao dia, e
TRATAMENTO: hiporexia. Alguns animais somente
O tratamento vai levar em conta a causa da apresentam hiporexia, aparentemente por
doença. É feito tratamento de suporte com causa da náusea de baixo grau.
reposição eletrolítica, medicamentos para
vômito caso apresente e para o agente em DIAGNÓSTICO:
questão. Geralmente utiliza-se antibiótico O diagnóstico é através do histórico do
de amplo espectro, antiemético e paciente, exames de sangue, ecografia e
protetores gástricos, fluidoterapia e endoscopia com análise histopatológica e
outros que se façam necessários. classificação da inflamação e possíveis
agentes ocasionadores.
GASTRITE
É a inflamação das camadas que compõem
TRATAMENTO:
o estômago. Este órgão é composto por Gastrite aguda: fluidoterapia parenteral e
quatro camadas: serosa, muscular, jejum hídrico e alimentar por 24 horas
submucosa e mucosa. geralmente controla o vômito (em cães).
É causada pela ingestão de alimentos Utiliza-se antieméticos em casos de
estragados ou contaminados, corpos vômitos persistentes (maropitant,
estranhos, plantas tóxicas, agentes ondansetrona). Raramente são indicados
químicos, e/ou fármacos irritantes (p. ex., os antibióticos e os corticosteróides.
Iniciar a ingestão oral oferecendo com
Afecções do sistema gastrointestinal
frequência pequenas quantidades de água Muitas vezes o vômito está ausente
fresca. Quando o animal beber e não quando o corpo estranho se localiza no
vomitar, então pequenas quantidades de fundo gástrico e não obstrui o piloto.
uma dieta leve. Gastrite crônica: responde Ocasionalmente, a dor abdominal é notada.
algumas vezes à terapia alimentar (p. ex., - Exame físico: muitas vezes no exame
baixa gordura, baixa fibra, dietas de físico não há nada digno de nota. O animal
eliminação) isoladamente. Os pode estar desidratado, entretanto, muitos
corticosteróides podem ser usados animais com corpos estranhos gástricos
concomitantemente (p. ex., prednisolona, continuam a ingerir água. O objeto
2,2 mg/kg/dia). geralmente não pode ser palpado devido à
localização proximal do estômago no
INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO abdômen. O exame cuidadoso da boca é
Um corpo estranho gástrico é qualquer obrigatório em todos os gatos com
coisa ingerida pelo animal que não pode ser suspeita de corpo estranho linear.
digerida. Os cães comem - Diagnóstico por imagem: corpos
indiscriminadamente e com frequência estranhos radiopacos podem ser
ingerem pedras, brinquedos, plástico e diagnosticados com radiografias de
outros objetos. Gatos ingerem mais pesquisa. Qualquer efusão deve ser
comumente fios ou linha de costura com examinada citologicamente.
agulha. Animais jovens ingerem corpos - Os resultados dos exames laboratoriais
estranhos com mais frequência, em dependem da gravidade e da duração da
comparação com animais adultos. obstrução, não podemos ser previstos.
- Diagnóstico diferencial: radiografia de
SINAIS CLÍNICOS: endoscopia para neoplasia gástrica.
Vômitos (mas nem todo animal com corpo
estranho vomita), distensão gástrica e/ou TRATAMENTO:
irritação da mucosa. Alguns animais podem Se o objeto for pequeno, pode tentar
não apresentar nenhum sintoma. expeli-lo ao induzir o vômito com
apomorfina (cães) ou xilazina (gatos).
DIAGNÓSTICO: Cirurgia: gastrostomia. Prognóstico: bom
- Histórico: a maioria dos animais com (se o estômago não tiver sido perfurado e o
corpos estranhos gástricos apresentam corpo estranho for removido) e reservado
vômito, anorexia e/ou depressão. O vômito (se ocorreu perfuração).
pode ser intermitente e alguns animais
podem continuar se alimentando e ativos.
Afecções do sistema gastrointestinal
DILATAÇÃO VÓLVULO-GÁSTRICA rins, coração, pâncreas, estômago e
O alargamento do estômago associado à intestino delgado.
rotação em seu eixo mesentérico é
chamado de dilatação vólvulo-gástrica
(DVG). Também é chamado de torção
gástrica. Clinicamente é uma condição
aguda com uma taxa de mortalidade de 20
a 45% em animais tratados. O estômago se
distende à medida que o gás ou fluido ou SINAIS CLÍNICOS:
ambos se acumulam no lúmen. Vômito, anorexia e/ou perda de peso, dor,
A causa de DVG é desconhecida, mas aumento do volume abdominal, ânsia e
exercícios após a ingestão de grandes inquietação.
refeições de comida altamente processada
ou água têm sido sugeridos como
DIAGNÓSTICO:
contribuidores. Outras causas que
- Predisposição: cães de raças grandes
contribuem para DVG incluem
(São Bernardo, Pastor Alemão, Doberman,
predisposição anatômica, trauma, distúrbios
Labrador, Rottweiler, Dogue Alemão), mas
primários de motilidade gástrica, vômito e
também pode acometer cães de raças
estresse.
pequenas a médias.
- Histórico: um cão com DVG pode ter
Patogenia
histórico de abdome timpânico e
O estômago gira em um sentido horário,
progressivamente distendido.
onde o duodeno e o piloro se movem
- Exame físico: palpação abdominal (difícil
ventralmente e para a esquerda na linha
em animais de raças grandes extremamente
média e se tornam deslocados entre o
musculosos ou muito obesos).
esôfago e o estômago. A compressão da
- Diagnóstico por imagem.
veia cava caudal e da veia porta pelo
estômago distendido reduz o retorno
TRATAMENTO:
venoso e o débito cardíaco, causando
- Estabilizar o paciente (fluidoterapia).
isquemia do miocárdio. A pressão venosa
- Descompressão gástrica realizada por
central, o volume sistólico, a pressão
meio da gatrocentese e/ou da sondagem
arterial média e o débito cardíaco ficam
orogástrica.
reduzidos. Choque e perfusão inadequada
- Tratamento cirúrgico: realizado após a
de tecido afetam vários órgãos incluindo
condição do animal ter sido estabilizada.
Deve-se inspecionar o estômago e baço
Afecções do sistema gastrointestinal
para identificar e remover tecido danificado Tumores gástricos benignos são mais
ou necrótico, descomprimir o estômago e comumente encontrados em cães que em
corrigir qualquer mal posicionamento e gatos. Entretanto, a maioria dos
aderir o estômago à parede corporal para neoplasmas gástricos são malignos.
evitar o mau posicionamento subsequente.
Prognóstico: com a cirurgia no momento SINAIS CLÍNICOS:
adequado, o prognóstico é bom. O Anorexia, sem vômito, é o sinal mais
prognóstico é mau se ocorrer necrose comum.
gástrica ou perfuração ou se a cirurgia for A maioria dos pacientes não vomita até que
prolongada. a neoplasia esteja bem avançada ou esteja
causando obstrução do fluxo gástrico.
Recomendações para os proprietários: Outros sinais incluem hematêmese, melena,
• Alimentar o animal com diversas letargia, perda de peso e/ou edema.
refeições pequenos por dia em vez de uma
grande refeição;
DIAGNÓSTICO:
• Evitar o estresse durante a alimentação - Predisposição: pastores belgas e chow
(se necessário, separar os cães durante a chows podem ter mais incidência maior que
refeição); a normal de Carcinoma gástrico, enquanto
• Restringir o exercício antes e após as beagles parecem ter uma maior incidência
refeições de benefício questionável; de leiomiomas. Os machos parecem ser
• Não colocar tigela de alimentação em mais comumente acometidos que as
posição elevada; fêmeas. O adenocarcinoma é mais comum
• Não criar cães com um parente de em cães de 7 a 10 anos de idade, enquanto
primeiro grau que tem um histórico de o adenocarcinoma gástrico é extremamente
dilatação vólvulo-gástrica; raro em gatos.
• Para os cães de alto risco, considerar a - Histórico: animais com neoplasia gástrica
gastropexia profilática; ou outra doença de infiltrado geralmente
• Procurar assistência veterinária assim tem o histórico de anorexia.
que os sinais de inchaço forem percebidos. - Exame físico.
- Diagnóstico por imagem: radiografias
NEOPLASIA GÁSTRICA torácicas de pesquisa devem ser realizadas
Adenocarcinomas ocorrem a partir de para descartar metástase pulmonar.
tecido glandular ou são compostos de Radiografias de contraste podem revelar
células tumorígenas que formam estruturas defeitos de preenchimento, esvaziamento
glandulares. gástrico atrasado, ulceração, perda de
Afecções do sistema gastrointestinal
dobras rugais normais, espessamento da DIAGNÓSTICO:
mucosa ou perda da complacência da - Predisposição: ocorre mais comumente
parede gástrica. em cães de meia idade a idosos.
- Endoscopia. - Exame físico: alguns animais apresentam
dor abdominal, no exame retal pode haver
TRATAMENTO: melena.
Depende da gravidade dos sinais clínicos. - Diagnóstico por imagem: radiografias e
Com exceção de linfoma, a cirurgia é o ultrassonografia não irão detectar as
único tratamento potencialmente curativo erosões. As radiografias contrastadas e a
para neoplasia gástrica. ultrassonografia detectam ulcerações, mas
Prognóstico: é reservado para a maioria a sensibilidade desses testes é
das neoplasias gástricas malignas, pois não relativamente baixa.
são diagnosticadas até que estejam - Um hemograma e perfil bioquímico sérico
avançadas e estão metastasiadas. devem ser realizados em animais com
suspeita para avaliar a gravidade da perda
ÚLCERA GÁSTRICA sanguínea e proteica e identificar possíveis
É um defeito da mucosa que se estende causas subjacentes.
através das mucosas musculares para a
submucosa ou camadas mais profundas do TRATAMENTO:
estômago. O tratamento depende da gravidade do
Muitas vezes é iatrogênica (medicamentos sangramento, profundidade da úlcera,
AINES, dexametasona) ou ocorre probabilidade de perfuração, estado do
secundária a um processo de doença animal e se uma causa subjacente por
subjacente (doença de mastócitos, choque, encontrada ou é suspeita.
tumor, falência hepática). Pode ocorrer - Terapia sintomática: fluidos, antibiótico,
devido a uma neoplasia. sangue, antieméticos. Medicamentos
utilizados para tratar úlcera gástrica
SINAIS CLÍNICOS: incluem aqueles que diminuem a acidez
Não existem sinais clínicos específicos gástrica e aqueles que protegem a mucosa
quando o animal apresenta úlcera gástrica. gástrica de danos (cimetidina, ranitidina e
Pode ocorrer apatia; anorexia ou hiporexia; famotidina, omeprazol, esomeprazol,
êmese ou hematêmese; melena em pantoprazol).
condições mais graves. Sinais de dor - Eletrocauterização endoscópica pode
podem ocorrer. ser usada para hemorragia em situações de
Afecções do sistema gastrointestinal
emergência e permitir que a cirurgia ocorra parasitológico de fezes, endoscopia e
em um momento mais oportuno. ultrassonografia abdominal.
- Tratamento cirúrgico: ressecção
cirúrgica de úlceras - indicada se a terapia TRATAMENTO:
médica não aliviar os sinais clínicos dentro O tratamento será estabelecido de acordo
de 6 a 7 dias, se o sangramento for com o estado geral do paciente na
abundante e de risco à vida ou se a admissão do atendimento, bem como o
perfuração for considerada eminente. diagnóstico oportuno da causa. Em muitos
casos de obstrução gastrointestinal parcial
OBSTRUÇÃO GÁSTRICA ou total, é indicada a realização de
A obstrução gastrointestinal procedimento cirúrgico para remoção da
caracteriza-se pelo bloqueio parcial ou fonte de bloqueio do lúmen.
completo da passagem de conteúdo Antibióticos, anti-inflamatórios e
digestivo (alimentos ou água) pelo lúmen analgésicos podem ser utilizados no
(cavidade) do sistema digestório (esôfago, pós-cirúrgico. Dependendo do caso, pode
estômago, intestino delgado e intestino ser recomendada a alteração temporária
grosso). Ela pode acontecer nas diferentes na dieta, até a completa recuperação do
partes do trato gastrointestinal, mas paciente.
geralmente se dá nas porções mais
estreitas. PANCREATITE
Pode acometer tanto cães quanto gatos, É definida pela inflamação do pâncreas,
de qualquer idade, independentemente do geralmente com envolvimento de órgãos
sexo ou da raça. próximos ou distantes, podendo ser
classificada em aguda ou crônica. A
SINAIS CLÍNICOS: pancreatite aguda é reversível, e
Alguns animais podem se apresentar caracterizada histologicamente pela
assintomáticos, enquanto outros podem presença de edema, infiltrado neutrofílico
apresentar êmese, regurgitação, sialorréia, e/ou necrose. Enquanto a pancreatite
apatia, disfagia, emagrecimento, dor crônica consiste na inflamação contínua
abdominal, diarreia, dispneia, desidratação. linfocítica/linfoplasmocítica e alterações
irreversíveis devido à necrose.
DIAGNÓSTICO:
Associação de sinais clínicos, epidemiologia Fisiopatologia
e exames laboratoriais, raio x, A pancreatite ocorre devido à retenção e
ativação intracelular dos zimogênios
Afecções do sistema gastrointestinal
pancreáticos, principalmente o responsáveis pela manifestação sistêmica
tripsinogênio. Os zimogênios são da pancreatite.
precursores inativados de enzimas, que no A pancreatite crônica, por ter um caráter
pâncreas se armazenam em grânulos das inflamatório contínuo, levan. do à perda
células acinares. Ainda não é definida a irreversível das células pancreáticas por
causa da ativação dessas moléculas, porém conta da fibrose, esses animais podem
é sugerido que se inicia com os grânulos se desenvolver outras doenças pancreáticas,
acumulando nas células e migrando para como a Diabetes Mellitus, devido à falta de
próximos dos lisossomos, fazendo que produção de insulina pelo pâncreas
enzimas lisossômicas, como a catepsina B, endócrino, e à insuficiência pancreática
ativem o tripsinogênio em tripsina. Isso leva quando mais de 90% do órgão foi
à ativação de outras enzimas como a acometido.
quimotripsina e fosfolipase, e consequente
auto destruição pancreática. Fatores predisponentes
Também é suposto que alterações na A etiologia da pancreatite geralmente é
concentração citosólica de cálcio e idiopática, e acomete animais de meia idade
estresse oxidativo sejam responsáveis pela a idosos, mas alguns fatores
ativação intracelular do tripsinogênio em predisponentes já foram relatados, como:
tripsina. Além disso, há evidências de que a a) Predisposição racial: A pancreatite
barreira paracelular do ducto pancreático é aguda, geralmente acomete cães da raça
rompida levando ao extravasamento dos Yorkshire, Cocker Spaniel, Schnauzer
grânulos de zimogênio para o espaço miniatura e Terriers em geral, e gatos de
intersticial, aumento da lesão de pelo curto. Na pancreatite crônica,
acometimento do pâncreas e órgãos observa-se predisposição nos cães da raça
adjacentes. Logo, as enzimas ativadas Cavalier King Charles Spaniel, Cocker
começam degenerando o pâncreas, Spaniel Inglês, Collies e Boxer, e gatos
seguindo para a cavidade peritoneal, e siameses;
acometendo a circulação sistêmica. A b) Doenças endócrinas: Hipotireoidismo,
resposta sistêmica varia de acordo com a hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus e
gravidade e extensão das lesões, visto que obesidade;
a lesão das células acinares recrutam e c) Hiperlipidemia: O aumento sérico de
ativam células inflamatórias, como lipídios, especial por hipertrigliceridemia,
neutrófilos e macrófagos. Eles liberam estão relacionados com o aumento do risco
mediadores inflamatórios que são de desenvolvimento de pancreatite em
cães;
Afecções do sistema gastrointestinal
d) Medicações: Já foram relatadas Os animais com pancreatite crônica
associações de pancreatite com as apresentam sinais gastrointestinais leves
medicações azatioprina, furosemida, intermitentes, como vômitos e diarreias
antimoniato de meglumina, fenobarbital, discretas, mas quando há reagudização do
brometo de potássio, L-asparaginase, e quadro, podem apresentar os sinais clínicos
sulfonamidas potencializadas; da pancreatite aguda. Além disso, é comum
e) Intoxicações: Apesar de raro, o desenvolvimento de icterícia,
intoxicações podem causar pancreatite principalmente nos felinos, na pancreatite
aguda, como por zinco e organofosforados; crônica agudizada. Como os sinais clínicos
f) Dieta: Pressupõe-se que o consumo de leves do quadro crônico podem não ser
alimentos ricos em gordura possa ser um relevantes ou percebidos pelo tutor, essas
fator de risco para o desenvolvimento de informações podem ser omitidas na
pancreatite, mas ainda não foi comprovado. anamnese, o que causa apenas a suspeita
Porém, sabe-se que consumir conteúdo de de pancreatite aguda em muitos casos.
lixo e resto de comida humana é um fator
predisponente; DIAGNÓSTICO:
g) Infecções: Toxoplasmose, babesiose e O diagnóstico diferencial entre uma
translocação bacteriana para o pâncreas; pancreatite aguda e crônica é
h) Outros: Hipotensão, hipercalcemia, exclusivamente histológica, no qual a
trauma abdominal, manipulação cirúrgica ausência ou presença de fibrose será
extensiva em abdômen, síndrome do gato característica, respectivamente, de um
paraquedista. quadro agudo ou crônico. Porém, a biópsia
de pâncreas é um exame invasivo, custoso e
SINAIS CLÍNICOS arriscado em paciente hemodinamicamente
Os animais com pancreatite aguda têm o instável, por isso não é realizada com
quadro de abdômen agudo, caracterizado frequência.
por dor abdominal súbita, podendo ficar em Dessa forma, os achados clínicos podem
“posição de prece” alívio, vômito, anorexia, sugerir a condição de inflamação
diarréia com ou sem sangue, febre, icterícia, pancreática do animal.
depressão e, nos casos graves, pode haver O exame mais sensível e específico para
hipotermia, choque cardiovascular, detectar a pancreatite em cães e gatos é a
coagulação intravascular disseminada, lipase pancreática específica por
síndrome da resposta inflamatória imunorreatividade (PLI).
sistêmica, falência múltipla de órgãos e Outros exames podem ser utilizados para
óbito. auxiliar na identificação da pancreatite,
Afecções do sistema gastrointestinal
porém não são tão sensíveis e podem ser e diarreia, quanto pela perda de fluido pelo
influenciados por outras doenças, por isso interstício. A solução administrada pode
não devem ser usados para diagnóstico ser de cristaloides ou coloides, e a
isoladamente. Entre eles estão a reposição de eletrólitos pode ser
imunorreatividade semelhante à tripsina necessária devido aos frequentes
(aumentado), lipase sérica total parâmetros de hipocalemia, hiponatremia e
(aumentado), amilase sérica total hipocloremia secundários as manifestações
(aumentado) e peptídeo ativador de gastrointestinais.
tripsinogênio sérico ou urinário b) Modificação dietética: Antes,
(aumentado). acreditava-se que o protocolo ideal para
Alguns exames de imagem podem ser esses animais era o jejum alimentar
solicitados na suspeita de pancreatite, absoluto por 24 a 48 horas para evitar a
sendo a ultrassonografia mais sensível que estimulação pancreáticas. Porém, já foi
a radiografia abdominal para identificar observado que nos quadros agudos de
alterações no órgão. Como nenhum exame pancreatite, o órgão não responde
com marcador possui 100% de adequadamente a colecistocinina (CCK),
sensibilidade para a pancreatite, hormônio gastrointestinal que estimula a
recomenda-se a associação de exames liberação do suco pancreático com a
sanguíneos gerais, e específicos para a presença do conteúdo alimentar. Além
atividade pancreática, juntamente com os disso, o jejum prolongado leva a atrofia das
de imagem para diagnosticar e classificar a microvilosidades intestinais.
pancreatite, quando não for possível Dessa forma, atualmente é recomendada a
realizar a histopatologia do tecido. oferta de pequenas porções de alimentos
para manter a integridade da barreira da
TRATAMENTO: mucosa intestinal e reduzir a translocação
O tratamento da pancreatite consiste em bacteriana. Para os animais com êmese
tratar a causa primária quando identificada, controlada, o fornecimento deve ser
e realizar terapia de suporte e sintomática, realizado por via oral, nos animais
assim como na pancreatite idiopática. A anoréxicos podem ser colocadas sondas
terapêutica para os quadros agudos ou de gastrointestinais para nutrição, e naqueles
agudização da doença crônica compreende. como vômito refratário é recomendada a
a) Fluidoterapia e eletrólitos: Geralmente sonda jejunal. A nutrição desses animais
é necessário uma fluidoterapia agressiva também pode ser realizada pela via
nos animais com esse quadro, devido a parenteral. A dieta fornecida deve possuir
desidratação causada tanto pelos vômitos
Afecções do sistema gastrointestinal
alta digestibilidade, baixo teor de gordura e e) Transfusão de plasma: A transfusão de
ser palatável. plasma fresco é indicada por alguns
b) Analgésicos: A instituição de analgésicos autores por conter antiproteases, como a
é necessária, pois o animal sente dores no a2-macroglobulinas, para diminuir a ação
abdômen agudo que pode levar a mudanças das enzimas pancreáticas. Seu uso é
fisiológicas, de acordo com a intensidade, questionado visto que não há
como diminuição do apetite, do fluxo demonstração da correlação entre a
sanguíneo regional para os órgãos transfusão e a diminuição da gravidade da
abdominais, desenvolvimento de íleo pancreatite. Porém, nos casos em que há o
paralítico e levar a um estado catabólico. A desenvolvimento de coagulação
administração pode ser por via intravenosa, intravascular disseminada sua utilização é
epidural e/ou intraperitoneal nos casos indicada.
moderados ou severos, ou oral no quadro f) Cirurgias: O tratamento cirúrgico é
leve. As medicações utilizadas geralmente indicado nos casos de complicações pela
são morfina, metadona, hidromorfona, pancreatite, como abscessos e
fentanil e infusão de quetamina e de pseudocistos pancreáticos, massas
lidocaína. necróticas e obstrução extra-hepática do
c) Antieméticos e protetores gástricos: Os trato biliar.
antieméticos de eleição para pancreatite O manejo da pancreatite crônica consiste
são os antagonistas dos receptores na dieta com baixo teor de gordura,
Neurocinéticos (NK1), como o maropitant, analgésicos contínuos ou intermitentes, e
e serotoninérgicos (5HT3) como baseado na pancreatite autoimune humana,
dolasetrona e ondansetrona. Protetores alguns autores recomendam o uso de
gástricos devem ser realizados para imunos. supressores em cães, como
diminuir as irritações e úlceras causadas corticóides, nos casos refratários à
pelos vômitos e anorexia. terapêutica. Além disso, outras causas
d) Antibioticoterapia: O uso de antibióticos devem ser observadas e tratadas, como a
profilaticamente é controverso, visto os doença inflamatória intestinal e colangite
crescentes casos de bactérias que normalmente acompanha a pancreatite
multirresistentes e poucas evidências de crônica nos gatos, e a condição é chamada
benefícios em sua utilização. Portanto, de Tríade Felinas.
recomenda-se instituir antimicrobianos O prognóstico da pancreatite aguda
quando houver sinais de infecção no depende da severidade, visto que a doença
leucograma ou na hemocultura. pode levar a óbito rapidamente. A
pancreatite crônica geralmente têm um
Afecções do sistema gastrointestinal
prognóstico bom quando bem controlada e, SINAIS CLÍNICOS:
no seu estágio final, os animais podem A IPE manifesta-se com as características
desenvolver insuficiência pancreática de diarreia de intestino delgado,
exócrina e ou diabetes mellitus. principalmente com fezes esteatorreicas,
pastosas, volumosas e com alimentos não
INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA digeridos, borborigmos, polifagia,
A Insuficiência Pancreática Exócrina (IPE) coprofagia, alotriofagia, emagrecimento
é uma síndrome caracterizada pela progressivo, seborreia crônica, pelos
produção e secreção insuficiente de opacos e quebradiços, e defecação na
enzimas pancreáticas no duodeno. quantidade de vezes que se alimentam.
Geralmente sua manifestação clínica é Apesar de a diarreia ser um sinal clássico
observada quando há a perda de pelo da doença, nem sempre ela está presente,
menos 90% da função pancreática. pois o conteúdo pode não apresentar um
Sua predisposição é maior em fêmeas, e em efeito osmótico significativo.
cães das raças Pastor Alemão, Cavalier Nos casos em que a pancreatite crônica é
King Charles les Spaniel, Collie pelo longo, concomitante, o animal também pode
Eurasier, West Highland White, Chow apresentar êmese e anorexia
Chow e Cocker Spaniel Inglês. intermitentemente.
A IPE possui como principal causa em cães
a atrofia acinar pancreática, e nos gatos a DIAGNÓSTICO:
pancreatite crônica. O diagnóstico da IPE é obtido através da
A atrofia acinar pancreática consiste na avaliação das enzimas pancreáticas
destruição autoimune dos ácinos do exócrinas.
pâncreas exócrino, e por isso geralmente O exame mais sensível e específico em
as ilhotas do pâncreas endócrino não são cães e gatos é o imunoensaio para
afetadas. No caso da pancreatite crônica, imunorreatividade semelhante à tripsina
os animais têm maior probabilidade de (TLI), que mensura o tripsinogênio sérico
desenvolver também diabetes mellitus por em jejum, uma enzima produzida
conta da destruição concomitante das exclusivamente pelo pâncreas para
ilhotas. digestão dos alimentos, e nesses animais
Outras causas menos comuns também encontra-se abaixo do intervalo de
podem levar a IPE, como obstrução do referência (< 2,5 µg/L). Nos animais com
ducto pancreático, tumores pancreáticos e IPE por obstrução do ducto pancreático o
deficiência enzimática isolada. valor da TLI é normal (> 5,2 µg/L), pois
não há deficiência na produção das
Afecções do sistema gastrointestinal
enzimas, mas na sua secreção. Em animais TRATAMENTO:
assintomáticos, ou seja, com perda parcial Animais com IPE necessitam de suporte
do pâncreas exócrino, ou que não terapêutico durante o restante da vida,
realizaram o exame em jejum, o resultado sendo eles:
pode ser intermediário (2,5 - 5,1 µg/L). a) Reposição enzimática: O tratamento
Para avaliar a função pancreática, também base da IPE consiste na suplementação de
pode ser mensurado a lipase pancreática enzimas pancreáticas, podendo ser a
específica (PLI) que se encontra em valores pancreatina um extrato pancreático de
baixos nos animais com IPE, mas não tão origem suína ou bovina, ou formulações
sensível quanto o TLI. comerciais com as enzimas pancreáticas. A
Ademais, testes fecais podem indicar a dose é ajustável de acordo com a resposta
IPE, como a avaliação da atividade de de cada indivíduo, sendo indicada a
tripsina (ausente ou diminuída), atividade quantidade mínima necessária para a não
proteolítica (ausente ou diminuída), manifestação dos sinais clínicos. A
pesquisa de gordura não digerida pancreatina é o repositor enzimático mais
(presente), amido (presente), fibras utilizado, e recomenda-se o início do
musculares (presente) e elastase (ausente tratamento com uma colher de chá por
ou diminuído). Inclusive, para triagem rápida refeição para cada 10kg de peso do animal,
e acessível, na própria sala de atendimento com o ajuste da quantidade de maneira
pode ser realizado o teste da digestão do individual.
filme radiográfico para avaliar a atividade b) Modificação dietética: A dieta dos
proteolítica, no qual não é observada a animais com IPE deve ser altamente
depuração da gelatina do material imerso digestível e, preferencialmente, hidrolisada
nas fezes dos que possuem IPE. para facilitar a digestão. Também é
Os demais exames sanguíneos não recomendado um alimento com baixo ou
possuem alterações específicas para IPE, médio teor de fibras, pois elas podem
mas podem indicar desnutrição, que é interferir na atividade das enzimas.
secundária à má absorção, como Nos animais que possuem a pancreatite
hipoalbuminemia e hipocobalaminemia. crônica concomitante, é indicada a redução
Os exames de imagem como de lipídios na dieta.
ultrassonografia e tomografia, podem c) Antibioticoterapia: A instituição de
sugerir alterações no pâncreas ou no ducto antibióticos na IPE é necessária devido ao
pancreático, mas não são sensíveis para o supercrescimento bacteriano intestinal
diagnóstico da doença. pela falta do suco pancreático que possui
também propriedades antimicrobianas. Seu
Afecções do sistema gastrointestinal
uso é intermitente e, geralmente, causar obstrução intraluminal (completa ou
prolongado. parcial). Entre esses objetos, é comum
d) Suplementação vitamínica: O animal com ossos, pedaços de brinquedos, pedras,
IPE normalmente possui deficiências tecidos, objetos de metal (anzóis e agulhas),
vitamínicas por conta do quadro de caroços grandes de frutas, cordas e outros
desnutrição antes do tratamento tipos de fios.
enzimático, principalmente das vitaminas Esses corpos estranhos vão se alojar no
lipossolúveis. Porém, o pâncreas produz menor diâmetro intestinal. Na obstrução
um fator intrínseco para absorção da parcial, haverá passagem limitada do fluído
vitamina B12, e por isso, os animais podem ou de gás. Já na obstrução completa, não
desenvolver hipocoba-laminemia, sendo haverá passagem de líquido ou gás. A
essencial sua suplementação até a dilatação vai ocorrer próxima à obstrução.
normalização dos níveis séricos. Durante a obstrução, há aumento da
e) Antiácidos: As enzimas pancreáticas produção de secreções e diminuição da
exógenas podem perder sua funcionalidade, absorção.
de maneira irreversível, ao entrar em
contato com o suco gástrico, devido ao pH SINAIS CLÍNICOS:
ácido. Por isso, nos animais que continuam Os sinais clínicos são mais graves na
apresentando os sinais clínicos mesmo com ocorrência de obstrução completa.
a reposição enzimática em doses altas, Os animais apresentam falta de apetite,
pode ser necessário a instituição de desidratação, os gatos ficam na posição
antiácidos, como os inibidores da bomba de “acocorada” (como se tivessem tentando
prótons, para aumentar o pH estomacal e expelir uma bola de pelo), vômito, apatia e
consequentemente, preservar a maior dores abdominais.
parte das enzimas. Pode haver comprometimento do
Em geral, os quadros de IPE possuem um suprimento de sangue, causando necrose
prognóstico bom, e os animais, se bem na área obstruída. Além disso, as bactérias
manejados, possuem expectativa de vida de presentes no intestino podem causar
anos. Porém, a hipocobalaminemia está peritonite séptica, ao serem derramadas na
relacionado com menor tempo de vida e cavidade abdominal.
reposta ao tratamento.
DIAGNÓSTICO:
CORPOS ESTRANHOS INTESTINAIS O diagnóstico é feito através do histórico
Os corpos estranhos intestinais são os do animal, exame físico (presença de dor
objetos que foram ingeridos, podendo abdominal, postura anormal e choque),
Afecções do sistema gastrointestinal
diagnóstico por imagem (raio x e ultrassom) diâmetro do lúmen e reduzindo a
e endoscopia. distensibilidade.
Diagnóstico diferencial: intussuscepção, Os tumores mais comuns são linfoma,
torção intestinal, encarceramento adenocarcinoma e leiomiossarcoma.
intestinal, adesões, estenoses, abscessos,
granulomas, hematomas, neoplasias ou Linfoma
malformações congênitas. Os linfomas são proliferações neoplásicas
dos linfócitos. Em gatos, podem ser
TRATAMENTO: causados pela FIV ou FeLV. Linfoma
O tratamento é baseado no tamanho e linfoblástico (LL) é encontrado em cães e
forma do objeto. Objetos pequenos e lisos gatos e o linfoma de células pequenas
podem ser expelidos durante o vômito (LCP) bem diferenciado é encontrado
induzido. Corpos estranhos não-tóxicos principalmente em gatos.
pequenos podem passar através do trato
gastrointestinal tranquilamente. Deve-se SINAIS CLÍNICOS:
acompanhar o animal por um período de 7 a Perda de peso crônica e progressiva,
10 dias através de radiografias para anorexia, diarreia de intestino delgado e
monitorar o progresso do corpo estranho. vômitos.
Tratamento cirúrgico: pode ser feito
através da endoscopia ou através de Adenocarcinoma
cirurgia (em situações de corpos estranhos São tumores localmente invasivos e de
lineares, pontiagudos ou que gerem crescimento lento, sendo mais comum em
obstruções intestinais). cães do que em gatos. Causa tipicamente
um espessamento intestinal difuso ou
NEOPLASIA INTESTINAL lesões circunferenciais e focais em forma
É uma condição onde os tumores surgem de massa.
de uma das camadas da parede intestinal,
das suas glândulas ou de células ou vasos SINAIS CLÍNICOS:
linfáticos associados. Perda de peso e vômitos causados por
A maioria dos tumores intestinais são obstrução intestinal.
malignos, podendo causar obstrução
mecânica intramural ou intraluminal. Leiomiossarcoma
Invadem mais geralmente a camada É um tumor do tecido conjuntivo que
muscular, causando o comprometimento do normalmente formam uma massa distinta e
são encontrados principalmente no
Afecções do sistema gastrointestinal
intestino delgado e estômago de cães gastroenterites não específicas, enterites
idosos. de causa viral ou bacteriana, massas
intraluminais, parasitismo intestinal,
SINAIS CLÍNICOS: neoplasia e cirurgia abdominal prévia.
Hemorragia intestinal, anemia por Pode ocorrer em mais de um lugar e, às
deficiência de ferro e obstrução. vezes, podem ocorrer duas invaginações no
mesmo lugar.
DIAGNÓSTICO: Ocorrem mais comumente em cães, em
Histórico do paciente, exame físico especial os da raça Pastor Alemão, mas
(podendo ser notada massa firme também ocorre em gatos, principalmente os
abdominal), diagnóstico de imagem siameses. Há maior prevalência nos animais
(ultrassonografia abdominal, raio x e jovens.
endoscopia) e laboratorial (punção
aspirativa por agulha). SINAIS CLÍNICOS:
Diagnóstico diferencial: corpo estranho, Inicialmente, a invaginação causa obstrução
intussuscepção, torção intestinal, adesões, intestinal parcial, podendo progredir para
estenoses, abscessos, granulomas, uma uma obstrução completa.
hematomas ou malformações congênitas. Os sinais clínicos são inespecíficos e
diversos, como anorexia, depressão,
TRATAMENTO: letargia, perda de peso, êmese, diarreia
A quimioterapia pode ser paliativa para hemorrágica ou não, distensão e algia
alguns pacientes. Tratamento cirúrgico: a abdominal, e prolapso retal.
ressecção cirúrgica é o tratamento de
escolha para os tumores intestinais. DIAGNÓSTICO:
Histórico do animal, exame físico (palpação,
INTUSSUSCEPÇÃO sendo possível notar uma massa em forma
É a invaginação de um segmento intestinal de salsicha), diagnóstico por imagem (raio x
para dentro do lúmen de um segmento e ultrassonografia), colonoscopia e exames
adjacente. laboratoriais.
As intussuscepções ileocólicas e Diagnóstico diferencial: intussuscepção,
jejunojejunal são as mais comuns. torção intestinal, encarceramento
Geralmente está associada à enterite ou intestinal, adesões, estenoses, abscessos,
doenças sistêmicas, também podendo ser granulomas, hematomas, tumores ou
causada pela ingestão de corpos estranhos malformações congênitas.
lineares, ingestão de ossos,
Afecções do sistema gastrointestinal
TRATAMENTO: TRATAMENTO:
É cirúrgico e de emergência, onde faz-se O tratamento é difícil. Faz-se a
celiotomia exploratória, reduzindo combinação de antimicóticos sistêmicos, a
manualmente ou fazendo a ressecção e cirurgia e a imunoterapia.
anastomose da parte do intestino que foi Tratamento cirúrgico: excisão cirúrgica
afetada. radical.
O prognóstico irá depender da causa, A utilização de agentes antifúngicos não é
localização, grau de preenchimento e eficaz.
duração da intussuscepção. O prognóstico é ruim a menos que a lesão
possa ser completamente excisada.
PITIOSE
A enterite é uma inflamação do intestino, VÓLVULO E TORÇÃO INTESTINAL
decorrente da infecção pelo oomiceto O vólvulo intestinal é a torção do intestino
Pythium insidiosum. Outras causas da que provoca obstrução.
inflamação incluem a doença inflamatória Já a torção intestinal é a torção dos
do intestino e infecções fúngicas. intestinos sobre a raiz do mesentério.
Ocorre com mais frequência em cães A ocorrência é incomum em pequenos
machos de raças grandes, sendo rara a animais, entretanto, a taxa de mortalidade é
ocorrência em gatos. elevada.
Ocorre principalmente em cães de grande
SINAIS CLÍNICOS: porte, em especial os da raça Pastor
Inapetência, hipertermia, vômitos, anorexia alemão.
crônica, disfagia, regurgitação, perda de Os intestinos se torcem em torno da raiz
peso, tenesmo, diarreia (às vezes do mesentério, causando comprometimento
sanguinolenta) e presença de massas vascular grave.
nodulares à palpação abdominal.
SINAIS CLÍNICOS:
DIAGNÓSTICO: Pode-se notar aparecimento súbito de
Histórico do animal, diagnóstico por náuseas, ânsias de vômito, vômitos, dor
imagem (raio x e ultrassom), endoscopia e abdominal e depressão. Diarreia
exames laboratoriais. sanguinolenta pode ou não ocorrer. A
Diagnóstico diferencial: intussuscepção, distensão abdominal não é tão evidente
neoplasia, obstrução intestinal, lesões como em animais com dilatação ou vólvulo
fúngicas e enterite regional. gástrico (DVG).
Afecções do sistema gastrointestinal
DIAGNÓSTICO: diminuição na absorção de sódio, cloreto e
Histórico do animal (atividade vigorosa, água.
indiscrição alimentar ou trauma, cirurgia Há dois tipos de colite em cachorro: a
gastrointestinal recente), exame físico, aguda, que é repentina e de curta duração;
diagnóstico de imagem (raio x e ultrassom) e a crônica, que se repete ou se estende
e exames laboratoriais. por dias ou semanas.
Na suspeita de vólvulo mesentérico, é Afeta principalmente boxers e buldogues
indicado laparotomia exploratória. franceses.
Diagnóstico diferencial: dilatação
vólvulo-gástrica, vólvulo cecocólico, SINAIS CLÍNICOS:
torção e ruptura do baço, íleo fisiológico, Diarreia, constipação, tenesmo,
obstrução mecânica, trauma abdominal e hematoquezia, disquesia e/ou depressão,
peritonite. perda de peso.

TRATAMENTO: DIAGNÓSTICO:
A cirurgia imediata é necessária. Os Histórico do animal, exame físico,
intestinos devem ser devidamente diagnóstico de imagem (raio x e ultrassom)
reposicionados e o intestino desvitalizado e exames laboratoriais.
deve ser resseccionado. Diagnóstico diferencial: alergia ou
O prognóstico é extremamente ruim, pois a intolerância alimentar, neoplasia, Trichuris,
maioria dos animais morre, apesar dos Trichomonas, histoplasmose, prototecose,
grandes esforços. pitiose, colite clostridiana, vírus da
Os animais que vivem podem desenvolver imunodeficiência felina (FIV) vírus da
síndrome do intestino curto, nos casos em leucemia felina (FeLV), síndrome do
que a ressecção intestinal maciça foi intestino irritável (ou seja, a doença
necessária. responsiva à fibra) e intussuscepção
ileocólico ou cecocólico.
COLITE
É uma inflamação do cólon, causada por TRATAMENTO:
uma variedade de organismos, dietas e Na fase aguda, a terapia é inicialmente
síndromes. sintomática, com jejum de 24 a 48 horas e,
Há interrupção da secreção normal e as em seguida, uma dieta branda, de fácil
funções de absorção no cólon, causando o digestão, com pouca gordura e não
aumento da secreção de líquido e alérgicos.
Afecções do sistema gastrointestinal
Pacientes com doença crônica primeiro TRATAMENTO:
devem receber doses terapêuticas de A constipação é difícil de tratar.
anti-helmínticos, dietas hipoalergênicas, As fezes impactadas devem ser removidas.
dietas suplementadas de fibra, Tratamentos múltiplos com enemas de
metronidazol e/ou antibióticos eficazes retenção e limpeza com água morna por 2 a
contra Clostridium spp. 4 dias geralmente apresentam um bom
Tratamento cirúrgico: a biópsia e a resultado.
colectomia podem ser indicadas em animais Uma futura impactação fecal é prevenida
acometidos. adicionando-se fibras à dieta úmida,
certificando-se de que as liteiras sempre
MEGACÓLON estejam limpas e em número adequado,
É o termo utilizado para explicar o aumento utilizando-se de laxantes osmóticos
do diâmetro do intestino grosso (lactulose) e/ou medicações pró-cinéticas
persistente e a hipomotilidade associados à (cisaprida).
constipação intestinal grave. Tratamento cirúrgico: remoção de todo o
Possui causa desconhecida, podendo ser cólon, exceto um segmento distal curto
causado por problemas comportamentais necessário para restabelecer a
(defecação difícil ou pouco frequente com a continuidade intestinal. Gatos
passagem do material fecal excessivamente normalmente apresentam fezes moles por
duro e seco) ou alterações dos algumas semanas no pós-operatório, antes
neurotransmissores colônicos. de recuperar a consistência normal e, em
É mais comum a ocorrência em gatos. alguns casos, para o resto de suas vidas.

SINAIS CLÍNICOS:
Constipação, depressão, anorexia,
tenesmo, fraqueza, letargia, vômito, perda
de peso, diarreia aquosa, mucosa e
sanguinolenta.

DIAGNÓSTICO:
Histórico do animal + sinais clínicos, exame
físico, diagnóstico por imagem (raio x).
Diagnóstico diferencial: causas congênitas,
obstrutivas, neurológicas e sistêmicas do
megacólon.
Afecções do sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular é composto por: A doença é rara em felinos, podendo
coração e vasos sanguíneos (artérias, veias ocorrer pela falta de taurina na dieta ou em
e capilares). caso de hipertireoidismo.

MIOCARDIOPATIA DILATADA ETIOLOGIA


É uma doença primária, idiopática ou Idiopática, cardiotoxinas (Doxorrubicina),
genética que afeta o miocárdio, sendo deficiência nutricional (taurina e
caracterizada pela dilatação das câmaras L-carnitina), taquiarritmias, fatores
ventriculares e disfunção sistólica. genéticos, doenças miocárdicas infecciosas,
inflamatórias, isquêmicas, além de
anormalidades imunológicas e distúrbios
metabólicos.

SINAIS CLÍNICOS
Fraqueza, letargia, taquipneia, dispneia,
tosse, anorexia, ascite, síncope,
intolerância a exercícios, caquexia cardíaca,
Os animais acometidos apresentam
sons cardíacos abafados, sopros sistólicos,
diminuição da contratilidade ventricular
pulso fraco e rápido.
(disfunção sistólica) pelo comprometimento
do músculo cardíaco, com consequente
DIAGNÓSTICO
diminuição no bombeamento sistólica e no
- Radiografia torácica;
débito cardíaco, resultando em aumento do
- Eletrocardiograma;
volume e diâmetro sistólica final (dilatação
- Ecocardiograma (fecha o diagnóstico).
do miocárdio).

TRATAMENTO
PATOGENIA
Na maioria dos casos, a cardiomiopatia
Acomete principalmente animais grandes e
dilatada em cães não apresenta cura ou
gigantes, com idade média de 5 a 7 anos e
regressão significativa da condição.
machos. As raças mais acometidas são:
Os animais que são diagnosticados com
Doberman, Boxer, Fila brasileiro, São
essa patologia devem ser tratados com o
Bernardo, Terra Nova, Mastim Napolitano,
objetivo de corrigir os distúrbios causados
Cocker Spaniel, Dinamarquês e
pela condição e a fim de proporcionar:
Wolfhound irlandês.
Afecções do sistema cardiovascular
- Aumento da força de contração do Devon red, pelo longo americano, pelo
músculo do coração; curto britânico e pelo curto americano.
- Diminuição do acúmulo de sangue nos Os felinos machos, jovens ou idosos são os
pulmões; mais acometidos, sendo de maior incidência
- Alívio do desconforto; entre 5 a 7 anos.
- Melhoria da qualidade de vida; A doença é rara em cães.
- Mais tempo de sobrevida.
SINAIS CLÍNICOS
MIOCARDIOPATIA hipertrófica Taquipneia, intolerância ao exercício,
É uma doença cardíaca mais comum em dispneia, tosse, anorexia e letargia, sopros
felinos e é caracterizada por hipertrofia do sistólicos e ritmo de galope na diástole,
ventrículo esquerdo, podendo ser primária arritmias cardíacas, pulso forte e ausência
(idiopática) ou secundária, sendo resultado de pulso em casos de tromboembolismo que
de doenças primárias (hipertireoidismo, pode aparecer em qualquer doença.
hipertensão sistêmica e estenose
subaórtica). DIAGNÓSTICO
- Radiografia torácica;
- Eletrocardiograma;
- Ecocardiograma.
=> Diagnóstico diferencial para as
principais causas de cardiomiopatia
hipertrófica secundária: hipertireoidismo,
hipertensão sistêmica e estenose
Os animais afetados apresentam subatórtica.
espessamento da parede ventricular
esquerda (hipertrofia miocárdica TRATAMENTO
concêntricos), com diminuição da cavidade O objetivo do tratamento é permitir o
do ventrículo esquerdo, redução da preenchimento ventricular, diminuir os
distensibilidade da parede ventricular sinais da congestão, controlar arritmias,
esquerda e áreas de fibrose no endocárdio. minimizar isquemia miocárdica e prevenir o
tromboembolismo. Em animais sintomáticos
ETIOLOGIA e com risco de formação de trombos ou
A doença tem maior incidência em animais insuficiência cardíaca congestiva, o uso de
de raça pura, como Ragdolls, Maine coon, betabloqueadores, diuréticos, inibidores da
Himalaia, Birmanesa, Sphynx, Persa, ECA e medicações antitrombóticas devem
Afecções do sistema cardiovascular
ser empregados. Além da intervenção os membros posteriores, resultando em
farmacológica, devem-se minimizar as paralisia, dor intensa e outras
situações de estresse e o nível de atividade complicações.
dos animais acometidos. Para a prevenção
de tromboembolismo é recomendado o uso
de bissulfato de clopidogrel.

Tromboembolismo arterial
É decorrente das cardiomiopatias felinas.
O tromboembolismo aórtico felino (TAF) é
uma enfermidade grave, de etiologia
multifatorial, que afeta os gatos.
Geralmente, o problema está associado a SINAIS CLÍNICOS
uma cardiopatia pré existente, mas pode Agudos: dependem da área embolizada,
ocorrer em animais com déficit de extensão e duração.
coagulação. Dispneia, taquipneia, sopro cardíaco ou
Acomete principalmente animais machos de arritmia, anorexia, letargia/fraqueza, sons
meia idade. de galope e efusões.
Em felinos com tromboembolismo arterial
(TEA), a formação das massas ocorre
devido a alterações nos fatores de
coagulação sanguíneos, estase circulatória
e lesões nos endotélios vasculares e de
tecidos. A ocorrência de TEA em felinos
está correlacionada com cardiomiopatias e
apresenta alta morbidade e mortalidade.

ETIOLOGIA
Há formação de um coágulo sanguíneo no
coração do animal acometido, que se
desprende e se desloca rumo a artéria
aorta abdominal. O trombo formado, então,
aloja-se na parte mais estreita da
bifurcação da aorta, na região da pelve,
impedindo o fluxo sanguíneo adequado para
Afecções do sistema cardiovascular
DIAGNÓSTICO nas quais o acometimento de outros
- Exame físico: paraparesia/paraplegia, sistemas orgânicos pode ocultar o
extremidades frias, ausência de pulso envolvimento cardíaco. Raramente o
femoral, dor de início agudo; coração é a localização primária da
- Ecocardiograma (fecha o diagnóstico). infecção nos animais afetados.
=> Diagnóstico diferencial: neoplasias, Mecanismos: invasão direta dos agentes
traumas, DDIV, neuropatia diabética e infecciosos, toxinas e respostas imunes do
miastenia gravis. hospedeiro.
Começa com arritmias cardíacas
TRATAMENTO persistentes e piora progressiva na função
- Suporte: do miocárdio com sinais de insuficiência
Analgésicos (butorfanol, morfina) cardíaca congestiva (ICC).
Monitorar desidratação Agentes:
Função renal e eletrólitos Virais: parvovírus canino, vírus da
- Medicamentoso: cinomose e da panleucopenia felina.
Bacterianas: Bartonella vinsonii, Borrelia
burgdorferi, Ehrlichia canis, Rickettsia
rickettsii. - E. canis: não há tantos relatos.
Fúngicas: Aspergillus, Cryptococcus,
histoplasma.
Parasitárias: Toxoplasma gondii,
=> O prognóstico depende do estágio em
histoplasma.
que o animal se encontra, quanto tempo
está acometido (reservado a desfavorável).
TRANSMISSÃO
A via de transmissão depende do agente
PREVENÇÃO
etiológico da miocardite, podendo ser:
- Antiagregador plaquetário: ácido
-Idiopática;
acetilsalicílico;
-Transplacentária;
- Anticoagulantes: heparina não
-Transfusão sanguínea;
fracionada/varfarina.
-Fezes;
-Picada de artrópodes;
Miocardite
-Fômites;
É uma doença inflamatória que geralmente
-Congênita.
resulta de infecções disseminadas, por via
hematógena (sangue), ao miocárdio,
ocorrendo em diversas doenças sistêmicas
Afecções do sistema cardiovascular
FASES Doenças valvares e endocárdicas adquiridas
Aguda: parasitemia intensa, inflamação do
miocárdio Endocardiose
Latência: diminui a parasitemia Também conhecida como degeneração
Crônica: fibrose - cardiomiopatia dilatada mixomatosa valvar, degeneração valvular
mucosidade, doença degenerativa crônica
SINAIS CLÍNICOS ou fibrose valvular crônica, é a doença
Sinais inespecíficos (isolados ou em cardiopatia valvar adquirida mais comum em
conjunto): cães.
-Apatia; Cerca de 70% dos casos ocorrem na válvula mitral.
-Arritmia;
-Dispneia;
ETIOLOGIA
-Letargia; A enfermidade acomete cães de todas as
-Perda de peso; raças, mas há maior prevalência em animais
-Pirexia; de pequeno porte de meia idade a idosos,
-Síncope; em especial os da raça Poodle, Yorkshire,
-Sopro; Spitz-alemão-anão, Chihuahua e Cavalier
-Morte súbita. King Charles Spaniel, este último
Lado direito: pulso jugular positivo, efusão apresentando sinais clínicos mais
pleural e pericárdica, ascite; precocemente.
Evolução para o lado esquerdo: edema Lesões: nódulos valvares, coalescência e
pulmonar. distorção valvar, espessamento de folhetos
e regurgitação (baixo débito cardíaco)
DIAGNÓSTICO A endocardiose é caracterizada pela
- Esfregaço na fase aguda (só acha o desorganização estrutural dos
parasito no esfregaço sanguíneo na fase componentes da valva mitral, dilatação
aguda); anular e fraqueza das cordoalhas
- Sorologia na fase latente; tendíneas. Causa aumento no átrio
- PCR. esquerdo e volume circulante.

TRATAMENTO
Aguda: benzimidazol e alopurinol;
Crônica: sem tratamento.
Afecções do sistema cardiovascular
O tratamento clínico para animais
acometidos tem como objetivo a melhora
dos sinais clínicos provocados pela
insuficiência cardíaca, sendo, portanto,
paliativos.
Para o manejo terapêutico adequado dos
cães com a enfermidade, há uma
classificação de acordo com a fase da
doença, levando em consideração,
principalmente, a ocorrência de sinais
clínicos inerentes ao sistema

SINAIS CLÍNICOS cardiovascular, ou mesmo a possibilidade de


- Tosse; desenvolver a doença.
- Perda de apetite;
- Letargia;
- Fadiga;
- Mucosas pálidas;
- Tempo de perfusão capilar acima de 2
segundos;
- Cianose.
A recomendação para animais que se
DIAGNÓSTICO encontram no estágio A, é a realização de
- Exame clínico: auscultação pulmonar no avaliação regular, sem tratamento
ápice cardíaco esquerdo (presença de farmacológico ou nutricional.
sopro); Já para aqueles que se encontram no
- Radiografia torácica (nota-se o aumento estágio B, a radiografia de tórax é
da silhueta do coração); recomendada para avaliar a significância
- Eletrocardiograma; hemodinâmica do sopro e também para
- Ecocardiograma; obter a linha base das radiografias
- PA (póstero anterior). torácicas, uma vez que o paciente é
assintomático para a doença.
TRATAMENTO Especificamente para o estágio B1, não é
A endocardiose é uma doença incurável e recomendado o uso de fármacos ou terapia
progressiva. nutricional, já para estágio B2, pelo
consenso de 2019, é recomendado o uso de
Afecções do sistema cardiovascular
pimobendan e inibidores da enzima pacientes com acúmulo de fluidos
conversora da angiotensina. refratário.
Para pacientes que se encontram no No caso de uma opção cirúrgica para o
estágio C, a recomendação é a tratamento, a plastia mitral é a cirurgia de
administração de diurético, furosemida escolha.
(com a dosagem relacionada à gravidade
dos sinais clínicos), sendo também Endocardite
recomendado o tratamento com inibidores É uma doença sistêmica causada por
da enzima conversora da angiotensina para colonização bacteriana, ou mais raramente
cães com insuficiência cardíaca aguda. A fúngica, do endocárdio valvar e/ou mural de
espironolactona, foi recomendada pela baixa prevalência em cães é rara em gatos.
maioria dos membros do painel como um
adjuvante para a terapia crônica em cães
no estágio C. O objetivo primário deste
fármaco nesta situação é de ser um
antagonista da aldosterona, funcionando
assim como um cardioprotetor.
Outro fármaco mais recentemente
estudado é o pimobendan, um inotrópico
oral com propriedade de inibição seletiva da ETIOLOGIA
fosfodiesterase 3 e efeitos de A enfermidade acomete principalmente
sensibilização de cálcio que aumenta a cães machos de médio a grande porte, de
contratilidade ventricular e reduz a meia idade a idosos. As raças mais
pré-carga e pós-carga em pacientes com predispostas são Pastor alemão, Boxer,
insuficiência cardíaca avançada. Rottweiler, Golden, Labrador Retriever,
As mesmas etapas descritas para o estágio Setter irlandês e Dogue alemão.
C são recomendadas para os pacientes no
estágio D, com o uso de diurético e PATOGENIA
inibidores da enzima conversora da É necessário que haja um quadro de
angiotensina junto a uma baixa dosagem de bacteremia, persistente ou transitório, para
vasodilatadores e inodilatador, que ocorra a infecção do endocárdio.
observando-se a importância do Os principais patógenos envolvidos são
acompanhamento nutricional, com atenção Streptococcus sp., Staphylococcus sp.,
a diminuição na ingestão de sódio em Escherichia coli, Corynebacterium sp.,
Pasteurella sp., Pseudomonas aeruginosa,
Erysipelothrixrhusiopathiae, Bartonella
Afecções do sistema cardiovascular
vinsonii subsp. Berkoffi, Bartonella e pulso fraco podem ser devido à
henselae, Bartonella clarridgeiae, Proteus insuficiência cardíaca. Já a apresentação ao
spp. exame físico de pulso arterial femoral
Na maioria das vezes, a lesão é decorrente desigual ou ausente, frieza e cianose de
da colonização das válvulas cardíacas por extremidades são observados nos casos de
bactérias. Contudo, há relatos de infecções tromboembolismo.
por fungos, riquétsias e clamídias.
Bacteremia -> Colonização bacteriana ->
Ulceração end. valvular -> Exposição do DIAGNÓSTICO
colágeno subendotelial -> Agregação - Histórico ;
plaquetária -> Cascata de coagulação ->
- Hemograma;
Inflamação valvular -> Deformação valvular
-> Insuficiência valvular. - Cultura + antibiograma;
- Ecocardiograma.
SINAIS CLÍNICOS
Tendem a ser inespecíficos, variando TRATAMENTO
conforme os quadros subagudos, agudos ou A terapia envolve a administração de
crônicos da doença, sendo as principais antibióticos em doses altas e a longo prazo.
consequências a insuficiência cardíaca Utiliza penicilina, ampicilina, cefalotina,
congestiva, tromboembolismo, arritmias e gentamicina.
óbito.
Em quadros subagudos, os sinais clínicos Doenças do pericárdio
mais comumente observados são:
claudicação, inapetência, dispneia, síncope e Derrame pericárdico
intolerância ao exercício. Em quadros É a afecção pericárdica mais comum em
agudos e crônicos, os sinais clínicos de cães e gatos, consistindo na acumulação
sepse são os mais proeminentes, como: excessiva de líquido no espaço pericárdico.
pirexia e choque. O sopro à ausculta Em cães, predominam os derrames
cardíaca pode ser indicativo de endocardite sanguinolentos de origem neoplásica ou de
valvar, contudo não é um achado origem idiopática. O derrame pericárdico
patognomônico da doença, podendo estar de etiologia neoplásica está associado a um
relacionado à insuficiência das valvas por mau prognóstico, contrariamente à
outras afecções como degeneração pericardite idiopática.
mixomatosa valvar, doenças congênitas, Em gatos, a principal causa de derrame
cardiomiopatias ou alterações físicas. pericárdico é a insuficiência cardíaca
Tosse, dispneia, sons pulmonares anormais, congestiva.
síncope, cianose, ascite, edema de membros
Afecções do sistema cardiovascular
A neoplasia cardíaca mais comum em cães TRATAMENTO
é o hemagiossarcoma. Em gatos, é o - Diuréticos (se houver a presença de
linfoma. exsudatos);
Classificação: - Hipoalbuminemia (repor e tto IH);
• Transudato: Líquido claro, pouca - Exudato (ATB);
celularidade, baixa densidade, normalmente - Pericardiocentese.
por IC, hipoalbuminemia, insuficiência do => Prognóstico: variável. Se houver
lado direto do coração causa derrame no recidiva, o prognóstico é desfavorável.
pericárdio;
• Exsudato: pericardite, densidade maior,
mais celularidade, mais viscoso, pode ter
caráter hemorrágico;
• Hemorrágico: cor avermelhada. Cito:
hemácias, células tumorais.
Acomete principalmente animais idosos.

SINAIS CLÍNICOS
- Fraqueza;
- Dispneia;
- Ascite;
- Hepatomegalia;
- Derrame pleural;
- Colapso;
- Morte súbita.

DIAGNÓSTICO
- Sons cardíacos abafados;
- Distensão de jugular;
- Hipotensão arterial;
- Raio X;
- Ecocardiograma;
- Atb + cult - se suspeita de infeção
bacteriana, pesquisa de clas tumorais,
pericardiectomia.
Afecções e cirurgia da orelha
ORELHA Caracterizam-se pelo processo
A orelha é um órgão vestibulococlear, inflamatório, infeccioso e/ou parasitário
desempenhando função de audição e das orelhas de cães e gatos.
equilíbrio. A maioria das otites é secundária a
inúmeras doenças ou condições
preexistentes como alergopatias, distúrbios
endócrinos, pólipos, neoplasias, parasitos
ou corpos estranhos. É comum que causas
perpetuantes como as infecções ocorram,
piorando o quadro clínico do paciente.
Animais que ficam em contato constante
com ambientes muito úmidos ou que nadem
Divisão:
frequentemente, também podem estar
=> Orelha externa: composta pelo pavilhão
predispostos, pois a umidade excessiva
auricular e seus ramos vertical e
causa a maceração do estrato córneo e
horizontal. Vai do pavilhão auricular até a
estimula as glândulas ceruminosas, o que
membrana timpânica. Possui folículos
pode levar ao desencadeamento do quadro.
pilosos, glândulas sebáceas e ceruminosas.
Além disso, a higienização incorreta ou uso
=> Orelha média: é um pequeno espaço
de produtos inadequados podem causar
cheio de ar, conhecida como cavidade
processos inflamatórios da orelha interna e
timpânica e está inserida no osso temporal.
externa.
Nesse espaço, também é possível
encontrar a membrana timpânica, os
CLASSIFICAÇÃO DAS OTITES
ossículos auditivos e a tuba auditiva.
Lateral: uni ou bilateral;
=> Orelha interna: constituída do labirinto
Evolução: aguda, crônica ou crônica
ósseo, onde estão os canais semicirculares,
recidivante;
a cóclea e o nervo coclear e o labirinto
Localização: externa, média ou interna.
membranáceo.

OTITE Importante
A otite é uma inflamação no ouvido, mais A idade de maior predisposição vai variar
comum nos cães do que nos gatos. As de acordo com alguns fatores como a
raças de cães mais acometidas são as que etiologia da otite ou a raça do cão
possuem orelhas longas, como Cocker acometido. Otites externas são mais
Spaniel, Cocker Americano, Basset Hound comuns em cães, enquanto as otites médias
e Golden Retriever. ocorrem com maior frequência nos felinos.
Afecções e cirurgia da orelha
MICROBIOTA NORMAL A utilização de alguns fármacos quando há lesão no conduto auditivo causa
Bactérias: lesão vestibular.
Staphylococcus sp. Fatores perpetuantes:
Streptococcus sp. - Bactérias;
Leveduras: - Fungos;
Malassezia pachydermatis (principal - Alterações proliferativas no interior dos
causadora de otite de origem tópica). canais;
- Otite média;
Em condições de trauma, endocrinopatias, - Hipersensibilidade por contato.
imunossupressão, alergia ou presença de
parasitos, vai ocorrer quebra da simbiose, Otite ceruminosa
com crescimento de microrganismos É caracterizada pela produção excessiva
oportunistas e desencadear a otite. de cerúmen e o paciente pode apresentar
graus variados de inflamação e prurido,
OTITE EXTERNA além de infecções secundárias.
Etiologia A principal causa da otite ceruminosa é a
Fatores primários: otoacaríase que é desencadeada mais
- Corpo estranho; frequentemente pelo parasitismo por
- Hipersensibilidade (de contato, atopia, Otodectes cynotis e, eventualmente por
alimentar); ácaros do gênero Demodex. A presença
- Presença de ectoparasitos (Otodectes dos ácaros no meato acústico em sua
cynotis); superfície ou dentro dos folículos pilosos,
- Distúrbios de queratinização; respectivamente, gera um processo
- Afecções imunomediadas; inflamatório que resulta no aumento da
- Malassezia pachydermatis. produção de cerúmen. Fatores anatômicos
ou relacionados a padrões raciais também
Fatores predisponentes: podem gerar otite ceruminosa. Raças como
- Anatômico: orelhas pendulosas, grande Cocker Spaniel e o Persa podem
número de glândulas seruminosas, pelagem apresentar distúrbios seborreicos
densa no conduto auditivo, condutos primários. Eles proporcionam maior
estenosados. produção de cerúmen que pode predispor a
- Irritação iatrogênica; orelha a otorreia e infecções secundárias,
- Afecção otológica obstrutiva; principalmente por Malassezia
- Doença sistêmica (imunossupressão). pachydermatis.
Afecções e cirurgia da orelha
O excesso de cerúmen precisa ser Otite bacteriana
removido e a melhor opção terapêutica são É caracterizada pela presença de pus
os produtos otológicos ceruminolíticos que visível no conduto auditivo que, em geral, é
devem ser utilizados com frequência até a o resultado da proliferação bacteriana
melhora clínica e o tratamento específico oriunda da não resolução de otites
para otoacaríase também deve ser ceruminosas ou eczematosas.
preconizado quando for diagnosticada. É um quadro grave que cursa com dor,
erosões ou ulcerações na epiderme do
meato acústico. Há possibilidade de
comprometimento do tímpano, podendo
favorecer o estabelecimento de otite
média.
Os condutos auditivos de cães normais
contêm pouca quantidade de bactérias.
Otite eczematosa Muitas delas são patogênicas e colonizam a
Pacientes caninos podem apresentar orelha quando as condições se alteram.
eczema na face interna do pavilhão
auricular e eritema ao longo do conduto
auditivo, caracterizando uma otite
eczematosa. Poderá haver excesso de
cerúmen e supercrescimento de
Staphylococcus e/ou M. pachydermatis.
É a otite mais comum na rotina
dermatológica, sendo as dermatites Otite hiperplásica e estenosante
alérgicas apontadas como as mais É a consequência de uma cronificação
importantes causas desse tipo de otite e a acentuada ou ao insucesso de terapias
estabilização do quadro alérgico e o exaustivas sem correção das causas
controle das infecções secundárias são primárias, possivelmente alérgicas.
imprescindíveis para o sucesso da terapia Clinicamente, a face interna do pavilhão
ótica. auricular e/ou meato acústico
demonstram-se edemaciados,
liquenificados e a melanose por existir.
Muitas vezes não é possível realizar a
inspeção através da otoscopia pelo
estreitamento do conduto auditivo.
Afecções e cirurgia da orelha
Dependendo da gravidade, poderá haver DIAGNÓSTICO
calcificação e, muitas vezes, a ablação - Sinais clínicos + anamnese;
cirúrgica parcial ou total é recomendada. - Exame otológico;
- Exame dermatológico;
- Exame citológico;
- Cultura + antibiograma;
- Raio x do crânio.

TRATAMENTO
Objetivo:
- Remoção do exsudato , enzimas e toxinas
SINAIS CLÍNICOS
bacterianas;
- Meneios cefálicos;
- Redução do processo inflamatório;
- Dor ótica ou prurido na orelha;
- Maior eficácia dos medicamentos
- Secreção;
tópicos.
- Odor;
- Coceira constante;
Para um tratamento efetivo a identificação do agente primário causador
- Irritabilidade.
da doença é extremamente importante.

Utiliza terapia tópica.


Ceruminolíticos: fluidifica o cerúmen,
facilita a retirada e restabelece a migração
epitelial.

Antibioticoterapia: 3 semanas
- Neomicina, gentamicina (em casos de
Staphylococcus spp, Streptococcus spp e
Enterococcus spp).
- Gentamicina, amicacina, tobramicina,
enrofloxacina (em caso de Pseudomonas
spp e Proteus spp).
Anti-inflamatórios: 2 semanas
- Fluocinolona, betametasona,
dexametasona, hidrocortisona, prednisona.
Antifúngicos: mínimo 4 semanas
Afecções e cirurgia da orelha
- Nistatina, miconazol, itraconazol, haver sinais neurológicos que incluem
cetoconazol (em caso de Malassezia spp e inclinação da cabeça, ataxia, nistagmo,
Candida spp). síndrome de Horner e paralisia de nervo
facial.
=> As apresentações otológicas Pode haver dor óptica, tumefação ou
apresentam em sua maioria antibiótico, estenose do canal auricular
anti-inflamatório e antifúngico. (linfadenomegalia localizada).
=> O tratamento é realizado SID ou BID,
durante 15 a 30 dias.
=> Lavagem ótica: utiliza solução
fisiológica morna (clorexidina 2% ou água
oxigenada).
A utilização de solução gelada causa nistagmo.

otite média
É a inflamação dentro dos limites da orelha
média e na imensa maioria dos casos,
resulta de uma extensão da otite externa
do que de uma via ascendente. Os felinos
podem desenvolver otite média por via
ascendente decorrente da formação de
pólipos inflamatórios orofaríngeos ou
doenças respiratórias crônicas. Em geral, a
DIAGNÓSTICO
bula timpânica fica repleta por pus.
- Histórico clínico;
Há perda da integridade parcial ou total da
- Exame físico;
membrana timpânica.
- Otoscopia;
Agentes: Pseudomonas, Staphylococcus
- Citologia;
intermedius, Proteus, Escherichia coli,
- Cultura e antibiograma;
Malassezia pachydermatis, Streptococcus
- Raio x;
B- hemolítico, Candida, Corynebacterium,
- Tomografia.
Enterococcus, Aspergillus.

TRATAMENTO
SINAIS CLÍNICOS - Acessar a orelha média;
Os mais frequentes são aqueles
- Citologia e cultura;
relacionados à otite externa, mas poderá
Afecções e cirurgia da orelha
- Lavagem da bula timpânica (utilizando otite interna
solução fisiológica morna); É uma doença inflamatória do conduto
- Infusão de drogas tópicas dentro da bula auditivo de cães e gatos.
timpânica: uso de antibióticos, Normalmente é uma extensão do processo
anti-inflamatórios e antifúngicos a fim de inflamatório/infeccioso da orelha média.
acelerar o processo de recuperação.
- Reduzir a inflamação com CAUSAS
anti-inflamatórios: - Ácaros;
Meloxicam 0,1 mg/kg, VO, SID, 4 a - Corpos estranhos;
7 dias; - Traumas;
Carprofeno 2,2 mg/kg, VO, BID ou - Pólipos e neoplasias;
4,4 mg/kg, VO, SID até 14 dias; - Iatrogênico;
Prednisona 0,5 a 1 mg/kg, VO, - Streptococcus sp, Proteu sp,
SID/BID por 1 a 2 semanas. Pseudomonas sp, pasteurella sp, E. coli;
- Administração de antibióticos tópicos e - Malassezia sp, Candida sp. Aspergillus
sistêmicos: sp.
Cefalexina 30mg/kg, VO, BID por
21 dias; SINAIS CLÍNICOS
Metronidazol 15 mg/kg, VO, BID A sintomatologia vai depender da extensão
por 10 a 15 dias; e da gravidade da infecção.
Sulfa + trimetoprim 15 mg/kg, VO, - Dor ao abrir a boca (relutância em
BID por 15 dias. mastigar);
=> Em caso de leveduras: - Meneios cefálicos;
Cetoconazol 5 mg/kg, VO, SID; - Head tilt;
Itraconazol, 5 mg/kg, VO, SID. - Alterações de equilíbrio (déficit
- Considerar intervenções cirúrgicas (em vestibular);
casos de otites refratárias, pólipos ou - Surdez;
quando há importante perda da anatomia. - Náusea e vômito;
Ablação do canal auditivo: retirada - Paralisia do nervo facial;
cirúrgica parcial ou completa das - Síndrome de Horner;
estruturas auditivas do pet no ouvido - Nistagmo;
acometido; - Estrabismo posicional.
Osteotomia da bula timpânica.
Afecções e cirurgia da orelha
Sulfa + Trimetoprim 15 mg/kg, VO,
BID por 15 dias.
AINES:
Meloxicam 0,1 mg/kg, VO, SID por
4 a 7 dias;
Carprofeno 2,2 mg/kg, VO, BID
por ou 4,4 mg/kg, VO, SID por até 14 dias.
Vestibulossedativos:
Meclizina 1-2 mg/kg, VO, SID por
3 a 5 dias.

COMPLICAÇÃO DA OTITE
Otohematoma
Também chamado de hematoma auricular, é
uma doença otológica que costuma
aparecer no pavilhão auricular de cães e
DIAGNÓSTICO gatos.
- Citologia; Trata-se de um inchaço e acúmulo de líquido
- Otoscopia convencional; inflamatório, sangue, coágulos ou outras
- Videotoscopia; secreções no espaço entre a pele e cartilagem
- Cultura; da orelha. Normalmente ocorre devido à
- Biópsia; ruptura de pequenos vasos no interior da
- Testes de susceptibilidade (antibiograma, orelha, devido a traumatismos ou
antifungigrama); chacoalhamento de cabeça por cães ou gatos.

- Raio x;
- Tomografia computadorizada; SINAIS CLÍNICOS
- Pneumotoscopia; - Meneio de cabeça;

- Ultrassonografia; - Prurido leve a intenso;

- Ressonância magnética. - Eritema;


- Dor;
- Hiporexia;
TRATAMENTO
Antibioticoterapia: - Otite interna, média e externa;
Cefalexina 30 mg/kg, VO, BID por - Tumefação da orelha.
21 dias;
Metronidazol 15 mg/kg, VO, BID
por 10 a 15 dias;
Afecções e cirurgia da orelha

DIAGNÓSTICO
- Histórico clínico;
- Meneios cefálicos;
- Prurido ótico intenso;
- Evidência do aumento do volume
auricular.

TRATAMENTO
- Investigar a causa base;
- Correção da causa;
- Cirurgia: técnica de incisão em “S”.
A drenagem do conteúdo também pode ser
feita, mas é preciso levar em conta em qual
estágio a afecção se encontra para que ela
seja associada ao tratamento da otite.
Outra técnica empreendida é a colocação
de drenos de silicone e revestimento de
borracha, porém não é muito satisfatória.
Isso porque ela possui riscos de formação
de seroma e deformação.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
COMPOSIÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO Deformidade facial: abscessos
O trato respiratório é composto por: dentários, neoplasias, criptococose);
SUPERIOR: focinho (narinas), cavidade Distúrbios do trato respiratório
nasal, faringe, laringe e traqueia. inferior: pneumonias,
INFERIOR: brônquios, bronquíolos, traqueobronquite.
pulmões e pleura.
Distúrbios da cavidade nasal

Complexo respiratório felino


O QUE É?
É uma doença multifatorial
infectocontagiosa que acomete o trato
superior dos felinos.
Acomete principalmente animais jovens,
SINAIS CLÍNICOS imunossuprimidos ou estressados, que
- Corrimento nasal: pode ser seroso, vivem em gatis ou em comunidades com
mucopurulento ou epistaxe (decorrente de muitos animais, em fracas condições
traumas, hemoparasitoses, distúrbios higieno-sanitárias e sem vacinas.
hemorrágicos e neoplasias);
- Espirros: ETIOLOGIA
Intermitente/ocasional: normal; - Herpesvírus (80% dos casos): atinge
Persistente/paroxístico: anormal; conjuntiva, mucosa, seios nasais e traqueia;
Causado pela presença de corpo - Calicivírus felino: atinge mucosa, palato e
estranho ou infecção do trato pulmões;
respiratório superior. - Chlamydophila felis: infecção ocular;
- Cianose; - Bordetella bronchiseptica;
- Tosse: - Bactérias secundárias.
Produtiva: doenças inflamatórias ou
infecciosas, hemoptiase (neoplasias TRANSMISSÃO
pulmonares, dirofilariose). - Contato direto;
Não produtiva: doença no trato - Contato indireto (secreções nasais,
respiratório superior (colapso de oculares, orais e fômites).
traqueia), inflamação das vias
aéreas, insuficiência cardíaca.
- Doenças sistêmicas: SINAIS CLÍNICOS
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
Respiratórios: espirros, tosse, corrimento - Cultura (bactérias) - feita através da
nasal, voz rouca, estridor respiratório. coleta de secreções.
Oculares: conjuntivite, queratite
(inflamação da córnea), corrimento ocular TRATAMENTO
transparente a purulento. - Melhorar o estado geral do paciente:
Orais: úlceras na boca, hipersalivação proporcionando-lhe um ambiente
(excesso de produção de saliva). confortável e aconchegante, e
Gerais: prostração, inapetência, febre, aliviando-lhe os sintomas através da
desidratação. utilização de expectorantes,
broncodilatadores, colírios oftálmicos,
soluções nasais, aerossóis e vaporizações;
- Antibióticos de amplo espectro;
- Suporte com hidratação e alimentação.
A utilização de acetilcisteína no inalador causa broncoespasmo nos gatos
(só pode ser administrada por via oral).
=> O prognóstico da doença é bom, exceto
em casos de FIV ou FeLV.

PREVENÇÃO
- Vacinação;
- Prevenção de ambientes estressantes;
- Reduzir a densidade populacional elevada
em alguns ambientes;
- Quarentena de animais novos;
- Manejo higiênico sanitário.

Criptococose
O QUE É?
É uma zoonose oportunista, causada pelo
DIAGNÓSTICO
fungo Cryptococcus neoformans,
- Anamnese;
encontrada em solos, frutos e vegetais em
- Exame físico;
decomposição. Causa comprometimento de
- Isolamento viral;
cavidade nasal, tecidos paranasal, pulmões,
- Sorologia;
SNC, olhos, cutâneo e outros órgãos.
- PCR;
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
O fungo é eliminado nas fezes das aves,
principalmente os pombos. As aves
dificilmente se infectam pelo fungo, na
maioria das vezes são apenas portadoras,
devido à alta concentração de nitrogênio
em suas fezes que favorece o
desenvolvimento e a manutenção fúngica
no solo.

TRANSMISSÃO
Inalação de partículas fecais dispersas no
ar ou de aves ressecadas que vão se
instalar na cavidade nasal. A infecção se
estende para os tecidos adjacentes e se
disseminam por via hematógena.
Atinge olhos, sistema nervoso, linfonodo,
pulmões e órgãos abdominais.
A criptococose está relacionada ao acometimento de pacientes
imunossuprimidos, já em pacientes saudáveis ela pode passar como
assintomática ou até autolimitante.

SINAIS CLÍNICOS
- Apatia e anorexia;
- Aumento do volume do nariz (“nariz de
palhaço”);
- Espirros; DIAGNÓSTICO
- Secreção nasal (mucopurulenta ou - Anamnese;
hemorrágica); - Sinais clínicos;
- Úlceras e áreas enrijecidas; - Citologia (aspirados de massas cutâneas,
- Alterações neurológicas; líquido cerebroespinhal e secreção nasal);
- Alterações oftálmicas; - Cultura fúngica;
- Otite média; - Histopatologia.
- Dispneia inspiratória.
TRATAMENTO
- Fluconazol (SID/BID);
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
- Itraconazol (SID); I. Narinas: a estenose de narinas é uma
- Cetoconazol (tratamento de 6 a 8 alteração comum e facilmente observada
meses/BID); durante a inspeção.
- Anfotericina B (3x por semana/via IV); A entrada da cavidade nasal dos
- Flucitosina (tratamento de 1 a 9 meses, braquicefálicos é uma pequena fenda, tanto
TID ou QID). vertical quanto horizontal.
O tratamento é longo e caro.

Distúrbios da faringe e da laringe

Síndrome dos braquicefálicos


O QUE É?
É caracterizada por um conjunto de
II. Cavidade nasal: a cavidade nasal é
alterações anatômicas e congênitas das
pequena demais para suas estruturas. As
vias aéreas superiores, causada por uma
conchas nasais possuem malformações e se
seleção de animais com o focinho cada vez
desenvolvem de forma aberrante nos
mais curto.
espaços de condução do ar, levando a uma
As raças mais acometidas são boxer, shih
obstrução do lúmen.
tzu, pug, buldogue francês e inglês, lhasa
apso, maltês, boston terrier e cavalelier
king charles spaniel.

ALTERAÇÕES ANATÔMICAS
As malformações dessa síndrome levam a
distúrbios respiratórios devido a
alterações das narinas, cavidade nasal,
nasofaringe, laringe e/ou traqueia. III. Nasofaringe: as obstruções da
nasofaringe ocorrem por um desequilíbrio
anatômico causado pelo excesso de tecidos
moles em relação ao compartimento
maxilomandibular.
● Palato mole prolongado;
● Palato mole espesso;
● Tonsilas hipertróficas;
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
● Macroglossia (língua DIAGNÓSTICO
demasiadamente grande); É baseado nas queixas e achados de
● Tecido adiposo adicional. distúrbios respiratórios associados a raças
IV. Laringe: o esqueleto da laringe e as predispostas.
estruturas intralaríngeas podem estar A estenose de narina é uma alteração que
afetados, levando a uma redução da rima da pode ser conformada na inspeção durante o
glote, com consequente aumento da exame físico, enquanto as demais podem
resistência do fluxo de ar pela região e ser sugeridas na avaliação direta das
perda progressiva no suporte das demais estruturas.
cartilagens laríngeas, ocorrendo o colapso Exames como endoscopia das vias aéreas,
de laringe. radiografias, tomografia computadorizada e
V. Traqueia: a hipoplasia de traqueia é ressonância magnética podem ser úteis
observada em cães da raça buldogue, para identificar adequadamente as
caracterizada por estreitamento do lúmen modificações.
traqueal, porém rígido e redondo.
TRATAMENTO
SINAIS CLÍNICOS Consiste na correção cirúrgica das
Dependem das alterações presentes e da alterações anatômicas e instituição
gravidade de cada uma. medicamentoso com corticosteróides para
Manifestações respiratórias: tosse, tratar a eversão dos sacos laríngeos ou
espirros reversos, estridores, estertores, para controlar os demais sinais clínicos.
engasgos, respiração ruidosa e até dispneia É importante minimizar os exercícios
severa, levando a cianose e síncope (principalmente em dias muito quentes).
(principalmente em caso de estresse, Tratamento emergencial: repouso,
exercícios físicos e contenção). oxigenoterapia, corticoides.
Sinais gastrointestinais também são
comuns devido a anatomia, como aerofagia,
levando a dilatação esofágica e/ou gástrica,
flatulências, refluxo gastroesofágico,
disfagias, vômito e regurgitação.
A hipertermia também pode ocorrer, já que
a termorregulação encontra-se
comprometida, pois os cornetos
responsáveis por essa função estão
anatomicamente mal conformados.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
SINAIS CLÍNICOS
- Tosse produtiva ou improdutiva (suave ou
ruidosa);
- Secreção nasal;
- Anorexia;
- Dispneia;
Distúrbios da traqueia e brônquios - Engasgos;
- Febre.
Traqueobronquite infecciosa
canina DIAGNÓSTICO
O QUE É? - Sinais clínicos;
Também conhecida como “Tosse dos canis”, - Histórico de contato e vacinação;
é uma doença do trato respiratório de - Hemograma;
caráter contagioso, sendo uma das doenças - Radiografias torácicas (descartar outras
infecciosas de maior prevalência em cães. causas não infecciosas de tosse);
Normalmente, os animais mais acometidos - Isolamento viral;
são aqueles que têm maior contato com - Sorologia;
outros cães, seja em canis, hotéis, pet - PCR.
shops, mas pode também afetar animais => Diagnóstico diferencial para cinomose.
mantidos em domicílio. Nem sempre há alteração no hemograma ou na radiografia.
A doença ocorre geralmente em períodos
frios. TRATAMENTO
- Repouso e isolamento;
ETIOLOGIA - Supressores da tosse: butorfanol,
Adenovírus tipo 2; hidrocodona, codeína;
Parainfluenza; - Pneumonia associada: antibióticos de
Bordetella bronchiseptica. amplo espectro;
- Xaropes fitoterápicos para quadros
TRANSMISSÃO leves.
Contato direto ou indireto. Casos leves não necessitam de tratamentos agressivos.
A transmissão ocorre principalmente em ambientes superpopulosos e em
não vacinados. PREVENÇÃO
- Vacina;
- Limpeza e desinfecção de canis;
- Quarentena de animais recém chegados.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
ETIOLOGIA
O colapso traqueal tem como causa
alteração degenerativa dos anéis
cartilaginosos.
Entre os principais fatores com potencial
de iniciar o colapso estão a obesidade,
infecções respiratórias, trauma local,
cardiopatias e inalação de substâncias
Colapso de traqueia alergênicas ou irritantes.
O QUE É?
É caracterizado pelo achatamento SINAIS CLÍNICOS
dorsoventral dos anéis traqueais, levando a - Tosse seca crônica, podendo haver
um estreitamento ou deformidade da produção de muco transparente ou
traqueia. esbranquiçado;
- Dificuldade respiratória;
- Intolerância a exercícios;
- Cianose.

DIAGNÓSTICO
- Anamnese;
- Sinais clínicos;
- Exame físico (palpação da traqueia);
- Radiografias cervicais e torácicas;
- Traqueobroncoscopia.

Atinge principalmente animais de meia


idade a idosos e de raças miniatura, TRATAMENTO
principalmente yorkshire, pug, poodle, spitz - Antitussígenos: butorfanol, hidrocodona
alemão, maltês e chihuahua. (controlar a tosse e romper o ciclo de
O colapso traqueal em gatos é raro e geralmente está relacionado com inflamação crônica);
alterações obstrutivas. - Broncodilatadores: aminofilina, teofilina
de longa duração (diminuem a ocorrência
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
dos sinais do colapso de traqueia por PROGNÓSTICO
reduzir a pressão intratorácica, os - Com controle: bom;
espasmos das vias aéreas diafragmática, - Sem controle: reservado;
além de melhorar a depuração mucociliar); - Sem compressão extratorácica e cirurgia
- Corticosteroides (podem ser utilizados possível: bom.
por via oral ou inalatória nos períodos de
exacerbação dos sinais clínicos para Bronquite felina
diminuir a inflamação da mucosa traqueal); O QUE É?
O uso prolongado de corticosteróides deve ser evitado para prevenir É uma inflamação nas vias aéreas, mais
possíveis colaterais. especificamente nos brônquios e nos
- Redução de peso nos animais obesos; bronquíolos.
- Cirurgia: alternativa nos animais que não Ao ocorrer uma inflamação nos brônquios,
respondem ao tratamento clínico (tem ou seja, a bronquite felina, há uma grande
objetivo de recuperar o diâmetro normal do produção de muco, que leva à tosse. Além
lúmen traqueal utilizando técnicas de disso, as paredes dos brônquios, irritadas,
implantação de próteses de anéis traqueais, podem ficar edemaciadas.
dispositivos intraluminais ou pregueamento
da mucosa dorsal). CAUSAS
1. Ambiente seco e/ou inalação de
materiais irritantes;
2. Bactérias ou fungos;
3. Parasitas;
4. Bola de pelo.

SINAIS CLÍNICOS
- Tosse intensa e seca;
- Perda de peso;
- Febre;
- Produção de muco e respiração ruidosa;
- Vômito;
- Dificuldade para respirar;
- Intolerância a exercícios e brincadeiras;
- Letargia;
- Angústia respiratória e síncope;
- Anorexia.
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
Clinicamente é difícil diferenciar da asma felina.

DIAGNÓSTICO
- Histórico do animal;
- Exame clínico;
- Citologia broncopulmonar;
- Cultura de lavado traqueobrônquico;
- Broncoscopia;
- Biópsia com histopatológico.

TRATAMENTO PATOGENIA
- Corticoides; Se manifesta com a inalação de alérgenos
- Broncodilatadores; em animais com predisposição genética,
- Antibióticos (guiador por cultura + levando a uma reação de hipersensibilidade.
antibiograma). Os alérgenos mais comuns causadores da
asma são: poeira, fumaça e produtos de
Asma felina limpeza. Também há correlação entre
O QUE É? infecções por Mycoplasma spp., parasitas e
É uma doença brônquica comum em felinos, vírus no trato respiratório.
de origem alérgica e sendo a causa mais
frequente de dispneia em gatos. SINAIS CLÍNICOS
Causa a inflamação das vias respiratórias Variam de acordo com a gravidade de
posteriores. acordo com o indivíduo e no período entre
Com a limitação reversível do fluxo de ar, as crises podem ser assintomáticas.
vai ter aumento da produção de muco, - Tosse;
causando hipertrofia de músculo liso, - Espirro;
gerando inflamação das vias aéreas - Respiração com boca aberta;
posteriores. - Taquipneia;
Gatos jovens, de meia idade são os mais - Dispneia;
afetados. - Sibilos;
- Intolerância ao exercício;
- Dificuldade respiratória.
=> Em alguns casos pode haver cianose,
síncope e até óbito. Em outros, as
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
alterações notadas podem ser apenas promover o conforto respiratório) - não
vômito e letargia. deve ser utilizado nos animais que se
estressam com essa terapêutica;
DIAGNÓSTICO - Corticosteróides (utilizados para diminuir
- Exame físico (podem ser observados a resposta inflamatória e podem ser
sibilos e/ou crepitação na auscultação administrados nos casos agudos
pulmonar, expiração prolongada e tórax refratários a instituição de
com conformação de barril por acúmulo de broncodilatadores, ou prescritos e
ar); períodos prolongados para diminuir a
- Radiografia torácica (pode ser observado frequência de crises asmáticas);
padrão brônquico e intersticial, - Imunoterapia (hipossensibilização do
hiperinflação dos pulmões e pode haver animal a alérgenos específicos, através da
atelectasia de lobo pulmonar); administração destes em contrações
- Broncoscopia; graduais).
- Lavado broncotraqueal (para colheita de
material para citologia, onde é observada Dispneia exacerbada - emergência
predominância de eosinófilos);
- Terapia broncodilatadora (terbutalina
- Hemograma;
(0,01 mg/kg/SC),
- Tomografia.
- Aminofilina (5 mg/kg)
- Oxigenioterapia
TRATAMENTO
- Dexametasona (0,2 - 2,2 mg/kg)
O tratamento da asma tem o objetivo de
- Nebulização com albuterol
evitar e de tratar as crises causadas pela
exacerbação da inflamação.
- Oxigenoterapia (nos casos de dispneia Crônica = Fármacos + manejo
grave); ambiental
- Broncodilatadores: necessária nos - Controle de peso
pacientes com crise asmática podendo ser - Retirar o gato do ambiente hiperalergico
realizada por via venosa ou inalatória. Além - Corticoides por longo período
disso, também pode ser recomendado nos (prednisolona 1 - mg/kg/BID/7-10 dias)
períodos entre as crises para diminuir a - Broncodilatadores: aminofilina (6,6
dose dos corticóides; mg/kg/BID)
- Nebulização (utilizada tanto para - Aerossóis (Albuterol/ Fluticasona)
administrar broncodilatadores e
corticosteroides inalatórios quanto para
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
- Intolerância a exercícios;
Doenças do parênquima pulmonar - Dispneia;
- Letargia;
Pneumonia bacteriana - Anorexia;
O QUE É? - Perda de peso.
É uma doença infecciosa pulmonar comum
que acomete cães e gatos, sendo muitas DIAGNÓSTICO
vezes resultado da associação de bactérias - Hemograma completo;
da cavidade oral e faringe. - Exame físico (nota-se crepitação e/ou
Os principais agentes são Streptococcus sibilos expiratórios);
spp., Pasteurella spp., Bordetella - Radiografia torácica;
bronchiseptica, Escherichia coli, - Citologia de lavado broncoalveolar;
Staphylococcus spp. e Mycoplasma spp., e - Cultura bacteriana.
geralmente agem como oportunistas.
Vias de infecção: inalação de aerossóis, TRATAMENTO
microbiota orofaríngea, conteúdo - Antibioticoterapia: guiado por cultura
esofágico, via hematógena. bacteriana (antes - amplo espectro) -
amoxilina com clavulanato, cefalexina e
FATORES DE RISCO sulfonamida com trimetoprima.
Idade, estado nutricional, resposta - Hidratação das vias aéreas
imunológica, ambiente superlotado e/ou - Tapotagem (caudal para cranial)
sem saneamento, coinfecção e outras - Troca de decúbito
comorbidades. - Broncodilatadores
- Mucolíticos
FATORES PREDISPONENTES Não usar diurético: não tira a secreção (muco) do pulmão e pode piorar o
Infecções virais, bacterianas, fúngicas, estado do animal.
regurgitação, disfagia ou vômito, desordens
metabólicas, traumas, imunodeficiências, Neoplasia pulmonar
desordens anatômicas ou funcionais O QUE É?
A ocorrência de neoplasias pulmonares
SINAIS CLÍNICOS primárias em cães é rara, acomete
- Tosse produtiva de aspecto principalmente cães idosos.
mucopurulento; => Metatástico: tumor de mama, hepático,
- Descarga nasal; cerebelo.
- Angústia respiratória;
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
=> Multicêntricos: linfoma, histiocitose - Lobectomia (quando não apresentar
maligna, mastocitoma. metástase);
A morfologia de um tumor pulmonar - Quimioterapia.
primário é variável; este pode surgir como => Prognósticos
uma ou múltiplas massas no parênquima. • Benigna - excelente
• Maligno - variável
SINAIS CLÍNICOS • Metastático - desfavorável
ESPECÍFICOS: esforço respiratório,
intolerância a exercícios, tosse seca Doenças de pleura
crônica, dispneia.
INESPECÍFICOS: sistêmicos (taquipneia, Piotórax
sibilos respiratórios, letargia, perda de O QUE É?
peso). É o acúmulo de material purulento séptico
Os sinais são mais fáceis de observar quando a doença já está mais dentro do espaço pleural.
avançada. Além disso, cada tipo de tumor pode dar um sinal clínico Felinos domésticos de qualquer raça, sexo
diferente. ou idade podem ter piotórax, mas
geralmente animais mais jovens (entre 4 e
DIAGNÓSTICO 6 anos de idade) são acometidos.
- Radiografias torácicas;
- Tomografia; ETIOLOGIA
- Broncoscopia; Idiopática em felinos, infecções sistêmicas,
- Punção aspirativa com agulha fina; traumatismos penetrantes por objetos
- Biópsia. (com envolvimento bacterianos).
=> Diagnóstico definitivo: citologia ou
exame anatomopatológico. SINAIS CLÍNICOS
- Taquipneia;
- Dispneia;
- Redução dos sons pulmonares;
- Febre;
- Inapetência;
- Perda de peso;
- Desidratação;
- Respiração superficial.

DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Afecções e cirurgias do sistema respiratório
- Exame físico;
- Radiografia torácica;
- Toracocentese;
- Citologia;
- Cultura bacteriana;
- Hemograma.

TRATAMENTO
Irá depender da causa do piotórax.
- Antibioticoterapia;
- Toracocentese;
- Terapia suporte.

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