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Cálculo de doses e fluidoterapia

CONCENTRAÇÃO 2- Calcular a quantidade que o animal deve


Ao pensar em calcular dose de receber.
medicamento, deve-se prestar atenção na 3- Calcular o volume que contém a dose
concentração do medicamento. recomendada.
Concentração é a razão entre o princípio 4- Escolher o frasco com a concentração
ativo e o volume do veículo ou excipiente. mais adequada.
Princípio ativo: é a substância que vai fazer => Sempre escolher o menor
efeito farmacológico (é o fármaco em si). volume, a não ser quando o volume é difícil
Veículo ou excipiente: é o local onde esse de puxar na seringa.
princípio ativo vai ser diluído ou => A opção a ser escolhida deve ser
disseminado para fazer a utilização dele. aquela que dê conforto ao paciente.
Para não esquecer:
Veículo é sempre líquido enquanto o FLUIDOTERAPIA
excipiente é sempre sólido. É a terapia de suporte. Visa corrigir a
desidratação ou fazer a manutenção da
- Varia em função do porte do animal; hidratação.
- Adequa a apresentação comercial ao Funções:
porte do animal; - Expandir a volemia;
- Evita erros de dosagem quando da - Corrigir desequilíbrio hidroeletrolítico;
fragmentação desse medicamento. - Suplementar calorias e nutrientes;
O medicamento só pode ser partido se for sulcado. Isso é a garantia do - Auxiliar no tratamento de doenças
laboratório de que as partes separadas desse medicamento têm a mesma primárias.
quantidade. MANUTENÇÃO: perdas diárias (fezes,
urina, respiração) - ingestão de líquidos
COMO CALCULAR? (água).
- Regra de 3; DESIDRATAÇÃO: perda de líquidos +
- Fórmula: dose x peso deixando de ganhar.
concentração
DINÂMICA DOS FLUIDOS CORPORAIS
SOLUÇÕES OU SUSPENSÕES - 60% do peso corporal do indivíduo adulto
Observar a quantidade de mg por ml. é água;
Pega o percentual que vem no frasco e - 80% do peso corporal do neonato é
multiplica por 10 - resultado é a água;
quantidade de mg por ml. - 40 a 50% do peso corporal do indivíduo
PASSOS obeso é água.
1- Calcular a quantidade por ml do frasco;
Cálculo de doses e fluidoterapia
III. Hipertônica: quando há maior perda de
40% é sólido, enquanto 60% é fluido, água do que sal. Há hipernatremia (excesso
sendo: de sódio). Isso faz com que o líquido vá do
2/3 fluido intracelular meio extracelular para o intracelular.
1/3 fluido extracelular (80% fluido Esse tipo é muito difícil de ser
intersticial e 20% plasma) diagnosticada.
=> O constante movimento da água entre O hematócrito e as proteínas plasmáticas
os compartimentos é decorrente do totais vão estar minimamente alterados.
gradiente osmótico existente entre os dois
lados da membrana plasmática (intra e COMO AVALIAR A DESIDRATAÇÃO?
extracelular). - Anamnese (avaliação das perdas) -
vômito? diarreia? poliúria? polidipsia?
Cães e gatos: perdas e ganhos: anorexia? ingere água voluntariamente?
Visíveis: urina = 1 a 2 ml/mg/h quando começou o caso? perdeu peso?
(débito urinário). atitudes normais?
Invisíveis: fezes, respiração,
transpiração = 20 ml/kg/dia

CLASSIFICAÇÃO DA DESIDRATAÇÃO
I. Hipotônica: há uma maior perda de sal sal
de elétrons, o que leva a ter uma
hiponatremia (baixa de sódio). O líquido vai
passar do meio extracelular para o meio - Exame físico do paciente:
intracelular, ou seja, vai inchar a célula e Antes de iniciar o quadro;
isso diminui muito o volume circular. Perda de elasticidade da pele
No exame de sangue, o hematócrito irá TPC (tempo de preenchimento
estar alto, assim como as proteínas capilar/ refluxo capilar)
plasmáticas totais. Coloração das mucosas
II. Isotônica: a perda de sal é proporcional a Frequência cardíaca
perda de água, não tem essa transposição Diminuição da produção de urina
de água de líquido de um meio extracelular Diminuição de temperatura nas
para o extracelular. extremidades
O hematócrito, as proteínas plasmáticas
totais vão estar dentro dos parâmetros
normais.
Cálculo de doses e fluidoterapia
Contraindicações: sepse, coagulopatias
severas, desidratados, hiperidratados,
hemorragia cerebral ou intracraniana,
lesões de queimaduras, hipercalemia grave,
hipernatremia, hipercloremia, insuficiência
cardíaca congestiva, transplantados,
disfunção hepática e insuficiência renal.

FLUIDOS QUE PODEM SER USADOS


I. Cristalóides:
- Substâncias que contém água +
eletrólitos (+ açúcares)
- Capacidade de penetrar em todos
os compartimentos corporais
TIPOS:
Solução salina 0,9%
Solução salina 0,45%
Ringer lactato
Glicose 5%
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS FLUIDOS
=> São as mais utilizadas quando não está - Oral;
classificada a desidratação. - Intraperitoneal;
Complicações: colocar fluido demais, sal de - Retal;
menos e não escolher o adequado para a - Subcutânea;
situação. - Intraóssea;
II. Colóides: - Intravenosa.
- Substâncias de alto peso É feita com cateteres agulhados e scalp
molecular => Veias periféricas: cefálica, safena,
- Mantém-se exclusivamente no mamária e auricular.
plasma => Veia central: jugular.
TIPOS: Plasma e Dextran ORAL
- Muito utilizada em equinos e bovinos;
Outros fluidos: devem ser utilizados em - Permite a administração de grandes
situações especiais volume líquidos e eletrólitos em um curto
TIPOS: Sangue e derivados período de tempo;
- Baixo custo;
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- Função de absorção e transporte - Desidratação de moderada a grave (7 a
intestinal devem estar íntegras; 15%);
- Natural. - Prostração intensa;
INTRAÓSSEA - Durante os períodos pré e
- Animais jovens, principalmente filhotes; transanestésico;
- Quando da existência de dificuldade de - Choque;
acesso venoso; - Locais de acesso para a via intravenosa:
- Locais de acesso: tuberosidade da tíbia, jugular, safena, cefálica e femoral; torácica
fêmur (trocanter), asa do ílio, grande lateral.
tubérculo do úmero;
- Necessidade, em alguns casos, de VELOCIDADE DA ADMINISTRAÇÃO DO
anestesia local (periósteo) – lidocaína; FLUIDO
- Possíveis efeitos indesejáveis – - Ditada pela rapidez e gravidade das
osteomielite, provável dor durante a perdas hídricas;
administração do fluido. - Quanto mais grave e mais rápido for o
SUBCUTÂNEA quadro = mais rápido de reposição desse
- Manutenção de fluidoterapia em doenças déficit (fluido);
crônicas; - “Dose de Ataque” ou “Prova de Carga”:
- Soluções que contenham concentração ofertar 30 a 100% do déficit estimado nas
de K+ até 30 a 35 mEq/L (para primeiras 3 a 6 horas (igualar a hidratação
concentrações maiores, utilizar a via para posteriormente entrar na
intravenosa) - CAUSA NECROSE; manutenção).
- Volume total de fluido recomendado até - Equipo e/ou Bomba de infusão:
10 mL/kg, e verificar a elasticidade da pele CONTROLE
de cada raça/espécie; => Administração de 10 ml/kg em 30 min
- Pouca probabilidade de ocasionar por até 3 vezes (por bolus).
hipervolemia;
- Não é recomendado nos casos de perda MICROGOTAS
aguda de líquidos, desidratação grave, 0,017 a 0,02 mL/gota 50 a 60 gotas/mL
hipotermia, hipotensão etc. Somente
administrar fluido isotônico; MACROGOTAS
- Glicose 5% deve ser evitada. 0,07 a 0,1 mL/gota 20 gotas/mL
INTRAVENOSA
- Perda aguda de fluido;
Cálculo de doses e fluidoterapia
COMO CALCULAR
- Determinar o grau de desidratação e o O cateter deve ser introduzido de forma
tipo de desidratação asséptica;
Pequenos animais: Deve ser introduzido no sentido do fluxo
Peso (Kg) x Desidratação (%) X 10 sanguíneo;
= Volume de reposição (mL) Deve-se fixar o cateter;
Grandes animais: Tempo de permanência do cateter: não
Peso (Kg) x Desidratação (%) ÷ 100 mais que 72h.
= Volume de reposição (L)
Problemas:
- Taxa de manutenção hídrica ✓ Extravasamento subcutâneo e/ou
Peso (Kg) x 5% do peso = Volume de perivascular;
manutenção (mL/dia) ✓ Hiperidratação - causa edemas
Peso (Kg) x 30 + 70 = Volume de (principalmente pulmonar);
manutenção (mL/dia) ✓ Desequilíbrio eletrolítico;
ADULTO = 50 mL x Peso (Kg) = Volume ✓ Flebite;
de manutenção (mL/dia) ✓ Tromboembolismo;
JOVEM = 100 mL x Peso (Kg) = Volume ✓ Infecções.
de manutenção (mL/dia)
NEONATO = 150 mL x Peso (Kg) = QUANDO ENCERRAR A FLUIDOTERAPIA?
Volume de manutenção (mL/dia) - Quando corrigir a causa da desidratação;
- Quando corrigir a volemia;
- Determinar o fluido a ser utilizado; - Quando o paciente está ingerindo água e
- Determinar qual equipo será utilizado; alimento na quantidade suficiente para
- Determinar a velocidade de gotejamento manutenção da hidratação;
para administração da fluido em 24h. - Reduzir gradualmente o volume do fluido
ofertado terapeuticamente.
=> Avaliar o paciente a cada 12h.

ERROS DE MANEJO DA FLUIDOTERAPIA


- Matemático (erro na conta);
- Mecânico (erro ao colocar cateter);
- Avaliação do paciente.

=> Fluido demais mata!

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